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Relação entre atendimento de recém-nascidos em serviço de urgência e orientação materna sobre as principais intercorrências no período neonatal

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 
PUC-SP 
Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde 
 
 
 
 
Angelo Carneiro Bonadio 
 
 
 
 
 
Relação entre atendimento de recém-nascidos em serviço de urgência e orientação 
materna sobre as principais intercorrências no período neonatal 
 
 
 
 
 
 
Mestrado Profissional em Educação nas Profissões da Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOROCABA 
2019 
Angelo Carneiro Bonadio 
 
 
 
 
 
 
 
Relação entre atendimento de recém-nascidos em serviço de urgência e orientação 
materna sobre as principais intercorrências no período neonatal. 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho Final apresentado à Banca Examinadora 
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 
como exigência parcial para obtenção do título de 
MESTRE PROFISSIONAL em Educação nas 
Profissões da Saúde, sob orientação da Prof.ª 
Drª Raquel Aparecida de Oliveira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOROCABA 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Banca Examinadora 
_____________________________ 
_____________________________ 
_____________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a todos que influenciaram em minha formação. Aos meus 
pais que me ensinaram integridade, respeito e humildade e aos meus professores que 
me inspiraram da infância até a vida acadêmica. Espero poder honrá-los carregando, 
em parte, suas essências e quem sabe ter a sorte de transmitir o melhor que cada um 
acrescentou a mim para outras pessoas. 
AGRADECIMENTO 
 
Agradeço ao município de Salto de Pirapora, local no qual tenho o júbilo de 
trabalhar há cinco anos, à secretária de saúde, Srª Adriana Cerqueira Cezar de Jesus, 
e à interventora da Santa Casa, Srª Ceumi Cardoso Silveira, através das quais foi 
possível a realização deste projeto. À minha orientadora, Dra. Raquel Aparecida de 
Oliveira, que me conduziu neste novo caminho acadêmico. Ao meu irmão, Victor 
Carneiro Bonadio, que com sua experiência me aconselhou ao logo deste trabalho. 
Às amigas Dra. Natália Novo Natalício, Dra. Caroline Acosta Reiche Silva Freitas e 
Dra. Aline Cristina de Paula que gentilmente colaboraram na execução das atividades. 
Agradeço, ainda, a minha parceira, Dra. Daiane Araújo Almeida, pela paciência e 
compreensão ao longo da execução dessa pesquisa. 
 
RESUMO 
 
Bonadio AC. Relação entre atendimento de recém-nascidos em serviço de urgência e 
orientação materna sobre as principais intercorrências no período neonatal. 
Introdução: O período neonatal, do nascimento até o vigésimo oitavo dia de vida, é 
repleto de dúvidas e ansiedade por parte dos pais. Nem sempre a experiência prévia 
é suficiente para diminuir tais angústias. Com certa frequência as crianças são 
conduzidas às unidades de pronto atendimento para solucionar questões simples. 
Essa prática pode tranquilizar os pais, porém é prejudicial ao recém-nascido, o qual 
fica exposto a um ambiente com alta circulação de patógenos. Quando nos atentamos 
para a imunodeficiência própria da idade e para o fato de que a cobertura vacinal 
ainda se encontra em estágio inicial, fica claro que esta atitude pode trazer riscos ao 
neonato. Objetivos: Esse trabalho tem como objetivo encontrar formas de diminuir o 
fluxo de atendimento de recém-nascidos em unidades de urgência a partir da 
intervenção educativa na maternidade. Metodologia: Trata-se de um estudo 
descritivo, quantitativo e qualitativo com intervenção educativa realizadas por 
pediatras na maternidade municipal de salto de Pirapora, interior de São Paulo. 
Primeiramente, foi realizado questionário individual, pré-intervenção educativa com 99 
mães e acompanhantes de recém-nascidos para levantamento de dúvidas sobre os 
principais problemas de saúde no período neonatal. Posteriormente foi realizada 
intervenção na maternidade, de forma dialogada, abordando a necessidade e quando 
realmente se deve levar o recém-nascido à unidade de emergência. Após o período 
neonatal, as mesmas mães responderam um questionário sobre a avaliação da 
intervenção. Foram comparados dados do fluxo de atendimento em pronto socorro 
antes e após a intervenção. Resultados: Como resultado obteve-se a diminuição da 
procura do serviço de urgência. A proporção de quem procurou o pronto atendimento 
era de 36,7% no ano anterior à intervenção e de 30,56% dois anos antes e foi reduzida 
para 12,33% após a realização da intervenção demonstrando uma redução média de 
21,3%. As maiores dúvidas das participantes foram: febre 65,63%, engasgo ou 
afogamento 39,58%, choro constante 33,33% e alergia 25%. 
 
Palavras-chave: Atendimento de emergência, Neonatologia, Pediatria, Educação em 
saúde. 
 
ABSTRACT 
 
Bonadio AC. Relationship between demand for emergency room care in newborns and 
maternal counseling about the main events in the neonatal period. 
Introduction: Neonatal is the period between the date of birth and twenty-eighth days 
after birth, in this period parents face many doubts and anxiety. Even previous neonatal 
period experiences are not enough to avoid or decrease of such parent’s anguishes. 
In this context, parents commonly take newborns to prompt care units to solve simple 
health matters. Despite of this practice reassure the parents, it can be harmful to the 
newborns because they get expose to a great pathogens circulation environment. 
Since the vaccination coverage is still at early stage and the immunodeficiency age-
specific, this behavior can bring risks to the newborns. Objective: This study aims the 
objective reduction of newborn’s care flow in emergency units through the educational 
intervention in maternity. Methodology: This is a descriptive, quantitative and 
qualitative study assisted by pediatricians with educational intervention in the municipal 
maternity of Salto de Pirapora, in Sao Paulo estate countryside. It is based in an 
individual questionnaire, made pre educational intervention with 99 mothers and 
newborn’s accompanying to understand the most frequent concerns about the main 
health problems during the neonatal period. Regarding the previously a dialogical 
educative intervention was organized in the maternity about and when the newborn in 
fact should be taken to an emergency unit. After the neonatal period, the same mothers 
answered an intervention evaluation questionnaire and the data of newborn’s care flow 
in emergency units before and after the intervention was compared. Results: The 
results show that there was a reduction on the emergency services demand. The 
proportion of those who went to the prompt care was 36.7% on the year before the 
intervention and 30.56% two years earlier. The reduction reached about 12.33% after 
the intervention, an average reduction of 21.3%. The biggest concerns of the 
participants were: fever 65.63%, choking or drowning 39.58%, constant crying 33.33% 
and allergy 25%. 
 
Keywords: Emergency care, Neonatology, Pediatrics, Health education. 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Localização geográfica do município de Salto de Pirapora/SP ................ 18 
Figura 2 - Número de mães presentes nas atividades educativas, Salto de Pirapora, 
novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................................... 27 
Figura 3 - Tempo de atividade educativa em minutos por grupos, Salto de Pirapora, 
novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................................... 28 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 - Interação dos participantes durante as atividades educativas, Salto de 
Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................... 31 
Gráfico 2 - Atenção individual das mães durante as atividades educativas, Salto de 
Pirapora, novembro de 2018a fevereiro 2019. ......................................................... 32 
Gráfico 3 - Participação individual das mães durante as atividades educativas, Salto 
de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. .................................................... 33 
Gráfico 4 - Conhecimentos prévios das mães que participaram das atividades 
educativas, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ........................ 34 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Distribuição etária das mães que participaram da pesquisa, Salto de 
Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................... 26 
Tabela 2 – Distribuição do nível educacional das mães que participaram da pesquisa, 
Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ........................................... 26 
Tabela 3 - Dificuldades durante as atividades educativas, Salto de Pirapora, novembro 
de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................................................... 29 
Tabela 4 - Dificuldades relacionadas aos números de integrantes dos grupos, Salto 
de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. .................................................... 30 
Tabela 5 - Porcentagem dos conceitos de interação das atividades educativas 
relacionadas aos números de integrantes dos grupos, Salto de Pirapora, novembro de 
2018 a fevereiro 2019. .............................................................................................. 32 
Tabela 6 - Média de dúvidas das mães distribuídas por nível de escolaridade, Salto 
de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. .................................................... 36 
Tabela 7 - Porcentagen de dúvidas das mães durante a intervenção educativa, Salto 
de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. .................................................... 37 
Tabela 8 - Sentimento materno em relação aos cuidados dos seus filhos. Salto de 
Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................... 39 
Tabela 9 - Percepção materna em relação à intervenção educativa, Salto de Pirapora, 
novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................................... 40 
Tabela 10 - Intercorrências domiciliares no período neonatal, Salto de Pirapora, 
novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................................... 41 
Tabela 11 - Sentimento materno ao se deparar com filho enfermo, Salto de Pirapora, 
novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................................... 42 
Tabela 12 - Atitude materna mediante intercorrência com o seu filho, Salto de 
Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. ......................................................... 43 
Tabela 13 - Nascidos vivos, no período de 2016 à 2019. Salto de Pirapora. ........... 44 
Tabela 14 - Fluxo de atendimentos de recém-nascidos no Pronto Socorro. Salto de 
Pirapora. .................................................................................................................... 45 
Tabela 15 - Número de recém-nascidos atendidos pela urgência, Salto de Pirapora, 
dezembro de 2016 a fevereiro 2019. ......................................................................... 45 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 16 
2.1 Gerais ................................................................................................................. 16 
2.2 Específicos ........................................................................................................ 16 
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 17 
3.1 Tipo de Estudo .................................................................................................. 17 
3.2 Cenário do Estudo ............................................................................................ 17 
3.3 Participantes da Pesquisa ................................................................................ 19 
3.3.1 Critérios de Inclusão ......................................................................................... 19 
3.3.2 Critérios de exclusão ........................................................................................ 20 
3.4 Procedimentos de Coleta de Dados ................................................................ 20 
3.5 Organização e análise dos dados .................................................................... 23 
4 ASPECTOS ÉTICOS ............................................................................................. 24 
5 RESULTADOS ....................................................................................................... 25 
6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 47 
7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 51 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 53 
APÊNDICE A - TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE LOCAL DE ESTUDO - SANTA 
CASA DE SALTO DE PIRAPORA ........................................................................... 57 
APÊNDICE B - TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE LOCAL DE ESTUDO - 
SECRETARIA DA SAÚDE DE SALTO DE PIRAPORA .......................................... 58 
APÊNDICE C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............ 59 
APÊNDICE D - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DE 
MENORES NÃO EMANCIPADAS ............................................................................ 61 
APÊNDICE E - TERMO DE COMPROMISSO DE CONFIDENCIALIDADE ............. 63 
APÊNDICE F - ROTEIRO DA ENTREVISTA PREVIAMENTE À INTERVENÇÃO .. 64 
APÊNDICE G - ROTEIRO DIÁRIO DE CAMPO ....................................................... 65 
APÊNDICE H - ROTEIRO ENTREVISTA POSTERIOR À INTERVENÇÃO............. 66 
ANEXO A - FOLHETO EDUCATIVO ........................................................................ 67 
ANEXO B - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP ......................................... 68 
 
