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vargas de 1930 a 1945 105 A intervenção do estado na economia A centralização do poder no Estado Novo criou condições para que se iniciasse o trabalho de coor- denação e planejamento econômico, com ênfase no prosseguimento da industrialização por substituição de importações. Uma planificação total da economia nos mol- des soviéticos estava fora de cogitação, uma vez que o princípio da propriedade privada jamais fora ques- tionado pelo regime. As empresas estatais, que logo seriam fundadas, passaram a representar um comple- mento ao setor privado. Desse modo, acompanhando uma tendência mundial, tanto no mundo capitalista quanto na União Soviética, o governo recusava o lais- sez-faire liberal e passava a realizar ações para dirigir o desenvolvimento da economia. A atuação do Estado era executada por meio dos diversos órgãos criados tanto para auxiliar setores es- pecíficos quanto para coordenar o conjunto da eco- nomia e estabelecer diretrizes de política econômica. Esses órgãos promoviam a expansão de setores tradi- cionais e fomentavam novas atividades, viabilizando, por exemplo, a instalação de empresas estatais. A indústria pesada, concentrada nas empresas estatais, parecia estar além da capacidade do em- presariado nacional por demandar grandes inves- timentos e só proporcionar retorno a longo prazo. As maiores estatais se dedicavam aos setores de: siderurgia (Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, 1940); minera- ção (Companhia Vale do Rio Doce, em Minas Ge- rais, 1942); mecânica pesada (Fábrica Nacional de Motores, no Rio de Janeiro, 1943); química (Fábrica Nacional de Álcalis, em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, 1943); e hidreletricidade (Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco, 1945). A Segunda Guerra Mundial, iniciada em 1939, trouxe alguns efeitos favoráveis, como o aumento do preço dos produtos agrícolas exportados pelo Brasil. Ao mesmo tempo, porém, as dificuldades de impor- tação de máquinas, equipamentos e até de matérias- -primas acabaram levando a uma pequena desacele- ração da produção industrial. Apesar disso, no período do Estado Novo o processo industrial consolidou-se no país. Em síntese, a industrialização brasileira se deu em meio a um regime autoritário, o que nos permite caracterizar a Era Vargas como um período de moder- nização conservadora. A c e rv o I c o n o g ra p h ia /R e m in is c ê n c ia s p durante a era vargas, a intervenção do estado na economia foi fundamental para promover e coor- denar o crescimento econômico. acima, vargas em cerimônia patrocinada pelo Instituto do açúcar e do Álcool, em 1941. HGB_v3_PNLD2015_093a109_U1_C6.indd 105 4/15/13 10:03 AM 106 Para entender nosso temPo: o século XX A crise do estado novo e a redemocratização A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao lado dos aliados criou uma situação in- sólita: combatia-se a ditadura fascista na Europa, en- quanto no Brasil se mantinha um regime ditatorial, embora desgastado, inspirado nesse mesmo fascismo. Em 1943, circulou clandestinamente o Mani- festo dos Mineiros, documento redigido por intelec- tuais que pedia o fim da ditadura e a redemocratiza- ção do país, apelos repetidos no Primeiro Congresso Nacional de Escritores, em janeiro de 1945. Ambas as declarações foram censuradas pelo DIP, até que, em fevereiro, o jornal Folha Carioca publicou uma entre- vista com o todo-poderoso general Góis Monteiro, que defendia a realização de eleições. A entrevista surpreendeu o país, sobretudo por não ter sido censurada pelo DIP. Vargas começava a dar sinais de abrandamento da ditadura: em 28 de fe- vereiro, decretou uma emenda constitucional regula- mentando a criação de partidos políticos e