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Adenoma: tumor benigno que se desenvolve em glândulas Rever a morfofisiologia da Hipófise, e seus respectivos hormônios; Compreender a etiologia e a epidemiologia do pan-hipopituitarismo; Estudar a fisiopatologia do pan-hipopituitarismo e correlaciona-lo com o quatro clínico da doença. Imagem1. Funções do hipotálamo. A hipófise localiza-se na base do crânio, em uma re- entrância óssea chamada sela túrcica ou turca, e tem a importante função de coordenar o funciona- mento das demais glândulas endócrinas por meio de secreção de hormônios específicos. Hipófise anterior – ou adenohipófise: possui células endócrinas especializadas para a síntese e a secre- ção hormonal e corresponde a 80% do volume da hi- pófise. A regulação de hormônios é feita de pelo hipotálamo – que secreta, predominantemente, substâncias estimuladoras da hipófise, exceto a dopamina, de ação inibitória sobre a secreção de prolactina -, e pelo feedback negativo exercido pelos hormônios das glândulas periféricas – glândulas-alvo dos hor- mônios hipofisários. HORMÔNIO DO CRESCIMENTO – SOMA- TOTROFINAS É estimulado pelo GnRH hipotalâmico e inibido pela somatostatina e pelo IGF-1. Secretado por células chamadas somatotrofos (50% das células da ade- nohipófise), estimula: Crescimento linear; Regula o metabolismo intermediário; Induz à produção de IGF-1 (fator de crescimento insulina-like 1) no fígado. GONADOTROFINAS – LH E FSH O hormônio luteinizante (LH) e o folículo-estimu- lante (FSH)- secretados pelos gonadotrofos (10% das células da adenohipófise) – são estimulados pelo GnRH secretado pelo hipotálamo e inibidos por es- trogênio, testosterona e inibina. Estimulam a secreção hormonal nas gônodas (ová- rio e testículo), a ovulação e a espermatogênese. PROLACTINA Secretada pelos lactotrofos (15% das células da ade- nohipófise), é estimulada pelo estrogênio e pelo TRH. Seu principal regulador é a dopamina hipotalâmica, que inibe a secreção de prolactina – ao contrário de todos os outros hormônios hipofisários, que têm tônus predominantemente estimulatório. Induz ao crescimento mamário e à secreção de leite durante a gravidez e a lactação. TIREOTROFINA Secretada pelos tireotrofos (5%), a tireotrofina (TSF) é estimulada pelo TRH (hipotalâmico) e inibida pela somatostatina e pelo T3 intracelular (hormônio tire- oidiano ativo). Estimula o funcionamento e o cresci- mento da tireoide. HORMÔNIO ADRENOCORTICOTRÓFICO Secretado pelos corticotrofos (15%), o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) é estimulado pelo CRH produzido no hipotálamo e inibido pelos glicocorti- coides. Estimula a síntese de glicocorticoides e androgê- nios pelas adrenais. É composta pelos axônios de neurônios, cujos cor- pos celulares estão no hipotálamo. Assim, os hormônios neuro-hipofisários (ADH e oci- tocina) são sintetizados no hipotálamo (núcleos pa- raventriculares e supraópticos), levados à hipófise posterior por intermédio da haste hipofisária e ape- nas secretados pela neuro-hipófise. HORMÔNIOS DA NEUROHIPÓFISE O hormônio antidiurético (ADH, ou vasopressina) re- gula a osmolaridade plasmática por meio do con- trole da sede e da diurese. A ocitocina, outro hormônio secretado na hipófise posterior, estimula as contrações uterinas durante o parto e tem algum efeito antidiurético seme- lhante ao do ADH. A deficiência de hormônios hipofisários pode ser isolada (um único hormônio ) ou múltipla. A defici- ência de todos os hormônios da adenohipófise é co- nhecida como pan-hipopituitarismo. Disfunções na própria hipófise ou no hipotálamo po- dem levar a hipopituitarismo e ser adquiridas ou congênitas. Pode ser resultado