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Problema 7 A vida nao presta

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Adenoma: tumor benigno que se desenvolve em glândulas 
 
 
 Rever a morfofisiologia da Hipófise, e seus respectivos hormônios; 
 Compreender a etiologia e a epidemiologia do pan-hipopituitarismo; 
 Estudar a fisiopatologia do pan-hipopituitarismo e correlaciona-lo com o quatro clínico da doença. 
 
 
Imagem1. Funções do hipotálamo. 
A hipófise localiza-se na base do crânio, em uma re-
entrância óssea chamada sela túrcica ou turca, e 
tem a importante função de coordenar o funciona-
mento das demais glândulas endócrinas por meio 
de secreção de hormônios específicos. 
Hipófise anterior – ou adenohipófise: possui células 
endócrinas especializadas para a síntese e a secre-
ção hormonal e corresponde a 80% do volume da hi-
pófise. 
A regulação de hormônios é feita de pelo hipotálamo 
– que secreta, predominantemente, substâncias 
estimuladoras da hipófise, exceto a dopamina, de 
ação inibitória sobre a secreção de prolactina -, e 
pelo feedback negativo exercido pelos hormônios 
das glândulas periféricas – glândulas-alvo dos hor-
mônios hipofisários. 
HORMÔNIO DO CRESCIMENTO – SOMA-
TOTROFINAS 
É estimulado pelo GnRH hipotalâmico e inibido pela 
somatostatina e pelo IGF-1. Secretado por células 
chamadas somatotrofos (50% das células da ade-
nohipófise), estimula: 
 Crescimento linear; 
 Regula o metabolismo intermediário; 
 Induz à produção de IGF-1 (fator de crescimento 
insulina-like 1) no fígado. 
GONADOTROFINAS – LH E FSH 
O hormônio luteinizante (LH) e o folículo-estimu-
lante (FSH)- secretados pelos gonadotrofos (10% das 
células da adenohipófise) – são estimulados pelo 
GnRH secretado pelo hipotálamo e inibidos por es-
trogênio, testosterona e inibina. 
Estimulam a secreção hormonal nas gônodas (ová-
rio e testículo), a ovulação e a espermatogênese. 
PROLACTINA 
Secretada pelos lactotrofos (15% das células da ade-
nohipófise), é estimulada pelo estrogênio e pelo 
TRH. 
Seu principal regulador é a dopamina hipotalâmica, 
que inibe a secreção de prolactina – ao contrário de 
todos os outros hormônios hipofisários, que têm 
tônus predominantemente estimulatório. 
Induz ao crescimento mamário e à secreção de leite 
durante a gravidez e a lactação. 
TIREOTROFINA 
Secretada pelos tireotrofos (5%), a tireotrofina (TSF) 
é estimulada pelo TRH (hipotalâmico) e inibida pela 
somatostatina e pelo T3 intracelular (hormônio tire-
oidiano ativo). Estimula o funcionamento e o cresci-
mento da tireoide. 
HORMÔNIO ADRENOCORTICOTRÓFICO 
Secretado pelos corticotrofos (15%), o hormônio 
adrenocorticotrófico (ACTH) é estimulado pelo CRH 
 
produzido no hipotálamo e inibido pelos glicocorti-
coides. 
Estimula a síntese de glicocorticoides e androgê-
nios pelas adrenais. 
É composta pelos axônios de neurônios, cujos cor-
pos celulares estão no hipotálamo. 
Assim, os hormônios neuro-hipofisários (ADH e oci-
tocina) são sintetizados no hipotálamo (núcleos pa-
raventriculares e supraópticos), levados à hipófise 
posterior por intermédio da haste hipofisária e ape-
nas secretados pela neuro-hipófise. 
HORMÔNIOS DA NEUROHIPÓFISE 
O hormônio antidiurético (ADH, ou vasopressina) re-
gula a osmolaridade plasmática por meio do con-
trole da sede e da diurese. 
A ocitocina, outro hormônio secretado na hipófise 
posterior, estimula as contrações uterinas durante 
o parto e tem algum efeito antidiurético seme-
lhante ao do ADH. 
A deficiência de hormônios hipofisários pode ser 
isolada (um único hormônio ) ou múltipla. A defici-
ência de todos os hormônios da adenohipófise é co-
nhecida como pan-hipopituitarismo. 
Disfunções na própria hipófise ou no hipotálamo po-
dem levar a hipopituitarismo e ser adquiridas ou 
congênitas. 
Pode ser resultado de distúrbios hereditários, po-
rém, mais comumente, o hipopituitarismo do 
adulto é adquirido e reflete o efeito de uma massa 
compressiva de um traumatismo hipofisário ou hi-
potalâmico, um processo inflamatório ou um dano 
vascular. 
ETIOLOGIA 
As causas mais comuns são as adquiridas. Os tumo-
res da região selar, principalmente os macroadeno-
mas hipofisários, bem como as sequelas do seu tra-
tamento – cirúrgico e/ou radioterápico -, são o prin-
cipal grupo de etiologias do hipopituitarismo (76% 
dos casos). 
A segunda lesão tumoral mais comum a determinar 
hipopituitarismo é o craniofaringioma (13%), 
neoplasia localizada na região suprasselar que cos-
tuma apresentar componente cístico e calcificação 
e pode atingir grande volume. 
Uma ampla gama de distúrbios da hipófise ou do hi-
potálamo também pode determinar hipopituita-
rismo. 
Tabela 1. Causas de hipopituitarismo. 
 
