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TCC Sistema Prisional Brasileiro

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19
UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI
Antonio Marculino A. Pereira
Sistema Penitenciário do Brasil: Alternativas ao caos do sistema prisional brasileiro.
Crato-CE
2023
Antonio Marculino A. Pereira
Sistema Penitenciário do Brasil: Alternativas ao caos do sistema prisional brasileiro.
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Curso de Direito Universidade Regional do Cariri para obtenção de título de Bacharel em Direito.
Crato-CE
2023
	
RESUMO
O presente estudo, aborda as características e problemáticas do Sistema Penitenciário no Brasil, buscando analisar como as penas são vistas pela sociedade e como são estruturadas na Lei de execuções penais que sofre com fatores como: ociosidade, superlotação dos presídios e deficiências estruturais que tornam o trabalho de ressocialização ainda mais difícil, que é a primazia da Lei de Execuções Penais. Não obstante, é sabido que o objetivo de uma sanção impostas a uma pessoa é a prevenção de futuros delitos e a ressocialização, porém também é nítido que tais objetivos não se concretizam devido a difícil realidade carceraria no Brasil, suprimindo direitos básicos do apenado, como por exemplo a simples higiene do corpo. Dessa forma, os presídios se tornaram análogos à calabouços, onde a violência e a proliferação de doenças se tornam rotineiras, com isso e por fim, serão expostas no presente texto medidas que sejam uma alternativa ao caos do sistema prisional brasileiro. O método utilizado no presente trabalho é o dedutivo, e o tipo de pesquisa bibliográfica e documental, pois consiste na análise de livros, artigos científicos, legislações e jurisprudências. 
Palavra-chave: Sistema Penitenciário. Ressocialização. Diretos Constitucionais. Medidas Alternativas.
ABSTRACT
.
Keyword: Penitentiary System. Resocialization. Constitutional Rights. Alternative Measures.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	6
1 O SISTEMA PRISIONAL	8
1.1 Parte histórica	8
1.2 Evoluções das penas	9
1.3 Aspectos gerais da sanção penal	15
2 EXECUÇÃO PENAL, DIREITOS DOS APENADOS	19
2.1 Finalidade da pena	19
2.2 Conceito e objetivos da execução penal	20
2.2.1 Princípios da execução penal	22
2.3 Direitos dos apenados	25
3 INEFICÁCIA DO SISTEMA	30
3.1 Caos nas penitenciárias	30
3.2 Estado de coisas inconstitucionais	31
3.3 Remição da pena	33
3.3.1 Remição da pena para reparação do dano ao detento	35
3.4 Medidas alternativas do cumprimento de penas	37
CONSIDERAÇÕES FINAIS	40
REFERÊNCIAS	42
INTRODUÇÃO
Este trabalho, tem por objetivo primordial demonstrar meios alternativos para mitigar o caos que na hodiernidade se instala nos presídios brasileiros, como por exemplo a remição de algumas penas e medidas alternativas de cumprimento das mesmas, como meios indispensáveis de amenizar a realidade atual, citando suas benfeitorias e de como elas poderiam beneficiar os apenados, aliviando problemas como super lotação. Esse debate é de suma importância, visto que com essas medidas podemos garantir uma maior efetividade do sistema, gastando menos do que é gasto hoje e ainda reduzindo os níveis de reincidência. 
A Lei de Execução Penal foi promulgada em 1984, sendo garantidora de vários direitos aos encarcerados, objetivando a ressocialização. Na atualidade, a exigência dessas garantias na totalidade não é possível, seja pelo elevado número de detentos ou até mesmo a falta de organização nos presídios, dessa forma é necessário que, no primeiro momento do trabalho seja realizada uma análise sobre a parte histórica no que se refere a pena, bem como outras generalidades pertinentes a sua evolução, e mencionando os tipos de sanções penais existentes para que possamos entender de onde nós partimos e onde queremos chegar na busca pelo bem estar social e ressocialização nos presídios, comparando tais evoluções com outras culturas.
No segundo capítulo é feito uma pesquisa sobre a finalidade da pena, conceituando-a, bem como demonstrando os objetivos da execução penal, além disso, ainda é relatado os direitos dos apenados e os princípios que os regem, e, por essa perspectiva, torna-se evidente que os sistemas penais não prestam o mínimo suporte para que o preso cumpra sua pena, nem alcance uma possível educação. Deixando evidente que, com aplicação de tais medidas, os casos de reincidências teriam uma queda, além disso o detento teria uma maior chance de ser inserido de forma mais adequada ao meio social.
Outro ponto de grande relevância apresentado na pesquisa, diz respeito as garantias legais durante a execução da pena. No atual sistema, quando o indivíduo é preso, ele não perde somente a liberdade, mas também os seus direitos fundamentais que lhe foram imputados na sentença, como exemplo, dos direitos dos presos pode-se citar a assistência material, à saúde, educacional, jurídica, social e religiosa, o direito a uma audiência especial com o diretor do estabelecimento, e o atestado de pena mostrando o quanto falta para ser cumprida por aquele indivíduo. Direitos esses garantidos pela Constituição e expressos na Lei de Execuções Penais.
 Ademais, fica claro que os estabelecimentos públicos não cumprem sua real função, tornando-se um lugar de aperfeiçoamento de criminosos, de tal modo, vários princípios expressos ou implícitos no Art. 5º da Constituição Federal são claramente desrespeitados.
Por fim, chegamos ao último capítulo, que versa sobre o caos no sistema penitenciário, mencionando o estado de coisas inconstitucionais, e apresentando alternativas de cumprimento diferenciado de pena, como é citado a remição, que por sua vez, é um modo do apenado abreviar seu período de cárcere pela prática de estudo, trabalho ou leitura. Além disso, ainda é exposto as medidas de cumprimento de pena, caracterizadas por serem substitutivas da pena privativa de liberdade, visando o mesmo objetivo, que é a ressocialização.
Serão salientadas as deficiências em relação as estruturas dos estabelecimentos, as condições sobre-humanas em que os apenados vivem no seu dia a dia, a superlotação nas celas, o abandono das autoridades competentes, por conseguinte, os criminosos vêm tomando posse dos presídios, aumentando a quantidade de rebeliões internas.
O método utilizado no presente trabalho é o dedutivo, e o tipo de pesquisa bibliográfica e documental, pois consiste na análise de livros, artigos científicos, legislações e jurisprudências, afim de apresentar alternativas que possam melhorar a atual situação do sistema penitenciário do Brasil. 
1 O SISTEMA PRISIONAL 
1.1 Parte histórica
O Direito Penal surge com o indivíduo e o acompanha através de toda sua história até os dias atuais. Desde as primeiras eras, o homem sempre buscou alguma forma de punir condutas, fatos que não eram aceitos em seu meio social. Contudo, nos primórdios não se pode falar de um conjunto de regras, nem muito menos de leis organizadas, ou de princípios penais que buscassem uma ordem social. 
Devemos lembrar que se tratava de épocas em que as pessoas dispunham de um conhecimento muito limitado, podemos considerar que tais indivíduos eram dominados pelo instinto, pois acreditava-se que tudo que acontecia ao redor de todos tinha uma mão divina sobre tal situação. Doenças, calamidades, pragas, guerras, secas, más colheitas, qualquer acontecimento que pudesse causar um dano ou algum mau aos indivíduos dessa época, era considerado resultante de forças divinas.
Com o tempo, surgiu uma série de regras que não poderiam ser desobedecidas, tais preceitos tinham como intuito punir um fato que exigiria uma solução, a pena era muito mais uma vingança propriamente dita, interpretada como uma forma de revide, e não como uma forma de punição para os indivíduos que cometeram atos faltosos a época. Em consequência disso, pelo fato de não existir qualquer ordem a esse meio social, tal vingança era até mesmo desproporcional com a ofensa que era recebida, assim, o ‘’culpado’’ acabava pagando uma pena maior do que lhe era de fato merecido. 
De acordo com o autorNORONHA (2009, p. 78), em sua obra Direito Penal:
A pena em sua origem era considerada como uma vindita, pois naquela época pode se compreender que naquelas criaturas, dominadas apenas pelo instinto, o revide à agressão sofrida deveria ser total, deixando de existir qualquer preocupação com a proporção da agressão sofrida e muito menos pensar-se em justiça.
Com o passar dos tempos, com a evolução do intelecto, as pessoas principiaram a desenvolver ideias e conceitos que acabaram moldando o reconhecimento e a responsabilidade por parte dos infratores, e os punindo em razão de suas condutas. No começo de formas bem primitivas, mas se aprimorando nos anos subsequentes.
1.2 Evoluções das penas 
As penas com o decorrer dos anos passaram por uma série de mudanças, e vem sofrendo um processo de evolução. Comparada com as novas civilizações, pode-se perceber que elas foram influenciadas por diversos fatores diferentes, as religiões, culturas muito distintas e seus modos de pensar com alteras divergências. Com isso foi se moldando paulatinamente com inúmeras adversidades até chegar ao que conhecemos nos dias atuais. O que podemos perceber em todas essas situações, é que em todas elas, a pena sempre foi tida como primeira forma de resolução para qualquer tipo de problema eminente. 