 
11 
1 INTRODUÇÃO 
 
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda a permanência do recém-
nascido (período que compreende até o vigésimo oitavo dia de vida) em maternidade 
por 48 horas.1 Tempo geralmente necessário para acompanhar o estabelecimento do 
vínculo materno, orientar aleitamento e observar possíveis alterações.1 Ao ser dada a 
alta o pediatra dá orientações gerais que devem ser seguidas até a consulta de 
puericultura, dando ênfase ao aleitamento materno e às práticas de higiene, 
geralmente, sem aprofundar-se muito em problemas de saúde do recém-nascido.2,3 
A orientação preconizada da puericulturaa refere-se ao atendimento dentro de 
uma semana, o qual tem por finalidade acompanhar o crescimento, tirar dúvidas sobre 
o desenvolvimento e como intervir em possíveis alterações.4 No entanto, uma série 
de dificuldades nem sempre permitem o retorno dos pacientes dentro do período 
adequado, tais como: a unidade de saúde pode se encontrar distante da residência, 
ausência de pediatra em unidade básica de saúde ou quando este se encontra 
presente, pode ter uma agenda sobrecarregada.5 Desse modo, a lacuna de tempo até 
o próximo contato do paciente com o pediatra pode ser muito longa e a falta de 
instrução sobre as principais intercorrências pode gerar ansiedade nos familiares. 
Esta preocupação é um grande agravante para uma procura precoce do pronto 
atendimento.6,7 
O ato de levar um recém-nascido ao pronto atendimento pode ter algumas 
consequênciasnegativas, já que nestes ambientes há uma maior circulação de 
patógenos agressivos8 e a imunodepressão, própria dos neonatos, aliada com a ainda 
inicial cobertura vacinal, os deixam expostos a contágios com tais micro-organismos 
que circulam neste ambiente.9 
Os custos desses fenômenos também devem ser considerados já que, 
eventualmente, ocorre a mobilização de uma pessoa economicamente ativa para 
acompanhar o menor em atendimento, o que leva ao comprometimento da produção 
da sua atividade profissional e oneração da renda familiar.10 Todo paciente atendido 
no hospital gera custos, independentemente da complexidade do caso.6 Recursos mal 
gastos acabam interferindo em investimentos para melhoria da qualidade do serviço. 
 
a Acompanhamento médico periódico realizado á criança em unidade de saúde para avaliar seu 
desenvolvimento.45 
12 
Usando como referência o valor presente no Sistema de Gerenciamento da Tabela de 
Procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS), cada atendimento pediátrico na 
urgência gera o custo de R$ 35,65 em serviços hospitalares e R$11,62 em serviço 
profissional, totalizando R$47,27.11 Sendo assim, a orientação familiar sobre as 
principais intercorrências que podem acontecer nesse período e a explicação sobre 
em quais circunstâncias deveriam levar o neonato em serviço de urgência poderiam 
diminuir a procura espontânea por esse atendimento através da exposição das 
principais intercorrências e explicação sobre quais circunstâncias deveriam levar o 
neonato em serviço de urgência.6,12 Abrir espaço para as mães apresentarem as 
próprias dúvidas facilita o entendimento e melhora o interesse em aprender13. 
Portanto, é interessante aproveitar o período em que as mães ainda estão na 
maternidade para orientá-las, pois nesta fase elas têm tempo para refletir sobre os 
assuntos e circunstâncias que geram maior preocupação.2 
O Sistema Único de Saúde está estruturado em três níveis de atenção. No nível 
primário, considerado a porta de entrada para a assistência médica, as unidades de 
saúde têm alta capacidade de resolubilidade, devido à baixa complexidade dos casos. 
Para os demais níveis são conduzidos os pacientes que requerem maior suporte.14 
No nível secundário os pacientes são encaminhados para ambulatórios 
especializados e para serviços de apoio diagnóstico e terapêutico. No nível terciário 
encontramos serviços hospitalares de maior complexidade, com alta sensibilidade 
diagnóstica e tecnologia aplicada. Apesar desta estrutura ser esquematizada para dar 
prioridade de acesso ao sistema terciário para os pacientes com maior complexidade, 
a procura destes serviços vem sendo solicitada para a resolução de problemas de 
saúde que, olhados da perspectiva técnica, poderiam ser resolvidos no nível 
primário.14 
Em um estudo de Pérez Solís et al., realizado na Espanha, aponta-se que 
91,3% das famílas levam o recém-nascido diretamente ao serviço terciário.15 Em um 
trabalho realizado em Recife por Kovacs e Feliciano aponta-se que apenas 18,9% dos 
pais preferem buscar a rede básica. Constatou-se aí que 63,5% das crianças que 
foram conduzidas aos serviços de urgência, apresentavam problemas de saúde 
passíveis de serem solucionados na rede básica.16 Resultado semelhante foi 
observado em Singapura por Kua et al., no qual 60% dos casos não se caracterizavam 
como urgência.17 No entanto, um trabalho realizado no Chile traz um dado mais 
13 
abrangente. Segundo Giass 90% dos pacientes atendidos tinham condições que 
poderiam ter sido resolvidas satisfatoriamente na atenção primária.18 
Os principais motivos apontados pela preferência dos responsáveis dos recém-
nascidos pelas unidades de maior complexidade decorrem da confiança nos 
profissionais que ali atuam. As expectativas sobre qualidade da assistência, 
experiência prévia pessoal no serviço e/ou da opinião de terceiros disponível em redes 
sociais, satisfação com o atendimento, acessibilidade geográfica, necessidade de 
buscar segurança sobre o curso da doença, expectativa de que exames médicos 
sejam realizados e o horário restrito de funcionamento da atenção básica influenciam 
na escolha.16,17 Dados norte-americanos apontam que o paciente aguarda em média 
20,3 dias para conseguir consulta ambulatorial.6 Período que pode ser considerado 
prolongado, para quem anseia por sanar suas dúvidas. 
Avaliar a gravidade da condição de uma criança pode revelar-se difícil e 
estressante diante de uma doença ou lesão, consequentemente, muitos casos não 
urgentes são percebidos como graves o suficiente para justificar uma visita em 
unidade de urgência.17 Vários estudos avaliaram a percepção dos pais e cuidadores 
de pacientes pediátricos, caracterizados como não urgentes, em serviço de 
emergência e notam tendência a superestimar a condição da criança.10–12 A avaliação 
de risco tem como função reconhecer agravos e escaloná-los conforme eles 
comprometam o estado de saúde do indivíduo. O protocolo mais utilizado, em nível 
hospitalar, é o de triagem de Manchester, o qual requer um profissional da 
enfermagem capacitado. Demonstrando a complexidade em reconhecer e 
estabelecer o nível de gravidade do paciente.19 Alguns entrevistados não fizeram 
distinção entre os níveis de atenção e, no lugar disso, consideram os dois locais como 
fontes igualmente apropriadas de atenção para problemas menores.6 
Um estudo realizado por Millar et al. em unidade de emergência pediátrica 
aponta que as queixas mais comum foram icterícia, dificuldade para respirar, 
problemas alimentares e irritabilidade. Enquanto os diagnósticos mais frequentes 
foram normalidade (27%), icterícia (25,3%), problemas alimentares (7,8%) e infecção 
(7,2%).20 Estes dados foram reforçados pelo estudo de Calado CS e colaboradores 
(2009) onde as queixas principais eram icterícia (14,5%), choro excessivo (13,6%), 
erupção cutânea (7,3%), congestão nasal (6,7%) e tosse (5,9%), sendo os principais 
diagnósticos normalidade (26,1%), cólicas (11,3%), icterícia fisiológica (8,2%) e 
infecção de vias aéreas superiores (7,3%).7 Num outro trabalho, realizado por Batu et 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Millar%20KR%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=10888448
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Calado%20CS%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19382329
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Batu%20ED%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=25648054
14 
al., apontam-se como queixas principais icterícia (23,4%), irritabilidade (9,5%) e 
vômitos (7,1%) e os diagnósticos mais comuns foram recém-nascido normal (33,9%), 
icterícia (13,2%) e cólica (5,8%).12 
Vários fatores, como primiparidade, baixa idade materna, alta pós-natal 
precoce, baixa renda familiar, mãe solteira, níveis de escolaridade baixos dos pais e, 
principalmente, pelo conhecimento insuficiente do cuidador sobre o cuidado do recém-
nascido, afetam a acuidade da utilização do departamento de urgência 
pediátrica.6,15,17,20 Um estudo realizado nos Estados Unidos por Kubicek et al. 
constatou que 63% dos cuidadores, que levaram crianças sem gravidade para a 
emergência, avaliaram a condição de seu filho como muito ou extremamente urgente, 
isso indica a falta de educação básica em relação às principais doenças que 
acometem a infância e como melhor tratá-las.6 
Assim, programas mais detalhados de educação e apoio pós-natal precoce em 
relação ao cuidado do recém-nascido podem ajudar a diminuir a condução de 
neonatos para o referido setor.12,17 As visitas à unidade de emergência também são 
um momento oportuno para educar os cuidadores que buscam atendimento para 
casos que apresentam pouca gravidade. O uso de panfletos, com abordagem popular, 
pode facilitar a compreensão e a difusão do conhecimento. Experiência prévia com 
esse meio de abordagem aponta uma diminuição de 58% das crianças 
inadvertidamente conduzidas para unidades de maior complexidade.6Na abordagem cognitivista da educação ocorre a valorização do aluno. Desse 
modo há a socialização de conhecimentos e experiências prévias, bem como a 
cooperação entre alunos e professor. Existe aí um respeito às características dos 
educandos independente da sua instrução prévia. Esta forma de abordar as situações 
é considerada acolhedora e dá liberdade para participação do aluno, o que facilita a 
atuação do professor e assimilação do conhecimento. O diálogo, engajamento, 
desenvolvimento da consciência crítica e liberdade orientam a relação de ensino-
aprendizagem.21 
Segundo Lara et al. apesar do grande número de neonatos sem alterações em 
consultas em unidade de urgência, esta é a faixa etária que mais interna após a 
procura (14,4%), os principais motivos são sintomas respiratórios e icterícia. Além 
disso, o maior número de retornos também pode ser encontrado neste grupo (8% dos 
casos).22 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Batu%20ED%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=25648054
15 
A atenção destinada a pacientes que não apresentem problemas urgentes 
sobrecarrega o sistema, podendo diminuir a dedicação a pacientes graves e, com 
isso, aumentar o risco de erros médicos.18 Também promove atrasos nos cuidados e 
tratamentos, aumento do tempo total de permanência, tempo de triagem para médico, 
irritação de acompanhantes, além de promover o desvio de recursos de pacientes 
mais gravemente doentes e feridos.6 
Nos Estados Unidos alguns programas mostraram-se promissores para 
promover a redução das visitas pediátricas nos departamentos de urgência e, ao 
mesmo tempo, diminuir os custos associados ao uso desnecessário do serviço. Essas 
abordagens remetem ao nível primário: o trabalho social para abordar problemas que 
afetam o funcionamento familiar, fornecer atendimento pediátrico prolongado, explicar 
a importância do atendimento no nível em questão, dar oportunidade a família 
escolher o médico e manter múltiplos locais de acesso à prestação de serviço 
médico.6 
16 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 Gerais: 
 