marcando eleições gerais para o final de 1945. Na verdade, Getúlio percebeu que a redemocra- tização era inevitável, e o iminente final da guerra, com o retorno dos “pracinhas” da FEB, só iria acelerar o processo. Muitos acreditavam que essa volta facili- taria um golpe para depor o presidente: após derrotar a ditadura na Europa, a FEB completaria seu trabalho fazendo o mesmo no Brasil. Vargas antecipou-se, desencadeando ele mesmo o processo de redemocratização. Suas pretensões con- tinuístas eram evidentes: ao democratizar o Brasil, ele surgiria como grande defensor do sistema democráti- co, apresentando como referência sua luta contra os re- gimes ditatoriais na Europa. O prazo até as eleições era curto, impossibilitando que uma eventual oposição se organizasse seriamente ou que representasse um obs- táculo a seus objetivos de voltar ao poder. O presidente iniciou a organização de dois partidos políticos para o apoiarem: o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), criado dos sindicatos controlados por Vargas, e o Par- tido Social Democrata (PSD), formado com o apoio dos interventores nos estados e da burocracia estatal favorecida ao longo do Estado Novo. Enquanto isso, a oposição recém-nascida orga- nizava a União Democrática Nacional (UDN), de cunho liberal. Ao mesmo tempo, voltava à legalidade o Partido Comunista Brasileiro (PCB), reforçado com a libertação de Luís Carlos Prestes. Enquanto redemocratizavam o Brasil, os aliados do presidente cuidavam também de organizar o movimento que- remista, em cujos comícios repetia-se o lema “Que- remos Getúlio!”, provando seu interesse no continuís- mo. A adesão ao queremismo foi bastante grande, en- volvendo até mesmo o Partido Comunista, que ainda contava com muitos simpatizantes. Apesar da violência com que a ditadura tratou o partido e seus membros desde 1935, foi surpreen- dente o apoio de Prestes e do PCB a Vargas. Na verda- de, o partido seguia orientações de Moscou: a União Soviética ainda estava ao lado das democracias libe- rais capitalistas na luta contra o fascismo e, portanto, recomendava aos partidos comunistas do mundo in- teiro que apoiassem os líderes comprometidos com o combate ao fascismo, como era o caso de Getúlio. Este, por sua vez, interessava-se por qualquer tipo de apoio a seu continuísmo. Temendo uma guinada à esquerda por parte do presidente, o exército, em outubro de 1945, por inter- médio de seus comandantes Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra, acabou por desencadear um golpe, der- rubando-o e garantindo a realização de eleições sem sua participação. Encerrava-se o Estado Novo. R e p ro d u ç ã o /F u n d a ç ã o B ib li o te c a N a c io n a l, R io d e J a n e ir o , R J . p em 1930, vargas foi derrotado nas eleições; em 1945, foi afastado do poder por um golpe. nos dois casos, ele acaba- ria retornando. O insucesso do cantador. Getúlio: “Nunca mais toco viola”. HGB_v3_PNLD2015_093a109_U1_C6.indd 106 4/15/13 10:03 AM vargas de 1930 a 1945 107 PARA ReCoRdAR: A era vargas (1930-1945) AtividAdes com base no esquema-resumo e nas informações do capítulo, faça as atividades a seguir: 1. analise a relação mantida entre getúlio vargas e os diversos grupos de pressão existentes no Brasil nas décadas de 1930 e 1940. 