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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde Angelo Carneiro Bonadio Relação entre atendimento de recém-nascidos em serviço de urgência e orientação materna sobre as principais intercorrências no período neonatal Mestrado Profissional em Educação nas Profissões da Saúde SOROCABA 2019 Angelo Carneiro Bonadio Relação entre atendimento de recém-nascidos em serviço de urgência e orientação materna sobre as principais intercorrências no período neonatal. Trabalho Final apresentado à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE PROFISSIONAL em Educação nas Profissões da Saúde, sob orientação da Prof.ª Drª Raquel Aparecida de Oliveira. SOROCABA 2019 Banca Examinadora _____________________________ _____________________________ _____________________________ Dedico este trabalho a todos que influenciaram em minha formação. Aos meus pais que me ensinaram integridade, respeito e humildade e aos meus professores que me inspiraram da infância até a vida acadêmica. Espero poder honrá-los carregando, em parte, suas essências e quem sabe ter a sorte de transmitir o melhor que cada um acrescentou a mim para outras pessoas. AGRADECIMENTO Agradeço ao município de Salto de Pirapora, local no qual tenho o júbilo de trabalhar há cinco anos, à secretária de saúde, Srª Adriana Cerqueira Cezar de Jesus, e à interventora da Santa Casa, Srª Ceumi Cardoso Silveira, através das quais foi possível a realização deste projeto. À minha orientadora, Dra. Raquel Aparecida de Oliveira, que me conduziu neste novo caminho acadêmico. Ao meu irmão, Victor Carneiro Bonadio, que com sua experiência me aconselhou ao logo deste trabalho. Às amigas Dra. Natália Novo Natalício, Dra. Caroline Acosta Reiche Silva Freitas e Dra. Aline Cristina de Paula que gentilmente colaboraram na execução das atividades. Agradeço, ainda, a minha parceira, Dra. Daiane Araújo Almeida, pela paciência e compreensão ao longo da execução dessa pesquisa. RESUMO Bonadio AC. Relação entre atendimento de recém-nascidos em serviço de urgência e orientação materna sobre as principais intercorrências no período neonatal. Introdução: O período neonatal, do nascimento até o vigésimo oitavo dia de vida, é repleto de dúvidas e ansiedade por parte dos pais. Nem sempre a experiência prévia é suficiente para diminuir tais angústias. Com certa frequência as crianças são conduzidas às unidades de pronto atendimento para solucionar questões simples. Essa prática pode tranquilizar os pais, porém é prejudicial ao recém-nascido, o qual fica exposto a um ambiente com alta circulação de patógenos. Quando nos atentamos para a imunodeficiência própria da idade e para o fato de que a cobertura vacinal ainda se encontra em estágio inicial, fica claro que esta atitude pode trazer riscos ao neonato. Objetivos: Esse trabalho tem como objetivo encontrar formas de diminuir o fluxo de atendimento de recém-nascidos em unidades de urgência a partir da intervenção educativa na maternidade. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo e qualitativo com intervenção educativa realizadas por pediatras na maternidade municipal de salto de Pirapora, interior de São Paulo. Primeiramente, foi realizado questionário individual, pré-intervenção educativa com 99 mães e acompanhantes de recém-nascidos para levantamento de dúvidas sobre os principais problemas de saúde no período neonatal. Posteriormente foi realizada intervenção na maternidade, de forma dialogada, abordando a necessidade e quando realmente se deve levar o recém-nascido à unidade de emergência. Após o período neonatal, as mesmas mães responderam um questionário sobre a avaliação da intervenção. Foram comparados dados do fluxo de atendimento em pronto socorro antes e após a intervenção. Resultados: Como resultado obteve-se a diminuição da procura do serviço de urgência. A proporção de quem procurou o pronto atendimento era de 36,7% no ano anterior à intervenção e de 30,56% dois anos antes e foi reduzida para 12,33% após a realização da intervenção demonstrando uma redução média de 21,3%. As maiores dúvidas das participantes foram: febre 65,63%, engasgo ou afogamento 39,58%, choro constante 33,33% e alergia 25%. Palavras-chave: Atendimento de emergência, Neonatologia, Pediatria, Educação em saúde. ABSTRACT Bonadio AC. Relationship between demand for emergency room care in newborns and maternal counseling about the main events in the neonatal period. Introduction: Neonatal is the period between the date of birth and twenty-eighth days after birth, in this period parents face many doubts and anxiety. Even previous neonatal period experiences are not enough to avoid or decrease of such parent’s anguishes. In this context, parents commonly take newborns to prompt care units to solve simple health matters. Despite of this practice reassure the parents, it can be harmful to the newborns because they get expose to a great pathogens circulation environment. Since the vaccination coverage is still at early stage and the immunodeficiency age- specific, this behavior can bring risks to the newborns. Objective: This study aims the objective reduction of newborn’s care flow in emergency units through the educational intervention in maternity. Methodology: This is a descriptive, quantitative and qualitative study assisted by pediatricians with educational intervention in the municipal maternity of Salto de Pirapora, in Sao Paulo estate countryside. It is based in an individual questionnaire, made pre educational intervention with 99 mothers and newborn’s accompanying to understand the most frequent concerns about the main health problems during the neonatal period. Regarding the previously a dialogical educative intervention was organized in the maternity about and when the newborn in fact should be taken to an emergency unit. After the neonatal period, the same mothers answered an intervention evaluation questionnaire and the data of newborn’s care flow in emergency units before and after the intervention was compared. Results: The results show that there was a reduction on the emergency services demand. The proportion of those who went to the prompt care was 36.7% on the year before the intervention and 30.56% two years earlier. The reduction reached about 12.33% after the intervention, an average reduction of 21.3%. The biggest concerns of the participants were: fever 65.63%, choking or drowning 39.58%, constant crying 33.33% and allergy 25%. Keywords: Emergency care, Neonatology, Pediatrics, Health education. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Localização geográfica do município de Salto de Pirapora/SP ................ 18 Figura 2 - Número de mães presentes nas atividades educativas, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................................... 27 Figura 3 - Tempo de atividade educativa em minutos por grupos, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................................... 28 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Interação dos participantes durante as atividades educativas, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................... 31 Gráfico 2 - Atenção individual das mães durante as atividades educativas, Salto de Pirapora, novembro de 2018a fevereiro 2019. ......................................................... 32 Gráfico 3 - Participação individual das mães durante as atividades educativas, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. .................................................... 33 Gráfico 4 - Conhecimentos prévios das mães que participaram das atividades educativas, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ........................ 34 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Distribuição etária das mães que participaram da pesquisa, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................... 26 Tabela 2 – Distribuição do nível educacional das mães que participaram da pesquisa, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ........................................... 26 Tabela 3 - Dificuldades durante as atividades educativas, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................................................... 29 Tabela 4 - Dificuldades relacionadas aos números de integrantes dos grupos, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. .................................................... 30 Tabela 5 - Porcentagem dos conceitos de interação das atividades educativas relacionadas aos números de integrantes dos grupos, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. .............................................................................................. 32 Tabela 6 - Média de dúvidas das mães distribuídas por nível de escolaridade, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. .................................................... 36 Tabela 7 - Porcentagen de dúvidas das mães durante a intervenção educativa, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. .................................................... 37 Tabela 8 - Sentimento materno em relação aos cuidados dos seus filhos. Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................... 39 Tabela 9 - Percepção materna em relação à intervenção educativa, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................................... 40 Tabela 10 - Intercorrências domiciliares no período neonatal, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................................... 