Diminuir o fluxo de recém-nascidos no Pronto Socorro da Santa Casa de Salto 
de Pirapora, interior de São Paulo. 
 
2.2 Específicos: 
 
• Levantar as principais dúvidas maternas referente aos problemas de saúde 
mais comuns nos recém-nascidos 
• Orientar as mães e/ou responsáveis sobre as principais intercorrências no 
período neonatal. 
• Avaliar o conhecimento materno, após intervenção, ao observar filho 
enfermo. 
 
17 
3 METODOLOGIA 
 
3.1 Tipo de Estudo 
 
Trata-se de um ensaio (¨trial¨) em educação em saúde, controlado, sem 
cegamento (not blinded), não aleatorizado, do tipo quantitativo e qualitativo, pesquisa 
documental e com abordagem interventiva. 
Foram comparados os atendimentos realizados no Pronto Atendimento da 
Santa Casa de Salto de Pirapora no período após intervenção educativa com os 
atendimentos do mesmo período dois anos anteriores. O período considerado foi de 
novembro de 2018 a fevereiro de 2019. 
 
3.2 Cenário do Estudo 
 
O estudo foi realizado na Maternidade Municipal e na Santa Casa do município 
de Salto de Pirapora, interior de São Paulo. Sendo esta última a única unidade de 
atendimento de urgência à disposição dos munícipes. O Índice de Desenvolvimento 
Humano municipal de 2010 foi de 0,729 e a taxa de mortalidade infantil de 2017 foi de 
12,9 óbitos por mil nascidos vivos.23 
Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 
em 2018, o município de Salto de Pirapora tinha 44.972 habitantes. Localizado a 
121km da cidade de São Paulo, situa-se na Região Metropolitana de Sorocaba, na 
Mesorregião Macro Metropolitana Paulista e na Microrregião de Sorocaba. Sua 
localização geográfica pode ser observada na figura 1. 
18 
Figura 1 - Localização geográfica do município de Salto de Pirapora/SP 
 
Fonte: Wikipedia.org.24 
 
O município tem 14 unidades de saúde, sendo a sua maioria composta pela 
rede de atenção primária, entre elas oito unidades pertencem a Estratégia de Saúde 
da Família (ESF) O Centro de Saúde do município desempenha atenção primária e 
secundária, oferecendo aos munícipes consultas ambulatoriais de especialidades 
(fonoaudiologia, neurologia, otorrinolaringologia e urologia). Ainda na esfera 
secundária o município conta com o Centro de Atendimento Terapêutico Infanto-
Juvenil, o qual presta serviços de fisioterapia, otorrinolaringologia, psicologia e terapia 
ocupacional a menores de idade. O município dispõe ainda de duas unidades de 
Centro de Atenção Psicossocial, sendo uma delas destinadas exclusivamente para os 
usuários de álcool e drogas. No nível de atenção terciária, encontramos a maternidade 
municipal e a Santa Casa de Salto de Pirapora, onde são realizados procedimentos 
cirúrgicos, internações e consultas de urgência.25 
A população que frequenta as duas unidades de atenção terciária tem baixo 
poder aquisitivo, o que dificulta o seu deslocamento para Sorocaba, concentrando sua 
busca por atendimento na própria cidade. O salário médio mensal de sua população 
em 2016 foi de 2,7 salários mínimos. O percentual da população com rendimentos 
mensais de até meio salário mínimo por pessoa é de 35,9%. Segundo dados de 2017 
a maior parte da população formalmente ocupada estava no setor de serviços 55,52%, 
19 
seguido pelos setores de comércio 20,21%, indústria 17,72%, construção 4,04% e a 
agropecuária 2,51%.26 A Maternidade Municipal atende casos de baixa complexidade 
e pacientes de alto risco são encaminhadas ao Conjunto Hospitalar de Sorocaba para 
fazer o pré-natal. Neste cenário temos o mesmo perfil populacional frequentando 
ambos os serviços. Após receber alta na maternidade o atendimento infantil no Centro 
Médico da cidade, devido à ausência de pediatras em todas as oito unidades básicas 
de saúde. A primeira consulta por um pediatra é realizada dentro dos primeiros dez 
dias após o nascimento na maternidade municipal. As consultas posteriores são 
realizadas por pediatras no Centro Médico do município. 
O pronto atendimento da Santa Casa é onde as intercorrências são vistas por 
pediatras. Sendo única unidade de urgência e emergência presente do município, no 
ano de 2017, foram realizados 131 atendimentos de recém-nascidos no local. Nessa 
instituição o atendimento pediátrico funciona em período integral, porém, é realizado 
por um pediatra de plantão in loco, doze horas ao dia, cabendo aos médicos 
responsáveis pelos adultos a avaliação nas demais horas. A instituição conta ainda 
com uma enfermaria pediátrica e a equipe presente na maternidade é composta por 
médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem. Cada turno conta com um obstetra, 
um pediatra, um enfermeiro obstétrico e no mínimo dois técnicos em enfermagem. 
 
3.3 Participantes da Pesquisa 
 
Participaram da pesquisa parturientes e seus acompanhantes (responsáveis), 
quando essas eram adolescentes. A amostra considerou o número de partos e 
consultas de recém-nascidos no serviço de urgência do município em 2016 e 2017. 
Segundo o cálculo estatístico fornecido pelo programa STATA 13.1 foi definida uma 
amostra de 84 mães e ou responsáveis.27 
 
3.3.1 Critérios de Inclusão 
 
Mães e acompanhantes responsáveis pelas parturientes menores de idade, 
internadas, que tiveram seu parto na maternidade Municipal de Salto de Pirapora e 
que aceitaram participar da pesquisa. 
 
20 
3.3.2 Critérios de exclusão 
 
Mães e acompanhantes das puérperas menores de idade, internadas, que 
tiveram seu parto na maternidade Municipal de Salto de Pirapora e que não tiveram o 
interesse em participar da pesquisa. 
 
3.4 Procedimentos de Coleta de Dados: 
 
A coleta de dados foi iniciada após a aprovação da Secretaria Municipal de 
Saúde da Prefeitura de Salto de Pirapora (Apêndice A), da administradora da Santa 
Casa de Salto de Pirapora (Apêndice B) e do Comitê de Ética Médica em Pesquisa 
em Seres humanosda Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC/SP; a 
assinatura dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice C), 
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de Menores Não Emancipadas 
(Apêndice D) e a ciência do Termo de Confidencialidade pela Secretaria Municipal de 
Saúde (Apêndice E). 
Baseado em dados anteriores referentes ao número de partos da maternidade 
municipal, o período de intervenção foi estimado em quatro meses e 28 dias. Nesse 
período, a coleta de dados foi dividida em quatro etapas, descritas a seguir, sendo os 
quatro primeiros meses destinados as etapas um, dois e três. A etapa quatro teve 
início após os primeiros 28 dias do projeto e se estendeu por mais quatro meses. O 
fluxo de atendimento em pronto socorro foi avaliado depois da intervenção e 
comparado com o mesmo período dos anos anteriores para avaliar se houve 
repercussão da intervenção. 
 
