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Universidade Federal de São Carlos Centro de Ciências Biológicas e da Saúde Programa de Pós-graduação em Enfermagem Chris Mayara dos Santos Tibes Aplicativo Móvel para prevenção e classificação de Úlceras por Pressão MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE SÃO CARLOS 2014 II Chris Mayara dos Santos Tibes Aplicativo Móvel para prevenção e classificação de Úlceras por Pressão MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde. Orientador: Silvia Helena Zem- Mascarenhas SÃO CARLOS 2014 Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária da UFSCar T553am Tibes, Chris Mayara dos Santos. Aplicativo móvel para prevenção e classificação de úlceras por pressão / Chris Mayara dos Santos Tibes. -- São Carlos : UFSCar, 2015. 118 f. Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São Carlos, 2015. 1. Enfermagem. 2. Informática em saúde. 3. Serviços de saúde - medidas de segurança. 4. Software - desenvolvimento. I. Título. CDD: 610.73 (20a) III “AAA” “Seja a mudança que você quer ver no mundo” (Dalai Lama) http://pensador.uol.com.br/autor/dalai_lama/ IV Dedicatória À minha família, Terezinha, Luiz, Louiza e Everton. Eu amo vocês. V Agradecimentos À Deus por todas as oportunidades e boas pessoas que tem colocado em meu caminho. Aos meus pais, Tere e Luiz Tibes, que sempre acreditaram em mim, me amaram incondicionalmente e deram o seu melhor para fazer meus sonhos se tornarem realidade, superando a distância e a saudade. Sem vocês eu nada seria. Minhas palavras nunca serão suficientes para expressar meu amor e gratidão. Obrigada mamãe e papai. Também agradeço minha irmã, Louiza Tibes, por me dar a honra de ser sua amiga e madrinha. Amo e tenho muito orgulho de você, por ser essa pessoa tão carismática e amável. Lolo, você será sempre a minha princesinha. Ao meu amor e amigo, Everton Cherman, a quem amo e admiro muito. Você tem me acompanhado e apoiado desde meus primeiros passos na ciência, desde quando o mestrado era apenas um sonho, você sempre me incentivou a seguir este caminho e acreditou no meu potencial. Seu apoio, amor, orientações e paciência têm sido fundamentais pra mim. Além disso, agradeço imensamente por sua participação ativa nesta pesquisa enquanto desenvolvedor do protótipo, sem você nada disso seria possível. Estendo meus agradecimentos a sua família que sempre me recebem com muito carinho. Especialmente a sua irmã e prima, Kamila e Flávia, que além de me acolherem como família se tornaram grandes amigas. Agradeço minha orientadora, Silvia Zem, que acreditou em mim mesmo sem me conhecer, aceitou me orientar e me acolheu como filha. Obrigada por sua paciência, orientação e carinho. Sou imensamente grata a você, por ter me dado à oportunidade de ingressar nesta jornada. Aprendi muito com você, como pesquisadora e pessoa, e sei que ainda tenho muito para aprender. Você tem um lugar especial em minha vida e coração. À minha avó e madrinha, Catharina Tibes, por todo seu carinho, amor e por estar sempre presente em minha vida me transmitindo um pouco da sua paz interior e sabedoria. Também estendo meus agradecimentos aos demais familiares, tios, primos e agregados. Aos meus professores, amigos e primeiros orientadores, Wu e Huei, que acompanharam e me incentivaram nesta caminhada. Vocês serão sempre um grande exemplo de dedicação a ciência. “Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes”. Estendo meus agradecimentos aos demais professores e integrantes do LABI. VI À professora e amiga, Maria Carolina Monard. Obrigada por suas dicas fundamentais para minha vida acadêmica e as longas e prazerosas conversas que sempre me ensinam muito. Você é, não só pra mim, mas para todos que te conhecem, um grande exemplo de pesquisadora, orientadora e pessoa. À professora Yolanda Évora que participou da banca da qualificação e contribuiu com sugestões preciosas para a continuidade desta pesquisa e por ter aceitado participar da banca da dissertação. Agradeço também por ter aceitado me orientador no Doutorado, estou imensamente grata e feliz por poder ser orientada por você. À professora Maria Helena Caliri que participou como banca no exame de qualificação e contribuiu com sugestões essenciais para a conclusão deste estudo. Também por sua dedicação a pesquisa, seu trabalho tem sido fundamental para o desenvolvimento desta pesquisa. À professora Vivian Aline Mininel que aceitou participar da banca final desta dissertação. Agradeço a minha companheira de mestrado, Jéssica, pela amizade e parceria nesta caminhada. Além de colega de mestrado você se tornou uma amiga para a vida, espero que possamos continuar compartilhando muitas vitórias juntas. Estendo meus agradecimentos aos demais colegas e amigos do mestrado (PPGEnf – UFSCar), especialmente às amigas Lívia, Flávia, Soraya, Lina, Daiane, Carlene e Alcione, que acompanharam essa trajetória mais de perto, compartilharam momentos de alegria e angustia, vocês são muito especiais pra mim. As minhas amigas de infância e faculdade, Giselle, Adrieli, Marina, Marcia, e Rebeca, que mesmo distante se fazem presente em minha vida. Também agradeço aos amigos de São Carlos, Vanessa, Bruno, Thainara e Vinicius, pela amizade e parceria, vocês se tornaram nossa família São- Carlense. Aos colegas do grupo de pesquisa, pela prazerosa convivência e as divertidas reuniões semanais. Aos professores e funcionários do DEnf, pela convivência, atenção e colaboração. Aos especialistas que aceitaram participar, enquanto avaliadores, desta pesquisa. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo apoio financeiro para o desenvolvimento do mestrado. VII Resumo A popularização dos dispositivos móveis tem sido considerada por muitos a revolução tecnológica de maior impacto nos últimos anos. Desse modo, entende-se que o desenvolvimento de soluções computacionais em formato de aplicativos (softwares) para dispositivos móveis representa um meio eficaz de disponibilizar conteúdos e atingir o público-alvo desejado. A utilização de ferramentas computacionais na área da saúde está em crescente expansão. Atualmente, um dos temas mais abordados na área da saúde é em relação à segurança do paciente. Nesse sentido o Ministério da Saúde e ANVISA lançaram a Portaria nº 529 de 1º de Abril de 2013, a qual institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Esta portaria visa à redução de eventos adversos nos serviços de saúde, dentre eles a redução da incidência de úlcera por pressão. Os cuidados de prevenção e de tratamento das úlceras por pressão são relacionados principalmente a equipe de enfermagem e em muitas instituições de saúde a incidência de úlcera por pressão é utilizada como um indicador da qualidade do cuidado. Nesse sentido, torna-se fundamental instrumentalizar os profissionais com recursos que os capacitem para predizer o risco do paciente desenvolver úlcera por pressão, apoiá-los no processo de classificação desse tipo de lesão e auxiliá-los frente à tomada de decisão na implementação de cuidados adequados para prevenir e/ou tratar esse tipo de lesão. Tecnologias de informação podem auxiliar nesse sentido. Além de serem capazes de armazenar e compactar um grande volumede informações, esse tipo de ferramenta é passível de portabilidade, adaptação e ampla abrangência. Com o intuito de auxiliar enfermeiros em sua prática profissional, esta pesquisa teve como objetivo desenvolver um protótipo de aplicativo móvel que auxilie na prevenção e na classificação de úlcera por pressão. O aplicativo desenvolvido é capaz de calcular/avaliar o risco, sugerir cuidados para prevenção e/ou tratamento de úlcera por pressão e classificar as úlceras existentes. A qualidade técnica e funcional do aplicativo foi avaliada por especialistas de computação e enfermagem, sendo considerado adequado nos quesitos de funcionalidade, confiabilidade, usabilidade, eficiência, manutenibilidade e portabilidade. Como trabalho futuro propõe-se avaliar o aplicativo em sua capacidade de reduzir a incidência de úlcera por pressão junto aos usuários na prática assistencial. Palavras-chave: Enfermagem, Informática em Enfermagem, Software. VIII Abstract The popularity of mobile devices has been considered by many the technological revolution with the greatest impact in recent years. Thus, the application development (software) for mobile devices provides an effective way of providing content and reaches the desired audience. The use of computational tools in healthcare is becoming increasingly widespread. Currently, one of the topics more addressed in the health field is related to the patient safety. The Brazilian Ministry of Health and ANVISA launched the Ordinance Nº 529 of April 1st 2013, which established the National Patient Safety Program. This ordinance aims to reduce adverse events in health care, including reducing the incidence of pressure ulcers. Prevention and treatment of pressure ulcers are mainly related to the nursing team and in many health institutions the incidence of pressure ulcers is used as an indicator of care quality. In this sense, it is fundamental equip professionals with resources that enable them to predict the patient's risk of developing pressure ulcers, support them to classify this type of injury and help them forward for decision making in the implementation of care adequate to prevent and/or treat this type of