41 Tabela 11 - Sentimento materno ao se deparar com filho enfermo, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................................... 42 Tabela 12 - Atitude materna mediante intercorrência com o seu filho, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................... 43 Tabela 13 - Nascidos vivos, no período de 2016 à 2019. Salto de Pirapora. ........... 44 Tabela 14 - Fluxo de atendimentos de recém-nascidos no Pronto Socorro. Salto de Pirapora. .................................................................................................................... 45 Tabela 15 - Número de recém-nascidos atendidos pela urgência, Salto de Pirapora, dezembro de 2016 a fevereiro 2019. ......................................................................... 45 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 16 2.1 Gerais ................................................................................................................. 16 2.2 Específicos ........................................................................................................ 16 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 17 3.1 Tipo de Estudo .................................................................................................. 17 3.2 Cenário do Estudo ............................................................................................ 17 3.3 Participantes da Pesquisa ................................................................................ 19 3.3.1 Critérios de Inclusão ......................................................................................... 19 3.3.2 Critérios de exclusão ........................................................................................ 20 3.4 Procedimentos de Coleta de Dados ................................................................ 20 3.5 Organização e análise dos dados .................................................................... 23 4 ASPECTOS ÉTICOS ............................................................................................. 24 5 RESULTADOS ....................................................................................................... 25 6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 47 7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 51 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 53 APÊNDICE A - TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE LOCAL DE ESTUDO - SANTA CASA DE SALTO DE PIRAPORA ........................................................................... 57 APÊNDICE B - TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE LOCAL DE ESTUDO - SECRETARIA DA SAÚDE DE SALTO DE PIRAPORA .......................................... 58 APÊNDICE C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............ 59 APÊNDICE D - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DE MENORES NÃO EMANCIPADAS ............................................................................ 61 APÊNDICE E - TERMO DE COMPROMISSO DE CONFIDENCIALIDADE ............. 63 APÊNDICE F - ROTEIRO DA ENTREVISTA PREVIAMENTE À INTERVENÇÃO .. 64 APÊNDICE G - ROTEIRO DIÁRIO DE CAMPO ....................................................... 65 APÊNDICE H - ROTEIRO ENTREVISTA POSTERIOR À INTERVENÇÃO............. 66 ANEXO A - FOLHETO EDUCATIVO ........................................................................ 67 ANEXO B - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP ......................................... 68 11 1 INTRODUÇÃO A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda a permanência do recém- nascido (período que compreende até o vigésimo oitavo dia de vida) em maternidade por 48 horas.1 Tempo geralmente necessário para acompanhar o estabelecimento do vínculo materno, orientar aleitamento e observar possíveis alterações.1 Ao ser dada a alta o pediatra dá orientações gerais que devem ser seguidas até a consulta de puericultura, dando ênfase ao aleitamento materno e às práticas de higiene, geralmente, sem aprofundar-se muito em problemas de saúde do recém-nascido.2,3 A orientação preconizada da puericulturaa refere-se ao atendimento dentro de uma semana, o qual tem por finalidade acompanhar o crescimento, tirar dúvidas sobre o desenvolvimento e como intervir em possíveis alterações.4 No entanto, uma série de dificuldades nem sempre permitem o retorno dos pacientes dentro do período adequado, tais como: a unidade de saúde pode se encontrar distante da residência, ausência de pediatra em unidade básica de saúde ou quando este se encontra presente, pode ter uma agenda sobrecarregada.5 Desse modo, a lacuna de tempo até o próximo contato do paciente com o pediatra pode ser muito longa e a falta de instrução sobre as principais intercorrências pode gerar ansiedade nos familiares. Esta preocupação é um grande agravante para uma procura precoce do pronto atendimento.6,7 O ato de levar um recém-nascido ao pronto atendimento pode ter algumas consequênciasnegativas, já que nestes ambientes há uma maior circulação de patógenos agressivos8 e a imunodepressão, própria dos neonatos, aliada com a ainda inicial cobertura vacinal, os deixam expostos a contágios com tais micro-organismos que circulam neste ambiente.9 Os custos desses fenômenos também devem ser considerados já que, eventualmente, ocorre a mobilização de uma pessoa economicamente ativa para acompanhar o menor em atendimento, o que leva ao comprometimento da produção da sua atividade profissional e oneração da renda familiar.10 Todo paciente atendido no hospital gera custos, independentemente da complexidade do caso.6 Recursos mal gastos acabam interferindo em investimentos para melhoria da qualidade do serviço. a Acompanhamento médico periódico realizado á criança em unidade de saúde para avaliar seu desenvolvimento.45 12 Usando como referência o valor presente no Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS), cada atendimento pediátrico na urgência gera o custo de R$ 35,65 em serviços hospitalares e R$11,62 em serviço profissional, totalizando R$47,27.11 Sendo assim, a orientação familiar sobre as principais intercorrências que podem acontecer nesse período e a explicação sobre em quais circunstâncias deveriam levar o neonato em serviço de urgência poderiam diminuir a procura espontânea por esse atendimento através da exposição das principais intercorrências e explicação sobre quais circunstâncias deveriam levar o neonato em serviço de urgência.6,12 Abrir espaço para as mães apresentarem as próprias dúvidas facilita o entendimento e melhora o interesse em aprender13. Portanto, é interessante aproveitar o período em que as mães ainda estão na maternidade para orientá-las, pois nesta fase elas têm tempo para refletir sobre os assuntos e circunstâncias que geram maior preocupação.2 O Sistema Único de Saúde está estruturado em três níveis de atenção. No nível primário, considerado a porta de entrada para a assistência médica, as unidades de saúde têm alta capacidade de resolubilidade, devido à baixa complexidade dos casos. Para os demais níveis são conduzidos os pacientes que requerem maior suporte.14 No nível secundário os pacientes são encaminhados para ambulatórios especializados e para serviços de apoio diagnóstico e terapêutico. No nível terciário encontramos serviços hospitalares de maior complexidade, com alta sensibilidade diagnóstica e tecnologia aplicada. Apesar desta estrutura ser esquematizada para dar prioridade de acesso ao sistema terciário para os pacientes com maior complexidade, a procura destes serviços vem sendo solicitada para a resolução de problemas de saúde que, olhados da perspectiva técnica, poderiam ser resolvidos no nível primário.14 Em um estudo de Pérez Solís et al., realizado na Espanha, aponta-se que 91,3% das famílas levam o recém-nascido diretamente ao serviço terciário.15 Em um trabalho realizado em Recife por Kovacs e Feliciano aponta-se que apenas 18,9% dos pais preferem buscar a rede básica. Constatou-se aí que 63,5% das crianças que foram conduzidas aos serviços de urgência, apresentavam problemas de saúde passíveis de serem solucionados na rede básica.16 Resultado semelhante foi observado em Singapura por Kua et al., no qual 60% dos casos não se caracterizavam como urgência.17 No entanto, um trabalho realizado no Chile traz um dado mais 13 abrangente. Segundo Giass 90% dos pacientes atendidos tinham condições que poderiam ter sido resolvidas satisfatoriamente na atenção primária.18 Os principais motivos apontados pela preferência dos responsáveis dos recém- nascidos pelas unidades de maior complexidade decorrem da confiança nos profissionais que ali atuam. As expectativas sobre qualidade da assistência, experiência prévia pessoal no serviço e/ou da opinião de terceiros disponível em redes sociais, satisfação com o atendimento, acessibilidade geográfica, necessidade de buscar segurança sobre o curso da doença, expectativa de que exames médicos sejam realizados e o horário restrito de funcionamento da atenção básica influenciam na escolha.16,17 Dados norte-americanos apontam que o paciente aguarda em média 20,3 dias para conseguir consulta ambulatorial.6 Período que pode ser considerado prolongado, para quem anseia por sanar suas dúvidas. Avaliar a gravidade da condição de uma criança pode revelar-se difícil e estressante diante de uma doença ou lesão, consequentemente, muitos casos não urgentes são percebidos como graves o suficiente para justificar uma visita em unidade de urgência.17 Vários