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QUESTÕES PRÁTICAS SOBRE O 
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL
PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO
EDUARDO JORGE HILUY NICOLAU
Procurador-Geral de Justiça
LIZE DE MARIA BRANDÃO DE SÁ COSTA
Subprocuradora-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos
REGINA MARIA DA COSTA LEITE
Subprocuradora-Geral de Justiça para Assuntos Administrativos
THEMIS MARIA PACHECO DE CARVALHO
Corregedora-Geral do Ministério Público
MARIA LUIZA RIBEIRO MARTINS
Ouvidora do Ministério Público
KARLA ADRIANA HOLANDA FARIAS VIEIRA
Diretora da Escola Superior do Ministério Público
CARLOS HENRIQUE RODRIGUES VIEIRA
Diretor da Secretaria de Planejamento e Gestão
JOSÉ MÁRCIO MAIA ALVES
Diretor da Secretaria para Assuntos Institucionais
JÚLIO CÉSAR GUIMARÃES
Diretor-Geral da Procuradoria-Geral de Justiça
Sandro Carvalho Lobato de Carvalho
São Luís 
2021
QUESTÕES PRÁTICAS SOBRE O 
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL
Copyright © 2021 by Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Maranhão
Coordenação
Karla Adriana Holanda Farias Vieira
Promotora de Justiça
Diretora da ESMP/MA 
Revisão 
Claunísio Amorim Carvalho
Maria Alaide Natali
Diagramação e arte da capa
Renê da Silva Caldas 
Impressão
Facilita Gráfica Digital Ltda
Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Maranhão
Sede
Av. Prof. Carlos Cunha n.º 3261, Calhau
São Luís-MA.CEP: 65076-820
Fones: (98) 3219-1600 / (98) 3219-1624
Homepage: http://www.mpma.mp.br
Centro Cultural e Administrativo do
Ministério Público do Maranhão
Rua Osvaldo Cruz,1396 - Centro
São Luís-MA CEP: 65020-910
Fones: (98) 3219-1804 / (98) 3219-1998
Homepage: http://www.mpma.mp.br
As opiniões expressas nesta obra são de exclusiva responsabilidade do autor.
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Biblioteca da ESMP/MA)
Carvalho, Sandro Carvalho Lobato de 
 Questões práticas sobre o acordo de não persecução 
penal / Sandro Carvalho Lobato de Carvalho. – São Luís: 
Procuradoria Geral de Justiça, 2021.
230 p. 
 
ISBN 978-65-87765-05-1
1. Persecução penal. 2. Processo penal. I. Título.
 CDU 343.1
Para Bianca, And I’ll love you always.
Para meus filhos, Beatriz e Enzo, meus eternos amores.
Para meus pais, Joel e Selda, por tudo.
À minha irmã Vanessa, por estar sempre perto.
Aos meus tios Joaquim Henrique de Carvalho Lobato e
Joaquim Clementino Lobato Filho (in memoriam), minha constante gratidão.
Ao Ministério Público do Estado Maranhão.
PREFÁCIO
Honrada com o convite para prefaciar a obra “Questões 
práticas sobre o acordo de não persecução penal”, de autoria do 
Promotor de Justiça Sandro Carvalho Lobato de Carvalho, faço-o 
com muita satisfação, sobretudo pelo privilégio de ter sido uma das 
primeiras leitoras do texto.
Como dizia Saramago: “Toda obra literária leva uma pessoa 
dentro, que é o autor. O autor é um pequeno mundo entre outros pequenos 
mundos. A sua experiência existencial, os seus pensamentos, os seus 
sentimentos estão ali”. Temos, na obra em questão, as impressões digitais 
do autor, colega de carreira no Ministério Público do Maranhão, que, 
com vasta qualificação e experiência na matéria, nos desperta à reflexão 
desde o início, travando análises de cunho prático, aplicáveis à realidade 
do sistema de Justiça brasileiro e daqueles que o instrumentalizam.
Exemplo disso é o capítulo em que propõe perguntas como: o 
que é o Acordo de Não Persecução Penal (ANPP)? Qual a sua origem? 
Onde está previsto? Qual a sua natureza jurídica e o seu objetivo? Estas 
e outras indagações, com suas respectivas respostas, mostram o seu 
caráter eminentemente didático e funcional.
A obra desenvolve-se nessa dialética do questionar-se, 
abordando aspectos práticos da atuação ministerial na realização dos 
Acordos de Não Persecução Penal entre o parquet e o investigado na 
fase de apuração do ilícito penal. Dessa forma, o autor presenteia-nos 
com a publicação de ferramenta sólida de consulta facilitada sobre 
a temática. Em tempos em que o excesso de textos, cada vez maior, 
dificulta o encontro da informação útil, serve o presente livro como 
uma excelente curadoria de leitura para a atuação ministerial.
Composta por anexos que sistematizam os crimes previstos 
no Código Penal com possibilidade de aplicação do ANPP, bem como 
compilação das demais legislações especiais frequentemente utilizadas 
para atuação do Ministério Público Estadual, a obra nos permite, então, 
novos passos em prol da consolidação do ANPP como instrumento de 
política criminal à disposição do parquet.
Mostra também uma força cada vez mais crescente do 
Ministério Público do Maranhão, que é a de produzir, através de seus 
membros, literatura jurídica de qualidade para uso do próprio Ministério 
Público.
Por fim, desejo a todos uma ótima leitura e deixo aqui o convite 
para que os leitores se apropriem da obra como ferramenta de consulta 
diária, por sua efetiva contribuição para uniformizar a aplicação do 
instituto do Acordo de Não Persecução Penal (ANPP).
KARLA ADRIANA HOLANDA FARIAS VIEIRA
Diretora da Escola Superior do Ministério Público do Maranhão
APRESENTAÇÃO
Honrou-me o Dr. Sandro Carvalho Lobato de Carvalho, com 
o convite para a apresentação de sua brilhante obra “Questões Práticas 
Sobre o Acordo de Não Persecução Penal”. O autor dispensa maiores 
apresentações por se tratar de um colega de Ministério Público que é 
referência nacional de atuação, além de grande pesquisador. A obra, por 
sua vez, representa a sintetização dos seus estudos e da sua atuação ímpar 
como promotor de justiça.
O valioso estudo trazido a lume, trata, com sistemática impecável, 
do acordo de não persecução penal, tema atual e de extrema relevância 
institucional. Inicialmente, fixa o seu conceito, sua origem, natureza 
jurídica, previsão legal, suas características, sua aplicação e aborda as mais 
diversas hipóteses nas quais pode ser feita a proposta do acordo de não 
persecução penal.
Através de uma linguagem didática e objetiva, o autor analisa o 
acordo de não persecução penal e esclarece inúmeros pontos que poderiam 
ser objeto de dúvida aos aplicadores do instituto, como, por exemplo, sua 
aplicabilidade em certos tipos penais, sua possibilidade de aplicação em 
crimes de competência originária dos tribunais, suas condições, bem como 
sua coexistência com institutos despenalizadores como a transação penal e 
o sursis processual.
Como o próprio título da obra sugere, o intuito principal é 
discorrer sobre as questões práticas que envolvem o acordo de não 
persecução penal. Consequentemente, o leitor passa a compreender não 
apenas o instituto em si, mas também a importância da justiça negociada, a 
qual é uma tendência de futuro e que tem se materializado de forma muito 
significativa no ordenamento jurídico pátrio.
Com coerência e autonomia intelectual, o Dr. Sandro Lobato nos 
demonstra que a solução negociada dos conflitos se insere no conceito de 
acesso à justiça, em modelo mais amplo que o acesso ao Poder Judiciário, 
incluindo todo meio legítimo de efetivação dos direitos.
Sabe-se que a justiça negocial é um instrumento de política 
criminal de grande valia à persecução penal, tendo em vista a celeridade 
processual assegurada constitucionalmente. Ao lado disso, existe um 
grande volume de processos criminais existentes no país que demanda dos 
membros do Ministério Público uma atuação mais célere e objetiva nos 
casos de menor gravidade, de forma a garantir que as instituições tenham 
mais condições e tempo para se debruçar sobre os casos mais graves.
Dentre os muitos ensinamentos compartilhados no decorrer deste 
livro, o autor ressalta com maestria a importância da atuação do Ministério 
Público quanto ao tema, trazendo esclarecimentos sobre as formas de agir 
da instituição ao oferecer e ao deixar de oferecer o acordo.
Assim, além de todas as questões práticas sistematicamente 
apresentadas, a obra ainda permite uma reflexão acerca da importância do 
Ministério Público Brasileirobuscar ser, cada vez mais, uma instituição 
com atuação resolutiva na defesa da sociedade.
Para todos os que possuem contato com a obra, fica uma 
mensagem: mecanismos como o acordo de não persecução penal reforçam 
o papel do Ministério Público como fomentador de políticas públicas e, 
sobretudo, agente capaz de consolidar uma cultura de paz. Bons estudos!
EDUARDO JORGE HILUY NICOLAU
Procurador-Geral de Justiça
SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO ..................................................................................19
II. PERGUNTAS E RESPOSTAS ........................................................20
1. O que é o Acordo de Não Persecução Penal (ANPP)? ......................20
2. Qual a origem do Acordo de Não Persecução Penal (ANPP)? 
Onde está previsto o ANPP? .............................................................21
3. O art. 18 da Resolução nº 181/2017 do Conselho Nacional do 
Ministério Público, que instituiu o ANPP, ainda está em vigor? .......22
4. Qual a natureza jurídica do Acordo de Não Persecução Penal 
(ANPP)? ............................................................................................23
5. Qual o objetivo do Acordo de Não Persecução Penal (ANPP)? .......24
6. Quais os pressupostos legais para o Acordo de Não Persecução 
Penal? ................................................................................................25
7. Para o Acordo de Não Persecução Penal é necessária a existência 
de um procedimento investigatório? .................................................25
8. O ANPP poderá ser oferecido se for caso de arquivamento da 
investigação? .....................................................................................26
9. Cabe Acordo de Não Persecução Penal nas infrações penais 
praticadas com violência ou grave ameaça? ......................................27
10. A violência ou grave ameaça na prática da infração penal que 
impede o ANPP é a contra a pessoa? .................................................27
11. Cabe ANPP em relação às contravenções penais? ............................28
12. Cabe ANPP em crime culposo com resultado violento? ...................29
13. Cabe Acordo de Não Persecução Penal nas infrações penais com 
pena mínima inferior a 4 (quatro) anos? ...........................................31
14. Para aferição da pena mínima cominada ao delito, devem ser 
consideradas as causas de aumento e de diminuição aplicáveis 
ao caso concreto? ...............................................................................31
15. Somente será possível a proposta de Acordo de Não Persecução 
Penal se o investigado voluntariamente confessar formal e 
circunstanciadamente a prática da infração penal? ...........................34
16. A confissão exigida para o ANPP ofende o direito constitucional 
ao silêncio? ........................................................................................39
17. Existindo dúvidas sobre a integridade mental do investigado, 
poderá ser oferecido o Acordo de Não Persecução Penal? ...............40
18. Se o investigado não tiver confessado a prática da infração penal 
no inquérito policial, necessariamente estará inviabilizada a 
proposta de Acordo de Não Persecução Penal? .................................42
19. A confissão exigida para o Acordo de Não Persecução Penal 
serve para formar a opinio delict do Ministério Público? .................45
20. A confissão exigida para o Acordo de Não Persecução Penal 
significa reconhecimento expresso de culpa do investigado? ...........46
21. A confissão exigida para o Acordo de Não Persecução Penal 
pode ser usada no processo criminal, caso descumprido o ANPP? ...47
22. E se o Acordo de Não Persecução Penal não for homologado 
pelo Juízo, pode a confissão ser usada no processo criminal? ..........50
23. Qual o momento oportuno para o membro do Ministério Público 
avaliar se o caso permite ou não ANPP? ...........................................50
24. Qual o momento oportuno para o membro do Ministério Público 
oferecer o ANPP? ..............................................................................51
25. Cabe acordo de não persecução penal nos processos com denúncia 
recebida antes da entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019? .............54
26. O que é o acordo de não continuidade da persecução penal (ou 
de não prosseguimento da persecução penal)? ..................................67
27. Nos processos com denúncia já recebida antes da entrada em 
vigor da Lei nº 13.964/2019, até que fase processual pode 
ser firmado o Acordo de Não Persecução Penal (ou de não 
continuidade da persecução penal)? ..................................................68
28. A quem compete oferecer o ANPP? ..................................................78
29. O juiz pode oferecer o ANPP? ..........................................................78
30. O Acordo de Não Persecução Penal é direito subjetivo do 
investigado? .......................................................................................80
31. Presentes os pressupostos do Acordo de Não Persecução Penal, 
o Ministério Público pode negar seu oferecimento se verificar 
que o ANPP não é necessário e suficiente para a reprovação e 
prevenção da infração penal? ............................................................87
32. Cabe Acordo de Não Persecução Penal na hipótese de crimes 
hediondos ou equiparados? ...............................................................92
33. Cabe Acordo de Não Persecução Penal na hipótese de tráfico 
privilegiado? ......................................................................................96
34. Cabe Acordo de Não Persecução Penal em crimes de racismo? .......98
35. Cabe Acordo de Não Persecução Penal em crimes contra a 
Administração Pública? E nos crimes da Lei de Licitação? E 
nos crimes do Decreto-Lei nº 201/1967? ....................................... 100
36. Cabe Acordo de Não Persecução Penal em crimes ambientais? .... 102
37. Cabe Acordo de Não Persecução Penal em crimes eleitorais? ....... 103
38. Cabe Acordo de Não Persecução Penal em crimes militares? ....... 104
39. Cabe Acordo de Não Persecução Penal em crimes previstos na 
Lei de Abuso de Autoridade? ......................................................... 109
40. Cabe Acordo de Não Persecução Penal em crimes de competência 
originária dos Tribunais? .................................................................111
41. Cabe Acordo de Não Persecução Penal se for cabível transação 
penal de competência dos Juizados Especiais Criminais? ..............112
42. Cabe Acordo de Não Persecução Penal se for cabível a suspensão 
condicional do processo? .................................................................113
43. Cabe Acordo de Não Persecução Penal se for o investigado 
reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem 
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional? ......................114
44. Cabe Acordo de Não Persecução Penal se o investigado tiver 
sido beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento 
da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal 
ou suspensão condicional do processo? ..........................................118
45. Cabe Acordo de Não Persecução Penal nos crimes praticados 
no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou nos praticados 
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino? ............119
46. Cabe Acordo de Não Persecução Penal quando for cabível 
acordo de colaboração premiada? .................................................. 122
47. Há imposição de sanção penal no Acordo de Não Persecução 
Penal? ............................................................................................. 124
48. Quais são as condições do Acordo de Não Persecução Penal? ...... 125
49. Como condição do Acordo de Não Persecução Penal o 
investigado deve reparar o dano ou restituir a coisa à vítima? ....... 126
50. No que consiste a condição do ANPP em o investigadorenunciar 
voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério 
Público como instrumentos, produto ou proveito do crime? .......... 128
51. Pode ser prevista como condição do ANPP a prestação de 
serviço à comunidade ou a entidades públicas? ............................. 129
52. Prevista como condição do ANPP a prestação de serviço à 
comunidade ou a entidades públicas, é o Ministério Público 
quem indica o local de cumprimento para o investigado? ............. 130
53. Pode ser prevista como condição do ANPP o pagamento de 
prestação pecuniária? ..................................................................... 131
54. Para onde pode ser destinada a prestação pecuniária acordada no 
ANPP? É o Ministério Público que indica o destino da prestação 
pecuniária? ...................................................................................... 132
55. O Ministério Público pode ajustar no ANPP outra condição que 
não as previstas nos incisos I a IV do art. 28-A, do CPP? ............. 133
56. As condições uma vez aceitas e o ANPP homologado podem ser 
objeto de alteração (novação)? ....................................................... 135
57. Como deve ser formalizado o Acordo de Não Persecução Penal? . 136
58. É imprescindível o advogado/defensor para a formalização do 
Acordo de Não Persecução Penal? ................................................. 138
59. Onde deve ser celebrado o Acordo de Não Persecução Penal? ...... 141
60. O Acordo de Não Persecução Penal deve ser homologado 
judicialmente? ................................................................................ 142
61. Qual é o Juiz competente para a homologação do Acordo de 
Não Persecução Penal? ................................................................... 142
62. É necessária audiência para a homologação do Acordo de Não 
Persecução Penal? .......................................................................... 144
63. É necessária a presença do Ministério Público na audiência para 
a homologação do Acordo de Não Persecução Penal? ................... 147
64. É possível a celebração de Acordo de Não Persecução Penal na 
audiência de custódia? .................................................................... 150
65. Na audiência para a homologação do Acordo de Não Persecução 
Penal quais decisões o juiz pode tomar? ........................................ 157
66. Na audiência para a homologação do Acordo de Não Persecução 
Penal o que deve fazer o juiz se considerar inadequadas, 
insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo? ......... 157
67. Caso o juiz, com a concordância do investigado e de seu defensor, 
devolva os autos ao Ministério Público por ter considerado 
inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas 
no acordo, o que o Ministério Público pode fazer? ........................ 160
68. Em quais hipóteses o juiz pode recusar homologar o ANPP? 
Recusando o acordo, quais as providências deve tomar? ............... 161
69. Foi acertada a decisão do legislador de prever o cabimento de 
recurso em sentido estrito quando o juiz recusa homologar o 
ANPP contra a vontade do MP e do investigado? .......................... 162
70. Não homologado o ANPP, como fica a confissão realizada? E 
os instrumentos e/ou produtos e proveitos do crime que foram 
objeto de ajuste? ............................................................................. 164
71. Quais os efeitos da homologação judicial do ANPP? .................... 166
72. Qual órgão é o responsável pela fiscalização do ANPP? ............... 168
73. Quais documentos devem ser remetidos ao Juízo da Execução 
Penal para execução/fiscalização do ANPP? .................................. 169
74. E os autos da investigação criminal, como ficam em caso de 
homologação do ANPP? ................................................................. 172
75. Corre o prazo prescricional durante o tempo de cumprimento do 
ANPP? ............................................................................................ 173
76. A celebração do ANPP constará na certidão de antecedentes 
criminais do investigado? ............................................................... 174
77. No caso de cumprimento do ANPP, qual a consequência? ............ 174
78. Qual o Juízo competente para declarar extinta a punibilidade 
do ANPP em caso de cumprimento integral do acordo? E para 
rescindir o ANPP em caso de descumprimento? ............................ 174
79. Qual providência o Juízo da Execução deve tomar ao receber o 
ANPP para a execução? .................................................................. 179
80. Descumprido o ANPP, o Ministério Público, ao oferecer 
denúncia, pode deixar de oferecer a suspensão condicional do 
processo? ........................................................................................ 179
81. Descumprido o ANPP e rescindido judicialmente o acordo, como 
ficam as parcelas que já foram pagas da prestação pecuniária 
parcelada? ....................................................................................... 181
82. Descumprido o ANPP e rescindido judicialmente o acordo, pode 
haver detração das condições parcialmente cumpridas na pena a 
ser imposta em eventual sentença condenatória? ........................... 182
83. Ao deixar de oferecer o ANPP, como o Ministério Público 
deve agir? ...................................................................................... 183
84. E, em caso de não oferecimento do acordo pelo Ministério 
Público, como pode agir o investigado? ......................................... 186
85. Pode ser ajuizada ação penal privada subsidiária da pública 
quando o Ministério Público oferecer ao investigado o Acordo 
de Não Persecução Penal? .............................................................. 194
86. Cabe ANPP nos crimes de ação penal privada? ............................. 195
87. No caso de sentença desclassificatória, ainda caberia ANPP? ....... 197
88. Nas hipóteses de emendatio libelli ou de mutatio libelli, caberia 
ANPP? ............................................................................................ 198
89. No caso de concurso de pessoas, como proceder em relação ao 
ANPP? ............................................................................................ 200
90. No caso de concurso de crimes, em que a um, objetivamente, 
cabe o ANPP, e o outro é, por exemplo, perpetrado com violência 
ou grave ameaça, como proceder em relação ao ANPP? ............... 201
III. CONCLUSÕES ............................................................................ 201
REFERÊNCIAS .................................................................................. 203
ANEXOS ............................................................................................. 209
Tabela de crimes previstos no código penal com possibilidade de 
Acordo de Não Persecução Penal – ANPP (em vista da pena mínima 
cominada) ...............................................................................................209
Tabela de crimes previstos no Estatuto do Desarmamento (Lei nº 
10.826/2003) com possibilidade de Acordo de Não Persecução 
Penal – ANPP (em vista da pena mínima cominada) ............................220
Tabela de crimes previstos na Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas) 
com possibilidade de Acordo de Não Persecução Penal – ANPP (em 
vista da pena mínima cominada) ...........................................................221
Tabela de crimes previstos na Lei nº 13.869/2019 (Abuso de Autoridade) 
com possibilidade de Acordo de Não Persecução Penal – ANPP (em 
vista da pena mínima cominada) ..............................................................223
Tabela de crimes previstos no Código de Trânsito Brasileiro (Lei 
nº 9.503/1997) com possibilidade de Acordo de Não Persecução 
Penal – ANPP (em vista da pena mínima cominada) ...........................224
Tabela de crimes previstos na Lei nº 9.605/1998(Crimes 
Ambientais) com possibilidade de Acordo de Não Persecução 
Penal Penal – ANPP (em vista da pena mínima cominada) ................225
Tabela de crimes previstos na Lei nº 8.666/1993 (Lei de Licitações) 
com possibilidade de Acordo de Não Persecução Penal Penal – ANPP 
(em vista da pena mínima cominada) .....................................................227
Tabela de crimes previstos na Lei nº 8.137/1990 (Crimes Contra a 
Ordem Tributária, Econômica e Contra as Relações de Consumo) 
com possibilidade de Acordo de Não Persecução Penal Penal – ANPP 
(em vista da pena mínima cominada) ......................................................228
19
QUESTÕES PRÁTICAS SOBRE O ACORDO DE NÃO 
PERSECUÇÃO PENAL
I) INTRODUÇÃO
A Lei nº 13.964/2019 inseriu no Código de Processo Penal o 
art. 28-A e nele o Acordo de Não Persecução Penal (ANPP).
O instituto do ANPP já é conhecido pelo Ministério Público 
brasileiro desde o ano de 2017, devido à sua previsão na Resolução 
nº 181/2017 do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). 
Contudo, sendo a previsão apenas no ato normativo do CNMP, sua 
aplicação restou questionada, sobretudo em sua constitucionalidade, 
por não estar previsto em lei, prejudicando sua maior utilização e outras 
discussões sobre o instituto.
Com a previsão no CPP, a questão da inconstitucionalidade 
esvaziou-se, e o ANPP passou a ser efetivamente aplicado e então 
passaram a surgir diversas dúvidas quanto ao instituto.
Por ser um instituto relativamente novo e com alguns 
questionamentos sobre sua aplicação chegando aos Tribunais somente com 
a sua previsão no CPP, doutrina e jurisprudência ainda são cambaleantes 
em diversos aspectos. Até mesmo entre os Ministérios Públicos do Brasil 
há alguma divergência quanto aos procedimentos para sua utilização.
Importante instrumento de política criminal à disposição do 
Ministério Público, com certeza, com o passar do tempo, muitos dos 
questionamentos serão esclarecidos, permitindo uma utilização mais 
uniforme por parte do Ministério Público e o alcance esperado pelo ANPP.
20
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Contudo, neste início de maior visibilidade e aplicação do 
Acordo de Não Persecução Penal, objetivou-se neste ensaio, sem a 
pretensão de esgotar o vasto e novo tema, elencar as principais questões 
que aparecem na prática ministerial de aplicação do Acordo de Não 
Persecução Penal, optando-se em mostrá-las na forma de perguntas e 
respostas com viés prático para facilitar uma consulta mais rápida 
para aqueles que precisam visitar a matéria, expondo a doutrina e a 
jurisprudência que já se debruçaram sobre o ANPP, expressando nosso 
posicionamento a respeito e indicando possíveis sugestões para a atuação.
Ao final, em forma de tabelas, elencaram-se os crimes previstos 
no Código Penal e na legislação especial criminal mais frequentemente 
usada pelo Ministério Público Estadual em que possivelmente será 
cabível o Acordo de Não Persecução Penal como forma de auxílio ao 
consulente do presente escrito. 
II) PERGUNTAS E RESPOSTAS
1) O que é o Acordo de Não Persecução Penal (ANPP)?
O acordo de não persecução penal é um acordo celebrado 
entre o Ministério Público e o investigado (devidamente assistido por 
advogado/defensor), notadamente na fase de investigação de um ilícito 
penal, necessariamente homologado judicialmente, onde o investigado 
assume a responsabilidade do fato delituoso investigado, aceitando 
voluntariamente cumprir determinadas condições não privativas de 
liberdade, em troca do compromisso do Ministério Público de não 
promover a ação penal e pugnar pela extinção de punibilidade, caso o 
acordo seja integralmente cumprido.
Segundo Alves, Araújo e Arruda (2020, p. 111):
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
21
O acordo de não persecução penal é definido como 
o ajuste passível de ser celebrado antes do início 
da ação penal (ou seja, da persecução penal em 
juízo), no âmbito da investigação criminal, entre o 
Ministério Público e o investigado (acompanhado 
de defensor) que, uma vez homologado 
judicialmente e cumprido, enseja a extinção da 
punibilidade. 
O Min. Reynaldo Soares da Fonseca, no AgRg no Recurso em 
Habeas Corpus nº 128.660 – SP, da 5ª Turma do Superior Tribunal de 
Justiça, julgado em 18/08/2020, assim sintetizou o ANPP:
Consiste em um negócio jurídico pré-processual 
entre o Ministério Público e o investigado, 
juntamente com seu defensor, como alternativa 
à propositura de ação penal para certos tipos de 
crimes, principalmente no momento presente, em 
que se faz necessária a otimização dos recursos 
públicos.
2) Qual a origem do Acordo de Não Persecução Penal (ANPP)? Onde 
está previsto o ANPP?
O acordo de não persecução penal teve sua origem no art. 18 
da Resolução nº 181/2017 (posteriormente alterada pela Resolução nº 
183/2018), do Conselho Nacional do Ministério Público.
A Lei nº 13.964/2019 (conhecida por “Pacote Anticrime”) inseriu 
o acordo de não persecução penal no art. 28-A, do Código de Processo Penal.
22
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
3) O art. 18 da Resolução nº 181/2017 do Conselho Nacional do 
Ministério Público, que instituiu o ANPP, ainda está em vigor?
Sim, com algumas modificações.
Como dito, o acordo de não persecução penal teve sua 
origem no art. 18 da Resolução nº 181/2017 (alterada pela Resolução 
nº 183/2018), do Conselho Nacional do Ministério Público. 
Posteriormente, entrou em vigor a Lei nº 13.964/2019 (conhecida por 
“Pacote Anticrime”) que inseriu o acordo de não persecução penal no 
art. 28-A do Código de Processo Penal.
Muitos dos dispositivos previstos na Resolução nº 181, do 
CNMP, foram repetidos no art. 28-A, do CPP. Outros foram previstos de 
forma diversa.
O Conselho Nacional do Ministério Público ainda não 
promoveu alteração na Resolução nº 181/2017 para adaptá-la à nova 
disciplina prevista no art. 28-A do CPP.
Então, em princípio, por enquanto, temos dois disciplinamentos 
sobre o ANPP: o art. 28-A, do CPP, e a Resolução nº 181/2017, do 
CNMP.
Como é evidente, tudo que constar na Resolução do CNMP que 
for contrário ao disciplinado no art. 28-A, do CPP, será tido por revogado 
pela Lei.
De forma bem clara, resume Cabral (2020, p. 55):
Em um exame comparativo de cada um dos 
dispositivos, verifica-se que poderá ocorrer uma 
das três seguintes situações:
(i) a disciplina prevista no art. 28-A, do CPP, está 
em sentido contrário ao disposto na Resolução, 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
23
caso em que, obviamente, prevalecerá o previsto 
no CPP, ocorrendo, portanto, revogação, por lei, 
dos trechos incompatíveis da 181/17;
(ii) o disposto no CPP é idêntico ao previsto na 
Resolução, ficando, portanto, hígida a regra da 
regulamentação;
(iii) o disposto na Resolução, apesar de não ter sido 
consagrado no art. 28-A, CPP, não encontra vedação 
ou antinomia na lei, dizendo respeito a temas 
de organização interna e controle do Ministério 
Público, hipótese em que continuará a ter validade 
normativa o contido na Resolução, inclusive, como 
fonte de aprimoramento da atuação e fiscalização 
institucional.
4) Qual a natureza jurídica do Acordo de Não Persecução Penal 
(ANPP)?
O acordo de não persecução penal é um negócio jurídico 
de natureza extrajudicial realizado entre as partes, necessariamente 
homologado judicialmente.
Cabral (2020, p. 84) indica que a natureza jurídica do acordo 
de não persecução penal é caracterizada por um negócio jurídico que 
consubstancia a política criminal do titular da ação penal na persecução 
dos delitos.
Contudo, Souza (2020, p. 123) vislumbra, com razão, uma 
natureza jurídica híbrida do ANPP, já que passou a ser, também, uma causa 
extintiva de punibilidade.
Finalmente, define Cunha, V. (2020, p. 301):
24
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Nesse sentido, é possível entender o acordo de não 
persecução como o negócio jurídico bilateral, de 
natureza mista, firmado na fase pré-processual, que 
busca evitar a propositurada ação penal em razão 
da confissão do investigado e de sua submissão 
voluntária a determinadas condições.
5) Qual o objetivo do Acordo de Não Persecução Penal (ANPP)?
O acordo de não persecução penal foi criado em vista da 
necessidade de se buscar soluções céleres e efetivas referentes a crimes de 
baixa e média gravidade, visando ser um mecanismo de solução consensual 
no âmbito criminal e voltado à fixação de uma política criminal realizada 
pelo Ministério Público.
Nesse aspecto, diz Cabral (2020, p. 84):
Assim, e esse é um aspecto muito importante, é 
fundado precisamente no seu poder de realizar política 
criminal de persecução penal, que pode o Ministério 
Público buscar alternativas para dar respostas mais 
céleres e adequadas aos casos penais de baixa e média 
gravidade, por meio de acordos penais.
Na mesma esteira de pensamento, Souza (2020, p. 122):
À natureza negocial pré-processual, soma-se a 
vocação programática do instituto, voltado para 
a fixação de um programa de política criminal 
pautado em critérios decisórios bem ordenados e 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
25
que procura enfrentar o inchaço do poder judiciário 
e o aumento da criminalidade com racionalidade, 
em vistas à realidade social.
Não se pode perder de vista que o acordo de não persecução 
penal tem por objetivo, ainda, evitar a ação penal (evitar as misérias do 
processo penal), sendo um instituto claramente despenalizante.
Por fim, o ANPP vem prestigiar um pouco mais a vítima no 
processo penal brasileiro, prevendo como condição, de forma prioritária, a 
reparação do dano ou a restituição da coisa à vítima (art. 28-A, I, do CPP) e a 
sua intimação quando da homologação do ANPP e de seu descumprimento 
(art. 28-A, § 9º, do CPP). 
6) Quais os pressupostos legais para o Acordo de Não Persecução 
Penal?
Os pressupostos legais para o ANPP são cumulativos e previstos, 
mesmo implicitamente, no caput do art. 28-A, do CPP. São eles: a) 
existência de procedimento investigatório; b) não ser caso de arquivamento 
dos autos; c) infração penal sem violência ou grave ameaça; d) pena inferior 
a 4 (quatro) anos; e) confissão formal e circunstanciada do investigado.
7) Para o Acordo de Não Persecução Penal é necessária a existência de 
um procedimento investigatório?
Sim. A existência de um procedimento investigatório é um 
pressuposto para o ANPP. Os pressupostos legais para o ANPP são cumulativos 
e previstos, mesmo implicitamente, no caput do art. 28-A, do CPP. Eis o 
caso da existência de um procedimento investigatório. O ANPP somente 
26
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
poderá ser firmado no bojo de um procedimento investigatório criminal, 
ou seja, pode ocorrer em um inquérito policial ou em um procedimento 
investigatório criminal (PIC) presidido pelo Ministério Público. A existência 
de uma investigação formal é garantia do investigado e, portanto, o ANPP 
somente é admitido se existente a investigação formalmente instaurada.
8) O ANPP poderá ser oferecido se for caso de arquivamento da 
investigação?
Não. Um dos pressupostos contidos no caput do art. 28-A, 
do CPP, para o ANPP é justamente não ser caso de arquivamento da 
investigação.
O ANPP não é um substituto do arquivamento do procedimento 
investigatório criminal. Ao contrário. É uma alternativa ao ajuizamento da 
ação penal. Só é cabível ANPP quando nos autos da investigação criminal 
já existir elementos suficientes para o ajuizamento da ação penal, ou seja, 
existindo nos autos da investigação criminal justa causa e pressupostos 
e condições para o oferecimento da denúncia, o Ministério Público vai 
analisar se o caso comporta ANPP.
Importante deixar claro: se da análise dos autos da investigação 
criminal, o Ministério Público entender que o caso é de arquivamento, seja 
por prescrição, atipicidade, falta de legitimidade, falta representação da 
vítima, de requisição do Ministro da Justiça, falta de justa causa etc., deve o 
membro do Ministério Público promover o arquivamento da investigação, 
sendo-lhe vedado oferecer o ANPP. Só cabe ANPP na hipótese de 
viabilidade do ajuizamento da ação penal.
Nesse aspecto, leciona Cabral (2020, p. 107):
Isto porque – e é fundamental que isso fique bem claro 
– o acordo de não persecução não pode se prestar 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
27
para ser instrumento de obtenção da justa causa para 
a investigação. Somente cabe acordo, como se vê 
do requisito aqui estudado, quando já existir a justa 
causa, amparada em uma base factual investigativa, 
e quando não for o caso de arquivamento da 
investigação criminal.
9) Cabe Acordo de Não Persecução Penal nas infrações penais 
praticadas com violência ou grave ameaça?
Não. É pressuposto para o ANPP que a infração penal tenha 
sido praticada sem violência ou grave ameaça (art. 28-A, caput, do 
CPP).
Claramente o legislador, legitimamente, afastou a possibilidade 
de acordo de não persecução penal nas infrações penais perpetradas 
com violência ou grave ameaça, posto que as práticas de tais infrações 
consubstanciam injustos mais reprováveis, uma vez que mais elevado o 
desvalor da ação. 
10) A violência ou grave ameaça na prática da infração penal que 
impede o ANPP é a contra a pessoa?
Sim. O que impede o ANPP é a infração penal que tenha sido 
praticada com violência ou grave ameaça à pessoa.
A violência que impede o ANPP é aquela praticada contra a 
pessoa, não estando incluídas na vedação as infrações penais perpetradas 
com violência contra as coisas.
Nesse sentido, o Enunciado nº 23 PGJ-CGMP, do Ministério 
Público de São Paulo, a respeito da Lei nº 13.964/2019:
28
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
É cabível acordo de não persecução penal nas 
infrações cometidas com violência contra a coisa, 
devendo-se interpretar a restrição do caput do art. 
28-A do CPP como relativa a infrações penais 
praticadas com grave ameaça ou violência contra a 
pessoa (lex minus dixit quam voluit).
Claramente o legislador, legitimamente, afastou a possibilidade 
de acordo de não persecução penal nas infrações penais perpetradas 
com violência ou grave ameaça, posto que, as práticas de tais infrações 
consubstanciam injustos mais reprováveis, uma vez que mais elevado o 
desvalor da ação.
O conceito de violência é o conceito amplo, incluindo os casos 
de violência real, imprópria e presumida.
Sobre a violência, vale a lição de Abraão e Lourinho (2020, p. 
336):
A violência a que se refere o legislador deve ser 
compreendida em seu sentido mais amplo, abarcando, 
assim, a física, a psicológica e a presumida. Nesse 
ponto, a intenção do legislador é evidentemente não 
beneficiar autores de crimes violentos, submetendo-
os, assim, aos rigores e às consequências danosas do 
processo penal.
11) Cabe ANPP em relação às contravenções penais?
Sim, a princípio. Cabe ANPP tanto para crimes quanto para as 
contravenções penais.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
29
Da mesma forma conclui Lima (2020b, p. 289) que o acordo 
pode ser celebrado independente da natureza do ilícito, ou seja, pouco 
importa se se trata de crime ou de contravenção penal.
Contudo, vale mencionar que o art. 28-A, § 2º, do CPP, disciplina 
que não cabe acordo de não persecução se for cabível transação penal 
de competência dos Juizados Especiais Criminais, sendo que todas as 
contravenções penais (Decreto-Lei nº 3.688/41) são da competência do 
Juizado Especial Criminal e cabem transação penal (art. 61, da Lei nº 
9.099/95), o que implica dizer que, em tese, não caberia ANPP devido à 
norma do citado art. 28-A, § 2º, do CPP.
12) Cabe ANPP em crime culposo com resultado violento?
Em tese, é cabível o ANPP nos crimes culposos com resultado 
violento, pois deve-se levar em conta o desvalor da ação praticada e 
não unicamente o valor do resultado. Assim, como nos delitos culposos 
a conduta consiste em violação de um dever de cuidado objetivo por 
negligência, imperícia ou imprudência, cujo resultadoé involuntário, 
não desejado e nem aceito pelo agente, apesar de previsível, não haveria 
impedimento para o ANPP.
Nesse sentido, Cunha, R. (2020, p. 129) afirma que a violência 
que impede o ajuste é aquela presente na conduta, e não no resultado, e 
que, por isso, o homicídio culposo, por exemplo, admite ANPP.
Igualmente Lima (2020b, p. 280):
Sem embargo do silêncio do art. 28-A, caput, parece-
nos que a violência ou grave ameaça aí citada 
necessariamente deverá ter sido praticada a título 
doloso, daí por que há de se admitir a celebração do 
acordo na hipótese de eventual crime culposo com 
30
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
resultado violento (v. g., lesão corporal culposa), 
desde que presentes os demais requisitos. A violência 
que impede a celebração do acordo, portanto, é aquela 
presente na conduta, e não no resultado.
Essa interpretação foi a adotada pelo Grupo Nacional de 
Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM), do 
Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos 
dos Estados e da União (CNPG), consubstanciada no Enunciado nº 23:
É cabível o acordo de não persecução penal nos 
crimes culposos com resultado violento, uma vez 
que nos delitos desta natureza a conduta consiste 
na violação de um dever de cuidado objetivo por 
negligência, imperícia ou imprudência, cujo resultado 
é involuntário, não desejado e nem aceito pela agente, 
apesar de previsível.
Importa consignar que, ainda que em tese, seja possível o 
ANPP, pode não ser o acordo de não persecução penal, no caso concreto, 
necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime (art. 28-A, 
caput, do CPP), o que justificaria o não oferecimento do ANPP de forma 
fundamentada pelo Ministério Público.
Por fim, vale mencionar a posição contrária de Cabral (2020, p. 
91), que não admite ANPP em crime culposo. Diz ele:
Essa violência contra a pessoa pode ser tanto a 
violência dolosa (v. g. crime de roubo), quanto a 
violência culposa (v. g. homicídio culposo). Isso 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
31
porque, o legislador não delimitou a restrição a uma 
determinada modalidade de imputação subjetiva (o 
dolo), como o fez, por exemplo, no parágrafo único do 
art. 71, do Código Penal, nem previu expressamente a 
possibilidade de ANPP para todos os delitos culposos, 
como feito no caso do art. 44, I, in fine, do CP.
13) Cabe Acordo de Não Persecução Penal nas infrações penais com 
pena mínima inferior a 4 (quatro) anos?
Sim. Um dos pressupostos contidos no caput do art. 28-A, do 
CPP, para o ANPP é justamente a infração penal ter cominada pena mínima 
inferior a 4 (quatro) anos para poder existir o ANPP. A contrario sensu, se 
a pena mínima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos, incabível 
o ANPP.
14) Para aferição da pena mínima cominada ao delito, devem ser 
consideradas as causas de aumento e de diminuição aplicáveis ao caso 
concreto?
Sim. Consta previsão expressa no art. 28-A, § 1º, do CPP, que 
“Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o art. 
28-A, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis 
ao caso concreto”.
Assim, ao receber o procedimento policial, o membro do 
Ministério Público deve analisar qual o tipo penal aplicável, bem como 
se existentes causas de aumento ou diminuição relativas ao tipo penal, 
inclusive se houve tentativa, observando-se, neste caso, a redução 
obrigatória do art. 14, II, parágrafo único, do Código Penal.
32
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
E havendo redutores ou exasperantes em limites variáveis, deve-
se tomar como parâmetro, respectivamente, a maior diminuição e o menor 
aumento, uma vez que o parâmetro é o piso punitivo.
Também deve-se levar em consideração a existência de concurso 
material de crimes (art. 69, do Código Penal), onde as penas mínimas 
previstas devem ser somadas, de concurso formal e de continuidade 
delitiva (arts. 70 e 71, do Código Penal), em que se deve acrescentar o 
aumento mínimo previsto em lei sobre a pena mínima cominada. Se da 
soma resultar pena mínima inferior a 4 anos, o acordo é possível.