2. explique o papel do departamento de Imprensa e Propaganda no estado novo. anticomunismo estimula burguesia classe média proletariado compra e queima de café intervenção do Estado na economia GETÚLIO VARGAS cafeicultores setores urbanos oligarquias dissidentes criação da CSN, em Volta Redonda exército populismo/ sindicatos processo de industrialização planejamento estatais tentaram retornar ao poder (1932) participação na Segunda Guerra Mundial DIP p propaganda HGB_v3_PNLD2015_093a109_U1_C6.indd 107 4/15/13 10:03 AM 108 Para entender nosso temPo: o século XX 1 leitura e análise de fonte historiográfica O texto abaixo discute a apropriação que diferentes correntes políticas fizeram da imagem de Carlos Pres- tes nas décadas de 1920 e 1930. Leia-o atentamente e faça as atividades propostas a seguir. a) Qual foi a intençãodos comunistas ao exaltarem a imagem de Luís Carlos Prestes? b) As ações e os posicionamentos de Prestes foram interpretados da mesma forma por comunistas e an- ticomunistas? Explique. c) Faça uma pesquisa em jornais, revistas ou na internet sobre a opinião expressa na mídia acerca de al- gum político de grande expressão. Pode ser um presidente, um governador, um líder sindical, etc. A se- guir, compare a imagem desse político no passado e no presente, respondendo as seguintes questões: • A imagem dessa pessoa passou por alguma mudança? • Qual? • Que explicação pode ser atribuída a essa mudança, caso ela tenha ocorrido? exeRCíCios de históRiA [...] Como o pai, Prestes seguiria a carreira militar. Nos anos 1920, aproximou-se da juventude rebelde do Exército que viria a originar o tenentismo, movimento político-militar que se desenvolveu entre 1920- -1935. Em outubro de 1924, já como capitão, levou o Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, a aderir ao levante iniciado meses antes em São Paulo. Impossibilitados de manter domínio sobre a capital do estado, os revolucionários paulistas recuaram rumo ao interior, até o oeste do Paraná. Ali se encontraram com Prestes e sua tropa, decidindo que o combate contra as forças legalistas iria continuar. [...] A imprensa batizou o pequeno exército rebelde de Coluna Prestes [...] exaltando a figura do jovem capitão, atribuindo-lhe a alcunha que o acompanhará por décadas: “Cavaleiro da Esperança”. Prestes se recusou a participar da Revolução de 1930 [...]. No mesmo ano divulgou manifesto declarando sua adesão ao marxismo, e em 1931 seguiu para a União Soviética, no intuito de conhecer a “pátria do socialismo”. [...] A adesão de Prestes significou grande trunfo para o até então pouco expressivo Partido Comunista Bra- sileiro. O “Cavaleiro da Esperança” levou consigo seu prestígio pessoal e o PCB soube explorar a imagem popular do líder. Durante décadas ele foi homenageado e cultuado, num trabalho cuidadoso do que foi chamado de culto à personalidade. Ao apropriar-se do mito do “Cavaleiro da Esperança”, a intenção do Partido Comunista era conquistar o imaginário popular, que tradicionalmente associava o herói salvador à figura do paladino que, montado em seu corcel, combatia o mal e defendia as causas justas. [...] A militância anticomunista também acreditava na eficácia política do mito de Prestes, tanto que tratou de combatê-lo. Para ela, Prestes encarnava a imagem da traição, da covardia e da subserviência a ordens estrangeiras. Não era o Cavaleiro da Esperança, e sim o “Cavaleiro da Desesperança” – mero traidor vendido ao “ouro de Moscou”. [...] A chamada Intentona Comunista, levante organizado por Prestes e sufocado pelo governo Vargas, que perseguiu e prendeu vários de seus participantes, inclusive ele, foi o marco inicial do processo de trans- formação nas representações do personagem, que passaria de herói a bandido no discurso da grande mídia. Os argumentos antiprestistas se reproduziram ao longo do tempo, na mesma medida em que o líder permanecia como uma referência central para a esquerda brasileira. MOTTA, Rodrigo Patto de Sá. O cavaleiro e o mito. Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, ano 2, n. 16, jan. 2007. p. 77-78. HGB_v3_PNLD2015_093a109_U1_C6.indd 108 4/15/13 10:03 AM vargas de 1930 a 1945 109 2 leitura de texto e redação Leia atentamente o texto a seguir. Foi em meio à ideologia que mobilizava multidões que surgiu o Estado Novo no Brasil (1937-1945). Estado Novo foi também o nome que receberam outras ditaduras na mesma época: a de Franco, na Espanha, e a de Salazar, em Portugal, por exemplo. O “novo” aqui representava o ideal político de encontrar uma “via” que se afastasse tanto do capitalismo liberal quanto do comunismo, duas doutrinas políticas que, desde meados do século XIX e mais intensamente a partir da revolução soviética, competiam entre si no sentido de oferecer uma alternativa política e econômica para o mundo. D’ARAUJO, Maria Celina. O Estado Novo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. p. 8. • Apropriando-se de considerações do texto acima e mobilizando seus conhecimentos sobre o assunto, escreva uma dissertação explicando por que o Estado fundado por Vargas com o golpe de 1937 era chamado de “novo”. Lembre-se de que, numa dissertação, você deve expor com propriedade o tema em questão. Para isso, você deverá desenvolver o assunto, mobilizando argumentos que convençam o leitor sobre a posição que você sustenta. Por isso, as ideias devem estar bem embasadas e expostas numa sequência lógica, de maneira coerente. 3 leitura e análise de literatura de cordel Como explicado no quadro Para pensar historicamente, Vargas é um mito construído ao longo de seu gover- no. Esse texto, extraído de um cordel, se refere às condições em que ocorreu sua morte – suicídio – em 1954. O cordel nasceu na região Nordeste do Brasil, no século XIX, e só mais tarde se espalhou para outras regiões do país. Feitos na forma de folhetos e produzidos com papel barato, os cordéis eram vendidos nas feiras e adquiridos pela população não só como um meio de diversão, mas também como veículo de informação. As capas dos cordéis eram ilustradas com belas xilogravuras feitas pelos próprios cordelistas e os exemplares eram expostos pendurados em cordões esticados em lugares públicos – daí o nome desse gênero literário. Leia atentamente e depois responda as questões. Jesus Cristo, pelo povo Padeceu morte e paixão. Getúlio foi outro Cristo, Varou o seu coração Com uma bala sublime Para salvar a nação! S é rg io P e d re ir a /F o lh a p re s s p exemplares de literatura de cor- del vendidos no mercado modelo em salvador, Bahia, 2011. a) Em geral, os versos dos cordéis são escritos em sextilhas. Quantas sextilhas você reconhece no cordel acima? b) Que palavras rimam em cada sextilha? c) Qual é a função do uso da métrica e da rima nos cordéis? d) Conforme o texto, qual seria a semelhança entre Getúlio Vargas e Jesus? e) O que essa analogia revela sobre a ideia que o autor do texto tem de Getúlio Vargas? f) Você concorda com o autor do texto sobre essa ideia em relação a Getúlio? Justifique sua resposta com base em seus conhecimentos sobre o governo de Getúlio Vargas. g) Em sua opinião, a memória de Getúlio Vargas ainda influencia o cenário político brasileiro? Escreva um texto argumentativo, apresentando dados concretos que justifiquem sua resposta. Morreu, mas ressuscitou E subiu ao céu com glória, Assim há de ser Getúlio, Que vai ficar na memória, Viver eternamente Alumbrando a nossa História. REVISTA Nossa História. São Paulo: Vera Cruz, ano 1, n. 10, ago. 2004. p. 17. HGB_v3_PNLD2015_093a109_U1_C6.indd 109 4/15/13 10:03 AM 110 PArA enTender noSSo TeMPo: o SéCulo XX A segunda guerra mundial (1939-1945)7 cAPítUlO p navio bélico da frota norte-ame- ricana é atingido pelo bombardeio japonês, durante o ataque à base naval de Pearl Harbor, localizada no oceano Pacífi co, em dezem- bro de 1941. o ataque estimulou os estados unidos a se engajar com tropas na Segunda guerra Mundial, ao lado da França e da inglaterra. A rc h iv e H o ld in g s I n c ./ T h e I m a g e B a n k /G e tt y I m a g e s Justificando a guerra É comum, durante