Por conseguinte, podemos citar algumas fases que foram atravessadas e algumas civilizações que constituíram de extrema importância para chegarmos ao que conhecemos hoje. 
De acordo com os autores Júlio Fabrini Mirabete (2007) e Vicente de Paula Rodrigues Maggio (2009) podemos distinguir algumas fases enfrentadas pela pena, e como primeira podemos citar a Fase da Vingança Penal, que se subdivide em vingança privada, vingança divina e vingança pública. 
Na privada quando ocorria algum fato considerado criminoso pela época, o revide, a pena imposta ao autor do ato, poderia ser efetuado pela vítima da ofensa, qualquer pessoa da sua família, ou até mesmo do meio social (seu grupo, ou tribo que participava), e como já explanado anteriormente, sem qualquer proporção à ofensa recebida, podendo atingir ao ofensor, sua família ou grupo social que participasse, mostrando mais uma vez o quanto desproporcional eram as punições, chegando a atingir muitas vezes indivíduos que nada tinha a ver com o fato.
Posteriormente, tal pena começou a ter certos tipos de limitações, e passaram ao entendimento de que tais punições deveriam ser proporcionais a ofensa recebida, de modo que já é possível vislumbrar um começo de ordem em meio a esses indivíduos. Surge assim o famoso Código de Hamurábi com origem Babilônica, com intuito de evitar que várias tribos e grupos sociais simplesmente desaparecessem em decorrência das penas que eram estendidas a eles.
Em decorrência do aparecimento do código, a reação ao agressor limitava-se a um mal idêntico ao praticado, nada mais, nada menos, dando origem a famosa frase ‘’ sangue por sangue, olho por olho, dente por dente’’, conhecida até hoje. Foi um grande avanço histórico no que se diz respeito à pena, pois começou certa ordem, além de mostrar os fatos que não eram permitidos, também limitava o que poderia ser feito em relações a punição ao agressor, mesmo ainda sendo muito dura, não era mais tão ampla, como a de tempos anteriores. 
Ainda nessa fase, podemos falar também da chamada ‘’ composição’’ que nada mais era que uma pena alternativa de tal época, possibilitando ao indivíduo outra saída para o seu castigo, podendo ele de certa forma comprar sua liberdade com algum bem, alguma arma, animal, que lhe pertencesse. Meio esse adotado por muitas outras culturas, podemos notar que ela como propulsora do que chamamos hoje em nosso ordenamento de indenização no Direito Civil e multa no Penal.
A chamada Fase Divina, foi marcada pela grande influência que a religião da época teve no que diz respeito à vida das pessoas, e seu modo de enxergar as coisas. O Crime, ou qualquer coisa que fosse contra a satisfação dos Deuses, era repugnado, e começaram a surgis castigos e oferendas, feitos para acalmar ou satisfazer a vontade divina. Penas cruéis e desumanas eram muito comuns, com fito de intimidar, mostrando para os demais indivíduos daquele grupo o que era considerado repugnante ao Deus local, e o que aconteceria com aqueles que fossem contra suas vertentes divinas.
Com relação a essa questão de penas cruéis, o autor Michel Foucault, em sua obra Vigiar e Punir (2002 p. 12) faz alusão a tal pensamento: ‘’ É uma pena corporal, marcado por esquartejamento, amputação de membros, marcas simbólicas no rosto e uma exposição do condenado vivo ou morto a um dado espetáculo em praça’’. 
Na Fase da Vingança Pública, existia uma maior organização social, ainda com penas extremamente severas, com os mesmos objetivos de intimidações para o não cometimento de delitos, com um objetivo de resguardar a soberania do Estado, e a segurança da realeza. Assim, o Estado usava a religião para a proteção dos seus reis, príncipes, rainhas e princesas, tornando-os figuras intocáveis, que governavam em nome de Deuses, fazendo com que não pudessem ser desobedecidos ou contrariados, e quem fizesse isso, seria uma afronta divina, tendo assim que sofrer as penas cabíveis ao infrator. Tudo isso teve grande influência no absolutismo da monarquia, postergando os direitos humanos que as demais pessoas só vieram a ter muito tempo depois.
Como ponto positivo, percebemos que mesmo com tantas penas cruéis e adversidades, começamos a responsabilizar o indivíduo pessoalmente, ele próprio e somente ele como o autor do fato, o que para a época poderíamos considerar um grande avanço no que diz respeito à responsabilidade penal.
Em se tratando de civilizações podemos citar algumas que influenciaram o direito penal diretamente, e entre elas estão os Hebreus, os quais tiveram uma ideia de substituição de pena, muito vista nos dias de hoje, que se dava pela possibilidade de substituir sua punição por uma multa, ou até mesmo prisão, sem a possibilidade de trabalhos forçados, como também surgimento de algumas garantias, ainda que rudimentares, a favor do acusado. Podemos enfatizar que eles dividiram os crimes em espécies, mais precisamente em duas, as contra as divindades, que eram as mais gravosas, e as contra seus semelhantes. 
No que se diz respeito à civilização Romana, que no século 753 A.C contribuiu para o direito com uma técnica jurídica avançada, discutindo sobre erro, culpa e dolo cometido pelo infrator, assuntos como a legitima defesa, imputabilidade, agravantes e atenuantes já eram debatidos em tal cultura, e com base em todas essas informações, dava a pena adequada ao indivíduo.
Diferentemente do Romano, o Direito Germânico, não levava em consideração dolo, culpa ou caso fortuito, eles somente puniam o dano em sua proporcionalidade, e nada mais.
Na cultura canônica, existia uma influência muito predominante do cristianismo, também podendo ser chamada de Direito Penal da igreja. Tinha como grande raiz o medo dos indivíduos para o não cometimento de pecados, a fim de não serem punidos. Entretanto, o Direito Canônico contribuiu ferozmente para a humanização das penas, apesar de seus interesses serem outros. Foram aqui os primeiros discursos em que se falava em igualdade entre as pessoas, como também procurou banir algumas práticas consideradas por eles ineficazes, como os duelos judiciários. Promoveu a mitigação da pena e foi uma das propulsoras em se tratando de penas privativas de liberdade, a regeneração das pessoas que eram arrependidas pelos seus crimes e atos contrários à suas políticas. 
Contudo, com o tempo, a igreja católica, juntamente com o cristianismo, alcançou poderes exorbitantes em meio a toda a sua sociedade, tornando-os grande fonte de poder. Assim surgiu a famosa Inquisição, que nada mais era que uma espécie de missão, executada por fanáticos, com o objetivo de punir crimes contra a fé, transformando a idade média em uma verdadeira história de terror. Período marcado por penas de mortes, executadas das formas mais cruéis, na fogueira, porafogamento, tortura, fome, visando intimidar e mostrar poder para todo aquele que não seguissem à risca o catolicismo, uma verdadeira ‘’ caça às bruxas’’. 
Tornando-se assim um retrocesso na história, pois para que um indivíduo fosse condenado, não era necessário o mínimo de provas, como também não era lhe permitido a menor chance de poder se defender, e em muitas vezes nem saber o fato pelo qual estaria sendo acusado, tornando as penas mais uma vez, incertas.
Posteriormente, podemos vislumbrar o período humanitário, no decorrer do iluminismo, onde buscou uma nova formação de justiça, e uma revitalização da administração pública, com o implemento de novas ideias. Nessa época, no século XVII, Cesare Beccaria publicou seu livro ‘’ Dos Delitos e das Penas’’, onde prega uma forma distinta de justiça, com limitações, fugindo do antigo modelo incerto, e sem o mínimo de justiça para os acusados, levando e sempre em consideração a moral, de forma proporcional, e com um fim utilitário e político. 
Beccaria se expressa sobre tais atos em sua obra, Dos Delitos e das penas (1764, p. 201): ‘’ É que para ser um ato de violência contra o cidadão, a pena deve ser essencialmente pública, pronta, necessária, a menos das penas aplicáveis nas circunstâncias dadas, proporcionadas ao delito e determinada pela lei.’’. 
Beccaria foi um dos primeiros a enfatizar o quão é importante educar as crianças, para que elas posteriormente não pudessem se envolver com o ‘’ mal’’, sendo assim uma forma de prevenção de possíveis futuros infratores, pensamento muito evoluído para tal época.
Nas palavras de BECCARIA, em sua obra Dos Delitos e das Penas, (1764, p.190): 
É melhor prevenir os crimes do que ter de puni-los; e todo legislador sábio deve procurar antes impedir o mal do que repara-lo, pois uma boa legislação não é senão a arte de proporcionar aos homens o maior bem-estar possível e preserva-los de todos os sofrimentos que lhe possam causar, segundo os cálculos dos bens e dos males desta vida. 
Assim, chegamos à Escola Clássica, período este muito influenciado pelo iluminismo, e seus famosos autores, como Beccaria, já citado anteriormente, e também outro grande influenciador da época, o chamado Francesco Carrara. Nessa era acreditava-se que para o cometimento de um crime, o indivíduo estaria diretamente influenciado por duas forças: a física, que são os movimentos efetuados pelo corpo no momento do fato, e a moral, que se trata da vontade livre e de maneira consciente a pratica do ato por parte do indivíduo. O sujeito possui o livre-arbítrio de fazer o que ele bem entender, assim são necessárias penas, para que eles não usem de maneira errônea tal direito, causando danos ao Estado ou ao seu semelhante. 