Leciona Cabral (2020, p. 90):
Desse modo, na incidência das causas de aumento, 
para estabelecer-se a pena mínima, deve-se operar 
abstratamente o aumento mínimo previsto na Lei 
e na hipótese de concorrer uma causa especial de 
diminuição, deve-se considerar diminuição máxima 
prevista m lei. Assim procedendo, chaga-se à pena 
mínima.
O Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio 
Criminal (GNCCRIM), do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais 
dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG), editou o 
Enunciado nº 29:
Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que 
se refere o artigo 28-A, serão consideradas as causas 
de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto, 
na linha do que já dispõe os enunciados sumulados nº 
243 e nº 723, respectivamente, do Superior Tribunal 
de Justiça e Supremo Tribunal Federal.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
33
O Superior Tribunal de Justiça decidiu:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO 
REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. 
APLICAÇÃO DO ART. 28-A DO CÓDIGO 
PENAL – CP. INOVAÇÃO RECURSAL. NÃO 
PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS. 
EMBARGOS REJEITADOS. 1. [...]. 2. A aplicação 
do disposto no art. 28-A do CPP, referente à 
proposição do acordo de não persecução penal, 
não foi matéria vertida nas razões do recurso 
especial, caracterizando indevida inovação 
recursal, o que torna inviabilizada a conversão do 
julgamento em diligência. 3. Ainda que assim não 
fosse, observa-se que, para aplicação do instituto 
do acordo de não persecução penal (art. 28-A 
do CPP), é necessário que o investigado tenha 
confessado formal e circunstancialmente a prática 
da infração penal, o que não aconteceu no presente 
caso. Ademais, há a exigência que a pena mínima 
seja inferior a 4 (quatro) anos, no caso, a soma das 
penas mínimas previstas aos delitos imputados ao 
embargante (arts. 180, caput, 304 c/c 297 e 311 do 
CP) ultrapassa o mínimo exigido. 4. Embargos de 
declaração rejeitados (EDcl no AgRg nos EDcl no 
Agravo em Recurso Especial nº 1.618.414 – RJ, 
Rel. Min. Joel Ilan Paciornik).
34
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Outrossim, por analogia, é de se observar as Súmulas 243, do 
STJ,1 e 723, do STF.2
15) Somente será possível a proposta de Acordo de Não Persecução 
Penal se o investigado voluntariamente confessar formal e circunstan-
ciadamente a prática da infração penal?
Sim. O art. 28-A, caput, do CPP, também impõe como 
pressuposto do ANPP que o investigado tenha confessado formal e 
circunstanciadamente a prática da infração penal. O Ministério Público 
deixa de ajuizar a ação penal, mas o investigado deve confessar 
integralmente a prática criminosa.
Sem confissão simples, voluntária, formal e circunstanciada, 
incabível o ANPP.
Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO 
REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. 
APLICAÇÃO DO ART. 28-A DO CÓDIGO 
PENAL – CP. INOVAÇÃO RECURSAL. NÃO 
PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS. 
EMBARGOS REJEITADOS. 1. [...]. 2. A aplicação 
1 Súmula 243-STJ: “O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação 
às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade 
delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da 
majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano”.
2 Súmula 723-STF: “Não se admite a suspensão condicional do processo por crime 
continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de 
um sexto for superior a um ano”.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
35
do disposto no art. 28-A do CPP, referente à proposição 
do acordo de não persecução penal, não foi matéria 
vertida nas razões do recurso especial, caracterizando 
indevidainovação recursal, o que torna inviabilizada 
a conversão do julgamento em diligência. 3. Ainda 
que assim não fosse, observa-se que, para aplicação do 
instituto do acordo de não persecução penal (art. 28-A do 
CPP), é necessário que o investigado tenha confessado 
formal e circunstancialmente a prática da infração penal, 
o que não aconteceu no presente caso. Ademais, há a 
exigência que a pena mínima seja inferior a 4 (quatro) 
anos, no caso, a soma das penas mínimas previstas aos 
delitos imputados ao embargante (arts. 180, caput, 304 
c/c 297 e 311 do CP) ultrapassa o mínimo exigido. 4. 
Embargos de declaração rejeitados (EDcl no AgRg nos 
EDcl no Agravo em Recurso Especial nº 1.618.414 – 
RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik).
[...] V -Ainda, da simples leitura do art. 28-A do 
CPP, se verifica a ausência dos requisitos para a sua 
aplicação, porquanto o embargante, em momento 
algum, confessou formal e circunstancialmente a 
prática de infração penal, pressuposto básico para 
a possibilidade de oferecimento de acordo de não 
persecução penal, instituto criado para ser proposto, 
caso o Ministério Público assim o entender, desde que 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção 
do crime, na fase de investigação criminal ou até o 
recebimento da denúncia e não, como no presente, 
em que há condenação confirmada por Tribunal de 
segundo grau. Precedentes. (EDcl no AgRg nos EDcl 
36
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
no Agravo em Recurso Especial nº 1.681.153 – SP, 
Rel. Min. Felix Fischer, 5ª T., j.08/09/2020).
Entende-se como confissão formal do investigado aquela 
preferencialmente gravada em áudio e vídeo (art. 18, § 2º, da Resolução 
181/2017, do CNMP) ou reduzida a termo, realizada na presença do 
Ministério Público e do defensor do investigado, na audiência extrajudicial 
designada pelo Ministério Público para a celebração do acordo de não 
persecução penal.
A confissão, além de ser pessoal e formal, deve ser 
circunstanciada, ou seja, integral, completa, minuciosa, com todos os 
detalhes e particularidades da prática delituosa, inclusive com relato de 
eventual participação de terceiro no delito.
Não haverá acordo de não persecução penal se a confissão for 
parcial, com reservas, omissa ou mentirosa, falsa. Se, porventura, o acordo 
tiver sido realizado e, depois, se descobrir a falsidade da confissão ou que 
ela não foi integral, o ANPP deve ser desconstituído.
Por certo, a confissão deverá ser voluntária, sem qualquer vício 
de erro, dolo ou coação, fruto da livre vontade do investigado.
Na lição de Cheker (2020, p. 373-374):
Isso significa que cabe ao investigado confessar 
todos os elementos da prática criminosa de forma 
detalhada e minuciosa. Não se trata, assim, 
de uma confissão genérica, mas sim de um 
reconhecimento da prática do ato criminoso em 
todas as suas circunstâncias, entre elas a atuação 
do beneficiário no concurso de agentes, conforme 
será exposto. 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
37
A confissão tem que ser integral, ou seja, não pode 
ser parcial ou sujeita a reservas. Não se aplica, 
assim, na fase do ANPP, o Enunciado nº 545 do 
Superior Tribunal de Justiça (STJ) segundo o qual 
‘Quando a confissão for utilizada para a formação do 
convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante 
prevista no art. 65, III, d, do Código Penal’. 
[...]
Uma vez obtidos os elementos que justifiquem 
uma acusação pelo fato principal, bem como do 
vínculo que ligue o denunciado a outras pessoas, o 
MP, no momento da negociação para a celebração 
de um ANPP, pode e deve exigir a confissão 
da coautoria ou participação do beneficiário, 
ainda que outras pessoas não sejam, no mesmo 
momento, beneficiárias de algum acordo.
Igualmente Souza e Dower (2018, p. 165):
A confissão circunstancial deve ser entendida como 
aquela que apresenta a versão detalhada dos fatos, 
cujas informações mantenham coerência lógica, 
compatibilidade e concordância com as demais 
provas contidas no procedimento. É do confronto 
com as demais provas do procedimento que deve 
ser aferida a validade da confissão. Confissões 
oportunistas e mentirosas, identificáveis por meio de 
declarações desconexas com as outras circunstâncias 
de tempo, local, modo etc., devem ser refutadas para 
a celebração do acordo.
38
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Também a confissão deve ser simples. A confissão qualificada, 
ou seja, aquela em que vem acompanhada de alegação de excludentes de 
tipicidade, de ilicitude ou de culpabilidade, não serve para o ANPP.
Como alerta Queiroz (2020):
Tampouco a confissão qualificada equivale à confissão 
formal. É que a confissão qualificada corresponde, em 
última análise, a uma alegação de inocência, que, se 
fundada e verossímil, é incompatível com o acordo de 
não persecução, visto que: a) o acordo pressupõe que 
não seja caso de arquivamento do inquérito (art. 28-
A); b) se o investigado alega excludentes de ilicitude 
ou de outra natureza não está confessado crime algum, 
muito menos formalmente. Afinal, quem, por exemplo, 
subtrai coisa alheia móvel em estado de necessidade 
(furto famélico) atua conforme o direito; logo, não 
comete crime; c) não vale qualquer confissão, mas 
uma confissão consistente e verossímil, sob pena de se 
firmar acordos com possíveis inocentes. 
Pela importância, vale consignar a advertência de Lima (2020b, 
p. 283):
Desde que o investigado seja formalmente advertido 
quanto ao direito de não produzir prova contra si 
mesmo e não seja constrangido a celebrar o acordo, 
parece não haver nenhuma incompatibilidade entre 
esta primeira obrigação do investigado, prevista 
no art. 28-A, caput, do CPP, e o direito ao silêncio 
(CF, art. 5º, LXIII). Ora, como não há dever ao 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
39
silêncio, todo e qualquer investigado (ou acusado) 
pode voluntariamente confessar os fatos que lhe 
são imputados. Nessas condições, cabe ao próprio 
indivíduo decidir, livre e assistido pela defesa técnica, 
se tem (ou não) interesse em celebrar o acordo de 
não-persecução penal.
Nisso, importa deixar claro que, se o investigado, na audiência 
extrajudicial de oferecimento do ANPP, optar por fazer uso do seu direito 
constitucional ao silêncio (CF, art. 5º, LXIII), não haverá acordo de não 
persecução penal.
16) A confissão exigida para o ANPP ofende o direito constitucional ao 
silêncio?
Não. Não há qualquer ofensa ao direito ao silêncio, já que o 
investigado tem a liberdade de confessar ou não o ato delituoso, ou seja, 
tem o investigado o direito de ficar calado ou de confessar detalhadamente 
o ato delituoso. É uma opção do investigado, dentro de sua autonomia de 
vontade e assistido pela defesa técnica.
Lecionam Souza e Dower (2018, p. 161):
Ao contrário de uma conclusão apressada, o 
dispositivo em análise não anula a garantia 
constitucional do acusado de permanecer em silêncio, 
descrita no art. 5º, LXIII, da Constituição Federal. 
Isso porque o investigado não é compelido a dizer a 
verdade ou de não permanecer em silêncio. A escolha 
pela intervenção ativa, isto é, de prestar declarações 
fidedignas sobre os fatos, desde que livre e consciente, 
40
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
não viola aquela garantia constitucional.
O direito de escolher entre exercer seu direito ao silêncio 
ou confessar detalhadamente o crime, encontra amparo 
na doutrina que admite que os direitos fundamentais, 
embora inalienáveis, sejam restringidos em prol 
de uma finalidade acolhida ou tolerada pela ordem 
constitucional, como ocorre em hipóteses de contratos 
privados envolvendo direitos da personalidade.
Nesses casos, a restrição a direitos fundamentais é 
constitucional, desde que não seja permanente, nem 
geral, mas decorra de voluntariedade e represente 
proporcional aumento do direito à liberdade do 
investigado, condições que ficarão sob a fiscalização do 
Ministério Público, do defensor e do próprio acusado.
17) Existindo dúvidas sobre a integridade mentaldo investigado, 
poderá ser oferecido o Acordo de Não Persecução Penal?
Em regra, não. Como já exposto, o ANPP é um acordo de 
vontades.
Na audiência extrajudicial para o oferecimento do ANNP, 
o Ministério Público tem o dever de explicar de forma detalhada as 
condições e consequências do ANPP e a necessidade de voluntariamente o 
investigado confessar detalhadamente a infração penal.
Então, resta evidente que o investigado deve ser capaz de entender 
o significado e as consequências do acordo e de suas condições, devendo 
expressar validamente sua vontade.
Por outro lado, a confissão deve ser pessoal (ainda que por meio 
virtual) e voluntária do investigado que deve entender suas implicações.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
41
Com dúvidas sobre a integridade mental do investigado, não 
parece ser viável o ANPP justamente pelo fato de não se poder, com 
segurança, atestar validamente à vontade o investigado e sua capacidade 
de compreensão.
Nesse sentido, a lição de Souza e Dower (2018, p. 161):
Em regra, a celebração do acordo de não persecução 
penal deverá ser feito com o investigado plenamente 
capaz. No caso de dúvidas sobre a sua integridade 
mental, o acordo não pode ser levado a efeito, até 
porque o inimputável ou semi-imputável não pode 
manifestar validamente sua vontade, nem mesmo por 
meio de defensor ou curador, visto tratar-se de ato 
personalíssimo.
Então, recebendo os autos do procedimento investigatório, o 
Ministério Público avaliará se estão presentes os pressupostos e requisitos 
do ANPP. Mas, se no procedimento investigatório existir documentos ou 
informações que despertem dúvida razoável e séria sobre a higidez mental 
do investigado, é imprescindível a realização do exame de insanidade 
mental do investigado, devendo o Ministério Público requerer sua 
instauração (art. 149, do CPP).
Somente após a conclusão do exame, é que poderá o Ministério 
Público verificar se o investigado poderá voluntariamente confessar e entender 
as consequências do ANPP. Esta também é a posição de Barros (2020).
Já Cabral (2020, p. 120-121) entende de forma diversa:
Já os inimputáveis por enfermidade mental, ainda 
que exista alguma dificuldade inicial da celebração 
42
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
do acordo, afigura-se excepcionalmente possível o 
ANPP.
[...]
Nesses casos, o acordo de não persecução penal 
deverá ser realizado no âmbito do regime de 
tomada de decisão apoiada (CC, art. 1.783-A). 
Esse acordo, porém, somente poderá ser celebrado 
caso exista uma clara vantagem ao investigado 
em relação à opção de responder ao curso normal 
do processo penal e deverá respeitar a especial 
condição do investigado, fundamentalmente com 
relação às suas características, o modo e local de 
cumprimento.
18) Se o investigado não tiver confessado a prática da infração penal 
no inquérito policial, necessariamente estará inviabilizada a proposta 
de Acordo de Não Persecução Penal?
Não. O fato do investigado não confessar a prática ilícita no 
inquérito policial não inviabiliza, de plano, o acordo de não persecução 
penal.
Como dito acima, há necessidade de confissão formal do 
investigado. E essa confissão deve ocorrer na presença do Ministério 
Público e do defensor do investigado, na audiência extrajudicial designada 
pelo Ministério Público para a celebração do acordo de não persecução 
penal.
Dessa forma, mesmo que o investigado tenha negado a prática 
delituosa no inquérito policial, o membro do Ministério Público, verificando 
pelos autos que os demais pressupostos e requisitos do ANPP estão 
presentes no caso concreto, deve designar audiência extrajudicial na sede 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
43
do Ministério Público para explicar o ANPP ao investigado e seu defensor 
e esclarecer que o ANPP pressupõe a confissão formal e circunstanciada da 
prática delituosa, deixando a critério do investigado se deseja confessar – e 
ter o ANPP – ou manter a negativa da prática já exposta durante o inquérito 
policial.
Diz Cabral (2020, p. 112):
Por outro lado, o fato de o investigado não ter 
confessado na fase investigatória, obviamente, não 
quer significar o descabimento do acordo de não 
persecução. Muito pelo contrário. É precisamente 
nessas hipóteses que o acordo é mais importante, 
pois, com o ANPP, uma investigação criminal que não 
contava com a confissão, depois da avença, passará a 
ter mais esse elemento de informação. 
Aqui cabe um parêntese para relatar um caso decidido pelo 
Tribunal de Justiça de São Paulo.
O investigado não confessou o crime no inquérito policial e, por 
tal fato, o Ministério Público ofereceu a denúncia, justificando que deixou 
de oferecer o ANPP justamente pelo fato do investigado não ter confessado 
o crime na fase policial.
A magistrada rejeitou a denúncia alegando ausência de interesse 
de agir, em resumo, afirmando que o fato do investigado não ter confessado 
na fase policial não impede o ANPP, posto que o Ministério Público deveria 
ter designado audiência extrajudicial para esclarecer ao investigado a 
possibilidade de ANPP e a necessidade de confissão, para só então, em 
caso de recusa, oferecer a denúncia.
Da decisão de rejeição da denúncia, o Ministério Público interpôs 
recurso em sentido estrito.
44
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
A 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de 
São Paulo, ao julgar, no dia 17/06/2020, o Recurso em Sentido Estrito nº 
1507691-40.2020.8.26.0050 interposto pelo Ministério Público Paulista, 
negou provimento ao recurso. Eis a ementa:
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. Rejeição 
da denúncia diante da ausência de interesse de agir. 
Inconformismo ministerial. Negativa de acordo de 
não persecução penal porque ausente confissão. 
Nova sistemática processual que exige intimação do 
investigado para exercer seu direito ao acordo, ao 
eventual recurso e até mesmo para o arquivamento. 
Inexistência dessa manifestação. Ação penal ofertada 
sem observação dessas garantias que não demonstra 
sua necessidade e utilidade Ausência do interesse 
de agir evidenciado Denúncia rejeitada Recurso 
improvido.
Em resumo, tanto a magistrada quanto o TJSP entenderam que, 
ausente a confissão na fase policial, cabe ao Ministério Público, presentes 
os demais requisitos e pressupostos, designar audiência extrajudicial para 
explicar o ANPP ao investigado e ao seu defensor e dar a oportunidade do 
investigado confessar. Somente assim, com a falta de confissão perante o 
Ministério Público, estaria justificado o oferecimento da denúncia.
Ressalte-se que mesmo ocorrendo confissão na fase policial, o 
membro do Ministério Público deve fazer o mesmo procedimento acima 
relatado, ou seja, designar audiência na sede do Ministério Público para 
explicar o ANPP ao investigado e seu defensor e esclarecer que o ANPP 
pressupõe a confissão formal e circunstanciada da prática delituosa, 
deixando a critério do investigado se deseja confessar – e ter o ANPP, posto 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
45
que, repita-se, a confissão deve ocorrer na presença do Ministério Público 
e de seu defensor.
Novamente Cabral (2020, p. 112):
Essa confissão deverá se dar na presença do Membro do 
Ministério Público, no momento em que for celebrado o 
acordo de não persecução penal devendo o investigado 
necessariamente estar acompanhado de seu defensor.
Não vale, portanto, a confissão anteriormente 
realizada no IP ou no PIC, pois ela, como dito, deve 
ocorrer no momento da celebração do acordo. 
19) A confissão exigida para o Acordo de Não Persecução Penal serve 
para formar a opinio delict do Ministério Público?
Não. Como já consignado, só cabe acordo de não persecução 
penal quando o Ministério Público já possui todos os elementos suficientes 
para a ação penal. É dizer, quando já estão plenamente preenchidas 
as condições da ação penal. A justa causa e demais elementos para a 
denúncia já estão presentes.
Logo, não é a confissão porocasião da celebração do acordo 
de não persecução penal que fundamentará a opinio delict do Ministério 
Público, visto que esta já estará formada quando da audiência extrajudicial 
para a formulação do ANPP.
Em resumo, não pode ser a confissão a peça chave para o 
Ministério Público formar sua opinio delicti.
A confissão, em sede de acordo, tão somente reforça a justa causa 
já existente nos autos, mas não é o elemento principal para a formação da 
opinio delicti do Ministério Público.
46
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Reitere-se: o ANPP não é um substituto do arquivamento do 
procedimento investigatório criminal. Ao contrário. É uma alternativa 
ao ajuizamento da ação penal. Só é cabível ANPP quando nos autos da 
investigação criminal já existir elementos suficientes para o ajuizamento 
da ação penal, ou seja, existindo nos autos da investigação criminal justa 
causa e pressupostos e condições para o oferecimento da denúncia, o 
Ministério Público vai analisar se o caso comporta ANPP. Logo, resta 
claro que, quando da confissão perante o Ministério Público, já existiam 
elementos suficientes para o ajuizamento da ação penal.
Souza (2020, p. 129) leciona acertadamente que a exigência 
da confissão não serve para a formação da opinio delict, pressuposto 
anterior à etapa de propositura do acordo de não persecução penal.
Por fim, cabe esclarecer que justamente pelo fato da confissão 
não servir para formar a opinio delicti do Ministério Público é que 
não há como o Ministério Público negar a formulação do acordo de 
não persecução quando entender que a confissão é desnecessária, 
inútil, em vista dos elementos robustos já existentes no procedimento 
investigatório. Em resumo, a existência de uma investigação perfeita, 
com claros elementos de autoria e materialidade, que prescinde inclusive 
da confissão, não é justificativa para, preenchidos os demais requisitos 
legais do ANPP, sobretudo sendo ele suficiente para a prevenção e 
repressão do crime, deixar o Ministério Público de ofertar o acordo ao 
investigado. 
20) A confissão exigida para o Acordo de Não Persecução Penal 
significa reconhecimento expresso de culpa do investigado?
Não. O pressuposto de confissão para o ANPP apenas serve de 
reforço para a opinio delict já formada, nada tendo a ver com o reconhecimento 
de culpa, inclusive pelo fato de não existir processo formado.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
47
Como bem pontua Souza (2020, p. 129-130) ao tratar da exigência 
da confissão:
Trata-se, em verdade, de providência de feição 
preventiva, que busca assegurar que o acordo é 
celebrado com a pessoa cujas provas colhidas na 
fase pré-processual indicam ter sido a autora da 
infração penal.
[…]
De outro lado, importa deixar bem assentado que a 
confissão obtida para a celebração do acordo de não 
persecução não enseja assunção de culpa, e por isso 
não pode implicar julgamento antecipado do caso 
[…].
Exatamente porque a confissão seve apenas para 
depuração dos elementos indiciários confirmatórios 
da prévia opinio delict, e em razão de não produzir 
qualquer efeito sobre a culpabilidade do investigado, é 
que não se identifica nessa exigência suposta violação 
da presunção do estado de inocência (CF, art. 5º, LVII).
Cunha, R. (2020, p. 129) alerta que, apesar de pressupor sua 
confissão, não há reconhecimento expresso de culpa pelo investigado.
21) A confissão exigida para o Acordo de Não Persecução Penal pode 
ser usada no processo criminal, caso descumprido o ANPP?
Sim. Se o acordo de não persecução penal for homologado 
judicialmente, mas o investigado deixar de cumprir integralmente suas 
48
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
condições, haverá rescisão do ANPP e o Ministério Público oferecerá a 
denúncia (art. 28-A, § 10, do CPP) e a confissão poderá ser usada como 
elemento de reforço da prova de autoria, corroborando as demais provas 
produzidas em contraditório.
Diz Cunha, V. (2020, p. 309):
Nesse sentido, é viável defender que a confissão 
apresentada como condição para o acordo de 
não persecução pode ser utilizada pelo órgão 
acusatório quando for possível atribuir ao acusado a 
responsabilidade pela rescisão do negócio jurídico. 
Entender contrariamente, nesse caso, seria o mesmo 
que anuir que o acusado pode ser beneficiado por uma 
situação que deu causa.
Igualmente Lima (2020b, p. 287):
Essa denúncia a ser oferecida pelo Ministério 
Público poderá trazer, como suporte probatório, 
inclusive a confissão formal e circunstanciada do 
investigado por ocasião da celebração do acordo. 
Ora, se o próprio investigado deu ensejo à rescisão 
do acordo, deixando de adimplir as obrigações 
convencionadas, é de todo evidente que não se 
poderá desprezar os elementos de informação por 
ele fornecidos.
A propósito, eis o teor do Enunciado nº 27, do Grupo Nacional 
de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM), do 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
49
Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos 
dos Estados e da União (CNPG):
Havendo descumprimento dos termos do acordo, a 
denúncia a ser oferecida poderá utilizar como suporte 
probatório a confissão formal e circunstanciada do 
investigado (prestada voluntariamente na celebração 
do acordo).
E o Enunciado nº 24 PGJ-CGMP, do Ministério Público de 
São Paulo, a respeito da Lei nº 13.964/2019:
Rescindido o acordo de não persecução penal por conduta 
atribuível ao investigado, sua confissão pode ser utilizada 
como um dos elementos para a oferta da denúncia.
Claro que, por ser uma confissão extrajudicial, é retratável em 
Juízo e não leva, por si só, à condenação (art. 155 do CPP), devendo ser 
avaliada com as demais provas produzidas em contraditório.
Como esclarece Freire Júnior (2018, p. 339):
O valor da confissão. A confissão, nos termos do 
artigo 200 do CPP, é retratável. A celebração do 
acordo não pode, em caso de descumprimento, ser 
invocada como prova absoluta para a condenação 
do réu. A confissão é retratável e o magistrado 
deve analisar o conjunto probatório produzido em 
juízo para entender pela culpa, ou não, do réu que 
descumpriu o acordo de não persecução.
50
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Por fim, apesar de não ser necessário pelos motivos acima 
expostos, nada impede que no ato de celebração do acordo, o Ministério 
Público e o investigado assentem em fazer constar expressamente no 
termo de acordo de não persecução penal que a confissão, em caso de 
descumprimento voluntário do acordo pelo investigado, será usada como 
elemento de reforço da prova de autoria. 
22) E se o Acordo de Não Persecução Penal não for homologado pelo 
Juízo, pode a confissão ser usada no processo criminal?
Não. Se o Juízo competente não homologar o ANPP e o Ministério 
Público oferecer a denúncia, não pode usar a confissão realizada no ANPP 
no processo criminal.
O ideal, inclusive, é que na hipótese de não homologação do 
ANPP, seja desentranhada a confissão do investigado dos autos antes que 
a denúncia seja encaminhada ao Poder Judiciário, por força do princípio 
da boa-fé e da lealdade processual, posto que somente não houve acordo 
devido à não homologação judicial e não por ato do investigado, não 
podendo, portanto, sua confissão ao Ministério Público ser usada em seu 
prejuízo.
23) Qual o momento oportuno para o membro do Ministério Público 
avaliar se o caso permite ou não ANPP?
O momento oportuno para que o membro do Ministério Público 
avalie o cabimento ou não do acordo de não persecução penal é com a 
conclusão das investigações.
Somente ao final das investigações, o membro do Ministério 
Público terá condições de analisar satisfatoriamente os autos e verificar 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
51
se: a) o caso é de arquivamento; b) se o caso é de novas diligências 
investigatórias; c) se o caso é de sua atribuição realmente; d) se o caso é de 
ajuizamento da ação penal. E, somente nesta última hipótese (ajuizamentoda ação penal), é que passará a analisar se o caso permite o oferecimento 
do acordo de não persecução penal.
24) Qual o momento oportuno para o membro do Ministério Público 
oferecer o ANPP?
Como regra, de acordo com a redação do art. 28-A, do CPP, o 
momento oportuno para que o membro do Ministério Público ofereça o 
acordo de não persecução penal, presentes seus pressupostos e requisitos, 
é o final da fase pré-processual, ou seja, o momento anterior ao que seria o 
do oferecimento da denúncia.
E isso pelo fato do ANPP se tratar de uma medida que visa 
impedir a judicialização criminal, ou seja, a ação penal. Logo, em tese, o 
momento adequado para a formalização do acordo de não persecução é o 
anterior ao início da ação penal.
Nesse sentido, Calabrich (2020, p. 352):
Em regra, para casos novos, o momento para o 
oferecimento da proposta do ANPP é ao término da 
investigação e antes do oferecimento da denúncia, 
quando o Ministério Público verificar não ser o caso 
de arquivamento e estarem preenchidos os requisitos 
legais. É o que se pode extrair da própria redação do art. 
28-A do CPP, ao utilizar a expressão “não sendo caso 
de arquivamento” – do que se entende que o momento 
para o oferecimento da proposta do ANPP é quando o 
Ministério Público tem formada sua convicção quanto 
52
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
à plausibilidade da ação penal. Esse momento está 
claro também ao se considerar que é consequência 
do descumprimento o “posterior oferecimento de 
denúncia” (CPP, art. 28-A, § 10). E sua homologação 
cabe ao juiz das garantias (CPP, art. 3º-B, XVII), que só 
atua na fase de investigação e encerra sua participação 
com o recebimento da denúncia (CPP, art. 3º-B, XIV).
Igualmente Pacelli e Fischer (2020, p. 116):
Uma última questão a ser respondida diz respeito ao 
momento da celebração do acordo. A própria natureza 
do instituto parece sugerir que a proposta deverá 
ser feita na fase pré-processual, tanto pelo texto 
da lei (‘Não sendo caso de arquivamento e tendo o 
investigado confessado...’) quanto pela consequência 
de seu descumprimento ou não homologação 
(possibilidade de oferecimento da denúncia).
Cabral (2020, p. 210), por sua vez, diz que, como regra, o ANPP 
tem como seu habitat natural a fase anterior ao oferecimento da denúncia 
e, consequentemente, antes da instauração do processo penal.
Vale mencionar ainda que a 5ª Turma do Superior Tribunal de 
Justiça, em 26/05/2020, no EDcl no AgRg no Agravo em Recurso Especial 
nº 1.668.298 – SP, Rel. Min. Felix Fischer, consignou, em obiter dictum - 
que o ANPP ocorre na fase de investigação criminal ou até o recebimento 
da denúncia.3 Eis a ementa:
3 Igualmente: EDcl no AgRg nos EDcl no AREsp.1.681.153/SP, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª 
Turma, j. 08/09/2020, DJe 14/09/2020.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
53
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO 
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO 
EM RECURSO ESPECIAL. ESTELIONATO 
TENTADO. CONVERSÃO DO JULGAMENTO 
EM DILIGÊNCIA. INOVAÇÃO RECURSAL. 
IMPOSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE 
OMISSÃO. I - Os embargos declaratórios 
não constituem recurso de revisão, sendo 
inadmissíveis se a decisão embargada não 
padecer dos vícios que autorizariam a sua 
oposição (obscuridade, contradição e omissão). 
Na espécie, à conta de omissão no v. acórdão, 
pretende o embargante a rediscussão, sob nova 
roupagem, da matéria já apreciada. II - Ademais, 
da simples leitura do art. 28-A do CPP, se 
verifica a ausência dos requisitos para a sua 
aplicação, porquanto o embargante, em momento 
algum, confessou formal e circunstancialmente 
a prática de infração penal, pressuposto básico 
para a possibilidade de oferecimento de acordo 
de não persecução penal, instituto criado para 
ser proposto, caso o Ministério Público assim 
o entender, desde que necessário e suficiente 
para reprovação e prevenção do crime, na fase 
de investigação criminal ou até o recebimento 
da denúncia e não, como no presente, em que há 
condenação confirmado por Tribunal de segundo 
grau. Embargos de declaração rejeitados.
54
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
25) Cabe acordo de não persecução penal nos processos com denúncia 
recebida antes da entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019?
Como acima exposto, o momento adequado para o oferecimento 
do ANPP é o da fase extraprocessual, ao término das investigações.
Contudo, e a ação penal que foi ajuizada antes da entrada em 
vigor do art. 28-A, do CPP, e que, em tese, caberia o acordo?
A matéria tem demandado grande debate doutrinário e 
jurisprudencial e ainda não há uma resposta definitiva do Supremo Tribunal 
Federal sobre a matéria.
Entretanto, a resposta mais adequada para boa parte da doutrina 
parece ser a afirmativa, pelo fato do ANPP ser norma de caráter misto, 
ou seja, processual penal e penal (material), já que a consequência 
do cumprimento do acordo de não persecução penal é a extinção da 
punibilidade (art. 28-A, § 13, do CPP), logo, a norma deve retroagir para 
os casos ocorridos antes de sua vigência.
É o pensamento de Calabrich (2020, p. 355):
E quanto a processos antigos, já em curso e relativos 
a crimes cometidos antes da Lei nº 13.964/2019: é 
possível o ANPP? Deve ele ter aplicação retroativa? 
A resposta é sim: o ANPP tem aplicação retroativa 
e pode beneficiar investigados ou acusados por fatos 
anteriores à Lei nº 13.964/2019. A retroatividade 
do ANPP parte das premissas de que se trata de 
um instituto tanto de natureza processual penal, de 
aplicação imediata mesmo para processos em curso 
quando ainda não superado o momento para a prática 
do ato (art. 2º do CPP), quanto de natureza penal, por 
repercutir no jus puniendi estatal.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
55
E de Aras (2020, p. 178):
Também é admissível a celebração de acordo de não 
persecução penal após a deflagração da ação penal, 
sendo esta uma interpretação mais benéfica para 
o acusado. Em tais casos, o ANPP converte-se em 
acordo de não prosseguimento da ação penal. Vide, 
a propósito, o inciso XVII do art. 3º-B do CPP. Cabe 
ao juiz de garantias decidir sobre a homologação 
de acordo de não persecução penal ou os de 
colaboração premiada, ‘quando formalizados durante 
a investigação’.
 Ações penais já em curso na data da vigência da 
Lei 13.964/2019 podem ser encerradas mediante a 
celebração de ANPP, com a decretação da extinção da 
punibilidade, nos termos do §13 do art. 28-A do CPP. 
Cuida-se de situação semelhante à prevista no §5º 
do art. 89 da Lei 9.099/1995, no tocante à suspensão 
condicional do processo.
Ainda diz Barros (2020, p. 184):
A alteração promovida pela Lei 13.964/2019, 
apesar de possuir caráter processual, contém intenso 
conteúdo material, porquanto o instituto é benéfico 
para o agente ativo, pois cria uma hipótese que pode 
implicar na não aplicação de pena.
Assim, a norma, embora tenha aparência processual, 
tem reflexos penais diretos, e, sendo benéfica ao 
réu, deverá retroagir para alcançar fatos pretéritos, 
56
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
inclusive nos processos penais em curso, por força do 
princípio constitucional da retroatividade da lei penal 
mais benéfica.
Sobre a possibilidade de aplicação do ANPP nos processos que já 
estavam em andamento quando da entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019, 
que acrescentou o art. 28-A, do CPP, já decidiu o Tribunal Regional Federal 
da 4ª Região:
PROCESSUAL PENAL. CORREIÇÃO 
PARCIAL. ART. 164, RITRF4. INVERSÃO 
TUMULTUÁRIA DE ATOS E FÓRMULAS 
LEGAIS. INEXISTÊNCIA. ACORDO DE NÃO 
PERSECUÇÃO PENAL. ART. 28-A DO CÓDIGO 
DE PROCESSO PENAL. PACOTE ANTICRIME. 
NORMA DE ÍNDOLE MATERIAL. NOVATIO 
LEGIS IN MELLIUS. ATENUAÇÃO DAS 
CONSEQUÊNCIAS DA CONDUTA DELITIVA. 
APLICABILIDADE AOS EM PROCESSOS EM 
ANDAMENTO COM DENÚNCIA RECEBIDA 
ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.964/2019. 
CORREIÇÃO PARCIAL IMPROVIDA. (Correição 
Parcial nº 5009312-62.2020.4.04.0000/RS, Rel. João 
Pedro Gebran Neto, 8ª T., j.13/05/2020).
APELAÇÃO CRIMINAL. PROCESSUAL PENAL. 
QUESTÃODE ORDEM. ACORDO DE NÃO 
PERSECUÇÃO PENAL. ART. 28-A DO CÓDIGO 
DE PROCESSO PENAL. PACOTE ANTICRIME. 
NORMA DE ÍNDOLE MATERIAL. NOVATIO 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
57
LEGIS IN MELLIUS. ATENUAÇÃO DAS 
CONSEQUÊNCIAS DA CONDUTA DELITIVA. 
APLICABILIDADE AOS EM PROCESSOS EM 
ANDAMENTO COM DENÚNCIA RECEBIDA 
ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.964/2019. 
QUESTÃO DE ORDEM SOLVIDA. (Apelação 
Criminal nº 5005673-56.2018.4.04.7000/PR, Rel. 
João Pedro Gebran Neto, 8ª T., j.13/05/2020).
 Contudo, posteriormente, a 4ª Seção do Tribunal Regional Federal 
da 4ª Região, por maioria, acabou fixando entendimento que somente cabe 
ANPP antes de recebida a denúncia. Eis a ementa do acórdão:
DIREITO PROCESSUAL PENAL. ACORDO DE 
NÃO PERSECUÇÃO PENAL. ART. 28-A DO CPP. LEI 
13.964/19. LIMITE TEMPORAL. OFERECIMENTO 
DA DENÚNCIA. 1. Para a aplicação do acordo de 
não persecução penal previsto pelo art. 28-A do CPP, 
introduzido pela Lei 13.964/19, importa o momento 
da persecução penal e não o da conduta criminosa. 2. 
O art. 28-A do CPP atribui ao acordo efeitos sobre a 
persecução penal desde que praticado oportunamente, 
no momento apropriado, certo e determinado pela lei, 
condicionamento esse que compõe a norma e que dela 
não pode ser dissociado. 3. O momento apropriado para 
oferecimento da benesse ao réu pelo Ministério Público 
Federal é necessariamente anterior ao oferecimento 
da denúncia. Após a apresentação da peça acusatória 
perante o Poder Judiciário sem que a defesa tenha 
formulado requerimento nos termos do § 14 do art. 
58
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
28-A do CPP resta superada a etapa pré-processual e, 
portanto, inviabilizado o acordo em comento. (ENUL 
5011730-26.2019.4.04.7204, 4ª Seção, Relator para 
Acórdão Leandro Paulsen, j. em 17/12/2020).
Por sua vez, o Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de 
Apoio Criminal (GNCCRIM), do Conselho Nacional de Procuradores-
Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG), tem 
uma interpretação mais restritiva, somente admitindo o ANPP para os casos 
de crimes perpetrados antes da vigência da Lei nº 13.964/2019, desde que 
a denúncia não tenha sido recebida, ou seja, não admite o ANPP para os 
processos cuja denúncia já foi recebida. Veja o enunciado:
Enunciado nº 20: Cabe acordo de não persecução 
penal para fatos ocorridos antes da vigência da Lei 
nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia.
O Superior Tribunal de Justiça, por sua 5ª Turma, tem forte 
posicionamento que não cabe ANPP se a denúncia já foi recebida.
PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO 
REGIMENTAL NA PETIÇÃO. 1. ACORDO 
DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL. PEDIDO 
DE APLICAÇÃO RETROATIVA. NÃO 
CABIMENTO. INSTITUTO PRÉ-PROCESSUAL. 
DIRECIONADO AO INVESTIGADO. 2. 
ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS. 
RETROATIVIDADE LIMITADA. PROCESSOS 
SEM DENÚNCIA RECEBIDA. 3. INSTITUTO 
QUE VISA OBSTAR A PERSECUÇÃO 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
59
PENAL. PERSECUÇÃO JÁ OCORRIDA. 
CONDENAÇÃO CONFIRMADA. APLICAÇÃO 
DESCABIDA. 4. PROJETO DE LEI QUE PREVIA 
INSTITUTO PARA A FASE PROCESSUAL. NÃO 
APROVAÇÃO PELO CONGRESSO NACIONAL. 
ESPECIFICIDADE DE CADA INSTITUTO A 
DEPENDER DO MOMENTO PROCESSUAL. 
INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA E 
SISTEMÁTICA. COERÊNCIA E ALCANCE DA 
NORMA. 5. AGRAVO REGIMENTAL A QUE 
SE NEGA PROVIMENTO. 1. O Acordo de Não 
Persecução Penal consiste em um negócio jurídico 
pré-processual entre o Ministério Público e o 
investigado, juntamente com seu defensor, como 
alternativa à propositura de ação penal. Trata-se 
de norma processual, com reflexos penais, uma 
vez que pode ensejar a extinção da punibilidade. 
Contudo, não é possível que se aplique com ampla 
retroatividade norma predominante processual, 
que segue o princípio do tempus regit actum, sob 
pena de se subverter não apenas o instituto, que é 
pré-processual e direcionado ao investigado, mas 
também a segurança jurídica 2. Em observância 
ao isolamento dos atos processuais, sem perder 
de vista o benefício trazido pela norma, a 
possibilidade do acordo deve ser avaliada em todos 
os processos em que ainda não foi apresentada 
denúncia, conforme enunciado n. 20 da Comissão 
Especial denominada GNCCRIM, do Conselho 
Nacional de Procuradores-Gerais: "Cabe acordo 
de não persecução penal para fatos ocorridos 
60
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
antes da vigência da Lei nº 13.964/2019, desde 
que não recebida a denúncia". 3. "Descabida a 
aplicação retroativa do instituto mais benéfico 
previsto no art. 28-A do CP (acordo de não 
persecução penal) inserido pela Lei n. 13.964/2019 
quando a persecução penal já ocorreu, estando 
o feito sentenciado, inclusive com condenação 
confirmada por acórdão proferido pelo Tribunal de 
Justiça no caso em tela" (AgRg no REsp 1860770/
SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA 
TURMA, julgado em 01/09/2020, DJe 09/09/2020). 