as guerras, que cada um dos lados em confronto tente “demonizar” o inimigo, buscando convencer sua população de que a guerra é legítima. Dessa forma, o confl ito aparece como a luta do bem contra o mal, da civilização contra a barbárie, e assim por diante. Tal dis- curso costuma encobrir os interesses reais – quase sempre econômicos e políticos – por trás da guerra. A Segunda Guerra Mundial foi um confl ito no qual o alcance das atrocidades cometidas por um dos lados (especialmente pela Alemanha nazista) foi tão extenso, que provocou quase um consenso de que essa guerra seria uma guerra “justa”. Como exemplo dessas atrocidadesen- contra-se o massacre sistemático e organizado de minorias (judeus, ciga- nos, homossexuais) em campos de extermínio especialmente construídos para tal fi nalidade, que alcançou a cifra de milhões de vítimas e chocou o mundo. É interessante pensar até que ponto o bloco vencedor da guerra também não cometeu atrocidades. Tal constatação não serve para mini- mizar os crimes feitos pelo regime nazista e muito menos para tentar es- tabelecer uma “contabilidade” macabra, baseada em quem teria matado mais ou menos. Porém, é importante pensar que a guerra quase sempre resulta em atrocidades, e a eventual “justiça” de uma guerra não pode ser- vir para encobri-las. PARA PeNsAR HIstORICAMeNte HGB_v3_PNLD2015_110a125_U1_C7.indd 110 4/15/13 10:05 AM A SegundA guerrA MundiAl (1939-1945) 111 A guerrA reApArece no horizonte Os conflitos originados do Tratado de Versalhes (1919) exacerbaram-se com os efeitos da grande crise de 1929. A reação às condições de paz acabaram por disseminar um forte sentimento nacionalista, culmi- nando no totalitarismo nazifascista. Além disso, a po- lítica de apaziguamento, adotada por alguns líderes políticos do período entreguerras e que se caracteri- zou por concessões para evitar um confronto, não foi suficiente para garantir a paz internacional. A Liga das Nações, na prática, revelou-se um ór- gão internacional frágil, sem reconhecimento e peso, com pouca força para mediar e resolver os novos con- flitos. Assim, as pequenas nações – lesadas em seus direitos territoriais e políticos – ficavam à mercê dos Estados mais fortes. Na Ásia, a Manchúria (China) foi invadida pelo Japão (1931), que avançou em sua expansão pela Ásia e ilhas do Pacífico; na África, a Abissínia (Etiópia) foi tomada pela Itália (1935). Na Europa, a Alemanha reincorporou o Sarre (1935) e ocupou militarmente a Renânia (1936), zonas da fronteira francesa, des- militarizadas pelo Tratado de Versalhes. Para evitar confrontos, muitas nações europeias assistiam re- signadamente a todas essas ações de força. A cada nova agressão expansionista dos Estados totalitários, confirmava-se a falência da Liga das Nações e da paz internacional administrada por ela. A Guerra Civil Espanhola (1936-1939), em que morreram mais de 1 milhão de pessoas, deu o poder ao general golpista Francisco Franco, pôs fim à Repú- blica Socialista Espanhola e permitiu a Adolf Hitler e Benito Mussolini testarem os novos armamentos pro- duzidos pela indústria bélica de seus países, consoli- dando a aliança chamada Eixo Berlim-Roma. A expansão japonesa na Ásia levou o Japão a entrar em conflito com a União Soviética e com outros países imperialistas ocidentais. Em seguida, o país se uniria aos alemães e italianos, formando com eles o Eixo Roma-Berlim-Tóquio. Os três países assinaram o pacto anti-Komintern, para combater o comunismo internacional, e encontravam na passividade geral o ânimo para novas investidas territoriais. A primeira manifestação significativa da expansão nazista, chamada de Anschluss, aconteceu na Áustria, país anexado ao Terceiro Reich, em 1938. A meta seguinte era a região dos Sudetos (área fronteiriça da República