de distúrbios hereditários, po- rém, mais comumente, o hipopituitarismo do adulto é adquirido e reflete o efeito de uma massa compressiva de um traumatismo hipofisário ou hi- potalâmico, um processo inflamatório ou um dano vascular. ETIOLOGIA As causas mais comuns são as adquiridas. Os tumo- res da região selar, principalmente os macroadeno- mas hipofisários, bem como as sequelas do seu tra- tamento – cirúrgico e/ou radioterápico -, são o prin- cipal grupo de etiologias do hipopituitarismo (76% dos casos). A segunda lesão tumoral mais comum a determinar hipopituitarismo é o craniofaringioma (13%), neoplasia localizada na região suprasselar que cos- tuma apresentar componente cístico e calcificação e pode atingir grande volume. Uma ampla gama de distúrbios da hipófise ou do hi- potálamo também pode determinar hipopituita- rismo. Tabela 1. Causas de hipopituitarismo. SÍNDROME DE SHEEHAN É uma causa de hipopituitarismo cada vez menos comum, em razão do melhor cuidado obstétrico. Corresponde, atualmente, a cerca de 0,5% dos ca- sos de hipopituitarismo. Trata-se da necrose hipofisária, parcial ou total, que ocorre quando há hemorragia periparto volumosa, com repercussões hemodinâmicas (choque). Nesse período, a hipófise encontra-se aumentada em volume e função pelas necessidades da própria gestação, o que aumenta a sua suscetibilidade à le- são isquêmica. Os primeiros sinais clínicos costumam ser agalactia (impossibilidade de amamentar) e falta de retorno dos ciclos menstruais após o parto; manifestações decorrentes do hipotireoidismo, deficiência de GH e insuficiência adrenal costumam surgir mais tardia- mente. A hipofisite linfocítica é outra causa de hipopituita- rismo, que costuma surgir ou piorar no puerpério e tem etiologia autoimune. HISTIOCITOSE X A histiocitose X é um distúrbio do sistema reticulo- endotelial, caracterizado pela proliferação de ma- crófagos, com ou sem reação inflamatória associ- ada de eosinófilos, neurófilos e células mononucle- ares envolvendo o tegumento o osso e as vísceras. Tem etiologia desconhecida e deve ser considerada em jovens com Diabetes Insipidus (DI) ou hipopitui- tarismo de etiologia não tumoral. O espessamento da haste hipofisária é um achado bastante suges- tivo de histiocitose X nesses casos. Causas congênitas de hipopituitarismo são raras (1:8.000 nascidos vivos) e podem cursar com defici- ências hormonais múltiplas ou isoladas, a depender do gene mutado. QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO O quadro clínico depende de quais hormônios estão deficientes e do grau de deficiência desses hormô- nios – se parcial ou completa. Sempre que for diagnosticado tumor hipofisário ou deficiência de um hormônio hipofisário, deve-se pesquisar a presença de deficiência de todas as sé- ries. LH/FSH Sua deficiência causa o chamado hipogonadismo Hipogonadotrófico. Quadros adquiridos cursam com: Perda de pelos corpóreos, principalmente na axila e no pube; Diminuição da libido; Risco aumentado de osteopenia/osteoporose; Infertilidade. Homens tem redução do crescimento da barba, dis- função erétil e perda de massa muscular, enquanto mulheres apresentam amenorreia ou oligoespanio- menorreia e sintomas de hipoestrogenismo: adina- mia, Dispareunia e hipotrofia mamária. Micropênis e criptorquidia podem estar presentes em casos congênitos. Deficiência de LH e FSH na in- fância ou adolescência cursa com atraso puberal e amenorreia primária. A causa mais comum da deficiência isolada de LH/FSH é a síndrome de Kallmann, uma doença recessiva ligada ao X, que acomete, principalmente, o sexo masculino (5:1). Hiposmia ou anosmia são característicos, pela hi- poplasia do bulbo