Precedentes. 4. O Projeto de Lei 882/2019 também 
previa a figura do "Acordo de Não Continuidade 
da Ação Penal" – não aprovado pelo Congresso 
Nacional –, o qual apenas poderia ser proposto após 
o recebimento da denúncia ou queixa e até o início 
da instrução processual, o que revela a especificidade 
de cada instituto, a depender do momento processual. 
Nessa linha de intelecção, não tendo ocorrido a 
implementação integrada dos institutos, ou mesmo 
a indicação de regra de transição, cabe ao Judiciário 
firmar compreensão teleológica e sistemática, que 
melhor reflita a coerência e o alcance da norma trazida 
no art. 28-A do Código de Processo Penal. Assim, é 
possível sua aplicação retroativa apenas enquanto não 
recebida a denúncia. 5. É verdade que parte da doutrina 
vem entendendo pela possibilidade de aplicação da 
regra nova aos processos em andamento. Todavia, 
mesmo que se entenda pela aplicação da orientação 
dada à Lei 9.099/1995 na ADIN 1.769 (STF - Pleno), 
o limite temporal da retroatividade a ser utilizado 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
61
será a sentença condenatória (STF, HC 74.305-SP 
(Plenário), Rel. Min. Moreira Alves, decisão 9.12.96; 
HC 74.856-SP, Rel. Min. Celso de Mello, "DJ" 
25.4.97; HC 74.498-MG, Rel. Min. Octavio Gallotti, 
"DJ" 25.4.97 e HC 75.518-SP, Rel. Ministro Carlos 
Velloso, 02.05.2003). – Recentemente, a Suprema 
Corte de Justiça Nacional, no HC nº 191.464-SC, da 
relatoria do Ministro ROBERTO BARROSO (DJe 
18/09/2020) – que invocou os precedentes do HC nº 
186.289-RS, Relatora Ministra CARMEN LÚCIA 
(DJe 01/06/2020), e do ARE nº 1171894-RS, Relator 
Ministro MARCO AURÉLIO (DJe 21/02/2020) 
– externou a impossibilidade de fazer-se incidir o 
ANPP, quando já existente condenação, conquanto 
ela ainda esteja suscetível à impugnação. 6. Mostra-se 
incompatível com o propósito do instituto do Acordo 
de Não Persecução Penal (ANPP) quando já recebida 
a denúncia e já encerrada a prestação jurisdicional nas 
instâncias ordinárias, com a condenação dos acusados. 
7. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg 
na PET no Agravo em REsp. nº 1.664.039/PR, 5ª T., 
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 20/10/2020).
Há vários julgados da 5ª Turma adotando esse posicionamento, 
como veremos nos tópicos subsequentes. Contudo, de logo, vale informar 
que a 6ª Turma4 do STJ tem decisão adotando posicionamento diverso 
do firmado pela 5ª Turma, ou seja, que cabe o ANPP nos processos 
anteriores a entrada da Lei, mesmo com a denúncia recebida. Mais adiante, 
transcreveremos a ementa deste julgado da 6ª Turma.
4 AgRg no Habeas Corpus nº 575.395 – RN, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª T., j.08/09/2020.
62
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Por fim, cabe mencionar a posição do Supremo Tribunal Federal.
Os ministros do STF têm decidido que o ANPP não cabe quando 
já existente sentença.
O Min. Marco Aurélio, no ARE 117.1894-RS, decidiu, em 
19/02/2020, que:
PROCESSO – INTIMAÇÃO – LEI Nº 
13.964/2019 – NÃO PERSECUÇÃO – ACORDO – 
INDEFERIMENTO. [...] 2. Observem a dinâmica e a 
organicidade do Direito, em especial o instrumental.Surge impertinente o momento da formalização da 
petição para fins de incidência da norma processual 
mais benéfica. À época de entrada em vigor do 
preceito, já existia sentença condenatória contra a 
recorrente, proferida em 4 de novembro de 2011. 
Confiram com o decidido, pelo Pleno, no habeas 
corpus nº 74.305, relator o ministro Moreira Alves, 
no qual se assentou a inviabilidade de fazer-se 
incidir o preceito quando já existente condenação, 
quer estando transitada em julgado, quer passível 
ainda de impugnação mediante. 3. Indefiro o pedido 
formalizado.
Nos autos do HC 186.289-RS, a Min. Cármen Lúcia consignou 
em sua decisão, datada de 28/05/2020, que:
HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. 
INDEFERIMENTO DE PEDIDO DE RETIRADA DE 
PAUTA DE PROCESSO. IRRECORRIBILIDADE. 
DESPACHO SEM CONTEÚDO DECISÓRIO 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
63
OU LESIVO ÀS PARTES. PRECEDENTES. 
ART. 28-A DO CÓDIGO DE PROCESSO 
PENAL. APLICAÇÃO A PROCESSO NA 
FASE DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 
IMPOSSIBILIDADE. HABEAS CORPUS AO 
QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. [...] Como se extrai 
da terminologia mesma do instituto tem-se “acordo” 
de não persecução penal, não se vislumbrando, 
portanto, ilegalidade no despacho quando, por 
acréscimo, assenta-se óbice formal de aplicação do 
benefício a processo que tenha percorrido todas as 
instâncias processuais. O processo está em fase de 
formação do trânsito em julgado da condenação, após 
a rejeição, em 12.5.2020, dos embargos declaratórios 
opostos contra acórdão da Corte Especial do Superior 
Tribunal de Justiça, que manteve a negativa de 
seguimento do recurso extraordinário.
Igualmente, nos autos do HC 191.464-SC, o Min. Luís Roberto 
Barroso consignou em sua decisão, datada de 18/09/2020, que:
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. 
CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. 
ALEGAÇÃO DE NULIDADE. ACORDO DE NÃO 
PERSECUÇÃO PENAL. JURISPRUDÊNCIA 
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. [...] Por 
outro lado, as peças que instruem a impetração não 
evidenciam ilegalidade flagrante ou abuso de poder 
capaz de justificar o imediato acolhimento da pretensão 
defensiva. Isso porque, à época da entrada em vigor 
64
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
das alterações promovidas pela Lei n. 13.964/2019, 
que incluiu no Código de Processo Penal o art. 28-
A, já existia sentença condenatória contra o paciente, 
confirmada em segundo grau e pelo próprio Superior 
Tribunal de Justiça. Nessas condições, o caso atrai o 
entendimento do STF no sentido da “inviabilidade de 
fazer-se incidir o [artigo 28-A do Código de Processo 
Penal, incluído pela Lei nº 13.964/2019] quando já 
existente condenação, quer estando transitada em 
julgado, quer passível ainda de impugnação mediante 
recurso” (ARE 1171894, Rel. Min. Marco Aurélio). 
No mesmo sentido: HC 186.289, Relatoria Ministra 
Cármen Lúcia.
Já o Min. Gilmar Mendes, em decisão datada de 22/09/2020, nos 
autos do HC 185.913-DF, manifestou-se pela repercussão geral da questão, 
inclusive mencionando a divergência entre a 5ª e a 6ª Turmas o STJ, e 
remeteu o caso para que o plenário do STF delibere sobre a possibilidade 
ou não de retroatividade do ANPP, consignando que:
Reitera-se, portanto, que a retroatividade e potencial 
cabimento do acordo de não persecução penal 
(art. 28-A do CPP) é questão afeita à interpretação 
constitucional, com expressivo interesse jurídico e 
social, além de potencial divergência entre julgados. 
Diante do exposto, remeto o presente habeas corpus à 
deliberação pelo Plenário deste Tribunal.
Dessa forma, no momento a questão encontra-se pendente de 
decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
65
Mas, em decisão datada de 30/10/2020, a 1ª Turma do STF, no 
Agravo Regimental no Habeas Corpus nº 191.464/SC, por unanimidade, 
nos termos do voto do relator Min. Luís Roberto Barroso, fixou a seguinte 
tese: o acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos 
antes da Lei nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. Eis a 
ementa do julgado:
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. 
AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. 
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 
(ART. 28-A DO CPP). RETROATIVIDADE ATÉ 
O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. 1. A Lei nº 
13.964/2019, no ponto em que institui o acordo de 
não persecução penal (ANPP), é considerada lei 
penal de natureza híbrida, admitindo conformação 
entre a retroatividade penal benéfica e o tempus regit 
actum. 2. O ANPP se esgota na etapa pré-processual, 
sobretudo porque a consequência da sua recusa, sua 
não homologação ou seu descumprimento é inaugurar 
a fase de oferecimento e de recebimento da denúncia. 
3. O recebimento da denúncia encerra a etapa pré-
processual, devendo ser considerados válidos os 
atos praticados em conformidade com a lei então 
vigente. Dessa forma, a retroatividade penal benéfica 
incide para permitir que o ANPP seja viabilizado a 
fatos anteriores à Lei nº 13.964/2019, desde que não 
recebida a denúncia. 4. Na hipótese concreta, ao 
tempo da entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019, 
havia sentença penal condenatória e sua confirmação 
em sede recursal, o que inviabiliza restaurar fase da 
persecução penal já encerrada para admitir-se o ANPP. 
66
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
5. Agravo regimental a que se nega provimento com a 
fixação da seguinte tese: “o acordo de não persecução 
penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei 
nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia”.
A decisão da 1ª Turma foi citada em decisão do Presidente 
do Supremo, Ministro Luiz Fux, tomada dia 16/12/2020, nos autos 
do EMB.DECL. NO AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
COM AGRAVO 1.278.286-DF, para não prover o pedido defensivo 
de retorno dos autos para que o Ministério Público analisasse a 
possibilidade de ANPP, em processo cuja denúncia já havia sido 
recebida, o que indica provavelmente que o Ministro-presidente 
seguirá a decisão da 1ª Turma quando do julgamento da matéria em 
Repercussão Geral (HC 185.913-DF).
Também o Ministro Nunes Marques, nos autos do AgReg. no 
Recurso Extraordinário 1.244.66—RS, decidiu, em 04/02/2021, ser 
incabível o ANPP quando o processo já foi sentenciado. Eis o trecho da 
decisão:
Trata-se de pedido de remessa imediata dos autos ao 
Ministério Público Federal para a negociação de acordo 
de não persecução penal, nos termos do artigo 28-A do 
Código de Processo Penal. [...] De outra parte, cabe 
destacar que a Primeira Turma do Supremo Tribunal 
Federal, no julgamento do HC 191.464/SC, Ministro 
Roberto Barroso, na Sessão Virtual de 30.10.2020 a 
10.11.2020, negou provimento ao agravo interno em 
habeas corpus e fixou a seguinte tese: “o acordo de não 
persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos 
antes da Lei nº 13.964/2019, desde que não recebida 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
67
a denúncia”. [...] Descabida, portanto, a aplicação 
retroativa do instituto mais benéfico previsto no art. 
28-A do CP (acordo de não persecução penal), inserido 
pela Lei n. 13.964/2019, quando a persecução penal já 
ocorreu, estando o feito sentenciado.
Assim, apesar da questão estar pendente de julgamento pelo 
Plenário (HC 185.913-DF), parece que a tendência é o Supremo Tribunal 
Federal não admitir o ANPP após o recebimento da denúncia.
26) O que é o acordo de não continuidade da persecução penal (ou de 
não prosseguimento da persecução penal)?
É o nome dado doutrinariamente para o acordo de não persecução 
penal realizado nos processos em andamento (já com denúncia recebida), 
sendo, portanto, os requisitos para um e outro iguais.
Diz Barros (2020, p. 181):
Acordo de não continuidade da persecução penal é o 
consenso firmado entre o Ministério Público, acusado 
e defensor, no curso da ação penal, com o escopo 
de pôr fim ao litígio e pode ser firmado nos delitos 
cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa 
e com pena mínima não superior a quatro anos, não 
sendo o caso de pedido de absolvição, desde que esteconfesse formal e detalhadamente a prática do delito 
e indique eventuais provas de seu cometimento, além 
de cumprir os requisitos, de forma cumulativa ou 
não, previstos no artigo 28-A do Código de Processo 
Penal.
68
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Em suma, é o acordo de não persecução penal celebrado após a 
deflagração da ação penal e por isso chamado de acordo de não continuidade 
da ação penal.
27) Nos processos com denúncia já recebida antes da entrada em 
vigor da Lei nº 13.964/2019, até que fase processual pode ser firmado 
o Acordo de Não Persecução Penal (ou de não continuidade da 
persecução penal)?
Como visto acima, há decisões e doutrina defendendo a 
possibilidade de, em processos em curso, ser proposto, desde que 
presentes seus pressupostos e requisitos, o acordo de não persecução penal 
(doutrinariamente chamado nesta fase de acordo de não continuidade da 
persecução penal).
Como nessa hipótese, a denúncia já estaria recebida, até que 
momento processual seria cabível o acordo de não continuidade da 
persecução penal?
Como já dito, o acordo de não persecução penal foi criado em 
vista da necessidade de se buscar soluções céleres e efetivas referentes a 
crimes de baixa e média gravidade, visando ser um mecanismo de solução 
consensual no âmbito criminal e voltado à fixação de uma política criminal 
realizada pelo Ministério Público. A adoção do ANPP possibilitaria que 
o Ministério Público se ocupasse mais com os crimes mais danosos 
à sociedade. Reduziria o número de processos no Poder Judiciário e 
permitiria uma atuação mais eficaz.
Dessa maneira, parece ser mais adequado que o marco temporal 
para que se possa aferir a possibilidade de acordo de não continuidade da 
persecução penal seja até a sentença.
Em suma, até a fase anterior à sentença, se poderia firmar o 
acordo de não persecução penal (não continuidade).
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
69
Até esse momento processual, qual seja, fase anterior à sentença, 
haveria utilidade no acordo e interesse do Ministério Público.
Ademais, uma vez proferida a sentença, esgotada estará a 
jurisdição penal no primeiro grau, com a expedição de um título executivo 
(sentença), ainda que precário (posto estar sujeito a recurso).
Sobre o assunto, leciona Cabral (2020, p. 213):
É dizer, o marco final para que se possa celebrar o 
acordo de não persecução penal, a nosso sentir, é a 
sentença penal condenatória, não portanto, sendo 
cabível o ANPP para os casos penais que se encontram 
na fase recursal.
Isso porque, uma vez já tendo sido proferida sentença 
(condenatória), o acusado não poderia mais colaborar 
com o Ministério Público com sua confissão, que é, 
como visto, um importante trunfo político-criminal 
para a celebração do acordo.
Ademais, já proferida sentença, esgotada está a 
jurisdição ordinária, não podendo os autos retornar 
ao 1º grau, mesmo porque a sentença jamais poderia 
ser anulada, uma vez que hígida.
E Aras (2020, p. 178):
Nesta formatação, o acordo quanto ao não início 
da persecução criminal em juízo ou ao não 
prosseguimento desta será cabível entre a data do 
fato e o momento imediatamente anterior à sentença 
condenatória, inclusive em caso de desclassificação. 
70
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Diferentemente do que ocorre com o acordo 
de colaboração premiada (art. 4º, § 5º, da Lei 
12.850/2013), não é possível a formalização de ANPP 
após a decisão condenatória.
Na mesma linha, esclarece Calabrich (2020, p. 358):
É a posição com a qual concordamos: o marco 
temporal para que se possa aferir a possibilidade 
do acordo de não persecução penal é a sentença. A 
sentença, mesmo que provisória (quando submetida 
a recurso), constitui um título, condenatório ou 
absolutório. Esse título só poderá ser desconstituído 
por uma decisão que declare sua invalidade ou o 
reforme. Não é o caso do ANPP. Assim, proferida a 
sentença, descabe discussão sobre o acordo de não 
(continuidade da) persecução penal.
O Superior Tribunal de Justiça, por sua 5ª Turma, entende que 
não cabe ANPP na fase recursal.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO 
REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PUBLICAÇÃO 
DE PAUTA DO JULGAMENTO EM SESSÃO VIRTUAL. 
FEITO LEVADO EM MESA. SESSÃO REALIZADA POR 
VIDEOCONFERÊNCIA. DIVERSO DO JULGAMENTO 
VIRTUAL. INAPLICABILIDADE DOS ARTIGOS 184-A a 
184-H DO REGIMENTO INTERNO. NÃO PRERROGATIVA 
DE SUSTENTAÇÃO ORAL. ALEGADA OMISSÃO. 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
71
PRETENDIDA APLICAÇÃO RETROATIVA DA REGRA DO 
§ 5º DO ART. 171 DO CÓDIGO PENAL, ACRESCENTADO 
PELA LEI N. 13.964/2019 (PACOTE ANTICRIME). 
INVIABILIDADE. ATO JURÍDICO PERFEITO. CONDIÇÃO 
DE PROCEDIBILIDADE. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO 
PENAL. APLICAÇÃO DO ART. 28-A DO CPP. INOVAÇÃO 
RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE. IRRESIGNAÇÃO DA 
PARTE COM DECISÃO EMBARGADA. INVIABILIDADE. 
EMBARGOS PARCIALMENTE ACOLHIDOS PARA SANAR 
OMISSÃO, SEM EFEITOS INFRINGENTES. [...] V - Ainda, 
da simples leitura do art. 28-A do CPP, se verifica a ausência 
dos requisitos para a sua aplicação, porquanto o embargante, em 
momento algum, confessou formal e circunstancialmente a prática 
de infração penal, pressuposto básico para a possibilidade de 
oferecimento de acordo de não persecução penal, instituto criado 
para ser proposto, caso o Ministério Público assim o entender, 
desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção 
do crime, na fase de investigação criminal ou até o recebimento 
da denúncia e não, como no presente, em que há condenação 
confirmado por Tribunal de segundo grau. Precedentes. (EDcl no 
AgRg nos EDcl no AREsp.1.681.153/SP, Rel. Min. Felix Fischer, 
5ª Turma, j. 08/09/2020, DJe 14/09/2020).
[...] 3. Mostra-se incompatível com o propósito do instituto do 
Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) quando já recebida 
a denúncia e já encerrada a prestação jurisdicional na instância 
ordinária, com a condenação do acusado, cuja causa de diminuição 
do art. 33, §4º, da Lei de drogas fora reconhecida somente neste 
STJ, com a manutenção da condenação. (EDcl no AgRg no AgRg 
no AREsp n. 1.635.787/SP, 5ª Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares 
da Fonseca, j.04/08/2020, DJe de 13/08/2020).
72
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
PENAL. PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL 
NA PETIÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. APLICAÇÃO 
DO ART. 28-A DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – CPP, 
INCLUÍDO PELA LEI N. 13964/2019. ACORDO DE NÃO 
PERSECUÇÃO PENAL DESCABIDO. PERSECUÇÃO PENAL 
QUE JÁ OCORREU COM SENTENÇA CONDENATÓRIA 
CONFIRMADA POR ACÓRDÃO. AGRAVO REGIMENTAL 
DESPROVIDO. 1. Descabida a aplicação retroativa do instituto 
mais benéfico previsto no art. 28-A do CPP (acordo de não 
persecução penal) inserido pela Lei n.13.964/2019 quando a 
persecução penal já ocorreu, estando o feito sentenciado, inclusive 
com condenação confirmada por acórdão proferido pelo Tribunal 
de origem no caso em tela. 2. Agravo regimental desprovido. 
(AgRg na PET no REsp nº 1877651/PR, 5ª Turma, Rel. Min. Joel 
Ilan Paciornik, j.06/10/2020).
[...] 5. Descabida a aplicação retroativa do instituto mais benéfico 
previsto no art. 28-A do CP (acordo de não persecução penal) 
inserido pela Lei n. 13.964/2019 quando a persecução penal já 
ocorreu, estando o feito sentenciado, inclusive com condenação 
confirmada por acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça 
no caso em tela. 6. Agravo regimental desprovido. (AgRg no 
REsp nº 1.860.770/SP, 5ª Turma, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 
j.01/09/2020).
Em uma decisão do Ministro Felix Fischer, na PET no AGRAVO 
EM RECURSO ESPECIAL nº 1668089 – SP, datada de 25/06/2020, 
houve o indeferimento do pedido da Defesa de sobrestamento do feito 
para a abertura de possibilidade de ANPP, tendo o Ministro consignado 
que, além do caso não preencher os requisitos do ANPP, não existindo 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
73
sequer proposta do Ministério Público inclusive, o feito já estava em fase 
recursal, o que impediria a proposta5,tendo sido citado o Enunciado nº 20, 
do Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal 
(GNCCRIM), do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos 
Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) (Enunciado nº 
20: Cabe acordo de não persecução penal para fatos ocorridos antes da 
vigência da Lei nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia).
A bem da verdade, como já consignamos, a 5ª Turma não admite 
ANPP para os fatos ocorridos antes da entrada em vigência da Lei nº 
13.964/2019 se a denúncia já tiver sido recebida.
Apesar de não concordarmos, vale consignar que há entendimento 
que o ANPP caberia até antes do trânsito em julgado da sentença.
Nesse sentido, o Enunciado 98, da 2ª Câmara de Coordenação 
e Revisão do Ministério Público Federal (2ªCCR), a saber:
É cabível o oferecimento de acordo de não persecução 
penal no curso da ação penal, isto é, antes do trânsito em 
julgado, desde que preenchidos os requisitos legais, 
devendo o integrante do MPF oficiante assegurar seja 
oferecida ao acusado a oportunidade de confessar 
formal e circunstancialmente a prática da infração 
penal, nos termos do art. 28-A do CPP, quando se 
tratar de processos que estavam em curso quando 
da introdução da Lei nº 13.964/2019, conforme 
precedentes, podendo o membro oficiante analisar 
se eventual sentença ou acórdão proferido nos autos 
configura medida mais adequada e proporcional ao 
deslinde dos fatos do que a celebração do ANPP. Não 
5 Igualmente: EDcl no AgRg no Agravo em Recurso Especial nº 1.668.298 – SP, Min. Felix 
Fischer, 5ª T., j.26/05/2020.
74
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
é cabível o acordo para processos com sentença ou 
acórdão após a vigência da Lei nº 13.964/2019, uma 
vez oferecido o ANPP e recusado pela defesa, quando 
haverá preclusão.
Nessa linha, em casos já sentenciados e que aguardavam o 
julgamento de recursos (ou seja, que ainda não tinham transitado em 
julgado), o Tribunal de Justiça de São Paulo, na Apelação Criminal 
nº 1500626-69.2018.8.26.0080 (rel. Heitor Donizete de Oliveira, 
j.14/05/2020), e o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, nos Embargos 
Infringentes e de Nulidade nº 5001103-25.2017.4.04.7109 (rel. Carlos 
Eduardo Thompson Flores Lenz, j.22/05/2020), decidiram pela conversão 
em diligência e remetidos os autos ao primeiro grau de jurisdição para que 
o Ministério Público avaliasse a possibilidade do ANPP.
Por sua vez, a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, 
divergindo da 5ª Turma (decisões acima citadas), decidiu ser cabível o 
ANPP na fase recursal (obviamente, com denúncia recebida).
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS 
CORPUS. FRAUDE À LICITAÇÃO. 
FALSIDADE IDEOLÓGICA. ACORDO DE 
NÃO PERSECUÇÃO PENAL. PACOTE 
ANTICRIME. ART. 28-A DO CÓDIGO DE 
PROCESSO PENAL. NORMA PENAL DE 
NATURA MISTA. RETROATIVIDADE A FAVOR 
DO RÉU. NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO 
DO MINISTÉRIO PÚBLICO. DECISÃO 
RECONSIDERADA. AGRAVO REGIMENTAL 
PROVIDO. 1. É reconsiderada a decisão inicial 
porque o cumprimento integral do acordo de não 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
75
persecução penal gera a extinção da punibilidade 
(art. 28-A, § 13, do CPP), de modo que como 
norma de natureza jurídica mista e mais benéfica ao 
réu, deve retroagir em seu benefício em processos 
não transitados em julgado (art. 5º, XL, da CF). 2. 
Agravo regimental provido, determinando a baixa 
dos autos ao juízo de origem para que suspenda a 
ação penal e intime o Ministério Público acerca 
de eventual interesse na propositura de acordo de 
não persecução penal, nos termos do art. 28-A do 
CPP (introduzido pelo Pacote Anticrime - Lei n. 
13.964/2019) (AgRg no Habeas Corpus nº 575.395 
– RN, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª T., j.08/09/2020).
Neste ponto, cabe ainda uma nota para mostrar a dificuldade 
desta posição (ANPP em processos em grau de recurso). Os autos estão em 
grau de recurso, logo, acabou a jurisdição do juiz de primeiro grau, bem 
como a atribuição do membro do Ministério Público atuante na primeira 
instância.
O melhor entendimento, acreditamos, seria, para aqueles que 
admitem o ANPP para os processos que estão em grau de recurso, que o 
membro do Ministério Público atuante no Tribunal que avaliasse e, se fosse 
o caso, oferecesse o ANPP e o relator do processo no Tribunal competente 
para homologar, posto que, reiteramos, a jurisdição do primeiro grau findou 
com a sentença.
Em sentido semelhante, Calabrich (2020, p. 362):
Além de não caber ANPP em grau recursal – só até a 
sentença, consoante defendemos –, não toca ao órgão 
do MP em primeira instância a atribuição para firmá-
76
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
lo, nem tem o juiz de primeiro grau a competência 
para homologá-lo. Sentenciando o processo, o 
juízo de primeiro grau exerce e exaure, em nome 
do Estado, seu poder-dever. Nesse momento, 
encerra sua jurisdição. Se houver recurso, o Estado 
continua a ter o poder-dever de dizer o direito, até o 
provimento definitivo, mas esse poder-dever passa 
a ser exercido por outros agentes políticos – os 
membros do tribunal. São essas as suas competências, 
são essas as suas medidas de jurisdição. Com a 
prolação da sentença e a interposição do recurso, o 
juízo de primeiro grau não tem mais competência 
sobre o caso, que passa a recair inteiramente sobre o 
tribunal a que se dirige a irresignação das partes. A 
competência do tribunal abrange tanto o julgamento 
do recurso quanto a decisão sobre quaisquer outros 
incidentes – abarcando, por certo, também o ANPP 
(se admitida a possibilidade). O mesmo raciocínio 
vale para o Ministério Público: o promotor natural 
para um processo já remetido ao tribunal para 
julgamento de um recurso é o procurador de Justiça 
ou o procurador regional da República que oficia 
perante esse Tribunal. A única possibilidade de 
se devolver a competência ao primeiro grau de 
jurisdição seria o tribunal desconstituir o provimento 
jurisdicional anterior, declarando nula a sentença. 
Não é o caso, simplesmente porque o ANPP não é 
causa de nulidade da sentença.
[..]
Enfim, caso se entenda que cabe o ANPP mesmo 
para processos já em grau recursal, deve o membro 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
77
do Ministério Público com atuação perante o 
tribunal em que pende de julgamento o recurso 
avaliar essa possibilidade e, se for o caso, propor 
diretamente o acordo. E que o faça na primeira 
oportunidade, sob pena de preclusão. É seu ônus 
e não há nenhum sentido em delegá-lo a membros 
do MP com ofício em primeiro grau de jurisdição.
Ainda que se fosse da opinião de ser realmente o membro 
do Ministério Público do primeiro grau – e não o atuante no Tribunal 
– que deveria oferecer o ANPP (com o que não concordamos, mas 
admitimos a viabilidade se os membros do primeiro e do segundo 
grau assinassem o ANPP juntos), a homologação deveria ser feita pelo 
relator do caso no Tribunal, já que, mais uma vez deve-se consignar, 
a jurisdição do primeiro grau findou com a sentença. No máximo, 
poderia haver a expedição de carta de ordem delegando ao juiz do 
primeiro grau a realização da audiência de homologação (art. 28-A, 
§ 4º, do CPP).
Ainda há quem sustente que o ANPP pode ser feito até mesmo 
após o trânsito em julgado da sentença, o que nos parece equivocado, 
visto que não há interesse público ao acordo, já que houve a satisfação 
da pretensão punitiva do Estado com a sentença condenatória já 
transitada em julgado. Se um dos objetivos do ANPP é evitar as misérias 
do processo penal, fica claro que com a sentença penal condenatória 
transitada em julgado esse objetivo do ANPP restaria prejudicado. Com 
a sentença condenatória transitada em julgado, a pena imposta deve ser 
executada, não existindo espaço para a negociação.
Por fim, como já acima consignado, há decisões do STF 
no sentido que o ANPP não cabe quando já existente sentença (ARE 
117.1894-RS; HC 186.289-RS e HC 191.464-SC).
78
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
28) A quem compete oferecer o ANPP?
De acordo como art. 28-A, caput, do CPP, cabe ao Ministério 
Público propor o acordo de não persecução penal.6
Dessa forma, a atribuição para formular a proposta de ANPP será 
do membro do Ministério Público responsável pela investigação e pela 
(eventual) denúncia.
Em suma, o membro do Ministério Público, que é o Promotor 
Natural para o oferecimento da denúncia (aquele que recebe os autos da 
investigação para análise da possibilidade de ajuizamento da ação penal), 
é também o Promotor Natural para o oferecimento do ANPP. 
29) O juiz pode oferecer o ANPP?
Não. O ato compete exclusivamente ao Ministério Público.
Nesse sentido, vale mencionar a decisão do Tribunal Regional 
da 4ª Região:
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. 
INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE DESIGNAÇÃO 
DE AUDIÊNCIA PARA PROPOSTA DE ACORDO 
DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE 
PREVISÃO LEGAL PARA SEU CABIMENTO. 
IMPOSSIBILIDADE DE SE CONHECER DO 
RECURSO COMO CORREIÇÃO PARCIAL. 
AUSÊNCIA DE ERRO PROCEDIMENTAL 
COMETIDO PELO JUÍZO DE ORIGEM. 
6 Nesse sentido: STJ, EDcl no AgRg no Agravo em Recurso Especial nº 1.668.298 – SP; 
Habeas Corpus nº 584843 – SP e PET no Agravo em Recurso Especial nº 1.668.089 – SP.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
79
NEGATIVA DE SEGUIMENTO. 1. Contra decisão 
que indefere o pedido de designação de audiência 
para propositura de acordo de não persecução 
penal não cabe recurso criminal em sentido estrito, 
uma vez que o art. 581 do CPP não traz em seu rol 
taxativo a hipótese em comento. […] 4. A iniciativa 
para a proposta do acordo de não persecução penal 
é exclusiva do Ministério Público, cabendo ao Poder 
Judiciário homologá-lo, em audiência, fazendo o 
controle de legalidade, verificando a voluntariedade 
e a suficiência e adequação dos termos propostos 
pelo Parquet. Ainda, a celebração de eventual acordo 
não depende de provocação judicial. No caso em 
tela, não há falar em designação de audiência de 
homologação se o Parquet Federal e o denunciado 
sequer realizaram o negócio jurídico. 5. Negado 
seguimento ao presente recurso, por manifestamente 
incabível. (RESE nº 5002794-72.2020.4.04.7108/RS, 
Rel. Cláudia Cristina Cristofani, 7ª T., j.02/06/2020).
Também a 3ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de 
Justiça de São Paulo, no dia 05/05/2020, no julgamento do HC nº 
2064200-84.2020.8.26.0000, Rel. Des. Xisto Rangel, deixou claro 
que o ato de oferecimento do ANPP é do Ministério Público e se este, 
fundamentadamente, deixa de fazê-lo, não há como se oferecer o acordo. 
Eis a ementa:
Habeas Corpus. Insurgência quanto à ausência de 
propositura de acordo de não persecução penal. 
Tráfico que supostamente viria a ser considerado 
80
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
privilegiado. PGJ que, provocada pelo juízo nos 
termos do art. 28-A CPP, manteve a recusa do 
Promotor de Justiça. Posição institucional que deve 
ser preservada. Ordem Denegada.
Importa ainda mencionar a decisão do Ministro Reynaldo 
Soares da Fonseca, do STJ, ao negar seguimento ao HC nº 584843-SP, em 
24/06/2020, onde esclareceu:
Por fim, conforme foi consignado pelo Tribunal de 
origem, como o Acordo de Não Persecução Penal 
ANPP foi negado pelas duas instâncias do Ministério 
Público, não há possibilidade legal de intervenção do 
Poder Judiciário nesse tema, o qual, volto a frisar, é 
prerrogativa da Justiça Pública (e-STJ fl. 162).
30) O Acordo de Não Persecução Penal é direito subjetivo do 
investigado?
Não. Como já afirmado, o ANPP é um negócio jurídico 
extraprocessual que resulta da convergência de vontades, com participação 
ativa do Ministério Público e do investigado, assistido por defensor.
Por outro lado, como já visto, o acordo de não persecução penal 
é um instrumento de política criminal do Ministério Público e cabe a ele, 
Ministério Público, analisar se, no caso concreto, o ANPP, mesmo que 
preenchido seus pressupostos e requisitos, é necessário e suficiente para a 
reprovação e prevenção da infração penal.
Nesse sentido, o Enunciado nº 21 PGJ-CGMP, do Ministério 
Público de São Paulo, a respeito da Lei nº 13.964/19:
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
81
A proposta de acordo de não persecução penal tem 
natureza de instrumento de política criminal e sua 
avaliação é discricionária do Ministério Público no 
tocante à necessidade e suficiência para a reprovação 
e prevenção do crime. Trata-se de prerrogativa 
institucional do Ministério Público e não direito 
subjetivo do investigado.
Não há dúvidas que o ANPP coloca o Ministério Público em 
posição de protagonismo, onde cabe a ele a iniciativa do acordo e a análise 
de seu cabimento, bem como se o ANPP é necessário e suficiente para a 
reprovação e prevenção da infração penal.
Na verdade, longe de ser um direito subjetivo do investigado, o 
ANPP deve ser compreendido como poder-dever do Ministério Público, 
a quem cabe analisar, fundamentadamente e com exclusividade, a 
possibilidade de aplicação do instituto.
Nesse sentido, consignou a Min. Cármen Lúcia, em decisão 
datada de 28/05/2020, nos autos do HC 186.289-RS, que:
[...] Nos termos do art. 28-A, do Código de 
Processo Penal, alterada pela Lei n. 13.964/2019, 
“o Ministério Público poderá propor acordo de não 
persecução penal”, não se tratando, à semelhança 
da suspensão condicional do processo, de direito 
subjetivo do acusado, mas dever-poder do Ministério 
Público, titular da ação penal, ao qual cabe, com 
exclusividade, analisar a possibilidade de aplicação 
daquele instituto, desde que fundamentadamente 
(HC n. 129.346, Relator o Ministro Dias Toffoli, 
DJe 5.4.2016; de HC n. 84.352, Relator o Ministro 
82
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Ayres Britto; DJ de 23.6.2006; HC n. 83.458, Relator 
o Ministro Joaquim Barbosa, DJ de 6.2.2003; HC nº 
101.369/SP, Relator o Ministro Dias Toffoli, DJe de 
28.11.11, entre outros).
De forma ainda mais clara, consignou o Min. Alexandre de Moraes, 
em decisão datada de 28/01/2021, nos autos do HC 195.725-SP:
Dessa maneira, constatada a materialidade da 
infração penal e indícios suficientes de autoria, 
o titular da ação penal deixou de estar obrigado a 
oferecer a denúncia e, consequentemente, pretender 
o início da ação penal. O Ministério Público poderá, 
dependendo da hipótese, deixar de apresentar a 
denúncia e optar pelo oferecimento da transação 
penal ou do acordo de não persecução penal, desde 
que, presentes os requisitos legais.
Essa opção ministerial encaixa-se dentro desse 
novo sistema acusatório, onde a obrigatoriedade da 
ação penal foi substituída pela discricionariedade 
mitigada; ou seja, respeitados os requisitos legais o 
Ministério Público poderá optar pelo acordo de não 
persecução penal, dentro de uma legítima opção da 
própria Instituição.
Ausentes os requisitos legais, não há opção ao 
Ministério Público, que deverá oferecer a denúncia 
em juízo. Entretanto, se estiverem presentes os 
requisitos descritos em lei, esse novo sistema 
acusatório de discricionariedade mitigada não 
obriga o Ministério Público ao oferecimento do 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
83
acordo de não persecução penal, nem tampouco 
garante ao acusado verdadeiro direito subjetivo 
em realizá-lo. Simplesmente, permite ao Parquet a 
opção, devidamente fundamentada, entre denunciar 
ou realizar o acordo de não persecução penal, a 
partir da estratégia de política criminal adotada pela 
Instituição.
[...]
As condições descritas em lei são requisitos necessários 
para o oferecimento do acordo de não persecução 
penal, porém não suficientes para concretizá-lo, pois 
mesmo que presentes, poderá o Ministério Público 
entender que, na hipótese específica, o acordo de não 
persecução penal não se mostra necessário e suficiente 
para a reprovação e prevenção do crime. 
Repito, trata-se de importante instrumento de política 
criminal dentro da nova realidade do sistema acusatório 
brasileiro, não constituindo direito subjetivo do 
acusado.
 Igualmente a decisão do STJ, datada de 17/11/2020,nos autos do 
AgRg no RHC nº 130587-SP, conforme trecho da ementa abaixo transcrito:
[...] III - Outrossim, como bem asseverado no parecer 
ministerial, "O acordo de persecução penal não 
constitui direito subjetivo do investigado, podendo ser 
proposto pelo MPF conforme as peculiaridades do caso 
concreto e quando considerado necessário e suficiente 
para a reprovação e a prevenção da infração penal", 
não podendo prevalecer neste caso a interpretação dada 
84
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
a outras benesses legais que, satisfeitas as exigências 
legais, constitui direito subjetivo do réu, tanto que a 
redação do art. 28-A do CPP preceitua que o Ministério 
Público poderá e não deverá propor ou não o referido 
acordo, na medida em que é o titular absoluto da ação 
penal pública, ex vi do art. 129, inc. I, da Carta Magna. 
Agravo regimental desprovido.
A realidade é que a previsão legal do acordo de não persecução 
penal está no espaço do que se conhece por discricionariedade regrada, 
ou oportunidade regrada, ou oportunidade legalmente regulada, onde o 
Ministério Público poderá negar a formular proposta de acordo, pois deverá 
ponderar previamente e fundamentar se o acordo é necessário e suficiente 
para a reprovação e prevenção da infração penal, notificando o investigado 
para que, caso deseje, possa exercer a faculdade de requerer a remessa dos 
autos ao Procurador-Geral (art. 28-A, § 14, do CPP).
Sobre o assunto, leciona Lima (2020b, p. 276-277):
Partindo da premissa de que o acordo de não 
persecução penal deve resultar da convergência de 
vontades, com necessidade de participação ativa das 
partes, não nos parece correta a assertiva de que se 
trata de direito subjetivo do acusado, sob pena de 
se admitir a possibilidade de o juiz determinar sua 
realização de ofício, o que, aliás, lhe retiraria sua 
característica mais essencial, qual seja, o consenso.
[…]
Se não se trata de direito subjetivo do acusado, 
o ideal, então, é concluir que estamos diante de 
uma discricionariedade ou oportunidade regrada, 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
85
porquanto somente é lícito ao Ministério Público 
celebrar a avença se acaso preenchidos todos os 
requisitos listados pelo art. 28-A, caput e parágrafos 
do CPP, com redação dada pela Lei n. 13.964/19. 
Não existe, pois, absoluta liberdade discricionária, 
posto que tais requisitos deverão ser necessariamente 
observados, sob pena inclusive de recusa judicial à 
homologação do acordo (CPP, art. 28-A, § 7º).
Esclarece também Souza e Dower (2018, p. 137):
O acordo de não persecução penal é solução de 
comprometimento, de consenso e não direito 
subjetivo do investigado.
[…]
E a razão para a consolidação desse entendimento é a 
mesma que deve servir para o caso do novo instituto do 
acordo de não persecução: a convergência de vontades 
e o consenso implicam na necessidade de participação 
ativa das partes. Ora, a privatividade da ação penal 
pelo Ministério Público impede sua substituição pelo 
Magistrado, de modo que ainda que o investigado 
preencha os requisitos estabelecidos, não poderá obter, 
inexoravelmente, a proposta. Vale dizer, a negativa de 
celebração do acordo não permite que o judiciário o 
conceda substitutivamente à atuação ministerial, pena 
de afronta a estrutura acusatória do processo penal.
[…]
Se não se olvida que o sistema brasileiro tem 
encampado (de maneira correta e necessária) a 
86
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
mitigação da obrigatoriedade da ação penal, não menos 
evidente que não se pode, em nenhum caso, impor 
ao Ministério Público a obrigação do acordo, sendo 
que tal instrumento somente deverá ser utilizado, 
quando atenda ao princípio da proporcionalidade, 
considerada em concreto a infração penal.
Vale citar a decisão da 15ª Câmara de Direito Criminal do 
Tribunal de Justiça de São Paulo, datada de 05/04/2020, no julgamento 
do HC nº 2026314-51.2020.8.26.0000, Rel. Des. Ricardo Sale 
Júnior, onde restou claro que o ato de oferecimento do ANPP é ato 
discricionário do Ministério Público, não devendo o Poder Judiciário 
intervir na sua obrigatoriedade. Vejamos a ementa e a passagem do 
voto vencedor:
Ementa: HABEAS CORPUS. Furto qualificado 
e associação criminosa. Preliminares afastadas. 