estudos avaliaram a percepção dos pais e cuidadores de pacientes pediátricos, caracterizados como não urgentes, em serviço de emergência e notam tendência a superestimar a condição da criança.10–12 A avaliação de risco tem como função reconhecer agravos e escaloná-los conforme eles comprometam o estado de saúde do indivíduo. O protocolo mais utilizado, em nível hospitalar, é o de triagem de Manchester, o qual requer um profissional da enfermagem capacitado. Demonstrando a complexidade em reconhecer e estabelecer o nível de gravidade do paciente.19 Alguns entrevistados não fizeram distinção entre os níveis de atenção e, no lugar disso, consideram os dois locais como fontes igualmente apropriadas de atenção para problemas menores.6 Um estudo realizado por Millar et al. em unidade de emergência pediátrica aponta que as queixas mais comum foram icterícia, dificuldade para respirar, problemas alimentares e irritabilidade. Enquanto os diagnósticos mais frequentes foram normalidade (27%), icterícia (25,3%), problemas alimentares (7,8%) e infecção (7,2%).20 Estes dados foram reforçados pelo estudo de Calado CS e colaboradores (2009) onde as queixas principais eram icterícia (14,5%), choro excessivo (13,6%), erupção cutânea (7,3%), congestão nasal (6,7%) e tosse (5,9%), sendo os principais diagnósticos normalidade (26,1%), cólicas (11,3%), icterícia fisiológica (8,2%) e infecção de vias aéreas superiores (7,3%).7 Num outro trabalho, realizado por Batu et https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Millar%20KR%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=10888448 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Calado%20CS%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19382329 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Batu%20ED%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=25648054 14 al., apontam-se como queixas principais icterícia (23,4%), irritabilidade (9,5%) e vômitos (7,1%) e os diagnósticos mais comuns foram recém-nascido normal (33,9%), icterícia (13,2%) e cólica (5,8%).12 Vários fatores, como primiparidade, baixa idade materna, alta pós-natal precoce, baixa renda familiar, mãe solteira, níveis de escolaridade baixos dos pais e, principalmente, pelo conhecimento insuficiente do cuidador sobre o cuidado do recém- nascido, afetam a acuidade da utilização do departamento de urgência pediátrica.6,15,17,20 Um estudo realizado nos Estados Unidos por Kubicek et al. constatou que 63% dos cuidadores, que levaram crianças sem gravidade para a emergência, avaliaram a condição de seu filho como muito ou extremamente urgente, isso indica a falta de educação básica em relação às principais doenças que acometem a infância e como melhor tratá-las.6 Assim, programas mais detalhados de educação e apoio pós-natal precoce em relação ao cuidado do recém-nascido podem ajudar a diminuir a condução de neonatos para o referido setor.12,17 As visitas à unidade de emergência também são um momento oportuno para educar os cuidadores que buscam atendimento para casos que apresentam pouca gravidade. O uso de panfletos, com abordagem popular, pode facilitar a compreensão e a difusão do conhecimento. Experiência prévia com esse meio de abordagem aponta uma diminuição de 58% das crianças inadvertidamente conduzidas para unidades de maior complexidade.6Na abordagem cognitivista da educação ocorre a valorização do aluno. Desse modo há a socialização de conhecimentos e experiências prévias, bem como a cooperação entre alunos e professor. Existe aí um respeito às características dos educandos independente da sua instrução prévia. Esta forma de abordar as situações é considerada acolhedora e dá liberdade para participação do aluno, o que facilita a atuação do professor e assimilação do conhecimento. O diálogo, engajamento, desenvolvimento da consciência crítica e liberdade orientam a relação de ensino- aprendizagem.21 Segundo Lara et al. apesar do grande número de neonatos sem alterações em consultas em unidade de urgência, esta é a faixa etária que mais interna após a procura (14,4%), os principais motivos são sintomas respiratórios e icterícia. Além disso, o maior número de retornos também pode ser encontrado neste grupo (8% dos casos).22 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Batu%20ED%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=25648054 15 A atenção destinada a pacientes que não apresentem problemas urgentes sobrecarrega o sistema, podendo diminuir a dedicação a pacientes graves e, com isso, aumentar o risco de erros médicos.18 Também promove atrasos nos cuidados e tratamentos, aumento do tempo total de permanência, tempo de triagem para médico, irritação de acompanhantes, além de promover o desvio de recursos de pacientes mais gravemente doentes e feridos.6 Nos Estados Unidos alguns programas mostraram-se promissores para promover a redução das visitas pediátricas nos departamentos de urgência e, ao mesmo tempo, diminuir os custos associados ao uso desnecessário do serviço. Essas abordagens remetem ao nível primário: o trabalho social para abordar problemas que afetam o funcionamento familiar, fornecer atendimento pediátrico prolongado, explicar a importância do atendimento no nível em questão, dar oportunidade a família escolher o médico e manter múltiplos locais de acesso à prestação de serviço médico.6 16 2 OBJETIVOS 2.1 Gerais: Diminuir o fluxo de recém-nascidos no Pronto Socorro da Santa Casa de Salto de Pirapora, interior de São Paulo. 2.2 Específicos: • Levantar as principais dúvidas maternas referente aos problemas de saúde mais comuns nos recém-nascidos • Orientar as mães e/ou responsáveis sobre as principais intercorrências no período neonatal. • Avaliar o conhecimento materno, após intervenção, ao observar filho enfermo. 17 3 METODOLOGIA 3.1 Tipo de Estudo Trata-se de um ensaio (¨trial¨) em educação em saúde, controlado, sem cegamento (not blinded), não aleatorizado, do tipo quantitativo e qualitativo, pesquisa documental e com abordagem interventiva. Foram comparados os atendimentos realizados no Pronto Atendimento da Santa Casa de Salto de Pirapora no período após intervenção educativa com os atendimentos do mesmo período dois anos anteriores. O período considerado foi de novembro de 2018 a fevereiro de 2019. 3.2 Cenário do Estudo O estudo foi realizado na Maternidade Municipal e na Santa Casa do município de Salto de Pirapora, interior de São Paulo. Sendo esta última a única unidade de atendimento de urgência à disposição dos munícipes. O Índice de Desenvolvimento Humano municipal de 2010 foi de 0,729 e a taxa de mortalidade infantil de 2017 foi de 12,9 óbitos por mil nascidos vivos.23 Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, o município de Salto de Pirapora tinha 44.972 habitantes. Localizado a 121km da cidade de São Paulo, situa-se na Região Metropolitana de Sorocaba, na Mesorregião Macro Metropolitana Paulista e na Microrregião de Sorocaba. Sua localização geográfica pode ser observada na figura 1. 18 Figura 1 - Localização geográfica do município de Salto de Pirapora/SP Fonte: Wikipedia.org.24 O município tem 14 unidades de saúde, sendo a sua maioria composta pela rede de atenção primária, entre elas oito unidades pertencem a Estratégia de Saúde da Família (ESF) O Centro de Saúde do município desempenha atenção primária e secundária, oferecendo aos munícipes consultas ambulatoriais de especialidades (fonoaudiologia, neurologia, otorrinolaringologia e urologia). Ainda na esfera secundária o município conta com o Centro de Atendimento Terapêutico Infanto- Juvenil, o qual presta serviços de fisioterapia, otorrinolaringologia, psicologia e terapia ocupacional a menores de idade. O município dispõe ainda de duas unidades de Centro de Atenção Psicossocial, sendo uma delas destinadas exclusivamente para os usuários de álcool e drogas. No nível de atenção terciária, encontramos a maternidade municipal e a Santa Casa de Salto de Pirapora, onde são realizados procedimentos cirúrgicos, internações e consultas de urgência.25 A população que frequenta as duas unidades de atenção terciária tem baixo poder aquisitivo, o que dificulta o seu deslocamento para Sorocaba, concentrando sua busca por atendimento na própria cidade. O salário médio mensal de sua população em 2016 foi de 2,7 salários mínimos. O percentual da população com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa é de 35,9%. Segundo dados de 2017 a maior parte da população formalmente ocupada estava no setor de serviços 55,52%, 19 seguido pelos setores de comércio 20,21%, indústria 17,72%, construção 4,04% e a agropecuária 2,51%.26 A Maternidade Municipal atende casos de baixa complexidade e pacientes de alto risco são encaminhadas ao Conjunto Hospitalar de Sorocaba para fazer o pré-natal. Neste cenário temos o mesmo perfil populacional frequentando ambos os serviços. Após receber alta na maternidade o atendimento infantil no Centro Médico da cidade, devido à ausência de pediatras em todas as oito unidades básicas de saúde. A primeira consulta por um pediatra é realizada dentro dos primeiros dez dias após o nascimento na maternidade municipal. As consultas posteriores são realizadas por pediatras no Centro Médico do município. O pronto atendimento da Santa Casa é onde as intercorrências são vistas por pediatras. Sendo única unidade de urgência e emergência presente do município, no ano de 2017, foram realizados 131 atendimentos de recém-nascidos no local. Nessa instituição o atendimento pediátrico funciona em período integral, porém, é realizado por um pediatra de plantão in loco, doze horas ao dia, cabendo aos médicos responsáveis pelos adultos a avaliação nas demais horas. A instituição conta ainda com uma enfermaria pediátrica e a equipe presente na maternidade é composta por médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem. Cada turno conta com um obstetra, um pediatra, um enfermeiro obstétrico e no mínimo dois técnicos em enfermagem. 