Etapa 1 
A primeira etapa envolveu as mães que tiveram seus partos realizados na 
Maternidade Municipal de Salto de Pirapora, ainda em período de internação. Após 
orientação sobre a pesquisa e assinatura do TCLE, as mães foram entrevistadas de 
forma individual, seguindo um roteiro semiestruturado (Apêndice F), desenvolvido pelo 
pesquisador, com informações referentes a seu estado civil, escolaridade, passado 
obstétrico, bem como dúvidas sobre as principais enfermidades que os recém-
nascidos poderiam enfrentar e como elas abordariam tal situação. 
21 
Após as entrevistas, as mães eram convidadas a participar da intervenção 
educativa, a qual foi realizada de forma individual ou grupal, de acordo com o número 
de mães presentes na maternidade. Na atividade foram abordadas as principais 
intercorrências que, segundo a literatura, conduziam os cuidadores dos recém-
nascidos ao serviço de urgência, além dos tópicos levantados na entrevista individual. 
A intervenção educativa nos grupos utilizou como estratégia educativa a 
dialogicidade,13 tendo como base as preocupações e conhecimentos prévios das 
mães. O enfoque participativo valoriza os conhecimentos e dúvidas dos participantes, 
envolvendo-os na discussão. Essa metodologia tem como característica a maior 
atenção nas informações expostas, visto que os indivíduos envolvidos são 
responsáveis pela formação dos conceitos, e facilita a interação interpessoal entre 
pesquisador e os participantes. Cabe ao pesquisador ou colaboradores, porém, 
orientar o grupo caso a definição formada por este esteja equivocada, dessa forma a 
compreensão e a fixação do conteúdo aprendido tem maior aproveitamento.21 
Nas ocasiões nas quais não foi possível formar um grupo de mães, o 
pesquisador ou colaborador realizou a atividade educativa de forma reflexiva, 
indagando a mãe sobre os principais aspectos dos temas que geram dúvida ao 
realizar os cuidados com o bebê e instigando, dessa forma, a participante a construir 
o conceito correto para as questões levantadas. Quando não havia progressão da 
forma reflexiva, a abordagem passava a ser mais expositiva. 
Ao término da atividade foi oferecido um folheto educativo (Anexo A), sua 
finalidade é a retomada do conteúdo abordado de forma prática. Assim, caso a mãe 
se deparasse com alguma intercorrência teria o folheto como apoio para reforçar o 
que foi aprendido. O folheto foi dividido em quatro colunas em cada lado de uma folha 
padrão A4. Em cada uma das oito colunas havia um tópico distinto, abordando, 
segundo literatura, as principais intercorrências que levaram os cuidadores a procurar 
o serviço de atendimento de urgência.6,17,18 Para incentivar a sua leitura, os textos 
eram curtos e utilizavam linguagem coloquial. O custo de elaboração do folheto foi de 
R$ 300,00 e a impressão de cem cópias foi de R$ 50,00, ficando a encargo do 
pesquisador. 
As intervenções ocorreram em intervalos de um a três dias, foram realizadas 
em 44 oportunidades pelo pesquisador, e em dez oportunidades foram aplicadas 
individualmente por colaboradoras. Elas eram compostas por três pediatras, as quais 
compunham a equipe da Maternidade Municipal e foram previamente capacitadas 
22 
pelo pesquisador para fazerem a entrevista e a intervenção educativa, de forma que 
houvesse uma uniformização na informação e nos métodos didáticos para todas as 
mães e acompanhantes. 
Após a intervenção, foi realizada uma avaliação sobre a mesma com o auxílio 
de um diário de campo (Apêndice G). Nele o pesquisador, ou a colaboradora, 
expressava de forma subjetiva as suas impressões referentes ao grupo, detalhando 
as dificuldades enfrentadas, o nível de participação coletiva e a relação estabelecida 
entre os participantes e destes com o pesquisador/colaboradora. 
 
Etapa 2 
A Segunda etapa compreendeu a entrevista das participantes após o 
encerramento dos 28 dias do período neonatal. Foi realizada por telefone pelo 
pesquisador, com a finalidade de fazer uma avaliação posterior da intervenção, 
avaliando o aproveitamento materno desta. Norteado por um roteiro, elaborado pelo 
pesquisador, as mães foram questionadas se as mesmas haviam aproveitado a 
experiência e se elas acreditavam estar mais aptas a lidar com as principais 
intercorrências. Além disso, foi levantado se houve alguma intercorrência durante o 
período neonatal e de que forma ela foi abordada (Apêndice H). 
 
Etapa 3 
Na terceira etapa foi realizada a pesquisa documental através do sistema de 
registros e cadastro (Wareline) do Pronto Socorro da Santa Casa de Salto de Pirapora 
sobre o fluxo de atendimento de recém-nascidos em dois momentos: 
a) Foram coletados os registros correspondentes aos dois anos anteriores à 
intervenção, referentes ao número de atendimentos de recém-nascidos no pronto 
socorro da Santa Casa de Salto de Pirapora; 
b) Foram coletados os registros que correspondam ao período pós-intervenção, 
referentes ao número de atendimentos de recém-nascidos no pronto socorro da Santa 
Casa de Salto de Pirapora, até que cada um dos participantes da pesquisa 
completassem 28 dias de vida. 
Esses dados foram confrontados estatisticamente. 
 
 
 
23 
3.5 Organização e análise dos dados. 
 
As respostas dos questionários antes da intervenção foram categorizadas por 
temas e reunidas pela similaridade destes. Os dados das entrevistas realizadas por 
telefone, após 28 dias da intervenção, foram agrupados em temas e quantificadas por 
frequência. 
As intervenções educativas foram registradas em um diário de campo e 
posteriormente analisadas.28 Diário de Campo é um instrumento que permite o registro 
das observações realizadas durante ou após a atividade. Os acontecimentos e as 
impressões subjetivas do pesquisador são anotados para posterior análise.29 Os 
registros foram analisados pela Análise de Conteúdo.30 
Os dados dos registros de atendimentos dos recém-nascidos no pronto socorro 
da Santa Casa, até cada um dos pacientes completarem 28 dias de vida, foram 
organizados em uma planilha Excel e confrontados com os dados prévios à 
intervenção. A análise estatística foi feita através do Fisher exact test.31 
 
24 
4 ASPECTOS ÉTICOS 
 
Em cumprimento à Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde 
(CNS), que regulamenta a pesquisa com seres humanos no país, o projeto foi 
aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, número 96005118.0.0000.5373 em 9 
de outubro de 2018 (Anexo B). 
 
25 
5 RESULTADOS 
 
A intervenção na maternidade começou no início de novembro de 2018 
estendendo-se até o último dia do mês de fevereiro de 2019. Ao longo desse período, 
nasceram vivos 101 indivíduos. Em novembro de 2018 nasceu um prematuro de 33 
semanas que foi rapidamente transferido para a Santa Casa de Itu, não sendo 
possível realizar a atividade com a mãe deste recém-nascido. Das cem mães 
abordadas, 99 participaram do estudo, sendo que apenas uma mãe se recusou a 
participarda pesquisa, fato que foi prontamente respeitado. A mesma não manifestou 
o motivo de sua recusa. 
Apesar do número proposto de participantes ter sido atingido na primeira 
quinzena de fevereiro, optou-se em prolongar a intervenção até o final do respectivo 
mês com o intuito de facilitar a análise estatística, visto que os dados de fluxo de 
recém-nascidos fornecidos pela Santa Casa de Salto de Pirapora são baseados em 
meses completos. 
 Inicialmente a intenção era realizar a intervenção educativa em uma sala 
separada dos recém-nascidos para que, dessa forma, as mães tivessem atenção 
integral na atividade. Porém, essa proposta demonstrou ser inviável, pois algumas 
puérperas apresentavam dor e dificuldade para se locomover. Além desse fato, o 
prolongamento da atividade em alguns grupos gerou grande ansiedade e desatenção 
por parte da população estudada, mesmo sabendo que seus filhos estavam sendo 
assistidos pela equipe de enfermagem ou pelos respectivos acompanhantes. Por 
essas razões a aplicação da atividade foi reformulada, a intervenção educativa passou 
a ocorrer nos quartos, onde encontravam-se até quatro leitos maternos e espaço para 
seus acompanhantes. Assim, também novos ouvintes tiveram a oportunidade de 
aprender e replicar o conhecimento aprendido. A atividade deixou de ser limitada às 
mães, apesar de serem o foco da atenção. 
No que se refere a idade das participantes, a maioria, 72,7%, se enquadravam 
no intervalo etário entre 20 e 34 anos. A proporção materna de gestantes idosas foi 
de 13,1% e as adolescentesb 14,1%. As menores de idade foram de 5,1% das mães. 
A distribuição etária das mães segue na tabela 1. 
 
b Gestação em menores de 20 anos de idade.46 
26 
Tabela 1 - Distribuição etária das mães que participaram da pesquisa, Salto de 
Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. 
Distribuição etária das mães N % 
<20 14 14,1 
20-24 28 28,3 
25-29 26 26,3 
30-34 18 18,2 
35-39 9 9,1 
≥40 4 4,0 
TOTAL 99 100 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
O nível educacional das mães estava mais concentrado no ensino médio 
incompleto e completo. Uma pequena porcentagem tinha nível superior incompleto e 
completo. Já a parcela que detinha apenas o nível fundamental representava 23,2%, 
distribuído entre incompleto e completo conforme exposto na tabela 2. 
 