Inépcia da denúncia. Preenchimento dos requisitos 
insertos no artigo 41, do Código de Processo Penal. 
Trancamento da ação penal por ausência de justa 
causa. Impossibilidade. Conduta que, de início, 
se subsume ao tipo penal. Necessidade de análise 
aprofundada da prova, o que não se admite nesta via 
eleita. Impossibilidade de aplicação do artigo 28-A 
do Código de Processo Penal. Ato discricionário do 
Ministério Público. Ordem denegada.
Trecho do voto: “Acerca do acordo de não persecução 
penal, trata-se de uma discricionariedade do 
Ministério Público, eis que o artigo 28-A do Código 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
87
de Processo Penal dispõe que: “Não sendo caso 
de arquivamento e tendo o investigado confessado 
formal e circunstancialmente a prática de infração 
penal sem violência ou grave ameaça e com pena 
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério 
Público poderá propor acordo de não persecução 
penal, desde que necessário e suficiente para 
reprovação e prevenção do crime (...)”. Ou seja, 
trata-se de um dispositivo legal não vinculante, 
não devendo o Poder Judiciário interferir na 
obrigatoriedade de sua aplicação.
31) Presentes os pressupostos do Acordo de Não Persecução Penal, 
o Ministério Público pode negar seu oferecimento se verificar que o 
ANPP não é necessário e suficiente para a reprovação e prevenção da 
infração penal?
Sim. Só caberá ANPP quando o Ministério Público, no seu 
papel de instituição de garantia dos interesses da sociedade, dentro de 
sua discricionariedade regrada, avaliar que o acordo de não persecução 
penal é necessário e suficiente para a reprovação e prevenção da infração 
penal. Se entender que o ANPP não é suficiente e/ou necessário, seja para 
a reprovação, seja para a prevenção do ilícito penal, o Ministério Público 
não oferecerá o acordo.
A necessidade e suficiência do ANPP para a reprovação e 
prevenção da infração penal é um requisito do acordo previsto no caput 
do art. 28-A, do CPP, cabendo ao Ministério Público avaliar este requisito.
Recorde-se, mais uma vez, que o ANPP é instrumento de política 
criminal do Ministério Público, sendo este o seu protagonista.
Lecionam Souza e Dower (2018, p. 135) sobre o ANPP:
88
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Trata-se, em verdade, de legítimo instrumento de 
política criminal, por meio do qual o Ministério 
Público exerce seu papel constitucional de agente 
catalisador e transformador da realidade criminal 
brasileira e por isso desenvolve estratégias de 
repressão, prevenção e tratamento das consequências 
da criminalidade, sejam vítimas identificadas, sejam 
danos sociais.
Resta claro, em vista do dispositivo legal (art. 28-A, caput, do 
CPP) que o Ministério Público tem ampla liberdade para avaliar se, no caso 
concreto, o ANPP é suficiente e necessário para a repressão e prevenção 
do ilícito penal, afastada, de vez, qualquer possibilidade do ANPP ser 
caracterizado como direito subjetivo do investigado.
Nesse aspecto, o Enunciado nº 19, do Grupo Nacional de 
Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM), do 
Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos 
dos Estados e da União (CNPG), tem o seguinte teor: 
O acordo de não persecução penal é faculdade 
do Ministério Público, que avaliará, inclusive em 
última análise (§ 14), se o instrumento é necessário e 
suficiente para a reprovação e prevenção do crime no 
caso concreto.
E para analisar se no caso concreto o ANPP é suficiente e 
necessário para a repressão e prevenção do ilícito, o Ministério Público 
deve avaliar se o acordo, no caso concreto, mostra-se compatível com as 
premissas da justiça consensual e as diretrizes político-criminais adotadaspara melhor proteção da sociedade, avaliando a dimensão social do dano 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
89
causado, a relevância social do bem jurídico, a danosidade do fato para se 
chegar à conclusão de ser ou não o acordo cabível.
Esclarece Souza (2020, p. 125):
O primeiro requisito legal que devemos analisar, 
de ordem eminentemente subjetiva, é o referente à 
necessidade e suficiência do acordo para a reprovação 
e prevenção do crime. Requisito lavrado em termos 
subjetivos, autoriza um exame particularista do 
caso concreto, permeando-o de razões político-
criminais que possam indicar o não cabimento do 
acordo porque a situação, por exemplo, mostra-se 
incompatível com as premissas da justiça consensual 
ou despenalizadora ou não suficientemente protetiva 
ao bem jurídico violado pela norma.
 
E leciona Cabral (2020, p. 93-96):
Desse modo, o específico contexto do delito cometido, 
deve indicar que o acordo é suficiente para a 
prevenção e a reprovação. Assim, se no caso concreto 
exista algum elemento que não recomende, desde 
uma perspectiva preventiva do delito, a celebração 
a avença, não deverá ser celebrado o acordo de não 
persecução penal. É dizer, a simples dúvida se o 
acordo preenche ou não essas diretrizes político-
criminais já é suficiente para o seu não oferecimento. 
Isso porque, o que deve estar provado nos autos é que 
o acordo cumpre esses requisitos político-criminais, 
não o contrário.
90
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Nesse sentido, devem ser analisados tantos aspectos 
em que exista um injusto mais grava (natureza 
objetiva), quanto elementos que indiquem uma maior 
culpabilidade do agente (natureza predominantemente 
subjetiva), sendo certo que esses dois critérios têm 
um corte nitidamente político-criminal preventivo
[…]
Desse modo, devem ser levados em consideração, 
desde uma perspectiva de injusto mais grave, 
elementos como magnitude da violação aos bens 
jurídicos, o grau de afetação social do delito 
examinado e a transcendência lesiva da prática 
delitiva.
Já a partir de uma visão de culpabilidade, cumpre 
examinar o grau de reprovabilidade da conduta do 
autor, em determinado caso concreto.
Vale citar ainda os ensinamentos de Pacelli e Fischer (2020, p. 113):
O principal critério trazido pela nova lei, contudo, 
remete à circunstância já conhecida na modulação 
da aplicação da pena. Trata-se do condicionamento 
do juízo acerca da assunção do acordo segundo ‘seja 
necessário e suficiente reprimir e prevenir o crime’ 
(art. 28-A). Aqui, como visto, importantíssimo 
papel foi reservado ao Ministério Público, em 
primeiro lugar, e, depois, ao juiz de garantias, 
responsável pela homologação do acordo.
Sempre estará presente o risco de excesso de 
subjetivismo na compreensão dessa circunstância 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
91
nos casos concretos. Como o rol de crimes 
abrangidos pela possibilidade do acordo de não 
persecução é demasiado extenso, a Justiça Penal 
negociada poderá se tornar a principal alternativa 
para o sistema, desde que a aplicação das novas 
regras obedeça a critérios mais ou menos objetivos 
[…]
Haverá outros exemplos, é claro, mas o mais 
relevante é a abertura legislativa para a composição 
de crimes que, embora abstratamente (pela pena 
cominada e pelo bem jurídico atingido) mais 
graves, podem oferecer hipóteses de menor 
complexidade e de menor repercussão no âmbito 
da Administração Pública, por exemplo. Separar 
o joio do trigo em cada hipótese concreta poderá 
ser bastante proveitoso para os interesses da justiça 
penal.
Nesse ponto, será de fundamental importância 
o exame cuidadoso da culpabilidade do agente, 
as circunstâncias e a danosidade do fato, já a ser 
examinada concretamente. A reiteração de fatos da 
mesma natureza – ou até mesmo de outra – deverá 
ser levada em conta, bem como a primariedade e 
ausência de antecedentes do agente.
De fato, são inúmeros os crimes assim qualificados, 
incluindo simplesmente todos os crimes contra 
a Administração Pública, os de organização 
criminosa (integrar ou participar de organização 
criminosa) e os de lavagem de dinheiro, delitos 
portadores de maior censura pública.
92
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Além do apontado pela doutrina acima, entendemos que o 
Ministério Público deve dar maior atenção à vítima7 do crime, levando em 
consideração os direitos fundamentais da vítima, bem como o dano sofrido 
por ela, dano não apenas material e financeiro, mas também psicológico e 
moral, sendo esses critérios importantes para se verificar a necessidade e a 
suficiência para a prevenção e repressão do delito (p.ex. os crimes contra 
a dignidade sexual).
A política criminal levada a efeito pelo Ministério Público deve 
também ser uma de preservação de garantia de direitos das vítimas de crimes.
Certamente é obrigação do Ministério Público, em petição 
separada ou na cota da denúncia, fundamentar quando entender, no caso 
concreto, que o ANPP não atende ao requisito de necessidade e suficiência 
para a prevenção e repressão do ilícito penal, para permitir, inclusive, que 
o investigado questione a posição junto ao órgão superior do Ministério 
Público (art. 28-A, § 14, do CPP).
32) Cabe Acordo de Não Persecução Penal na hipótese de crimes 
hediondos ou equiparados?
A Resolução nº 181/2017, do CNMP, em seu art.18, § 1º, inciso 
V, vedava o acordo de não persecução penal para os casos de crimes 
hediondos ou equiparados.
Contudo, a proibição existente na Resolução não foi prevista no 
art. 28-A, § 2º, do CPP, local onde o legislador elencou as hipóteses de não 
cabimento do ANPP.
Logo, a proibição existente no art.18, § 1º, inciso V, da Resolução 
do CNMP, confronta com o art. 28-A, do CPP, estando, portanto, aquela 
7 Vítima considerada em seu conceito amplo, incluindo inclusive seus parentes, sobretudo 
em caso de falecimento.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
93
revogada tacitamente, não existindo mais, assim, impeditivo objetivo para 
o ANPP em crimes hediondos ou equiparados.
Crimes hediondos são aqueles elencados como tais no art. 1º, da 
Lei nº 8.072/90.
A Constituição Federal equipara a hediondo, dando-lhes o mesmo 
tratamento, os crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins e o terrorismo (art.5º, XLIII).
Analisando o elenco de crimes hediondos (art.1º, da Lei nº 
8.072/90), observa-se que poucos são os crimes que, em tese, poderiam 
caber acordo de não persecução penal, posto que a maioria dos crimes 
hediondos possuem pena mínima igual ou superior a 4 (quatro) anos e/ou 
são perpetrados com violência ou grave ameaça.
Em tese, os crimes previstos no art. 155, § 4º-A (furto qualificado 
pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo 
comum) e no art. 218-B (favorecimento da prostituição ou de outra 
forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável), 
do Código Penal, ambos hediondos (art.1º, incisos VIII e IX, da Lei nº 
8.072/90), admitiriam o ANPP somente se na modalidade tentada (art. 14, 
II, do Código Penal), em vista da necessidade de se observar a diminuição 
aplicável ao caso (art. 28-A, § 1º, do CPP).
Igualmente os crimes do art. 16 da Lei nº 10.826 (posse ou porte 
ilegal de arma de fogo de uso proibido) e do art. 2º, da Lei nº 12.850/2013 
(organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo 
ou equiparado), ambos também hediondos (art. 1º, parágrafo único, incisos 
II e V, da Lei nº 8.072/90), ainda que consumados, admitiriam o ANPP.
Sobre o assunto, leciona Cabral (2020, p. 208):
Outra questão que surge a respeito do cabimento do 
acordo de não persecução penal é se ele seria cabível 
para crimes hediondos ou equiparados.
94
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
É certo que o inciso V, § 1º do art.18 da Resolução 
n 181/17-CNMP, expressamente proibia o cabimento 
do acordo de não persecução para os delitos hediondos 
e equiparados.
O art. 28-A do Códigode Processo Penal, porém, 
não acolheu essa limitação, sendo certo que esse não 
é mais um requisito objetivo para o cabimento do 
acordo.
Sem embargo, na atualidade, o acordo de não 
persecução penal não é cabível para a imensa maioria 
dos crimes hediondos e equiparados por outras 
razões. É que vários desses delitos são cometidos 
mediante violência ou grave ameaça, além do que 
à maioria deles é cominada pena igual ou superior 
a quatro anos.
[…]
Portanto, como dito, para esses delitos, ao menos em 
tese, é cabível o acordo de não persecução penal.
Apesar de não existir expressamente uma proibição de ANPP nos 
crimes hediondos e equiparados (art. 28-A, § 2º, do CPP), o Enunciado 
nº 22, do Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio 
Criminal (GNCCRIM), do Conselho Nacional de Procuradores-
Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG), é 
pela impossibilidade de ANPP: 
Veda-se o acordo de não persecução penal aos crimes 
praticados no âmbito de violência doméstica ou 
familiar, ou praticados contra a mulher por razões 
da condição de sexo feminino, bem como aos crimes 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
95
hediondos e equiparados, pois em relação a estes o 
acordo não é suficiente para a reprovação e prevenção 
do crime.
Igualmente, o Enunciado nº 22 PGJ-CGMP, do Ministério 
Público de São Paulo, a respeito da Lei nº 13.964/19:
O acordo de não persecução penal é incompatível com 
crimes hediondos ou equiparados, uma vez que sua 
celebração não atende ao requisito previsto no caput 
do art. 28-A CPP, que restringe a situações em que 
se mostre necessário e suficiente para a reprovação e 
prevenção do crime.
Importa consignar, ainda que em tese seja possível o ANPP, pode 
não ser o acordo de não persecução penal, no caso concreto, necessário e 
suficiente para a reprovação e prevenção do crime, sendo crime hediondo 
ou não (art. 28-A, caput, do CPP), devido à dimensão social do dano 
causado, a relevância social do bem jurídico, a danosidade do fato etc., o 
que justificaria o não oferecimento do ANPP de forma fundamentada pelo 
Ministério Público.
Pacelli e Fischer (2020, p. 113), ao mencionar o crime de 
organização criminosa, por exemplo, lecionam:
Os delitos praticados por organizações criminosas, 
por exemplo, embora possam eventualmente se 
enquadrar no acordo (penas de até quatro anos e sem 
grave ameaça ou violência), não deveriam ser objeto 
de ajuste de não persecução, dado que as sanções 
96
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
previstas na lei não parecem suficientes para reprimir 
nem prevenir delitos, dado que elas se organizam 
exatamente para a prática de crimes. Aliás, no ponto, 
pode-se argumentar até que já haveria vedação 
em relação aos membros de qualquer organização 
criminosa, na medida em que o acordo é vedado para 
aqueles com conduta criminosa profissional (art. 28-
A, § 2º, II, CPP).
Por sua vez, o Superior Tribunal de Justiça, através do Min. 
Reynaldo Soares, em decisão monocrática datada de 03/05/2020, foi 
pela impossibilidade justamente por entender que o acordo, em crimes 
hediondos ou equiparados, não seria necessário e suficiente para a repressão 
e prevenção. Eis o trecho da decisão:
[...] por se cuidar, em tese, de tráfico internacional de 
drogas, paradigma constitucional de gravidade para os 
demais crimes hediondos, para o qual a Constituição 
Federal impôs tratamento jurídico-penal severo (art. 
5.º, inc. XLIII), a formulação do negócio jurídico 
processual jamais poderá se reputar necessária e 
suficiente para a reprovação e prevenção do crime. 
(Recurso em Habeas Corpus nº 128.660-SP).
33) Cabe Acordo de Não Persecução Penal na hipótese de tráfico 
privilegiado?
O crime de tráfico privilegiado (art. 33, § 4º, Lei nº 11.343/2006) 
não consta no art. 28-A, § 2º, do CPP, onde estão elencadas as hipóteses 
que não se aplica o ANPP.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
97
Logo, não há vedação expressa para o ANPP em crime de tráfico 
privilegiado (art. 33, § 4º, Lei nº 11.343/2006).
Importa consignar que o Supremo Tribunal Federal (HC 118533) 
já entendia que o crime de tráfico privilegiado (art. 33, § 4º, Lei nº 
11.343/2006) não era equiparado a hediondo, tendo a Lei nº 13.964/2019 
(“Pacote Anticrime”) adotado tal entendimento e o consignado legalmente 
no art. 112, § 5º, da Lei de Execução Penal: “§ 5º. Não se considera hediondo 
ou equiparado, para fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas previsto 
no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006”.
Pacelli e Fischer (2020, p. 114) também entendem possível:
O crime de tráfico de drogas privilegiado, por 
exemplo, não pode mais ser considerado hediondo, 
por força da nova legislação, o que, à vista da causa 
de diminuição nele contido (art. 33, § 4º, Lei nº 
11.343/06), permitirá o acordo de não persecução.
Dezem e Souza (2020, p. 65) igualmente:
Não há vedação expressa para a figura do tráfico de 
drogas privilegiado previsto no artigo 33, § 4º da 
Lei 11.343/06. Duas posições devem se formar aqui. 
Primeira no sentido da vedação perante a alegação do 
caráter hediondo e da gravidade do delito. Discordamos 
dessa posição desde que se fixou de maneira clara que 
tráfico de drogas não é crime hediondo nos termos da 
jurisprudência do STF e do STJ. Dessa forma, em tese, 
é possível a aplicação do acordo de não persecução 
penal para os casos envolvendo tráfico privilegiado e 
sua recusa deve ser feita de maneira motivada.
98
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Vale lembrar, mais uma vez, que ainda que em tese seja possível 
o ANPP, pode não ser o acordo de não persecução, no caso concreto, 
necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime (art. 28-
A, caput, do CPP), devendo ser avaliada a dimensão social do dano, a 
relevância social do bem jurídico, a danosidade social do fato etc., o que 
justificaria o não oferecimento do ANPP de forma fundamentada pelo 
Ministério Público8.
Por fim, cabe lembrar que o tráfico de drogas na forma simples 
(art. 33 da Lei nº 11.343/2006) é incompatível com o ANPP, por cominar 
pena mínima de 5 anos de reclusão. Havendo, entretanto, outros diversos 
crimes da Lei nº 11.343/2006 que cominam pena inferior a 4 anos e, 
portanto, admitem o acordo, como por exemplo os previstos nos arts. 34 e 
35 e 37 e 39 da citada Lei. 
34) Cabe Acordo de Não Persecução Penal em crimes de racismo?
Os crimes de racismo, compreendidos aqueles tipificados na Lei 
nº 7.716/89 e no art. 140, § 3º, do Código Penal, não constam no art. 28-
A, § 2º, do CPP, onde estão elencadas as hipóteses em que não se aplica o 
ANPP.
Logo, não há vedação expressa para o ANPP em crime de 
racismo, compreendidos aqueles tipificados na Lei nº 7.716/89 e no art. 
140, § 3º, do Código Penal.
Contudo, assim como nos crimes hediondos e em todos os crimes, 
na verdade, há necessidade de se verificar, no caso concreto, se o ANPP é 
necessário e suficiente para a repressão e prevenção de tais crimes, levando 
em consideração, repita-se, inclusive a situação da vítima.
8 Exemplo de um caso concreto: STJ no AgRg no RHC nº 130587-SP, Rel.Min. Felix 
Fischer, 5ªT., j.17/11/2020.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
99
Sobre o assunto, é importante consignar que o Ministério 
Público de São Paulo, através de seu Procurador-Geral de Justiça e do seu 
Corregedor-Geral, expediu a Orientação Conjunta nº 1 PGJ/SP e CGMP/
SP no sentido de:
Os órgãos de execução do Ministério Público do Estado 
de São Paulo devem evitar qualquer instrumento de 
consenso (transação penal, acordo de não persecução 
penal e suspensão condicional do processo) nos 
procedimentos investigatórios e processos criminais 
envolvendo crimes de racismo, compreendidos aqueles 
tipificados na Lei 7.716/89 e no art. 140, §3º, do 
Código Penal, pois desproporcional e incompatível 
com infração penal dessa natureza, violadora de valores 
sociais.
No mesmo sentido, foram expedidas a Nota Técnica nº 10/2020do Centro Operacional de Apoio às Promotorias de Justiça Criminais do 
Ministério Público de Pernambuco9 e a Nota Técnica Orientativa Conjunta 
nº 01/2020 do Ministério Público do Acre.10
Na doutrina, Lauria (2018, p. 436) diz:
Nada obstante, baseando-se nos requisitos subjetivos 
e tendo em vista as particularidades do caso 
concreto, o tratamento constitucional mais rigoroso 
9 Disponível em: https://www.mppe.mp.br/mppe/comunicacao/noticias/12937-caop-
criminal-emite-nota-sobre-impossibilidade-de-acordo-de-nao-persecucao-penal-em-
crimes-de-racismo 
10 Disponível em: https://www.mpac.mp.br/mpac-expede-nota-tecnica-orientando-atuacao-
contra-crimes-de-racismo/
100
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
dispensado aos crimes de racismo em razão do bem 
jurídico tutelado e o fato de recaírem sobre vítimas 
pertencentes a grupos historicamente vulneráveis, o 
membro do Ministério Público com atribuições para 
o feito, poderá entender que o acordo (instrumento 
extrajudicial de política criminal) não é adequado e 
suficiente para a prevenção e reprovação do crime, 
deixando, fundamentadamente, de propô-lo e, ato 
contínuo, formulando a denúncia em juízo.
35) Cabe Acordo de Não Persecução Penal em crimes contra a 
Administração Pública? E nos crimes da Lei de Licitação? E nos 
crimes do Decreto-Lei nº 201/1967?
Na atividade ministerial muitas investigações envolvem 
a prática de crimes contra a Administração Pública (Título XI, do 
Código Penal), principalmente crimes de peculato (art. 312, do 
Código Penal), concussão (art. 316, do Código Penal), corrupção 
passiva (art. 317, do Código Penal), prevaricação (art. 319, do Código 
Penal), corrupção ativa (art. 333, do Código Penal), descaminho (art. 
334, do Código Penal), contrabando (art. 334-A, do Código Penal) etc. 
Tantas outras investigações apuram a prática de crimes previstos na 
Lei de Licitações (Lei nº 8.666/1993), sobretudo aqueles previstos nos 
arts. 89 e 90 da citada Lei, bem como os crimes previstos no art. 1º, do 
Decreto-lei nº 201/67.
Em tese, todos esses tipos de crimes, permitem o acordo de não 
persecução penal, posto que não foram relacionados no art. 28-A, § 2º, 
do CPP, onde estão elencadas as hipóteses em que não se aplica o ANPP.
No Decreto-Lei nº 201/67, por exemplo, todos os crimes lá 
elencados (art. 1º) possuem pena mínima inferior a 04 (quatro) anos 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
101
(art. 1º, § 1º) e seus tipos penais não contêm a elementar de violência 
ou grave ameaça.
Em sendo cabível, a condição de reparação do dano ao erário é 
imprescindível no ANPP.
Como salienta Messias (2020, p. 49-50), ao tratar do ANPP em 
crimes contra a Administração Pública:
Nos crimes praticados contra a Administração Pública, 
ao menos em tese, o acordo de não persecução penal 
possui amplo cabimento.
[…]
Uma vez cabível o acordo de não persecução penal 
nos crimes praticados contra a Administração 
Pública, a reparação integral do dano ao erário se 
mostra intransigível. 
Por outro lado, como já explicitado neste trabalho, o ANPP 
é instrumento de política criminal do Ministério Público e não há 
dúvidas de que o combate à corrupção é uma das políticas criminais 
do Ministério Público brasileiro.
Assim, como em todos os crimes, há necessidade de se 
verificar, no caso concreto, se o ANPP é necessário e suficiente para 
a repressão e prevenção de tais crimes, levando em consideração, 
nesses casos, a magnitude da ofensa, as consequências de tais ilícitos 
para a sociedade, a danosidade social do fato, a relevância social do 
bem jurídico, a dimensão do dano, dentre outros critérios adotados 
pelo membro do Ministério Público para, de forma fundamentada, se 
for o caso, recusar oferecer acordo de não persecução penal em tais 
crimes.
102
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
36) Cabe Acordo de Não Persecução Penal em crimes ambientais?
Sim, é possível ANPP em crimes ambientais.
Alguns crimes ambientais são passíveis de transação penal (ex. 
arts. 29 e 31, da Lei nº 9.605/98), o que, em tese, implicaria a impossibilidade 
de ANPP (art. 28-A, § 2º, I, do CPP).
No entanto, em tantos outros crimes ambientais, em tese, é 
cabível o ANPP, como por exemplo, os crimes dos artigos 30, 32, § 1º-A,11 
33, 34, 35, 38, 38-A, 39, 40, 41, 42, 45, 54, 56, 61, 62, 63, 66, 67, 68, 69 
e 69-A, da Lei nº 9.605/98, os crimes previstos nos arts.15 e 16 da Lei nº 
7.802/89, e o crime do art.50 da Lei nº 6.766/79, dentre outros.
É certo, contudo, que nos crimes ambientais em que, em tese, é 
possível o ANPP, devem-se observar as peculiaridades relativas à matéria 
ambiental, sobretudo a prévia composição do dano ambiental quando 
possível e, inclusive, assim como outros crimes, se é ou não necessário e 
suficiente para a repressão e prevenção do crime, levando-se em conta, por 
exemplo, a dimensão social do dano, a danosidade do fato etc.
Por fim, parece possível o ANPP para as pessoas jurídicas.
Eis a lição de Cabral (2020, p. 192):
A meu ver, isso é perfeitamente possível, uma vez 
que não há nenhuma incompatibilidade do instituto 
com o seu cumprimento pela pessoa jurídica, afora 
o afastamento da cláusula de prestação de serviços 
11 Há quem entenda incabível o ANPP ao argumento da “natureza do delito e da sua 
manifesta contrariedade ao espírito da Lei nº 14.064/2020, que buscou justamente impedir 
a aplicação de medidas despenalizadoras, tornando mais severa a persecução penal e a 
reprimenda” e por ser um crime praticado com violência. Ver. GONÇALVES, Monique 
Mosca. A Tutela Penal dos animais no contexto da nova Lei nº 14.064/2020. Boletim 
Criminal Comentado, São Paulo, n. 114, out. 2020. www.mpsp.mp.br.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
103
à comunidade, além do que não há vedação, nem 
expressa, nem implícita, dessa possibilidade.
Nesse sentido, à mingua de um detalhamento 
específico sobre o tema, é certo que o acordo de 
não persecução penal deverá ser celebrado com a 
pessoa jurídica, por meio de seu representante legal, 
de acordo com o previsto nos seus respectivos atos 
constitutivos ou, na ausência de previsão expressa, 
a pessoa jurídica deverá ser representada por seus 
diretores (CPP, art. 3º c.c CPC, art. 75, VIII).
37) Cabe Acordo de Não Persecução Penal em crimes eleitorais?
Sim. Não há vedação pelo art. 28-A, § 2º, do CPP, nem proibição 
no Código Eleitoral de aplicação do ANPP. Sendo certo que o Código de 
Processo Penal é aplicado como lei subsidiária ou supletiva aos processos 
criminais eleitorais (art. 364, do Código Eleitoral), logo, em tese, é possível 
o ANPP nos crimes eleitorais.
Vale lembrar que tanto o TSE12 quanto o STJ13 admitem em crimes 
eleitorais a aplicação de transação e da suspensão condicional do processo, 
institutos de Justiça Consensual, tal como o ANPP, não havendo motivo 
para não se aplicar o ANPP em tais delitos, já que inexiste proibição legal.
Nesse sentido é a lição de Cabral (2020, p. 207):
O Código Eleitoral não trata do acordo de não 
persecução, não existindo também nenhuma vedação 
legislativa nesse sentido, não havendo, portanto, 
12 TSE, Ac. n. 25.137, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 07/06/2005.
13 STJ, CC 37.595/SC, Rel. Min. Gilson Dipp, j.09/04/2003.
104
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
motivos para que não seja aplicado o acordo de não 
persecução penal.
[…]
Por essas razões, é que aqui se defende a plena 
aplicabilidade do acordo de não persecução penal 
aos crimes eleitorais e a ele conexos, que tramitem 
perante a Justiça Eleitoral.
É certo, contudo, que nos crimes eleitorais nos quais, em tese, é 
possível o ANPP, devem-se observar as peculiaridades relativas à matéria 
eleitoral, inclusive, assim como outros crimes, se é ou não necessário e 
suficiente para a repressão e prevenção do crime, levando-se em conta, por 
exemplo, a dimensão social do dano, a danosidade do fato etc.
Por fim, vale a importante observação de Barros (2020, p. 175) 
no sentido que não caberá ANPP nos crimes eleitoraisonde o preceito 
secundário for um preceito punitivo especial, como é o exemplo do art. 11, 
inciso V, da Lei nº 6.091/74, que tem como sanção a cassação do registro 
de candidatura ou do diploma, no caso de eleito, do autor do crime.
38) Cabe Acordo de Não Persecução Penal em crimes militares?
A Resolução nº 181/2017, do CNMP, em seu art. 18, § 12, vedava o 
acordo de não persecução penal nos crimes cometidos por militares que afetassem 
a hierarquia e a disciplina, havendo, portanto, permissão para os demais.
O art. 28-A, do CPP, não repetiu o dispositivo da Resolução do 
CNMP, ou seja, não afastou a possibilidade de ANPP em crimes militares 
(ao contrário do que foi feito na Lei nº 9.099/95, em seu art. 90-A,14 que 
afastou a aplicação da Lei no âmbito da Justiça Militar).
14 Lei nº 9.099/90. Art. 90-A: As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
105
Então, temos que, em tese, cabe acordo de não persecução nos 
crimes militares, desde que inexistente violência ou grave ameaça.
É verdade que a Justiça Militar tem um regramento próprio, com 
um Código Penal15 e um Código de Processo Penal16 diferenciados, no 
entanto, importa lembrar que em eventual omissão no CPP Militar pode ser 
utilizado o CPP comum.
Então, na falta de previsão no CPPM, pode-se usar 
subsidiariamente o CPP e seus institutos mais benéficos, como o acordo de 
não persecução penal.
Aceitando a possibilidade de aplicação do ANPP aos crimes 
militares, temos a lição de Lima (2020b, p. 282):
Consoante disposto no art. 18, § 12, da Resolução 
n. 181 do CNMP, o acordo de não persecução 
penal não seria passível de celebração em relação 
aos delitos cometidos por militares que afetassem 
a hierarquia e a disciplina. A Lei n. 13.964/19 não 
reproduziu semelhante vedação, do que se conclui 
que, pelo menos em tese, o negócio jurídico em 
questão pode ser celebrado em relação a crimes 
militares, quer quando afetarem a hierarquia e a 
disciplina (v.g. desrespeito a superior, abandono 
de posto), quer quando não colocarem em risco 
os pilares das Forças Armadas (v.g. estelionato, 
furto, etc.), mas desde que o acordo se revele 
necessário e suficiente para a reprovação e 
prevenção do delito.
15 Decreto-Lei nº 1001/1969. Código Penal Militar.
16 Decreto-Lei nº 1002/1969. Código de Processo Penal Militar
106
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Cabral (2020, p. 206) também entende ser cabível a celebração 
de acordo de não persecução penal para os delitos militares, seja da 
Justiça Estadual, seja da Justiça Militar da União.
De outro lado, há doutrinadores que entendem que pelo fato da 
Lei nº 13.964/2019 ter feito algumas alterações no Código de Processo 
Penal Militar espelhando algumas alterações também realizadas no 
CPP, mas nada dispor do ANPP, teria ocorrido um silêncio eloquente 
(CUNHA, R., 2020, p. 135), o que implicaria a impossibilidade de 
aplicação do ANPP em crimes militares.
Concordando com a impossibilidade de acordo de não 
persecução nos crimes militares temos a posição de Alves, Araújo e 
Arruda (2020, p. 115):
Sob a égide da Resolução nº 181/2017 do CNMP, 
não se permitia o acordo de não persecução penal 
nos crimes militares que afetassem a hierarquia e a 
disciplina (nos demais delitos militares, era possível 
o ajuste). Já a Lei nº 13.964/2019 não trouxe 
qualquer previsão acerca do tema. Não obstante 
exista entendimento sustentando que o silêncio da 
lei significa autorização do acordo em qualquer 
crime militar, vem prevalecendo em doutrina o 
posicionamento segundo o qual este silêncio foi 
proposital, não permitindo o ‘Pacote Anticrime’ a 
celebração do acordo de não persecução penal em 
nenhum crime militar, próprio ou impróprio. 
Nesse sentido, o Superior Tribunal Militar tem entendido pela 
impossibilidade de aplicação do ANPP aos crimes militares, senão 
vejamos:
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
107
APELAÇÃO. DEFENSORIA PÚBLICA DA 
UNIÃO. FALSIDADE IDEOLÓGICA. ART. 312 
DO CÓDIGO PENAL MILITAR. CERTIFICADO 
DE REGISTRO. CONDENAÇÃO EM PRIMEIRA 
INSTÂNCIA. DEVOLUÇÃO AMPLA DA 
QUESTÃO LITIGIOSA. PRELIMINAR DE 
NULIDADE POR INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
MILITAR. REJEIÇÃO. UNANIMIDADE. 
PRELIMINAR DE APLICAÇÃO DO ACORDO 
DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL. REJEIÇÃO. 
UNANIMIDADE. MÉRITO. AUSÊNCIA DE 
DOLO NA CONDUTA. NÃO ACOLHIMENTO. 
AUTORIA, MATERIALIDADE E 
CULPABILIDADE COMPROVADAS. 
PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO. NÃO 
ACOLHIMENTO. NEGADO PROVIMENTO AO 
RECURSO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA 
CONDENATÓRIA. UNANIMIDADE. [...] O 
alcance normativo do Acordo de Não Persecução 
Penal está circunscrito ao âmbito do processo 
penal comum, não sendo possível invocá-lo 
subsidiariamente ao Código de Processo Penal 
Militar, sob pena de violação ao Princípio da 
Especialidade, uma vez que não existe omissão 
no Diploma Adjetivo Castrense. Somente a 
falta de um regramento específico possibilita 
a aplicação subsidiária da legislação comum, 
sendo impossível mesclar-se o regime processual 
penal comum e o regime processual penal 
especificamente militar, mediante a seleção das 
partes mais benéficas de cada um deles. Preliminar 
108
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
rejeitada. Decisão unânime. Apelo defensivo não 
provido. Decisão por unanimidade. (STM - APL: 
70011062120197000000, Relator: Carlos Vuyk 
de Aquino, j. 20/02/2020, Data de Publicação: 
02/03/2020).
HABEAS CORPUS. CRIME CAPITULADO 
NO ART. 290 DO CPM. PRELIMINAR 
DE NÃO CONHECIMENTO. PGJM. 
REJEIÇÃO. UNANIMIDADE. MÉRITO. 
ART. 28-A DO CPP. INSTITUTO DA NÃO 
PERSECUÇÃO PENAL. NEGATIVA DE 
APLICAÇÃO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 
INOCORRÊNCIA. INAPLICABILIDADE. 
DENEGAÇÃO DA ORDEM DE HABEAS 
CORPUS. UNANIMIDADE. I - Rejeita-se a 
preliminar de não conhecimento do Habeas Corpus, 
suscitada pela PGJM, considerando que a questão 
relativa à transação penal comporta arguição por 
meio do mencionado remédio constitucional. 
Decisão unânime. II - O instituto do acordo de 
não persecução penal, previsto no art. 28-A do 
CPP, não se aplica aos crimes militares previstos 
na legislação penal militar, tendo em vista sua 
evidente incompatibilidade com a Lei Adjetiva 
castrense, opção que foi adotada pelo legislador 
ordinário, ao editar a Lei nº 13.964, de 2019, e 
propor a sua incidência tão somente em relação ao 
Código de Processo Penal comum. III - Inexiste 
violação dos preceitos constitucionais, insculpidos 
no art. 5º, caput, e incisos LIV e LXVIII, da 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
109
Constituição Federal de 1988, e art. 467, "b" 
e "c", do CPPM, uma vez que a negativa dos 
Órgãos judicantes da JMU, afastando a incidência 
do acordo de não persecução penal em relação 
aos delitos previstos na legislação penal militar, 
por óbvio, não pode ser considerada violação 
de formalidade legal e tampouco se configura 
constrangimento ilegal em relação ao acusado. 
IV - Ordem de Habeas Corpus denegada. Decisão 
unânime. (STM – HC 7000374-06.2020.7.00.000, 
Rel. José Coêlho Ferreira, j. 26/08/2020, Data de 
Publicação: 14/09/2020)
39) Cabe Acordo de Não Persecução Penal em crimes previstos na Lei 
de Abuso de Autoridade?
A Lei nº 13.869/201917 define os crimes de abuso de autoridade.
Analisando a citada Lei, observa-se que muitos dos crimes nela 
previstos possuem pena mínima de 01 (um) ano e não são praticados com 
violência e grave ameaça e, como não há qualquer vedação no art. 28-A, 
§ 2º, do CPP, são passíveis, portanto, de acordo de não persecução penal.
Eis a lição de Lima (2020a, p. 83) sobre o assunto:
Por se tratar de infração penal à qual é cominada 
pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, admite-se a 
celebração de acordo de não persecução penal, desde 
que presentes os demais requisitos elencados pelo 
17 Art. 1º - Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, 
servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do 
poder que lhe tenha sidoatribuído.
110
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
art.28-A do Código de Processo Penal, incluído pela 
Lei nº 13.964/19.
A propósito, eis o teor do Enunciado nº 28, do Grupo Nacional 
de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM), do 
Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos 
dos Estados e da União (CNPG): 
Crimes de abuso de autoridade, cometidos sem 
violência ou grave ameaça à pessoa, presentes os 
pressupostos do art.18 da Res.181/17 do CNMP, 
admitirão o acordo de não persecução penal, salvo 
se sua celebração não atender ao que seja necessário 
e suficiente para a reprovação e prevenção do crime.
Anote-se que o enunciado acima faz referência a Resolução do 
CNMP e não ao art. 28-A, do CPP, posto que foi editado em momento anterior 
à vigência da Lei nº 13.964/2019. Contudo, claramente aplicável, já que a ideia 
é a mesma.
É de se ressaltar ainda que tantos outros crimes previstos na Lei 
nº 13.869/2019 possuem pena máxima não superior a dois anos, estando, 
portanto, na esfera de competência do Juizado Especial Criminal e, por 
consequência, passíveis de transação penal, o que excluiria a possibilidade 
de ANPP.
Por fim, mais uma vez menciona-se que, apesar de, em tese, 
possível o ANPP nos crimes de abuso de autoridade, o Ministério Público, 
dentro de sua discricionariedade regrada, analisará o caso concreto para 
verificar se o acordo de não persecução atende à política criminal da 
instituição e se é necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do 
crime.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
111
40) Cabe Acordo de Não Persecução Penal em crimes de competência 
originária dos Tribunais?
Sim. Há uma enorme quantidade de crimes que, em tese, são 
passíveis de ANPP. Obviamente alguns desses crimes podem ser cometidos 
por pessoas que sejam detentoras de foro especial por prerrogativa de 
função, onde a competência originária para a ação penal é do Tribunal e 
não do juiz de primeiro grau de jurisdição.
E a Lei nº 13.964/2019 (“Pacote Anticrime”), atenta a tal 
possibilidade, previu expressamente o ANPP nas ações penais originárias 
nos Tribunais, ao acrescentar o § 3º, no art. 1º, da Lei nº 8.038/90:
Art. 1º [...]
§ 3º Não sendo o caso de arquivamento e tendo o 
investigado confessado formal e circunstanciadamente 
a prática de infração penal sem violência ou grave 
ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, 
o Ministério Público poderá propor acordo de não 
persecução penal, desde que necessário e suficiente 
para a reprovação e prevenção do crime, nos termos 
do art. 28-A do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro 
de 1941 (Código de Processo Penal).
Logo, perfeitamente possível a aplicação do ANPP nas hipóteses 
de o investigado ser pessoa detentora de foro especial por prerrogativa de 
função.
Nesta hipótese (competência originária do Tribunal), a depender 
do regimento interno do Tribunal, possivelmente o juiz competente para 
homologar o acordo de não persecução penal a ser oferecido pelo Ministério 
Público atuante no Tribunal, deve ser o relator do caso no Tribunal. 
112
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
41) Cabe Acordo de Não Persecução Penal se for cabível transação 
penal de competência dos Juizados Especiais Criminais?
Não. Por expressa disposição legal, não se aplica o acordo de não 
persecução penal quando for cabível transação penal de competência dos 
Juizados Especiais Criminais, conforme art. 28-A, § 2º, I, do CPP.
O dispositivo tem razão de ser já que as hipóteses em que cabe a 
transação penal são de infrações penais de pequeno potencial ofensivo (ao 
contrário do ANPP que visa às infrações de média potencialidade ofensiva), 
sendo a transação penal menos gravosa que o acordo de não persecução (a 
transação penal não exige confissão). Mesmo se fosse possível, dificilmente 
o ANPP seria utilizado, posto que a transação penal teria prioridade e 
raramente quem não aceitaria a transação aceitaria o ANPP.
Sobre o assunto, é importante conhecer a posição de Dezem e 
Souza (2020, p. 64):
Não caberá a proposta de acordo de não persecução 
penal se couber transação penal de competência dos 
Juizados Especiais Criminais. O que o legislador 
estabelece aqui é uma situação de precedência, e não 
de proibição absoluta. 
