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92 Unidade 2 Meios de comunicação de massa
A economia alemã só voltou a se estabilizar a 
partir de 1924, graças à injeção de capitais norte- 
-americanos. Entretanto, a população continuou in-
satisfeita com os termos dos tratados de paz que pu-
seram fim à Primeira Guerra Mundial. Esse sentimen-
to de orgulho nacional ferido* estimulou a formação 
de grupos ultranacionalistas que 
propunham a instauração de um 
governo forte, capaz de unificar 
os alemães e lutar pela recupera-
ção da grandeza nacional.
Um desses grupos era o Partido Nacional-Socia-
lista dos Trabalhadores Alemães (que, em alemão, da-
ria origem à expressão nazista), formado em 1919. Li-
derado pelo austríaco Adolf Hitler (1889-1945), suas 
fileiras eram compostas de comerciantes arruinados 
pela crise, desempregados, ex-militares, etc. Da mes-
ma forma que os fascistas italianos, os nazistas ale-
mães também se organizavam em grupos paramilita-
res. Suas milícias eram conhecidas como SA, sigla em 
alemão para “tropas de assalto”. Além de reprimir 
violentamente os comunistas e os socialistas, as SA 
garantiam a segurança dos comícios nazistas.
Em novembro de 1923, inspirado na Marcha 
sobre Roma de Mussolini, Hitler tentou dar um gol-
pe de Estado na cidade de Munique. A intentona – 
ou putsch de Munique, como ficou conhecida – fra-
cassou e Hitler foi preso. Na cadeia, onde ficou por 
um ano, escreveu o livro Mein Kampf (Minha luta), no 
qual sistematizou a ideologia nazista.
No livro, Hitler defendia a superioridade dos aria-
nos – considerados puros pelos nazistas e dos quais 
descenderiam os alemães – sobre judeus, eslavos, ci-
ganos, negros e outros grupos humanos. Para Hitler, 
os judeus seriam, juntamente com os comunistas, 
culpados por quase todos os males do mundo. O li-
vro defendia ainda o direito dos alemães a um “espa-
ço vital”, ou seja, um território na Europa que reunis-
se os povos germânicos num só império.
No início o apoio a Hitler era pequeno. A partir 
de 1930, porém, a Grande Depressão iniciada com o 
crash da Bolsa de Nova York arruinou a classe média 
e lançou no desemprego milhões de trabalhadores 
alemães. A crise aumentou ainda mais o sentimento 
de humilhação que atingia a população alemã desde 
1918. Muitas pessoas passaram a ansiar pelo apare-
cimento de um líder carismático capaz de resgatar 
a “honra nacional” e de colocar a Alemanha outra 
vez entre as grandes potências. Com sua exaltação 
da “raça ariana”, Hitler parecia a muitos ser esse lí-
der predestinado. O Partido Nazista passou então a 
crescer vertiginosamente.
Assim, entre 1930 e 1932, o número de deputa-
dos nazistas no Parlamento alemão aumentou de 170 
para 230. No ano seguinte, o presidente da Alema-
nha, marechal Paul von Hindenburg, convidou Hitler 
para ocupar o cargo de chanceler (primeiro-ministro) 
de seu governo (veja a seção Eu também posso par-
ticipar, a seguir).
Com a nomeação de Hitler, os nazistas chega-
ram ao poder na Alemanha, dando início ao chama-
do Terceiro Reich alemão (o Primeiro Reich foi o Sacro 
Império Romano-Germânico; o Segundo, o da uni-
ficação alemã, conquistada por Bismarck em 1870). 
Após a morte de Hinderburg, em agosto de 1934, Hi-
tler unificou os cargos de chanceler e de presidente, 
adotando assim o título de führer (chefe).
* Veja o filme O 
ovo da serpente, 
de Ingmar 
Bergman, 1979.
Cartaz da campanha eleitoral do partido nazista alemão 
para o pleito de 1933. Naquele ano, o líder nazista 
Adolf Hitler acumulou os cargos de presidente e de 
primeiro-ministro, dando início ao Terceiro Reich alemão.