3.3 Participantes da Pesquisa Participaram da pesquisa parturientes e seus acompanhantes (responsáveis), quando essas eram adolescentes. A amostra considerou o número de partos e consultas de recém-nascidos no serviço de urgência do município em 2016 e 2017. Segundo o cálculo estatístico fornecido pelo programa STATA 13.1 foi definida uma amostra de 84 mães e ou responsáveis.27 3.3.1 Critérios de Inclusão Mães e acompanhantes responsáveis pelas parturientes menores de idade, internadas, que tiveram seu parto na maternidade Municipal de Salto de Pirapora e que aceitaram participar da pesquisa. 20 3.3.2 Critérios de exclusão Mães e acompanhantes das puérperas menores de idade, internadas, que tiveram seu parto na maternidade Municipal de Salto de Pirapora e que não tiveram o interesse em participar da pesquisa. 3.4 Procedimentos de Coleta de Dados: A coleta de dados foi iniciada após a aprovação da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Salto de Pirapora (Apêndice A), da administradora da Santa Casa de Salto de Pirapora (Apêndice B) e do Comitê de Ética Médica em Pesquisa em Seres humanosda Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC/SP; a assinatura dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice C), Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de Menores Não Emancipadas (Apêndice D) e a ciência do Termo de Confidencialidade pela Secretaria Municipal de Saúde (Apêndice E). Baseado em dados anteriores referentes ao número de partos da maternidade municipal, o período de intervenção foi estimado em quatro meses e 28 dias. Nesse período, a coleta de dados foi dividida em quatro etapas, descritas a seguir, sendo os quatro primeiros meses destinados as etapas um, dois e três. A etapa quatro teve início após os primeiros 28 dias do projeto e se estendeu por mais quatro meses. O fluxo de atendimento em pronto socorro foi avaliado depois da intervenção e comparado com o mesmo período dos anos anteriores para avaliar se houve repercussão da intervenção. Etapa 1 A primeira etapa envolveu as mães que tiveram seus partos realizados na Maternidade Municipal de Salto de Pirapora, ainda em período de internação. Após orientação sobre a pesquisa e assinatura do TCLE, as mães foram entrevistadas de forma individual, seguindo um roteiro semiestruturado (Apêndice F), desenvolvido pelo pesquisador, com informações referentes a seu estado civil, escolaridade, passado obstétrico, bem como dúvidas sobre as principais enfermidades que os recém- nascidos poderiam enfrentar e como elas abordariam tal situação. 21 Após as entrevistas, as mães eram convidadas a participar da intervenção educativa, a qual foi realizada de forma individual ou grupal, de acordo com o número de mães presentes na maternidade. Na atividade foram abordadas as principais intercorrências que, segundo a literatura, conduziam os cuidadores dos recém- nascidos ao serviço de urgência, além dos tópicos levantados na entrevista individual. A intervenção educativa nos grupos utilizou como estratégia educativa a dialogicidade,13 tendo como base as preocupações e conhecimentos prévios das mães. O enfoque participativo valoriza os conhecimentos e dúvidas dos participantes, envolvendo-os na discussão. Essa metodologia tem como característica a maior atenção nas informações expostas, visto que os indivíduos envolvidos são responsáveis pela formação dos conceitos, e facilita a interação interpessoal entre pesquisador e os participantes. Cabe ao pesquisador ou colaboradores, porém, orientar o grupo caso a definição formada por este esteja equivocada, dessa forma a compreensão e a fixação do conteúdo aprendido tem maior aproveitamento.21 Nas ocasiões nas quais não foi possível formar um grupo de mães, o pesquisador ou colaborador realizou a atividade educativa de forma reflexiva, indagando a mãe sobre os principais aspectos dos temas que geram dúvida ao realizar os cuidados com o bebê e instigando, dessa forma, a participante a construir o conceito correto para as questões levantadas. Quando não havia progressão da forma reflexiva, a abordagem passava a ser mais expositiva. Ao término da atividade foi oferecido um folheto educativo (Anexo A), sua finalidade é a retomada do conteúdo abordado de forma prática. Assim, caso a mãe se deparasse com alguma intercorrência teria o folheto como apoio para reforçar o que foi aprendido. O folheto foi dividido em quatro colunas em cada lado de uma folha padrão A4. Em cada uma das oito colunas havia um tópico distinto, abordando, segundo literatura, as principais intercorrências que levaram os cuidadores a procurar o serviço de atendimento de urgência.6,17,18 Para incentivar a sua leitura, os textos eram curtos e utilizavam linguagem coloquial. O custo de elaboração do folheto foi de R$ 300,00 e a impressão de cem cópias foi de R$ 50,00, ficando a encargo do pesquisador. As intervenções ocorreram em intervalos de um a três dias, foram realizadas em 44 oportunidades pelo pesquisador, e em dez oportunidades foram aplicadas individualmente por colaboradoras. Elas eram compostas por três pediatras, as quais compunham a equipe da Maternidade Municipal e foram previamente capacitadas 22 pelo pesquisador para fazerem a entrevista e a intervenção educativa, de forma que houvesse uma uniformização na informação e nos métodos didáticos para todas as mães e acompanhantes. Após a intervenção, foi realizada uma avaliação sobre a mesma com o auxílio de um diário de campo (Apêndice G). Nele o pesquisador, ou a colaboradora, expressava de forma subjetiva as suas impressões referentes ao grupo, detalhando as dificuldades enfrentadas, o nível de participação coletiva e a relação estabelecida entre os participantes e destes com o pesquisador/colaboradora. Etapa 2 A Segunda etapa compreendeu a entrevista das participantes após o encerramento dos 28 dias do período neonatal. Foi realizada por telefone pelo pesquisador, com a finalidade de fazer uma avaliação posterior da intervenção, avaliando o aproveitamento materno desta. Norteado por um roteiro, elaborado pelo pesquisador, as mães foram questionadas se as mesmas haviam aproveitado a experiência e se elas acreditavam estar mais aptas a lidar com as principais intercorrências. Além disso, foi levantado se houve alguma intercorrência durante o período neonatal e de que forma ela foi abordada (Apêndice H). Etapa 3 Na terceira etapa foi realizada a pesquisa documental através do sistema de registros e cadastro (Wareline) do Pronto Socorro da Santa Casa de Salto de Pirapora sobre o fluxo de atendimento de recém-nascidos em dois momentos: a) Foram coletados os registros correspondentes aos dois anos anteriores à intervenção, referentes ao número de atendimentos de recém-nascidos no pronto socorro da Santa Casa de Salto de Pirapora; b) Foram coletados os registros que correspondam ao período pós-intervenção, referentes ao número de atendimentos de recém-nascidos no pronto socorro da Santa Casa de Salto de Pirapora, até que cada um dos participantes da pesquisa completassem 28 dias de vida. Esses dados foram confrontados estatisticamente. 23 3.5 Organização e análise dos dados. As respostas dos questionários antes da intervenção foram categorizadas por temas e reunidas pela similaridade destes. Os dados das entrevistas realizadas por telefone, após 28 dias da intervenção, foram agrupados em temas e quantificadas por frequência. As intervenções educativas foram registradas em um diário de campo e posteriormente analisadas.28 Diário de Campo é um instrumento que permite o registro das observações realizadas durante ou após a atividade. Os acontecimentos e as impressões subjetivas do pesquisador são anotados para posterior análise.29 Os registros foram analisados pela Análise de Conteúdo.30 Os dados dos registros de atendimentos dos recém-nascidos no pronto socorro da Santa Casa, até cada um dos pacientes completarem 28 dias de vida, foram organizados em uma planilha Excel e confrontados com os dados prévios à intervenção. A análise estatística foi feita através do Fisher exact test.31 24 4 ASPECTOS ÉTICOS Em cumprimento à Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que regulamenta a pesquisa com seres humanos no país, o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, número 96005118.0.0000.5373 em 9 de outubro de 2018 (Anexo B). 