injury. Information technology can help these professionals. In addition to being able to store and compress a large volume of information, this type of tool is highly portable, adaptable and broad scope. In order to assist nurses in their professional practice, this research aimed to develop a mobile application prototype to assist in the prevention and classification process of pressure ulcers. The developed application is able to calculate the risk assessment, suggest cares for prevention and/or treatment of pressure ulcers, as well as to classify existing ulcers. The technical and functional quality of the application was evaluated by computing and nursing specialists and was considered adequate in question as functionality, reliability, usability, efficiency, maintainability and portability. As future work, it is proposed to evaluate the developed application in its ability of reducing the ulcer pressure incidence with users in care practice. Keywords: Nursing, Nursing Informatics, Software. IX Sumário Lista de figuras XI Lista de tabelas XIII Lista de abreviaturas XIV Apresentação 1 1 Introdução 4 2 Objetivos 9 3 Fundamentação teórica 11 3.1 Aplicativos móveis 12 3.2 Engenharia e qualidade de software 14 3.3 Prática baseada em evidência 17 3.4 Úlcera por pressão 20 4 Método 24 4.1 Tipo de estudo 25 4.2 Local de estudo 25 4.3 Método de desenvolvimento 26 4.3.1 Etapa I: Revisão integrativa da literatura 26 4.3.2 Etapa II: Desenvolvimento do aplicativo móvel 28 4.3.3 Etapa III: Avaliação do aplicativo móvel 35 4.4 Participantes 37 4.5 Procedimentos éticos 38 5 Apresentação e discussão dos resultados 39 5.1 Etapa I: Revisão integrativa da literatura 40 5.1.1 Outros aplicativos 48 5.2 Etapa II: Desenvolvimento do aplicativo móvel 49 5.2.1 Organização do aplicativo móvel 50 5.2.2 Apresentação 51 5.2.3 Avaliação do risco 54 5.2.4 Inspeção da pele 57 5.2.5 Sugestão de cuidados 63 X 5.2.6 Relatório final e impressão 64 5.3 Etapa III: Avaliação do aplicativo móvel 67 5.3.1 Avaliação do especialista – Computação 68 5.3.2 Avaliação do especialista – Enfermagem 75 6 Conclusões 80 7 Publicações 84 Referências 88 Anexos 100 Apêndices 106 XI Lista de figuras Figura 1. Componentes de decisão baseada em evidências 18 Figura 2. Fases do processo de desenvolvimento do sistema 29 Figura 3. Sistema RGB 32 Figura 4. Ilustração do processo de caracterização de imagens utilizando histograma de cores 34 Figura 5. Síntese do processo de seleção dos artigos para revisão integrativa da literatura 40 Figura 6. Fluxograma de navegação do aplicativo móvel 51 Figura 7. Acesso por senha 52 Figura 8. Aviso de login e/ou senha incorreto 52 Figura 9. Outras opções 53 Figura 10. Ajuda ao usuário 53 Figura 11. Sobre a equipe e contato 53 Figura 12. Referências do APP 53 Figura 13. Tela inicial da Escala de Braden 56 Figura 14. Subescalas Percepção sensorial 56 Figura 15. Resultado parcial da escala 56 Figura 16. Resultado final da escala 56 Figura 17. Inspeção da pele 58 Figura 18. Classificação baseada em imagem 59 Figura 19. Imagem enviada para processamento 59 Figura 20. Processando imagem 60 Figura 21. Resultado do processamento da imagem 60 Figura 22. Classificação baseada em informação 62 Figura 23. Descrição e outras informações sobre o estágio da UP 62 Figura 24. Ilustração contida em “Foto maior” 63 Figura 25. Descrição adicional 63 Figura 26. Lista de cuidados recomendados 64 Figura 27. Adicionar cuidado manualmente 64 Figura 28. Relatório final sem UP 65 XII Figura 29. Relatório final com UP 66 Figura 30. Perfil da formação acadêmica/profissional dos especialistas em computação 68 Figura 31. Respostas para questão 1.2 71 Figura 32. Respostas para questão 1.3 71 Figura 33. Respostas para questão 1.4 71 Figura 34. Respostas para questão 2.1 72 Figura 35. Respostas para questão 2.2 72 Figura 36. Respostas para questão 3.1 72 Figura 37. Respostas para questão 3.2 72 Figura 38. Respostas para questão 3.3 73 Figura 39. Respostas para questão 3.4 73 Figura 40. Respostas para questão 4.1 73 Figura 41. Respostas para questão 4.2 73 Figura 42. Respostas para questão 5.1 74 Figura 43. Respostas para questão 5.2 74 Figura 44. Respostas para questão 5.3 74 Figura 45. Respostas para questão 6.1 75 Figura 46. Respostas para questão 6.2 75 Figura 47. Perfil da formação acadêmica/profissional dos especialistas em enfermagem 76 XIII Lista de tabelas Tabela 1. Classificação dos estudos em categorias temáticas 42 Tabela 2. Caracterização dos aplicativos disponíveis nas lojas online. 48 Tabela 3. Média de todas as respostas obtida para cada especialista de Computação 69 Tabela 4. Médiaa e desvio padrão das respostas dos especialistas de Computação para cada Questão 70 Tabela 5. Média de todas as respostas obtida para cada especialista de Enfermagem 77 Tabela 6. Média e desvio padrão das respostas de todos os especialistas de Enfermagem para cada Questão 78 XIV Lista de abreviaturas AHRQ Agency for Healthcare Research and Quality APP Aplicativo EPUAP European Pressure Ulcer Advisory Panel ESF Estratégia de Saúde da Família ICMC Instituto de Ciências Matemática e de Computação k-NN K - nearest neighbors LABI Laboratório de Bioinformática MS Ministério da Saúde NAS Nursing Activies Score NEPEGIEnfNúcleo de Estudos e Pesquisas em Gerenciamento e Informática em Enfermagem NPUAP National Pressure Ulcer Advisory Panel OHA Open Handset Alliance PBE Prática Baseada em Evidência PNSP Programa Nacional de Segurança do Paciente PPPIA Pan Pacific Pressure Injury Alliance TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UFSCar Universidade Federal de São Carlos UP Úlcera por Pressão 1 Apresentação 2 Em 2007 iniciei o curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem na Universidade Estadual do Oeste do Paraná em Foz do Iguaçu – PR. Desde o primeiro ano da graduação já tive grande afinidade com as disciplinas da Licenciatura, o que me despertou interesse em realizar um projeto de pesquisa. No inicio de 2008 surgiu à oportunidade de participar de um projeto de Extensão na linha de criança e saúde pública. No final desse mesmo ano, fui convidada a integrar ao Laboratório de Bioinformática – LABI e realizar estágio de Iniciação Científica. Nesse laboratório pude ter contato com pesquisas e pesquisadores de diferentes áreas (medicina, biologia, engenharia e computação) e foi ali que me aproximei da linha pesquisa de Informática Biomédica. Ao finalizar o curso de graduação em 2011, não pude ingressar de imediato no mestrado, mas tive a oportunidade de realizar um estágio de aperfeiçoamento em pesquisa na área de Fisiologia na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. No ano de 2012 atuei como enfermeira no Hospital Ministro Costa Cavalcante em Foz do Iguaçu – PR, nesse hospital passei por vários setores, mas minha atuação foi principalmente nos setores de Pronto Atendimento/Pronto Socorro, Unidade de Terapia Intensiva e Oncologia. Nesse mesmo período me especializei em Saúde do Trabalhador. Apesar da mudança no percurso que havia planejado durante a graduação tinha o desejo de voltar para a área acadêmica. No final de 2012 fui aprovada no processo seletivo para o mestrado na Universidade Federal de São Carlos. Ao iniciar o mestrado o novo desafio foi definir a pesquisa, tendo como foco a linha da profª Silvia e meu grande interesse por tecnologias surgiu à ideia de trabalhar com Aplicativos Móveis. A presente pesquisa teve início em março de 2013 e versa sobre o desenvolvimento de tecnologia móvel para enfermagem. Nesse sentido, o foco deste estudo de mestrado foi o desenvolvimento de um aplicativo para dispositivo móvel que auxilia 3 enfermeiros no gerenciamento do cuidado de úlceras por pressão. Os objetivos definidos foram cumpridos e o aplicativo-protótipo elaborado. Minha trajetória no mestrado pode trazer mais do que o aprimoramento profissional, trouxe também um grande aprendizado pessoal e consolidou o meu desejo de seguir na pesquisa e academia. A pesquisa e o ensino me mostraram o caminho para compartilhar e produzir conhecimento e esse é o caminho que quero seguir. Finalizo o mestrado com a alegria de estar aprovada para o doutorado na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – USP. A conclusão de um sonho e o início de outro, ambos parte do caminho para alcançar um objetivo maior: o de ser professora e pesquisadora. Esta pesquisa de mestrado está inserida no Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gerenciamento e Informática em Enfermagem – NEPEGIEnf, cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq. 4 Introdução 5 1. Introdução A popularização dos dispositivos móveis, tablets e smartphones, tem sido considerada por muitos a revolução tecnológica de maior impacto nos últimos tempos após a revolução causada pela Internet e pelas redes sociais. No Brasil, apenas em 2013, foram vendidos mais de 35 milhões de smartphones, o que supera o número de celulares convencionais vendidos no mesmo período. Até 2017, a expectativa é que o Brasil se tornará o quarto maior mercado desse setor no mundo1. A principal característica dos dispositivos móveis é a quebra da limitação da mobilidade. Essa qualidade é fundamental para recursos empregados na assistência à saúde, considerando as peculiaridades inerentes ao trabalho desempenhado pelos profissionais dessa área, visto que esses se deslocam, frequentemente, dentro das instituições em que