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93O totalitarismo Capítulo 8
A importância do voto consciente
De certa maneira, pode-se dizer que o colap-
so da democracia na Alemanha começou nas 
eleições de 1932. Naquele ano, o partido nazista 
alemão apoiou-se nas práticas democráticas da 
República de Weimar para se fortalecer eleitoral-
mente e ampliar sua base de sustentação social.
Assim, nas eleições ocorridas em abril de 
1932, os nazistas conquistaram o controle de 
quatro governos estaduais, e no pleito parlamen-
tar de julho seus candidatos obtiveram juntos 
mais de 13 milhões de votos. Com as 230 cadei-
ras conquistadas, os nazistas se tornaram maio-
ria no Reichstag (Parlamento alemão). Vitorioso 
nas eleições, no ano seguinte Hitler assumiria o 
controle total do país.
Especialistas procuram encontrar explica-
ções para o fato de muitos alemães terem depo-
sitado as esperanças de um futuro melhor para 
seu país nas mãos dos representantes do Parti-
do Nazista. As respostas que oferecem são mui-
to variadas: descrença nas forças políticas tra-
dicionais, incompetência política dos dirigentes 
da República de Weimar, apoio obtido por parte 
da burguesia industrial, temerosa de ver a Ale-
manha controlada pelos comunistas; desunião 
entre as principais forças de esquerda do país; 
grande poder da máquina de propaganda políti-
ca do Partido Nazista; etc.
Mesmo considerando que todas essas justifi-
cativas são pertinentes e se complementam, a rá-
pida ascensão do nazismo por meio das urnas nos 
revela outra coisa: o quanto é importante escolher 
bem um candidato na hora das eleições. Isso por-
que o voto em candidatos ao poder Executivo é 
um sinal de confiança em sua capacidade de diri-
gir de maneira correta os rumos da cidade, do es-
tado ou do país. Por isso, é importante saber em 
quem confiar. Em uma democracia representativa 
como a nossa, o candidato eleito ganha um man-
dato da sociedade para trabalhar em prol dessa 
sociedade e não em benefício próprio ou de um 
pequeno grupo.
Infelizmente, em razão de uma série de de-
núncias de corrupção envolvendo políticos bra-
sileiros, há um grande número de pessoas que 
vem desacreditando no poder de seu voto. Mui-
tas chegam a afirmar que “todos os políticos são 
iguais” e que não veem sentido em votar em al-
guém. Dessa forma, acabam dispensando pou-
ca atenção às propostas dos candidatos, aos 
programas de governo de cada partido e mui-
tas vezes, no dia das eleições, votam no primei-
ro nome que lhes chega às mãos, sem saber o 
que essa pessoa já fez ou promete fazer. Uma das 
formas de se evitar a vitória de políticos pouco 
preocupados com a ética e com a coisa públi-
ca é se informar bem antes de digitar o número 
do candidato na urna eletrônica. Veja, a seguir, 
alguns aspectos importantes que devem ser 
considerados para votar de maneira consciente:
• Antes de votar em um candidato é importante 
pesquisar sobre seu passado. Saber a que par-
tidos ele já esteve filiado, as causas que defen-
deu, as medidas que conseguiu implementar. 
• Conheça as propostas eleitorais do candidato, 
analisando, principalmente, se existem recur-
sos para que essas promessas de campanha se-
jam adotadas. 
• Assegure-se de que o candidato é uma pessoa 
íntegra e que nunca precisou renunciar a um 
cargo político para evitar cassação ou que nun-
ca esteve envolvido em esquemas de corrup-
ção. Informações a esse respeito podem ser en-
contradas, por exemplo, nos sites Transparência 
Brasil (www.transparencia.org.br/index.html) e 
Voto consciente (http://www.votoconsciente .
org.br/).
• Caso perceba que o seu candidato não cumpriu 
o prometido ou viu-se envolvido em atos ilícitos, 
avalie seriamente se essa pessoa merece a sua 
confiança e o seu voto novamente.
• Nunca venda seu voto em troca de favores 
ou presentes. O candidato que faz uma pro-
posta desse tipo está praticando um ato de 
corrupção. Denuncie essa prática à Justiça 
Eleitoral.