25 5 RESULTADOS A intervenção na maternidade começou no início de novembro de 2018 estendendo-se até o último dia do mês de fevereiro de 2019. Ao longo desse período, nasceram vivos 101 indivíduos. Em novembro de 2018 nasceu um prematuro de 33 semanas que foi rapidamente transferido para a Santa Casa de Itu, não sendo possível realizar a atividade com a mãe deste recém-nascido. Das cem mães abordadas, 99 participaram do estudo, sendo que apenas uma mãe se recusou a participarda pesquisa, fato que foi prontamente respeitado. A mesma não manifestou o motivo de sua recusa. Apesar do número proposto de participantes ter sido atingido na primeira quinzena de fevereiro, optou-se em prolongar a intervenção até o final do respectivo mês com o intuito de facilitar a análise estatística, visto que os dados de fluxo de recém-nascidos fornecidos pela Santa Casa de Salto de Pirapora são baseados em meses completos. Inicialmente a intenção era realizar a intervenção educativa em uma sala separada dos recém-nascidos para que, dessa forma, as mães tivessem atenção integral na atividade. Porém, essa proposta demonstrou ser inviável, pois algumas puérperas apresentavam dor e dificuldade para se locomover. Além desse fato, o prolongamento da atividade em alguns grupos gerou grande ansiedade e desatenção por parte da população estudada, mesmo sabendo que seus filhos estavam sendo assistidos pela equipe de enfermagem ou pelos respectivos acompanhantes. Por essas razões a aplicação da atividade foi reformulada, a intervenção educativa passou a ocorrer nos quartos, onde encontravam-se até quatro leitos maternos e espaço para seus acompanhantes. Assim, também novos ouvintes tiveram a oportunidade de aprender e replicar o conhecimento aprendido. A atividade deixou de ser limitada às mães, apesar de serem o foco da atenção. No que se refere a idade das participantes, a maioria, 72,7%, se enquadravam no intervalo etário entre 20 e 34 anos. A proporção materna de gestantes idosas foi de 13,1% e as adolescentesb 14,1%. As menores de idade foram de 5,1% das mães. A distribuição etária das mães segue na tabela 1. b Gestação em menores de 20 anos de idade.46 26 Tabela 1 - Distribuição etária das mães que participaram da pesquisa, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. Distribuição etária das mães N % <20 14 14,1 20-24 28 28,3 25-29 26 26,3 30-34 18 18,2 35-39 9 9,1 ≥40 4 4,0 TOTAL 99 100 Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). O nível educacional das mães estava mais concentrado no ensino médio incompleto e completo. Uma pequena porcentagem tinha nível superior incompleto e completo. Já a parcela que detinha apenas o nível fundamental representava 23,2%, distribuído entre incompleto e completo conforme exposto na tabela 2. Tabela 2 – Distribuição do nível educacional das mães que participaram da pesquisa, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. Nível educacional das mães N % Fundamental Incompleto 13 13,1 Fundamental Completo 10 10,1 Médio Incompleto 23 23,2 Médio Completo 39 39,4 Superior Incompleto 7 7,1 Superior Completo 7 7,1 TOTAL 99 100 Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). Declararam-se solteiras 13,13% das mães, as participantes que manifestaram estar em união estável corresponderam à 86,87%. Primíparas foram 39,39% enquanto as que já possuíam um filho ou mais foram 60,61%. A maternidade municipal de Salto de Pirapora apresenta baixo fluxo de pacientes. No quadrimestre de estudo a média de nascidos vivos foi de 24,75 ao mês. 27 Por este motivo grande parte das atividades, 53,7%, ocorreram apenas na presença de uma participante e do pesquisador ou colaborador. Ao todo, foram realizados 54 grupos de intervenção, com no máximo 5 pessoas por grupo, como pode ser visualizado na figura 2. Como dificuldades foi observada a menor oportunidade de interação e troca de experiências em grupos menores e a desatenção mais frequente nos maiores. Figura 2 - Número de mães presentes nas atividades educativas, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). A distribuição do tempo em atividade educativa estava relacionado ao comportamento dos grupos e ao número de participantes. Os mais ativos, nos quais as participantes interagiam mais entre si e apresentavam mais conhecimentos prévios e dúvidas, a discussão se prolongava. O tempo máximo destinado a um mesmo grupo foi de 120 minutos (3,70% do número total de grupos). A média de tempo despendido para a realização da intervenção foi 60 minutos (29,63% dos casos). Houve grupos nos quais havia pouca oportunidade de troca de experiências e interação, estes tiveram uma duração mais breve. Os mais rápidos, tiveram 20 minutos de duração (24,07% do total), como mostrado na figura 3. O tempo médio que cada pessoa participou da atividade foi de 41 minutos e 20 segundos. As orientações individuais, nas quais existia apenas a interação da mãe com o pesquisador ou colaborador, era mais breve, devido a menor oportunidade de interação e troca de experiências com outras parturientes, estas limitavam-se ao tempo médio de 27 minutos e 56 segundos. 28 Figura 3 - Tempo de atividade educativa em minutos por grupos, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). A realização da intervenção educativa enfrentou algumas dificuldades. Apenas em 20% dos grupos não tiveram incidentes. Como observado na tabela 3, os problemas mais comuns foram desatenção, comunicação e poucas dúvidas. O problema relacionado à comunicação remete as mães terem dificuldade em expressar as suas dúvidas e suas considerações. Cabia ao pesquisador ou colaborador abordar a mesma questão de formas distintas até a mãe manifestar alguma resposta. A desatenção foi notada quando a mãe interagia com o celular, ao ouvir o choro do recém-nascido, ao amamentar e ao sentir dor. A dialogicidade tende a ter maior aproveitamento quando os grupos manifestam diversas vivências e opiniões, devido a esse fator, em algumas ocasiões, as parturientes que estavam aptas a se deslocarem eram convidadas a se reunirem com mães presentes em outros quartos e caso ocorresse o consentimento por parte dessas os recém-nascidos ficavam sob os cuidados dos respectivos acompanhantes ou da equipe de enfermagem. Porém, o distanciamento interino gerava ansiedade nessas mães e assim um aumento na expectativa pelo término da atividade, criando uma dificuldade para a realização da dinâmica educativa. As dificuldades encontradas na realização da dinâmica educativa podem ser observadas na tabela 3. 29 Tabela 3 - Dificuldades durante as atividades educativas, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. Dificuldades do grupo N % Desatenção 14 24,6 Comunicação 12 21,1 Poucas dúvidas 10 17,5 Pouca interação 8 14,0 Desinteresse 6 10,5 Mães separadas dos filhos em atividade 4 7,0 Mãe com dor 3 5,3 TOTAL 57 100 Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). Buscando avaliar qual grupo teria maior número de dificuldade foi elaborada a tabela 4. Pela amostra levantada o grupo que apresentou menor número de adversidade foi o grupo que contava com dois participantes. Proporcionalmente apresentou 0,92 intercorrências para cada atividade. Valor muito parecido com o conjunto que contava com apenas uma mãe, com 0,93 dificuldades por grupo. Os agrupamentos que apresentaram maiores números de contratempos, foram os maiores. O de quatro participantes apresentou 1,67 intercorrências por atividade enquanto o de cinco membros apresentou 2,0 dificuldades por dinâmica. O grupo composto por 3 mães enfrentou 1,25 intercorrências por operação. 30 Tabela 4 - Dificuldades relacionadas aos números de integrantes dos grupos, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. N de integrantes dos grupos Dificuldades 1 2 3 4 5 Comunicação 9 3 0 0 0 Desatenção 5 3 3 1 2 Pouca interação 6 1 0 1 0 Pouca dúvida 5 3 1 0 1 Separação 0 0 1 2 1 Desinteresse 2 1 2 1 0 Dor 0 0 3 0 0 TOTAL 27 11 10 5 4 Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). A interação entre os participantes dos grupos e com o interventor também foi analisada. Foram separadas em quatro categorias de forma subjetiva, conforme a inter-relaçãoentre os participantes da atividade. O grupo que apresentava bastante discussão e interesse de seus membros foi considerado ótimo. No outro extremo, estabeleceu-se ruim os casos onde as participantes se comportavam apenas como ouvintes e que demonstravam não achar relevância nas orientações. Entre esses dois grupos, foram categorizados outros dois níveis: boa e regular. O primeiro com sentido positivo, próximo ao ótimo, porém ainda inferior a este e o segundo acima do ruim, mas ainda aquém do bom. Boa e ótima foram as classes mais presentes. A interação regular e ruim foram observadas em conjunto em apenas 28% dos casos. O gráfico 1 mostra a distribuição dentro das quatro categorias do nível de interação dos participantes dos grupos. 31 Gráfico 1 - Interação dos participantes durante as atividades educativas, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). Com a intenção de analisar qual seria o número ideal de participantes nas dinâmicas educativas, foi relacionada a percepção subjetiva da interação do grupo com os números de integrantes. Conforme demonstrado na tabela 5, o grupo que teve a maior proporção da classificação ótimo (37,5%) contava com três participantes. Um pouco atrás encontra-se o grupo com quatro participantes (33,3%), este mesmo conjunto é o que apresenta a maior classificação bom (66,7%), sendo assim o grupo que apresenta melhor aproveitamento. A classificação ruim da interação esteve mais presente dentro do agrupamento de três participantes (12,5%). 