trabalham. Nesse sentido, a aplicação dos dispositivos móveis para a área da saúde está em crescente expansão (FIGUEIREDO e NAKAMURA, 2003; MENDES e SILVA, 2013; TIBES, DIAS e ZEM- MASCARENHAS, 2014). O software para dispositivo móvel é chamado de Aplicativo (APP) e é capaz de personalizar e ampliar as funções desses computadores de bolso. Apenas em 2013, mais de 100 bilhões de APP foram baixados nesses dispositivos e a previsão é que esse número ultrapasse 200 bilhões em 20162. Desse modo, entende-se que desenvolver soluções computacionais no formato de APP representa um meio eficaz de disponibilizar a ferramenta e atingir o público-alvo desejado. A utilização de ferramentas computacionais na área da saúde está em crescente expansão, pois esse tipo de suporte proporciona aos profissionais de saúde maior precisão e agilidade em seus trabalhos. No que diz respeito ao cuidado de enfermagem no Brasil, a adoção de 1 http://www.idc.com/ 2 http://www.gartner.com/newsroom/id/2592315 6 recursos tecnológicos é um fato crescente desde a década 60 com a fundamentação científica da profissão (ROCHA et al., 2008). A computação móvel pode ser aplicada em várias vertentes dentro da área da saúde, dentre essas aplicações destaca-se o monitoramento remoto, o apoio ao diagnóstico e o apoio à tomada de decisão (CATALAN et al., 2011; MENEZES Jr. et al., 2011; BARONE, FIGUEIREDO e WINK, 2012). Atualmente, um dos temas mais abordados na área da saúde é em relação à segurança do paciente. Nesse sentido, foi lançada pelo Ministério da Saúde (MS) e ANVISA a Portaria nº 529 de 1º de Abril de 20133, a qual institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) e tem por objetivo geral contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde do território nacional. No Art. 4º § I da referida portaria Segurança do Paciente é definida como: “redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde”. Dentre os danos que a portaria prevê no Art.7º, alguns deles são: prevenção de infecção relacionada à assistência à saúde, prevenção de queda, prevenção de erros relacionados à medicação e a prevenção de Úlcera por Pressão (UP) (BRASIL, 2013). As UP são caracterizadas pela lesão da integridade da pele e/ou tecido subjacente. Os cuidados preventivos e de tratamento das UP estão relacionados principalmente à equipe de enfermagem. O enfermeiro é responsável pelo gerenciamento do cuidado, mais especificamente pela identificação da melhor prática de cuidar a ser estabelecida para cada paciente (GRITTEM, 2007). Dentre os prejuízos que a UP acarreta, pode-se citar: o prolongamento da hospitalização, o aumento da dificuldade de recuperação do doente e o risco para o desenvolvimento de outras complicações, além de maior morbidade e mortalidade dos pacientes 3 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0529_01_04_2013.html 7 internados, repercutindo diretamente na economia familiar e nos gastos na saúde pública (FERNANDES, CALIRI e HAAS, 2008). Em muitas instituições de saúde a incidência de UP é utilizada como um indicador da qualidade dos cuidados relacionados à assistência de enfermagem (GABRIEL et al., 2011). Em relação ao conceito de qualidade, o que melhor se refere à qualidade nos serviços de saúde, diz respeito à relação entre as melhorias obtidas,a diminuição de riscos, a diminuição dos custos e satisfação do paciente (DONABEDIAN, 1988; DONABEDIAN, 1992). Nesse sentido, uma intervenção é de qualidade se o conhecimento científico e a experiência prática estão presentes no processo, gerando satisfação nas relações interpessoais, benefícios a um custo suportável e o mínimo de riscos ao mesmo tempo (DONABEDIAN, 1988; DONABEDIAN, 1992). Gabriel e colaboradores (2011) ressaltam que a incidência de UP enquanto indicador de qualidade deve ser utilizado para reavaliar, replanejar e reorganizar as atividades da equipe de enfermagem. Um mecanismo efetivo de melhoria da qualidade nos serviços de saúde é o incentivo na educação profissional; a participação e capacitação na vida profissional e o apoio institucional (DONABEDIAN, 1985). Tecnologias computacionais podem auxiliar nessa capacitação profissional. Essas tecnologias tem causado significativo impacto no processo de ensino e de aprendizagem, tanto no âmbito de formação quanto para a atualização profissional. Além disso, recursos computacionais são capazes de armazenar um grande volume de informações, são passíveis de portabilidade, adaptação e ampla abrangência (MARIN e CUNHA, 2006). Com o intuito de auxiliar os profissionais de saúde frente à aquisição de conhecimento especializado e frente ao processo de tomada de decisão dos cuidados das UP, esta pesquisa visou o desenvolvimento de um aplicativo-protótipo que fornece informações personalizadas de cada paciente quanto ao risco, prevenção e/ou classificação da UP. 8 Esse aplicativo-protótipo pode ser utilizado por profissionais e estudantes de enfermagem na prática assistencial e/ou no processo de aquisição de conhecimento especializado. Nesse contexto, a seguinte pergunta de investigação norteou o desenvolvimento desta pesquisa: “É possível desenvolver um aplicativo móvel capaz de avaliar o risco, sugerir cuidados para prevenção e classificar as úlceras por pressão?”. 9 Objetivos 10 2. Objetivos Geral Desenvolver um protótipo de um aplicativo móvel que auxilie na prevenção e na classificação de úlcera por pressão. Específicos o Realizar um levantamento de publicações científicas sobre o desenvolvimento de aplicativos móveis voltados para a área da saúde no Brasil; o Identificar as recomendações presentes na literatura para prevenção de úlcera por pressão; o Auxiliar na automatização do processo de classificação das úlceras por pressão; o Avaliar junto a especialistas de enfermagem e especialistas de computação o aplicativo-protótipo segundo os critérios de avaliação de software. 11 Fundamentação teórica 12 3. Fundamentação teórica Este capítulo visa aprofundar alguns conceitos do referencial teórico-metodológico utilizado nesta pesquisa. Para isso, dividiu-se a fundamentação teórica em quatro aspectos principais: Aplicativos móveis, engenharia e qualidade de software, prática baseada em evidência e úlcera por pressão. 3.1 Aplicativos móveis A popularização dos dispositivos móveis tem sido considerada por muitos a revolução tecnológica de maior impacto da atualidade, após a revolução causada pela Internet e pelas redes sociais. Esse tipo de dispositivo tem fácil acesso a milhões de softwares para personalizar suas funções, os chamados aplicativos (APP). Apenas em 2013, mais de 100 bilhões de APP foram baixados nesses dispositivos e a previsão é que esse número ultrapasse 200 bilhões em 20164. Isso se deve principalmente à facilidade em que esses APP podem ser acessados em suas respectivas lojas virtuais. A principal característica dos dispositivos móveis é a quebra da limitação da mobilidade, uma vez que o smartphone é como um computador de bolso, que pode acompanhar seu usuário 24 horas por dia onde ele estiver. Os dispositivos móveis são compostos por diversos recursos, como câmera digital, GPS, wireless, acesso 3G e 4G à Internet, entre outros, que tornam esse dispositivo uma poderosa ferramenta portátil quando combinado com o APP adequado. Devido a estas funcionalidades, os dispositivos móveis podem representar uma oportunidade de entretenimento, acesso à informação e solução de 4 http://www.gartner.com/newsroom/id/2592315 13 problemas e, desse modo, passar a fazer parte do cotidiano das pessoas e facilitar diversas tarefas do dia a dia (SILVA e SANTOS, 2014). Aplicativos nativos são conceitualmente definidos por APP desenvolvidos para um tipo específico de plataforma, e destinados a serem executados exclusivamente em dispositivos móveis (SILVA e SANTOS, 2014). Há diversas plataformas de desenvolvimento para dispositivos móveis disponíveis, tais como: Android (Google), IOs (Apple Inc), Windows Mobile (Microsoft Corp), entre outros (SILVA e SANTOS, 2014). Uma das principais plataformas de desenvolvimento é a plataforma Android, que vem se popularizando e se tornando o principal sistema operacional para dispositivos móveis. O Android surgiu de um grupo de empresas chamado Open Handset Alliance (OHA). Uma das principais características do projeto Android é o fato de ser gratuito e de suas aplicações poderem ser desenvolvidas a partir de qualquer computador (ANDROID, 2013). Apesar do reduzido número de APP desenvolvidos no Brasil, baseados em pesquisa científica, voltados para a área da saúde, vê-se uma alta taxa de crescimento ao longo dos últimos anos (TIBES, DIAS e ZEM-MASCARENHAS, 2014). Pesquisas científicas que visem desenvolver APP são de grande importância, uma vez que a utilização dos dispositivos móveis está cada vez mais comum e ao alinhar o desenvolvimento e pesquisa, esses APP tendem a ser analisados e testados por profissionais que conhecem as reais necessidades dos usuários finais. Para desenvolver APP de maneira coerente e adequada é essencial reconhecer as necessidades do usuário final, para que assim o desenvolvimento seja de acordo com as demandas específicas, testadas na pesquisa e implementadas na prática (TIBES, DIAS e ZEM-MASCARENHAS, 2014). 