• Muita atenção nos debates políticos. Descon-
fie dos candidatos que não respondem objeti-
vamente a uma pergunta clara e direta sobre 
assuntos polêmicos ou embaraçosos ou que 
mudam de assunto em sua resposta.
• Lembre-se: em um regime democrático o pa-
pel dos cidadãos não se limita a simplesmente 
depositar um voto na urna. É direito e dever de 
todoscobrar dos candidatos suas promessas 
de campanha e exigir a prestação de contas de 
sua gestão. Sempre que julgar necessário, en-
tre em contato com os políticos; muitos deles 
disponibilizam o telefone de seus gabinetes e 
seus endereços eletrônicos.
Eu também posso participar
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94 Unidade 2 Meios de comunicação de massa
Perseguições nazistas
Senhor absoluto do poder, Hitler anulou a 
Constituição de 1919, instituiu a censura e sus-
pendeu os direitos e garantias civis. Membros da 
Gestapo, a polícia secreta, e das SS, tropa de eli-
te nazista, passaram a perseguir, prender e tortu-
rar padres, ciganos, homossexuais, judeus, líderes 
sindicais, comunistas e opositores em geral. Alcoó-
latras, doentes mentais e deficientes físicos eram 
internados à força e submetidos a cirurgias de es-
terilização.
Muitos intelectuais, cientistas e artistas contrá-
rios ao nazismo viram-se obrigados a exilar-se no ex-
terior, como o físico Albert Einstein (1879-1955), o 
dramaturgo Bertolt Brecht (1898-1956), o escritor 
Thomas Mann (1875-1955) e muitos outros. Os que 
decidiam permanecer corriam o risco de ser enviados 
a campos de concentração. Em 1933, havia nesses 
campos 40 mil presos políticos.
A partir de 1934, o antissemitismo tornou-se po-
lítica oficial do Estado. Os judeus não podiam mais 
trabalhar em órgãos públicos, seus bens foram con-
fiscados e eles ficaram proibidos de se casar com pes-
soas consideradas arianas.
Além do terror, a pro-
paganda*, sob os cuidados 
do ministro Joseph Goeb-
bels (1897-1945), teve papel 
fundamental para a conso-
lidação do nazismo. A ideo-
logia nazista era transmitida 
por meio de documentários 
cinematográficos, programas de rádio, pôsteres e car-
tazes. Os comícios de Hitler, que reuniam milhares de 
pessoas, eram minuciosamente preparados, para de-
monstrar a grandeza do führer e do povo alemão.
A doutrinação também envolvia as crianças na 
sala de aula. Desde pequenas, elas aprendiam a ter 
orgulho de pertencer à raça ariana e a venerar e 
prestar obediência ao führer, como explica o boxe A 
doutrinação nazista na página 95.
Com a recuperação econômica do país, a popula-
ridade do regime cresceu. Essa recuperação foi obtida 
pela intervenção do Estado, que promoveu a realização 
de obras públicas, impulsionou a indústria de armamen-
tos e estabeleceu formas de planejamento econômico. 
Grandes capitalistas internacionais e nacionais também 
ajudaram financeiramente o governo nazista.
Entusiasmado com o crescimento econômico, Hi-
tler passou a violar as determinações do Tratado de 
Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial: re-
militarizou a Alemanha e colocou em prática uma po-
lítica expansionista. Abria caminho, assim, para a Se-
gunda Guerra Mundial, como veremos no capítulo 9.
o totalitarismo soviético
Em dezembro de 1925, pouco 
mais de um ano depois da morte de 
Lênin, Josef Stalin* assumiu oficial-
mente o comando da União Soviéti-
ca. A pretexto de “construir o socia-
lismo em um só país”, o novo líder centralizou cada 
vez mais o poder, esmagou a vida democrática no in-
terior dos sovietes, suprimiu os direitos dos cidadãos, 
prendeu e assassinou seus opositores e criou um Es-
tado totalitário de partido único, o Partido Comunista 
da União Soviética, PCUS, rígido e burocrático.
Para modernizar o país e fazê-lo crescer econo-
micamente, o líder soviético pôs em prática, a partir 
de 1928, os chamados planos quinquenais, que con-
sistiam em programas de desenvolvimento baseados 
na planificação econômica. A Nova Política Econômi-
ca (NEP) de Lênin foi deixada para trás e a economia 
soviética foi toda estatizada.