6% 22% 50% 22% Ruim Regular Boa Ótima 32 Tabela 5 – Porcentagem dos conceitos de interação das atividades educativas relacionadas aos números de integrantes dos grupos, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. N de integrantes dos grupos Grupos 1 2 3 4 5 Ótimo 20,7 16,7 37,5 33,3 0,0 Bom 51,7 50,0 37,5 66,7 50,0 Regular 17,2 33,3 12,5 0,0 50,0 Ruim 10,3 0,0 12,5 0,0 0,0 TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). Ao tratar a atuação individual, também de forma subjetiva, as mães foram classificadas como atentas quando mantiveram sua concentração ao longo da atividade. Já as pouco atentas não se mantiveram alertas por todo o período. Os motivos para a ocorrência dessa deficiência foram variados, dentre eles podemos mencionar desinteresse nas informações, amamentação, dor, redução da sensibilidade auditiva entre outros. As atentas, foram 3,35 vezes superiores às pouco atentas, a proporção da distribuição da atenção pode ser observada no gráfico 2. Gráfico 2 - Atenção individual das mães durante as atividades educativas, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 23% 77% Pouco atenta Atenta 33 Em relação a participação, estabeleceu-se pelo pesquisador que as mães que faziam questionamentos de forma espontânea e ou manifestavam sua opinião na intervenção coletiva seriam classificadas como participativas. Contrapondo a estas, as pouco participativas são as que agiam como expectadoras e só manifestavam suas dúvidas se indagadas pelo pesquisador. Notou-se que as mães participativas foram mais frequentes, em relação às pouco participativas, conforme pode ser visto no gráfico 3. Gráfico 3 - Participação individual das mães durante as atividades educativas, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 39% 61% Pouco participativa Participativa 34 De forma subjetiva o pesquisador classificou os conhecimentos prévios dos grupos em quatro categorias: ausente, pouco, muito e ótimo. Foram considerados ausentes aqueles grupos onde existia problema de comunicação. Nesses casos, apesar de serem indagadas de maneiras distintas, as mães respondiam não saber responder a questão levantada. Os grupos classificados como ótimos contavam com participantes que já haviam cuidado de outras crianças e ou que tinham um maior nível intelectual. Para a transição entre esses dois extremos foram desenvolvidas as categorias pouco e muito. A classificação muito apresentava conhecimentos prévios, porém inferiores aos conhecimentos expressos na categoria ótimo e acima da categoria pouco. Já a classificação pouco apresentava conhecimentos superiores a categoria ausente, porém inferior a categoria muito. A classificação que apresentou maior proporção foi pouco, enquanto a menos frequente foi do grupo com ótimos conhecimentos prévios. A distribuição completa encontra-se no gráfico 4. Gráfico 4 - Conhecimentos prévios das mães que participaram das atividades educativas, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 18% 66% 13% 3% Ausente Pouco Muito Ótimo 35 Cada participante, independente do grau de instrução, citou em média 3,38 dúvidas. Mães com nível superior ficaram bem atentas e participativas na atividade, porém, o maior grau de escolaridade não refletiu no grau de conhecimento prévio. Esse conjunto tinha a média de dúvidas um pouco acima da média geral, 3,43. Destaca-se o grau de complexidade em algumas indagações das componentes desse grupo, como distúrbio no desenvolvimento neuropsíquico e motor. Como pode ser visualizado na tabela 6, mães com o ensino fundamental incompleto foram as que tiveram menor número de dúvidas, uma média de 2,85 dúvidas por participante. Mães que já haviam tido experiências em outras gestações manifestaram 3,32 dúvidas por participante, número superior em relação as que tiveram seu primeiro filho, que contou com 3,21 questionamentos por indivíduo. 36 Tabela 6 – Média de dúvidas das mães distribuídas por nível de escolaridade, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. Escolaridade Média de dúvidas por participante Fundamental incompleto 2,85 Fundamental completo 3,20 Médio incompleto 3,52 Médio completo 3,15 Superior incompleto 3,86 Superior completo 3,43 Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). Pelo menos um quarto das participantes manifestaram dúvidas nos seguintes temas: febre, engasgo ou afogamento e choro constante. Ao confrontarmos em literatura internacional com os principais motivos que levavam os recém-nascidos em unidade de urgência, encontramos os mesmos itens dentro das doze principais citações do atual estudo12,17,18 choro constante, alergia, dificuldade na amamentação, refluxo ou vômito, dificuldade para respirar e icterícia. Nota-se que os dois itens mais citados na presente pesquisa, febre e engasgo ou afogamento, não foram mencionados com a mesma frequência em trabalhos usados como referência. Os itens elencados neste trabalho podem ser vistos na tabela 7. 37 Tabela 7 - Porcentagen de dúvidas das mães durante a intervenção educativa, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. Patologia % N total de dúvidas Dúvidas em primíparasa Dúvidas em secundib/multíparac Febre 65,7 65 25 40 Engasgo/afogamento 39,4 39 17 22 Choro constante 33,3 32 16 16 Alergia 24,2 24 10 14 Rinorreia/Tosse 24,2 24 7 17 Dificuldade na amamentação 19,2 19 6 13 Refluxo/Vomito 14,1 14 2 12 Cólica 13,1 13 6 7 Dispneia 13,1 13 4 9 Queda 9,1 9 1 8 Dor 7,1 7 6 1 Icterícia 7,1 7 2 5 Convulsão 5,1 5 4 1 Dificuldade em eliminações 5,1 5 0 5 Mononucleose 4,0 4 2 2 Dor de ouvido 4,0 4 1 3 Alteração em umbigo 4,0 4 2 2 Doença Cardiopulmonar 3,0 3 0 3 Picada de inseto 3,0 3 1 2 Outros 30,3 30 13 17 TOTAL 315 122 193 Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). a Primípara: Histórico de ter realizado um parto b Secundípara: Histórico de ter realizado dois partos c Multípara: Histórico de ter realizado três ou mais partos32 38 Chama atenção o grande número de mães que expressaram dúvidas de como classificar e de comoagir em caso de febre. Inclusive, o grupo de mães mais experientes, que já tiveram outros filhos, manifestou maior preocupação sobre o assunto (66,67%) em relação a mães primíparas (64,1%). Dentre as 99 mães questionadas, nenhuma sabia estabelecer corretamente qual temperatura deveria ser medicada, independente do grau de escolaridade. Decorridos 28 dias do nascimento uma nova entrevista foi feita, neste segundo momento 93 mães responderam às questões por telefone. Não se conseguiu estabelecer contato com seis das participantes. As respostas coletadas pelos questionários foram agrupadas em temas e quantificadas por sua frequência. Os temas abordados remetiam às percepções individuais de como a intervenção colaborou com os cuidados no recém-nascido. Os registros foram analisados pela Análise de Conteúdo.30 Ao serem indagadas como se sentiram cuidando dos seus filhos a maior parte das mães entrevistadas manifestou otimismo de formas variadas. Ao dar liberdade para a mãe expressar mais de uma resposta, as afirmações favoráveis corresponderam 69,6% do total. Sendo o termo mais empregado nesse momento a palavra “bem”, outras respostas podem ser observadas na tabela 8. Expressões mencionadas apenas uma vez foram agrupadas na categoria outros. Uma das primíparas salientou que ela se sentia “como já tivesse outro filho” devido à experiência que a atividade educativa proporcionara para ela. Ainda durante este questionamento uma multípara relatou que mesmo com sua experiência a atividade proporcionou a ela aprender “algo novo” e outra ainda disse que todos os dias aprendia a cuidar melhor de seu filho. 39 Tabela 8 - Sentimento materno em relação aos cuidados dos seus filhos. Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. Sentimento materno em relação aos cuidados Manifestação N % Bem Favorável 38 38,0 Segura Favorável 8 7,9 Tranquila Favorável 7 6,9 Capacitada Favorável 5 5,0 Confiante Favorável 4 4,0 Fácil Favorável 2 2,0 Outros Favorável 6 6,0 TOTAL Favorável 70 69,6 Apreensiva Desfavorável 7 6,9 Cansativo Desfavorável 5 5,0 Preocupada Desfavorável 5 5,0 Difícil Desfavorável 4 4,0 Insegura Desfavorável 3 3,0 Atarefada Desfavorável 2 2,0 Outros Desfavorável 5 5,0 TOTAL Desfavorável 31 30,4 TOTAL 101 100,00% Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). Ao serem questionadas sobre a validade da atividade e se esta havia acrescentado algo em sua prática diária, todas as participantes expressaram aprovação. Foi dada liberdade para darem mais de uma resposta, as quais podem ser observadas na tabela 9. Algumas mães relataram ainda que passaram a ser replicadoras do conhecimento adquirido na maternidade. Divulgaram as informações para outras pessoas próximas ou até mesmo desconhecidas. Uma delas mencionou surpresa ao saber que em outras maternidades tal trabalho de orientação não era feito rotineiramente, pois o considerava “importantíssimo”. Esta mesma mãe fotografou o folheto explicativo (Anexo A) entregue na atividade e divulgou o seu conteúdo via aplicativo de comunicação para um grupo de puérperas distribuídas pelo território 40 nacional. Algumas das participantes desse grupo comunicou a ela que, em algumas situações, deixaram de levar seus filhos ao pronto atendimento devido sua orientação replicadora. A participação dos acompanhantes como ouvintes foi positiva, pois, algumas mães relataram que apresentaram dificuldade ao se depararem com o filho enfermo, porém, o acompanhante não apenas sabia manejar a situação, como também passou a divulgar o que aprendera. Tabela 9 - Percepção materna em relação à intervenção educativa, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. Percepção das mães em relação à Intervenção educativa N % Cuidar melhor 31 28,18 Aprendi algo novo 26 23,64 Segurança 17 15,45 Evitar hospital 13 11,82 Aprendi muito 7 6,36 Mais tranquila 6 5,45 Tirou dúvida 4 3,64 Evitar multidão 2 1,82 Observar mais 2 1,82 Mais atenta aos problemas 1 0,91 Válida 1 0,91 TOTAL 110 100 Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). Foi pesquisado também se os recém-nascidos tiveram algum comprometimento de sua saúde, quando estes se encontravam fora do ambiente hospitalar. Ocorreram 72 intercorrências em 61 pacientes, sendo o maior número de casos relacionados à engasgo. Esse problema foi citado por 18,06% do número total de mães. Todos as demais intercorrências constam na tabela 10. 