Podemos notar que tal época, não tem a mínima preocupação com a ideia de prevenção do crime, assim tem as penas como forma de intimidação, e a possibilidade do castigo a ser imposto para o não cometimento dos delitos.
No que diz respeito à época anterior, a chamada escola positiva era totalmente distinta, tinha como principal escopo a defesa da sociedade a todo custo, havendo uma grande influência do positivismo, podemos caracterizar a chegada do período criminológico. Período este que se caracterizava pela preocupação com as causas do delito, como também a ressocialização do indivíduo, e não somente em intimida-los com penas cruéis. Eles negaram o livre-arbítrio, pregado pela escola anterior, afirmando que o comportamento do homem sofria alterações em decorrência do convivo social, podendo ser estudado, e com isso criar formas de prevenção e não somente punitivas. Pregando a pena com inútil, e tratando o crime como uma doença que tinha que ser tratada para defender a sociedade.
Segundo o autor Roberto Lira, em seu livro Direito Penal Normativo, (1977 p.24-25): 
[...] a escola positiva, também chamada de Italiana, Nova, Moderna, Antropológica (Lombroso, Ferri, Garofalo, Fioretti), é determinista e defensivista, encarando o crime como fenômeno social, e a pena como meio de defesa da sociedade e da recuperação do indivíduo. Chama-se positiva, não porque aceite o sistema filosófico mais ou menos comteano, porém, pelo método. Inicialmente sofreu a influencia de Darwin, Spencer e Haeckel, com novas concepções da natureza, do homem e da sociedade, mormente a doutrina da evolução.
Para os positivistas, existem dois tipos de criminosos, os que já nascem de tal maneira, chamados de criminosos natos, esses poderiam se identificados através de características e atos que lhe são atribuídos, e os que sofrem algum tipo de trauma, influência negativa em meio à sociedade, acarretando sua vontade de cometer delitos. 
O indivíduo iria com toda certeza sofrer uma pena em razão de seus atos, entretanto, de forma proporcional, e muitas vezes reduzida ao mínimo. Para eles, se possível deve ser eliminada qualquer sansão que coíba o apenado a privação de liberdade. Vale ressaltar que nessa época, com seus pensamentos humanitários, influenciaram em muitas ideias atuais, como a edificação ou internados para os delinquentes, separação de gêneros, com homens e mulheres em estabelecimentos diferentes. Separação levando em consideração as penas sofridas por cada indivíduo, reincidência, primariedade, dentre outros, que infelizmente não são seguidos, mas se fossem minimizariam o problema atual do nosso sistema.
Com isso, podemos resumir tal escola com alguns princípios considerados primordiais para sua caracterização, Segundo o autor Vicente de Paula Rodrigues Maggio, em sua obra Direito Penal, Parte Geral, (2009 p.19-20):
O crime é um fenômeno natural e social, oriundo de causas biológicas físicas e sociais; a responsabilidade penal é responsabilidade social, por viver o criminoso em sociedade, e tem por base a sua periculosidade; criminoso é sempre, psicologicamente um anormal, de forma temporária ou permanente; a pena é medida de defesa social, visando a ou a sua neutralização.
O Direito penal no Brasil teve início com a chegada dos portugueses em nossas terras, e com eles trouxeram uma serie de pensamentos, e formas de resoluções de problemas primitivos, como o da lei de talião, vingança privada e coletiva, todas já citadas anteriormente neste trabalho. O crime era assemelhado a uma ofensa divina, punindo toda e qualquer pessoa que fosse comprar tal pensamento, com penas totalmente cruéis, desumanas, visando a temor. Era permitida a pena de morte, por qualquer meio, tortura, afogamento, por fogo, enforcamento. 
Em 1830 foi sancionado o chamado código criminal do império, que se tratava de uma extensão da independência de 1822, com o intuito de individualizar a pena, a existência de agravantes, atenuantes, julgamentos especiais para indivíduos menores de 14 anos, e deu ênfase a pena de morte ser aplicada a escravos que praticassem algum tipo de crime. Um pouco depois, no ano de 1890, com a proclamação da república criou-se um novo estatuto, denominado se Código Penal ou Código Penal Republicano. Infelizmente, sendo criado com muita pressa, apresentou algumas falhas e por isso foi alvo de críticas. Contudo, como atos feitos por ele, podemos citar a abolição da pena de morte, e o implemento de sistemas penitenciários, sendo considerado, apesar de todas suas controversas, um ótimo avanço no meio penal, mesmo sofrendo inúmeras reformas.
No ano de 1932 aconteceu a consolidação das leis penais, e a sua solidificação no ano de 1940, com a sua vacátio legis que durou um pouco mais de um ano, tornando-se um código mais moderado, com posturas mais modernas e liberais, adotando ideias e princípios como a culpabilidade, periculosidade, entre outros.
1.3 Aspectos gerais da sanção penal 
Em toda história da humanidade, sempre foram adotadas condutas com a finalidade de possibilitar o convívio ao meio social. As penas serviam para mostrar aos indivíduos, o certo, o errado, e o que se poderia ou não ser feito em meio ao convívio, estabelecendo punições para cada ato que não fosse permitido, sempre servindo de exemplo para que outras pessoas não efetuassem o mesmocomportamento.
Nesse sentido, Sebastian Soler (1992, p.400), fala em sua obra sobre a pena: ‘’ Pena é uma sanção aflitiva imposta pelo Estado, mediante ação penal, ao autor de infração (penal), como retribuição de seu ato ilícito, consciente na restrição ou privação de um bem jurídico.’’ 
Podemos classifica-las em três espécies: as privativas de liberdade, que pode ser dividida em reclusão e detenção, as restritivas de direito, que são aplicadas para uma substituição de uma pena restritiva e por fim as chamadas pecuniárias, que são as multas. 
Entretanto, todas três espécies precisam respeitar princípios constitucionais, Segundo o autor MAGGIO (2009) tais princípios são: Princípio da Personalidade, onde versa que, a pena tem que ser atribuída ao indivíduo que a mereceu, não pode ser estendido a ninguém; Princípio da Legalidade onde a pena tem que estar prevista em lei, ninguém pode ser penalizado por fato sem a existência de pena ou conduta estabelecida; Princípio da Proporcionalidade, a pena tem que ser proporcional ao ato praticado pelo autor, nem mais, nem menos; Princípio da Derrogabilidade, a pena tem que ser aplicada, e para isso é necessário que o autor seja encontrado e responsabilizado pelo seu crime; Princípio da Individualidade, imposição e cumprimento das penas, deverão ser individualizados na medida da culpa de cada agente; e por fim o Princípio da Humanidade, que defende a integridade física, moral e psicológica, proibindo toda e qualquer pena que possa ser humilhante, dolorosa, escrava, de caráter perpétua, nem de morte. Vale ressaltar que as mulheres possuem os mesmos direitos dos homens, devendo ser observados algumas peculiaridades, como as de sentenciadas grávidas, possuindo também estabelecimentos próprios, não podendo ficar em conjunto com os sujeitos masculinos. 
No que diz respeito a pena privativa de liberdade, como o próprio nome já diz, o indivíduo é retirado do convívio social, por algum ato criminoso e colocado num estabelecimento, para que possa cumprir suas penas proporcionais ao seu ato praticado. Tem como objetivos a recuperação dessas pessoas para que possam voltar ao meio social, o que infelizmente na maioria esmagadora dos casos não acontece, em virtude da atual situação em que se encontra nosso sistema.
Podemos separa-la em duas espécies, a reclusão e detenção. Reclusão nada mais é que a possibilidade do cumprimento de penas nos três regimes, o fechado, semiaberto e o aberto, enquanto a detenção somente no semiaberto e no aberto. 
O regime fechado é cumprido em penitenciárias, para aqueles indivíduos com penas superiores há oito anos ou reincidentes. Pena será cumprida em estabelecimentos penais de segurança média ou máxima, o condenado fica sujeito a trabalho remunerado durante o dia e isolamento no período noturno, com tempo máximo de cumprimento de 30 (trinta anos).
No regime semiaberto a pena tem que ser preenchida em colônias agrícolas ou industriais, que são alojamentos situados em zonas rurais para que esses indivíduos possam trabalhar, possuindo vigilância bem reduzida, e baseada na confiança. Para o seu cumprimento, o sujeito tem que sofrer uma pena superior a quatro anos, mas não podendo ser excedida a oito, com algumas ressalvas aos reincidentes.
Em se tratando de regime aberto, podemos falar em uma responsabilidade unitária por parte do apenado, pois não possui alguma vigilância, visto que não é cumprida em estabelecimento algum, podendo os indivíduos passar o dia estudando, trabalhando, devendo à noite e em seus dias de folga, apresentar-se à casa do albergado ou algum estabelecimento similar.
Deve sempre ser ressaltado que todos esses regimes devem ser cumpridos em conjunto com todas aqueles princípios, fornecendo as condições devidas e adequadas aos condenados, para cumprirem suas penas, tornado qualquer estabelecimento que não as cumpra inepto. 