O governo investiu na indústria pesada (máqui-
nas e equipamentos) em detrimento da indústria de 
bens de consumo. Foram construídas siderurgias, in-
dústrias químicas e petrolíferas, fábricas de tratores 
e de equipamentos agrícolas. Com isso, a produção 
de aço passou de 1,4 milhão de toneladas em 1922, 
para 38,1 milhões em 1953, ano em que morreu o 
ditador soviético.
No campo, o governo aplicou a política de cole-
tivização forçada, com a estatização das proprieda-
des rurais, transformadas em imensas fazendas cole-
tivas (sovkhoses) e grandes cooperativas (kolkhoses). 
O governo promoveu ainda uma reforma educacio-
nal que praticamente acabou com o analfabetismo 
no país. Os sistemas de transporte, habitação e saúde 
tornaram-se acessíveis à população.
Contudo, os direitos individuais e coletivos fo-
ram praticamente suprimidos, as greves proibidas e 
o terror de Estado transformado em um dos compo-
nentes da vida soviética. A polícia secreta perseguiu 
os opositores do regime e até mesmo antigos alia-
4
* Veja o fi lme Mephisto, 
de Istvan Szabo, 1981, 
e os documentários 
A arquitetura da 
destruição, de Peter 
Cohen, 1992, e O 
triunfo da vontade, 
de Leni Riefenstahl, 
1934.
* Veja o fi lme 
Stalin, de 
Ivan Passer, 
1992.
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95O totalitarismo Capítulo 8
A doutrinação nazista
Os meninos eram alistados aos dez anos de 
idade: depois de passar por certas provas es-
portivas, entravam no Deutsch Jungvolk (Jovem 
Povo Alemão) por um período de quatro anos, ao 
longo do qual seus progressos físicos e ideológi-
cos eram registrados em cadernetas. Já as meni-
nas, aos dez anos entravam nas Jungmädel (Jo-
vens Virgens).
No primeiro ano, meninos e meninas deviam 
aprender os “deuses e heróis dos germanos”; no 
segundo, os “grandes alemães” (de Frederico, o 
Grande, a Bismarck); no terceiro, “vinte anos de 
combate pela Alemanha” (os “anos de luta” do na-
zismo); no quarto, enfim, “Adolf Hitler e seus com-
panheiros de luta”.
Aos 14 anos, os jovens* en-
travam nas Juventudes Hitle-
ristas; aos dezoito, outras estru-
turas do partido os esperavam: 
Frente do Trabalho, SA ou SS. A 
formação ideológica dos catorze aos dezoito anos 
prosseguia por meio de cursos versando desde “o 
combate pelo Reich” até a “obra do führer”. Esses 
temas eram difundidos também pelas transmissões 
radiofônicas dedicadas à juventude. Os jovens que 
se recusassem a ingressar nas Juventudes Hitleris-
tas ficavam impedidos de se matricular nas escolas 
e conseguir empregos.
Ao mesmo tempo, o Partido Nazista estendeu 
sua área de atuação para fora da Alemanha, abrin-
do agências em 83 países. Uma delas foi criada no 
Brasil, em 1928, com sede na cidade de São Paulo. 
Sua estrutura era semelhante à do Partido Nazis-
ta na Alemanha, contando com chefes nacionais, 
regionais e locais e organizações paralelas, como 
a Juventude Hitlerista, a Associação Nazista das 
Mulheres e a Frente Alemã.
De São Paulo, o Partido Nazista expandiu seus 
limites e chegou a ter sedes em 17 estados brasi-
leiros, a maior parte nas regiões Sul e Sudeste. Em 
1937, quando atingiu o seu auge em terras brasi-
leiras, o grupo nazista chegou a contar com 2,9 mil 
filiados, a maior parte formada por imigrantes ale-
mães. Este foi o maior número de filiados em um 
partido nazista fora da Alemanha. Em 1938, já sob o 
Estado Novo (veja o capítulo 10), o governo do pre-
sidente Getúlio Vargas extinguiu o partido no país, 
que apesar disso funcionou clandestinamente por 
mais alguns anos.