41 Tabela 10 - Intercorrências domiciliares no período neonatal, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. Intercorrências em período neonatal N % Engasgo 13 18,06 Cólica 11 15,28 Obstrução nasal 11 15,28 Refluxo 10 13,89 Icterícia 6 8,33 Tosse 6 8,33 Manchas 3 4,17 Assadura 2 2,78 Choro frequente 2 2,78 Febre 2 2,78 Hérnia umbilical 1 1,39 Espirros 1 1,39 Náusea 1 1,39 Evacuação diminuída 1 1,39 Taquipneia 1 1,39 Ausência de queda de coto umbilical 1 1,39 TOTAL 72 100 Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). Ao se depararem com alguma intercorrência as mães foram convidadas a expressar os seus sentimentos em relação aos casos. Das 45 respostas dadas 42,2% remeteram a um bom confrontamento, foram citados os sentimentos: tranquilidade, calma e segurança. Porém, mesmo com as orientações dadas em atividade, a maior parte das mães 57,8% não se sentiram plenamente capacitadas para lidar com a situação. A totalidade dos sentimentos, inclusive os negativos, estão na tabela 11. 42 Tabela 11 – Sentimento materno ao se deparar com filho enfermo, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. Sentimento ao deparar com filho enfermo Confrontamento N % Preocupada Desfavorável 18 40,0% Ansiosa Desfavorável 2 4,4% Nervosa Desfavorável 2 4,4% Desesperada Desfavorável 1 2,2% Dúvida Desfavorável 1 2,2% Impotente Desfavorável 1 2,2% Incomodada Desfavorável 1 2,2% TOTAL Desfavorável 26 57,8 Tranquila Favorável 12 26,7% Calma Favorável 5 11,1% Segura Favorável 2 4,4% TOTAL Favorável 19 42,2 TOTAL 45 100,00% Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). Em seguida, foi perguntado de que forma as mães lidaram com as intercorrências. Elas informaram que inicialmente, seguindo orientação recebida na intervenção educativa, algumas condutas foram tomadas com o intuito de postergar a procura por serviço em unidade de saúde. Como exposto na tabela 12, a observação da evolução do caso foi feita por quase metade da população com os maiores níveis de estudo. Das 72 intercorrências referidas, 62 delas foram conduzidas, pelas mães, na residência, sem necessidade de levar o bebê à unidade de urgência, número que representa 86,11% dos distúrbios. Nota-se que todas as mães que se depararam com engasgo, conseguiram desengasgar os seus filhos, após aprenderem a técnica adequada durante a intervenção educativa. As mães que usaram medicação (colikids®, pomada e simeticona®), sem orientação médica, assim o fizeram devido experiência prévia com a medicação ou da recomendação de pessoas próximas. 43 Tabela 12 - Atitude materna mediante intercorrência com o seu filho, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. Atitude materna mediante intercorrência N % Observei 30 48,4 Desengasgar 13 21,0 Lavagem nasal 5 8,1 Banho de sol 3 4,8 Olhou o folheto 3 4,8 Simeticona® 3 4,8 Inalação 2 3,2 Colikids® 1 1,6 Massagem 1 1,6 Pomada 1 1,6 TOTAL 62 100 Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). Ainda assim, alguns casos foram conduzidos posteriormente às unidades de saúde do município, sendo oito casos no pronto atendimento da Santa Casa de Salto de Pirapora e um caso no Centro de Saúde. O diagnóstico mais frequente foi problema respiratório leve, presente em cinco casos. Nessa situação foi recomendada apenas inalação e lavagem nasal. Outros casos foram icterícia, descamaçãonatural da pele, cólica do recém-nascido e dermatite. Apenas o caso de icterícia precisou de internação para o tratamento. Uma das mães relatou que apesar de ter levado o filho em Pronto Atendimento o conteúdo aprendido foi importante para deixá-la menos preocupada. Devido as orientações, vinte e uma mães com filhos enfermos afirmaram que deixaram de levar os seus filhos em pronto atendimento, pois, após a atividade, sabiam como conduzir as intercorrências e dos riscos em expor um recém-nascido em uma unidade com alta circulação de patógenos. Para melhor detalhar a repercussão do fluxo de pacientes na unidade terciária foi levantado, através do sistema de dados hospitalar da Santa Casa de Salto de Pirapora, o fluxo de neonatos nos meses de intervenção, bem como nos respectivos meses dos anos anteriores. 44 Com o intuito de ter uma análise mais sólida, foram consideradas informações de um e de dois anos anteriores à intervenção. Quando comparado o número total de nascidos vivos desses períodos, os dados de nascimentos de dois anos precedentes à intervenção apresentaram características mais próxima ao do momento do estudo, sendo 92 os nascimentos de dois aos anteriores e 101 nascimentos no ano da pesquisa em contraste com 138 de um ano precedente. A distribuição mensal dos nascidos vivos está exibida na tabela 13. Tabela 13 - Nascidos vivos, no período de 2016 à 2019. Salto de Pirapora. Meses 2016-2017 2017-2018 2018-2019 Novembro 20 29 30 Dezembro 23 34 16 Janeiro 21 40 26 Fevereiro 28 35 29 TOTAL 92 138 101 Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). Como o trabalho tem como intenção analisar os primeiros 28 dias de vida, o acompanhamento do número de pacientes na urgência da Santa Casa foi feito até o vigésimo oitavo dia do mês de março. Como descrito na tabela 14, o fluxo total de atendimento de neonatos no pronto socorro de novembro de 2016 até março de 2017 foi de 38 recém-nascidos, de novembro de 2017 a março de 2018 foi de 59 recém- nascidos e no período do projeto foram atendidos 22 recém-nascidos. Dados estão distribuídos entre a faixa neonatal precoce, a qual se estende até o sexto dia de vida, e o tardio, o qual compreende do sétimo ao vigésimo oitavo dia de vida.33 45 Tabela 14 - Fluxo de atendimentos de recém-nascidos no Pronto Socorro. Salto de Pirapora. Fluxo 2016-2017 2017-2018 2018-2019 Períodos 0-6 dias 7-28 dias Total mês 0-6 dias 7-28 dias Total mês 0-6 dias 7-28 dias Total mês Novembro 1 6 7 3 11 14 0 6 6 Dezembro 0 7 7 2 16 18 0 3 3 Janeiro 2 8 10 4 7 11 0 2 2 Fevereiro 0 5 5 0 11 11 1 3 4 Março 2 7 9 0 5 5 1 6 7 TOTAL 5 33 38 9 50 59 2 20 22 Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). Ao fazer a verificação das informações no sistema hospitalar, foi observado que o dia de nascimento dos pacientes não constava nos registros. Nos neonatos a idade era classificada em zero meses. Dessa forma, não foi possível precisar se a mãe do recém-nascido, que passara em atendimento em novembro, tinha feito parte do grupo intervenção ou se o paciente em questão havia nascido em outubro. Problema semelhante ocorreu ao levantarmos dados de março. Não era possível caracterizar se o paciente que passou em atendimento no terceiro mês do ano nascera nesse mês ou se havia nascido ainda em fevereiro, quando estava ocorrendo a intervenção. Essa questão foi levada para avaliação estatística, que verificou que ainda seria possível fazer a análise, mesmo com a exclusão parcial do material. Dessa forma foram compilados os dados presentes na tabela 15. Tabela 15 – Número de recém-nascidos atendidos pela urgência, Salto de Pirapora, dezembro de 2016 a fevereiro 2019. Dezembro, janeiro e fevereiro 2016- 2017 % 2017- 2018 % 2018- 2019 % Procura pela urgência 22 30,5 40 36,7 9 12,7 Não procurou urgência 50 69,5 69 43,3 62 87,3 TOTAL 72 100 109 100 71 100 Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 46 Baseados nos dados presentes na tabela 15, ao comparar o período de intervenção com dados do ano anterior a análise apontou que a intervenção teve relevância significativa para diminuir o fluxo em atendimento terciário. Obtendo Fisher's exact 0.001.31 O mesmo ocorreu ao compararmos dados de dois anos anteriores ao estudo com Fisher's exact 0.014.31 A proporção de quem procurou o pronto atendimento foi de 36,7% no ano anterior à intervenção e de 30,56% dois anos antes. Sendo reduzida para 12,68% após a realização da intervenção. Uma redução média de 21,3% ou 15,12 pacientes no ano de estudo. Refletindo em uma economia de R$714,72 ao município ao tomarmos como referência o Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos do SUS.11 Após a elaboração do folheto educativo, cada real investido no projeto apresentou o retorno foi de R$ 14,29. Se considerarmos que a confecção do material usado na atividade tende a ser barateado, quando produzido em grande quantidade, o retorno pode ser multiplicado. Se extrapolarmos esses dados para a esfera federal, tomando como base o número de nascidos em 2017,34 a economia seria de R$29.435.641,38. 