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NEUTROPENIA FEBRILNEUTROPENIA FEBRIL INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO A Neutropenia febril é uma das toxicidade mais comum nos pacientes oncológicos com neoplasias hematológicas GRADUAÇÃO DE TOXICIDADES 0 - sem alterações 1 - leves 2 - moderadas 3 - grave 4 - leva a potencial risco de vida 5 - leva à óbito MIELOTOXICIDADE Por que acontece? A quimioterapia age a nível de DNA, e as células sanguíneas têm alto turnover, e podem sofrer danos com a QT Pancitopenia Anemia Leucopenia Neutropenia Se torna um paciente de risco para adquirir infecções Emergência oncológica Plaquetopenia NEUTROPENIA FEBRILNEUTROPENIA FEBRIL Define-se como neutropenia febril (NF) como uma condição onde se associam a contagem de neutrófilos <500 cel/mm3 ou <1000 cel/mm3 com a perspectiva de queda até <500 cel/mm3 nas próximas 48h e temperatura axilar > ou igual a 38ºC Grau 3 a 5 A quimioterapia tem um ponto chamado Nadir que é onde cai mais o número de leucócitos, e depende muito do esquema terapêutico, em geral de 10 a 14 dias. Então se o paciente está há 10 dias com menos de 1000 leucócitos, ele tem a tendência de cair mais ainda. IMPORTÂNCIA Febre durante a neutropenia induzida por quimioterapia pode ser a única indicação de uma infecção subjacente grave. Como o paciente não tem neutrófilos, ele não "manifesta/produz" os sintomas de uma infecção normal ex.: tosse. Desse modo, a febre vai ser o único sintoma de uma infecção nesse paciente e é potencialmente grave! Sinais e sintomas de inflamação tipicamente são atenuados Aumenta o risco de mortalidade em 17% associada a NF EPIDEMIOLOGIA Frequência: Febre durante os ciclos de quimioterapia associado à neutropenia 10-50% dos pacientes com tumores sólidos 80% dos com neoplasias hematológicas. A maioria dos pacientes não terão etiologia infecciosa documentada Clinicamente infecções documentadas ocorrem em 20% a 30% dos episódios febris Locais comuns de infecção são do trato intestinal, pulmão e pele. A bacteremia ocorre em 10 a 25% de todos os pacientes, com a maioria dos episódios ocorrendo no cenário de prolongada ou neutropenia intensa (Leuco < ou igual 100 neutrófilos/mm3) Pacientes portadores de tumores sólidos raramente permanecem neutropênicos por mais de 10 dias e geralmente se tornam afebris após 48 a 72h de tratamento, com baixo risco de complicações graves e reduzidas taxas de mortalidade. Respondem melhor ao tratamento Infecção é a causa de óbito em 8% dos pacientes submetidos a TMO (transplante de medula óssea) autólogo e 17 a 20% aos pacientes submetidos a TMO alogênico; Pacientes considerados de alto risco apresentam em geral combinação de alguns fatores: Expectativa de neutropenia prolongada (>7 dias) e intensa (<100 cél/mm3); Alterações neurológicas; Pneumonia; Hipotensão; Dor abdominal aguda. ETIOLOGIA - NFETIOLOGIA - NF Bactérias Gram + mais comuns: Ex.: S. epidermidis, S. aureus, S. coagulase negativo, Enterococcus, Streptococcus Bactérias Gam - têm aumentado a frequência; pacientes hospitalares e após procedimentos cirúrgicos. Ex.: E. coli, Pseudomonas aeruginosa, Enterobacter, Klebisiella, Acinetobacter Fungos: pacientes com infecção fúngica prévia ou que receberam antibioticoterapia de amplo espectro e neutropenias prolongadas. Ex.: Candida, Aspergillus, pneumocystis jirovecci Vírus: difícil disseminação. Ex.: CMV, HSV1, VZ, vírus respiratórios com Influenza, Vírus sincicial respiratório Protozoários e helmintos - menos frequentes, mas potencialmente graves! - pctes onco hematológicos fazem profilaxia com antiparasitário!!! NEUTROPENIA FEBRILNEUTROPENIA FEBRIL ESTRATIFICAÇÃO DE RISCOESTRATIFICAÇÃO DE RISCO Avaliação do risco de complicações de infecção grave deve