Assim como acontecia na Alemanha, uma das 
formas utilizadas pelos nazistas para divulgar seus 
princípios no Brasil era por meio da imprensa. Em 
São Paulo, por exemplo, começou a circular em 1932 
o Deutscher Morgen (Aurora Alemã), jornal cujas 
atividades foram encerradas no final de 1941. Além 
de divulgar os ideais nazistas, o periodíco trazia 
notícias a respeito dos fatos ocorridos no III Reich 
e divulgava pronunciamentos de Hitler e de outras 
autoridades do regime nazista. 
Fontes: MICHAUD, Eric. Soldados de uma ideia: 
os jovens sob o Terceiro Reich. In: LEVI, Giovanni; SCHMITT, 
Jean-Claude. História dos jovens. SãoPaulo: 
Companhia das Letras, 1996. v. 2, p. 299-301; 
DIETRICH, Ana Maria. Nazismo tropical? O Partido Nazista no 
Brasil. São Paulo: USP, 2007. Tese de doutorado. 
Disponível em: <www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/
tde-10072007-113709/>. Acesso em: 10 jan. 2013.
Sua opinião
De modo geral, atualmente não há mais a fé 
cega em um líder e a doutrinação de crianças e 
jovens para aceitarem sem contestação uma de-
terminada ideologia, como ocorreu durante o na-
zismo. Em sua opinião, existem outras formas de 
doutrinação e adoração de ídolos capazes de in-
fluenciar decisivamente a juventude atual? Esco-
lha um exemplo significativo para justificar seu ar-
gumento e selecione uma forma de mostrar esse 
exemplo à classe (recortes de jornais, trecho de um 
filme, uma fotografia, etc.).
* Veja o filme 
A onda, de 
Dennis Gansel, 
2008.
Membros do Partido Nacional-Socialista Alemão no Brasil, 
em foto tirada no Rio Grande do Sul, no período entre 
1938-1943.
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96 Unidade 2 Meios de comunicação de massa
Controlada pelo governo, a imprensa tornou-se 
mera propagandista do regime. Graças a ela e aos 
departamentos de propaganda, o ditador era cultua-
do por meio de paradas militares e imensos retratos 
em todas as regiões do país. Com Stalin, o sonho de 
uma sociedade igualitária e democrática dos primei-
ros socialistas se transformou no pesadelo de um Es-
tado policial ferreamente controlado pela liderança 
do Partido Comunista.
a Guerra Civil espanhola
Entre 1923 e 1930, a Espanha esteve sob uma 
ditadura militar de inspiração fascista liderada por 
Primo de Rivera, que assumiu o poder com o aval 
do rei Alfonso XIII. Uma grave crise social e econô-
mica, entretanto, levou Rivera a renunciar. Em 1931, 
ocorreram eleições para uma assembleia constituin-
te. Unidos, anarquistas, comunistas e socialistas con-
quistaram cerca de 70 por cento dos votos. O rei re-
nunciou ao trono e, em abril de 1931, a Assembleia 
proclamou a República.
Como afirma o historiador Josep Buades, surgia 
uma Espanha democrática, modernizadora e igualitá-
ria. Os novos governantes puseram em prática uma 
série de mudanças: promoveram a separação da Igre-
ja e do Estado – o que desagradou a muitos cristãos – 
e implantaram as reformas educacional, trabalhista e 
agrária – desagradando as elites espanholas, que te-
miam uma revolução de esquerda no país.
A Espanha dividiu-se em dois grupos antagôni-
cos. De um lado, a Frente Popular (esquerda) reunia 
setores democráticos republicanos e grupos de es-
querda apoiados pelos trabalhadores e por uma par-
te da classe média. Do outro, a Falange (direita), de 
tendência fascista, agrupava militares, grandes pro-
prietários de terra, representantes da Igreja e da bur-
guesia urbana.