Referente às restritivas de direito, que tem como características substituir uma pena privativa de liberdade, visando um melhor ressocialização do indivíduo, visto que os estabelecimentos penais, não apresentam condições adequadas para isso, podendo ser classificadas em únicas, como o nome já deixa subtendido, somente é aplicado uma só pena, as mistas, também chamadas de conjuntas, nas quais serão aplicadas duas ou mais penas, como por exemplo a multa e uma pena restritiva de liberdade, e por fim as paralelas, são impostas ao agente, podendo ele escolher um forma de aplicação.
Como espécies, podemos expor as chamadas Prestações Pecuniárias, na qual o indivíduo tem que pagar uma quantia a vítima ou a seus dependentes, referente ao dano causado por ele a ela, o valor pode variar entre 1 e 360 salários mínimos, sendo o juiz o responsável pela fixação desse valor. Caso não seja possível, a destinação desse valor a vítima ou aos seus dependentes, serão destinadas a entidades públicas ou privadas, porém devendo ter alguma destinação social.
Também como espécie temos as chamadas perda de bens e valores, que consistem basicamente na perda de bens como imóveis e móveis, valores em bancos, títulos de créditos, qualquer coisa que possa cobrir o dano causado pelo infrator, lembrado que sempre tem como prioridade, e preferência o dinheiro, pois consiste na melhor e mais fácil maneira de pagar esse débito, pois com os bens a justiça tem o trabalho de avaliá-los e vendê-los, e só depois efetuar o pagamento.
Já na prestação de serviços à comunidade, não falamos de valores, mas sim, em tarefas e atividades que os infratores são impostos a participar, atividades essas gratuitas e, a entidades assistências, que prestam serviços a sociedade. É um trabalho gratuito, mas não sendo considerável escravo e sim muito bem aceitável, visto que trata-se de um ônus ao apenado, para que ele possa cumprir de forma mais branda sua pena, sem alguma internação em nenhum estabelecimento ou caso do albergado.
A interdição temporária de direito, tem como escopo a proibição ao condenado de exercer algumas atividades normais, como de dirigir, trabalhar e frequentar determinados lugares, lembrando que se trata de uma interdição temporária e cumprindo com todas prerrogativas impostas, o sujeito após um tempo, poderá voltar a efetuar suas atividades normalmente. Como também, por se tratar de uma suspensão, o indivíduo não irá perder algum cargo que por ventura possa ocupar, em relação à funções públicas.
No que se diz respeito às limitações de fins de semana, consiste em o sujeito aos sábados e domingos, passar uma média de cinco horas em alguma casa do albergado ou semelhante, pena essas um pouco criticadas por parte de alguns doutrinadores, afirmando que esta é uma pena restritiva de liberdade, pois claramente priva a pessoa da sua liberdade de ir e vir, mesmo que por um período de tempo muito reduzido. 
Assim, chegamos a última espécie, a chamada multa, onde o indivíduo poderá recebê-la como pena única, substitutiva, alternativa ou cumulada. O cálculo é feito pelo juiz, podendo fixar entre o mínimo de 10 dias e no máximo 365, depois que fizer isso, deverá estipular o valor estimado de cada dia multa, devendo ser no mínimo a trigésima parte de um salário mínimo da atualidade, e no máximo 5 (cinco) vezes esse salário, lembrando que o magistrado deve sempre levar em consideração a capacidade econômica do indivíduo que sofrerá essa sanção, para que os valores não extrapolem, tornando-o incapaz para o condenado efetuar o pagamento. Por último, em se tratando de pessoa com a capacidade economia muito exacerbada, que tais valores apresentados não farão alguma diferença para eles, pode o juiz aumenta o valor de tal multa, até em três vezes mais, para esses casos específicos.
Contudo, apresentado anteriormente, pode-se perceber que o homem sempre encontrou na pena uma forma de controle social, e como ela foi diretamente influenciada no passar dos anos, por culturas, religiões e pensamento diferentes. Mesmo que de maneira rude e primitiva, tudo isso foi de extrema importância para que possamos chegar até os dias atuais, e a forma que encaramos o direitopenal, as penitenciárias, direitos e prerrogativas dos apenados, tudo isso foi moldado e ainda é até hoje.
Entretanto, apesar da humanidade ter evoluído em vários aspectos, a cultura de punição infelizmente ainda prevalece sobre a de ressocialização, não sendo, portanto, uma preocupação social, logo, não há possibilidade de ser admitido este pensamento, pelo fato de a sociedade não considerar efetivas tais medidas. 
2 EXECUÇÃO PENAL, DIREITOS DOS APENADOS
2.1 Finalidade da pena
Antes de adentrar na execução e nos direitos referentes aos apenados, é de suma importância discorrer sobre as finalidades da pena, mostrando o que deve ser feito para que se garanta uma execução em que todos os objetivos daquela sejam alcançados.
Existem algumas teorias que interpretam essas finalidades, sendo elas, conforme os pensamentos do autor Julio Fabbrini Mirabete (2008), as teorias chamadas absolutas, relativas e mistas. 
As teorias absolutas versam que a pena tem como finalidade castigar. Já que o indivíduo praticou uma conduta errada, deve ser punido com um castigo para compensar o mal que praticou ao meio social. Entretanto, essa teoria também defende que tais penas não somente compensam o mal, mas também propiciem uma reparação moral para o indivíduo que o praticou. Diferente da escola clássica, que por sua vez entende a pena como algo retribuído para aquele que praticou condutas inadequadas, não se preocupando com a reeducação do apenado, e nem com qualquer consequência referente a sua moral. 
Em relação às teorias relativas, interpretam a pena como ferramenta para evitar novos crimes, exclusivamente para prevenção. Tal teoria pode ser dividida em prevenção geral, onde a pena é feita para que possa intimidar toda a sociedade para o não cometimento de atos criminosos, e a Especial ou Individual, também para inibir a prática criminosa, mas nesse caso direcionado para aqueles que já cometeram algum tipo de delito não voltarem a cometer, não repetirem o erro.
Já a teorias mista, é uma junção dos dois pensamentos, sustentando que a pena tem que ser retributiva, tendo seu aspecto moral, entretanto sua finalidade além da prevenção, dever ser também uma reeducação do indivíduo, para que não volte a cometer delitos. Tal pensamento é adotado pelo Brasil, onde a pena deve ser aplicada dentro dos limites possíveis, e da melhor forma, como versa o Art. 59 do Código Penal: 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:     
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;   
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. 
Com isso, tem-se o entendimento por parte dos estudiosos que tal linha de pensamento é a melhor a ser adotada por um Estado Democrático de Direito, pois, além de intimidar as pessoas a não cometerem crimes, não somente como prevenção, mas também como correção, ressocialização para aqueles que já cometeram algum ato delituoso, fazendo com que ele não cometa outro erro. Assim combatendo a criminalidade de maneira incisiva.
2.2 Conceito e objetivos da execução penal 
Conforme os pensamentos do autor Guilherme de Souza Nucci (2015), a Execução é um ponto do processo penal em que tudo aquilo que foi imposto pelo Magistrado na sentença condenatória será realmente efetivado. Ela tem uma natureza considerada híbrida, pois, além de haverem atos de decisão praticados pelos Magistrados na sentença, também existem atos administrativos.
A Lei de Execução Penal procurou encontrar um melhor caminho para que o apenado pudesse não só se tornar um cidadão recuperado, através de direitos e deveres, mas também em ter um tratamento digno no período em que se encontrar privado da sua liberdade, além de propiciar um ambiente favorável para que esse indivíduo ao sair do seu cárcere e ser colocado ao meio social novamente possa ter uma reintegração mais fácil, podendo assim seguir uma nova fase da sua vida, com uma possibilidade menor de cometer outro delito. 
Baseado nos pensamentos de Mirabete (2008), a execução penal tem uma dupla finalidade, efetivar tudo o que foi decretado na decisão criminal e propiciar as melhores condições para que o apenado possa voltar ao meio social. 
Objetivos esses, que devem ser garantidos pelo Estado Democrático de Direito como dever, conforme a Lei de Execução Penal, em seus artigos: 
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária.
Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei.
Nesse sentido, de acordo com o jurista Paulo Lúcio Nogueira, em sua obra Comentários s Lei de Execuções Penais (1996, p.33):
A execução penal é a mais importante fase do direito punitivo, pois de nada adianta a condenação sem a qual haja a respectiva execução da pena imposta. Daí a objetivo da execução penal, que é justamente tornar exequível ou efetiva a sentença criminal que impôs ao condenado determinada sanção pelo crime praticado.
Com isso, é de grande importância lembrar os tipos de penas que não são admitidos em nosso território nacional, em razão do princípio da dignidade da pessoa humana encontrado na nossa Constituição, tais penas são as de morte, de trabalhos forçados, de banimento, cruéis ou de caráter perpétuo. Essas penas não podem de forma alguma ser impostas pelo magistrado.
Tais penas proibidas podem ser encontradas no Artigo 5º, LXVII da Constituição Federal, e que versa:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XLVII - não haverá penas:
 a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
 b) de caráter perpétuo;
 c) de trabalhos forçados;
 d) de banimento;
 e) cruéis;
As penas de morte, como seu próprio nome já versa, se caracteriza pela retirada da vida do indivíduo, devendo somente ser admitida nos casos de guerra. Já os referentes ao trabalho forçado, são proibidas penas com caráter de escravidão.