SÍNDROME DE SHEEHAN 
É uma causa de hipopituitarismo cada vez menos 
comum, em razão do melhor cuidado obstétrico. 
Corresponde, atualmente, a cerca de 0,5% dos ca-
sos de hipopituitarismo. 
Trata-se da necrose hipofisária, parcial ou total, que 
ocorre quando há hemorragia periparto volumosa, 
com repercussões hemodinâmicas (choque). 
Nesse período, a hipófise encontra-se aumentada 
em volume e função pelas necessidades da própria 
gestação, o que aumenta a sua suscetibilidade à le-
são isquêmica. 
Os primeiros sinais clínicos costumam ser agalactia 
(impossibilidade de amamentar) e falta de retorno 
dos ciclos menstruais após o parto; manifestações 
decorrentes do hipotireoidismo, deficiência de GH e 
 
insuficiência adrenal costumam surgir mais tardia-
mente. 
A hipofisite linfocítica é outra causa de hipopituita-
rismo, que costuma surgir ou piorar no puerpério e 
tem etiologia autoimune. 
HISTIOCITOSE X 
A histiocitose X é um distúrbio do sistema reticulo-
endotelial, caracterizado pela proliferação de ma-
crófagos, com ou sem reação inflamatória associ-
ada de eosinófilos, neurófilos e células mononucle-
ares envolvendo o tegumento o osso e as vísceras. 
Tem etiologia desconhecida e deve ser considerada 
em jovens com Diabetes Insipidus (DI) ou hipopitui-
tarismo de etiologia não tumoral. O espessamento 
da haste hipofisária é um achado bastante suges-
tivo de histiocitose X nesses casos. 
Causas congênitas de hipopituitarismo são raras 
(1:8.000 nascidos vivos) e podem cursar com defici-
ências hormonais múltiplas ou isoladas, a depender 
do gene mutado. 
QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO 
O quadro clínico depende de quais hormônios estão 
deficientes e do grau de deficiência desses hormô-
nios – se parcial ou completa. 
Sempre que for diagnosticado tumor hipofisário ou 
deficiência de um hormônio hipofisário, deve-se 
pesquisar a presença de deficiência de todas as sé-
ries. 
LH/FSH 
Sua deficiência causa o chamado hipogonadismo 
Hipogonadotrófico. Quadros adquiridos cursam 
com: 
 Perda de pelos corpóreos, principalmente na 
axila e no pube; 
 Diminuição da libido; 
 Risco aumentado de osteopenia/osteoporose; 
 Infertilidade. 
Homens tem redução do crescimento da barba, dis-
função erétil e perda de massa muscular, enquanto 
mulheres apresentam amenorreia ou oligoespanio-
menorreia e sintomas de hipoestrogenismo: adina-
mia, Dispareunia e hipotrofia mamária. 
Micropênis e criptorquidia podem estar presentes 
em casos congênitos. Deficiência de LH e FSH na in-
fância ou adolescência cursa com atraso puberal e 
amenorreia primária. 
A causa mais comum da deficiência isolada de 
LH/FSH é a síndrome de Kallmann, uma doença 
recessiva ligada ao X, que acomete, principalmente, 
o sexo masculino (5:1). 
Hiposmia ou anosmia são característicos, pela hi-
poplasia do bulbo olfatório; metade dos pacientes 
também tem agenesia renal unilateral. 
Laboratorialmente, observam-se testosterona ou 
estradio baixos, ou no limite inferior do normal, na 
presença de LH e FSH baixos – ou normais – baixos, 
inapropriadamente normais. 
GH 
Sua deficiência causa baixa estatura em crianças. 
Em adultos, as manifestações podem ser menos ca-
racterísticas: 
 Obesidade central; 
 Hipertensão arterial; 
 Hipercolesterolemia; 
 Redução do débito cardíaco e da tolerância a 
exercício; 
 Astenia; 
 Perda de massa muscular; 
 Depressão e isolamento social. 
Essas alteraçõesprovavelmente respondem pelo 
risco aumentado de morte cardiovascular obser-
vado nesses pacientes. 
A deficiência de GH é encontrada em praticamente 
todos os que tem deficiência de 3 outros hormônios 
adeno-hipofisários. 
Pode ser necessário um teste de estímulo para di-
agnóstico definitivo: 
 Hipoglicemia induzida por insulina é padrão-
ouro, mas com efeitos adversos potencial-
mente graves; 
 Clonidina (apenas em crianças); 
 Arginina intravenosa ou levodopa/carbidopa. 
A reposição de GH, que é fundamental nas crianças 
deficientes, é controversa em adultos com deficiên-
cia de GH, uma vez que melhora a composição cor-
pórea (efeito lipolítico), mas ainda não demonstrou 
benefícios clínicos mais significativos. 
TSH 
O hipotireoidismo secundário, causado pela defici-
ência de TSH, é uma causa rara de hipotireoidismo. 
Observam-se T4 livre baixo ou inadequadamente 
normal, mas, eventualmente, o TSH pode estar dis-
cretamente elevado – moléculas sem atividade bio-
lógica. 
ACTH 
Sua carência leva à insuficiência adrenal secundá-
ria. Geralmente, as manifestações clínicas são mais 
 