A direita venceu as eleições de 1933 e procurou 
anular as leis aprovadas a partir de 1931. Três anos 
depois, em 1936, a esquerda conquistou a maioria 
de votos e voltou ao poder. O novo governo conce-
deu anistia aos presos políticos, aumentou o salário 
dos trabalhadores e retomou o processo de reforma 
agrária. A polarização política na Espanha atingiu seu 
ponto culminante. Grupos de esquerda e de direita se 
enfrentavam nas ruas. Setores favoráveis ao retorno 
da monarquia ao país incentivavam os militares a se 
rebelar contra os republicanos.
dos. Entre 1936 e 1938, mais de 5 milhões de sovié-
ticos foram detidos; muitos acabaram executados. 
Não raro, em um único dia, cerca de mil pessoas eram 
torturadas e mortas.
Os camponeses que reagi-
ram à coletivização forçada fo-
ram igualmente presos e assas-
sinados e cerca de 11 milhões 
dessas pessoas acabaram depor-
tadas. Muitos foram enviados 
para os Gulags*, campos de tra-
balhos forçados criados em todo o país para abrigar 
os opositores do regime.
O stalinismo também silenciou uma geração 
extremamente criativa de intelectuais e artistas, 
como o cineasta Sergei Eisenstein (1898-1948) e a 
poeta Anna Akhmatova (1889-1966). Desiludidos 
com o stalinismo e atormenta-
dos pela polícia secreta, muitos 
se suicidaram, como foi o caso 
do poeta Vladimir Maiakovski* 
(1893-1930).
* Leia o livro 
Um dia na 
vida de Ivan 
Deníssovitch, 
de Alexander 
Soljenítsin, 
Siciliano, 1995.
* Leia o livro Poesia 
russa moderna: 
nova antologia, 
Brasiliense, 1985.
Para Vladimir Maiakovski, um dos principais poetas russos, a 
poesia deveria ajudar a promover mudanças sociais. Em 1917, 
apoiou a revolução que pôs fim ao capitalismo na Rússia, 
mas depois se decepcionou com os rumos tomados pelo 
movimento e se suicidou. Foto tirada por volta de 1925.
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97O totalitarismo Capítulo 8
combates. Além disso, cerca de 50 mil voluntários 
vindos de 53 países formaram as Brigadas Interna-
cionais e lutaram contra os falangistas.
Artistas e intelectuais do mundo inteiro, como 
os atores Charlie Chaplin (1889-1977) e Clark Ga-
ble (1901-1960) demonstraram apoio à causa repu-
blicana. Alguns, como os escritores George Orwell 
(1903-1950), Ernest Hemingway (1899-1961), Saint-
-Exupéry (1900-1944) e André Malraux (1901-1976) 
chegaram a pegar em armas* contra os nacionalistas.
* Veja os filmes Sedução, de Fernando Trueba, 1994, 
e Soldados de Salamina, de David Trueba, 2003, o 
documentário El perro negro – Histórias da Guerra Civil 
Espanhola, de Péter Forgács, 2005, e leia a peça Os fuzis 
da senhora Carrar, de Bertolt Brecht, 1937, Paz e Terra.
Pintores como Juan Miró (1893-1983) e Pablo 
Picasso (1881-1973) fizeram cartazes a favor da 
Frente Popular. Em 1937, Picasso pintou o quadro 
Guernica, no qual expressou sua indignação contra 
o bombardeio da cidade de Guernica por aviões da 
divisão Condor, da Alemanha, a serviço de Franco 
(veja a seção Olho vivo na página 98). Apesar de 
contar com a simpatia da intelectualidade, o go-
verno republicano espanhol não conseguiu o apoio 
O assassinato de um 
líder monarquista por ati-
radores de esquerda ser-
viu de estopim para um 
levante armado contra 
o governo. Em julho de 
1936, tropas espanholas 
no Marrocos – na época, 
uma colônia da Espanha 
– se rebelaram. Seu líder 
era o general Francisco 
Franco (1892-1975), liga-
do à Falange. Tinha iní-
cio, assim, a Guerra Civil 
Espanhola*, que dividiu o 
território espanhol, como 
mostra o mapa ao lado.
* Veja os filmes Por quem os 
sinos dobram, de Sam Wood, 
1943, e Terra e liberdade, de 
Ken Loach, 1994, e leia o livro 
Por quem os sinos dobram, 
de Ernest Hemingway, Editora 
Bertrand Brasil.