No que diz respeito ao banimento, que se caracteriza por uma ‘’ expulsão’’ a força de um indivíduo do seu país de origem pela prática de um determinado crime, não é possível, com exceção em casos de brasileiros naturalizados que cometeram crimes comuns praticados antes do procedimento de naturalização, ou se comprovado sua participação na prática de tráfico.
Igualmente não são admitidas as penas de caráter cruel, não será permitida por exemplo a tortura, resguardando o princípio da dignidade da pessoa humana, mesmo o indivíduo tendo cometido um crime, por mais cruel ou perverso que ele tenha sido, mesmo assim esse sujeito nunca deixará de ser humano, não admitindo assim penas cruéis.
Por último, também não serão admitidas as penas de caráter perpétuo, aquelas que duram para sempre, pois vão totalmente contra um dos principais objetivos da execução, que é a reintegração do apenados ao meio social. Com tal pena isso não seria possível. 
Todas essas restrições servem como segurança jurídica para que injustiças não sejam feitas, e para não voltarmosa tempos antigos, onde o Estado somente tinha a mentalidade de punir, sem pensar no indivíduo, e nem na sua possível ressocialização para a sociedade.
Todavia as previsões observadas na Lei de Execução Penal não são observadas de forma eficiente pelo Estado, seja por falta de estrutura física e organizacional, ou por falta de investimentos, deixando de lado o sistema, não levando em consideração sua finalidade de ressocialização e assistência ao apenado. 
2.2.1 Princípios da execução penal 
Existem um conjunto de princípios e normas que norteiam a Execução Penal. Tais normas ajudam a criar e a garantir que as medidas assistenciais, de reabilitação, e proteção ao indivíduo que se encontram em cárcere privado, sejam verdadeiramente efetivadas e feitas de maneira mais corretada, resguardando os direitos de quem a recebe.
Sobre a importância desses princípios, o autor Miguel Reale, em sua obra Fundamentos do Direito (1998, p.57), versa que: 
Princípios é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição que se irradia sobre diferentes normas, compondo lhes o espirito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. É do conhecimento dos princípios que preside a intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico positivo.
Isto posto, a seguir serão apresentados alguns princípios considerados por muitos como os mais essenciais, a exemplo da Legalidade, que é considerado como uma das bases para os demais, pois ele garante que somente serão aplicadas penas a fatos que tenham uma lei anterior que o defina como crime, o Código Penal versa que: ‘’ Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.’’ Assim fica claro que a lei deve instruir que tal fato é criminoso, não sendo considerado crime sem uma lei anterior que o defina, somente podendo ser privado da sua liberdade quando a lei autorizar.
Já no que diz respeito ao princípio da Isonomia, este garante que todos os presos sejam tratados da mesma maneira, não sendo permitida em qualquer hipótese nenhuma distinção entre eles, seja pela raça, religião, ou qualquer outra. A Lei de Execução Penal em seu texto legal versa que: 
Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei.
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política.
Outro princípio é o da intervenção mínima, que sustenta a ideia que o Direito Penal somente deverá se envolver o mínimo possível na vida em sociedade, e somente entrar em ação quando for realmente efetivado que todos as demais maneiras de resoluções de conflitos foram falhas, evitando um uso desproporcional ou desnecessário, sempre com o pensamento de ser usado como última maneira para resolução de conflitos.
O da proporcionalidade se caracteriza pela impossibilidade da pena, em hipótese alguma, ser superior ao ato praticado pelo indivíduo, devendo ser de maneira proporcional ao fato ocorrido, nunca excedendo os limites fixados pela lei. Dessa forma o texto da Lei de Execuções Penais demostra em seu Artigo 185 que: ‘’Haverá excesso ou desvio de execução sempre que algum ato for praticado além dos limites fixados na sentença, em normas legais ou regulamentares.’’
Nesse sentido, o autor José Goulart em sua obra Princípios informadores do direito da execução penal (1994, p.108), discorre sobre tal princípio da seguinte forma: 
Se a pena é retribuição, se ela é, expiação pelo crime praticado, devia daí ser necessário, no momento da execução, ter presentes as diversas personalidades dos réus e as diversas espécies de crime [...] a retribuição não pode ser considerada abstratamente, mas deve considerar sua efetivação nas diversas modalidades da execução, atendendo-se a concepções éticas e respeitando a personalidade do condenado, que não deverá ser colocado junto a outros que lhe sejam substancialmente diversos.
Pode-se citar como um dos mais importantes ou até mesmo o mais importante dentro todos os princípios, o da Humanidade das Penas, já citado anteriormente nesse trabalho, que se caracteriza pelo respeito e garantia a integridade física e moral do apenado.
Segundo Constituição Federal de 1988, em seu Art. 1º garante como princípio fundamental:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
Já o princípio da Jurisdicionalidade, pondera que a intervenção por parte do Magistrado na execução da pena não acabará com o trânsito em julgado da sentença, e sim se estenderá a um acompanhamento jurisdicional e administrativo posteriormente, sistema misto adotado pelo Brasil. Nesse Sentido a Lei de Execução expressa o seguinte: “Art. 2º. A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária em todo o Território Nacional será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.’’
No que diz respeito ao Princípio da Individualização da pena, principio este muito importante para que seja garantida a punição adequada ao sentenciado pela conduta que cometeu. 
Também sendo chamado de princípio da pessoalidade, justamente pelo fato de que as penas impostas a diferentes condenados pelo mesmo crime não sejam idênticas, pois cada caso possui uma peculiaridade que o diferencia dos demais. Não podendo de nenhuma maneira ser passada para algum sucessor ou qualquer pessoa da família. 
Com isso o Artigo 5º da Constituição federal, versa que:
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
 XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
 a) privação ou restrição da liberdade;
 b) perda de bens;
 c) multa;
 d) prestação social alternativa;
 e) suspensão ou interdição de direitos
Também se encontra no ordenamento do Brasil, um princípio que garante que os atos judiciais sejam públicos, o chamado Princípio da Publicidade, garantindo a imparcialidade, independência e fiscalização da justiça. Somente podendo sofrer algum tipo de restrição nos casos em que buscam a proteção da intimidade do sentenciado ou em casos de interesse social. Nosso texto constitucional também o resguarda em seu artigo 5º, no inciso LXI, que dispõe que "a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigir."
E como último princípio citado aqui, temos o do Contraditório, resguardado no Artigo 5º da Constituição, no inciso: LV, "aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes." Tal princípio garante voz ao apenado podendo ele exercer a sua defesa, devendo ser ampla e plena.
2.3 Direitos dos apenados 
A Lei de Execução Penal busca organizar da melhor forma os direitos e deveres daqueles que se encontram em estabelecimentos penais. Também versa sobre outras vertentes, como a maneira em que será cumprida a pena, como serão os benefícios recebidos por eles e como as prisões devem ser organizadas, para um melhor desempenho. É dever do Estado prestar todo o tipo de assistência, já que seu intuito é a ressocialização, nada mais justo que forneça ambientes propícios, para que ela realmente aconteça.
A Lei de Execução Penal expõe claramente em seus artigos e incisos, os direitos que devem ser respeitados: 
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade.
Parágrafo único. Aassistência estende-se ao egresso.
Art. 11. A assistência será:
I - Material;
II - À saúde;
III -jurídica;
IV - Educacional;
V – Social
VI - Religiosa.
Art. 41 - Constituem direitos do preso:
I - Alimentação suficiente e vestuário;
II - Atribuição de trabalho e sua remuneração;
III - Previdência Social;
IV - Constituição de pecúlio;
V - Proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;
VI -Exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
IX - Entrevista pessoal e reservada com o advogado;
X -Visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
XI - chamamento nominal;
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena;
XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
XV - Contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente.           (Incluído pela Lei nº 10.713, de 2003)
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento.
Os presos devem ser beneficiados por todos esses direitos resguardados pelos artigos citados anteriormente, mas infelizmente, nem tudo ou quase nada é cumprido. Com isso, baseado nos pensamentos dos autores Julio Fabrini Mirabete (2010) e Guilherme de Souza Nucci (2015), podemos analisar alguns dos mais importantes desses direitos assistenciais, que, se cumpridos, podem fazer total diferença.
Primeiramente o indivíduo terá direito a uma assistência material, que consiste em um fornecimento de material higiênico, como escova dental, sabonete, papel higiênico, e instalações adequadas. Nesse sentido a LEP expressa no art. 12: ‘’ A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas’’. Também engloba o vestuário que deve se manter limpo e uma alimentação que possa garantir a saúde e as forças necessária para o indivíduo, lembrando que, para aqueles indivíduos que se encontram em algum estado especial, como doença, e em casos de mulher gestantes, devem ter uma alimentação mais especifica, para que possa manter em dia sua saúde. Entretanto a higiene do local e também pessoal do apenado, deve ser mantida por ele, desde que sejam fornecidas as condições necessárias para que ele possa garanti-la.