Tabela 2 – Distribuição do nível educacional das mães que participaram da pesquisa, 
Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. 
Nível educacional das mães N % 
Fundamental Incompleto 13 13,1 
Fundamental Completo 10 10,1 
Médio Incompleto 23 23,2 
Médio Completo 39 39,4 
Superior Incompleto 7 7,1 
Superior Completo 7 7,1 
TOTAL 99 100 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
Declararam-se solteiras 13,13% das mães, as participantes que manifestaram 
estar em união estável corresponderam à 86,87%. Primíparas foram 39,39% enquanto 
as que já possuíam um filho ou mais foram 60,61%. 
A maternidade municipal de Salto de Pirapora apresenta baixo fluxo de 
pacientes. No quadrimestre de estudo a média de nascidos vivos foi de 24,75 ao mês. 
27 
Por este motivo grande parte das atividades, 53,7%, ocorreram apenas na presença 
de uma participante e do pesquisador ou colaborador. Ao todo, foram realizados 54 
grupos de intervenção, com no máximo 5 pessoas por grupo, como pode ser 
visualizado na figura 2. Como dificuldades foi observada a menor oportunidade de 
interação e troca de experiências em grupos menores e a desatenção mais frequente 
nos maiores. 
 
Figura 2 - Número de mães presentes nas atividades educativas, Salto de Pirapora, 
novembro de 2018 a fevereiro 2019. 
 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
A distribuição do tempo em atividade educativa estava relacionado ao 
comportamento dos grupos e ao número de participantes. Os mais ativos, nos quais 
as participantes interagiam mais entre si e apresentavam mais conhecimentos prévios 
e dúvidas, a discussão se prolongava. O tempo máximo destinado a um mesmo grupo 
foi de 120 minutos (3,70% do número total de grupos). A média de tempo despendido 
para a realização da intervenção foi 60 minutos (29,63% dos casos). Houve grupos 
nos quais havia pouca oportunidade de troca de experiências e interação, estes 
tiveram uma duração mais breve. Os mais rápidos, tiveram 20 minutos de duração 
(24,07% do total), como mostrado na figura 3. O tempo médio que cada pessoa 
participou da atividade foi de 41 minutos e 20 segundos. As orientações individuais, 
nas quais existia apenas a interação da mãe com o pesquisador ou colaborador, era 
mais breve, devido a menor oportunidade de interação e troca de experiências com 
outras parturientes, estas limitavam-se ao tempo médio de 27 minutos e 56 segundos. 
28 
Figura 3 - Tempo de atividade educativa em minutos por grupos, Salto de Pirapora, 
novembro de 2018 a fevereiro 2019. 
 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
A realização da intervenção educativa enfrentou algumas dificuldades. Apenas 
em 20% dos grupos não tiveram incidentes. Como observado na tabela 3, os 
problemas mais comuns foram desatenção, comunicação e poucas dúvidas. O 
problema relacionado à comunicação remete as mães terem dificuldade em expressar 
as suas dúvidas e suas considerações. Cabia ao pesquisador ou colaborador abordar 
a mesma questão de formas distintas até a mãe manifestar alguma resposta. A 
desatenção foi notada quando a mãe interagia com o celular, ao ouvir o choro do 
recém-nascido, ao amamentar e ao sentir dor. 
A dialogicidade tende a ter maior aproveitamento quando os grupos manifestam 
diversas vivências e opiniões, devido a esse fator, em algumas ocasiões, as 
parturientes que estavam aptas a se deslocarem eram convidadas a se reunirem com 
mães presentes em outros quartos e caso ocorresse o consentimento por parte 
dessas os recém-nascidos ficavam sob os cuidados dos respectivos acompanhantes 
ou da equipe de enfermagem. Porém, o distanciamento interino gerava ansiedade 
nessas mães e assim um aumento na expectativa pelo término da atividade, criando 
uma dificuldade para a realização da dinâmica educativa. As dificuldades encontradas 
na realização da dinâmica educativa podem ser observadas na tabela 3. 
 
29 
Tabela 3 - Dificuldades durante as atividades educativas, Salto de Pirapora, novembro 
de 2018 a fevereiro 2019. 
Dificuldades do grupo N % 
Desatenção 14 24,6 
Comunicação 12 21,1 
Poucas dúvidas 10 17,5 
Pouca interação 8 14,0 
Desinteresse 6 10,5 
Mães separadas dos filhos em atividade 4 7,0 
Mãe com dor 3 5,3 
TOTAL 57 100 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
Buscando avaliar qual grupo teria maior número de dificuldade foi elaborada a 
tabela 4. Pela amostra levantada o grupo que apresentou menor número de 
adversidade foi o grupo que contava com dois participantes. Proporcionalmente 
apresentou 0,92 intercorrências para cada atividade. Valor muito parecido com o 
conjunto que contava com apenas uma mãe, com 0,93 dificuldades por grupo. Os 
agrupamentos que apresentaram maiores números de contratempos, foram os 
maiores. O de quatro participantes apresentou 1,67 intercorrências por atividade 
enquanto o de cinco membros apresentou 2,0 dificuldades por dinâmica. O grupo 
composto por 3 mães enfrentou 1,25 intercorrências por operação. 
 
30 
Tabela 4 - Dificuldades relacionadas aos números de integrantes dos grupos, Salto 
de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. 
 N de integrantes dos grupos 
Dificuldades 1 2 3 4 5 
Comunicação 9 3 0 0 0 
Desatenção 5 3 3 1 2 
Pouca interação 6 1 0 1 0 
Pouca dúvida 5 3 1 0 1 
Separação 0 0 1 2 1 
Desinteresse 2 1 2 1 0 
Dor 0 0 3 0 0 
TOTAL 27 11 10 5 4 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
A interação entre os participantes dos grupos e com o interventor também foi 
analisada. Foram separadas em quatro categorias de forma subjetiva, conforme a 
inter-relaçãoentre os participantes da atividade. O grupo que apresentava bastante 
discussão e interesse de seus membros foi considerado ótimo. No outro extremo, 
estabeleceu-se ruim os casos onde as participantes se comportavam apenas como 
ouvintes e que demonstravam não achar relevância nas orientações. Entre esses dois 
grupos, foram categorizados outros dois níveis: boa e regular. O primeiro com sentido 
positivo, próximo ao ótimo, porém ainda inferior a este e o segundo acima do ruim, 
mas ainda aquém do bom. Boa e ótima foram as classes mais presentes. A interação 
regular e ruim foram observadas em conjunto em apenas 28% dos casos. O gráfico 1 
mostra a distribuição dentro das quatro categorias do nível de interação dos 
participantes dos grupos. 
31 
Gráfico 1 - Interação dos participantes durante as atividades educativas, Salto de 
Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. 
 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
Com a intenção de analisar qual seria o número ideal de participantes nas 
dinâmicas educativas, foi relacionada a percepção subjetiva da interação do grupo 
com os números de integrantes. Conforme demonstrado na tabela 5, o grupo que teve 
a maior proporção da classificação ótimo (37,5%) contava com três participantes. Um 
pouco atrás encontra-se o grupo com quatro participantes (33,3%), este mesmo 
conjunto é o que apresenta a maior classificação bom (66,7%), sendo assim o grupo 
que apresenta melhor aproveitamento. A classificação ruim da interação esteve mais 
presente dentro do agrupamento de três participantes (12,5%). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6%
22%
50%
22%
Ruim Regular Boa Ótima
32 
Tabela 5 – Porcentagem dos conceitos de interação das atividades educativas 
relacionadas aos números de integrantes dos grupos, Salto de Pirapora, novembro de 
2018 a fevereiro 2019. 
 N de integrantes dos grupos 
Grupos 1 2 3 4 5 
Ótimo 20,7 16,7 37,5 33,3 0,0 
Bom 51,7 50,0 37,5 66,7 50,0 
Regular 17,2 33,3 12,5 0,0 50,0 
Ruim 10,3 0,0 12,5 0,0 0,0 
TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
Ao tratar a atuação individual, também de forma subjetiva, as mães foram 
classificadas como atentas quando mantiveram sua concentração ao longo da 
atividade. Já as pouco atentas não se mantiveram alertas por todo o período. Os 
motivos para a ocorrência dessa deficiência foram variados, dentre eles podemos 
mencionar desinteresse nas informações, amamentação, dor, redução da 
sensibilidade auditiva entre outros. As atentas, foram 3,35 vezes superiores às pouco 
atentas, a proporção da distribuição da atenção pode ser observada no gráfico 2. 
 
Gráfico 2 - Atenção individual das mães durante as atividades educativas, Salto de 
Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. 
 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
23%
77%
Pouco atenta Atenta
33 
Em relação a participação, estabeleceu-se pelo pesquisador que as mães que 
faziam questionamentos de forma espontânea e ou manifestavam sua opinião na 
intervenção coletiva seriam classificadas como participativas. Contrapondo a estas, 
as pouco participativas são as que agiam como expectadoras e só manifestavam suas 
dúvidas se indagadas pelo pesquisador. Notou-se que as mães participativas foram 
mais frequentes, em relação às pouco participativas, conforme pode ser visto no 
gráfico 3. 
 
Gráfico 3 - Participação individual das mães durante as atividades educativas, Salto 
de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. 
 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
39%
61%
Pouco participativa Participativa
34 
De forma subjetiva o pesquisador classificou os conhecimentos prévios dos 
grupos em quatro categorias: ausente, pouco, muito e ótimo. Foram considerados 
ausentes aqueles grupos onde existia problema de comunicação. Nesses casos, 
apesar de serem indagadas de maneiras distintas, as mães respondiam não saber 
responder a questão levantada. Os grupos classificados como ótimos contavam com 
participantes que já haviam cuidado de outras crianças e ou que tinham um maior 
nível intelectual. Para a transição entre esses dois extremos foram desenvolvidas as 
categorias pouco e muito. A classificação muito apresentava conhecimentos prévios, 
porém inferiores aos conhecimentos expressos na categoria ótimo e acima da 
categoria pouco. Já a classificação pouco apresentava conhecimentos superiores a 
categoria ausente, porém inferior a categoria muito. A classificação que apresentou 
maior proporção foi pouco, enquanto a menos frequente foi do grupo com ótimos 
conhecimentos prévios. A distribuição completa encontra-se no gráfico 4. 
 