14 3.2 Engenharia e qualidade de software Software é uma das mais importantes tecnologias no cenário mundial. Nos últimos 50 anos, o software passou de uma ferramenta especializada em análise de informações para uma ferramenta de resolução de problemas (PRESSMAN, 2011). No processo de engenharia de software há cinco atividades estruturais: comunicação, planejamento, modelagem, construção e emprego; e elas se aplicam a todos os projetos de software. Para cada projeto há um modelo de desenvolvimento que melhor se adapte, cada um desses modelos define um fluxo de processo. Dentre esses modelos, destacam-se o modelo cascata, o modelo incremental e o modelo de processo evolucionário (PRESSMAN, 2011). A engenharia de software guia um processo de desenvolvimento adaptável e ágil que conduza a um resultado de alta qualidade e que atenda as necessidades daqueles que usarão o produto final (PRESSMAN, 2011). A qualidade de software passou a receber maior atenção quando o software passou a fazer parte da maioria das atividades diárias. Na década de 1990, observou-se que bilhões de dólares estavam sendo desperdiçados em razão de softwares que não cumpriam adequadamente as funções a que eram destinados. Na virada do século, houve uma mobilização para trabalhar contra esse desperdício (PRESSMAN, 2011). Nesse sentido, Pressman (2011) define qualidade de software como “uma gestão de qualidade efetiva aplicada de modo a criar um produto útil que forneça valor mensurável para aqueles que o produzem e para aqueles que o utilizam”.Esta definição serve para enfatizar três pontos importantes, descritos a seguir. A gestão de qualidade efetiva visa definir a infraestrutura que dá suporte à construção de um software de alta qualidade. A resultante do estabelecimento de uma gestão de qualidade efetiva é um processo para o desenvolvimento do projeto. Os aspectos gerenciais do processo criam 15 um mecanismo de controle e equilíbrio que ajudam a evitar o caos no projeto, permitindo que o desenvolvedor tenha uma visão geral do processo e assim analise os problemas e elabore uma solução consistente. Um produto útil fornece o conteúdo, as funções e os recursos que o usuário final precisa. Visa satisfazer as necessidades do cliente fornecendo um conjunto de requisitos, como confiabilidade, isenção de erros, facilidade de uso, dentre outras características que se espera de um software de alta qualidade. Agregar valor para o fabricante e para o usuário do software gera benefícios para todos os envolvidos. Os fornecedores ganham valor agregado por um software de alta qualidade exigir menos em manutenção, adequações e suporte ao cliente. Enquanto que o usuário ganha no sentido de que o software fornece a capacidade de tornar mais ágil um processo. Segundo Pressman (2011), há alguns quesitos que devem ser considerados para avaliação da qualidade de software, tais como funcionalidade, usabilidade, confiabilidade, eficiência, manutenibilidade e portabilidade. Esses quesitos têm por objetivo abranger todos os aspectos, internos e externos, de qualidade de software. Esses parâmetros avaliam a adequabilidade do sistema tanto do ponto de vista do usuário e de qualidade dos resultados, quanto do ponto de vista da sua engenharia de construção. Para melhor entender o significado de cada uma dessas características, utilizou-se a definição de Pressman, a saber: Funcionalidade: conjunto de atributos que evidenciam a existência de um conjunto de funções e suas propriedades específicas. Usabilidade: conjunto de atributos que evidenciam o esforço necessário para utilizar o software, bem como o julgamento individual desse uso, por um conjunto de usuários. 16 Confiabilidade: conjunto de atributos que evidenciam a capacidade do software de manter seu nível de desempenho sob condições estabelecidas durante um período de tempo estabelecido. Eficiência: conjunto de atributos que evidenciam o relacionamento entre nível de desempenho do software e a quantidade de recursos usados. Manutenibilidade: conjunto de atributos que evidenciam o esforço necessário para fazer modificações especifica do software. Portabilidade: conjunto de atributos que evidenciam a capacidade do software ser transferido de um ambiente para outro. 17 3.3 Prática baseada em evidência O conceito da Prática Baseada em Evidência (PBE) surgiu na literatura a partir da década de 90, oriundo da área Médica, e se apresentou como uma nova forma de exercer a prática assistencial, com base em evidências e não em tradições, mitos ou preferência pessoal (CALIRI, 2002). Por definição, a PBE compreende “o uso consciente, explicito e criterioso da melhor evidência atual para a tomada de decisão sobre o cuidar individual do paciente”. Em um processo que integre a competência clínica individual com os resultados de pesquisas cientifica (ATALLAH e CASTRO, 1998; FRENCH, 1999; DOMENICO e IDE, 2003). A PBE é vista como um novo paradigma assistencial e pedagógico, e suas ferramentas, quando bem usadas, podem gerar uma assistência de qualidade e redução dos custos dos serviços de saúde (CALIRI, 2002). Nesse sentido, a PBE é uma abordagem de solução de problema frente à tomada de decisão. A PBE incorpora resultados de pesquisas e outras evidências para o embasamento ou justificativas para uma forma mais adequada de se realizar uma intervenção (CALIRI, 2002). A busca pela melhor intervenção envolve a definição de um problema, a busca e a avaliação crítica das evidências disponíveis, a implementação das evidências na prática e a avaliação dos resultados obtidos (GALVÃO, SAWADA e MENDES, 2003; MENDES, SILVEIRA e GALVÃO, 2008). O raciocínio da PBE surgiu da epidemiologia clínica, que objetiva a aplicação da ciência epidemiológica a problemas e decisões clínicas, o qual permite suprir a lacuna entre o desenvolvimento de pesquisa e a utilização de seus resultados na prática (CULLUM et al., 2010). No entanto, os resultados de pesquisas não são usados isoladamente para guiar a PBE. Juntamente com os resultados de pesquisas há o uso do conhecimento específico sobre cada paciente e o contexto em que se está inserido (CULLUM et al., 2010). Os 18 componentes para a tomada de decisão para uma prática baseada em evidência são apresentados na Figura 1. Figura 1. Componentes de decisão baseada em evidências Fonte: CULLUM et al. (2010). Além dos benefícios que as práticas baseadas em evidências podem trazer para a prática clínica, é notório o impacto dessa abordagem sobre a política e o ensino (CULLUM et al., 2010). As PBE podem auxiliar efetivamente na educação profissional e na formação de uma cultura de melhoria contínua. Essa abordagem tem como propósito encorajar a utilização de resultados de pesquisas científica na assistência à saúde prestada nos diversos níveis de atenção, reforçando a importância da pesquisa para a prática clínica (MENDES, SILVEIRA e GALVÃO, 2008). A utilização de intervenções clínicas a partir de recomendações baseadas em evidências pode melhorar a qualidade do atendimento. No Decisão clínica Evidência de pesquisa válida e relevante Preferências e circunstâncias do paciente Recursos disponíveis Discernimento e especialização do enfermeiro 19 entanto, a introdução das PBE na prática hospitalar é custosa devido à quantidade e complexidade de informações disponíveis na literatura, o que torna fundamental a aplicação de abordagens para facilitar e agilizar o acesso ao conhecimento pelo enfermeiro (MENDES, SILVEIRA e GALVÃO, 2008). Tecnologias de informação podem auxiliar nesse processo de adoção das PBE. Essas tecnologias têm se tornado uma importante aliada nas mais diversas áreas do conhecimento. Além de serem capazes de armazenar e compactar um grande volume de informações, esse tipo de ferramenta é passível de portabilidade, adaptação e ampla abrangência (MARIN e CUNHA, 2006). Além dos recursos tecnológicos, outra ferramenta importante no processo de adoção do modelo da PBE na prática assistencial são as diretrizes clínicas, desenvolvidas a partir da análise dos resultados das pesquisas existentes e das opiniões de especialistas (VASCONCELOS, 2014). No que diz respeito à prevenção e tratamento de UP, existem várias diretrizes internacionais disponíveis para nortear a prática clínica e subsidiar a estruturação de protocolos na área. No Brasil, mesmo que as pesquisas e publicações sobre UP esteja em crescente expansão nos últimos anos, ainda não há resultados suficientes para a proposição de recomendações nacionais (VASCONCELOS, 2014). Entretanto, especialistas brasileiros da área utilizam as diretrizes internacionais para fazer recomendações e as consideram válidas no escopo da saúde brasileira (CALIRI, 2002; ROGENSKI e SANTOS, 2005; FERNANDES, CALIRI e HAAS, 2008; MIYAZAKI, CALIRI e SANTOS, 2010). 