Tcheca com a Alemanha e a Áustria), sob o pretexto de que a região contava com uma população predominantemente alemã. Responsáveis pela criação da Tchecoslováquia, autoridades da Inglaterra e da França, aliadas na Primeira Guerra Mundial, reuniram-se com Hitler e Mussolini (Acordo de Munique) e, alegando evitar uma confrontação geral, decidiram pela entrega dos Sudetos aos nazistas, o que ampliou o território ale- mão em direção ao leste. Em troca, o governo ale- mão comprometia-se a não realizar nenhuma nova expansão sem a aquiescência franco-britânica, con- firmando a política de apaziguamento do período. p na foto de 30 de setembro de 1938, o primeiro-ministro britânico neville Chamberlain mostra aos jornalistas o documento obtido em Munique em que Hitler se compro- metia com a paz em troca das concessões obtidas sobre a Tchecoslováquia. Visivelmente satisfeito, o primeiro- -ministro afirmou: “Creio que representa a paz para a nossa geração”. Chamberlain morreu em novembro de 1940, pouco mais de um ano após o início da Segunda guerra Mundial. U n d e rw o o d & U n d e rw o o d /C o rb is /L a ti n s to ck R e p ro d u ç ã o /M u s e u d e A rt e M o d e rn a d e N o v a Y o rk , E U A . “Ajude a espanha”, manifesto do pintor surrealista espanhol Joan Miró (1893-1983) aos franceses, em 1937. Pedia apoio à resistência antifran- quista e combate às tropas golpistas de Franco apoiadas pelo eixo Alemanha-itália. P HGB_v3_PNLD2015_110a125_U1_C7.indd 111 4/15/13 10:05 AM 112 PArA enTender noSSo TeMPo: o SéCulo XX Apesar disso, os governos inglês e francês resol- veram dar apoio e garantias à Polônia contra possí- veis agressões estrangeiras, sobretudo vindas da Ale- manha, que há muito cobiçava conquistar o “corredor polonês”, a faixa de terra que lhe havia sido tirada pelo Tratado de Versalhes, que incluía o porto de Dantzig (em polonês, Gdansk), área que dava à Polônia saída para o mar. No mapa abaixo, estão destacadas várias das anexações dos nazistas. C li ff o rd K . B e rr y m a n /J o rn a l E v e n in g S ta r A da pt ad o de : A TL A S d a hi st ór ia d o m un do . S ão P au lo : F ol ha d e S .P au lo , 1 99 5. p . 2 65 . DINAMARCA POLÔNIA ESLOVÁQUIA Königsberg Hamburgo Dantzig Prússia OrientalPAÍSES BAIXOS REINO UNIDO Berlim BÉLGICA ALEMANHA Colônia Varsóvia Sarre LITUÂNIA FRANÇA LUX. Praga Bratislava SUÍÇA ITÁLIA ÁUSTRIA Viena HUNGRIA Budapeste Mar do Norte Alemanha até 1933 Remilitarização (março/1936) Território tcheco-eslovaco anexado pela Hungria Território tcheco-eslovaco anexado pela Polônia Anexações alemãs Anschluss (13/3/1938) Sudetos (30/9/1938) Memel (março/1939) Boêmia-Morávia (14/3/1939) Dantzig (setembro/1939) Ma r B ált ico Rio Ren o Rio E lb a R io Oder R io Vístu la Ri o Da nú bio 52º N 12º L 0 180 km 360 A ll m a p s /A rq u iv o d a e d it o ra A expansão territorial da Alemanha nazista p o mapa exibe os movimentos da política de agressão hitlerista sobre os países vizinhos da Alemanha a partir da segunda metade da década de 1930. Por seu lado, Hitler assinou com Stá- lin, em 1939, o Pacto Germano-Soviético de não agressão e neutralidade por dez anos, relegando a segundo plano diferenças ideológicas, políticas e sociais entre o na- zismo e o socialismo soviético. Ao garantir a neutralidade soviética na possibilidade de um conflito internacional, o pacto repre- sentou o lance final nazista em sua agressi- va política expansionista. ∏ Charge feita em 1939, por Clifford K. Berryman, retratando o pacto germano-soviético como o ca- samento de Hitler e Stálin. ∏ uma mulher de edger (Tchecoslováquia) faz a sau- dação nazista em prantos diante da invasão das tropas alemãs. Foto de 1938. B e tt m a n n /C o rb is /L a ti n s to ck HGB_v3_PNLD2015_110a125_U1_C7.indd 112 4/15/13 10:05 AM