Com relação aos locais do cumprimento de pena, estes devem necessariamente ter uma iluminação, passagem de ar, espaço mínimo para o convívio, um sanitário para que possa fazer suas necessidades, regras especificas para cada tipo de regime, o fechado, semiaberto. Tais itens devem ser fornecidos e respeitados para facilitar o convívio e melhora-lo, assim tendo o mínimo existencial respeitado. 
Em relação a assistência à saúde, incluindo a odontológica, levando em consideração de que toda e qualquer pessoa está sujeita a contrair qualquer tipo de doença, o condenado também está sujeito a tal situação, tendo assim que ser devidamente assistido, se for o caso. Outra preocupação se dar pelo fato de que o encarceramento é um ambiente muito hostil e de fato, de difícil vivência, com isso é possível que alguns presos venham a desenvolver um tipo de doença mental, ou síndromes decorrentes do encarceramento e do modo de vida que está levando. O não respeito ao princípio citado anteriormente, da assistência material, pode piorar e muito a propagação de doenças, por causas dos ambientes mal higienizados, assim piorando a situação.
É de sumula importância que para uma boa assistência à saúde dessa população dos presidio sejam implantados serviços médicos eficientes, com equipamento em bom estado, capazes de atender todas as necessidades dessas pessoas que ali se encontram. Conforme a LEP em seu artigo 14: ‘’ A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico’’. Contudo, para que tudo isso seja feito da melhor maneira possível, é preciso proporcionar instalações médico sanitárias, para que os profissionais da saúde possam pôr em prática todos esses serviços, incluindo os preventivos, que são de grande importância para o não desenvolvimento e propagação de novas doenças em meio ao estabelecimento. Vale lembrar que além de serviços médicos, também é preciso uma assistência psicológica. 
A assistência jurídica serve para aquelas pessoas que não podem pagar um advogado particular, sendo de grande importância, pois aqueles indivíduos que não tem capacidade econômica não seriam providos de uma defesa adequada. Assim o indivíduo pode ter a esperança, que todos seus direitos serão resguardados, não sofrendo nenhuma injustiça, pois está devidamente assistido, por profissionais indicados pelo Estado. Art. 15: ‘’ A assistência jurídica é destinada aos presos e aos internados sem recursos financeiros para constituir advogado’’.
Além disso, também lhe é fornecido como direito o serviço jurídico interno, que se caracteriza pela assistência enquanto o indivíduo se encontra recluso, fazendo uma espécie de fiscalização se seus direitos estão sendo respeitados.
Próximo direito é tido por muitos doutrinadores como o mais importante, e que deve ser respeitado com extrema minúcia, a chamada assistência educacional, baseado no Art. 16: “as Unidades da Federação, deverão ter serviços de assistência jurídica, integral e gratuita, pela Defensoria Pública, dentro e fora dos estabelecimentos penais.’’ Tudo o que for necessário para que possa ser fornecida a melhor instrução e também a formação profissional para os condenados deve ser feita, pois se caracteriza como um grande fator para que o apenado possa ser incluído novamente na sociedade, levando em consideração que se trata de uma ferramenta indispensável para a cidadania. Como a própria Constituição versa, educação é para todos, assim não podendo haver a distinção para aqueles que se encontram reclusos. 
O ensino profissional, de certa forma uma extensão do educacional, que, apesar de ser facultativo, também tem grande relevância para ressocialização, pois trata-se de um ensino técnico ou aperfeiçoamento de alguma prática profissional, mostrando uma alternativa diferente para o preso, fazendo assim com que ele não volte para vida de crimes. A pessoa fará algum curso ou será aprimorado em seus conhecimentos se tiver alguma experiência na área, e assim conseguir um emprego ao termino do cumprimento de pena. 
É importante lembrar que o dever de trabalhar não se confunde com o direito de trabalhar, assim como não se trata trabalho forçado pelo fato de ser remunerado, não podendo ser inferior a ¾ do salário mínimo. Com isso o indivíduo apesar de não ser obrigado ao trabalho, deve apresentar uma recusa justificada para não praticar essa atividade, e como consequência não será beneficiado de algumas prerrogativas, como a progressão de regime e livramento condicional, além da remissão de pena, perdendo assim direitos importantes. 
Dentre tudo já visto anteriormente e tudo o que tem direito o apenado, existe uma assistência, chamada de Social prevista no Artigo 22 da Lei de Execuções Penais, que versa: ‘’ Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade’’, consiste então num serviço onde são ouvidas as reclamações dos encarcerados, todas as suas críticas e insatisfações, ajudando assim aqueles que possuem algum tipo de dificuldade, e buscar tentar melhorar todas essas pendências. Funciona como uma espécie de fiscalização, para ver se realmentetudo aquilo que foi citado anteriormente aqui, está de fato sendo respeitado. No entanto deixa muito a desejar, pois na pratica não é aplicada de forma correta, pois não existe um controle por parte do Estado para realmente efetiva-la.
Com o respeito a todos esses princípios a reciclagem desses indivíduos, seria uma realidade no Brasil, entretanto, o que existe é uma deficiência em sua aplicação, causando efeitos negativos, e prejudicando toda essa ideologia de ressocialização que eles sustentam.
3 INEFICÁCIA DO SISTEMA 
3.1 Caos nas penitenciárias
Apesar de todos esses direitos citados anteriormente serem garantidos aos apenados pela Constituição, percebe-se claramente, que eles não são respeitados, muito menos postos em prática. Sem falar dos vários princípios que também são violados. 
Várias são as precariedades que podemos encontrar em nossos presídios, que vão desde o não fornecimento de matérias básicos aos presos, assistência à saúde, em vários casos, os indivíduos acabam falecendo por conta de doenças transmitidas dentro desses locais e não recebem nenhum tipo de atendimento.
O não apoio à educação para os internos é um dos problemas mais alarmantes, pois a garantia de uma boa educação é uma ótima forma de ressocialização, uma vez que, com ela, o retorno a sociedade após quitar sua dívida com a justiça possibilita uma nova vida para os apenados, estimulando-lhes outras opções, diferente da vida de crimes, além de vários outros benefícios que por consequências são acarretados por ela, como por exemplo, a diminuição significativa das rebeliões e a redução do tempo de pena.
Podemos ressaltar a falta de infraestruturas dos estabelecimentos, que se encontram praticamente abandonados, com as estruturas abaladas, dificultando, contudo, que o cumprimento dessas penas seja feito de uma forma mais humana para os indivíduos. 
O não acesso à justiça é outro ponto. Não é raro encontrar detentos que não tem ideia da quantidade de anos que faltam para o cumprimento da sua pena ou se possuem algum livramento. Em muitos casos, os apenados já deveriam ter algum benefício, mas por não possuírem esse tal apoio, não fazem noção que os tem. 
Os presos são lançados em cadeias públicas, não sendo preservadas a integridade física e moral, para que possam cumprir sua pena. Essa superlotação é muito grave, já que coloca esses indivíduos em situações deploráveis, sendo uma verdadeira afronta aos direitos humanos, tornando-se uma segunda pena para aqueles que ali se encontram.
Fragoso (apud LUZ, 2000, p. 72) ressalta a falência deste instituto: 
A prisão constitui realidade violenta, expressão de um sistema de justiça desigual e opressivo, de que funciona como realimentador. Serve apenas para reforçar valores negativos, proporcionando proteção ilusória. Quanto mais graves são as penas impostas aos delinqüentes, maior é a probabilidade de reincidência. O Sistema será, portanto, mais eficiente, se evitar, tanto quanto possível, mandar as pessoas para a prisão, nos crimes pouco graves, e se, nos crimes graves, evitar o encarceramento demasiadamente longo. A conseqüência natural da falência da prisão é o entendimento de que ela deve ser usada o menos possível, como último recurso, no caso de delinqüentes perigosos, para os quais não haja outra solução.
Todas essas situações acabam contribuindo ferozmente para a reincidência e a não ressocialização, indo de maneira contrária ao objetivo da execução penal que é a reciclagem do preso.
Consta-se que o sistema carcerário necessita sofrer uma ajuda que possibilite melhorá-lo, e que a prática da prisão não é somente punir, mas que possibilite ao apenado uma maneira de recomeçar. 
3.2 Estado de coisas inconstitucionais
O chamado Estado de Coisas Inconstitucionais possui sua origem vinculada a julgados da Corte Constitucional Colombiana proferidos na década de 90. A primeira decisão da Corte Constitucional colombiana reconhecendo o ECI foi decretada em 1997 (Sentencia de Unificación - SU 559, de 6/11/1997), diante de uma reivindicação realizada por vários professores dos municípios de María La Baja e Zambrano ao terem violados seus direitos previdenciários. 
É caracterizado pela violação de Direitos Fundamentais que atingem inúmeros indivíduos e pela inércia do poder público em mudar essa situação inconstitucional. É justamente o que acontece atualmente no sistema penitenciário brasileiro. Essa ideia tem como finalidade a construção de soluções estruturais, dialógicas e pactuadas, voltadas à superação do atual quadro.
Baseado nisso em maio de 2010 o Partido Socialista e Liberal (PSOL), ajuizou uma Ação Descumprimento de Preceito Fundamental, a ADPF 347/DF. A primeira à abordar esse tema de Estado de Coisas Inconstitucionais no Brasil, com o intuito de reconhecer que as prisões violam preceitos fundamentais da Constituição e direitos dos apenados, buscando também atitudes para mudar essa realidade.