leves do que na insuficiência adrenal primária (por 
patologias adrenais), visto que a secreção de mine-
ralocorticoides, regulada pelo sistema renina-angi-
otensina-aldosterona, e não pelo ACTH, é preser-
vada na insuficiência adrenal secundária, enquanto 
na insuficiência adrenal primária ela é perdida, po-
dendo levar a quadros graves de hipotensão e hiper-
calemia. 
O diagnóstico é feito com cortisol baixo (basal <3 
ug/dL ou após o estímulo com ACTH < 18 ug/dL); o 
ACTH está baixo ou inadequadamente normal. 
Não há hiperpigmentação cutaneomucosa nem hi-
percalemia na insuficiência adrenal secundária; o 
achado dessas alterações sugere hipoadrenalismo 
primário por doença próprio das glândulas adre-
nais. 
A hiponatremia ocorre na insuficiência adrenal in-
dependentemente da etiologia, uma vez que baixos 
níveis de cortisol estimulam a secreção de ADH, com 
consequente reabsorção de água livre pelos rins. 
PROLACTINA 
Sua deficiência manifesta-se, principalmente, pela 
incapacidade de amamentar (agalactia) no puerpé-
rio. 
Entretanto, a prolactina pode estar aumentada nos 
casos de doença hipotalâmica ou compressão da 
haste hipofisária por tumores parasselares, devido 
à perda da inibição tônica pela dopamina produzida 
no hipotálamo. 
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DA HIPÓFISE 
Na avaliação do hipopituitarismo, deve-se realizar o 
estudo por imagem da região da sela túrcica (hipó-
fise) e hipotálamo. 
A ressonância magnética é o exame de escolha, pela 
maior sensibilidade para lesões pequenas ou dis-
cretas. Tumores podem ser visualizados como le-
sões expansivas. 
A histiocitose X pode produzir espessamento da 
haste hipofisária. Causas congênitas podem cursar 
com hipoplasia hipofisária ou síndrome da “sela va-
zia” – preenchimento da sela túrcica por líquido ce-
rebrospinal. 
REFERÊNCIA 
 Diehl LA, Migliano Porto JNC. Endocrinologia. 1ed. 
São Paulo: Medcel; 2018. 
 Porth CM, Matfin G. Fisiopatologia. 9ª ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara-Koogan, 2015.

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