olfatório; metade dos pacientes também tem agenesia renal unilateral. Laboratorialmente, observam-se testosterona ou estradio baixos, ou no limite inferior do normal, na presença de LH e FSH baixos – ou normais – baixos, inapropriadamente normais. GH Sua deficiência causa baixa estatura em crianças. Em adultos, as manifestações podem ser menos ca- racterísticas: Obesidade central; Hipertensão arterial; Hipercolesterolemia; Redução do débito cardíaco e da tolerância a exercício; Astenia; Perda de massa muscular; Depressão e isolamento social. Essas alteraçõesprovavelmente respondem pelo risco aumentado de morte cardiovascular obser- vado nesses pacientes. A deficiência de GH é encontrada em praticamente todos os que tem deficiência de 3 outros hormônios adeno-hipofisários. Pode ser necessário um teste de estímulo para di- agnóstico definitivo: Hipoglicemia induzida por insulina é padrão- ouro, mas com efeitos adversos potencial- mente graves; Clonidina (apenas em crianças); Arginina intravenosa ou levodopa/carbidopa. A reposição de GH, que é fundamental nas crianças deficientes, é controversa em adultos com deficiên- cia de GH, uma vez que melhora a composição cor- pórea (efeito lipolítico), mas ainda não demonstrou benefícios clínicos mais significativos. TSH O hipotireoidismo secundário, causado pela defici- ência de TSH, é uma causa rara de hipotireoidismo. Observam-se T4 livre baixo ou inadequadamente normal, mas, eventualmente, o TSH pode estar dis- cretamente elevado – moléculas sem atividade bio- lógica. ACTH Sua carência leva à insuficiência adrenal secundá- ria. Geralmente, as manifestações clínicas são mais leves do que na insuficiência adrenal primária (por patologias adrenais), visto que a secreção de mine- ralocorticoides, regulada pelo sistema renina-angi- otensina-aldosterona, e não pelo ACTH, é preser- vada na insuficiência adrenal secundária, enquanto na insuficiência adrenal primária ela é perdida, po- dendo levar a quadros graves de hipotensão e hiper- calemia. O diagnóstico é feito com cortisol baixo (basal <3 ug/dL ou após o estímulo com ACTH < 18 ug/dL); o ACTH está baixo ou inadequadamente normal. Não há hiperpigmentação cutaneomucosa nem hi- percalemia na insuficiência adrenal secundária; o achado dessas alterações sugere hipoadrenalismo primário por doença próprio das glândulas adre- nais. A hiponatremia ocorre na insuficiência adrenal in- dependentemente da etiologia, uma vez que baixos níveis de cortisol estimulam a secreção de ADH, com consequente reabsorção de água livre pelos rins. PROLACTINA Sua deficiência manifesta-se, principalmente, pela incapacidade de amamentar (agalactia) no puerpé- rio. Entretanto, a prolactina pode estar aumentada nos casos de doença hipotalâmica ou compressão da haste hipofisária por tumores parasselares, devido à perda da inibição tônica pela dopamina produzida no hipotálamo. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DA HIPÓFISE Na avaliação do hipopituitarismo, deve-se realizar o estudo por imagem da região da sela túrcica (hipó- fise) e hipotálamo. A ressonância magnética é o exame de escolha, pela maior sensibilidade para lesões pequenas ou dis- cretas. Tumores podem ser visualizados como le- sões expansivas. A histiocitose X pode produzir espessamento da haste hipofisária. Causas congênitas podem cursar com hipoplasia hipofisária ou síndrome da “sela va- zia” – preenchimento da sela túrcica por líquido ce- rebrospinal. REFERÊNCIA Diehl LA, Migliano Porto JNC. Endocrinologia. 1ed. São Paulo: Medcel; 2018. Porth CM, Matfin G. Fisiopatologia. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2015.
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