Segundo aponta Carlos Alexandre de Azevedo Campos, citado na ADPF, para reconhecer o estado de coisas inconstitucional, exige-se que estejam presentes as seguintes condições: 
a) vulneração massiva e generalizada de direitos fundamentais de um número significativo de pessoas;
b) prolongada omissão das autoridades no cumprimento de suas obrigações para garantia e promoção dos direitos;
b) a superação das violações de direitos pressupõe a adoção de medidas complexas por uma pluralidade de órgãos, envolvendo mudanças estruturais, que podem depender da alocação de recursos públicos, correção das políticas públicas existentes ou formulação de novas políticas, dentre outras medidas; e
d) potencialidade de congestionamento da justiça, se todos os que tiverem os seus direitos violados acorrerem individualmente ao Poder Judiciário.
Nessa mesma ação também se debate a adoção de providências estruturais com objetivo de sanar as lesões a preceitos fundamentais sofridas pelos presos em decorrência de ações e omissões dos poderes da União, dos Estados-Membros e do Distrito Federal. 
Tal realidade é tão presente, que o STF deferiu parcialmente os pedidos cautelares feitos por essa ADPF, como também reconheceu expressamente a existência desse estado no sistema carcerário brasileiro, determinado à adoção de providências para sanar lesões de preceitos fundamentais previstos na Constituição Federal decorrentes de atos e omissões dos poderes públicos, apesar de ainda não ter julgado definitivamente o mérito. 
Segundo o Ministro Marcos Aurélio, relator da presente ação:
a maior parte dos detentos está sujeita às seguintes condições: superlotação dos presídios, torturas, homicídios, violência sexual, celas imundas e insalubres, proliferação de doenças infectocontagiosas, comida imprestável, falta de água potável, de produtos higiênicos básicos, de acesso à assistência judiciária, à educação, à saúde e ao trabalho, bem como amplo domínio dos cárceres por organizações criminosas, insuficiência do controle quanto ao cumprimento das penas, discriminação social, racial, de gênero e de orientação sexual. 
(...) a violação da dignidade da pessoa humana e do mínimo existencial autoriza a judicialização do orçamento, sobretudo se considerado o fato de que recursos legalmente previstos para o combate a esse quadro vêm sendo contingenciados, anualmente, em valores muito superiores aos efetivamente realizados, apenas para alcançar metas fiscais. “A situação dramática não pode esperar o fim da deliberação legislativa.” "O quadro não é exclusivo desse ou daquele presídio. A situação mostra-se similar em todas as unidades da Federação, devendo ser reconhecida a inequívoca falência do sistema prisional brasileiro.
Nota-se então que o Brasil e seu atual sistema prisional viola todas essas condições e com isso deve ser tomada uma atitude por parte das autoridades competentes, para que providências sejam devidamente tomadas e assim tentar solucionar toda essa realidade, resguardando todos esses direitos fundamentais.
Diante de toda essa situação degradante, inúmeros doutrinadores e estudiosos pensam em medidasque possam amenizar essa triste realidade enfrentada por nossas penitenciárias, buscando uma solução alternativa para o problema.
3.3 Remição da pena
Uma dessas medidas que busca melhorar essa realidade, e diminuir a população carcerária é a Remição. Sobre tal tema o autor MIRABETE (1997, p.290/291), entende que:
um direito do condenado em reduzir pelo trabalho prisional o tempo de duração da pena privativa de liberdade cumprida em regime fechado ou semi-aberto. Trata-se de um meio de abreviar ou extinguir parte da pena. Oferece-se ao preso um estímulo para que possa passar ao regime de liberdade condicional ou à liberdade definitiva. Segundo Maria da Graça Morais Dias, trata-se de um instituo completo, 'pois reeduca o delinquente, prepara-o para a sua reincorporação à sociedade, proporciona-lhe meios para reabilitar-se diante de si mesmo e da sociedade, disciplina sua vontade, favorece a sua família e, sobretudo, abrevia a condenação, condicionando esta ao próprio esforço do apenado'. (...) Pelo desempenho de atividade laborativa o preso resgata uma parte da sanção, diminuindo o tempo de sua duração.
Com isso, pode-se salientar que remição nada mais é que um direito do apenado, de abreviar seu tempo de cárcere imposto por uma sentença, pelo estudo, trabalho ou pela leitura. Assegurada pela Lei nº 7.210/84 da LEP, no ano de 2011 alguns artigos foram alterados e assentaram o estudo como forma de diminuição de pena, antes somente permitida pelo o trabalho.
A remição pelo trabalho garante que, a cada 3 dias de trabalho, o indivíduo tem um dia a menos de pena. Tal direito é fornecido a quem cumpre penas no regime fechado ou semiaberto. Em se tratando do tema vários agravos são interpostos para garantir este direito, pode-se citar o Agravo Regimental Nº 1.635.933, de Minas Gerais, que expressa: 
A remição pelo trabalho se dá na proporção um dia de pena para cada três dias trabalhados. A contagem da jornada é feita em dias, nos quais deve haver o cumprimento de no mínimo seis e no máximo oito horas de trabalho. Não é possível, diante da jornada mínima diária, simplesmente efetuar o somatório de horas para chegar à quantidade de dias (AgRg no REsp 1.635.935/MG, j. 07/03/2017).
É importante lembrar que o dever de trabalho não se confunde com as penas de trabalhos forçados previstas na Constituição Federal, pois o preso pode se negar a trabalhar (até porque, não há como obrigá-lo fisicamente a isso), mas a recusa injustificada tem consequências, pois caracteriza falta grave (art. 50, IV, da LEP), acarretando impossibilidade de obtenção da progressão de regime e livramento condicional, com isso ele perderá algumas prerrogativas importantes, que facilitam e diminuem seu cumprimento de pena.
Além disso, não se trata de trabalho forçado, pois o trabalho no ambiente carcerário é um meio de ressocialização, sendo remunerado, não podendo ser inferior a ¾ do salário mínimo (art. 29 da LEP), e dará ao detento o direito à remição da pena, ou seja, de abater um dia de condenação para cada três dias trabalhados (art. 126 da LEP).
Já na remição pelo estudo, também para os condenados em regime fechado e semiaberto, pode remir um dia de pena a cada 12 horas de estudos, podendo ser feita pelo ensino fundamental, médio, profissionalizante ou superior, sem levar em consideração o seu aproveitamento, exceto em casos no qual o apenado é autorizado a estufar fora do estabelecimento. Nesse sentido o Agravo regimental no Recurso Especial Nº 1.453.257 – MS, fala sobre o tema da seguinte forma: 
(...) Assim, para que haja o devido aproveitamento escolar, é necessário que o apenado tenha atingido as notas mínimas necessárias para a aprovação (média escolar), bem como tenha frequência assídua às aulas, já que a remição, neste caso, é concedida sobre as horas- aulas efetivamente estudadas. 
Ademais, registra-se que se a remição é pelo estudo, deve o condenado, no mínimo, ter obtido as notas necessárias. Portanto, quando não houver o devido aproveitamento escolar, requisito mínimo exigido para a concessão da remição pelo estudo, esta não deve ser concedida. (...)
Na remição pela leitura, essa mais recente que as outras, deve ser estimulada como finalidade complementar, devendo ser elaborados eventos por parte das autoridades penitenciárias apresentando livros e obras, e incentivando a leitura. Assim o preso deve ter um prazo de 22 a 30 dias para a leitura de algum livro e depois apresentar um resumo sobre o que leu. Para cada obra lida, o apenado tem o benefício de serem remidos 4 dias da sua pena, no entanto, tem o limite de 12 obras à serem lidas por ano. É Muito importante para aqueles estabelecimentos que não possuem estruturas para trabalho, ou para estudos, uma vez que o fornecimento de livros, se torna uma saída mais fácil. Nesse sentido o seguinte Agravo regimental no Recurso Especial Nº 1.616.049 expressa que: 
A remição por leitura deve ser concedida em analogia in bonam partem em relação à possibilidade de desconto da pena por meio do estudo. No entanto, para que o benefício seja criterioso o tribunal tem decidido que deve haver a instalação de projeto de leitura com a observância das diretrizes estabelecidas na Recomendação nº 44/13 do CNJ (AgRg no REsp 1.616.049/PR, j. 27/09/2016)
3.3.1 Remição da pena para reparação do dano ao detento
A situação é tão grave, que alguns ministros se manifestaram à favor de uma remição de pena para reparação de dano a detento em situações degradantes. Sobre isso, o STF discute a responsabilidade do estado por danos morais, em decorrência das superlotações, juntamente com a falta de condições mínimas, como a saúde, higiene, educação, todas já citadas anteriormente. Com tal perspectiva, o ministro Luiz Roberto Barroso apresentou uma proposta de remição da pena, como forma de reparar o dano. Nas palavras do ministro, RECURSO EXTRAORDINÁRIO 580.252 MATO GROSSO DO SUL, VOTO-VISTA:
Ementa: DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DANOS MORAIS CAUSADOS AO PRESO POR SUPERLOTAÇÃO E CONDIÇÕES DEGRADANTES DE ENCARCERAMENTO
1. Há responsabilidade civil do Estado pelos danos morais comprovadamente causados aos presos em decorrência de violações à sua dignidade, provocadas pela superlotação prisional e pelo encarceramento em circunstâncias desumanas ou degradantes.