Caberá a transação penal (artigo 76 da Lei 9.099/95), 
ainda que também seja possível a proposta de não 
persecução penal. Isso porque a transação penal é mais 
benéfica em termos de requisitos necessários para 
o cumprimento do que o acordo de não persecução 
(já que a transação penal não exige confissão, mas o 
acordo de não persecução, sim). 
Se o autor do fato não aceitar a proposta de transação 
penal, isso não impede que lhe seja ofertado o acordo 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
113
de não persecução penal. Se o promotor não fizer a 
proposta de transação penal, ele deve justificar os 
motivos pelos quais não o faz, o mesmo valendo para 
o acordo de não persecução penal. 
42) Cabe Acordo de Não Persecução Penal se for cabível a suspensão 
condicional do processo?
Sim. Não há vedação na Lei (art. 28-A, § 2º, do CPP).
Ademais, o § 11, do art. 28-A, do CPP, deixa claro que o 
descumprimento do ANPP pode ser utilizado pelo Ministério Público 
como justificativa para o eventual não oferecimento da suspensão 
condicional do processo.
Muitos são os casos em que o crime permitirá ANPP e suspensão 
condicional do processo (ex. art. 155, do Código Penal). Em outros, permitirá 
apenas o ANPP (ex. art. 155, § 4º, do Código Penal) e em poucos outros, apenas 
a suspensão condicional do processo (ex. art. 129, § 1º, do Código Penal).
Então, nos casos em que, em tese, cabe ANPP e suspensão 
condicional do processo, a princípio, temos que o ANPP é mais favorável 
ao investigado, posto que o acordo impede o ajuizamento da ação penal, 
enquanto a suspensão condicional do processo pressupõe ação penal 
ajuizada e recebida pelo Poder Judiciário, fato este que deverá reduzir a 
quantidade de processos com a suspensão condicional do processo.
Nesse sentido, Cabral (2020, p. 74-75):
Por fim, é importante registrar que, com a criação do 
acordo de não persecução penal, na prática, ocorrerá 
uma drástica diminuição da incidência da suspensão 
condicional do processo.
114
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Isso porque, caberá ANPP mesmo nos casos em que 
houver a SCP […]. Assim, todos os casos em que 
couber ANPP não será necessária a SCP.
[…]
Ou seja, na prática, a partir da vigência do art. 28-
A, CPP, somente caberá suspensão condicional do 
processo nos limitadíssimos casos em que não for 
possível o acordo de não persecução penal e, ainda 
sim, for cabível a SCP.
Também Queiroz (2020):
Embora a lei não tenha revogado o art. 89 da Lei 
n° 9.099/95, a suspensão condicional do processo 
foi sensivelmente esvaziada, uma vez que o 
acordo de não persecução é muito mais amplo por 
já compreender as hipóteses que comportariam 
a suspensão condicional, isto é, crimes punidos 
com pena mínima igual ou inferior a um ano. De 
todo modo, como os institutos exigem requisitos 
distintos (v.g., a suspensão condicional não requer 
confissão formal e circunstanciada, o oferecimento 
de denúncia), a suspensão condicional ainda terá 
alguma aplicação.
43) Cabe Acordo de Não Persecução Penal se for o investigado 
reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem 
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional?
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
115
Não. Por expressa disposição legal, não se aplica o acordo de 
não persecução penal quando for o investigado reincidente ou se houver 
elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada 
ou profissional, conforme art. 28-A, § 2º, II, do CPP.
O dispositivo legal (art. 28-A, § 2º, II, do CPP) deixa clara a opção 
do legislador de vedar a aplicação do instituto do ANPP para aqueles já 
vêm se envolvendo em práticas ilícitas, que fazem do crime umaatividade 
rotineira, posto que tal comportamento é incompatível com os objetivos 
político-criminais do acordo de não persecução.
O conceito de reincidência é o legal, previsto nos arts. 63 e 64, 
do Código Penal, ou seja, o reincidente é aquele que comete novo crime, 
depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, 
o tenha condenado por crime anterior, respeitado o lapso temporal de 5 
(cinco) anos e a prática de crimes militares próprios e políticos, sendo 
que a reincidência pode ser comprovada com a folha de antecedentes18 
do investigado e mesmo a partir de informações extraídas dos sites dos 
Tribunais.19
No que diz respeito à conduta habitual, reiterada ou profissional, 
a doutrina de Lima (2020b, p. 281) é explicativa:
O legislador também veda a celebração do pacto 
quando houver elementos probatórios indicando 
a prática de conduta criminal habitual, reiterada 
ou profissional. O conceito de criminoso habitual 
(habitualidade criminosa ou reiteração delituosa) 
não se confunde com o de crime habitual. Neste, 
o delito é único, figurando a habitualidade como 
elementar do tipo. É o que ocorre, por exemplo, 
18 STJ. AgRg no AREsp 1553133/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, 6ªT., j. 15/10/2019.
19 STF. HC 162.548. Rel. Min. Rosa Weber, 1ª T., j.16/06/2020.
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Sandro Carvalho lobato de Carvalho
com o delito de casa de prostituição (CP, art. 229). Na 
habitualidade criminosa, há pluralidade de crimes, 
sendo a habitualidade uma característica do agente, 
e não da infração penal. No crime habitual, a prática 
de um ato isolado não gera tipicidade, ao passo que, 
na habitualidade criminosa, tem-se uma sequência 
de atos típicos que demonstram um estilo de vida 
do autor, ou seja, cada um dos crimes anteriores 
já é suficiente de per si para a caracterização da 
lavagem, sendo que o conjunto de delitos autoriza 
o aumento da pena. Conduta criminal reiterada, por 
sua vez, é aquela que é repetida, renovada. Por fim, 
diz-se profissional da pessoa voltada para a prática 
de certa atividade como se fosse ela um ofício ou 
profissão. Como se pode notar, do significado das 
três palavras extrai-se o nítido intento do legislador 
de vedar a celebração do acordo de não persecução 
penal com alguém que faz do crime uma atividade 
rotineira – verdadeiro meio de vida –, alguém que 
poderá voltar a praticar novos delitos, o que, de per 
si, justifica a restrição.
Sobre a conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, o 
Enunciado nº 20 PGJ-CGMP, do Ministério Público de São Paulo, a 
respeito da Lei nº 13.964/19 dispõe:
A expressão ‘conduta criminosa habitual, reiterada 
ou profissional’, prevista no inciso II do §2º do art. 
28-A CPP, deve ser entendida como a habitualidade 
criminosa, a ser verificada no caso concreto.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
117
Importante observar que a lei prevê a necessidade de existir 
elementos probatórios nos autos que indiquem ser a conduta criminal 
do investigado habitual, reiterada ou profissional. Logo, ao receber 
os autos do procedimento investigatório criminal, o membro do 
Ministério Público ao perceber que os pressupostos do acordo de não 
persecução penal estão presentes (art. 28-A, caput, do CPP), deve 
promover buscas em seus sistemas de informação e nos sites dos 
Tribunais sobre a existência de registros criminais do investigado 
para verificar se o crime apurado é um fato isolado ou mais um no 
meio de vida do investigado.
Não bastam meras conjecturas sobre a conduta delituosa 
rotineira do investigado, há necessidade de ter mínimos elementos 
que indiquem essa conduta que podem ser pesquisados, como dito, 
nos sistemas de informação que o Ministério Público tem acesso e 
nos sites dos Tribunais, bem como que podem estar presentes nas 
declarações de testemunhas ouvidas na fase de investigação.
Aqui cabe a lição de Cabral (2020, p. 110):
Esses elementos probatórios de que a prática é 
habitual, reiterada e profissional são extraídos da 
própria investigação, podendo ser constituídos por 
uma certidão de antecedentes (sobre a existência 
de outras investigações ou processos penais), 
complementadas por testemunhos nesse sentido.
Aqui, portanto, devem existir elementos 
probatórios mínimos a indicar que o agente pratica 
de forma habitual, reiterada ou profissional os 
delitos […] Assim, não basta a mera desconfiança, 
deve existir um juízo de plausibilidade sobre esses 
elementos.
118
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Por fim, importa notar que a própria lei, na parte final do inciso 
II, do § 2º, do art. 28-A, do CPP, faz uma ressalva, permitindo a aplicação 
do acordo de não persecução mesmo para aqueles investigados que 
cometam crimes de maneira habitual, reiterada ou profissional, desde que 
as infrações penais pretéritas sejam insignificantes.
Em resumo, se as infrações penais anteriores, que caracterizaram 
a reiteração criminosa, forem insignificantes, então caberá o ANPP.
O que seriam infrações penais pretéritas insignificantes?
O Enunciado nº 21, do Grupo Nacional de Coordenadores 
de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM), do Conselho Nacional de 
Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União 
(CNPG), explica: 
Não caberá o acordo de não persecução penal se o 
investigado for reincidente ou se houver elementos 
probatórios que indiquem conduta criminal habitual, 
reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as 
infrações penais pretéritas, entendidas estas como 
delitos de menor potencial ofensivo.
Contudo, há doutrina (CABRAL, 2020, p. 110; SOUZA, 2020, 
p. 126-127) no sentido que as infrações penais pretéritas insignificantes 
seriam aquelas de inexpressiva lesão ao bem jurídico e que sequer foram 
objeto de atuação penal anterior, ou seja, naquelas que teriam sido aplicado 
o princípio da insignificância.
44) Cabe Acordo de Não Persecução Penal se o investigado tiver sido 
beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, 
em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão 
condicional do processo?
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
119
Não. Por expressa disposição legal, não se aplica o acordo de 
não persecução penal quando o agente tiver sido beneficiado nos 5 (cinco) 
anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução 
penal, transação penal ou suspensão condicional do processo, conforme 
art. 28-A, § 2º, III, do CPP.
O dispositivo legal (art. 28-A, § 2º, III, do CPP) deixa clara a 
opção do legislador de aplicar o instituto do ANPP para aqueles que 
praticaram a infração penal de forma episódica, uma única vez.
45) Cabe Acordo de Não Persecução Penal nos crimes praticados no 
âmbito de violência doméstica ou familiar, ou nos praticados contra a 
mulher por razões da condição de sexo feminino?
Não. Por expressa disposição legal, não se aplica o acordo de não 
persecução penal nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica 
ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo 
feminino, em favor do agressor, conforme art. 28-A, § 2º, IV, do CPP.
O dispositivo legal (art. 28-A, § 2º, IV, do CPP) deixa clara 
a opção de política criminal do legislador de recrudescer o tratamento 
dado aos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou 
familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo 
feminino, atendendo, dessa forma, à Constituição Federal (art. 226, § 
8º) e a diversos tratados de direitos humanos de observância obrigatória 
pelo Estado brasileiro (p.ex. a Convenção sobre Eliminação de Todas as 
Formas de Discriminação contra a Mulher e a Convenção Interamericana 
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher – Convenção 
de Belém do Pará), sem descuidar da lembrança da condenação do Brasil 
na Comissão Interamericana de Direitos Humanos no caso da farmacêutica 
Maria da Penha Maia Fernandes, que deu origem à elaboração e promulgação 
da Lei nº 11.340/2006 (conhecida por “LeiMaria da Penha”).
120
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Note-se que a Lei nº 11.340/2006 já havia inaugurado essa 
política criminal deixando claro que os instrumentos de Justiça Penal 
Negociada não são compatíveis com a violência doméstica e familiar, 
afastando expressamente a aplicação da Lei nº 9.099/95 (art. 41, da Lei 
nº 11.340/2006) e, por consequência, seus instrumentos de Justiça Penal 
Consensual (composição civil dos danos, transação penal e suspensão 
condicional do processo), em tais casos.
O art. 28-A, § 2º, IV, do CPP, segue a mesma lógica do art. 41, da 
Lei nº 11.340/2006: não cabe o instrumento de Justiça Penal Consensual do 
ANPP nos casos de violência doméstica e familiar ou nos crimes praticados 
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
O art. 28-A, § 2º, IV, do CPP, tem em seu corpo duas proibições.
Uma é a impossibilidade de ANPP em crimes cometidos no 
âmbito de violência doméstica e familiar.
Os conceitos de âmbito doméstico e de âmbito familiar podem 
ser extraídos do art. 5º, I e II, da Lei nº 11.340/2006.
É também na Lei nº 11.340/2006, em seu art. 7º, que encontramos 
os conceitos de violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral 
que, se estiverem presentes, impedem o ANPP.
Por outro lado, importante consignar que o art. 28-A, § 2º, IV, do 
CPP, quando dispõe sobre o não cabimento do acordo nos crimes praticados 
no âmbito de violência doméstica ou familiar, não ressalva a necessidade 
da vítima ser mulher, logo, pouco importa se o crime for cometido contra 
mulher ou homem, se for crime praticado no âmbito de violência doméstica 
ou familiar não será possível o acordo de não persecução penal.
A outra proibição é a de ANPP quando o crime for praticado 
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
Neste caso, o que não importa é o local de sua prática, ou 
seja, independentemente de ter sido cometido no âmbito doméstico ou 
familiar, bem como não importa se o crime é ou não com violência. Se 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
121
for praticado contra mulher por razões da condição do sexo feminino, 
não caberá o ANPP.
Sobre essa proibição, esclarece Cabral (2020, p. 103):
Nesses casos, estão incluídos aqueles delitos que 
são cometidos contra as mulheres, pela sua própria 
condição de mulher ou valendo-se da condição 
de mulher da ofendida, em que se pretenda sua 
diminuição, coisificação ou que se pretenda tratá-la 
como se fosse um objeto disponível ou inferior.
[…]
Em suma, sempre que o delito for cometido contra 
mulher, por razões da condição de sexo feminino, 
pouco importando se é no âmbito doméstico ou 
familiar, se é com violência ou não, está vedada a 
celebração do acordo de não persecução penal.
Por fim, cabe mencionar a existência do Enunciado nº 22, do 
Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal 
(GNCCRIM), do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos 
Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG): 
Veda-se o acordo de não persecução penal aos crimes 
praticados no âmbito de violência doméstica ou 
familiar, ou praticados contra a mulher por razões 
da condição de sexo feminino, bem como aos crimes 
hediondos e equiparados, pois em relação a estes o 
acordo não é suficiente para a reprovação e prevenção 
do crime.
122
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
46) Cabe Acordo de Não Persecução Penal quando for cabível acordo 
de colaboração premiada?
Devido à natureza e dos efeitos do acordo de colaboração 
premiada, quando este tipo de acordo for cabível, como possível 
instrumento mais eficiente para a reprovação e prevenção de crimes, 
deverá ser avaliado pelo membro do Ministério Público antes do 
oferecimento do ANPP, ou seja, há uma relação de preferência para o 
acordo de colaboração premiada.
Contudo, não se pode perder de vista que, assim como o acordo 
de não persecução penal, o acordo de colaboração premiada está no campo 
da discricionariedade regrada do Ministério Público, cabendo ao órgão 
analisar sua pertinência ou não no caso concreto.
Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal decidiu:
AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE 
SEGURANÇA. MATÉRIA PROCESSUAL PENAL. 
ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA. 
VOLUNTARIEDADE. INDISPENSABILIDADE. 
AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO 
JUDICIALMENTE EXIGÍVEL. RECURSO 
DESPROVIDO. 1. A jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal assentou que o acordo de colaboração 
premiada consubstancia negócio jurídico processual, 
de modo que seu aperfeiçoamento pressupõe 
voluntariedade de ambas as partes celebrantes. 
Precedentes. 2. Não cabe ao Poder Judiciário, que 
não detém atribuição para participar de negociações 
na seara investigatória, impor ao Ministério Público 
a celebração de acordo de colaboração premiada, 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
123
notadamente, como ocorre na hipótese, em que 
há motivada indicação das razões que, na visão 
do titular da ação penal, não recomendariam a 
formalização do discricionário negócio jurídico 
processual. 3. A realização de tratativas dirigidas a 
avaliar a conveniência do Ministério Público quanto 
à celebração do acordo de colaboração premiada 
não resulta na necessária obrigatoriedade de efetiva 
formação de ajuste processual. 4. A negativa de 
celebração de acordo de colaboração premiada, quando 
explicitada pelo Procurador-Geral da República 
em feito de competência originária desta Suprema 
Corte, não se subordina a escrutínio no âmbito das 
respectivas Câmaras de Coordenação e Revisão do 
Ministério Público. 5. Nada obstante a ausência de 
demonstração de direito líquido e certo à imposição 
de celebração de acordo de colaboração premiada, 
assegura-se ao impetrante, por óbvio, insurgência na 
seara processual própria, inclusive quanto à eventual 
possibilidade de concessão de sanção premial em 
sede sentenciante, independentemente de anuência 
do Ministério Público. Isso porque a colaboração 
premiada configura realidade jurídica, em si, mais 
ampla do que o acordo de colaboração premiada. 6. 
Agravo regimental desprovido. (MS 35693 AgR, 
Relator(a): Edson Fachin, 2ª Turma, j.28/05/2019, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-184. DIVULG 23-
07-2020 PUBLIC 24-07-2020).
Referida decisão do STF, mutatis mutandis, é plenamente 
aplicável ao acordo de não persecução penal.
124
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
47) Há imposição de sanção penal no Acordo de Não Persecução Penal?
Preenchidos os pressupostos e requisitos legais do ANPP, 
entendendo o Ministério Público cabível o acordo, a pergunta que se 
faz é se no ANPP pode ser imposta uma pena ao investigado? A resposta 
é não.
Não há imposição de sanção penal no ANPP.
A pena criminal só pode ser imposta pelo Poder Judiciário, 
após regular processo penal, obedecidos o contraditório e a ampla 
defesa, sendo a sua característica principal a imperatividade.
No ANPP são ajustadas condições – e não penas – a serem 
cumpridas pelo investigado, de forma voluntária e consciente, após 
uma negociação extrajudicial com o Ministério Público.
Se eventualmente as condições do ANPP forem descumpridas 
pelo investigado, não há como obrigá-lo a cumprir, logo, não há a 
característica da imperatividade, tendo como única consequência o 
retorno dos autos ao Ministério Público para o ajuizamento da ação 
penal (art. 28-A, § 10, do CPP).
O Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio 
Criminal (GNCCRIM), do Conselho Nacional de Procuradores-
Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG), 
tem o Enunciado nº 25 sobre o assunto: 
O acordo de não persecução penal não impõe penas, 
mas somente estabelece direitos e obrigações 
de natureza negocial e as medidas acordadas 
voluntariamente pelas partes não produzirão 
quaisquer efeitos daí decorrentes, incluindo a 
reincidência.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
125
48) Quais são as condições do Acordo de Não Persecução Penal?
Para que o acordo de não persecução penal seja celebrado, o 
investigado deveráassumir o dever de cumprir certas condições, de forma 
cumulativa ou alternativa.
As condições a serem inseridas, cumulativa ou alternativamente no 
ANPP, estão expressamente previstas no art. 28-A, incisos I a V, do Código 
de Processo Penal. São elas: a) reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, 
exceto na impossibilidade de fazê-lo; b) renunciar voluntariamente a bens e 
direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou 
proveito do crime; c) prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas 
por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de 
um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma 
do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código 
Penal); d) pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 
45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a 
entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, 
que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou 
semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; e) cumprir, por prazo 
determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que 
proporcional e compatível com a infração penal imputada.
Sobre as condições do ANPP, vale observar a lição de Messias 
(2020, p. 46):
Com efeito, as condições a serem pactuadas devem 
ser ajustadas de modo a ressarcir adequadamente a 
vítima e recompor suficientemente o meio social, 
vedando-se a proteção jurídica desproporcional, isto 
é, aquela que se mostre excessiva (übermassverbot) 
ou carente (untermassverbot), sob pena de tornar 
inconstitucional a avença.
126
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
49) Como condição do Acordo de Não Persecução Penal o investigado 
deve reparar o dano ou restituir a coisa à vítima?
Sim. Essa é uma condição expressa no art. 28-A, inciso I, do 
CPP, e que procura prestigiar a vítima. É provavelmente a condição mais 
importante e necessária do ANPP.
O Ministério Público tem o dever de dar maior atenção à vítima 
do crime e deve velar para, sempre que viável, constar essa condição no 
acordo de não persecução penal.
Apesar do art. 28-A, do CPP, apenas dispor da comunicação para 
a vítima quando da homologação do acordo e de seu descumprimento (§9º), 
é importante que o Ministério Público notifique a vítima para comparecer à 
sede do Ministério Público para conversar com o ofendido e verificar o dano 
por ela sofrido, quantificando-o, bem como fazendo constar, quando possível, 
o número da conta bancária da vítima para eventual reparação financeira e/
ou a forma como é melhor para ela receber o seu bem do investigado.
Essa audiência extraprocessual do Ministério Público com 
a vítima é salutar para que o membro do Ministério Público inclusive 
verifique se o ANPP é suficiente e necessário para a repressão e prevenção 
da infração penal e por isso sugere-se que seja realizada em data anterior 
da audiência extrajudicial com o investigado.
Ressalte-se, entretanto, que a vítima não tem o poder de vetar 
o ANPP. A ideia de chamar a vítima para a audiência extrajudicial na 
sede do Ministério Público é para lhe garantir uma integral reparação do 
dano sofrido, dando-lhe uma satisfação daquilo que ocorreu, mostrando a 
preocupação do Ministério Público com o ofendido.
Também é de grande valia que o Ministério Público solicite à 
autoridade policial que, sempre que possível, já no inquérito policial 
informe a quantificação do prejuízo à vítima, do dano a ser reparado etc., 
para melhor análise do Ministério Público logo que receber os autos da 
investigação.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
127
A reparação do dano deve ser integral e a coisa a ser restituída 
deve estar em perfeito estado, devendo o Ministério Público indicar 
claramente no acordo o bem a ser restituído, assim como o prazo para a 
restituição ou para a reparação.
Note-se que o próprio texto legal ressalva essa condição quando é 
impossível reparar o dano ou restituir a coisa à vítima (parte final do inciso 
I, do art. 28-A, do CPP), circunstância esta que não impedirá a celebração 
do acordo, afinal, há impossibilidade de reparar o dano sofrido.
É certo que em alguns casos pode existir o crime, mas não 
se verificar o dano, e em outros é impossível a reparação em face do 
perecimento do objeto, não havendo como restituí-lo.
Mas, quando há o dano e ele pode ser reparado ou o objeto 
restituído, não basta mera alegação do investigado de sua incapacidade 
financeira de fazê-lo. O investigado tem que efetivamente comprovar essa 
impossibilidade. É seu ônus a prova cabal da incapacidade financeira. 
Se não o fizer, o Ministério Público não celebrará o acordo por falta de 
atendimento a uma das condições legais (art. 28-A, I, do CPP), condição 
esta, como dito, essencial na medida de maior privilégio e proteção à 
vítima.
Sobre essa hipótese, dizem Souza e Dower (2018, p. 150):
Emergindo mencionada situação, pontos rele-
vantíssimos devem ser considerados: (a) incum-
be ao investigado a prova cabal da sua vulnerabi-
lidade financeira, não bastando mera alegação; (b) 
deve o agente ministerial, convencido e seguro da 
situação de insolvência do investigado, atentar-se 
para a conveniência de propor o cumprimento de 
outra condição, desde que proporcional e compatí-
vel com a infração penal aparentemente praticada.
128
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Interessante também deixar consignado no termo de acordo que, 
em caso de descumprimento do ANPP pelo investigado, o valor pago à 
vítima, como forma de reparação, ou a coisa restituída, será perdido, ou 
seja, não será devolvido ao investigado.
Outrossim, entende-se que a reparação indicada na Lei abrange 
qualquer espécie de dano, seja material, moral, estético, psicológico etc. 
(CUNHA, R., 2020, p. 130; LIMA, 2020b, p. 283; SOUZA; DOWER, 
2018, p. 152).
Por fim, vale ressaltar que, caso o ANPP seja descumprido, não tendo 
o investigado, por exemplo, efetuado qualquer reparação à vítima, poderá esta, 
com cópia da decisão homologatória do ANPP e da decisão que rescindiu o 
acordo (títulos executivos judiciais), executar essa parte do acordo no Juízo 
Cível e inclusive pleitear eventual indenização não abrangida pelo ANPP.
50) No que consiste a condição do ANPP em o investigado renunciar 
voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público 
como instrumentos, produto ou proveito do crime?
Uma das condições expressamente previstas no Código de 
Processo Penal para o ANPP é justamente o investigado renunciar 
voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como 
instrumentos, produto ou proveito do crime (art. 28-A, II).
Nas palavras de Nucci (2020, p. 223):
Renunciar a bens e direitos: a exigência feita neste 
inciso envolve, basicamente, a voluntariedade (ati-
vidade realizada livremente, sem qualquer coação) 
em renunciar (desistir da propriedade ou posse de 
algo) a bens e direitos, que consistam, conforme indi-
cados pelo MP, em instrumentos (mecanismos usados 
para a prática do delito), produto (objeto ou direito 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
129
resultante diretamente do cometimento do crime) ou 
proveito (tudo o que resulta de lucro advindo do deli-
to, de maneira indireta) do crime.
A condição imposta faz todo sentido, posto que não haveria lógica 
do Ministério Público abrir mão da ação penal para oferecer o acordo de 
não persecução ao investigado e este ainda pudesse permanecer com os 
produtos e proveitos do crime, bem como com os instrumentos usados na 
prática delituosa. Seria o mesmo que dizer que o crime compensa e ainda 
mostrar à vítima seu desprestígio.
Por tal motivo, o Ministério Público deve indicar claramente quais 
são esses instrumentos e produtos/proveitos do crime a que o investigado 
deve renunciar, bem como consignar no acordo de não persecução penal o 
destino desses bens e direitos.
Também é de grande valia que o MinistérioPúblico solicite à 
autoridade policial que, sempre que possível, já no inquérito policial 
informe quais foram os instrumentos do crime, os produtos e proveitos que 
o investigado obteve com o crime etc., para melhor análise do Ministério 
Público logo que receber os autos da investigação.
Interessante também deixar consignado no termo de acordo que, 
em caso de descumprimento do ANPP pelo investigado, os instrumentos, 
produtos ou proveitos do crime serão perdidos, ou seja, não serão 
devolvidos ao investigado.
51) Pode ser prevista como condição do ANPP a prestação de serviço à 
comunidade ou a entidades públicas?
Sim, é uma condição expressa a ser inserida, cumulativa ou 
alternativamente no ANPP (art. 28-A, incisos II, do Código de Processo 
Penal).
130
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
No entanto, é de se observar o que a própria Lei determina: prestar 
serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente 
à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços.
Para identificar a pena mínima referida é necessário levarem-se 
em consideração as causas de aumento e diminuição, tal como previsto no 
§ 1º, do art. 28-A, do CPP.
Identificada a pena mínima, deve ela ser reduzida de 1/3 a 2/3 
para se chegar ao período de tempo que o investigado deverá realizar a 
prestação de serviços à comunidade.
Para essa redução é importante que o Ministério Público analise as 
consequências do crime, a sua gravidade, a forma que foi praticada, os danos à 
vítima etc., podendo usar como parâmetro a norma do art. 59 do Código Penal, 
fazendo uma espécie de dosimetria, para poder aplicar uma redução maior ou 
menor no caso concreto, devendo, também, o Ministério Público, ainda que 
sucintamente, fundamentar sua decisão quanto à aplicação da redução legal, 
inclusive para permitir que o investigado e seu defensor possam, se for o caso, 
negociar o percentual de redução, para que concordem com o ANPP.
Após aplicar a redução legal, o Ministério Público deve ainda 
transformar o quantum da prestação de serviços em horas, utilizando como 
parâmetro o disposto no art. 46, § 3º, do Código Penal, ou seja, para cada dia 
fixado de prestação de serviços à comunidade corresponderá ao cumprimento 
efetivo de 01 (uma) hora de trabalho, sendo necessário que isso (dias, meses, 
horas) fique expressamente consignado no acordo de não persecução penal.
Também deve o Ministério Público levar em consideração a 
aptidão do investigado para o serviço à comunidade e horários que não 
prejudiquem sua jornada normal de trabalho.
52) Prevista como condição do ANPP a prestação de serviço à 
comunidade ou a entidades públicas, é o Ministério Público quem 
indica o local de cumprimento para o investigado?
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
131
Não. Segundo a parte final do inciso III, do art. 28-A, do CPP, 
é o Juízo da Execução quem indica o local a ser cumprida a prestação de 
serviço à comunidade ou a entidades públicas.
Então, temos que o Ministério Público e o investigado podem 
acordar sobre a prestação de serviço, inclusive quanto à sua duração, mas 
não podem determinar o local de seu cumprimento, tarefa reservada por lei 
ao Juízo da Execução.
Contudo, nada impede, na verdade é até recomendável, que o 
Ministério Público e o investigado façam constar no termo de acordo de não 
persecução penal a sugestão de um local para o cumprimento da prestação 
de serviço, deixando consignado ao Juiz da Execução que entendem mais 
adequado aquele local sugerido para o cumprimento da prestação de 
serviço. Claro que o Juízo da Execução Penal não está vinculado a esta 
cláusula do ANPP, mas pode servir de sensibilização do que as partes 
entendem por melhor para elas.
53) Pode ser prevista como condição do ANPP o pagamento de 
prestação pecuniária?
Sim, é uma condição expressa a ser inserida, cumulativa ou 
alternativamente no ANPP (art. 28-A, inciso IV, do Código de Processo 
Penal).
A prestação pecuniária deve ser estipulada nos termos do art. 45, 
§ 1º, do Código Penal, ou seja, deve ser fixada em valor não inferior a 01 
(um) salário mínimo, nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários 
mínimos.
Para chegar ao valor da prestação pecuniária, o Ministério Público 
deve analisar as consequências do crime, a sua gravidade, a forma que foi 
praticado, os danos à vítima, a capacidade econômica do investigado etc., 
podendo usar como parâmetro a norma do art. 59 do Código Penal, fazendo 
132
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
uma espécie de dosimetria, devendo, também, o Ministério Público, ainda 
que sucintamente, fundamentar sua decisão quanto à definição do valor, 
inclusive para permitir que o investigado e seu defensor possam, se for o 
caso, negociar o valor da prestação pecuniária, para que concordem com 
o ANPP.
Também deve o Ministério Público consignar no acordo se 
a prestação pecuniária será paga à vista ou de forma parcelada e, neste 
caso, indicar em quantas parcelas. Interessante também deixar consignado 
no termo de acordo que, em caso de descumprimento do ANPP pelo 
investigado, as prestações já pagas serão perdidas, ou seja, não serão 
devolvidas ao investigado.
54) Para onde pode ser destinada a prestação pecuniária acordada 
no ANPP? É o Ministério Público que indica o destino da prestação 
pecuniária?
Tal como ocorre no inciso III, do art. 28-A, do CPP, não é o 
Ministério Público que indica para onde vai a prestação pecuniária e sim o 
Juízo da Execução Penal.
E mais. O destino da prestação pecuniária é entidade pública ou 
de interesse social que tenha, preferencialmente, como função proteger 
bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito 
e, repita-se, é o Juízo da Execução Penal quem escolhe a entidade (inciso 
IV do art. 28-A, do CPP).
Contudo, nada impede, na verdade é até recomendável, que o 
Ministério Público e o investigado façam constar no termo de acordo de 
não persecução penal a sugestão de um local para a destinação da prestação 
pecuniária, indicando até, se possível, o número da conta bancária, 
deixando consignado ao Juiz da Execução que entendem mais adequado 
aquele local sugerido para receber a prestação pecuniária. Claro que o Juízo 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
133
da Execução Penal não está vinculado a esta cláusula do ANPP, mas pode 
servir de sensibilização do que as partes entendem por melhor para elas.
Ressalte-se que não é aplicável neste caso a Resolução nº 
154/2012 do Conselho Nacional de Justiça, não existindo, portanto, 
obrigatoriedade da prestação pecuniária ser depositada em conta judicial.
Da mesma opinião é Messias (2020, p. 41):
Dito de outro modo, as prestações pecuniárias 
livremente pactuadas não se submetem ao ato 
normativo do CNJ, porque não são penas, motivo pelo 
qual não devem ser depositadas em conta judicial, mas, 
entregues pelo acordante diretamente à entidade pública 
ou de interesse social contemplada, via movimentação 
bancária, a fim de garantir o rastreamento do recurso.
Por fim, é relevante notar que o inciso IV do art. 28-A, do CPP 
indica que a prestação pecuniária vai apenas para a entidade pública ou de 
interesse social, e não indica a vítima como a destinatária, diversamente, 
portanto, do art. 45, § 1º, do Código Penal.
55) O Ministério Público pode ajustar no ANPP outra condição que 
não as previstas nos incisos I a IV do art. 28-A, do CPP?
Sim. O inciso V, do art. 28-A, do CPP, expressamente prevê que, 
de forma alternativa ou cumulativa, o investigado deve cumprir, por prazo 
determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que 
proporcional e compatível com a infração imputada.
Mais uma vez o legislador, ao não indicar a taxatividade das 
condições que podem ser ajustadas, deixa clara a discricionariedade do 
134
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Ministério Público e seu protagonismo no acordo de não persecução, 
podendo, desta forma, ajustar qualquer outra condição não previstaexpressamente no art. 28-A, do CPP, para que o investigado, em prazo 
determinado, cumpra, desde que a condição seja proporcional e compatível 
com a infração penal imputada.
Novamente aqui é importante que o Ministério Público analise 
as consequências do crime, a sua gravidade, a forma que foi praticado, os 
danos à vítima etc., para poder, se for o caso, indicar mais uma condição a 
ser cumprida pelo investigado.
Por ser uma cláusula aberta, com inúmeras possibilidades de 
condições a serem indicadas pelo Ministério Público, a depender do caso 
concreto, passamos a exemplificar algumas: a interdição temporária de 
direitos; a limitação de fim de semana; a renúncia ao exercício de cargo, 
função ou atividade pública; a renúncia ao cargo eletivo; compromisso de 
não se candidatar a cargo público; compromisso de não prestar concurso 
público; compromisso de não exercer determinada atividade, profissão ou 
ofício; tratamento ambulatorial; não se aproximar de determinadas pessoas 
e lugares; frequentar programas ou cursos educativos; não conduzir veículo 
automotor; realizar curso de reciclagem; realizar palestras em escolas; 
retirada de conteúdo da internet; retratação pública; perda do valor da fiança, 
entrega de bens para equipar delegacia de polícia, unidades prisionais, 
conselhos tutelares etc. Interessante também deixar consignado no termo de 
acordo que, em caso de descumprimento do ANPP pelo investigado, a fiança 
paga, por exemplo, será perdida, ou seja, não será devolvida ao investigado.
Também é importante que se fixe, com base no inciso V, do art. 28-
A, do CPP, algumas condições que eram previstas na Resolução nº 181/2017 (§ 
8º, do art. 18), mas que não foram reproduzidas no CPP, porém, são plenamente 
possíveis de inclusão pelo Ministério Público, tais como: dever do investigado 
comunicar ao Ministério Público e/ou ao Juízo da Execução eventual mudança 
de endereço, número de telefone ou e-mail; dever de comprovar mensalmente 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
135
ao Juízo da Execução, independentemente de intimação, o cumprimento das 
condições ajustadas; o dever de, quando for o caso, por iniciativa própria, 
apresentar imediatamente e de forma documentada eventual justificativa para 
o não cumprimento do acordo. Essas condições, como dito, podem ser fixadas 
com base no inciso V, mas também, nada impede que sejam ajustadas em 
cláusula autônoma, como formalidade do acordo.
A propósito, o Enunciado nº 26, do Grupo Nacional de 
Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM), do 
Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos 
dos Estados e da União (CNPG), sobre o assunto: 
Deverá constar expressamente no termo de acordo 
de não persecução penal as consequências para o 
descumprimento das condições acordadas, bem 
como o compromisso do investigado em comprovar 
o cumprimento das condições, independentemente 
de notificação ou aviso prévio, devendo apresentar, 
imediatamente e de forma documentada, eventual 
justificativa para o não cumprimento de qualquer 
condição, sob pena de imediata rescisão e 
oferecimento da denúncia em caso de inércia.
56) As condições uma vez aceitas e o ANPP homologado podem ser 
objeto de alteração (novação)?
Sobre essa possibilidade, explica Messias (2020, p. 57):
É possível que, durante o cumprimento da avença, 
o acordante se veja impossibilitado, por motivos 
justificáveis, de cumprir uma ou mais condições.
136
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
[…]
Em casos tais, e considerando que as condições 
previstas no artigo 28-A do CPP são perfeitamente 
fungíveis entre si, recomenda-se (1) o aditamento 
do termo de acordo de não persecução penal, 
a fim de substituir a condição ameaçada de 
descumprimento, e (2) a submissão do novo pacto 
à homologação judicial. A propósito, dá-se o nome 
de novação à substituição de uma obrigação original 
por uma obrigação nova, ou seja, diferente daquela 
anteriormente entabulada pelos interessados. 
Como dito, essa novação deve ser expressa (e não 
tácita), ou seja, prevista em termo de aditamento 
de acordo de não persecução penal, com o objetivo 
de garantir transparência à avença e segurança aos 
interessados.
57) Como deve ser formalizado o Acordo de Não Persecução Penal?
O art. 28-A, § 3º, do CPP, consta a formalidade básica do ANPP: 
ele será escrito e assinado pelo Ministério Público, pelo investigado e por 
seu defensor.
Contudo, plenamente aplicável, ainda, o § 2º, da Resolução nº 
181/2017, do CNMP, ou seja, a confissão do investigado e as tratativas 
do acordo deverão, se possível, ser registradas pelos meios ou recursos 
de gravação audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das 
informações.
Sobre a gravação, explicam Barros e Romaniuc (2018, p. 53), 
ainda falando da Resolução nº 181, mas plenamente válido atualmente 
com o art. 28-A, do CPP:
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
137
Tal exigência reflete uma tendência do ordenamento 
jurídico brasileiro, no sentido de modernizar os 
procedimentos. A gravação em meio audiovisual, 
além de captar com mais veracidade o contexto em 
que se deram os acontecimentos, permite ao órgão 
julgador rememorar as circunstâncias do momento da 
tomada dessas informações.
O ANPP ocorre nos autos do procedimento investigatório e, por 
lógica, é dentro deste procedimento que o acordo será formalizado.
No acordo, deverá constar a qualificação completa do 
investigado, inclusive com indicação de endereço, telefones e e-mail; a 
descrição dos fatos e sua adequação típica, com a indicação da confissão; 
as condições do acordo e seu prazo de cumprimento; os valores a serem 
restituídos; a forma de restituição e/ou ressarcimento do dano; a conta 
bancária da vítima, se possível; obrigação do investigado em informar, 
prontamente, qualquer alteração de endereço, número de telefone ou 
e-mail; obrigação do(a) investigado(a) em comprovar, mensalmente, o 
cumprimento das condições acordadas, independentemente de notificação 
ou aviso prévio; as consequências para o descumprimento das condições 
acordadas, sobretudo o indicativo que a ação penal será proposta e a 
confissão realizada no acordo, serão utilizadas como reforço da justa 
causa; a informação, por outro lado, que, no caso de não homologação 
judicial, a confissão tomada no acordo não será utilizada pelo Ministério 
Público como reforço da justa causa, podendo constar, inclusive, sua 
retirada dos autos.
A propósito, o Enunciado nº 26, do Grupo Nacional de 
Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM), do 
Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos 
dos Estados e da União (CNPG), sobre o assunto: 
138
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Deverá constar expressamente no termo de acordo 
de não persecução penal as consequências para o 
descumprimento das condições acordadas, bem 
como o compromisso do investigado em comprovar 
o cumprimento das condições, independentemente 
de notificação ou aviso prévio, devendo apresentar, 
imediatamente e de forma documentada, eventual 
justificativa para o não cumprimento de qualquer 
condição, sob pena de imediata rescisão e 
oferecimento da denúncia em caso de inércia.
Por fim, não é exigida a participação da vítima para a formalização 
do acordo. Infelizmente o legislador não considerou a importância da 
vítima neste momento relevante do acordo. Contudo, como já explicitado, 
ainda que não exista obrigatoriedade, em respeito à vítima criminal, 
nada impede que o Ministério Público, antes da formalização do acordo, 
convide/notifique a vítima para comparecer à sede do Ministério Público 
para avaliar as consequências do crime para ela, os danos sofridos, o valor a 
ser restituído/reparado, comunicando-lhe, inclusive, a pretensão de acordar 
com o investigado. Repita-se, não há obrigação, mas é importante que o 
Ministério Público tenha um olhar mais atento à vítima, dando-lhe pelo 
menos mínimas informações sobre as providências adotadas pelo órgão.58) É imprescindível o advogado/defensor para a formalização do 
Acordo de Não Persecução Penal?
Como visto acima, o art. 28-A, § 3º, do CPP, consta a formalidade 
do ANPP: ele será escrito e assinado pelo Ministério Público, pelo 
investigado e por seu defensor. Ou seja, é imprescindível a presença do 
defensor/advogado para a formalização do acordo.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
139
É importante deixar claro que o advogado/defensor deve estar 
presente durante todos os atos de negociação do ANPP, devendo o Ministério 
Público deixar consignado na notificação de comparecimento do investigado 
à sede do Ministério Público da imprescindibilidade de comparecimento 
acompanhado de advogado/defensor para a discussão sobre o ANPP, 
inclusive deixando expresso que, caso o investigado não possua recursos 
financeiros para contratar um advogado, deve procurar a Defensoria Pública.