20 3.4 Úlcera por Pressão O sistema de classificação em estágios da UP foi criado pelo National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) em 1989. No entanto, as descrições originais do NPUAP não eram muito claras para os profissionais o que acarretava muitas vezes em uma classificação inadequada. Em fevereiro de 2007, o NPUAP atualizou a definição de UP e o seu sistema de classificação por estágios. No que diz respeito à definição da UP, essa passou a serdefinida como: “Lesão localizada na pele e/ou no tecido ou estrutura subjacente, geralmente sobre uma proeminência óssea, resultante de pressão isolada ou de pressão combinada com cisalhamento e fricção sobre a área afetada” (SANTOS e CALIRI, 2007). Em relação aos estágios, além dos quatro estágios originais foram adicionados mais dois referentes à lesão suspeita de tecidos profundos e a úlceras que não podem ser classificadas (SANTOS e CALIRI, 2007). Segundo as novas definições, traduzidas para o português por Santos e Caliri (2007), as descrições referentes a cada estágio são5: Suspeita de lesão tissular profunda: Área localizada de pele intacta de coloração púrpura ou castanha ou bolha sanguinolenta devido a dano no tecido mole, decorrente de pressão e/ou cisalhamento. A área pode ser precedida por um tecido que se apresenta dolorido, endurecido, amolecido, esponjoso e mais quente ou frio comparativamente ao tecido adjacente. Estágio I: Pele intacta com hiperemia de uma área localizada que não embranquece, geralmente sobre proeminência óssea. A pele de cor escura pode não apresentar embranquecimento visível: sua cor pode diferir da pele ao redor. Estágio II: Perda parcial da espessura dérmica. Apresenta-se como úlcera superficial com o leito de coloração vermelho pálida, sem esfacelo. Pode 5 ©Copyright 2007: National Pressure Ulcer Advisory Panel. 21 apresentar-se ainda como uma bolha (preenchida com exsudato seroso), intacta ou aberta/ rompida. Estágio III: Perda de tecido em sua espessura total. A gordura sub-cutânea pode estar visível, sem exposição de osso, tendão ou músculo. Esfacelo pode estar presente sem prejudicar a identificação da profundidade da perda tissular. Pode incluir descolamento e túneis. Estágio IV: Perda total de tecido com exposição óssea, de músculo ou tendão. Pode haver presença de esfacelo ou escara em algumas partes do leito da ferida. Frequentemente, inclui descolamento e túneis. Úlceras que não podem ser classificadas: Lesão com perda total de tecido, na qual a base da úlcera está coberta por esfacelo (amarelo, marrom, cinza, esverdeado ou castanho) e/ou há escara (marrom, castanha ou negra) no leito da lesão. A incidência de UP é em muitas instituições de saúde utilizada como um indicador da qualidade dos cuidados relacionados à assistência de enfermagem (GABRIEL et al., 2011). Essa incidência é calculada através da relação entre o número de pacientes acometidos com novos casos de UP em um determinado período e o número de pessoas expostas ao risco de desenvolver UP no mesmo período (CQH, 2006). Dentre os prejuízos que a UP acarreta, pode-se citar: o prolongamento da hospitalização, o aumento da dificuldade de recuperação do doente e o risco para o desenvolvimento de outras complicações, além de maior morbidade e mortalidade aos pacientes acometidos, repercutindo diretamente nos custos para os serviços de saúde e na economia familiar dos pacientes internados (FERNANDES, CALIRI e HAAS, 2008; SOUZA e SANTOS, 2010). Nesse sentido, entende-se que mais importante do que adotar boas práticas para o tratamento é impedir que as UP se desenvolvam, ou seja, preveni-las (RODRIGUES e SORIANO, 2011). Dentre as práticas preventivas destacam-se as escalas de avaliação de risco para UP. Essas escalas de avaliação têm apresentado 22 resultados significativos frente essa problemática. Esse tipo de instrumento aborda fatores intrínsecos e extrínsecos aos pacientes relacionados com o desenvolvimento de lesões. Tais aspectos facilitam na identificação de fatores de risco, bem como, no planejamento de uma assistência individualizada para cada paciente (BORGES et al., 2008; ROGENSKI e KURCGANT, 2012). A avaliação do risco para o desenvolvimento da UP deve ser aplicada diariamente durante o exame físico e sempre que houver alteração no estado clínico do paciente (ROGENSKI e KURCGANT, 2012). Resultados de pesquisas brasileiras relacionam baixos escores na Escala de Braden com a presença de UP, sugerindo boa validade preditiva (PARANHOS e SANTOS, 1999; ROGENSKI e SANTOS, 2005; ROGENSKI e KURCGANT, 2012). A Escala de Braden é composta por seis diferentes subescalas: percepção sensorial, atividade, mobilidade, umidade, nutrição e fricção ou cisalhamento. As cinco primeiras subescalas são pontuadas de um a quatro, enquanto a última (fricção ou cisalhamento) é pontuada de um a três. O escore total varia de seis a 23, e os índices baixos correspondem a um alto risco e os índices altos, a um menor risco (ROGENSKI e KURCGANT, 2012). Quando se utiliza a Escala de Branden é imprescindível que, quando avaliado um mesmo paciente, haja o máximo de concordância entre diferentes profissionais em relação à pontuação das subescalas e da pontuação final obtida, garantindo assim, a efetividade preditiva da escala. Caso contrário a escala torna-se subjetiva e perderá sua validade (ROGENSKI e KURCGANT, 2012). Rogenski e Kurcgant (2012) destacam ainda que há a necessidade de treinamentos sistematizados para os enfermeiros que utilizem a escala para que a avaliação torne-se mais fidedigna. Além da utilização da escala de avaliação, há cuidados que podem representar um poderoso aliado na prevenção da UP. Em 2014, a National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP), a European Pressure 23 Ulcer Advisory Panel (EPUAP) e a Pan Pacific Pressure Injury Alliance (PPPIA), lançaram a segunda versão do Prevention and treatment of Pressure ulcer: clinical practice guideline. O objetivo desse guia é fornecer recomendações baseadas em evidências para a prevenção e tratamento de UP. Esse guia constitui-se em um recurso indispensável para as práticas baseadas em evidências na prática clínica (NPUAP, EPUAP e PPPIA; 2014). Paralelamente ao guideline foi lançado à versão atualizada do Prevention and treatment of Pressure ulcer: quick reference guide, que fornece de maneira reduzida as diretrizes baseadas em evidências para prevenção e tratamento das UP. Os dois documentos fornecem uma análise detalhada das pesquisas existentes nesta área, a avaliação crítica dos pressupostos e do conhecimento clínico (NPUAP, EPUAP e PPPIA, 2014). O tratamento das UP é necessário quando as medidas preventivas não foram suficientes para evitá-las. Esse tipo de complicação se destaca por, dentre outros aspectos, prolongar a hospitalização dos pacientes acometidos e assim gerar altos custos às instituições de saúde. Diante do conhecimento dos fatores de risco para UP, ou mesmo quando já há a lesão instalada, torna-se necessário o estabelecimento de metas e um planejamento que direcione o tratamento adequado. Também é fundamental estabelecer um processo avaliativo contínuo que leve ao estabelecimento de ações que previna o surgimento de novas lesões (LOBOSCO et al., 2008). 24 Método 25 4. Método Este capítulo tem como intuito elucidar os procedimentos pelos quais esta pesquisa foi guiada para atingir seus objetivos. São apresentadas as características da investigação realizada, como o tipo de estudo, local, método de desenvolvimento, participantes e os aspectos éticos. 4.1 Tipo de estudo Trata-se de uma pesquisa aplicada, que visa o desenvolvimento de um aplicativo móvel para auxiliar os enfermeiros no processo de prevenção e tratamento das UP. A pesquisa aplicada refere-se à geração de conhecimentos para a elaboração de novos produtos ou aperfeiçoamento dos já existentes, suprindo a necessidade de um local para a solução de um problema específico, ou seja, utiliza os conhecimentos gerados pela pesquisa básica para aplicação prática com produtos, frente a uma demandapreestabelecida (SANTOS e PARRA Filho, 1998; MENEZES e SILVA, 2001; POLIT, BECK e HUNGLER, 2004). 4.2 Local do estudo Todas as etapas do estudo foram desenvolvidas na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em parceria com especialistas em Inteligência Artificial, Mineração de Dados e Engenharia de Software do Instituto de Ciências Matemática e de Computação (ICMC – USP). 26 4.3 Método de desenvolvimento Para o cumprimento dos objetivos específicos apresentados, o presente estudo foi dividido em três etapas distintas: Etapa I: Revisão integrativa da literatura; Etapa II: Desenvolvimento do aplicativo móvel; Etapa III: Avaliação do aplicativo móvel. Cada uma dessas etapas será apresentada separadamente nas próximas Seções. 4.3.1 Etapa I: Revisão integrativa da literatura Para o alcance do primeiro objetivo específico “Realizar um levantamento de publicações científicas sobre o desenvolvimento de aplicativos móveis voltados para a área da saúde no Brasil”, realizou-se um estudo de revisão integrativa da literatura, visando apreender o que existe de publicação científica no país sobre o desenvolvimento de aplicativos móveis na área da saúde. O método de Revisão integrativa possibilita sumarizar as pesquisas já realizadas e obter conclusões a partir de um tema específico (BEYEA e NICOLL, 1998). Para a realização da revisão utilizou-se o modelo que envolve as seguintes etapas (GANONG, 1987): 1. Seleção das questões para revisão; 2. Estabelecimento de critérios para inclusão de estudos e busca na literatura; 3. Apresentação das características dos estudos revisados; 4. Análise dos estudos utilizando instrumento específico; 5. Interpretação dos resultados; 6. Apresentação dos resultados e síntese do conhecimento. A questão que guiou esta revisão integrativa foi: “O que foi desenvolvido no Brasil em pesquisa científica na área da saúde relacionada a aplicativos móveis?”