Território controlado pelos nacionalistas
Território controlado pelos republicanos
La Coruña
Bilbao
Salamanca
Valladolid
León
Málaga
Sevilha
Córdoba
Cádiz
Valência
Cartagena
Badajoz
Saragoza
Barcelona
Toledo
Madri
40ºN
5ºO
a divisão da espanha em julho de 1936
Adaptado de: História Viva, n. 70. São Paulo: Duetto, 2009. p. 35.
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QUILÔMETROS
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230
Os militares acreditavam que teriam uma vitória 
rápida, mas foram surpreendidos pela forte resistên-
cia da população, que pegou em armas e montou 
barricadas nas ruas das cidades. O principal objetivo 
dos militares era dominar a capital, Madri, onde a 
resistência era intensa e tinha como um dos símbo-
los a deputada comunista Dolores Ibárruri, conheci-
da como La Pasionaria, que instigava a luta dos re-
publicanos ao grito de “Não passarão!”.
Ao perceberem que a resistência republicana 
seria longa, os militares recorreram ao auxílio ex-
terno. Com isso, a guerra na Espanha ganhou di-
mensões internacionais. Os governos da Itália e da 
Alemanha enviaram à Espanha soldados, armas, 
munições, tanques e veículos blindados em apoio 
às tropas franquistas. O governo de Portugal, que 
se encontravasob a ditadura de António Salazar, 
enviou 13 mil soldados para enfrentar os republi-
canos, enquanto empresas dos Estados Unidos for-
neciam armamentos, caminhões e principalmente 
petróleo às forças do general Franco.
O governo da União Soviética, por sua vez, co-
laborou com os republicanos, fornecendo-lhes ar-
mas, munições, aviões, veículos de guerra e en-
caminhando-lhes especialistas em armamentos e 
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98 Unidade 2 Meios de comunicação de massa
Em abril de 1937, a pequena cidade de Guernica, no norte da Espanha, foi alvo de um intenso bom-
bardeio por forças a serviço do general Francisco Franco. Cerca de cinquenta aviões, incluindo bimotores 
da divisão Condor, enviada pelo governo da Alemanha, lançaram mais de 2,5 mil bombas incendiárias 
sobre a cidade. Guernica ficou em ruínas; 1 600 pessoas morreram e cerca de novecentas ficaram feridas.
Olho vivo A barbárie nazista segundo Picasso
A pomba, símbolo da paz, aparece ferida. Trata- 
-se de uma metáfora do triunfo da violência.
O touro (e sua associação com o Minotauro) 
é uma figura recorrente na obra de Picasso. É 
também o símbolo da Espanha. 
A mulher com a criança morta represen-
ta todo o sofrimento da guerra. Segundo 
alguns autores, a posição de ambos re-
mete à escultura Pietà, de Michelângelo.
Os braços e pescoços alongados e as 
torções de corpos desarticulados dão 
movimento à cena.
As mulheres e o cavalo olham em dire-
ção à figura do touro. Dessa maneira, 
Picasso conduz o olhar do observador 
da obra da direita para a esquerda, con-
trariando as convenções tradicionais de 
que a leitura da imagem se faz da es-
querda para a direita.
As bocas abertas dos personagens, re-
presentando o grito de dor e de pânico 
das vítimas, tornam o quadro quase so-
noro e ainda mais dramático.
O guerreiro morto, com a ca-
beça decepada, tendo na mão 
uma lança quebrada, pode ser 
visto como uma metáfora da 
violência destrutiva da agres-
são nazista.
O cavalo atingido por uma lança 
e com uma grande ferida aberta 
simboliza o povo espanhol, que 
agoniza na guerra.
A lâmpada, que ilumina toda a tela, 
parece observar a cena de forma onis-
ciente: aparece como símbolo do olho 
divino, como uma testemunha muda 
dos acontecimentos.
Guernica, óleo sobre tela de 
1937, do pintor espanhol 
Pablo Picasso.
Esta luz simboliza a razão, a inteligência, a vida, a liberdade, 
uma tentativa de instaurar a ordem no meio do caos. É uma 
metáfora da energia física e espiritual.
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