Sem a presença do defensor/advogado, inviável o ANPP.
É o que reconhece o Enunciado nº 25 PGJ-CGMP, do 
Ministério Público de São Paulo, a respeito da Lei nº 13.964/19:
O Ministério Público somente poderá celebrar acordo 
de não persecução penal se o investigado estiver 
acompanhado de defensor.
Presente o investigado e o defensor, ambos devem concordar 
com os termos do acordo proposto pelo Ministério Público. E, para tanto, o 
Ministério Público deve assegurar ao advogado/defensor o acesso aos autos 
da investigação e uma entrevista prévia e reservada com o investigado, 
garantindo, dessa forma, a melhor orientação jurídica ao investigado e 
o correto entendimento dos termos do acordo, de suas condições, suas 
consequências, inclusive em eventual descumprimento.
Mas e se houver discordância entre a vontade do investigado e a 
vontade do defensor/advogado?
Se o investigado não quiser aceitar o ANPP, ainda que o 
advogado/defensor o aconselhe a aceitar, não parece restar dúvidas da 
impossibilidade do ANPP.
E quando o investigado aceita o ANPP e o advogado/defensor 
discorda?
140
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Pensando nesta possibilidade, discorrem Dezem e Souza (2020, 
p. 65):
Pode ser que ocorra divergência entre a vontade do 
suspeito e a do defensor. Em se tratando de defensor 
constituído, essa divergência acaba sendo irrelevante 
na medida em que bastará que haja a constituição de 
novo defensor pelo suspeito. 
Caso haja defensor dativo ou público, então duas 
posições devem surgir.
Primeira posição deve vir no sentido de que deve 
prevalecer a defesa técnica sobre a autodefesa. 
Para essa posição, dado o conhecimento técnico 
do defensor, deve ser dada prevalência a ele e à 
irrenunciabilidade da defesa técnica.
Segunda posição deve vir no sentido de que deve ser 
dada prevalência à autodefesa, pois cabe ao suspeito 
a disposição de decidir sobre algo que afetará 
especificamente sua vida. Entendemos que essa deva 
ser a posição acertada.
Sem defensor, não há como se firmar o ANPP, já dissemos.
No entanto, é certo que muitos investigados não possuem 
advogado. Então, é recomendável que o Ministério Público tenha um 
entendimento com a Defensoria Pública para que ela atenda aqueles 
investigados que não possuem condições financeiras para contratar um 
advogado, inclusive já agendando dias certos com a Defensoria Pública 
para as audiências de proposta de acordo na sede do Ministério Público.
Na ausência de Defensoria Pública no local, sugere-se que o 
Ministério Público tente entendimento com a seccional da OAB no local 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
141
ou mesmo com faculdades de Direito para que sejam indicados advogados 
para acompanhar o investigado na audiência extrajudicial de proposta do 
acordo no Ministério Público.
Ainda é possível que o Ministério Público solicite ao juiz 
a nomeação de defensor dativo para acompanhar o investigado na 
audiência de oferecimento de ANPP.
Se nada disso for possível, cabe ao Ministério Público, na cota 
da denúncia explicar que não houve a proposta de acordo pelo fato do 
investigado não possuir advogado e a localidade não ser atendida pela 
Defensoria Pública.
59) Onde deve ser celebrado o Acordo de Não Persecução Penal?
O ANPP deve ser celebrado na sede do Ministério Público.
Ao receber os autos da investigação, verificando que 
estão presentes indícios de autoria e materialidade delitiva, que os 
pressupostos para a denúncia estão presentes, que há justa causa para 
a ação penal, o membro do Ministério Público verificará se o fato 
delituoso enquadra-se nos pressupostos e requisitos legais do art. 28-
A, do CPP, e, sendo a resposta positiva, vai notificar o investigado 
para comparecer à sede do Ministério Público, acompanhado de 
advogado/defensor, para a discussão e o ajuste sobre o acordo de não 
persecução penal.
O local natural para discussão e celebração do ANPP é a sede 
do Ministério Público.
Ressalte-se que, nos casos de processos em curso, para 
aqueles que o admitem nesta fase, o ANPP deve, até por economia 
processual e celeridade, ser realizado durante audiência judicial 
especialmente designada para tanto, desde que requerida pelo 
Ministério Público.
142
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
60) O Acordo de Não Persecução Penal deve ser homologado 
judicialmente?
Firmado o acordo de não persecução entre Ministério Público, 
investigado e seu defensor/advogado, o ANPP deve ser submetido à 
homologação judicial.
Com o acordo firmado, o Ministério Público deve peticionar 
ao Juiz encaminhando os autos da investigação com o acordo de não 
persecução penal e requerer a homologação do ANPP.
Para a eficácia do ANPP deverá ele ser homologado judicialmente 
(art. 28-A, §§ 4º e 6º).
61) Qual é o Juiz competente para a homologação do Acordo de Não 
Persecução Penal?
No primeiro grau de jurisdição, conforme o art. 3º-B, 
inciso XVII, do CPP, é o Juiz das Garantias20 o competente para a 
homologação do acordo de não persecução penal.
Contudo, no presente momento, o art. 3º-B, do CPP, está 
com a eficácia suspensa por decisão, liminar, do Ministro Luiz Fux, 
do Supremo Tribunal Federal, nos autos das ADIs 6.298, 6.299, 
6.300 e 6.305. Ou seja, por enquanto, devido a esta decisão, está 
suspensa a implementação do Juiz das Garantias no Processo Penal 
Brasileiro.
Então, enquanto não se resolve a constitucionalidade ou não 
da implementação do Juiz das Garantias, quem é o Juiz competente 
para a homologação do acordo de não persecução penal?
20 Para um estudo completo e profundo sobre o Juiz das Garantias ver ANDRADE, Mauro 
Fonseca. Juiz das Garantias. 3. ed. Curitiba: Ed. Juruá, 2020.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
143
Entende-se que o Juiz competente para a homologação do 
ANPP é o juiz natural que seria o competente para analisar a eventual 
denúncia a ser oferecida pelo Ministério Público.
Ou seja, é o juiz natural responsável por receber a ação penal.
Não se pode esquecer que o ANPP é um substituto da ação 
penal. O Ministério Público deixou de oferecer a ação penal pelo fato do 
investigado ter concordado em cumprir algumas condições. O juiz que 
receberia os autos da investigação com a denúncia é o competente para 
receber os autos da investigação com o acordo de não persecução penal e 
analisar se é ou não caso de homologação.
Essa interpretação é consentânea com o próprio sistema adotado 
pelo CPP, onde o juiz responsável pelo recebimento da denúncia é também 
o responsável pela homologação do acordo, posto que é o Juiz das Garantias 
o competente tanto para o recebimento da denúncia (art. 3º-B, XIV, do 
CPP) quanto para a homologação do acordo de não persecução penal (art. 
3º-B, XVII, do CPP).
Nesse sentido, Souza (2020, p. 131):
Anote-se que segundo o art. 3º-B, XVII, do CPP, com 
redação dada pela Lei 13.964/2019 compete ao juiz 
das garantias a função de homologação do acordo de 
não persecução penal, mas referido dispositivo teve 
sua eficácia suspensa no dia 22 de janeiro de 2019, 
por tempo indeterminado, devido a decisãoliminar 
proferida pelo Ministro Luiz Fux na Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI) 6305. Sendo assim, na 
primeira instância, o juiz competente para homologar 
o acordo de não persecução é o previsto nas regras 
ordinárias do Código de Processo Penal, ou seja, 
aquele que seria competente para conhecer de eventual 
ação penal versando os fatos contidos no ajuste.
144
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Já nos casos de o investigado ter foro especial por prerrogativa 
de função, como a Lei nº 13.964/2019 (“Pacote Anticrime”) previu 
expressamente o ANPP nas ações penais originárias nos Tribunais, ao 
acrescentar o §3º, no art.1º, da Lei nº 8.038/90, a depender do regimento 
interno do Tribunal, possivelmente o juiz competente para homologar o 
acordo de não persecução penal, a ser oferecido pelo Ministério Público 
atuante no Tribunal, deve ser o relator do caso no Tribunal.
Por fim, não se pode perder de vista a possibilidade da Lei de 
Organização Judiciária local estabelecer de forma diversa, atribuindo 
competência a órgão judicial específico para a homologação do ANPP.
62) É necessária audiência para a homologação do Acordo de Não 
Persecução Penal?
Sim, o § 4º, do art. 28-A, do CPP, é expresso: para a homologação 
do acordo de não persecução penal será realizada audiência na qual o juiz 
deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado 
na presença do seu defensor, e sua legalidade.
Pois bem, nesta audiência, que é pública, o juiz ouvirá o 
investigado, na presença obrigatória do seu defensor, para verificar se foi de 
forma voluntária que o investigado aceitou o ANPP, de forma consciente, 
sem coação ou induzido a erro, sem ter sido ele forçado ao acordo, se foi 
informado de todas as suas consequências.
Além da voluntariedade do investigado, o juiz deve analisar 
a legalidade do acordo, ou seja, se o acordo seguiu a disciplina legal do 
art. 28-A, do CPP, sendo a decisão que homologa o ANPP ato judicial de 
natureza homologatória.
Revela-se que o campo de atuação judicial é restrito à análise 
sobre a voluntariedade e a legalidade do acordo ou, quando muito, em 
relação às condições impostas no acordo (art. 28-A, § 5º, do CPP).
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
145
Isso implica reconhecer que o juiz jamais pode estabelecer cláusulas 
no acordo ou apreciar a necessidade e a suficiência do acordo para a prevenção 
e reprovação do crime, posto ser matéria de atribuição do Ministério Público, 
como titular da ação penal e promotor de política criminal.
Sobre o assunto, lecionam Alves, Araújo e Arruda (2020, p. 116-117):
O magistrado não pode intervir na redação final da 
proposta de acordo de não persecução penal de modo 
a estabelecer as suas cláusulas.
[…]
O que não se permite é que o juiz, quando da análise 
sobre a homologação do acordo de não persecução 
penal, venha a apreciar a necessidade e a suficiência 
do ajuste para a prevenção e reprovação do crime, 
cingindo o seu controle, com fincas no art. 28-A, § 4º, 
do CPP, à legalidade […] e à voluntariedade do acordo.
Como lembrado por Cabral (2020, p. 159), quando o Ministério 
Público decide realizar o acordo, entendendo que este é necessário e 
suficiente para a reprovação e prevenção do crime, não pode ter sua 
manifestação substituída pelo Poder Judiciário.
A propósito, o Enunciado nº 24, do Grupo Nacional de 
Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM), do 
Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos 
dos Estados e da União (CNPG), sobre o assunto: 
A homologação do acordo de não persecução penal, 
a ser realizada pelo juiz competente, é ato judicial 
de natureza declaratória, cujo conteúdo analisará 
146
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
apenas a voluntariedade e a legalidade da medida, 
não cabendo ao magistrado proceder a um juízo 
quanto ao mérito/conteúdo do acordo, sob pena de 
afronta ao princípio da imparcialidade, atributo que 
lhe é indispensável no sistema acusatório.
Na mesma linha é o que reconhece o Enunciado nº 28 PGJ-
CGMP, do Ministério Público de São Paulo, a respeito da Lei nº 
13.964/19:
A homologação do acordo de não persecução penal 
a ser realizada pelo juiz das garantias restringe-se ao 
juízo de voluntariedade e legalidade da proposta, não 
abrangendo a análise da necessidade e suficiência 
para a prevenção e reprovação do crime.
Nem mesmo pode o juiz responsável pela análise do acordo fixar 
o local de cumprimento das condições, posto que a competência para tanto 
é do Juiz da Execução Penal (incisos III e IV, do art. 28-A, do CPP).
Ademais, só há designação de audiência se houver sido celebrado 
o acordo de não persecução penal, sendo vedado ao magistrado designar a 
audiência sem ter o acordo sido celebrado.
Nesse sentido, vale mencionar a decisão do Tribunal Regional 
da 4ª Região:
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. 
INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE DESIGNAÇÃO 
DE AUDIÊNCIA PARA PROPOSTA DE ACORDO 
DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
147
PREVISÃO LEGAL PARA SEU CABIMENTO. 
IMPOSSIBILIDADE DE SE CONHECER DO 
RECURSO COMO CORREIÇÃO PARCIAL. 
AUSÊNCIA DE ERRO PROCEDIMENTAL 
COMETIDO PELO JUÍZO DE ORIGEM. 
NEGATIVA DE SEGUIMENTO. 1. Contra decisão 
que indefere o pedido de designação de audiência 
para propositura de acordo de não persecução 
penal não cabe recurso criminal em sentido estrito, 
uma vez que o art. 581 do CPP não traz em seu rol 
taxativo a hipótese em comento. […] 4. A iniciativa 
para a proposta do acordo de não persecução penal 
é exclusiva do Ministério Público, cabendo ao Poder 
Judiciário homologá-lo, em audiência, fazendo o 
controle de legalidade, verificando a voluntariedade 
e a suficiência e adequação dos termos propostos 
pelo Parquet. Ainda, a celebração de eventual acordo 
não depende de provocação judicial. No caso em 
tela, não há falar em designação de audiência de 
homologação se o Parquet Federal e o denunciado 
sequer realizaram o negócio jurídico. 5. Negado 
seguimento ao presente recurso, por manifestamente 
incabível. (RESE nº 5002794-72.2020.4.04.7108/RS, 
Rel. Cláudia Cristina Cristofani, 7ª T., j.02/06/2020).
 
63) É necessária a presença do Ministério Público na audiência para a 
homologação do Acordo de Não Persecução Penal?
O § 4º, do art. 28-A, do CPP, não faz menção sobre a presença do 
Ministério Público na audiência de homologação.
148
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
A doutrina tem se dividido sobre a necessidade de participação 
do Ministério Público na citada audiência.
Lima (2020b, p. 285) entende que é justificada a ausência do 
Ministério Público sob o argumento de que tal audiência tem como objetivo 
precípuo verificar se houve algum tipo de constrangimento para fins de 
celebração do acordo.
Alves, Araújo e Arruda (2020, p. 116-117) resumem:
Muito embora seja necessária a participação do 
membro do Ministério Público em todo e qualquer ato 
processual, vem sendo sustentado no âmbito interno 
da instituição a não obrigatoriedade da presença 
do órgão ministerial na audiência de homologação 
do acordo de não persecução penal, considerando 
que nela não haverá qualquer tipo de negociação 
do ajuste, a qual já ocorreu anteriormente entre o 
Parquet e o investigado, constituindo este ato apenas 
a oportunidade criada por lei para que o magistrado 
analise a voluntariedade e a legalidade da proposta 
que lhe é encaminhada, por meio da oitiva do agente, 
acompanhado de defensor.
Nesta linha de raciocínio, há o Enunciado nº 26 PGJ-CGMP, 
do Ministério Público de São Paulo, a respeito da Lei nº 13.964/2019:
Não é obrigatória a participação do membro do 
Ministério Público na audiência de homologação do 
acordo de não persecução penal prevista no § 4º do 
art. 28-A do CPP.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
149
Contudo, entende-se de forma diversa.
Cabe, privativamente, ao Ministério Público a promoção da ação 
penal pública (art. 129, I, da ConstituiçãoFederal). Mas, o Ministério 
Público é, independentemente de qualquer coisa, fiscal da ordem jurídica 
(art. 179, do CPC) e fiscal da execução da lei (art. 257, II, do CPP), ou seja, 
tem a incumbência de defesa da ordem jurídica (art. 127, da Constituição 
Federal). É, portanto, uma parte diferenciada (CUNHA; PINTO, 2020, p. 
810) no processo, qualquer que seja a natureza do processo. Por tudo isso, 
entende-se que deve o Ministério Público participar de todo e qualquer ato 
processual.
Vale citar a lição de Pacelli e Fischer (2020, p. 654):
O Ministério Público, por força de opção 
constitucional, não pode ser reduzido à condição de 
parte, sob a perspectiva da parcialidade da atuação 
no processo, em favor de determinada tese. No 
particular, o parquet é absolutamente livre, seja 
quanto à formação de seu convencimento, seja quanto 
ao conteúdo de suas manifestações no processo. Pode 
ele, ao final do processo, requerer a absolvição do 
acusado; pode também recorrer em favor do réu; 
pode impetrar habeas corpus no interesse da defesa; 
pode, enfim, atuar contra os interesses da acusação. 
É quanto basta para afirmar ser o Ministério Público 
verdadeiro e permanente custos legis em todo o 
processo penal, do início ao fim.
Entendendo ser necessária a participação do Ministério Público 
na mencionada audiência, leciona Cabral (2020, p. 153): 
150
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Surge então a questão: e o Membro do Ministério 
Público deve estar presente?
A resposta, desde a minha perspectiva, é claramente 
que sim. Isso porque, o Ministério Público, no 
processo penal, figura como titular da ação penal 
pública e também como fiscal da lei. Desse modo, 
todos os atos vinculados à persecução penal e ao 
Processo Penal devem contar com a presença do 
Promotor de Justiça.
Ademais, a participação do Ministério Público na audiência 
de homologação do ANPP é importante inclusive para que a atividade 
jurisdicional seja fiscalizada.
É certo, contudo, que normas e orientações internas de cada 
Ministério Público ou mesmo norma geral do Conselho Nacional do 
Ministério Público pode estabelecer a obrigatoriedade ou não da presença 
do Ministério Público na audiência de homologação do ANPP.
64) É possível a celebração de Acordo de Não Persecução Penal na 
audiência de custódia?
O art. 18, § 7º, da Resolução nº 181/2017, do CNMP, previa que 
“o acordo de não persecução poderá ser celebrado na mesma oportunidade 
da audiência de custódia”.
Essa previsão não foi repetida pela Lei nº 13.964/2019 (“Pacote 
Anticrime”). Esta mesma lei inseriu no Código de Processo Penal a 
audiência de custódia (art. 310), e nada dispôs sobre a possibilidade de 
ANPP na audiência de custódia no art. 28-A, do CPP.
No ato judicial denominado audiência de custódia (art. 310, do 
CPP) entendemos incabível a realização do acordo de não persecução penal.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
151
Inserida no art. 310, do CPP, com a Lei nº 13.964/2019, a 
audiência de custódia está presente no ordenamento jurídico nacional 
desde 2015, sendo disciplinada pela Resolução nº 213/2015 do Conselho 
Nacional de Justiça, ainda em vigor nas partes compatíveis com a atual 
redação do Código de Processo Penal.
Dessa forma, na citada Resolução, consta expressamente que na 
audiência de custódia não serão formuladas perguntas sobre o mérito dos 
fatos objeto do auto de prisão em flagrante (art. 8º, VIII, e § 1º).
Basta essa proibição para inviabilizar o ANPP, posto que é 
pressuposto deste a confissão formal e circunstanciada do fato delituoso, 
sendo esta, portanto, incompatível com o ato formal da audiência de 
custódia.
Para se aproveitar a presença do investigado e de seu defensor 
no ato da audiência de custódia, considerando os princípios da celeridade, 
economia processual e eficiência, a doutrina deu como solução a realização 
do acordo de não persecução penal em ato separado da audiência de 
custódia, realizado logo após o término desta.
Então, a solução seria a seguinte: realizada a audiência de 
custódia, encerrada a ata da citada audiência, uma nova ata seria aberta, 
com uma nova audiência iniciada, onde já seriam discutidos os termos para 
a celebração do acordo de não persecução penal.
A discussão sobre a celebração do ANPP ocorreria, portanto, no 
fórum (e não na sede do Ministério Público como usual). Contudo, tão 
logo fosse aberta a nova ata, o juiz deixaria momentaneamente o local 
para que o Ministério Público, o investigado e seu defensor ajustassem 
os termos do ANPP, retornando o magistrado em seguida para a fase da 
análise do acordo (art. 28-A, § 4º, do CPP). Ou seja, nesta audiência – 
realizada na sequência do término da audiência de custódia – o acordo de 
não persecução seria discutido, celebrado e já submetido à homologação 
judicial, tudo em um mesmo ato.
152
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Nesse sentido, concorda Lima (2020b, p. 276):
A nosso juízo, é possível sua celebração inclusive 
na mesma oportunidade da audiência de custódia. 
Explica-se: como é sabido, por ocasião da realização 
da audiência de custódia, não se admite que o preso 
seja indagado acerca do mérito da imputação. 
Considerando-se que a celebração do acordo de 
não-persecução penal pressupõe a confissão formal 
e circunstanciada da prática delituosa, é de todo 
evidente que esta confissão jamais poderia se dar 
no mesmo ato jurídico da audiência de custódia, 
sob pena de se transformá-la em verdadeiro 
interrogatório judicial antecipado. Destarte, o ideal é 
concluir que o Ministério Público poderá aproveitar 
o deslocamento do preso à audiência de custódia e, 
em ato dela separado, porém na mesma oportunidade, 
eventualmente propor e celebrar o acordo, o que viria 
ao encontro dos princípios da economia processual, 
celeridade e razoável duração do processo.
 
Igualmente, concorda Cabral (2020, p. 200) com essa ideia de ato 
sequencial à audiência de custódia:
Isso porque, o que se pretende com o referido 
dispositivo é tão somente possibilitar que o Membro 
do Ministério Público possa aproveitar a presença 
física do investigado e – em ato separado da 
audiência de custódia, mas na mesma oportunidade 
– eventualmente propor e celebrar o acordo, 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
153
economizando-se, assim, recursos públicos, além 
de dinamizar e agilizar, ainda mais, o procedimento 
consensual, evitando-se a realização de novos atos de 
comunicação. 
Em suma, depois de realizada a audiência de custódia, 
com o encerramento da ata e assinatura, o Ministério 
Público, se for o caso, apresentaria proposta para a 
realização do acordo de não persecução penal, que, 
caso acolhida, seria realizado logo na sequência.
De tal maneira, não deverá o acordo ser proposto no 
mesmo ato jurídico da audiência de custódia (mesmo 
porque, nesse ato específico, não se pode realizar 
perguntas sobre o mérito do caso penal, v.g., art. 8º, 
VIII e § 1º da Res. 213/15-CNJ), mas sim, como dito, 
logo depois desse ato.
Veja-se que, inclusive, uma vez celebrado o acordo, 
já na mesma oportunidade poderia ele ser submetido 
ao Juiz, que já poderia, também realizar a audiência 
prevista no § 4º, do art. 28-A, CPP, e verificado o 
preenchimento dos requisitos objetivos, subjetivos e 
os pressupostos de existência e validade, já poderia o 
juiz homologar o acordo. Tudo isso de forma célere 
e concentrada.
Sem embargo, há algumas ponderações relevantes a serem feitas 
sobre a questão de celebração do ANPP na sequência da audiência de 
custódia.
Primeiro. O momento oportuno para que o membro do Ministério 
Público avalie o cabimento ou não do acordo de não persecução penal é 
com a conclusão das investigações.
154
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Somente ao final das investigações, o membro do Ministério 
Público terá condições de analisar satisfatoriamente os autos e verificar se: a) 
o caso é de arquivamento; b) se o caso é de novas diligências investigatórias; 
c) se o caso éde sua atribuição realmente; d) se o caso é de ajuizamento da 
ação penal, posto que presente a justa causa necessária para tanto. E, somente 
nesta última hipótese (ajuizamento da ação penal), é que passará a analisar se 
o caso permite o oferecimento do acordo de não persecução penal.
Como regra, de acordo com a redação do art. 28-A, do CPP, o 
momento oportuno para que o membro do Ministério Público ofereça o 
acordo de não persecução penal, presentes seus pressupostos e requisitos, 
é o final da fase pré-processual, ou seja, o momento anterior ao que seria o 
do oferecimento da denúncia.
Provavelmente, na maioria dos casos, o auto de prisão em 
flagrante não conterá todos os elementos necessários para que o Ministério 
Público possa verificar a viabilidade da ação penal. Recorde-se: a análise 
do Ministério Público, ao receber os autos da investigação, tem que ser, 
primeiro, se há viabilidade da ação penal (indícios de autoria, prova da 
materialidade, pressupostos legais, justa causa etc.), para somente na 
sequência avaliar o cabimento do ANPP.
Ainda que, hipoteticamente, presentes os requisitos para a 
ação penal, como o auto de prisão em flagrante é apenas o início de uma 
investigação, provavelmente não teria em seu corpo elementos relevantes 
para a fixação das condições do ANPP, como por exemplo, a quantificação 
dos danos causados à vítima, a pormenorizada descrição dos bens e 
proveitos obtidos com a prática delituosa etc.
Em resumo, é um tanto quanto temerária a celebração do ANPP 
ainda na fase inicial da investigação (apenas com o auto de prisão em 
flagrante). Mas, obviamente, não se descarta a possibilidade (um exemplo 
da prática são os APFs de porte de arma de fogo, em tese, todos os elementos 
para a ação penal já poderão estar presentes no APF e o Ministério Público, 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
155
com seus sistemas de acesso, pode verificar a existência de antecedentes 
etc. para oferecer o ANPP).
Segundo. De acordo com o art. 3º-B, do CPP, é o Juiz das Garantias 
o competente para a audiência de custódia (inciso II), receber a denúncia 
(inciso XIV) e homologar o acordo de não persecução (inciso XVII). Com 
o Juiz das Garantias, em tese, não haveria problema de competência e 
ofensa do juiz natural, já que é o mesmo Juiz competente para a audiência 
de custódia, recebimento da denúncia e homologação do acordo.
Mas o mesmo não se pode afirmar em relação ao Ministério Público. 
Não necessariamente o membro do Ministério Público presente na audiência 
de custódia é o que detém atribuição para o oferecimento da ação penal.
Problema, em relação ao Juiz, temos nos casos de plantão (e 
novamente em relação ao Ministério Público). Nos casos de plantão, nem 
sempre o juiz plantonista é o juiz responsável pelo recebimento da ação 
penal relativa ao fato objeto do auto de prisão em flagrante (igualmente o 
Ministério Público).
Dessa forma, somente seria viável a realização de discussão, 
celebração e homologação de ANPP na sequência da audiência de custódia 
se o Ministério Público e o Juiz fossem os membros com atribuição e 
competência natural para análise do caso.
Sobre essa relevante questão, chamam atenção Barros e 
Romaniuc (2018, p. 66):
Para que haja acordo de não-persecução penal, é 
necessário que o magistrado que preside a audiência, 
bem como o membro ministerial atuante naquela 
ocasião, sejam, respectivamente, o juiz e o promotor 
natural do caso.
Muitas vezes, por ausência de quantitativo de 
membros em determinado Estado da Federação, as 
156
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
audiências de custódia são celebradas por juízes e 
promotores plantonistas. Dessa forma, seria temerário 
que tais membros tomassem medidas definitivas 
acerca do destino do caso concreto, sobretudo quando 
não possuem atribuição para julgar nem para formar a 
opinio delicti sobre a materialidade e autoria do caso.
Sendo assim, mais prudente, em tais casos, que os 
membros plantonistas não invistam na análise dessa 
matéria, restringindo-se tão somente à apreciação 
do flagrante, sobretudo diante da celeridade do 
procedimento.
[…]
Ademais, visualizando a possibilidade do acordo, 
nada impede que o Promotor de Justiça, no uso de 
sua independência funcional, pugne pela liberdade 
provisória do acusado para posterior estudo de 
viabilidade e celebração do acordo.
Ressalte-se, todavia, que na Resolução nº 329/2020 do Conselho 
Nacional de Justiça, alterada pela Resolução nº 357, de 26/11/2020, do CNJ, 
em seu art.19 (que trata sobre audiência de custódia) §3º, constou que:
§ 3º A participação do Ministério Público deverá 
ser assegurada, com intimação prévia e obrigatória, 
podendo propor, inclusive, o acordo de não persecução 
penal nas hipóteses previstas no artigo 28-A do Código 
de Processo Penal.
Tal dispositivo indica a possibilidade do acordo de não persecução 
penal ser realizado na própria audiência de custódia. No entanto, tal 
previsão não altera o posicionamento acima expressado.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
157
65) Na audiência para a homologação do Acordo de Não Persecução 
Penal quais decisões o juiz pode tomar?
Como visto, o art. 28-A, § 4º, do CPP, impõe a realização de 
uma audiência para que o juiz homologue o acordo de não persecução 
penal.
Claro que o juiz não está obrigado a homologar o ANPP, ainda 
que tenha um campo restrito para as hipóteses de recusa.
Então, na audiência do § 4º, acima mencionado, o juiz pode: 1) 
homologar o acordo; 2) considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas 
as condições dispostas no acordo; 3) recusar a homologação do acordo de 
não persecução.
66) Na audiência para a homologação do Acordo de Não Persecução 
Penal o que deve fazer o juiz se considerar inadequadas, insuficientes 
ou abusivas as condições dispostas no acordo?
Na audiência prevista no art. 28-A, § 4º, do CPP, caso o juiz 
considere inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas 
no acordo de não persecução penal, não deverá ele recusar o acordo, mas 
sim devolver os autos ao Ministério Público para que seja reformulada 
a proposta, com concordância do investigado e do seu defensor. É o que 
dispõe do art. 28-A, § 5º, do CPP.
Em resumo, se o juiz entender que as condições fixadas no 
acordo são inadequadas, insuficientes ou abusivas, não pode impor 
outras condições ou retirar as condições (ato exclusivo do Ministério 
Público em ajuste com o investigado e defensor), nem recusar o acordo 
neste momento, mas sim, sem homologar o acordo, devolver os autos 
ao Ministério Público para reformular as condições fixadas.
158
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Nesta senda, o Enunciado nº 27 PGJ-CGMP, do Ministério 
Público de São Paulo, a respeito da Lei nº 13.964/19:
Caso o juiz não homologue o acordo de não 
persecução penal, nos termos do § 5º do art. 
28-A do CPP, e devolva os autos ao Ministério 
Público, caberá ao órgão ministerial reiniciar as 
negociações com o investigado, oferecer denúncia 
ou providenciar outras diligências. A concordância 
do investigado e seu defensor com o juiz na 
reformulação da proposta de acordo significa sua 
retratação da adesão.
Há uma observação necessária e importante a ser feita: o juiz 
somente devolverá os autos ao Ministério Público para reformular 
as condições do ANPP se houver concordância do investigado e seu 
defensor.
Como leciona Souza (2020, p. 132):
Segundo dispõe o § 5º do art. 28-A, no caso 
de serem fixadas cláusulas desproporcionais, 
com a concordância do investigado e seu 
defensor, poderá o juiz devolver os autos para 
o Ministério Público para que a proposta de 
acordo seja reformulada. Trata-se de providência 
absolutamente excepcional vez que a decisão 
homologatória deve ser autocontida, apta a 
permitir que as condições sejam fixadas a partir 
da livre escolha das partes e moldadas levando-
se em conta as particularidades do caso, o que 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
159produz uma solução conveniente e oportuna ao 
caso concreto, semelhante ao que prevê o art. 
723, parágrafo único, do CPC. De todo modo, o 
dispositivo exige que a devolução deve ocorrer 
mediante a concordância do investigado e seu 
defensor, o que prestigia a autorreferência 
acordada antes entre as partes.
Caso contrário, se o Ministério Público e o investigado se 
recusarem a alterar as cláusulas do acordo, o único caminho ao juiz é 
recusar o ANPP direto (§ 7º, do art. 28-A, do CPP) e as partes (Ministério 
Público e o investigado) podem impugnar a recusa através de recurso 
em sentido estrito (art. 581, XXV, do CPP).
Como disciplina o § 5º, o juiz pode entender que as condições 
fixadas no acordo são inadequadas, insuficientes ou abusivas.
Insuficiente, nas palavras de Cabral (2020, p. 162), seria:
Por exemplo, se um acordo estabelecer que a prestação 
de serviço à comunidade será em valor inferior à pena 
mínima, diminuída em 2/3 (dois terços) (CPP, art. 28-
A, III), haverá claramente uma violação da lei, por 
insuficiência na cláusula acordada.
Como hipótese de uma condição abusiva, exemplifica Cabral 
(2020, p. 162) como aquele em que o quantum de prestação de serviço 
à comunidade seja identificado por meio de percentual sobre a pena 
máxima e não mínima, em violação ao que determina a lei.
No que diz respeito ao que seria inadequação da condição 
imposta, esclarece Cabral (2020, p. 164):
160
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Assim, parecer que o juízo de adequação, a que 
se refere o aludido dispositivo, deve limitar-se à 
verificação se o acordo transbordou ou não, em 
extensão, os limites estabelecidos em lei para o ANPP.
Por exemplo, se existe uma cláusula que determina 
a reparação do dano, quanto claramente não houve 
dano material ou moral. Ou quando se estabelece 
a necessidade de devolução da coisa à pessoa que 
não foi a vítima do delito. Ou quando se estabelece 
a devolução de bens que não foram instrumento, 
produto ou proveito do crime e que sejam de 
titularidade de terceiros.
67) Caso o juiz, com a concordância do investigado e de seu defensor, 
devolva os autos ao Ministério Público por ter considerado inadequadas, 
insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo, o que o 
Ministério Público pode fazer?
Como visto, na audiência prevista no art. 28-A, § 4º, do CPP, 
caso o juiz considere inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições 
dispostas no acordo de não persecução penal, não deverá ele recusar o 
acordo, mas sim devolver os autos ao Ministério Público para que seja 
reformulada a proposta, com concordância do investigado e do seu 
defensor. É o que dispõe do art. 28-A, § 5º, do CPP.
O que pode o Ministério Público fazer nesta hipótese então?
Vislumbramos apenas duas possibilidades ao Ministério Público:
a) reabrir as negociações com o investigado e seu defensor, 
visando alterar as cláusulas do acordo. Ou,
b) oferecer a denúncia, já que, se os autos foram devolvidos 
pelo juiz, foi com a concordância do investigado e de seu defensor, o 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
161
que implica dizer que eles se retrataram do acordo feito no Ministério 
Público.
Essa ideia é consentânea com o Enunciado nº 27 PGJ-CGMP, 
do Ministério Público de São Paulo, a respeito da Lei nº 13.964/19:
Caso o juiz não homologue o acordo de não 
persecução penal, nos termos do § 5º do art. 
28-A do CPP, e devolva os autos ao Ministério 
Público, caberá ao órgão ministerial reiniciar as 
negociações com o investigado, oferecer denúncia 
ou providenciar outras diligências. A concordância 
do investigado e seu defensor com o juiz na 
reformulação da proposta de acordo significa sua 
retratação da adesão.
Contudo, não se vislumbra a possibilidade do Ministério 
Público, ao receber os autos do juiz, complementar investigação (realizar 
diligências) (art. 28-A, § 8º, do CPP), posto que para o oferecimento do 
ANPP, como já exposto neste trabalho, as condições para o ajuizamento 
da ação penal devem já estar presentes. Logo, a única solução seria o 
oferecimento da denúncia, caso não haja negociação para a alteração das 
cláusulas do acordo.
68) Em quais hipóteses o juiz pode recusar homologar o ANPP? 
Recusando o acordo, quais as providências deve tomar?
O § 7º, do art. 28-A, do CPP, explicita quais hipóteses o juiz pode 
recusar a homologação do acordo: a) se o acordo não atender aos requisitos 
legais; b) quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º, do 
art. 28-A, do CPP.
162
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
A primeira hipótese de recusa é de fácil entendimento. Se o acordo 
não atender aos requisitos legais, será indeferido o pedido de homologação. 
Exemplo: um acordo que trata sobre um crime cometido no âmbito de violência 
doméstica, posto que encontra vedação no § 2º, inciso IV, do art. 28-A, do CPP.
A segunda hipótese é justamente do Ministério Público e do 
investigado não concordarem com o magistrado sobre a necessidade de 
alteração das cláusulas do acordo (§ 5º, do art. 28-A). Se se recusarem 
a alterar as cláusulas do acordo, o magistrado indeferirá o pedido de 
homologação, conforme expresso no § 7º, do art. 28-A, do CPP.
Recusada a homologação do acordo, o juiz devolverá os autos 
ao Ministério Público para a análise da necessidade de complementação 
das investigações ou o oferecimento da denúncia (art. 28-A, § 8º, do CPP).
Como já explicitado, não se vislumbra a possibilidade do 
Ministério Público, ao receber os autos do juiz, complementar investigação 
(realizar diligências) (art. 28-A, § 8º, do CPP), posto que para o oferecimento 
do ANPP, como já exposto neste trabalho, as condições para o ajuizamento 
da ação penal devem já estar presentes. Logo, a única solução seria o 
oferecimento da denúncia, caso não haja negociação para a alteração das 
cláusulas do acordo.
Mas caso o Ministério Público entenda equivocada a decisão 
judicial que recusou a homologação do acordo, deve interpor recurso em 
sentido estrito, conforme art. 581, XXV, do CPP, sendo o investigado 
também legitimado para o citado recurso.
69) Foi acertada a decisão do legislador de prever o cabimento de 
recurso em sentido estrito quando o juiz recusa homologar o ANPP 
contra a vontade do MP e do investigado?
Como visto, caso o juiz recuse o acordo, cabe recurso em sentido 
estrito. Ao fim e ao cabo, o Poder Judiciário decidiria o cabimento ou não 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
163
do ANPP, mesmo que o Ministério Público e o investigado concordem com 
o ajuste.
Pois bem. A CONAMP ajuizou, perante o Supremo Tribunal 
Federal, a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 6.305, impugnando 
diversos dispositivos inseridos no CPP pela Lei nº 13.964/2019, dentre eles 
os parágrafos 5º, 7º e 8º, do art. 28-A, do CPP. O Ministro Luiz Fux, relator, 
entretanto, não concedeu liminar quanto a essa impugnação específica.
Cunha, R. (2020, p. 137) bem esclarece a questão, mostrando o 
equívoco de deixar a solução para o Poder Judiciário. Veja-se:
Ao analisar o ANPP, o juiz pode:
[…]
c) se entender que não é o caso de acordo, devolverá 
os autos ao Ministério Público para análise da 
necessidade de complementação das investigações 
ou o oferecimento da denúncia (§8º). Mas e se 
o Ministério Público discordar do juiz e insistir 
no ANPP já assinado? Surge um conflito entre o 
promotor de Justiça e o juiz. E quem resolve o 
impasse? De acordo com a Res.181/17 do CNMP, não 
sem razão, tratando-se de divergência envolvendo o 
juiz e o titular da ação penal, este único responsável 
pela implementação da política criminal adotada 
pela instituição ministerial, a solução deve ser dada 
pelo órgão superior do Ministério Público (PGJ, nos 
estados, Câmara de Revisão, no âmbito da União). 
A Lei 13.964/19, contudo, preferiu ‘escalar’ para 
a solução do conflito o próprio Judiciário. O juiz 
deve recusar a homologação (§ 7º), desafiando, essa 
decisão, recurso em sentido estrito (art. 581, XXV, 
164
SandroCarvalho lobato de Carvalho
CPP). Essa arquitetura, entretanto, é equivocada e 
inconstitucional, violando não somente o sistema 
acusatório (prestigiado pela mesma Lei 13.964/19, 
art. 3º-A), mas a independência do Ministério Público 
brasileiro (arts. 127, caput, 127, § 1º, e 129, I, todos 
da CF). […]
Diante desse quadro (e preocupação), sugerimos, por 
analogia, aplicar o art. 28 do CPP, usado, aliás, pelo 
próprio art. 28-A para solucionar conflito inverso: 
juiz discorda da recusa do MP em propor o ANPP 
(§ 14). Em caso semelhante, aliás, envolvendo a 
suspensão condicional do processo, o STF assim 
decidiu, editando a Súmula 696.
De toda forma, não tendo ainda decisão de mérito na ADI 6305, 
em que pese parecer evidente o equívoco legislativo, o recurso em sentido 
estrito deve ser usado no caso de recusa do juiz em homologar o ANPP.
70) Não homologado o ANPP, como fica a confissão realizada? E os 
instrumentos e/ou produtos e proveitos do crime que foram objeto de 
ajuste?
Na hipótese do juiz não homologar o ANPP e de improvimento 
do recurso em sentido estrito, a solução é, como visto, o oferecimento da 
denúncia por parte do Ministério Público.
E como proceder com a confissão formalizada no ANPP? Como 
o acordo não foi homologado pelo juiz, ou seja, não houve nenhum ato do 
investigado que impedisse o ANPP, entende-se que o Ministério Público 
oferece a denúncia, mas não pode usar a confissão realizada no ANPP no 
processo criminal.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
165
O ideal é que na hipótese de não homologação do ANPP, seja 
inclusive desentranhada a confissão do investigado dos autos antes que 
a denúncia seja encaminhada ao Poder Judiciário, por força do princípio 
da boa-fé e da lealdade processual, posto que somente não houve acordo 
devido à não homologação judicial e não por ato do investigado, não 
podendo, portanto, sua confissão ao Ministério Público ser usada em seu 
prejuízo.
Quanto aos instrumentos, produtos e proveitos do crime ajustados 
nas cláusulas do acordo não homologado, bem esclarece Cabral (2020, p. 