. Os critérios de seleção utilizados foram os seguintes: publicações disponíveis online, em língua Portuguesa, trabalhos desenvolvidos por 27 pesquisadores brasileiros e publicados no período compreendido entre 2006 a 2014. Os descritores utilizados foram: Aplicativo, Saúde e Smartphone, combinados a partir da lógica booleana AND. Foi consultada a base de dado LILACS, a biblioteca virtual SCIELO, e o sistema de busca Google Acadêmico. Esta última foi utilizada no intuito de ampliar o âmbito da pesquisa abrangendo trabalhos não encontrados em bibliotecas indexadas, minimizando possíveis vieses nessa etapa do processo de elaboração da revisão. Os estudos encontrados em mais de uma base de dados foram considerados somente uma vez. Utilizou-se um instrumento especialmente construído para a finalidade de extração e a análise dos dados dos estudos selecionados. Nesse instrumento é necessário identificar o título do estudo, a instituição sede, o local em que o trabalho foi publicado, as características metodológicas do estudo, bem como a avaliação do rigor metodológico. Para realizar a classificação do nível de evidência dos trabalhos foi utilizada a categorização da Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ)6. A qualidade das evidências é classificada em seis níveis, a saber: Nível 1 - metanálise de múltiplos estudos controlados; Nível 2 - estudo individual com delineamento experimental; Nível 3 - estudo com delineamento quase-experimental como estudo sem randomização com grupo único pré e pós-teste, séries temporais ou caso-controle; Nível 4 - estudo com delineamento não-experimental como pesquisa descritiva correlacional e qualitativa ou estudos de caso; Nível 5 - relatório de casos ou dado obtido de forma sistemática, de qualidade verificável ou dados de avaliação de programas; Nível 6 - opinião de autoridades respeitáveis baseada na competência clínica ou opinião de comitês de especialistas, 6 http://www.qualityindicators.ahrq.gov/ 28 incluindo interpretações de informações não baseadas em pesquisas. 4.3.2 Etapa II: Desenvolvimento do aplicativo móvel Esta etapa teve como propósito atender o objetivo de desenvolver um protótipo de um aplicativo móvel que auxilie na prevenção e na classificação de úlcera por pressão. Para isso, o sistema foi desenvolvimento em parceria com especialistas de computação do Laboratório de Inteligência Computacional – LABIC da Universidade de São Paulo – USP/São Carlos. Para desenvolver o APP, diversas linguagens de programação e softwares de apoio podem ser utilizadas. Como o objetivo do projeto é desenvolver um APP para dispositivo móvel, ferramentas de desenvolvimento para a plataforma Android foram utilizadas. Também definido como um sistema operacional para dispositivo móveis, o Android está presente em cerca de 85% dos smartphones do mundo. No Brasil, a presença de mercado da plataforma Android é ainda maior7. Desenvolver um APP para essa plataforma requer a utilização de bibliotecas e ferramentas na linguagem de programação Java fornecida pelo Android SDK (sigla para kit de desenvolvimento de software, em inglês). Além disso, nesta pesquisa também se utilizou o ambiente de desenvolvimento integrado Android Studio. O sistema foi desenvolvido baseado nos preceitos básicos do processo de desenvolvimento de software incremental contido na Engenharia de Software (PRESSMAN, 2011). O método final utilizado foi adaptado às necessidades desta pesquisa e é composto por cinco fases conforme ilustrado na Figura 2. O desenvolvimento do APP foi realizado utilizando um processo iterativo, ou seja, pôde-se retornar a qualquer fase anterior sempre que fosse necessário aperfeiçoar o sistema. Além disso, a interação com 7 http://www.idc.com/getdoc.jsp?containerId=prUS24676414 29 especialistas, tanto da área de computação quanto de enfermagem, ocorreu em todas as fases de desenvolvimento. Figura 2. Fases do processo de desenvolvimento do sistema. Fonte: TIBES, 2014. Cada fase do processo de desenvolvimento utilizado nesta pesquisa é descrita a seguir. Fase 1 – Análise dos requisitos Nesta fase foram levantadas as necessidades funcionais e não funcionais que o sistema deve abranger. Quanto às necessidades funcionais, pode-se citar a implementação do cálculo simplificado da escala de avaliação do risco para desenvolver UP, da recomendação de cuidados para UP, e a identificação de padrões em imagens desse tipo de lesão. Como requisitos não funcionais destaca-se a necessidade de ser de fácil e rápida utilização, bem como a mobilidade da solução desenvolvida. 30 Fase 2 – Definição do conhecimento Nesta fase, o conhecimento necessário para a correta elaboração do conteúdo a ser embutido no APP foi levantado por meio de revisão de literatura. Destacam-se, nesse sentido, a identificação da escala de avaliação utilizada e os cuidados para UP. Além disso, a identificação das imagens de referência de úlceras por pressão também faz parte do escopo desta fase. Para eleger a escala de avaliação a ser utilizada no sistema, realizou-se um estudo de revisão da literatura que visou identificar a escala mais estudada e recomendada no Brasil. Com a finalidade de identificar os cuidados para UP a serem recomendados pelo software, realizou-se um estudo de análise documental do Prevention and treatment of Pressure ulcer: quick reference guide (NPUAP, EPUAP e PPPIA, 2014). A análise documental consiste em identificar, verificar e apreciar os documentos com uma finalidade específica (SOUZA, KANTORSKI e LUIS, 2011). Fase 3 – Representação computacional do conhecimento O conteúdo coletado na fase anterior foi transformado emum formato adequado para posteriormente ser codificado em linguagem computacional e embutido no software. Para tanto foi utilizando a linguagem de programação escolhida previamente. Desse modo, o conteúdo levantado na fase anterior foi projetado para ser implementado utilizando o paradigma de Orientação a Objetos da linguagem de programação Java. Os conteúdos do APP foram projetados para serem implementados utilizando os conceitos de Orientação a Objeto, tais como Classes, Métodos, Heranças, entre outros (WU, 2010). Fase 4 – Codificação do protótipo do sistema Esta fase do desenvolvimento teve por objetivo implementar o que foi projetado nas fases anteriores. Para tanto, o desenvolvimento foi 31 dividido em entregáveis (releases, em inglês) ou módulos. A divisão em módulos tem como objetivo realizar testes internos de qualidade a medida que cada módulo é implementado a fim de identificar possíveis falhas o mais rápido possível e, assim, evitá-las nas próximas implementações. Os entregáveis desta pesquisa seguiram a seguinte ordem: Escala de avaliação do risco, recomendação de cuidados e processamento de imagens. O módulo de processamento de imagens visou alcançar o objetivo especifico “Auxiliar na automatização do processo de classificação das úlceras por pressão” e será detalhado a fim de elucidar o método computacional empregado. Módulo de Processamento de Imagens O processamento (digital) de imagens é uma área de Ciência da Computação que tem como objetivo o desenvolvimento de algoritmos para o processamento de dados nos quais a entrada e/ou a saída envolvam imagens digitais. Uma imagem, por sua vez, pode ser definida como uma função bidimensional, f(x,y), onde x e y são coordenadas em um plano espacial e o valor de f em qualquer par de coordenadas (x,y) é chamada de intensidade de cor ou nível de cinza da imagem naquele ponto. Quando x, y e os valores de f são todos finitos, ou seja, valores discretos, a imagem pode ser chamada de imagem digital. Desse modo, cada imagem é composta por um número finito de elementos, cada qual com sua localização e valor. Esses elementos são amplamente conhecidos como pixels (GONZALES e WOODS, 2002). Existem diversos sistemas para a definição do valor de intensidade de cor ou nível de cinza (valor da função f). O sistema mais amplamente utilizado para a representação de imagens digitais é o RGB (sigla do Inglês para Vermelho, Verde e Azul) (Figura 3) (GONZALES e WOODS, 2002). Esse sistema forma as distintas cores de um pixel definindo a intensidade de cada um dos três componentes (RGB). Quando os três 32 componentes têm intensidade máxima, a cor a ser exibida para o pixel será a branca. Por outro lado, a cor preta é representada quando a intensidade é nula em todos os componentes (GONZALES e WOODS, 2002). Figura 3. Sistema RGB. Fonte: GONZALES e WOODS, 2002. A combinação de pixels, cada qual com sua posição e intensidade de cor, formam as imagens digitais. Neste estudo, são utilizadas especificamente imagens de úlceras por pressão. O objetivo da utilização de algoritmos de processamento de imagens nesta pesquisa é, fornecida ao sistema uma nova imagem de UP, identificar automaticamente a imagem mais similar no banco de imagens de referência e, desse modo, estimar o estágio da UP da nova imagem submetida ao algoritmo. Para atingir esse objetivo, quatro etapas podem ser destacadas: construção de um banco de referência com imagens de UP; extração de características das imagens; definição de uma função que calcule a similaridade entre imagens; e recuperação da imagem de referência mais similar à nova imagem fornecida ao algoritmo. Construção de um banco de referência com imagens de UP: na primeira etapa organizou-se um banco com oito imagens de úlcera por pressão, duas para cada estágio da lesão. As imagens, e seus devidos direitos de uso, utilizadas nesta etapa foram adquiridas no site da 33 NPUAP8. As imagens adquiridas foram previamente estudadas e classificadas de acordo com seu estágio pela NPUAP. Desse modo, além das próprias imagens, o estágio de cada lesão também é armazenado no sistema computacional. Esse banco foi posteriormente dividido em dois conjuntos: um para referência (também chamado de conjunto de treinamento) e outro para posterior teste da precisão do algoritmo de processamento de imagens (também chamado de conjunto de testes). Cada um dos bancos (referência e teste) foi composto por quatro imagens, uma para cada estágio da lesão. Extração de características das imagens: na segunda etapa são extraídas características que sumarizem cada imagem a fim de serem utilizadas para calcular a similaridade entre elas e, assim, recuperar a(s) imagem(s) mais semelhante. Existem diversas técnicas disponíveis na literatura da área de Processamento de Imagens para esse fim. Nesta pesquisa, elegeu-se a técnica conhecida como histograma de cores (GONZALES e WOODS, 2002) para caracterizar cada imagem. Um histograma é usualmente uma representação gráfica para indicar a distribuição de frequências de valores em um conjunto. No contexto de processamento de imagens, essa técnica consiste basicamente em analisar pixel a pixel para contar a frequência com que cada intensidade de cor está presente na imagem. A Figura 4 ilustra a construção do histograma de cores de uma imagem. 