47 6 DISCUSSÃO O tempo médio que cada pessoa participou da atividade foi de aproximadamente 40 minutos. Quando a orientação era individual, onde existia apenas a interação da mãe com o pesquisador ou colaborador, o tempo aproximado foi de 30 minutos. Nestes intervalos alguns participantes apresentavam desatenção. Esta foi a segunda maior dificuldade presente na execução do projeto. Atividades mais longas poderiam elevar o número de desatentos, e assim, comprometer a capacitação da população. Contudo, no estudo descrito por L. Pinto orientações de 50 minutos também apresentaram boa absorção do conteúdo.2 Após a análise dos dados, pode-se concluir que as informações sobre as principais intercorrências e a forma que as mesmas deveriam ser abordadas tiveram impacto positivo em diminuir a procura pelo serviço de urgência, assim como ocorreu em estudo de Kubicek et al.6 As mães declararam estarem mais capacitadas, tendo uma percepção favorável sobre os cuidados que devem ser dados a seus filhos. A proporção materna de gestantes idosas foi de 13,13% e as adolescentes 14,14% dados semelhantes aos encontrados no estado de São Paulo em 2017, quando 14,5% das mães eram idosas e 12,10% adolescentes. Os dados nacionais são 14,43% de idosas e 16,45% adolescentes. O intervalo de mães entre 20 e 34 anos no estudo foi de 72,72% enquanto no estado de São Paulo foi de 73,4%, e no Brasil 69,12% prevalecendo como maior grupo.35 O nível educacional do município é superior ao observado ao nacional. Enquanto 13,13% da população de Salto de Pirapora tem nível fundamental incompleto a brasileira tem valores acima de 18%. Em relação a educação igual ou superior a 12 anos o município apresenta valores superiores à 53% das mães nesta condição, enquanto no Brasil encontramos apenas 20% da população.36 A interação entre os participantes dos grupos e com o interventor foi positiva em 77% dos eventos. Estabelecendo como ótimo em 22% e boa em 50% das oportunidades. A dinâmica proposta através da dialogicidade estabelece um cenário propício para a interação dos participantes, como levantado por L. Silveira e V. Ribeiro.37 Interação regular e ruim foram observadas em conjunto em apenas 28% dos casos, cabendo a classificação ruim a menor proporção, 6%. Outro dado favorável a dinâmica foi o elevado nível de atenção de suas participantes. As atentas corresponderam a 77% enquanto as desatentas foram apenas 23%. A participação 48 através de questionamentos de forma espontânea e ou manifestação de opinião na intervenção coletiva esteve presente em 61% dos grupos enquanto comportamento mais passivo foi visto em 39% dos casos. Os conhecimentos prévios observados nos grupos foram escassos.Pelo levantamento 66% dos grupos apresentava pouco conhecimento enquanto ausência deste esteve presente em 18%. Muitos e ótimos conhecimentos prévios totalizaram 16%, respondendo respectivamente por 13% e 3% dos grupos. Segundo dados encontrados por K. Rolin et al. os conhecimentos prévios de gestantes moradoras de regiões carentes de Fortaleza são limitados e empíricos,38 características também observadas no presente estudo. Ao se depararem com os filhos doentes, 40% das mães ainda dizem estarem preocupadas, porém desenvolveram uma maior capacidade de intervir ainda no ambiente domiciliar diminuindo, dessa forma, a exposição de seus filhos à ambientes com maior circulação de patógenos, mesmo que estes sejam hospitalares. A vivência real das situações abordadas de forma teórica ainda gera ansiedade e expectativa, porém não desqualifica a atividade. A intervenção teve êxito em melhor capacitar as mães a identificarem situações que gerariam demanda pelo serviço de urgência, sendo que 86,11% das intercorrências foram cuidadas em ambiente domiciliar. Relatório do Banco Mundial corrobora que a elevação dos níveis de instrução, torna o indivíduo mais habilitado para promover a sua própria saúde e a da sua família.39 A diminuição da procura à assistência terciária também reflete em economia ao município, que deixa de gastar insumos hospitalares para pacientes com baixo comprometimento de sua saúde, além de deixar mais tempo disponível para que os profissionais de saúde o gastem em casos que demandam maior atenção. A ampliação da educação e aumento das informações é um dos fatores responsáveis pela diminuição do ônus econômico imposto pelos doentes segundo o Banco Mundial.39 Todas as mães aprovaram o modelo de execução da intervenção. Aplicar a atividade à beira do leito, deixando a mãe próxima ao seu filho, diminuiu um fator de desatenção e permitiu a ampliação da atividade para os acompanhantes. Essa abordagem demonstrou ser eficiente, já que diversas pessoas próximas dos recém- nascidos também aprenderam como agir frente às principais intercorrências neste período. Estes passaram a ser suporte para as mães, além de, também, agirem como replicadores dos conhecimentos adquiridos. 49 Foi observado que os grupos que tiveram melhor aproveitamento eram compostos por quatro mães, o que pode orientar a execução da atividade em instituições com maior fluxo de atendimento. Para instituições de menor fluxo, nas quais a alta é dada após 48 horas de vida, seguindo a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria, a atividade pode ser feita eventualmente a cada dois dias de forma a concentrar maior número de participantes e interferindo menos na rotina das equipes que ficariam responsáveis pela execução. Atividades com grupos compostos por 20 indivíduos tendem a ser mais trabalhosa pois a comunicação entre os indivíduos passa a ser segregada.40 Nas atividades onde o pesquisador ou colaboradores interagiram com apenas um participante o tempo destinado a atividade foi menor, ao mesmo tempo este foi o grupo que menos apresentou dificuldades durante a sua execução. Apesar de não ter oportunidade de relacionar-se com outras mães a relação com o pesquisador foi satisfatória em 72,41% das ocasiões. A despeito deste trabalho atuar com a faixa etária neonatal, as intercorrências e orientações não foram restritas a esta faixa etária. Dessa forma, os benefícios levantados acima podem se estender para crianças maiores expandindo a sua repercussão nos indicadores de saúde, podendo ser mensurada em futuras aplicações do modelo de estudo. Apesar das dúvidas levantadas pelas participantes no contexto do município serem semelhantes às encontradas na literatura,6,17,18 a região apresenta preocupações distintas sobre alteração no estado de saúde dos recém-nascidos. Estas devem ser apreciadas para futuras intervenções, tais como reformulação do folheto educativo e dos temas que devem ser abordados em atividade educativa. Embora não ter tido a mesma relevância na literatura pesquisada, a presença de preocupações e dúvidas em relação ao engasgo esteve bastante presente na população estudada, sendo mencionado por 39,39% das mães. As principais dúvidas remetiam a forma correta de proceder o desengasgue, visto que parcela significativa da população não tem conhecimentos básicos sobre o tema.41 Esta foi a intercorrência mais comum entre os recém-nascidos acompanhados ao longo do estudo, atingindo 13 indivíduos. Com a orientação dada em atividade, todos os casos foram revertidos de forma satisfatória, o que demonstra o impacto positivo das orientações. 50 Chama atenção o grande número de mães que apresentam apreensão e incerteza em relação a febre, evento este comum na infância. Foi citado por 65,66% das mães independentemente de já terem tido experiência com outros filhos. Segundo A Gomide et al. os profissionais da saúde seguem sendo a maior referência de fonte de informações para os familiares. Ainda, segundo o autor, o desconhecimento do valor normal da temperatura, da forma adequada de aferição e do uso correto de medidas para reduzir a temperatura, são amplos.42 O que expressa que esse assunto precisa ser melhor abordado pelos profissionais que prestam assistência à saúde infantil. Concepção semelhante foi levantada por L. Wannmacher e M. Ferreira, que indicam que os profissionais de saúde, através de devidas orientações, podem reduzir a febre fobia.43 A elaboração do folheto explicativo foi um facilitador para promover melhor compreensão e retomada do conteúdo abordado em atividade educativa. Segundo dados levantados por E. Nascimento et al. folhetos explicativos são capazes de nortear ações de cuidados em domicílio, além de contribuir para o desenvolvimento da capacidade de interferência do cuidador frente a uma intercorrência. Parte considerável dos folhetos distribuídos são lidos e em aproximadamente metade das vezes são repassados para pessoas que também são responsáveis pela execução dos cuidados.44 É importante que este veículo tenha diagramação, vocabulário e conteúdo adequados para poderem desempenhar apropriadamente o seu papel. A elaboração de vídeo educativo poderia ter maior alcance e abrangência. A literatura sobre orientações prestadas por pediatras nas maternidades é limitada. A educação em saúde é mais presente na área da enfermagem, abordando predominantemente cuidados gerais, focados em higiene e amamentação. Essa observação pode sugerir uma deficiência na instrução sobre alterações no estado de saúde dos recém-nascidos e forma adequada de abordagem para as responsáveis, que poderia ser revertida por ambos profissionais. 51 7 CONCLUSÃO Comparada com a média dos dois anos anteriores, a intervenção feita durante o presente estudo mostrou eficiência em diminuir a procura dos pais pelo pronto socorro em 21,3% dos casos. Essa diminuição relaciona-se com uma economia financeira promovida pelo menor uso dos insumos hospitalares e por melhor aproveitamento dos profissionais da saúde. A capacitação das mães, através da dialogicidade, demostrou ser eficiente, permitindo boa fixação do conteúdo e execução das recomendações sobre as principais intercorrências no período neonatal. A reformulação da atividade, para ser executada na beira do leito, permitiu que mais pessoas próximas ao recém-nascidos fossem capacitadas, ampliando o seu alcance. Mães consideraram ter aperfeiçoado os seus conhecimentos através da atividade o que refletiu nos cuidados domiciliares promovidos em 86,11% das intercorrências. O levantamento das dúvidas nesta população demonstrou que febre é a principal preocupação e geradora de angústia. Outros temas bastante prevalentes são engasgo ou afogamento, choro constante, alergia e rinorreia ou tosse. Dessa forma, o conteúdo a ser explorado pode ser norteado de forma mais abrangente