166-167):
Com relação aos instrumentos do crime, há três 
possibilidades:
i) se constituírem coisas cujo fabrico, alienação, uso, 
porte ou detenção constitua fato ilícito (CP, art. 91, 
II, ‘a’), obviamente, não poderão ser restituídos ao 
investigado (CPP, art.119), sendo prudente que – 
caso a sua apresentação aos autos tenha se dado pela 
entrega deles pelo investigado e não em virtude de 
apreensão dos órgãos estatais – que o Ministério 
Público requeira ao Juiz a sua apreensão (CPP, art. 
240, ‘d’);
ii) se os instrumentos forem bens lícitos e sua 
apreensão, ainda for importante para a instrução 
processual, deverá o Ministério Público, também, 
requerer a sua apreensão (CPP, art. 240, ‘d’), caso 
a posse pelo Estado desses bens tenha se dado pela 
entrega do investigado e não pela apreensão as 
agências de repressão ao crime;
iii) já se os instrumentos forem bens lícitos e sua 
166
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
apreensão for irrelevante para o processo, deverá 
proceder-se à restituição do bem ao investigado ou a 
terceiro (CPP, art. 108).
Já com relação aos bens que são produtos ou 
proveito do crime, caso esses tenham sido entregues 
voluntariamente pelo investigado, por ocasião do 
acordo de não persecução penal, deverá o Ministério 
Público, também, requerer, se for o caso, a aplicação 
de medidas assecuratórias (CPP, art. 125 e seguintes). 
Caso esse pedido seja indeferido pelo juiz, deverão os 
bens ser devolvidos ao investigado.
71) Quais os efeitos da homologação judicial do ANPP?
Se na audiência do art. 28-A, § 4º, do CPP, o juiz homologar o 
acordo, o juiz, pela lei, devolverá os autos para o Ministério Público para 
que inicie a execução do acordo perante o Juízo da Execução (§ 6º, do art. 
28-A, do CPP) e intimará a vítima da homologação do acordo (§ 9º, do art. 
28-A, do CPP).
Com a homologação do ANPP, fica o prazo prescricional suspenso 
(art. 116, IV, do Código Penal). Cremos que seja importante que o juiz 
despache no sentido de suspender o prazo prescricional, tal como ocorre 
na hipótese do art. 366, do CPP. A providência, ainda que formalmente 
não necessária, já que a suspensão do prazo, entendemos, seja automática 
e decorrente da decisão de homologação do acordo, é válida para deixar 
clara e consignada nos autos a data a partir da qual o prazo foi suspenso.
Um ponto a ser observado pelo Ministério Público é a disposição 
do art. 28-A, § 6º, do CPP. Segundo esse dispositivo, uma vez homologado 
o acordo, o juiz devolveria os autos ao Ministério Público para que se 
inicie a execução perante o Juízo da Execução Penal.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
167
Em atenção aos princípios da economia, celeridade e eficiência, 
temos que é recomendável que o Ministério Público, já no corpo da petição 
do requerimento de homologação do ANPP direcionado ao juiz, solicite 
que, uma vez homologado o ANPP, seja o termo de acordo encaminhado 
pelo juízo homologador ao Juízo da Execução Penal para cadastramento 
no Sistema Eletrônico de Execução Unificado (SEEU) para o início da 
execução do acordo.
Ou seja, o juiz da homologação não devolveria os autos ao 
Ministério Público (§ 6º, do art. 28-A, do CPP), mas sim já remeteria o 
termo do ANPP para o Juízo da Execução Penal.
Essa providência é importante, já que economiza tempo, 
primando-se pela celeridade para o início do cumprimento do acordo.
Essa providência é aceita por Cabral (2020, p. 175):
Desse modo, a nosso sentir, a melhor interpretação 
do § 6º, do art. 28-A, CPP, é no seguinte sentido: (i) 
homologado o acordo de não persecução, o Ministério 
Público pedirá, ao juiz que o homologou, a remessa 
dos autos à Vara de Execuções para que seja dado 
início à fase de cumprimento do acordo; (ii) o juiz 
que homologou o acordo, por simples despacho de 
impulso oficial, remeterá a integralidade do feito à 
VEP, com as devidas baixas na origem.
Advirta-se apenas quanto à doutrina acima, não se concordar 
com a parte final em que afirma que será remetida a integralidade do feito, 
com a baixa na origem. Abaixo, explicaremos que o entendimento mais 
adequado é a de permanência dos autos originais na Secretaria da Vara de 
origem (futuramente o Juiz das Garantias) e a remessa apenas do termo de 
ANPP e da decisão para a Vara de Execução Penal.
168
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Quanto à intimação da vítima da decisão de homologação do 
acordo (§ 9º, do art. 28-A, do CPP) é matéria de competência do Juízo que 
homologou o ANPP, ou seja, deve o Poder Judiciário realizar a intimação 
da vítima avisando que o ANPP firmado entre Ministério Público e 
investigado foi homologado. Em respeito à vítima do crime, temos que 
para uma informação mais completa, a intimação da vítima deve ser 
acompanhada da cópia da decisão homologatória e do termo de acordo de 
não persecução penal.
72) Qual órgão é o responsável pela fiscalização do ANPP?
O § 6º do art. 28-A, do CPP, indica que a execução se dará perante 
o Juízo da Execução. Além disso, os incisos III e IV do caput do art. 28-A, 
do CPP, deixam evidente que é o Juízo da Execução que indicará os locais 
para o cumprimento da prestação de serviço e/ou para receber a prestação 
pecuniária.
Apesar do ANPP não impor penas, o legislador optou por deixar 
a cargo do Juízo da Execução a competência para fiscalizar o ANPP e isso 
deve ter ocorrido possivelmente pelo fato do legislador entender que o 
Juízo da Execução já estaria acostumado e preparado para a fiscalização das 
penas restritivas de direitos e, como algumas das condições do ANPP são 
semelhantes àquelas penas restritivas, seria melhor aproveitar a “estrutura” 
do Juízo da Execução Penal para a fiscalização.
No que diz respeito ao Ministério Público, o órgão que tem 
atribuição para fiscalizar e acompanhar a execução do ANPP é aquele que 
atua perante a Execução Penal, posto ser ele um órgão da execução penal(art. 61, III, da Lei de Execução Penal).
Reitera-se que é recomendável que o Ministério Público, 
já na petição que requer a homologação do ANPP, solicite ao juiz que, 
homologado o acordo, remeta de imediato o termo de acordo para o Juízo 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
169
da Execução Penal, sem a necessidade da fase prevista no § 6º do art. 28-
A, do CPP.
73) Quais documentos devem ser remetidos ao Juízo da Execução 
Penal para execução/fiscalização do ANPP?
O art. 28-A, do CPP, não deixa claro quais documentos devem ser 
encaminhados para o Juízo da Execução Penal para o início da execução 
do acordo.
O art. 106 da Lei de Execução Penal dispõe dos documentos que 
são imprescindíveis para a execução penal e que devem acompanhar a guia 
de execução.
Analisando o disposto no artigo da Lei de Execução citado, 
nota-se que não é remetido ao Juízo da Execução todo o processo de 
conhecimento, mas sim, alguns documentos e informações importantes 
para a adequada execução da pena.
Veja-se. Para a execução da pena privativa de liberdade, não 
há necessidade, por lei, de se remeter todo o processo de conhecimento. 
Bastam algumas peças.
Dito isso, acreditamos que apenas as cópias do termo de acordo 
de não persecução penal, a ata de audiência de homologação e a decisão 
homologatória do ANPP é que precisam ser encaminhadas ao Juízo da 
Execução para o início da execução do acordo.
Por analogia, também podemos utilizar o que ocorre na execução 
das penas restritivas de direito, segundo a Lei de Execução Penal (art. 
147), ou seja, o Juízo do Processo expedirá uma “guia de execução” com 
algumas peças que, no caso do ANPP, seriam as acima nominadas.
Tratando da execução de pena restritiva de direitos, mas 
plenamente adaptável ao ANPP, leciona Silva (2020, p. 376):
170
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Para dar início à execução da pena privativa de 
liberdade e da medida de segurança é expedida guia 
de recolhimento ou internação, respectivamente. Não 
há previsão na lei de expedição de documento com 
essa finalidade para a execução da pena restritiva 
de direitos. Contudo, ele não pode deixar de existir 
e pode ser instruído com as peças processuais e 
documentos necessários para a aludida execução, que 
nada impede serem similares aos que instruem a guia 
de recolhimento (art. 106 da LEP).
Não há nada que justifique a remessa de todo o procedimento 
investigatório para o Juízo da Execução Penal. O Juízo da Execução 
Penal não precisa desses autos completos. Ele apenas é um Juízo de 
acompanhamento e fiscalização das condições ajustadas no acordo. 
Basta a ele o acesso ao termo do ANPP e à decisão homologatória do 
acordo.
Não há um deslocamento de competência funcional 
para o Juízo da Execução. Tão somente a expedição de uma “guia de 
execução” para que o Juízo da Execução fiscalize a execução do acordo. A 
competência continua a ser do juízo que homologou o ANPP para extinguir 
a punibilidade pelo cumprimento do acordo e também para a rescisão do 
acordo em caso de descumprimento, assim como para receber a denúncia 
ofertada após a rescisão do acordo.
A remessa dos autos da investigação completa e original para o 
Juízo da Execução causa várias dificuldades práticas.
Uma delas é que os autos originais da investigação deixariam o 
Juízo de Conhecimento para irem ao Juízo de Execução, arquivando-se 
no sistema do Juízo homologador. Mas se o acordo fosse descumprido, 
novamente os autos retornariam ao Juízo homologador que teria que 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
171
“desarquivar” ou “proceder com nova numeração” (?) daqueles autos 
remetidos pelo Juízo da Execução.
Outra dificuldade seria no caso de concurso de pessoas, onde 
uma preenche os requisitos do ANPP e outra não. Nesta hipótese, fica 
clara a impossibilidade da remessa dos autos originais ao Juízo da 
Execução.
Outrossim, a remessa de toda a investigação ao Juízo da Execução 
ainda atrapalharia a análise dos autos naquele juízo, recordando-se que 
os Juízos de Execução Penal estão em sua grande maioria virtualizados 
(SEEU), dando um trabalho desnecessário aos operadores da Execução 
Penal, quando bastaria a análise do termo de ANPP e da decisão 
homologatória.
Ao nosso sentir, o ideal é que apenas as cópias do termo de acordo 
de não persecução penal, a ata de audiência de homologação e a decisão 
homologatória do ANPP sejam encaminhadas ao Juízo da Execução Penal.
Inclusive o Sistema Eletrônico de Execução Unificado (SEEU) 
já está adaptado a receber o ANPP, tendo um campo específico para o 
cadastro do acordo.
Outra ideia é colocada por Messias (2020, p. 75), que também 
entende desnecessária a remessa dos autos originais para o Juízo 
da Execução, e propõe a formação de autos apensos apenas com os 
expedientes relacionados ao ANPP que seriam enviados ao Juízo da 
Execução. Veja: 
Após a audiência extrajudicial de acordo de não 
persecução penal, o membro do Ministério Público 
requererá ao juízo (1) a formação de autos apensos, 
contendo os expedientes negociais recém-praticados, 
e a (2) homologação da avença.
A formação de autos apensos também será útil 
172
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
durante a fiscalização (“execução”) do acordo, 
evitando que o juízo das medidas alternativas 
(“execução penal”) receba, desnecessariamente, o 
inquérito policial ou o procedimento investigatório 
criminal.
74) E os autos da investigação criminal, como ficam em caso de 
homologação do ANPP?
Como dito há pouco, somos do entendimento que apenas as 
cópias do termo de acordo de não persecução penal, a ata de audiência de 
homologação e a decisão homologatória do ANPP sejam encaminhadas 
ao Juízo da Execução Penal.
Então surge a dúvida: e os autos da investigação?
Temos que a melhor interpretação é a que os autos da 
investigação criminal permaneçam na secretaria judicial da vara do 
Juízo que homologou o acordo, aguardando o cumprimento do ANPP 
ou a rescisão dele.
Com a homologação do ANPP, não apenas o prazo prescricional 
está suspenso (art. 116, IV, do CPP), mas também a própria persecução 
penal que aguarda o cumprimento do acordo firmado entre o Ministério 
Público e o investigado. Devendo, portanto, os autos permanecerem na 
secretaria (cartório) da vara do Juízo homologador.
Então, os autos da investigação devem permanecer na 
secretaria de vara e, em caso de cumprimento do ANPP, proferida a 
sentença de extinção de punibilidade, deve ela ser juntada nos autos 
que, na sequência, será arquivado. Descumprido o ANPP, rescindido o 
acordo, a decisão deve ser juntada aos autos da investigação e o Juízo 
deve remeter ao Ministério Público para o oferecimento da denúncia.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
173
75) Corre o prazo prescricional durante o tempo de cumprimento do 
ANPP?
Por expressa disposição legal, o prazo prescricional não corre 
enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução 
penal (art. 116, IV, do Código Penal). Então, uma vez firmado o acordo 
e homologado pelo Juízo, o prazo prescricional é suspenso.
Contudo, essa disposição somente é aplicável para aqueles 
crimes perpetrados após a entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019, ou 
seja, dia 23/01/2020.
Pode ocorrer do crime ter sido praticado antes do dia 
23/01/2020, mas ser objeto de acordo de não persecução penal. Neste 
caso, a prescrição seria suspensa, com base no art. 116, IV, do Código 
Penal?
Nesta hipótese, entendemos não ser aplicável o art. 116, IV, do 
Código Penal, já que mais gravoso ao investigado (afinal, impede que 
o prazo prescricional flua), sendo, portanto, irretroativo (art. 5º, XL, da 
Constituição Federal).
Ou seja, se firmado acordo de não persecução penal em um 
crime perpetrado em data anterior à da vigência da Lei nº 13.964/2019, 
a prescrição correrá normalmente durante o cumprimento do acordo.
Então, o Ministério Público deve ficar atento a essa questão, 
observando se, em crimes anteriores à Lei nº13.964/2019, o tempo de 
cumprimento do ANPP não será alcançado pela prescrição. Verificando 
que isso pode acontecer, deve o Ministério Público recusar o acordo, 
fundamentando seu posicionamento justamente no fato de eventual 
ANNP não ser suficiente para a prevenção e repressão do crime, posto 
que prescreverá, e oferecer a denúncia, que interromperá o prazo 
prescricional com o recebimento pelo Juízo (art. 117, I, do Código 
Penal).
174
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
76) A celebração do ANPP constará na certidão de antecedentes 
criminais do investigado?
Não. O § 12, do art. 28-A, do CPP, expressamente dispõe que 
nem a celebração, nem o cumprimento do acordo de não persecução penal 
constarão na certidão de antecedentes criminais do investigado.
A lei apenas faz a ressalva para a informação para o próprio 
Poder Judiciário e para o Ministério Público, ou seja, é necessário saber se 
o investigado já foi beneficiado anteriormente com o ANPP (ou transação 
penal ou sursis processual) em vista da vedação do inciso III, do § 2º, do 
art. 28-A, do CPP.
77) No caso de cumprimento do ANPP, qual a consequência?
Se o investigado cumprir integralmente o acordo de não 
persecução penal, terá extinta a sua punibilidade (§ 13, do art. 28-A, do 
CPP), sendo os autos da investigação (ou processo, se já em andamento) 
arquivados.
78) Qual o Juízo competente para declarar extinta a punibilidade do 
ANPP em caso de cumprimento integral do acordo? E para rescindir 
o ANPP em caso de descumprimento?
Em que pesem alguns doutrinadores (CABRAL, 2020, p. 180-
181; CUNHA, R., 2020, p. 138-139) entenderem que o Juízo da Execução 
é o competente para decretar a extinção da punibilidade em caso de 
cumprimento integral do acordo de não persecução penal e também o 
competente para, a pedido do Ministério Público, rescindir o ANPP por 
descumprimento de suas condições, não nos parece o melhor entendimento.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
175
A posição que se entende por mais adequada é considerar o 
Juízo que homologou o ANPP (o Juiz das Garantias, caso considerado 
constitucional) como o competente tanto para a decretação da extinção da 
punibilidade pelo cumprimento quanto para rescindir o acordo devido ao 
descumprimento (art. 3º-B, XVIII, do CPP).
Diz Lima (2020b, p. 286-287):
Conquanto a execução do acordo seja feita perante 
o juízo da execução penal – art. 28-A, § 6º, in fine, 
do CPP –, a rescisão do acordo é da competência do 
juízo competente para a homologação.
[...]
Cumprido integralmente o acordo, dispõe o art. 28-
A, § 13, do CPP, incluído pela Lei n. 13.964/19, que 
o juízo competente deverá decretar a extinção da 
punibilidade. Conquanto a fiscalização das condições 
pactuadas deva ser feita perante o juízo da execução 
penal (CPP, art. 28-A, § 6º), não é este o juízo 
competente para declarar a extinção da punibilidade. 
Na verdade, tal competência recai sobre o mesmo 
juízo responsável pela homologação do acordo.
Nesse sentido, o Enunciado nº 28, do Grupo Nacional de 
Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM), do 
Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos 
dos Estados e da União (CNPG), sobre o assunto: 
Caberá ao juízo competente para a homologação 
rescindir o acordo de não persecução penal, a 
176
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
requerimento do Ministério Público, por eventual 
descumprimento das condições pactuadas, e decretar 
a extinção da punibilidade em razão do cumprimento 
integral do acordo de não persecução penal.
Irretocável a lição de Alves, Araújo e Arruda (2020, p. 119-120):
Acrescente-se que o juízo de execução praticamente 
não atuará durante a fiscalização do acordo, nem 
mesmo quando houver o seu cumprimento integral, 
não proferindo quase nenhuma decisão relevante 
durante todo esse período. É que, descumpridas 
as condições estipuladas no pacto, este juízo de 
execução informará ao Ministério Público, o 
qual, por sua vez, comunicará ao juiz da fase de 
conhecimento (responsável pela prolação da sentença 
homologatória) para fins de sua rescisão (com 
observância da ampla defesa e do contraditório) e 
posterior oferecimento de denúncia. É procedimento 
semelhante àquele acolhido na rescisão do acordo 
de colaboração premiada, conforme posicionamento 
do STF (PET nº 7.074/DF). A decisão de extinção 
de punibilidade pelo cumprimento do acordo de 
não persecução penal também cabe ao juiz de 
conhecimento (e não de execução penal), aplicando-
se analogicamente o entendimento do STF (RE 
795.567/PR) quanto à extinção da punibilidade em 
decorrência do cumprimento do acordo de suspensão 
condicional do processo (art. 89, § 5º, da Lei nº 
9.099/95).
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
177
Na prática, teríamos o seguinte: constatada pelo Ministério 
Público atuante na Execução Penal o descumprimento das condições do 
ANPP, este órgão da execução penal, solicitaria ao Juízo da Execução 
a designação de audiência de justificação para que o investigado 
explicasse o motivo do não cumprimento (obediência ao contraditório 
e ampla defesa21). Não comparecendo o investigado ou não sendo sua 
justificativa válida, o Ministério Público da Execução solicitaria ao Juízo 
da Execução que informasse ao Ministério Público que ofereceu o ANPP 
sobre o descumprimento, findando, a partir de então, a competência do 
Juízo da Execução. O Ministério Público que subscreveu o acordo, ciente 
do descumprimento do ANPP, peticionaria ao Juiz que homologou o 
acordo (futuramente o Juiz das Garantias) para que ele rescinda o ANPP, 
comunique a vítima (§ 9º, do art. 28-A, do CPP) e devolva os autos da 
investigação para que o Ministério Público ofereça a denúncia (§ 10, do 
art. 28-A, do CPP).
Semelhante procedimento seria o adotado quando o investigado 
cumprisse integralmente o ANPP: tendo o Ministério Público atuante na 
Execução Penal verificado o cumprimento integral do ANPP, solicitaria 
ao Juízo da Execução que comunicasse ao Juízo que homologou o acordo 
(futuramente o Juiz das Garantias) e este abriria vista ao Ministério 
Público subscritor do acordo e, em seguida, o Juiz decretaria a extinção da 
punibilidade do investigado, determinando, na sequência, o arquivamento 
dos autos da investigação (ou processo, se em andamento).
Bom recordar que, neste trabalho, foi defendido que os autos da 
investigação permaneçam na Secretaria do Juízo que homologou o ANPP, 
aguardando ou o cumprimento ou seu descumprimento. Assim, uma vez 
21 STJ: Muito embora seja possível a rescisão do acordo de não persecução penal (§10 
do art. 28-A do CPP), necessário, para preservação dos princípios constitucionais do 
contraditório e da ampla defesa, oportunizar à defesa a manifestação acerca do pedido 
formulado pelo Ministério Público (HC 615.384-SP, 5ªT., Rel. Min. Reynaldo Soares da 
Fonseca, j.09/02/2021)
178
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
comunicado pelo Juízo da Execução o cumprimento ou pelo Ministério 
Público o descumprimento, o Juiz homologador (possivelmente o Juiz das 
Garantias), nos autos da investigação, decretaria a extinção da punibilidade 
ou rescindiria o ANPP e, neste último caso, determinaria a intimação da 
vítima (§ 9º, do art. 28-A, do CPP).
Semelhante posicionamento tem de Messias (2020, p. 100-101):
A nosso ver, a competência para a decretação da extinção 
da punibilidade é do juiz das garantias, e não do juiz da 
vara de medidas alternativas (“execução penal”). 
[…]
Lado outro, descumpridas injustificadamente 
quaisquer das condições estipuladas no acordo, 
o juízo das medidas alternativas certificará o seu 
descumprimento. Em poder de tal certificação, o 
membro do Ministério Público deverá requerer 
o retorno dos autos ao juiz das garantias, para que 
este, nos termos do artigo 28-A, §§ 9º e 10, do CPP, 
determine (1) a rescisão do acordo que outrora 
homologou, (2) a intimação à vítima acerca do 
descumprimento da avença e (3) a remessa dos autos 
ao Parquet, para promoçãoda ação penal pública. 
[…]
Entendemos que a competência para a rescisão do 
acordo é do juiz das garantias, e não do juiz da vara 
de medidas alternativas (“execução penal”), pois este 
magistrado não possui competência para desfazer 
o acordo que aquele juiz validamente homologou. 
Como dito alhures, pensamos que o objetivo da Lei 
Anticrime foi apenas emprestar à fiscalização das 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
179
condições livremente assumidas a estrutura cartorária 
das varas de medidas alternativas (“execução penal”).
79) Qual providência o Juízo da Execução deve tomar ao receber o 
ANPP para a execução?
Recebido o termo de ANPP e a decisão homologatória, o Juízo da 
Execução deve marcar audiência para indicar, se for o caso, ao investigado 
o local de cumprimento da medida de prestação de serviços à comunidade 
e a entidade beneficiada pela prestação pecuniária (art. 28-A, incisos III 
e IV, do CPP), bem como para esclarecer a forma de comprovação das 
demais condições impostas.
80) Descumprido o ANPP, o Ministério Público, ao oferecer denúncia, 
pode deixar de oferecer a suspensão condicional do processo?
Sim, de acordo com o § 11 do art. 28-A, do CPP, o 
descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado 
também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa 
para o eventual não oferecimento de suspensão condicional do 
processo, ou seja, novamente a lei deixa a cargo da discricionariedade 
regrada do Ministério Público a decisão de oferecer ou não a suspensão 
condicional do processo para aquele que, beneficiado inicialmente com o 
ANPP, o descumpriu.
Comentando sobre o dispositivo mencionado, pontua Lima 
(2020b, p. 287):
Para além do possível oferecimento de denúncia, o 
Código de Processo Penal (art. 28-A, § 11) também 
180
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
prevê que o descumprimento do acordo poderá ser 
utilizado pelo órgão ministerial como justificativa para o 
eventual não-oferecimento de suspensão condicional do 
processo. A justificativa para esse dispositivo é evidente: 
se o investigado não demonstrou autodisciplina e senso 
de responsabilidade para o cumprimento das condições 
avençadas por ocasião da celebração do acordo de não-
persecução penal, é bem provável que terá idêntico 
comportamento se acaso lhe for oferecida a proposta de 
suspensão condicional do processo, até mesmo pelo fato 
de as condições pactuadas serem bastante semelhantes 
em ambos os institutos.
Como já dito, muitos são os casos em que o crime permitirá ANPP 
e suspensão condicional do processo (ex. art. 155, do Código Penal). Em 
outros, permitirá apenas o ANPP (ex. art.155, § 4º, do Código Penal) e em 
poucos outros, apenas a suspensão condicional do processo (ex. art. 129, § 
1º, do Código Penal).
Então, nos casos em que, em tese, cabe ANPP e suspensão 
condicional do processo, a princípio, temos que o ANPP é mais favorável 
ao investigado, posto que o acordo impede o ajuizamento da ação penal, 
enquanto a suspensão condicional do processo pressupõe ação penal 
ajuizada e recebida pelo Poder Judiciário, fato este que deverá reduzir a 
quantidade de processos com a suspensão condicional do processo.
Assim, descumprido o acordo de não persecução, o Ministério 
Público, analisando o caso concreto, pode deixar de oferecer o sursis 
processual.
Nesse sentido, o Tribunal de Justiça do Paraná decidiu ainda 
quando o ANPP estava previsto apenas na Resolução nº 181/2017 do 
CNMP:
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
181
APELAÇÃO CRIMINAL. EMBRIAGUEZ AO 
VOLANTE. ART. 306, § 1º, INCISO II, DO CÓDIGO 
DE TRÂNSITO BRASILEIRO. CONDENAÇÃO. 
PLEITO DE DECRETAÇÃO DA NULIDADE 
PROCESSUAL ANTE A AUSÊNCIA DE 
OFERECIMENTO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL 
DO PROCESSO. IMPOSSIBILIDADE. RÉU QUE 
DESCUMPRIU INTEGRALMENTE O ACORDO 
DE NÃO-PERSECUÇÃO PENAL. DEIXOU DE 
OFERECER PARQUET O BENEFÍCIO EM RAZÃO 
DO RÉU NÃO PREENCHER OS REQUISITOS 
SUBJETIVOS DO ARTIGO 89 DA LEI Nº. 9.099/09. 
RECURSO DESPROVIDO. (Ap. Crim. nº 0025480-
66.2018.8.16.0021, 2ª Câm. Crim., Rel. Des. Laertes 
Ferreira Gomes, j.22/11/2019).
81) Descumprido o ANPP e rescindido judicialmente o acordo, 
como ficam as parcelas que já foram pagas da prestação pecuniária 
parcelada?
Uma vez descumprido o acordo e rescindido judicialmente 
o ANPP, o Ministério Público oferecerá denúncia, podendo utilizar a 
confissão feita no ANPP como reforço da justa causa e também poderá 
deixar de oferecer o sursis processual (§ 11, do art. 28-A, do CPP), bem 
como a prescrição voltará a correr (art. 116, IV, do Código Penal).
Segundo vimos, no inciso IV do art. 28-A, do CPP, poderá ter o 
ANPP como condição o pagamento de prestação pecuniária, que pode ser 
inclusive parcelada.
Descumprido o ANPP, rescindido o acordo judicialmente, como 
ficam as parcelas já pagas?
182
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
As parcelas já pagas pelo investigado serão perdidas, não 
havendo devolução para o investigado. Por isso é importante deixar 
consignado no termo de acordo que, em caso de descumprimento do ANPP 
pelo investigado, as prestações já pagas serão perdidas, ou seja, não serão 
devolvidas ao investigado.
A mesma lógica pode-se utilizar para a não devolução do valor 
pago à vítima a título de reparação do dano ou quando restituída a coisa 
(inciso I, do art. 28-A, do CPP) e também para a não devolução dos 
instrumentos, proveitos ou produto do crime (inciso II, do art. 28-A, do 
CPP), sendo importante deixar isso consignado no termo do acordo.
82) Descumprido o ANPP e rescindido judicialmente o acordo, pode 
haver detração das condições parcialmente cumpridas na pena a ser 
imposta em eventual sentença condenatória?
O instituto da detração está previsto no art. 42, do Código Penal: 
“Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, 
o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão 
administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos 
referidos no artigo anterior”.
Logo, pela própria disciplina do art.42 do Código Penal, resta 
claro que a resposta à questão acima posta é negativa. Visto que as condições 
impostas no ANPP não são penas, mas ajustes voluntários assumidos pelo 
investigado, acompanhado pelo seu defensor.
Assim, rescindido o ANPP, oferecida a denúncia, processado 
regularmente o acusado, sobrevindo uma sentença penal condenatória, a 
parcela que foi cumprida do acordo de persecução penal não poderá ser 
abatida da pena, posto que, repita-se, as condições ajustadas em comum 
acordo entre Ministério Público, investigado e seu defensor, não são penas.
Da mesma opinião é Cabral (2020, p. 183):
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
183
Veja-se que o cumprimento parcial da prestação de 
serviços à comunidade não poderá ser utilizado para 
eventual detração de futura condenação. Isso porque, 
o compromisso assumido pelo investigado, como 
já dito aqui à saciedade, não é pena, não estando, 
portanto, preenchido o requisito legal para a detração 
previsto no art. 42, CP, devendo esse período de 
parcial cumprimento ser considerado como trabalho 
voluntário, sem direito, obviamente, a qualquer 
contraprestação financeira. Trata-se de consequência 
decorrente da violação do negócio jurídico celebrado 
pelo agente. 
Igualmente Cunha, R. (2020, p. 139) ensina que não há que se falar 
em detração já que as condições do ANPP não possuem natureza de sanção 
penal, e a perda do tempo é consequência natural do descumprimento, ônus 
da desídia e deslealdade do investigado.
83) Ao deixar de oferecer o ANPP, como o Ministério Público deve 
agir?
O acordo de não persecução penal é um dos instrumentos de 
política criminal do Ministério Público. E, por isso, pode o Ministério 
Público, analisando o caso concreto, oferecer ou não o ANPP.
Dentro de sua discricionariedade regrada, entretanto, o 
Ministério Público deve fundamentar sua decisão de não oferecer o 
ANPP.
Nessa linha, cabe mencionara decisão da lavra do Min. Reynaldo 
Soares da Fonseca, no HC 612449/SP, julgado em 22/09/2020 pela 5ª 
Turma do Superior Tribunal de Justiça, onde consta:
184
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE 
RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO 
DA VIA ELEITA. CRIME DE TRÁFICO DE 
DROGAS. ALEGADA NULIDADE EM RAZÃO 
DA AUSÊNCIA DE OFERTA DE ACORDO 
DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL E RECUSA 
DE ENVIO À PGJ. RECUSA DEVIDAMENTE 
JUSTIFICADA PELO PARQUET. ANUÊNCIA 
DO MAGISTRADO. PROPOSTA DE REVISÃO 
REQUERIDA A DESTEMPO PELA DEFESA. 
DOSIMETRIA DA PENA. MODIFICAÇÃO 
DO REGIME PRISIONAL PARA O 
ABERTO. IMPOSSIBILIDADE. QUANTIDADE 
E VARIEDADE DOS ENTORPECENTES 
APREENDIDOS. PRECEDENTES. WRIT NÃO 
CONHECIDO. 1[...] 3. Inexiste nulidade na 
recusa do oferecimento de proposta de acordo de 
não persecução penal quando o representante do 
Ministério Público, de forma fundamentada, constata 
a ausência dos requisitos subjetivos legais necessários 
à elaboração do acordo, de modo que este não 
atenderia aos critérios de necessidade e suficiência 
em face do caso concreto.
Recebendo os autos da investigação, após verificar a presença 
dos elementos indicativos de autoria e prova da materialidade delitiva, 
existindo a justa causa para a ação penal, o Ministério Público analisará 
a possibilidade de acordo de não persecução penal. Não sendo cabível, 
ajuizará a ação penal.
Alguns pressupostos e requisitos do art. 28-A, do CPP, são de 
cunho objetivo. Por exemplo, crimes sem violência ou grave ameaça; 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
185
confissão formal e circunstanciada; pena mínima inferior a 4 (quatro) 
anos, já levando em consideração as causas de diminuição. As hipóteses 
de não cabimento são objetivas (§ 2º, do art. 28-A, do CPP). Para esses 
casos, entendemos que não há necessidade de grande fundamentação para 
consignar na cota da denúncia o motivo pelo qual não se oferece o ANPP, 
sendo até mesmo desnecessário fazê-lo, talvez. Assim como não vemos 
necessidade de se notificar o investigado neste caso, ou seja, quando 
não atendidos os requisitos objetivos legais, tomando o investigado 
conhecimento quando da citação da ação penal.
Já quando o não oferecimento do ANPP ocorre por ter o 
Ministério Público entendido que não é o acordo necessário e suficiente 
para a prevenção e repressão do crime, é necessário que o Ministério 
Público, além de fundamentar a recusa na cota da denúncia de forma mais 
minuciosa, também notifique o investigado do não oferecimento do acordo 
para ele, se desejar, requerer a remessa dos autos para o órgão superior do 
Ministério Público (art. 28-A, § 14, do CPP).
Nessa linha, diz Cabral (2020, p. 167):
Desse modo, sempre que determinados requisitos 
objetivos para a celebração do acordo de não 
persecução penal estejam aparentemente preenchidos 
(infração penal sem violência ou grave ameaça e com 
pena mínima inferior a quatro anos), é imprescindível 
que o Membro do Ministério Público, na cota que 
normalmente acompanha a denúncia, apresente os 
fundamentos jurídicos com base nos quais deixou 
de propor o acordo de não persecução penal, afinal, 
o dever de fundamentação é imposto a todos os 
integrantes do MP (vide: Lei Orgânica Nacional do 
MP, art. 43, III). 
186
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
84) E, em caso de não oferecimento do acordo pelo Ministério Público, 
como pode agir o investigado?
Já ficou claro que o acordo de não persecução penal é instrumento 
de política criminal do Ministério Público e que cabe à instituição a análise 
de sua pertinência ou não ao caso concreto.
Pode acontecer de, presentes os pressupostos e requisitos 
objetivos para o ANPP, o Ministério Público deixar de oferecer o acordo. 
Já restou consignado que essa postura deve ser sempre justificada e 
fundamentada.
Contudo, pode acontecer de o Ministério Público não oferecer o 
acordo de forma injustificada ou mesmo que justifique e o investigado não 
concordar com a posição ministerial.
Para essas hipóteses, o legislador previu a possibilidade de o 
investigado requerer ao órgão superior do Ministério Público a revisão do 
posicionamento ministerial.
Diz o legislador no § 14, do art. 28-A, do Código de 
Processo Penal: “No caso de recusa, por parte do Ministério Público, 
em propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá 
requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 
deste Código”.
A previsão legislativa foi lacônica, o que leva à necessidade de 
complementação da normativa por legislação interna a ser editada pelos 
Ministérios Públicos da União e dos Estados e até mesmo pelo Conselho 
Nacional do Ministério Público (o que ainda não aconteceu, no que diz 
respeito ao CNMP).
Importante pontuar algumas observações e hipóteses.
Ao analisar o § 14, do art. 28-A, do CPP, nota-se que ele se 
reportou ao art. 28 do CPP.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
187
O §1º, do art. 28 do CPP22 dispõe que a vítima terá prazo de 30 
dias para submeter o arquivamento promovido pelo membro do Ministério 
Público à revisão da instância superior do Ministério Público.
Como o § 14, do art. 28-A, do CPP, mencionou a forma do art. 28 
do CPP, temos que, caso o investigado discorde do membro do Ministério 
Público que deixou de oferecer o ANPP, poderá ele, investigado, no prazo 
de 30 dias, a partir de sua notificação, requerer a remessa dos autos ao 
órgão de revisão ministerial.
A redação atual do art. 28 do CPP encontra-se com sua eficácia 
suspensa devido à decisão do Ministro Luiz Fux, do STF, nos autos da ADI 
6.305.
Apesar disso, entendemos que pode o mencionado dispositivo 
ser usado como parâmetro para as normativas internas dos Ministérios 
Públicos, ou seja, o prazo para se requerer a revisão da decisão de não 
oferecimento do ANPP será de 30 dias.
É certo que esse extenso prazo trará alguns inconvenientes, 
sobretudo na hipótese de investigados presos. Mas, devido à previsão 
legal do § 1ª, do art. 28, do CPP, os Ministérios Públicos deverão 
se preparar para uma maior agilidade na decisão destes casos de 
requerimento de revisão.
De forma antecipada, já deixa-se consignado que o órgão de 
instância superior (no nosso entendimento, o Procurador-Geral de Justiça, 
no caso dos Estados, e a Câmara de Coordenação e Revisão, no caso do 
MPU), ao receber o pedido de revisão, poderá: I – concordar com o não 
oferecimento do acordo, mantendo a posição de negativa do Promotor 
Natural, o que será a decisão final sobre o assunto; II – discordar do 
22 Art. 28 […] § 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento 
do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, 
submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme 
dispuser a respectiva lei orgânica.
188
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Promotor Natural e entender que é caso de acordo de não persecução 
penal, designando outro membro do Ministério Público para celebrar o 
acordo.
Voltando à questão: como pode o investigado agir se recusado o 
ANPP pelo Ministério Público?
A previsão legislativa não entrou em detalhes de como isso 
ocorreria e, como mencionado, haverá necessidade de complementação da 
normativa por legislação interna a ser editada pelos Ministérios Públicos 
da União e dos Estados e até mesmo pelo Conselho Nacional do Ministério 
Público (o que ainda não aconteceu, no que diz respeito ao CNMP).
Contudo, considerando o prazo extenso do art. 28, § 1º, do CPP, 
podemos vislumbrar as seguintes situações:
- o investigado é notificado pelo Ministério Público do não 
oferecimento do ANPP. Então, no prazo de 30 dias, requereria, se desejasse, 
ao próprio órgão que negou o ANPP, a remessa dos autos à instância de 
revisão do Ministério Público.
Nesta hipótese, entendemos que “a remessa dos autos” é na 
verdade de cópia dos autos (por meios físicos ou virtuais), posto que, 
se o Promotor Natural negou o oferecimentodo ANPP, ele já ofereceu a 
denúncia e, logicamente, os autos seguiram para o Poder Judiciário com a 
denúncia oferecida.
À evidência de que o pedido de remessa para revisão do não 
oferecimento do ANPP não tem efeito suspensivo (sequer o recurso em 
sentido estrito que não homologa o acordo possui, que dirá o pedido de 
revisão), não impedindo, portanto, o oferecimento da denúncia.
Como afirmado, esse procedimento deve ser disciplinado por 
normas internas dos Ministérios Públicos da União e dos Estados. Aqui é 
apenas uma possibilidade.
Com a denúncia oferecida e requerido extrajudicialmente 
a revisão do não oferecimento do acordo, o magistrado teria duas 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
189
possibilidades: a) deixar para mandar citar o investigado somente após 
a decisão do órgão revisional do Ministério Público (hipótese essa de 
difícil aceitação se o investigado estiver preso ou se o prazo prescricional 
estiver próximo do fim); b) receber a denúncia (se for o caso), mandar 
citar o investigado, e suspender o processo, aguardando a decisão do órgão 
revisional do Ministério Público (no caso de denunciado preso também 
haverá dificuldade).
- o investigado toma conhecimento do não oferecimento do 
acordo de não persecução penal apenas quando foi citado do oferecimento 
da denúncia. Neste caso, não houve notificação por parte do Ministério 
Público (hipótese, por exemplo, de falta de requisitos/pressupostos 
objetivos do ANPP ou mesmo em caso de investigado preso ou de prazo 
prescricional próximo do fim), tendo o investigado conhecimento das 
razões de não propositura do ANPP apenas quando citado para oferecer 
resposta escrita à acusação. Assim, na resposta escrita à acusação, poderá 
o investigado (denunciado) requerer ao juiz que suspenda o processo e 
remeta os autos à instância de revisão do Ministério Público para que ela 
decida sobre o não oferecimento do acordo.
A suspensão do processo por parte do juiz é a decisão mais 
razoável (caso entenda plausível o requerimento de revisão. Caso contrário, 
basta indeferir o pedido do denunciado de submeter a decisão do Promotor 
Natural ao órgão de revisão). Contudo, em caso de denunciado preso, por 
exemplo, se o processo seguir, entendemos que o juiz não pode sentenciar 
até que o órgão de revisão ministerial decida.
Sobre a possibilidade de suspensão do processo, Pacelli e Fischer 
(2020, p. 116) consignam:
A única possibilidade que conseguimos visualizar 
de esta questão surgir durante o processo é a de o 
Ministério Público oferecer diretamente a denúncia 
190
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
sem ter proposto o acordo de não persecução, e após 
o recebimento da exordial, o réu se insurgir contra 
a ausência de possibilidade de formalizar o acordo. 
Assim, concordando o juiz com o pleito, o ideal seria 
suspender o processo até a questão ser solucionada 
(remessa ao órgão superior interno do parquet em 
caso de discordância, nos termos do § 14 do art. 28-A 
do Código de Processo Penal).
Veja-se que o processo pode ter tramitado e o órgão de revisão 
ministerial concordar que é hipótese de ANPP, então tudo seria anulado, 
inclusive, o recebimento da denúncia, nos parece.
Cabe um pequeno parêntese.