Gráfico 4 - Conhecimentos prévios das mães que participaram das atividades 
educativas, Salto de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. 
 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
18%
66%
13%
3%
Ausente Pouco Muito Ótimo
35 
Cada participante, independente do grau de instrução, citou em média 3,38 
dúvidas. Mães com nível superior ficaram bem atentas e participativas na atividade, 
porém, o maior grau de escolaridade não refletiu no grau de conhecimento prévio. 
Esse conjunto tinha a média de dúvidas um pouco acima da média geral, 3,43. 
Destaca-se o grau de complexidade em algumas indagações das componentes desse 
grupo, como distúrbio no desenvolvimento neuropsíquico e motor. Como pode ser 
visualizado na tabela 6, mães com o ensino fundamental incompleto foram as que 
tiveram menor número de dúvidas, uma média de 2,85 dúvidas por participante. Mães 
que já haviam tido experiências em outras gestações manifestaram 3,32 dúvidas por 
participante, número superior em relação as que tiveram seu primeiro filho, que contou 
com 3,21 questionamentos por indivíduo. 
 
36 
Tabela 6 – Média de dúvidas das mães distribuídas por nível de escolaridade, Salto 
de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. 
Escolaridade Média de dúvidas por participante 
Fundamental incompleto 2,85 
Fundamental completo 3,20 
Médio incompleto 3,52 
Médio completo 3,15 
Superior incompleto 3,86 
Superior completo 3,43 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
Pelo menos um quarto das participantes manifestaram dúvidas nos seguintes 
temas: febre, engasgo ou afogamento e choro constante. Ao confrontarmos em 
literatura internacional com os principais motivos que levavam os recém-nascidos em 
unidade de urgência, encontramos os mesmos itens dentro das doze principais 
citações do atual estudo12,17,18 choro constante, alergia, dificuldade na amamentação, 
refluxo ou vômito, dificuldade para respirar e icterícia. Nota-se que os dois itens mais 
citados na presente pesquisa, febre e engasgo ou afogamento, não foram 
mencionados com a mesma frequência em trabalhos usados como referência. Os 
itens elencados neste trabalho podem ser vistos na tabela 7. 
 
37 
Tabela 7 - Porcentagen de dúvidas das mães durante a intervenção educativa, Salto 
de Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. 
Patologia % 
N total de 
dúvidas 
Dúvidas em 
primíparasa 
Dúvidas em 
secundib/multíparac 
Febre 65,7 65 25 40 
Engasgo/afogamento 39,4 39 17 22 
Choro constante 33,3 32 16 16 
Alergia 24,2 24 10 14 
Rinorreia/Tosse 24,2 24 7 17 
Dificuldade na amamentação 19,2 19 6 13 
Refluxo/Vomito 14,1 14 2 12 
Cólica 13,1 13 6 7 
Dispneia 13,1 13 4 9 
Queda 9,1 9 1 8 
Dor 7,1 7 6 1 
Icterícia 7,1 7 2 5 
Convulsão 5,1 5 4 1 
Dificuldade em eliminações 5,1 5 0 5 
Mononucleose 4,0 4 2 2 
Dor de ouvido 4,0 4 1 3 
Alteração em umbigo 4,0 4 2 2 
Doença Cardiopulmonar 3,0 3 0 3 
Picada de inseto 3,0 3 1 2 
Outros 30,3 30 13 17 
TOTAL 315 122 193 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
a Primípara: Histórico de ter realizado um parto 
b Secundípara: Histórico de ter realizado dois partos 
c Multípara: Histórico de ter realizado três ou mais partos32 
 
38 
Chama atenção o grande número de mães que expressaram dúvidas de como 
classificar e de comoagir em caso de febre. Inclusive, o grupo de mães mais 
experientes, que já tiveram outros filhos, manifestou maior preocupação sobre o 
assunto (66,67%) em relação a mães primíparas (64,1%). Dentre as 99 mães 
questionadas, nenhuma sabia estabelecer corretamente qual temperatura deveria ser 
medicada, independente do grau de escolaridade. 
Decorridos 28 dias do nascimento uma nova entrevista foi feita, neste segundo 
momento 93 mães responderam às questões por telefone. Não se conseguiu 
estabelecer contato com seis das participantes. As respostas coletadas pelos 
questionários foram agrupadas em temas e quantificadas por sua frequência. Os 
temas abordados remetiam às percepções individuais de como a intervenção 
colaborou com os cuidados no recém-nascido. Os registros foram analisados pela 
Análise de Conteúdo.30 
Ao serem indagadas como se sentiram cuidando dos seus filhos a maior parte 
das mães entrevistadas manifestou otimismo de formas variadas. Ao dar liberdade 
para a mãe expressar mais de uma resposta, as afirmações favoráveis 
corresponderam 69,6% do total. Sendo o termo mais empregado nesse momento a 
palavra “bem”, outras respostas podem ser observadas na tabela 8. Expressões 
mencionadas apenas uma vez foram agrupadas na categoria outros. Uma das 
primíparas salientou que ela se sentia “como já tivesse outro filho” devido à 
experiência que a atividade educativa proporcionara para ela. Ainda durante este 
questionamento uma multípara relatou que mesmo com sua experiência a atividade 
proporcionou a ela aprender “algo novo” e outra ainda disse que todos os dias 
aprendia a cuidar melhor de seu filho. 
 
39 
Tabela 8 - Sentimento materno em relação aos cuidados dos seus filhos. Salto de 
Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. 
Sentimento materno em 
relação aos cuidados 
 
Manifestação N % 
Bem Favorável 38 38,0 
Segura Favorável 8 7,9 
Tranquila Favorável 7 6,9 
Capacitada Favorável 5 5,0 
Confiante Favorável 4 4,0 
Fácil Favorável 2 2,0 
Outros Favorável 6 6,0 
TOTAL Favorável 70 69,6 
Apreensiva Desfavorável 7 6,9 
Cansativo Desfavorável 5 5,0 
Preocupada Desfavorável 5 5,0 
Difícil Desfavorável 4 4,0 
Insegura Desfavorável 3 3,0 
Atarefada Desfavorável 2 2,0 
Outros Desfavorável 5 5,0 
TOTAL Desfavorável 31 30,4 
TOTAL 101 100,00% 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
Ao serem questionadas sobre a validade da atividade e se esta havia 
acrescentado algo em sua prática diária, todas as participantes expressaram 
aprovação. Foi dada liberdade para darem mais de uma resposta, as quais podem ser 
observadas na tabela 9. 
Algumas mães relataram ainda que passaram a ser replicadoras do 
conhecimento adquirido na maternidade. Divulgaram as informações para outras 
pessoas próximas ou até mesmo desconhecidas. Uma delas mencionou surpresa ao 
saber que em outras maternidades tal trabalho de orientação não era feito 
rotineiramente, pois o considerava “importantíssimo”. Esta mesma mãe fotografou o 
folheto explicativo (Anexo A) entregue na atividade e divulgou o seu conteúdo via 
aplicativo de comunicação para um grupo de puérperas distribuídas pelo território 
40 
nacional. Algumas das participantes desse grupo comunicou a ela que, em algumas 
situações, deixaram de levar seus filhos ao pronto atendimento devido sua orientação 
replicadora. 
A participação dos acompanhantes como ouvintes foi positiva, pois, algumas 
mães relataram que apresentaram dificuldade ao se depararem com o filho enfermo, 
porém, o acompanhante não apenas sabia manejar a situação, como também passou 
a divulgar o que aprendera. 
 
Tabela 9 - Percepção materna em relação à intervenção educativa, Salto de Pirapora, 
novembro de 2018 a fevereiro 2019. 
Percepção das mães em relação à 
Intervenção educativa 
 
N 
 
% 
Cuidar melhor 31 28,18 
Aprendi algo novo 26 23,64 
Segurança 17 15,45 
Evitar hospital 13 11,82 
Aprendi muito 7 6,36 
Mais tranquila 6 5,45 
Tirou dúvida 4 3,64 
Evitar multidão 2 1,82 
Observar mais 2 1,82 
Mais atenta aos problemas 1 0,91 
Válida 1 0,91 
TOTAL 110 100 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
Foi pesquisado também se os recém-nascidos tiveram algum 
comprometimento de sua saúde, quando estes se encontravam fora do ambiente 
hospitalar. Ocorreram 72 intercorrências em 61 pacientes, sendo o maior número de 
casos relacionados à engasgo. Esse problema foi citado por 18,06% do número total 
de mães. Todos as demais intercorrências constam na tabela 10. 
 
41 
Tabela 10 - Intercorrências domiciliares no período neonatal, Salto de Pirapora, 
novembro de 2018 a fevereiro 2019. 
Intercorrências em período neonatal N % 
Engasgo 13 18,06 
Cólica 11 15,28 
Obstrução nasal 11 15,28 
Refluxo 10 13,89 
Icterícia 6 8,33 
Tosse 6 8,33 
Manchas 3 4,17 
Assadura 2 2,78 
Choro frequente 2 2,78 
Febre 2 2,78 
Hérnia umbilical 1 1,39 
Espirros 1 1,39 
Náusea 1 1,39 
Evacuação diminuída 1 1,39 
Taquipneia 1 1,39 
Ausência de queda de coto umbilical 1 1,39 
TOTAL 72 100 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
Ao se depararem com alguma intercorrência as mães foram convidadas a 
expressar os seus sentimentos em relação aos casos. Das 45 respostas dadas 42,2% 
remeteram a um bom confrontamento, foram citados os sentimentos: tranquilidade, 
calma e segurança. Porém, mesmo com as orientações dadas em atividade, a maior 
parte das mães 57,8% não se sentiram plenamente capacitadas para lidar com a 
situação. A totalidade dos sentimentos, inclusive os negativos, estão na tabela 11. 
 