8 http://www.npuap.org/online-store/home.php?cat=249 34 Figura 4. Ilustração do processo de caracterização de imagens utilizando histograma de cores. Fonte: TIBES, 2014. Definição de uma função que calcule a similaridade entre imagens: a terceira etapa do módulo de processamento de imagens consiste em definir a métrica que irá calcular a similaridade entre duas imagens representadas pelos seus vetores de características h1 e h2 . Para isso, diversas métricas podem ser utilizadas. Nesta pesquisa elegeu-se a distância Euclidiana por ser uma métrica amplamente divulgada e utilizada (Witten, Frank e Hall, 2011). A distância Euclidiana é definida pela seguinte equação: onde h1 e h2 são os vetores de histograma de cores normalizado que, no caso deste trabalho, representam as imagens a serem comparadas e n é quantidade de dimensões dos vetores (intensidade de cores). Recuperação da imagem de referência mais similar a nova imagem fornecida ao algoritmo: na quarta e última etapa do módulo de 35 processamento de imagens é definido o algoritmo utilizado para recuperar a(s) imagem(s) mais similar(es) à uma nova imagem processada pelo APP. Para tanto, o algoritmo k-NN (do inglês, k-Vizinhos mais Próximos) foi utilizado (WITTEN, FRANK e HALL, 2011). Ao processar uma imagem, esse algoritmo tem como objetivo recuperar os k exemplos (imagens) mais similares dentro do banco de exemplos de referência. Desse modo, recuperada a imagem de referência mais similar, basta utilizar o estágio já conhecido e atribuído previamente a essa imagem como a estimativa de estágio para a nova imagem. Fase 5 – Avaliação do sistema: a quinta e última fase de desenvolvimento do APP também diz respeito a “Etapa III” desta pesquisa e, por isso, é apresentada em detalhes na Seção 4.3.3. 4.3.3 Etapa III: Avaliação do aplicativo móvel A última etapa desta pesquisa está relacionada ao terceiro e último objetivo específico: “Avaliar junto a especialistas de enfermagem e especialistas de computação o aplicativo-protótipo segundo os critérios de avaliação de software”. Para avaliação de qualidade técnica do software, foram desenvolvidos dois questionários baseados no estudo de Sperandio (2008), que avalia as características de funcionalidade, confiabilidade,usabilidade, eficiência, manutenibilidade e portabilidade do sistema (Apêndices I e II). Para a elaboração dos questionários utilizou-se a ferramenta para construção e aplicação de pesquisa online “Google Forms”. Optou-se pela escala do tipo Likert, por se tratar de uma escala que verifica o grau de concordância do indivíduo frente assertivas que apresentem algo de favorável ou desfavorável em relação a um objeto. Os questionários desenvolvidos passaram por um teste de validade de conteúdo. Para isso, os questionários foram submetidos à avaliação de um comitê de especialistas. Esse comitê foi formado por 36 seis juízes, três especialistas em enfermagem e três especialistas em computação, com formação mínima em nível de mestrado ou dois anos de experiência profissional. Para o teste de validade de conteúdo foi desenvolvido um questionário específico com a finalidade de avaliar a compreensão, clareza, dificuldades e aparência geral do instrumento. Para mensurar a validade de conteúdo dos instrumentos foi realizada uma análise qualitativa. A avaliação foi aplicada inicialmente de forma individual e independente pelos juízes, seguida por uma discussão em grupo para identificar pontos controversos (HYRKÄS, SCHMIDLECHNER e OKSA, 2003; ALEXANDRE e COLUCI, 2011). Após a validação do conteúdo, as modificações nos instrumentos propostas pelo comitê de especialistas foram realizadas. Desse modo, foram modificadas duas questões no questionário destinado aos enfermeiros e adicionado uma questão no questionário destinado aos especialistas em computação. Os questionários foram aplicados para avaliar o aplicativo desenvolvido nesta pesquisa. A avaliação do APP foi realizada por uma comissão de juízes especialistas, nesse caso especificamente, especialistas de enfermagem e especialistas de computação. As características dos avaliadores são descritas no item 4.4. Os quesitos considerados na avaliação do APP são os utilizados em Engenharia de Software, tais como funcionalidade, usabilidade, confiabilidade, eficiência, manutenibilidade e portabilidade (PRESSMAN, 2011). Esses quesitos objetivam abranger todos os aspectos, internos e externos, de qualidade do software. Esses parâmetros avaliam a adequabilidade do sistema tanto do ponto de vista do usuário e da qualidade dos resultados, quanto do ponto de vista da sua engenharia de construção. Os juízes especialistas em enfermagem avaliaram os aspectos de funcionalidade, usabilidade, confiabilidade e eficiência do APP. Já os especialistas da área computacional avaliaram além dos aspectos referentes à funcionalidade, usabilidade, confiabilidade e eficiência do 37 aplicativo, também avaliaram os quesitos de manutenibilidade e portabilidade do APP. Para que os avaliadores do protótipo pudessem responder ao questionário de avaliação, foram construídos quatro estudos de caso dois para enfermagem (Apêndice III e IV) e outros dois para computação (Apêndice V e VI). Foi utilizada uma linguagem simples, clara e objetiva para manter a atenção dos avaliadores, facilitando o entendimento e a memorização dos dados apresentados. Esses estudos de caso foram entregues aos avaliadores e continham as informações necessárias para guiar uma avaliação fictícia pelo APP. Ao final da consulta guiada pelo estudo de caso os avaliadores responderam aos questionários de avaliação do APP. As respostas obtidas nas avaliações foram tabuladas de acordo com a frequência. Para analisar esses resultados foram empregadas técnicas da estatística descritiva, como, média e desvio padrão (SILVESTRE, 2007). 4.4 Participantes Os participantes aqui mencionados referem-se apenas à etapa III desta pesquisa. Nesta etapa, houve a participação de especialistas de enfermagem e computação para a avaliação do APP desenvolvido. A Norma Brasileira ABNT ISO/IEC 25062:2011 recomenda uma amostragem mínima de oito participantes, portanto neste estudo foram selecionados 16 avaliadores, a saber: Oito especialistas de enfermagem com no mínimo dois anos de experiência profissional ou mestrado. Oito especialistas de computação com no mínimo dois anos de experiência profissional ou mestrado, nas áreas de Inteligência artificial, Mineração de dados e/ou Engenharia de software. 38 4.5 Procedimentos éticos Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da UFSCar, sob nº de parecer 393.976 (Anexo I), atendendo as exigências da Resolução 466/12 (BRASIL, 2012). Todos os sujeitos envolvidos na pesquisa foram informados sobre os objetivos do estudo, destacando a disponibilidade para o esclarecimento de eventuais dúvidas. A participação na pesquisa foi realizada mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice VII), que assegura o sigilo e anonimato, a desistência em qualquer fase da pesquisa sem qualquer ônus e a autorização para a divulgação dos resultados. 39 Apresentação e discussão dos resultados 40 5. Apresentação e discussão dos resultados Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados desta pesquisa. A apresentação e discussão dos resultados seguirá a ordem do desenvolvimento da pesquisa. 5.1 Etapa I: Revisão integrativa da literatura Os resultados obtidos por meio da revisão integrativa deram origem ao artigo intitulado “Aplicativos móveis desenvolvidos para a área da saúde no Brasil: Revisão integrativa da literatura” (TIBES, DIAS e ZEM-MASCARENHAS, 2014). Por meio da busca nas bases de dados estabelecidas obteve-se 319 estudos. Após a leitura de todos os títulos e resumos, respeitando- se os critérios de seleção, apenas 36 estudos foram selecionados para análise. O processo de seleção dos artigos está apresentado na Figura 5. Figura 5. Síntese do processo de seleção dos artigos para revisão integrativa da literatura. Fonte: TIBES, 2015. 