acontecer no momento da apresentação da febre. Avaliação do risco pode determinar o tipo de antibioticoterapia empírico, terapia (oral ou IV), local de tratamento (internação ou ambulatorial) e duração da antibioticoterapia. PACIENTES DE ALTO RISCO Neutropenia prolongada (duração de 7 dias) e intensa (neutropenia <100cél/mm3 após administração citotóxica quimioterápica) E/OU Comorbidade médicas significativas Alteração neurológica Pneumonia Hipotensão Novo início de dor abdominal Esses pacientes devem ser internados inicialmente para terapia empírica! PACIENTES DE BAIXO RISCO Pacientes neutropênicos por breve períodos (duração <7dias) Nenhuma ou poucas comorbidades Podem ser candidatos à terapia empírica oral! Pode-se avaliar internação social! MASCC - ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO Tabela - sistema de pontuação de risco MASCC Mucosite oral ou gastrointestinal que interfere com a deglutição ou cause diarreia grave Sintomas gastrointestinais, incluindo sintomas abdominais de dor, náuseas e vômito, ou diarreia Alterações neurológicas ou de estado mental de novo início Infecção por cateter intravascular Novo infiltrado pulmonar ou hipoxemia, ou doença pulmonar crônica subjacente Evidência de insuficiência hepática (definida como aminotransferase 3 a 5 vezes os valores normais) ou insuficiência renal (definida como clearence de creatinina de 30mL/min) Pacientes de alto risco que têm um score MASCC <21 Ou que sejam alto risco por critérios clínicos, devem ser inicialmente internados no hospital para antibioticoterapia empírica se já não estiverem internados Pacientes de baixo risco que têm um score MASCC>21 Cuidadosamente selecionados de baixo risco podem ser candidatos a uso oral e/ou antibioticoterapia empírica ambulatorial. OUTROS CRITÉRIOS PARA ALTO RISCO Neutropenia intensa (neutrófilos <100 cél/mm3) ou possivelmente prolongada >7 dias Presença de alguma dessas comorbidades: Instabilidade hemodinâmica EXAMES COMPLEMENTARESEXAMES COMPLEMENTARES Hemograma completo com contagem diferencial de leucócitos e plaquetas Ureia e creatinina Eletrólitos Enzimas hepáticas e bilirrubina total Pelo menos 2 conjuntos de hemoculturas são recomendados: Lúmen de um cateter venoso central, se presente, e de um local de veia periférica 2 conjuntos de hemocultura separadas punções venosas, se não houver cateter central Espécimes de cultura de outros locais de suspeita de infecção devem ser obtidos (ex.: escaras) Radiografia de tórax para pacientes com sinais ou sintomas respiratórios CONSIDERAÇÕES GERAISCONSIDERAÇÕES GERAIS Pacientes de alto risco necessitam de hospitalização e antibioticoterapia empírica: Monoterapia com um antippseudomonal agente beta-lactâmico: CEFEPIMA, ou CARBAPENEM (MEROPENEM OU IMIPENEM- CILASTATINA), ou PIPERACICLINA-TAZOBACTAM Outros antimicrobianos podem ser adicionados ao regime inicial para manejo das complicações (por exemplo, hipotensão e pneumonia) ou se houver suspeita de resistência antimicrobiana ou comprovada. Aminoglicosídeos, fluorquinolonas e/ou vancomicina (em geral, já associa nas pneumonias). Vancomicina ou outros agentes ativos contra a coccos Gram + não são recomendados como parte do padrão do regime inicial de atb. Salvo nas situações supracitadas Estes agentes devem ser considerados para indicações NEUTROPENIA FEBRILNEUTROPENIA FEBRIL clínicas específicas, incluindo suspeita de infecção relacionada ao catéter, pele ou tecido mole, pneumonia ou instabilidade hemodinâmica Pacientes neutropênicos afebris que apresentam novos sinais ou sintomas sugestivos de infecção devem ser avaliados e tratados como pacientes de alto risco. PACIENTES DE BAIXO RISCO Pacientes de baixo risco podem receber tratamento oral ou IV doses empíricas de antibiótico em