42 
Tabela 11 – Sentimento materno ao se deparar com filho enfermo, Salto de Pirapora, 
novembro de 2018 a fevereiro 2019. 
Sentimento ao deparar 
com filho enfermo 
 
Confrontamento N % 
Preocupada Desfavorável 18 40,0% 
Ansiosa Desfavorável 2 4,4% 
Nervosa Desfavorável 2 4,4% 
Desesperada Desfavorável 1 2,2% 
Dúvida Desfavorável 1 2,2% 
Impotente Desfavorável 1 2,2% 
Incomodada Desfavorável 1 2,2% 
TOTAL Desfavorável 26 57,8 
Tranquila Favorável 12 26,7% 
Calma Favorável 5 11,1% 
Segura Favorável 2 4,4% 
TOTAL Favorável 19 42,2 
TOTAL 45 100,00% 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
Em seguida, foi perguntado de que forma as mães lidaram com as 
intercorrências. Elas informaram que inicialmente, seguindo orientação recebida na 
intervenção educativa, algumas condutas foram tomadas com o intuito de postergar a 
procura por serviço em unidade de saúde. Como exposto na tabela 12, a observação 
da evolução do caso foi feita por quase metade da população com os maiores níveis 
de estudo. Das 72 intercorrências referidas, 62 delas foram conduzidas, pelas mães, 
na residência, sem necessidade de levar o bebê à unidade de urgência, número que 
representa 86,11% dos distúrbios. 
Nota-se que todas as mães que se depararam com engasgo, conseguiram 
desengasgar os seus filhos, após aprenderem a técnica adequada durante a 
intervenção educativa. As mães que usaram medicação (colikids®, pomada e 
simeticona®), sem orientação médica, assim o fizeram devido experiência prévia com 
a medicação ou da recomendação de pessoas próximas. 
 
43 
Tabela 12 - Atitude materna mediante intercorrência com o seu filho, Salto de 
Pirapora, novembro de 2018 a fevereiro 2019. 
Atitude materna mediante intercorrência N % 
Observei 30 48,4 
Desengasgar 13 21,0 
Lavagem nasal 5 8,1 
Banho de sol 3 4,8 
Olhou o folheto 3 4,8 
Simeticona® 3 4,8 
Inalação 2 3,2 
Colikids® 1 1,6 
Massagem 1 1,6 
Pomada 1 1,6 
TOTAL 62 100 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
Ainda assim, alguns casos foram conduzidos posteriormente às unidades de 
saúde do município, sendo oito casos no pronto atendimento da Santa Casa de Salto 
de Pirapora e um caso no Centro de Saúde. O diagnóstico mais frequente foi problema 
respiratório leve, presente em cinco casos. Nessa situação foi recomendada apenas 
inalação e lavagem nasal. Outros casos foram icterícia, descamaçãonatural da pele, 
cólica do recém-nascido e dermatite. Apenas o caso de icterícia precisou de 
internação para o tratamento. Uma das mães relatou que apesar de ter levado o filho 
em Pronto Atendimento o conteúdo aprendido foi importante para deixá-la menos 
preocupada. 
Devido as orientações, vinte e uma mães com filhos enfermos afirmaram que 
deixaram de levar os seus filhos em pronto atendimento, pois, após a atividade, 
sabiam como conduzir as intercorrências e dos riscos em expor um recém-nascido 
em uma unidade com alta circulação de patógenos. Para melhor detalhar a 
repercussão do fluxo de pacientes na unidade terciária foi levantado, através do 
sistema de dados hospitalar da Santa Casa de Salto de Pirapora, o fluxo de neonatos 
nos meses de intervenção, bem como nos respectivos meses dos anos anteriores. 
44 
 Com o intuito de ter uma análise mais sólida, foram consideradas informações 
de um e de dois anos anteriores à intervenção. Quando comparado o número total de 
nascidos vivos desses períodos, os dados de nascimentos de dois anos precedentes 
à intervenção apresentaram características mais próxima ao do momento do estudo, 
sendo 92 os nascimentos de dois aos anteriores e 101 nascimentos no ano da 
pesquisa em contraste com 138 de um ano precedente. A distribuição mensal dos 
nascidos vivos está exibida na tabela 13. 
 
Tabela 13 - Nascidos vivos, no período de 2016 à 2019. Salto de Pirapora. 
Meses 2016-2017 2017-2018 2018-2019 
Novembro 20 29 30 
Dezembro 23 34 16 
Janeiro 21 40 26 
Fevereiro 28 35 29 
TOTAL 92 138 101 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
Como o trabalho tem como intenção analisar os primeiros 28 dias de vida, o 
acompanhamento do número de pacientes na urgência da Santa Casa foi feito até o 
vigésimo oitavo dia do mês de março. Como descrito na tabela 14, o fluxo total de 
atendimento de neonatos no pronto socorro de novembro de 2016 até março de 2017 
foi de 38 recém-nascidos, de novembro de 2017 a março de 2018 foi de 59 recém-
nascidos e no período do projeto foram atendidos 22 recém-nascidos. Dados estão 
distribuídos entre a faixa neonatal precoce, a qual se estende até o sexto dia de vida, 
e o tardio, o qual compreende do sétimo ao vigésimo oitavo dia de vida.33 
 
45 
Tabela 14 - Fluxo de atendimentos de recém-nascidos no Pronto Socorro. Salto de 
Pirapora. 
Fluxo 2016-2017 2017-2018 2018-2019 
Períodos 
0-6 
dias 
7-28 
dias 
Total 
mês 
0-6 
dias 
7-28 
dias 
Total 
mês 
0-6 
dias 
7-28 
dias 
Total 
mês 
Novembro 1 6 7 3 11 14 0 6 6 
Dezembro 0 7 7 2 16 18 0 3 3 
Janeiro 2 8 10 4 7 11 0 2 2 
Fevereiro 0 5 5 0 11 11 1 3 4 
Março 2 7 9 0 5 5 1 6 7 
TOTAL 5 33 38 9 50 59 2 20 22 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
 
Ao fazer a verificação das informações no sistema hospitalar, foi observado que 
o dia de nascimento dos pacientes não constava nos registros. Nos neonatos a idade 
era classificada em zero meses. Dessa forma, não foi possível precisar se a mãe do 
recém-nascido, que passara em atendimento em novembro, tinha feito parte do grupo 
intervenção ou se o paciente em questão havia nascido em outubro. Problema 
semelhante ocorreu ao levantarmos dados de março. Não era possível caracterizar 
se o paciente que passou em atendimento no terceiro mês do ano nascera nesse mês 
ou se havia nascido ainda em fevereiro, quando estava ocorrendo a intervenção. Essa 
questão foi levada para avaliação estatística, que verificou que ainda seria possível 
fazer a análise, mesmo com a exclusão parcial do material. Dessa forma foram 
compilados os dados presentes na tabela 15. 
 
Tabela 15 – Número de recém-nascidos atendidos pela urgência, Salto de Pirapora, 
dezembro de 2016 a fevereiro 2019. 
Dezembro, janeiro e 
fevereiro 
2016- 
2017 
 % 2017-
2018 
 % 2018-
2019 
 % 
Procura pela urgência 22 30,5 40 36,7 9 12,7 
Não procurou urgência 50 69,5 69 43,3 62 87,3 
TOTAL 72 100 109 100 71 100 
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019). 
46 
Baseados nos dados presentes na tabela 15, ao comparar o período de 
intervenção com dados do ano anterior a análise apontou que a intervenção teve 
relevância significativa para diminuir o fluxo em atendimento terciário. Obtendo 
Fisher's exact 0.001.31 O mesmo ocorreu ao compararmos dados de dois anos 
anteriores ao estudo com Fisher's exact 0.014.31 
A proporção de quem procurou o pronto atendimento foi de 36,7% no ano 
anterior à intervenção e de 30,56% dois anos antes. Sendo reduzida para 12,68% 
após a realização da intervenção. Uma redução média de 21,3% ou 15,12 pacientes 
no ano de estudo. Refletindo em uma economia de R$714,72 ao município ao 
tomarmos como referência o Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos 
do SUS.11 Após a elaboração do folheto educativo, cada real investido no projeto 
apresentou o retorno foi de R$ 14,29. Se considerarmos que a confecção do material 
usado na atividade tende a ser barateado, quando produzido em grande quantidade, 
o retorno pode ser multiplicado. Se extrapolarmos esses dados para a esfera federal, 
tomando como base o número de nascidos em 2017,34 a economia seria de 
R$29.435.641,38. 
 