Há possibilidade de ANPP quando o investigado estiver preso?
Sim. O investigado pode ter sido preso em flagrante e essa prisão 
convertida em preventiva, mas ao final da investigação, o Ministério 
Público entender que o caso comporta ANPP, então deveria requerer a 
revogação da prisão e providenciaria a audiência extrajudicial para a 
celebração do acordo.
Noutro giro, o Ministério Público pode entender que, ainda que 
os pressupostos/requisitos objetivos estejam presentes, no caso concreto, o 
acordo não é suficiente e necessário para a prevenção e repressão do crime, 
o que poderia fazer com que o Ministério Público oferecesse a denúncia, 
pugnasse pela manutenção da prisão e justificasse o não oferecimento do 
acordo de não persecução penal.
Fechado o parêntese.
Seja como for, investigado preso ou em liberdade, o requerimento 
de remessa para revisão do órgão superior do Ministério Público não 
impede a denúncia.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
191
Para Cabral (2020, p. 170), a única possibilidade de aplicação do 
§ 14 do art. 28-A, do CPP, é quando da resposta à acusação, não existindo, 
para ele, a possibilidade de o investigado requerer ao Promotor Natural a 
remessa dos autos para a revisão do órgão superior ministerial ou mesmo de 
pedido direto do investigado para o órgão superior do Ministério Público.
Diz o doutrinador:
Veja-se que – apesar da vagueza do § 14, do art. 28-A, 
CPP – este pedido de remessa deverá ser formulado 
ao Juiz, pois, caso tenha ocorrido negativa do ANPP, 
haverá, obviamente, oferecimento de denúncia (e 
essa recusa, como já dito, deve ser feita na quota 
que acompanha a acusação), estando, portanto, os 
autos, sob a responsabilidade do magistrado, para 
apreciação.
Apesar de entender a posição acima como correta, devido à 
lacônica forma legislativa, não há como excluir a possibilidade do CNMP e/
ou normas internas dos Ministérios Públicos disciplinarem o procedimento 
para a aplicação do § 14, do art. 28-A, do CPP, prevendo notificação e 
forma extrajudicial para a remessa.
De todo modo, é importante ter em mente que, caso o investigado 
somente tome conhecimento do não oferecimento do acordo de não 
persecução penal quando da citação para o oferecimento da resposta 
à acusação (ou fase equivalente nos procedimentos especiais), deve ele 
requerer, nesta ocasião (resposta à acusação) a remessa do caso para a 
apreciação da instância revisora ministerial, sob pena de preclusão.
Sobre a existência de preclusão, explica Calabrich (2020, p. 352-
354, 359):
192
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
E quando o MP oferece a denúncia sem se manifestar 
sobre o acordo, como se deve proceder? O ideal 
é que, ao apresentar uma denúncia para um crime 
sem violência nem grave ameaça e com pena 
mínima inferior a quatro anos, o Ministério Público 
já explicite, na própria denúncia ou numa cota que 
a acompanhe, os motivos para não apresentar a 
proposta da ANPP. Isso permitirá o controle do 
ato e fornecerá subsídios para que o interessado 
impugne essa recusa, requerendo a remessa dos 
autos ao órgão superior do MP, na forma do 
caput do art. 28-A do CPP e do seu § 14. Para um 
crime cometido com violência ou grave ameaça 
ou com pena igual ou superior a quatro anos, a 
impossibilidade de oferecimento da proposta é 
evidente, ope legis.
Se for o caso, deverá acompanhar a denúncia a 
informação de que foi proposto um acordo e que 
este não foi aceito pelo acusado – circunstância 
que, de igual sorte, torna superada a questão.
No caso de não oferecimento de ANPP 
concomitantemente à denúncia, é de se presumir 
que o membro do Ministério Público a entendeu 
incabível. Nessa situação, mas não tendo o MP 
apresentado fundamentos para a recusa, deve o 
juiz, vislumbrando o cabimento, intimar o MP para 
que se manifeste sobre essa possibilidade ou para 
que externe os motivos para não ter formulado 
a proposta. Se o juiz assim não o fizer, caberá 
ao acusado, aventando a possibilidade de acordo, 
manifestar seu interesse na primeira oportunidade em 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
193
que for chamado aos autos – em regra, com a citação. 
Quedando-se omisso, há de se entender que tampouco 
o acusado tinha interesse no acordo, ou que também 
ele entendia não preencher os requisitos, e o processo 
deve prosseguir normalmente. Essa deve ser a praxe 
para processos novos.
O processo é uma marcha para a frente. Com 
sua participação no processo no primeiro 
momento que é chamada a intervir, a parte tem 
a oportunidade de suscitar a possibilidade de 
acordo. É um ônus seu. Se não o faz, não há 
sentido em que essa etapa possa ser reinstaurada 
a qualquer momento.
[…]
Em síntese: para processos novos, iniciados 
posteriormenteà Lei nº 13.964/2019, deve se 
operar a preclusão quando recebida a denúncia sem 
manifestação do réu quanto ao seu interesse num 
acordo e quanto ao não oferecimento da proposta pelo 
Ministério Público.
[…]
Em síntese: para processos já deflagrados, a 
possibilidade de ANPP deve ser abordada pelas partes 
na primeira oportunidade em que intervierem nos 
autos. Proferida a sentença, não mais será possível o 
ANPP”.
 
Nessa linha, cabe mencionar a decisão da lavra do Min. Reynaldo 
Soares da Fonseca, no HC 612449/SP, julgado em 22/09/2020 pela 5ª 
Turma do Superior Tribunal de Justiça, onde consta:
194
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO 
PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. 
CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS. ALEGADA 
NULIDADE EM RAZÃO DA AUSÊNCIA DE 
OFERTA DE ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO 
PENAL E RECUSA DE ENVIO À PGJ. RECUSA 
DEVIDAMENTE JUSTIFICADA PELO PARQUET. 
ANUÊNCIA DO MAGISTRADO. PROPOSTA 
DE REVISÃO REQUERIDA A DESTEMPO 
PELA DEFESA. DOSIMETRIA DA PENA. 
MODIFICAÇÃO DO REGIME PRISIONAL PARA 
O ABERTO. IMPOSSIBILIDADE. QUANTIDADE 
E VARIEDADE DOS ENTORPECENTES 
APREENDIDOS. PRECEDENTES. WRIT NÃO 
CONHECIDO. 1[...] 4. Conforme o acórdão ora 
impugnado, o requerimento de revisão do não 
oferecimento de proposta do ANPP, para fins de análise 
do órgão superior do Ministério Público local, ocorreu 
a destempo pela defesa, deixando que a instrução 
criminal fluísse regularmente.
85) Pode ser ajuizada ação penal privada subsidiária da pública 
quando o Ministério Público oferecer ao investigado o Acordo de Não 
Persecução Penal?
Não. Ao oferecer o acordo de não persecução penal, o Ministério 
Público está atuando de acordo com a lei, não havendo omissão ministerial 
que legitime o ajuizamento de ação penal privada subsidiária da pública.
A ação penal privada subsidiária da pública está prevista na 
Constituição Federal (art. 5º, LIX), no Código de Processo Penal (art. 29) e 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
195
no Código Penal (art. 100, § 3º), sendo este tipo de ação cabível apenas se o 
crime for de ação penal pública e quando se verificar a inércia do Ministério 
Público, ou seja, quando dentro do prazo legal, o Ministério Público, de 
posse do procedimento de investigação, não oferecer denúncia, não oferecer 
ANPP, não requerer diligências, não promover o arquivamento, não suscitar 
conflito de atribuição/competência ou não requerer declínio de competência.
Se o Ministério Público permanecer totalmente inerte, cabe 
a ação penal privada subsidiária da pública. Caso contrário, inviável a 
referida ação.
Assim, quando o Ministério Público propõe ao investigado o acordo 
de não persecução penal, o Ministério Público está agindo e não sendo omisso, 
logo, descabida, neste caso, a ação penal privada subsidiária da pública.
86) Cabe ANPP nos crimes de ação penal privada?
Neste trabalho é defendido que o acordo de não persecução penal 
é instrumento de política criminal do Ministério Público.
O artigo 28-A, do Código de Processo Penal, na forma em que 
foi redigido, deixa claro que os crimes que permitem o ANPP são crimes 
de ação penal pública e que o legitimado para a análise do cabimento do 
acordo e de seu oferecimento é o Ministério Público.
Por tais motivos, acreditamos ser incabível o ANPP em crimes 
de ação penal privada.
Contudo, não se pode perder de vista que a doutrina23 e a 
jurisprudência24 firmaram entendimento que é possível transação penal e 
23 Para um apanhado geral da doutrina ver: Carvalho (2009).
24 STF, HC 81720/SP, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j.26/03/2002. STJ, APn 634/RJ, Rel.
Min. Felix Fisher, j.21/03/2012. AgRg no REsp 1356229/PR, Rel Alderita Ramos de 
Oliveira (Desembargadora convocada do TJPE), j.19/03/2013. HC 33.929/SP, Rel. Min. 
Gilson Dipp, j.19/08/2004.
196
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
suspensão condicional do processo nos crimes de ação penal privada, não 
sendo difícil acreditar que o mesmo caminho será seguido em relação ao 
acordo de não persecução penal.
Esta inclusive é a posição de Lopes Jr. (2020, p. 322):
E cabe o acordo de não persecução penal na ação 
penal de iniciativa privada? Pensamos que haverá 
resistência no início, mas em breve deverá ser aceito, 
da mesma forma que a transação penal. Portanto, uma 
vez preenchidos os requisitos legais anteriormente 
explicados, pode o querelante propor o acordo de 
não persecução penal, até porque a ação penal de 
iniciativa privada é plenamente disponível.
Admitindo-se o acordo de não persecução nos crimes de ação 
penal privada, o legitimado para o acordo será o ofendido.
É de se pontuar, ainda, que no Código Penal há apenas 10 crimes 
de ação penal privada, sendo eles previstos: art. 139 (calúnia); art. 139 
(difamação); art. 140 (injúria); art. 161, § 3º (alteração de limites); art. 
163, caput, e parágrafo único, inciso IV (dano); art. 164 (introdução ou 
abandono de animais em propriedade alheia); art. 179 (fraude à execução); 
art. 184 (violação de direito autoral); art. 236 (induzimento a erro essencial 
e ocultação de impedimento); art. 345, parágrafo único (exercício arbitrário 
das próprias razões).
Desses crimes de ação penal privada, apenas o previsto no art. 
163, parágrafo único, inciso IV, do Código Penal, não é da competência 
do Juizado Especial Criminal, já que a pena máxima cominada é de 3 
(três) anos. Os demais crimes de ação penal privada são de competência 
do Juizado Especial Criminal, ou seja, cabível a transação penal (e, antes, 
a composição civil dos danos), sendo, portanto, esta prioritária em relação 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
197
ao ANPP (art. 28-A, § 2º, I, do CPP), o que indica que, possivelmente, 
raramente, haverá acordo de não persecução nos crimes de ação penal 
privada (raramente há até mesmo transação).
87) No caso de sentença desclassificatória, ainda caberia ANPP?
É possível que o Ministério Público tenha oferecido denúncia 
pela prática de um crime que não cabia o acordo de não persecução 
penal. Após a tramitação regular do processo, o juiz sentencie o acusado, 
desclassificando o crime imputado na denúncia (que não cabia ANPP) para 
um crime que seria possível o acordo de não persecução penal.
Nesta hipótese, deve o magistrado encaminhar os autos para o 
Ministério Público para verificar a possibilidade de oferecimento de ANPP.
Dizem Dezem e Souza (2020, p. 64):
Aqui, certamente surgirá a mesma discussão que 
havia em relação à suspensão condicional do 
processo nos casos envolvendo procedência parcial 
do pedido (artigo 383, § 1º, do CPP e Súmula 337 
do STJ).
Entendemos aqui que, da mesma forma que na 
suspensão condicional do processo, se na hipótese 
de desclassificação ou procedência parcial do 
pedido houver a possibilidade de aplicação de 
proposta de acordo de não persecução penal, deverá 
o juiz abrir vista para o Ministério Público fazer a 
proposta do acordo de não persecução penal.
Queiroz (2020) também leciona no mesmo sentido:
198
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Se oferecida a denúncia, o juiz ou tribunal proceder 
à desclassificação para crime que admita o acordo, 
deverá abrir vistas ao MP para que se manifeste 
a respeito. A Súmula 337 do STJ é aplicável 
analogicamente: É cabível a suspensão condicional 
do processo na desclassificação do crime e na 
procedência parcial da pretensão punitiva. 
88) Nas hipóteses de emendatio libelli ou de mutatio libelli, caberia 
ANPP?
Os artigos 383 e 384 do Código de Processo Penal tratam, 
respectivamente, da emendatio libelli e da mutatio libelli.
Em ambos artigos há previsão relativa à suspensão condicional 
do processo (§ 1º, do art. 383, e § 3º, do art. 384, do CPP).
Diante desta previsão legal, em vista da semelhança entre o sursis 
processual e o ANPP, entendemos que, caso o juiz, na fase da sentença, 
entenda presentes as hipóteses do art. 383 ou do art. 384 do CPP e que o 
crime admite acordo de não persecução penal, deve encaminhar os autospara o Ministério Público para que haja análise do oferecimento ou não do 
acordo.
Nesse sentido, leciona Barros (2020), tratando o ANPP como 
acordo de não continuidade da ação penal:
Outra hipótese de aplicação do acordo de não 
continuidade da ação penal está intrinsecamente 
ligada ao instituto da mutatio libelli.
[...] na hipótese de necessidade de aplicação da 
mutatio, diante da modificação da narrativa fática 
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
199
[...] caberá ao Promotor de Justiça natural reavaliar a 
situação posta para fins de cabimento do acordo. [...]
Sendo assim, faz-se premente a necessidade de se 
viabilizar uma nova espécie de acordo, dentro do 
processo, mas com a mesma natureza jurídica do 
ANPP. A mutatio, portanto, se mostra como elo entre 
o acordo de não persecução penal e o acordo de não 
continuidade da ação penal.
Igualmente Messias (2020):
Emendatio libelli ordinária [...] Se, em consequência 
de definição jurídica diversa (desclassificação), 
houver possibilidade de proposta de acordo de não 
persecução penal, o juiz deverá submeter os autos à 
avaliação jurídica do Ministério Público, por analogia 
ao artigo 383, § 1º, do CPP. [...]
Mutatio libelli [...] Se a instrução processual de 
caso penal outrora insuscetível de acordo de não 
persecução penal revelar fato novo, isto é, alheio 
à descrição fática contida na denúncia, a ensejar 
modificação na capitulação jurídica e uma nova 
instrução, o magistrado deverá aplicar o artigo 384 
do CPP, concedendo vista dos autos ao Ministério 
Público para aditamento da inicial acusatória. Nessa 
hipótese, caso a nova definição jurídica admita, 
em tese, a celebração de acordo de não persecução 
penal, deverá o juiz submeter os autos à avaliação 
ministerial.
200
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
89) No caso de concurso de pessoas, como proceder em relação ao 
ANPP?
Se o crime que permite o ANPP tiver sido praticado por duas ou 
mais pessoas, o Ministério Público terá que verificar para cada investigado 
o preenchimento dos pressupostos/requisitos do art. 28-A, do CPP.
Pode acontecer de um investigado ser, por exemplo, reincidente. 
Ou não confessar a infração penal. Ou mesmo não concordar com o ANPP. 
E o outro investigado, preencher todos os requisitos/pressupostos legais e 
ajustar com o Ministério Público o ANPP.
Nessa hipótese, o ANPP seria firmado para aquele que ajustou 
com o Ministério Público e, em relação ao outro investigado, o Ministério 
Público ofereceria denúncia, explicando na cota o motivo pelo qual não foi 
possível para ele o ANPP.
Sugere-se, para a hipótese de denúncia para um investigado e 
ANPP para o outro, nos crimes perpetrados em concurso, que o Ministério 
Público, na cota da denúncia, explique: a) que para o denunciado não foi 
possível o ANPP, fundamentando a negativa; b) que com o outro investigado 
foi celebrado o ANPP; c) a necessidade da separação do processo, onde o 
original seguirá a tramitação normal da ação penal e a cópia desmembrada 
para o ANPP, onde tramitará os demais atos relativos ao acordo, como a 
audiência de homologação (§ 4º, do art. 28-A, do CPP), ficando os autos, 
em caso de homologação do acordo, na secretaria do Juízo onde aguardarão 
o cumprimento do ANPP.
Se houver descumprimento e rescisão judicial do ANPP, o 
Ministério Público avaliará, sob a perspectiva da utilidade, se o caso será 
de aditamento à denúncia naquele processo que já está em curso ou se o 
oferecimento de denúncia autônoma é mais adequado com vista a evitar, 
por exemplo, tumulto processual, tal como a ideia do art. 80, do CPP.
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
201
90) No caso de concurso de crimes, em que a um, objetivamente, cabe 
o ANPP, e o outro é, por exemplo, perpetrado com violência ou grave 
ameaça, como proceder em relação ao ANPP?
Barros (2020, p. 162) entende que, preenchidos os demais 
requisitos e pressupostos do art. 28-A, do CPP, o Ministério Público pode, 
aplicando-se por analogia a regra do art. 60, parágrafo único, da Lei nº 
9.099/95, realizar o acordo de não persecução penal para o crime que tem 
pena inferior a 4 anos e não foi perpetrado com violência.
Nessa hipótese, o ANPP seria firmado em um crime, e o 
Ministério Público ofereceria denúncia em relação ao outro, explicando na 
cota da denúncia essa situação, o que acarretaria a extração de cópias para 
a tramitação do ANPP separado da ação penal.
Por certo, ainda que em tese possível, a verdade é que, na prática, 
a ocorrência de mais de um crime pelo autor (ainda mais um crime grave) 
indicaria possivelmente que o ANPP não é suficiente para a prevenção e 
repressão do delito, acabando por impedir o ANPP.
.
III) CONCLUSÕES
Por ser instituto relativamente novo, dentro de uma mentalidade 
de Justiça – a Justiça Penal Consensual – ainda vista com alguma 
desconfiança para aqueles acostumados com o Processo Penal tradicional, o 
acordo de não persecução penal suscita algumas dúvidas em sua aplicação.
Dúvidas normais justamente por ser algo novo. Dúvidas inclusive 
entre o próprio Ministério Público, grande protagonista do ANPP e que 
tem o desafio de, a partir do art. 28-A, do CPP, adaptar-se à Justiça Penal 
Negociada, promovendo uma política criminal que seja voltada à repressão 
da grande criminalidade, de combate à violência e a crimes de maior 
danosidade social, mas também uma política criminal que privilegie uma 
202
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
resposta rápida e eficaz para os crimes de média ofensividade e, sobretudo, 
que dê uma atenção maior à vítima de crime, defendendo, o Ministério 
Público, os direitos da vítima, evitando sua revitimização25, e atuando para 
a reparação dos danos à vítima.
O ANPP é um grande instrumento à disposição do Ministério 
Público. Deve ser utilizado com responsabilidade e voltado à proteção da 
sociedade.
Muitas outras controvérsias existem e talvez ainda existirão 
sobre a aplicação do ANPP.
O texto produzido neste trabalho é apenas uma pequena amostra 
das discussões jurídicas atuais com objetivo único de fomentar o debate.
Por fim, anexo ao texto, em forma de tabelas, elencaram-se 
os crimes previstos no Código Penal e na legislação especial criminal 
mais frequentemente usada pelo Ministério Público Estadual em que 
possivelmente será cabível o acordo de não persecução penal como forma 
de auxílio ao consulente do presente escrito. 
25 Para um apanhado geral sobre o assunto ver: Carvalho e Lobato (2008).
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
203
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Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
205
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Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
209
ANEXOS
TABELA DE CRIMES PREVISTOS NO CÓDIGO PENAL COM 
POSSIBILIDADE DE ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 
– ANPP (em vista da pena mínima cominada)
Observações:
* A tabela contempla os crimes com pena mínima cominada 
inferior a 4 (quatro) anos (art. 28-A, caput, do CPP);
* Os crimes dolosos perpetrados com violência ou grave ameaça 
à pessoa não constam na presente tabela (art. 28-A, caput, do CPP);
* Os crimes de competência do Juizado Especial Criminal 
também não constam na presente tabela (art. 28-A, § 2º, I, do CPP);
* Para o cabimento do ANPP outros pressupostos devem estar 
preenchidos (art. 28-A, caput, do CPP), sobretudo se é ou não o ANPP 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
ARTIGO CRIME OBSERVAÇÃO
Art. 121, § 3º e § 4º Homicídio culposo
Art. 130, § 1º Perigo de contágio venéreo
Art. 131 Perigo de contágio de moléstia grave
Art. 133, caput, e § 3º Abandono de Incapaz
Art. 140, § 3º Injúria qualificada Mesmo com o aumento do art. 141, do CP
210
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Art. 149, caput, e §§ 1º e 3º Redução à condição análoga à de escravo
Art. 149-A, caput, e § 2º
Somente será possível 
ANPP se o crime for 
praticado mediante fraude 
ou abuso e for tentado 
(devido à redução do art. 
14, II, parágrafo único, do 
Código Penal).
Ou, ainda que consumado, 
se for praticado mediante 
fraude ou abuso e presente 
a minorante do § 2º.
Art. 151, § 3º Violação de correspondência
Art. 153, § 1º Divulgação de segredo
Art. 154-A, § 3º c/c
§ 4º ou § 5º
Invasão de dispositivo 
informático
Somente será possível 
ANPP se for o crime do 
§ 3º com as causas de 
aumento dos § 4º ou § 5º, 
do art.154-A, do Código 
Penal. No caso do caput,do § 2º e do § 3º, cabe 
transação penal.
Art. 155, caput, e §§ 1º, 
2º, 4º, 5º e 6º Furto/Furto qualificado
Art. 155, §4º-A e §7º Furto qualificado
Somente caberá o 
ANPP se o crime for na 
modalidade tentada (art. 
14, II, parágrafo único, 
do Código Penal) (art. 
28-A, § 1º, do CPP)
Art. 162 Supressão ou alteração de marca em animais
Art. 163, parágrafo 
único, II, II ou IV Dano qualificado
Não é possível ANPP se 
o crime for do art. 163, 
parágrafo único, inciso I, 
do Código Penal
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
211
Art. 168, caput, e § 1º Apropriação indébita
Art. 168-A, caput, e 
§ 1º
Apropriação indébita 
previdenciária
Art. 171, caput, e §§ 2º, 
3º e 4º Estelionato
Art. 172, caput, e 
parágrafo único Duplicata simulada
Art. 173 Abuso de incapazes
Art. 174 Induzimento à especulação
Art. 175, § 1º Fraude no comércio
Art. 177, caput, e § 1º
Fraudes e abusos 
na fundação ou 
administração de 
sociedade por ações
Art. 178
Emissão irregular 
de conhecimento de 
depósito ou "warrant"
Art. 180, caput, e § 1º Receptação/Receptação qualificada
Art. 180-A Receptação de animal
Art. 184, §§ 1º, 2º e 3º Violação de direito autoral
Art. 202
Invasão de 
estabelecimento 
industrial, comercial 
ou agrícola. 
Sabotagem
Art. 206 Aliciamento para o fim de emigração
Art. 207, caput, e 
§§ 1º e 2º
Aliciamento de 
trabalhadores de um 
local para outro do 
território nacional
212
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Art. 210 Violação de sepultura
Art. 211
Destruição, subtração 
ou ocultação de 
cadáver
Art. 212 Vilipêndio a cadáver
Art. 215 Violação sexual mediante fraude
Art. 215-A Importunação sexual
Art. 216-A, § 2º Assédio sexual
Se não incidir o § 2º, o 
crime é de competência 
do Juizado Especial 
Criminal
Art. 218 Corrupção de menores
Art. 218-A
Satisfação de lascívia 
mediante presença de 
criança ou adolescente
Art. 218-B, caput, 
e § 2º
Favorecimento 
da prostituição ou 
de outra forma de 
exploração sexual de 
criança ou adolescente 
ou de vulnerável
Somente caberá o 
ANPP se o crime for na 
modalidade tentada (art. 
14, II, parágrafo único, 
do Código Penal) 
(art. 28-A, § 1º, do CPP)
Art. 218-C, caput, e §1º
Divulgação de cena de 
estupro ou de cena de 
estupro de vulnerável, 
de cena de sexo ou de 
pornografia
Art. 227, caput, e §2º Mediação para servir a lascívia de outrem
Somente caberá o ANPP 
no caso do § 2º se 
praticado com emprego 
de fraude
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
213
Art. 228, caput, e §1º
Favorecimento da 
prostituição ou outra 
forma de exploração 
sexual
Somente caberá o ANPP 
no caso do § 2º do art. 
228 se praticado com 
emprego de fraude e na 
modalidade tentada (art. 
14, II, parágrafo único, 
do Código Penal) (art. 
28-A, § 1º, do CPP)
Art. 229 Casa de prostituição
Art. 230, caput, e §1º Rufianismo
Somente caberá o 
ANPP no caso do § 2º 
do art. 230 se praticado 
mediante fraude
Art. 232-A, caput,
e §1º
Promoção de migração 
ilegal
Art.235, caput, e §1 º Bigamia
Art. 238
Simulação de 
autoridade para 
celebração de 
casamento
Art. 239 Simulação de casamento
Art. 241 Registro de nascimento inexistente
Art. 242
Parto suposto. 
Supressão ou alteração 
de direito inerente ao 
estado civil de recém-
nascido
Art. 243 Sonegação de estado de filiação
Art. 244, caput, e 
parágrafo único Abandono material
214
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Art. 245, §§ 1º e 2º Entrega de filho menor a pessoa inidônea
Art. 250, caput Incêndio
Não caberá ANPP se 
incidente o § 1º, do art. 
250, pois a pena mínima 
ficará em 4 anos (art. 28-
A, caput, e § 1º, do CPP)
Art. 251, caput, e § 1º Explosão
Não caberá ANPP se 
incidente o § 2º, do 
art. 251 na tipificação 
do caput, pois a pena 
mínima ficará em 4 anos 
(art. 28-A, caput, e § 
1º, do CPP). Já no § 1º, 
mesmo que incidente o § 
2º, cabe ANPP.
Art. 252, caput Uso de gás tóxico ou asfixiante
Art. 254 Inundação
Art. 255 Perigo de inundação
Art. 256, caput Desabamento ou desmoronamento
Art. 257
Subtração, ocultação 
ou inutilização de 
material de salvamento
Art. 259, caput Difusão de doença ou praga
Art. 260, caput Perigo de desastre ferroviário
Art. 261, caput
Atentado contra 
a segurança de 
transporte marítimo, 
fluvial ou aéreo
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
215
Art. 262, § 1º
Atentado contra a 
segurança de outro 
meio de transporte
Art. 264, parágrafo 
único Arremesso de projétil
Art. 265
Atentado contra a 
segurança de serviço 
de utilidade pública
Art. 266
Interrupção ou 
perturbação de serviço 
telegráfico, telefônico, 
informático, telemático 
ou de informação de 
utilidade pública
Art. 271, caput Corrupção ou poluição de água potável
Art. 272
Falsificação, 
corrupção, adulteração 
ou alteração de 
substância ou produtos 
alimentícios
Somente caberá o ANPP 
se o crime for praticado 
na modalidade tentada 
(art. 14, II, parágrafo 
único, do Código Penal)
(art. 28-A, § 1º, do CPP)
Art. 273, § 2º
Falsificação, 
corrupção, adulteração 
ou alteração de 
produto destinado a 
fins terapêuticos ou 
medicinais
Art. 274
Emprego de 
processo proibido 
ou de substância não 
permitida
Art. 275 Invólucro ou recipiente com falsa indicação
Art. 276
Produto ou substância 
nas condições dos dois 
artigos anteriores
216
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Art. 277 Substância destinada à falsificação
Art. 278, caput Outras substâncias nocivas à saúde
Art. 280, caput
Medicamento em 
desacordo com receita 
médica
Art. 288 Associação criminosa
Art. 289, caput, e §§ 1º, 
3º e 4º Moeda falsa
Art. 290 Crimes assimilados ao de moeda falsa
Art. 291 Petrechos para falsificação de moeda
Art. 293, caput, e §§ 1º, 
2º e 3º
Falsificação de papéis 
públicos
Art. 294 Petrechos de falsificação
Art. 296 Falsificação do selo ou sinal público
Art. 297 Falsificação de documento público
Art. 298 Falsificação de documento particular
Art. 299 Falsidade ideológica
Art. 300 Falso reconhecimento de firma ou letra
Art. 303
Reprodução ou 
adulteração de selo ou 
peça filatélica
Art. 304 Uso de documento falso
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
217
Art. 305 Supressão de documento
Art. 306
Falsificação do sinal 
empregado no contraste 
de metal precioso 
ou na fiscalização 
alfandegária, ou para 
outros fins
Art. 309 Fraude de lei sobre estrangeiro
Art. 310 Falsificação de documento público
Art. 311, caput
Adulteração de sinal 
identificador de 
veículo automotor
Não caberá ANPP se 
incidente o § 1º, do art. 
311, pois a pena mínima 
ficará em 4 anos (art. 28-
A, caput, e § 1º, do CPP)
Art. 311-A Fraudes em certames de interesse público
Art. 312, caput, e § 1º Peculato
Art. 313 Peculato mediante erro de outrem
Art. 313-A
Inserção de dados 
falsos em sistema de 
informações
Art. 313-B, parágrafo 
único
Modificação ou 
alteração não 
autorizada de sistema 
de informações
Sem a incidência do 
parágrafo único, o crime 
do art. 313-B admite 
transação penal
Art. 314
Extravio, sonegação ou 
inutilização de livro ou 
documento
Art. 316 Concussão
218
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Art. 317, caput, e § 1º Corrupção passiva
Art. 318
Facilitação de 
contrabando ou 
descaminho
Art. 323, § 2º Abandono de função
Art. 325, § 2º Violação de sigilo profissional
Art. 328, § 2º Usurpação de função pública
Art. 332 Tráfico de Influência
Art. 333 Corrupção ativa
Art. 334 Descaminho
Art. 334-A, caput,
e §1º Contrabando
Não caberá ANPP se 
incidente o § 3º, do 
art. 334-A, pois a pena 
mínima ficará em 4 anos 
(art. 28-A, caput, e § 1º, 
do CPP). Somente seria 
cabível na modalidade 
tentada (art.14, II, 
parágrafo único, do CP)
Art. 337
Subtração ou 
inutilização de livro ou 
documento
Art. 337-A
Sonegação de 
contribuição 
previdenciária
Art. 337-B
Corrupção ativa em 
transação comercial 
internacional
Art. 337-C
Tráfico de 
influência em 
transação comercial 
internacional
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
219
Art.338 Reingresso de estrangeiro expulso
Art. 339 Denunciação caluniosa
Art. 342 Falso testemunho ou falsa perícia
Art. 343, caput
Não caberá ANPP se 
incidente o parágrafo 
único, do art. 343, pois a 
pena mínima ficará em 4 
anos (art. 28-A, caput, e 
§ 1º, do CPP).
Art. 347, parágrafo 
único Fraude processual
Sem a incidência do 
parágrafo único, o 
crime do art. 347 admite 
transação penal
Art. 351, § 1º e § 3º
Fuga de pessoa presa 
ou submetida a medida 
de segurança
Art. 355, caput, e 
parágrafo único Patrocínio infiel
Art. 356
Sonegação de papel 
ou objeto de valor 
probatório
Art. 357 Exploração de prestígio
Art. 359-C
Assunção de obrigação 
no último ano do 
mandato ou legislatura
Art. 359-D Ordenação de despesa não autorizada
Art. 359-G
Aumento de despesa 
total com pessoal no 
último ano do mandato 
ou legislatura
Art. 359-H
Oferta pública ou 
colocação de títulos no 
mercado
220
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
TABELA DE CRIMES PREVISTOS NO ESTATUTO DO 
DESARMAMENTO (Lei nº 10.826/2003) COM POSSIBILIDADE 
DE ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL – ANPP (em vista da 
pena mínima cominada)
Observações:
* A tabela contempla os crimes com pena mínima cominada 
inferior a 4 (quatro) anos (art. 28-A, caput, do CPP);
* Os crimes dolosos perpetrados com violência ou grave ameaça 
à pessoa não constam na presente tabela (art. 28-A, caput, do CPP);
* Os crimes de competência do Juizado Especial Criminal 
também não constam na presente tabela (art. 28-A, §2º, I, do CPP);
* Para o cabimento do ANPP outros pressupostos devem estar 
preenchidos (art. 28-A, caput, do CPP), sobretudo se é ou não o ANPP 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
ARTIGO CRIME OBSERVAÇÃO
Art. 12
 Posse irregular de 
arma de fogo de uso 
permitido
Art. 14 Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
Art. 15 Disparo de arma de fogo
Art. 16, caput, e § 1º
Posse ou porte ilegal 
de arma de fogo de uso 
restrito
Não caberá ANPP se 
incidente o art.20, pois 
a pena mínima ficará 
superior 4 anos (art. 28-
A, caput, e § 1º, do CPP).
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
221
TABELA DE CRIMES PREVISTOS NA LEI nº 11.343/2006 (LEI 
DE DROGAS) COM POSSIBILIDADE DE ACORDO DE NÃO 
PERSECUÇÃO PENAL – ANPP (em vista da pena mínima cominada)
Observações:
* A tabela contempla os crimes com pena mínima cominada 
inferior a 4 (quatro) anos (art. 28-A, caput, do CPP);
* Os crimes dolosos perpetrados com violência ou grave ameaça 
à pessoa não constam na presente tabela (art. 28-A, caput, do CPP);
* Os crimes de competência do Juizado Especial Criminal 
também não constam na presente tabela (art. 28-A, § 2º, I, do CPP);
* Para o cabimento do ANPP outros pressupostos devem estar 
preenchidos (art. 28-A, caput, do CPP), sobretudo se é ou não o ANPP 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
ARTIGO CRIME OBSERVAÇÃO
Art. 33, § 2º Participação no uso indevido de drogas
Art. 33, § 4º Tráfico privilegiado
Art. 34
Tráfico de maquinário 
para fabricação de 
drogas
Não caberá ANPP se 
incidente o art.40, pois 
a pena mínima poderá 
ficar superior 4 anos 
(art. 28-A, caput, e § 1º, 
do CPP).
222
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Art. 35 Associação para fins de tráfico
Não caberá ANPP se 
incidente o art.40, pois 
a pena mínima poderá 
ficar superior 4 anos 
(art. 28-A, caput, e § 1º, 
do CPP).
Art. 37 Colaboração como informante
Art. 39, caput
Condução de 
embarcação ou 
aeronave sob a 
influência de drogas
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
223
TABELA DE CRIMES PREVISTOS NA LEI nº 13.869/2019 (ABUSO 
DE AUTORIDADE) COM POSSIBILIDADE DE ACORDO DE NÃO 
PERSECUÇÃO PENAL – ANPP (em vista da pena mínima cominada)
Observações:
* A tabela contempla os crimes com pena mínima cominada 
inferior a 4 (quatro) anos (art. 28-A, caput, do CPP);
* Os crimes dolosos perpetrados com violência ou grave ameaça 
à pessoa não constam na presente tabela (art. 28-A, caput, do CPP);
* Os crimes de competência do Juizado Especial Criminal 
também não constam na presente tabela (art. 28-A, § 2º, I, do CPP);
* Para o cabimento do ANPP outros pressupostos devem estar 
preenchidos (art. 28-A, caput, do CPP), sobretudo se é ou não o ANPP 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
ARTIGO-CRIME
Art. 9º
Art. 10
Art. 19
Art. 21
Art. 22, caput, e §1º, inciso III
Art. 23
Art. 28
Art. 30
Art. 36
224
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
TABELA DE CRIMES PREVISTOS NO CÓDIGO DE TRÂNSITO 
BRASILEIRO (Lei nº 9.503/1997) COM POSSIBILIDADE DE 
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL – ANPP (em vista da 
pena mínima cominada)
Observações:
* A tabela contempla os crimes com pena mínima cominada 
inferior a 4 (quatro) anos (art. 28-A, caput, do CPP);
* Os crimes dolosos perpetrados com violência ou grave ameaça 
à pessoa não constam na presente tabela (art. 28-A, caput, do CPP);
* Os crimes de competência do Juizado Especial Criminal 
também não constam na presente tabela (art. 28-A, § 2º, I, do CPP);
* Para o cabimento do ANPP outros pressupostos devem estar 
preenchidos (art. 28-A, caput, do CPP), sobretudo se é ou não o ANPP 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
ARTIGO CRIME OBSERVAÇÃO
Art. 302, caput, e § 1º
Homicídio culposo na 
direção de veículo 
automotor
Art. 303, §§ 1º e 2º
Lesão corporal culposa 
na direção de veículo 
automotor
Sem a incidência dos §§ 
1º e 2º, o crime do art. 
303 admite transação 
penal
Art. 306 Embriaguez ao volante
Art. 308, caput e § 1º
Participação em 
competição ou exibição ou 
demonstração de perícia 
em manobra de veículo 
automotor não autorizada
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
225
TABELA DE CRIMES PREVISTOS NA LEI nº 9.605/1998 (CRIMES 
AMBIENTAIS) COM POSSIBILIDADE DE ACORDO DE NÃO 
PERSECUÇÃO PENAL – ANPP (em vista da pena mínima cominada)
Observações:
* A tabela contempla os crimes com pena mínima cominada 
inferior a 4 (quatro) anos (art. 28-A, caput, do CPP);
* Os crimes dolosos perpetrados com violência ou grave ameaça 
à pessoa não constam na presente tabela (art. 28-A, caput, do CPP);
* Os crimes de competência do Juizado Especial Criminal 
também não constam na presente tabela (art. 28-A, § 2º, I, do CPP);
* Para o cabimento do ANPP outros pressupostos devem estar 
preenchidos (art. 28-A, caput, do CPP), sobretudo se é ou não o ANPP 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
ARTIGO - CRIME OBSERVAÇÃO
Art. 29, § 5º
Art. 30
Art. 32, §1º-A e § 2º
Art. 33
Art. 34
Art. 35
Art. 38
226
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
Art. 38-A
Art. 39
Art. 40
Art. 41
Art. 42
Art. 50-A Deve-se observar o § 2º, do art. 50-A
Art. 54, caput, e §§ 2º e 3º Deve-se observar o art.58
Art. 56, caput, e §§ 1º e 2º Deve-se observar o art.58
Art. 61
Art. 62
Art. 63
Art. 66
Art. 67, caput
Art. 68
Art. 69
Art. 69-A Deve-se observar o § 2º do art. 69-A
Questões práticas sobre o acordo de não persecução penal
227
TABELA DE CRIMES PREVISTOS NA LEI nº 8.666/1993 (LEI DE 
LICITAÇÕES) COM POSSIBILIDADE DE ACORDO DE NÃO 
PERSECUÇÃO PENAL – ANPP (em vista da pena mínima cominada)
Observações:
* A tabela contempla os crimes com pena mínima cominada 
inferior a 4 (quatro) anos (art. 28-A, caput, do CPP);
* Os crimes dolosos perpetrados com violência ou grave ameaça 
à pessoa não constam na presente tabela (art. 28-A, caput, do CPP);
* Os crimes de competência do Juizado Especial Criminal 
também não constam na presente tabela (art. 28-A, § 2º, I, do CPP);
* Para o cabimento do ANPP outros pressupostos devem estar 
preenchidos (art. 28-A, caput, do CPP), sobretudo se é ou não o ANPP 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
ARTIGO - CRIME
Art. 89
Art. 90
Art. 92
Art. 94
Art. 96
228
Sandro Carvalho lobato de Carvalho
TABELA DE CRIMES PREVISTOS NA LEI nº 8.137/1990 (CRIMES 
CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, ECONÔMICA E CONTRA AS 
RELAÇÕES DE CONSUMO) COM POSSIBILIDADE DE ACORDO 
DE NÃO PERSECUÇÃOPENAL – ANPP (em vista da pena mínima 
cominada)
Observações:
* A tabela contempla os crimes com pena mínima cominada 
inferior a 4 (quatro) anos (art. 28-A, caput, do CPP);
* Os crimes dolosos perpetrados com violência ou grave ameaça 
à pessoa não constam na presente tabela (art. 28-A, caput, do CPP);
* Os crimes de competência do Juizado Especial Criminal 
também não constam na presente tabela (art. 28-A, §2º, I, do CPP);
* Para o cabimento do ANPP outros pressupostos devem estar 
preenchidos (art. 28-A, caput, do CPP), sobretudo se é ou não o ANPP 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
ARTIGO CRIME OBSERVAÇÃO
Art. 1º
Supressão ou redução 
de tributo, contribuição 
social e qualquer 
acessório
Art. 3º
Crimes funcionais 
contra a administração 
fazendária
Art. 4º Crimes contra a ordem econômica
Art. 7º Crimes contra as relações de consumo
Este livro foi composto na tipologia Times New Roman, em corpo 11, impresso 
em papel offset 24kg, capa em papel cartão supremo 250g, pela Facilita Gráfica 
Digital Ltda - São Luís/MA.

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