uma clínica ou ambiente hospitalar Podem ser transferidos para tratamento oral ou IV ambulatorial se satisfazerem critérios clínicos específicos TRATAMENTO EMPÍRICO ORAL Ciprofloxacina em combinação com amoxicilina- clavulonato Levofloxacina, ou Ciprofloxacina em monoterapia, ou Ciprofloxacina mais clindamicina Os pacientes que recebem profilaxia com fluorquinolonas não devem receber terapia empírica oral com uma fluorquinolona. Febre persistente ou sinais e sintomas de agravamento da infecção - re- internação hospitalar ou permanência no hospital! QUANDO MODIFICAR TRATAMENTO? As modificaçõesao regime inicial de antibiótico devem ser guiadas por dados clínicos microbiológicos Se uma infecção é identificada, os antibióticos devem ser ajustados de acordo com as infecções clínicas e/ou microbiológicas. Deve ser tratada com antibióticos apropriados para o local e para as suscetibilidades de quaisquer organismos isolados Se a vancomicina ou outra cobertura para organismos foi inicialmente iniciado, pode ser interrompida após 2 dias se não há evidências de uma infecção Gram + Pacientes que permanecem hemodinamicamente instáveis após doses iniciais com agentes padrão para febre neutropênica devem ter seu regime antimicrobiano ampliado para incluir cobertura para gram-negativos, gram-positivos e para bactérias resistentes anaeróbias e fungos; A cobertura antifúngica empírica deve ser considerada em pacientes de alto risco com febre persistente após 4-7 dias de um regime antibacteriano de amplo espectro e nenhum foco infeccioso documentado. Pacientes de baixo risco que iniciaram tto IV ou atb no hospital podem simplificar o tto se ficarem clinicamente estáveis Trocar para oral se estáveis ou boa aceitação no TGI Pacientes hospitalizados de baixo risco podem se tornar ambulatorial com atb oral de seguimento diário for adequado e assegurado: cuidado com pacientes com dificuldade de fazer esse acompanhamento Se a febre persistir ou recorrer dentro de 48 horas em paciente ambulatorial, a readmissão hospitalar é recomendada para pacientes de alto risco DURAÇÃO DO TRATAMENTO Se tem infecção documentada, a duração é ditada pelo organismo e local específico: Atenção! atb apropriado deve continuar pelo menos o período de neutropenia ou mais, se clinicamente necessário Infecção bacteriana documentada dura o tratamento de 10-14 dias Paciente clinicamente bem com febre inexplicavel, deve manter o tratamento até a recuperação medular RECUPERAÇÃO: NEUTRÓFILOS ACIMA DE 500 Tratamento concluído com sintomas resolvidos, mas neutropenia persistente: Fazer profilaxia oral com fluorquinolona até a medula se recuperar Ocorre muito nos tumores hematológicos: nos tumores sólidos a neutropenia não dura mais de 10 dias; FLUXOGRAMA DE ABORDAGEM: Em geral, paciente alto risco completa as duas semanas de atb Uso de fator estimulante de granulócitos (G-CSF ou granulokine): Não é de rotina Considerar em pacientes de alto risco Drogas: filgrastrima (1 dose diária durante a quimio) e pegfilfrastina (1 dose única no D2 da quimio) O que faz? aumenta a capacidade de recuperação dos neutrófilos por estímulo dos granulócitos | porém, existe estudos que apontam para mortalidade/morbidade NEUTROPENIA FEBRILNEUTROPENIA FEBRIL para mortalidade/morbidade (resposta terapêutica baixa contra a infecção) entre os que usam e os que não usam Indicação: Profilaxia primária: diminuir o risco de neutropenia febril Quando? Quimioterapia de alto risco | quimioterapia de médio risco com comorbidades associadas | não precisa usar em quimioterapia de baixo risco Alto risco: sarcoma ósseo | alguns esquemas de CA de mama | alguns esquemas de CA retal Profilaxia secundária: a depender do esquema terapêutico e fator de risco para gerar neutropenia febril