47 
6 DISCUSSÃO 
 
O tempo médio que cada pessoa participou da atividade foi de 
aproximadamente 40 minutos. Quando a orientação era individual, onde existia 
apenas a interação da mãe com o pesquisador ou colaborador, o tempo aproximado 
foi de 30 minutos. Nestes intervalos alguns participantes apresentavam desatenção. 
Esta foi a segunda maior dificuldade presente na execução do projeto. Atividades mais 
longas poderiam elevar o número de desatentos, e assim, comprometer a capacitação 
da população. Contudo, no estudo descrito por L. Pinto orientações de 50 minutos 
também apresentaram boa absorção do conteúdo.2 
Após a análise dos dados, pode-se concluir que as informações sobre as 
principais intercorrências e a forma que as mesmas deveriam ser abordadas tiveram 
impacto positivo em diminuir a procura pelo serviço de urgência, assim como ocorreu 
em estudo de Kubicek et al.6 As mães declararam estarem mais capacitadas, tendo 
uma percepção favorável sobre os cuidados que devem ser dados a seus filhos. 
A proporção materna de gestantes idosas foi de 13,13% e as adolescentes 
14,14% dados semelhantes aos encontrados no estado de São Paulo em 2017, 
quando 14,5% das mães eram idosas e 12,10% adolescentes. Os dados nacionais 
são 14,43% de idosas e 16,45% adolescentes. O intervalo de mães entre 20 e 34 anos 
no estudo foi de 72,72% enquanto no estado de São Paulo foi de 73,4%, e no Brasil 
69,12% prevalecendo como maior grupo.35 
O nível educacional do município é superior ao observado ao nacional. 
Enquanto 13,13% da população de Salto de Pirapora tem nível fundamental 
incompleto a brasileira tem valores acima de 18%. Em relação a educação igual ou 
superior a 12 anos o município apresenta valores superiores à 53% das mães nesta 
condição, enquanto no Brasil encontramos apenas 20% da população.36 
A interação entre os participantes dos grupos e com o interventor foi positiva 
em 77% dos eventos. Estabelecendo como ótimo em 22% e boa em 50% das 
oportunidades. A dinâmica proposta através da dialogicidade estabelece um cenário 
propício para a interação dos participantes, como levantado por L. Silveira e V. 
Ribeiro.37 Interação regular e ruim foram observadas em conjunto em apenas 28% 
dos casos, cabendo a classificação ruim a menor proporção, 6%. Outro dado favorável 
a dinâmica foi o elevado nível de atenção de suas participantes. As atentas 
corresponderam a 77% enquanto as desatentas foram apenas 23%. A participação 
48 
através de questionamentos de forma espontânea e ou manifestação de opinião na 
intervenção coletiva esteve presente em 61% dos grupos enquanto comportamento 
mais passivo foi visto em 39% dos casos. 
Os conhecimentos prévios observados nos grupos foram escassos.Pelo 
levantamento 66% dos grupos apresentava pouco conhecimento enquanto ausência 
deste esteve presente em 18%. Muitos e ótimos conhecimentos prévios totalizaram 
16%, respondendo respectivamente por 13% e 3% dos grupos. Segundo dados 
encontrados por K. Rolin et al. os conhecimentos prévios de gestantes moradoras de 
regiões carentes de Fortaleza são limitados e empíricos,38 características também 
observadas no presente estudo. 
Ao se depararem com os filhos doentes, 40% das mães ainda dizem estarem 
preocupadas, porém desenvolveram uma maior capacidade de intervir ainda no 
ambiente domiciliar diminuindo, dessa forma, a exposição de seus filhos à ambientes 
com maior circulação de patógenos, mesmo que estes sejam hospitalares. A vivência 
real das situações abordadas de forma teórica ainda gera ansiedade e expectativa, 
porém não desqualifica a atividade. A intervenção teve êxito em melhor capacitar as 
mães a identificarem situações que gerariam demanda pelo serviço de urgência, 
sendo que 86,11% das intercorrências foram cuidadas em ambiente domiciliar. 
Relatório do Banco Mundial corrobora que a elevação dos níveis de instrução, torna o 
indivíduo mais habilitado para promover a sua própria saúde e a da sua família.39 
A diminuição da procura à assistência terciária também reflete em economia ao 
município, que deixa de gastar insumos hospitalares para pacientes com baixo 
comprometimento de sua saúde, além de deixar mais tempo disponível para que os 
profissionais de saúde o gastem em casos que demandam maior atenção. A 
ampliação da educação e aumento das informações é um dos fatores responsáveis 
pela diminuição do ônus econômico imposto pelos doentes segundo o Banco 
Mundial.39 
Todas as mães aprovaram o modelo de execução da intervenção. Aplicar a 
atividade à beira do leito, deixando a mãe próxima ao seu filho, diminuiu um fator de 
desatenção e permitiu a ampliação da atividade para os acompanhantes. Essa 
abordagem demonstrou ser eficiente, já que diversas pessoas próximas dos recém-
nascidos também aprenderam como agir frente às principais intercorrências neste 
período. Estes passaram a ser suporte para as mães, além de, também, agirem como 
replicadores dos conhecimentos adquiridos. 
49 
Foi observado que os grupos que tiveram melhor aproveitamento eram 
compostos por quatro mães, o que pode orientar a execução da atividade em 
instituições com maior fluxo de atendimento. Para instituições de menor fluxo, nas 
quais a alta é dada após 48 horas de vida, seguindo a recomendação da Sociedade 
Brasileira de Pediatria, a atividade pode ser feita eventualmente a cada dois dias de 
forma a concentrar maior número de participantes e interferindo menos na rotina das 
equipes que ficariam responsáveis pela execução. Atividades com grupos compostos 
por 20 indivíduos tendem a ser mais trabalhosa pois a comunicação entre os 
indivíduos passa a ser segregada.40 
 Nas atividades onde o pesquisador ou colaboradores interagiram com apenas 
um participante o tempo destinado a atividade foi menor, ao mesmo tempo este foi o 
grupo que menos apresentou dificuldades durante a sua execução. Apesar de não ter 
oportunidade de relacionar-se com outras mães a relação com o pesquisador foi 
satisfatória em 72,41% das ocasiões. 
A despeito deste trabalho atuar com a faixa etária neonatal, as intercorrências 
e orientações não foram restritas a esta faixa etária. Dessa forma, os benefícios 
levantados acima podem se estender para crianças maiores expandindo a sua 
repercussão nos indicadores de saúde, podendo ser mensurada em futuras 
aplicações do modelo de estudo. Apesar das dúvidas levantadas pelas participantes 
no contexto do município serem semelhantes às encontradas na literatura,6,17,18 a 
região apresenta preocupações distintas sobre alteração no estado de saúde dos 
recém-nascidos. Estas devem ser apreciadas para futuras intervenções, tais como 
reformulação do folheto educativo e dos temas que devem ser abordados em 
atividade educativa. 
Embora não ter tido a mesma relevância na literatura pesquisada, a presença 
de preocupações e dúvidas em relação ao engasgo esteve bastante presente na 
população estudada, sendo mencionado por 39,39% das mães. As principais dúvidas 
remetiam a forma correta de proceder o desengasgue, visto que parcela significativa 
da população não tem conhecimentos básicos sobre o tema.41 Esta foi a intercorrência 
mais comum entre os recém-nascidos acompanhados ao longo do estudo, atingindo 
13 indivíduos. Com a orientação dada em atividade, todos os casos foram revertidos 
de forma satisfatória, o que demonstra o impacto positivo das orientações. 
50 
Chama atenção o grande número de mães que apresentam apreensão e 
incerteza em relação a febre, evento este comum na infância. Foi citado por 65,66% 
das mães independentemente de já terem tido experiência com outros filhos. Segundo 
A Gomide et al. os profissionais da saúde seguem sendo a maior referência de fonte 
de informações para os familiares. Ainda, segundo o autor, o desconhecimento do 
valor normal da temperatura, da forma adequada de aferição e do uso correto de 
medidas para reduzir a temperatura, são amplos.42 O que expressa que esse assunto 
precisa ser melhor abordado pelos profissionais que prestam assistência à saúde 
infantil. Concepção semelhante foi levantada por L. Wannmacher e M. Ferreira, que 
indicam que os profissionais de saúde, através de devidas orientações, podem reduzir 
a febre fobia.43 
A elaboração do folheto explicativo foi um facilitador para promover melhor 
compreensão e retomada do conteúdo abordado em atividade educativa. Segundo 
dados levantados por E. Nascimento et al. folhetos explicativos são capazes de 
nortear ações de cuidados em domicílio, além de contribuir para o desenvolvimento 
da capacidade de interferência do cuidador frente a uma intercorrência. Parte 
considerável dos folhetos distribuídos são lidos e em aproximadamente metade das 
vezes são repassados para pessoas que também são responsáveis pela execução 
dos cuidados.44 É importante que este veículo tenha diagramação, vocabulário e 
conteúdo adequados para poderem desempenhar apropriadamente o seu papel. A 
elaboração de vídeo educativo poderia ter maior alcance e abrangência. 
A literatura sobre orientações prestadas por pediatras nas maternidades é 
limitada. A educação em saúde é mais presente na área da enfermagem, abordando 
predominantemente cuidados gerais, focados em higiene e amamentação. Essa 
observação pode sugerir uma deficiência na instrução sobre alterações no estado de 
saúde dos recém-nascidos e forma adequada de abordagem para as responsáveis, 
que poderia ser revertida por ambos profissionais. 
 
51 
7 CONCLUSÃO 
 
 Comparada com a média dos dois anos anteriores, a intervenção feita durante 
o presente estudo mostrou eficiência em diminuir a procura dos pais pelo pronto 
socorro em 21,3% dos casos. Essa diminuição relaciona-se com uma economia 
financeira promovida pelo menor uso dos insumos hospitalares e por melhor 
aproveitamento dos profissionais da saúde. 
 A capacitação das mães, através da dialogicidade, demostrou ser eficiente, 
permitindo boa fixação do conteúdo e execução das recomendações sobre as 
principais intercorrências no período neonatal. A reformulação da atividade, para ser 
executada na beira do leito, permitiu que mais pessoas próximas ao recém-nascidos 
fossem capacitadas, ampliando o seu alcance. Mães consideraram ter aperfeiçoado 
os seus conhecimentos através da atividade o que refletiu nos cuidados domiciliares 
promovidos em 86,11% das intercorrências. 
 O levantamento das dúvidas nesta população demonstrou que febre é a 
principal preocupação e geradora de angústia. Outros temas bastante prevalentes são 
engasgo ou afogamento, choro constante, alergia e rinorreia ou tosse. Dessa forma, 
o conteúdo a ser explorado pode ser norteado de forma mais abrangente

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