41 Os trabalhos selecionados foram sumarizados e classificados de acordo com os seguintes critérios: ano de publicação, tipo de publicação, abordagem temática e categoria profissional foco da aplicação. Segundo o ano de publicação, obtivemos a seguinte distribuição: 2014(3), 2013 (7), 2012 (10), 2011 (6), 2010 (3), 2009 (3), 2008 (1), 2007 (1) e 2006 (2). Quanto ao tipo da publicação não foram encontradas Teses de doutorado, e os demais tipos foram sumarizados em: Artigo (19), Dissertação (7), Trabalho de Conclusão de Curso (9) e Monografia de especialização (1). Todos os estudos identificados foram classificados com o nível de evidência 4, baseadas na categorização da AHRQ, pois todos os estudos eram não-experimental, com tipo de pesquisa descritiva, aplicada ou correlacional. A fim de realizar a análise e discussão dos aplicativos móveis desenvolvidos para a área da saúde, organizou-se os estudos selecionados em categorias por aderência temática ao público alvo de cada pesquisa, a saber: "Estudos com foco multiprofissional"; "Estudos com foco no profissional de enfermagem"; "Estudos com foco no profissional de medicina"; "Estudos com foco no profissional de odontologia", “Estudos com foco no profissional de fonoaudiologia”, “Estudos com foco no profissional de radiologia” e "Estudos com foco no paciente" (Tabela 1). 42 Tabela 1. Classificação dos estudos em categorias temáticas. Categorias Artigos selecionados Estudos com foco multiprofissional TONON, 2006; SCHWARZ, 2007; MARQUES, PISA e MARIN, 2008; VIGOLO, 2009; FERNANDES, 2011; FERREIRA e RODOVALHO, 2011; RODRIGUES, 2011; ARAÚJO e ALVES, 2012; GHIZONI, 2012; PEREIRA, TARCIA e SIGULEM, 2012; SILVA, 2012; UGULINO et al., 2012. Estudos com foco no profissional de medicina CAMILLOJúnior, 2006; BASTOS et al., 2009; ALBUQUERQUE, FERRER-SAVALL e CODINA, 2010; MAGALHÃES e AGUIAR, 2010; KODAMA, MORALES e KAVAI, 2011; MORAES et al., 2012; MORAIS et al., 2012; MOURATO, MOSER e MATTOS, 2013. Estudos com foco no profissional de enfermagem SILVEIRA et al., 2010; CATALAN et al., 2011; OLIVEIRA e COSTA, 2012; GROSSI, PISA e MARIN, 2014 Estudos com foco no profissional de odontologia BARONE, FIGUEIREDO e WINK, 2012; WINK, 2012 Estudos com foco no profissional de fonoaudiologia SANTOS, 2013 Estudos com foco no profissional de radiologia SOARES et al., 2013 Estudos com foco no paciente YAÑEZ, 2009; NAVARRO et al., 2012; VALENTE e ORSO, 2013; JULLIEN, 2013; LIMA et al., 2013; MONTEIRO, 2013; MORAN e TAMARIZ, 2013; CAIVANO, FERREIRA e DOMENE, 2014 Fonte: TIBES, 2014. Estudos com foco multiprofissional Com relação à categoria "Estudos com foco multiprofissional" foram selecionados 12 estudos que abarcavam a temática tecnologia móvel voltada para auxílio na prática de diversos profissionais de saúde. A grande maioria dos estudos desenvolveu tecnologias que utilizavam os sinais vitais dos pacientes como conteúdo, visando à visualização destes dados e acompanhamento constante do paciente pelos profissionais de saúde, sem a necessidade da presença no leito e facilitando o acesso às 43 informações em qualquer ambiente (TONON, 2006; SCHWARZ, 2007; VIGOLO, 2009; FERNANDES, 2011; FERREIRA e RODOVALHO, 2011; RODRIGUES, 2011; ARAÚJO e ALVES, 2012; UGULINO et al., 2012). Dentre estes, um estudo partiu de um mecanismo diferenciado para a visualização dos sinais vitais ao se utilizar da fotopletismografia (SCHWARZ, 2007), enquanto os demais utilizaram de uma transmissão de dados a partir de uma conexão do dispositivo móvel com os dispositivos eletrônicos acoplados ao paciente. Todos os estudos traziam a importância de se facilitar o acesso do profissional às condições dos pacientes e aperfeiçoar as atividades destes, auxiliando ainda na comunicação entre os profissionais quando o paciente não apresentar uma condição estável. Um dos estudos propôs a utilização de tecnologia móvel para auxílio ao protocolo de atendimento de Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnivelamento do Segmento ST (IAM com SST) (MARQUES, PISA e MARIN, 2008), outro desenvolveu um sistema de visão computacional para monitorar, de forma remota, os parâmetros respiratórios de pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica em um ambiente hospitalar (SILVA, 2012), um estudo analisou o uso das tecnologias móveis com o propósito didático no contexto da saúde (PEREIRA, TARCIA e SIGULEM, 2012) e também outros autores pesquisaram e propuseram um ambiente ubíquo de cuidados em saúde a partir do uso de tecnologias móveis (GHIZONI, 2012). Estudos com foco no profissional de enfermagem Na categoria "Estudos com foco no profissional de enfermagem" selecionou-se quatro estudos que contemplavam a utilização de dispositivos móveis voltados à prática da enfermagem. Desenvolveu-se um APP sobre vacinação no Brasil a partir de dados atualizados do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde (OLIVEIRA e COSTA, 2012). Outro aplicativo móvel foi desenvolvido para classificação de pacientes e avaliação da carga de trabalho da enfermagem na terapia intensiva, o Nursing Activities Score (NAS) 44 (SILVEIRA et al., 2010; CATALAN et al., 2011). O terceiro APP teve como objetivo desenvolver um APP de consulta de medicamentos quimioterápicos para auxiliar na auditoria em enfermagem de contas hospitalares e avaliar quanto à satisfação do usuário e usabilidade (GROSSI, PISA e MARIN, 2014). Todos os APP desta categoria estão em fase de desenvolvimento final e posterior avaliação do software na prática clínica, visando à atualização do profissional de enfermagem e maior inserção da tecnologia móvel em seus ambientes de trabalho. Estudos com foco no profissional de medicina Os estudos selecionados segundo seu foco para o profissional de medicina somaram oito. Essa foi a segunda categoria com foco no profissional de saúde mais abordada, atrás apenas da categoria “Estudos com foco multidisciplinar”. Dentre os APP selecionados identificaram-se duas iniciativas que auxiliam na tomada de decisão diagnóstica do profissional de medicina (ALBUQUERQUE, FERRER-SAVALL e CODINA, 2010; MAGALHÃES e AGUIAR, 2010). Ambas as pesquisas além de auxiliar o médico no processo diagnóstico, também utilizam a tecnologia de processamento de imagem nesse processo de identificação e classificação de patologias. Uma terceira iniciativa além de auxiliar nesse processo de diagnóstico faz a transmissão remota de dados de exames (KODAMA, MORALES e KAVAI, 2011). A tecnologia de transmissão de dados dos pacientes foi desenvolvida e utilizada em outros quatro trabalhos com foco no profissional de medicina (CAMILLO Júnior, 2006; BASTOS et al., 2009; MORAES et al., 2012; MORAIS et al., 2012). Os APP com a função de transmitir dados, além de auxiliarem médicos a acompanhar seus pacientes remotamente, também incentivam às práticas baseadas em evidências, fornecendo consulta a conhecimentos especializados baseados nos dados obtidos. 45 Além deste mais um estudo foi incluído no estudo (MOURATO, MOSER e MATTOS, 2013). Neste, desenvolveu-se um APP para Android que visa dar apoio aos médicos no diagnóstico diferencial de cardiopatias congênitas. Estudos com foco no profissional de odontologia Na categoria “Estudos com foco no profissional de odontologia” foram selecionados apenas dois estudos. Ambos os trabalhos, apresentaram o desenvolvimento e aplicação de aplicativos para apoio ao profissional de odontologia atuante no programa do governo brasileiro denominado Estratégia de Saúde da Família (ESF), nesses sistemas é possível armazenar informações referentes à saúde bucal dos pacientes que recebem a consulta domiciliar (BARONE, FIGUEIREDO e WINK, 2012; WINK, 2012). Os dois trabalhos relatam que os sistemas foram propostos a fim de garantir eficiência no atendimento domiciliar e organização dos dados coletados. Estudos com foco no profissional de fonoaudiologia Outro estudo selecionado tinha como foco o profissional de fonoaudiologia. Neste estudo abordou-se o distúrbio dislalia, para isso foi criado um aplicativo para dispositivos móveis para detectar erros fonéticos pronunciados pelo paciente e auxiliar o fonoaudiólogo na avaliação de evolução do paciente (SANTOS, 2013). Estudos com foco no profissional de radiologia Nesta categoria “estudos com foco no profissional de radiologia”, elegeu-se um estudo (SOARES et al., 2013). O objetivo dessa pesquisa foi desenvolver um APP para o sistema operacional Android. Esse APP estima a dose de radiação ionizante que profissionais e pacientes estão sendo expostos por meio do calculo da dose de entrada na pele – DEP. 46 Estudos com foco no apoio ao paciente Por fim, oito estudos foram selecionados segundo seu foco principal na categoria “Estudos com foco no apoio ao paciente”. Nessa categoria, dois APP têm como objetivo auxiliar pacientes na adesão tanto ao tratamento farmacológico quanto ao tratamento atitudinal (YAÑEZ, 2009; NAVARRO et al., 2012). Outros dois estudos desenvolveram APP que têm como objetivo auxiliar na localização de pacientes em caso de urgência médica (LIMA et al., 2013; MORAN e TAMARIZ, 2013). Ainda com a finalidade de auxiliar o paciente um estudo visou auxiliar possíveis doadores de sangue a agendar uma doação de maneira rápida e cômoda através do APP (MONTEIRO, 2013). Um outro APP desta categoria tem como objetivo auxiliar na mobilidade de deficientes visuais em meios urbanos (VALENTE e ORSO, 2013). Ainda nessa categoria foi possível identificar o desenvolvimento de um serious game para dispositivos móveis,
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