2. O descumprimento do dever estatal de garantir condições dignas de encarceramento encontra-se diretamente relacionado a uma deficiência crônica de políticas públicas prisionais adequadas, que atinge boa parte da população carcerária e cuja superação é complexa e custosa.
(...)
4. Diante do caráter estrutural e sistêmico das graves disfunções verificadas no sistema prisional brasileiro, a entrega de uma indenização em dinheiro confere uma resposta pouco efetiva aos danos morais suportados pelos detentos, além de drenar recursos escassos que poderiam ser empregados na melhoria das condições de encarceramento.
Diante de todas às circunstâncias apresentadas anteriormente, bem como na análise de conteúdo do recurso, é possível afirmar que o sistema do Brasil se encaixa perfeitamente nessa descrição, e que tal indenização por danos morais aos indivíduos presos expostos a essa realidade, seria uma maneira de ‘’ forçar’’ o estado, a investirem nas estruturas desses estabelecimentos, tornando mais uma saída para solucionar o problema. 
 
(...)
7. Afirmação, em repercussão geral, da seguinte tese: “O Estado é civilmente
Responsável pelos danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos presos em decorrência de violações à sua dignidade, provocadas pela superlotação prisional e pelo encarceramento em condições desumanas ou degradantes. Em razão da natureza estrutural e sistêmica das disfunções verificadas no sistema prisional, a reparação dos danos morais deve ser efetivada preferencialmente por meio não pecuniário, consistente na remição de 1 dia de pena por cada 3 a 7 dias de pena cumprida em condições atentatórias à dignidade humana, a ser postulada perante o Juízo da Execução Penal. Subsidiariamente,caso o detento já tenha cumprido integralmente a pena ou não seja possível aplicar-lhe a remição, a ação para ressarcimento dos danos morais será fixada em pecúnia pelo juízo cível competente.’’
Essa visão mostra que o ressarcimento somente será cabível quando o preso já tenha cumprido integralmente a pena ou não seja possível aplicar-lhe a remição, assim, não é cabível para todos os casos. 
Tales Castelo Branco - Castelo Branco Advogados Associados, um conceituado escritório de advocacia do nosso país, se posicionou a respeito de tal assunto, e das declarações do ministro Barroso, da seguinte forma:
O voto do ministro Luís Roberto Barroso sobre a responsabilidade do Estado por danos morais decorrentes de superlotação carcerária, como bem disse o insigne ministro Teori Zavascki, é digno de integrar os anais da nossa Suprema Corte (“Superlotação carcerária - Responsabilidade do Estado - Remição de pena”) Criatividade, inteligência e espírito humanitário uniram-se para formular histórica decisão. Os advogados estão orgulhosos do grande ministro, que saiu de nossas fileiras profissionais para brilhar no Supremo Tribunal Federal.
Podemos perceber o clamor que o referido tema está causando ao meio jurídico e que algumas autoridades estão procurando alguma forma de tentar solucionar tal situação. 
Por fim, essa proposta tem a esperança de garantir as condições dignas ao encarceramento, que estão relacionadas com as deficiências crônicas das políticas adequadas, atingindo grande parte da população carcerária. Caracterizando o Estado de Coisas Inconstitucionais, que para sua solução é preciso um real empenho para a efetivação das medidas e direitos dos condenados. Assim foi dado provimento ao recurso extraordinário interposto para reconhecer o direito do recorrente a ser indenizado pelos danos morais sofridos, por meio da remição de parte do tempo de execução da pena, que ainda vai ser pelo juízo da execução.
3.4 Medidas alternativas do cumprimento de penas
Essa ideia surgiu com o reconhecimento de que a pena privativa de liberdade não estava cumprindo com seus objetivos, suscitando, portanto, a necessidade de urna reformulação do sistema criminal, com uma nova saída, e assim, encontra-se um caminho mais humanizado, para recuperar os direitos fundamentais que são constitucionalmente garantidos a esses indivíduos. Em consequência, encontrar soluções para amenizar esse fato. 
Essas medidas, também chamadas legalmente de Penas Restritivas de Direitos, tem como espécies a prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviço à comunidade ou entidades públicas, Interdição temporária de direitos e limitações de fins de semana, todas já citadas anteriormente por este trabalho, possuindo um caráter substitutivo, que ao invés de manter o indivíduo preso, o deixa em liberdade, todavia com obrigação de cumprir certos deveres que lhe são impostos. É valido ressaltar que elas garantem uma maior efetividade ao sistema, reduzindo também as chances de reincidência.
É importante ressaltar que elas são uma solução para esse problema da superlotação nos presídios, ressocialização e também para a diminuição da criminalidade, já que visam a substituição por uma pena menos gravosa. Contudo, pode-se perceber que ainda são pouco aplicadas devido à falta de divulgação de estudos da área, e à cultura prisional no sistema de justiça do país. 
Os requisitos para aplicação dessa modalidade encontram-se no Artigo 43 do Código Penal, e partem da ideia que as penas restritivas de direito são autônomas, e podem substituir as privativas de liberdades quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; 
II – o réu não for reincidente em crime doloso;         
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente
Pode-se assim verificar, mais uma vantagem dessas medidas, pois elas não fazem a união de agentes que tem penas mais gravosas, com os que tem penas menos graves, assim, não levando esses indivíduos a uma verdadeira escola do crime e em consequência diminuindo o número de indivíduos encarcerados. Há aqueles que cometeram crimes com uma ilicitude maior, estes também poderão cumprir suas penas nos presídios, mas de forma mais organizada, e com isso talvez se consiga um melhor aproveitamento da pena, como também o cumprimento de seus direitos.
Outro ponto de suma importância, que muitos doutrinadores sustentam como grande fator são às prestações de serviços à comunidade ou a entidades públicas, que são amplamente recomendadas, pois possibilita o alcance da finalidade penal, ou seja, é compensativa, preventiva e educativa. Sendo de grande relevância o interesse da sociedade civil, para que tal alternativa seja estimulada e que alcance o seu objetivo.
Para se obter o sucesso nessa ideia de medidas alternativas de cumprimento de penas, devemos considerar que o objetivo delas é a reintegração da pessoa ao meio social, e não se vingar em virtude do que ela praticou, sempre observando seus direitos. Assim tais medidas surgem para que essas punições se tornem mais justas, sempre devendo se ponderar sobres as privativas de liberdade, que devem somente ser usadas em último caso, visando sempre a reinserção, e que o indivíduo não volte a penitenciária. 
Com estas medidas, o indivíduo tem a chance de obter um contato com o meio social e com a sua família, mantendo-se afastado da realidade dos presídios, e de condutas que somete lhe influenciariam a condutas delituosas, pois muitas são as consequências negativas do encarceramento. 
 De tal modo podemos citar inúmeras qualidades dessas medidas, visando uma saída alternativa para essa realidade, que são: diminuir a superlotação dos presídios, sem diminuir a sua eficácia, redução de custos, favorecer a ressocialização, reduzir a reincidência, e preservar os direitos dos apenados.
Recentemente, a primeira turma do STF julgou um habeas corpus no sentido de discutir a possibilidade de remição ficta da pena, pelo fato do Estado não proporcionar atividade laboral ou educacional aos internos nas prisões, assim não possibilitando a eles a remição da pena. O ministro Marcus Aurélio, relator do caso, deferiu a ordem de habeas corpus, para que seja reconhecido tal direito, a título de indenização. Afirmou ainda que o indivíduo não pode ser prejudicado, com a perda de um ótimo benefício, em razão da omissão do Estado.
Entretanto, alguns doutrinadores foram contrários a esse posicionamento, afirmando que, embora o Estado seja responsável em promover o trabalho e educação para os internos, reconhecer este direito faria com que todas as pessoas do sistema, obtenham o benefício da remição, seria uma portanto, uma remição por trabalho, sem trabalho, sob o fundamento de que as circunstâncias prisionais não facilitam, e com isso causaria uma mudança enorme na política pública do sistema penitenciário, e também invadiria a esfera do judiciário, que já encontra-se em apuros, pelo alto número de demandas.
Com isso podemos afirmar que, algo tem que ser feito, visto que, todos os dias nas penitenciárias, direitos, princípios e garantias constitucionais, são simplesmente deixadas de lado, por um sistema extremamente falho que não dá a mínima para as condições humanas. E, ao contrário do que a maioria pensa, cadeia não é lugar somente de delinquentes e pessoas ruins, infelizmente qualquer pessoa de boa integridade um dia pode ter que submeter-se àquele local, em razão de algum deslize que cometeu na vida, e, se esse dia vier à chegar, todos terão o desejo de pagar pelas seus ações de forma digna, e na medida de seus atos. Portanto, as medidas de remição, e cumprimento de penas alternativas, são um ótimo caminho para que uma mudança realmente seja realizada e concretizada, pois inúmeros são seus benefícios, mas infelizmente ainda

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