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PROTOCOLOS E ROTINAS DE TRABALHO DA SEGURANÇA DO TRABALHO - laboratório

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PROTOCOLOS E ROTINAS DE TRABALHO DA SEGURANÇA DO TRABALHO
É muito complexo constituir a rotina de trabalho do técnico em Segurança do Trabalho, pois cada dia é diferente do outro. De fato, por isso, ela não pode sequer ser considerada rotina. Literalmente, a palavra rotina significa “hábito de fazer sempre as mesmas coisas ou sempre da mesma maneira”.
Embora o técnico em Segurança do Trabalho faça quase as mesmas coisas todos os dias, isso não quer dizer que as esteja fazendo da mesma maneira, nem no mesmo horário ou com as mesmas pessoas envolvidas. Assim, parece preferível dizer que o técnico em Segurança do Trabalho tem atribuições e atividades, em vez de rotinas.
Como cada empresa é diferente da outra e também possui necessidades diferentes, em cada momento podem ocorrer situações que nunca haviam ocorrido. Nesse momento, o profissional da segurança deve estar preparado.
Seguindo esse raciocínio, de acordo com a descrição sumária da Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho (MTE/CBO), pode-se listar algumas das responsabilidades do técnico em Segurança do Trabalho, como:
• Elaborar, participar da elaboração e implementar política de saúde e segurança no trabalho (SST).
• Realizar auditorias, acompanhamento e avaliação na área.
• Identificar variáveis de controle de doenças, acidentes, qualidade de vida e ambiente.
• Desenvolver ações educativas na área de saúde e segurança no trabalho.
• Participar de perícias e fiscalizações e integrar processos de negociação.
• Participar da adoção de tecnologias e processos de trabalho.
• Gerenciar documentação de SST.
• Investigar, analisar acidentes e recomendar medidas de prevenção e controle.
É muito importante o profissional de Segurança do Trabalho tomar conhecimento da Portaria n. 3.275, de 21 de setembro de 1989, na qual todas as atividades são detalhadas.
PROCEDIMENTOS ROTINEIROS E NÃO ROTINEIROS DE SEGURANÇA DO TRABALHO
Pensando na melhoria da qualidade de seus serviços e processos, as empresas buscam, cada vez mais, a melhoria na qualidade de vida de seus colaboradores. Para tanto, é patente a ideia de que os colaboradores devem estar inseridos em um planejamento no qual as ações visem a beneficiar e apoiar o desenvolvimento do ser humano, obtendo, por consequência, maior produtividade e competitividade, com desenvolvimento profissional e pessoal, além de se classificar a empresa como cumpridora de normas legais.
O grande diferencial para o sucesso de qualquer plano de gestão – e, neste caso específico, a gestão em saúde, ambiente e segurança do trabalho – é, sem dúvida, o ser humano. Portanto, ele deve sempre ser valorizado e incentivado em suas ideias e ações; o ser humano deve ser sempre considerado o grande patrimônio do qual uma empresa pode dispor para produzir mais e melhor, afinal são as pessoas que integram uma empresa que fazem seu diferencial.
Para que os colaboradores se sintam mais valorizados e com sua integridade física protegida, é importante o investimento em ações nas áreas de preservação do ambiente, higiene, saúde e segurança do trabalhador. Para tanto, são de grande valor os programas que as empresas têm implantado a fim de preservar a saúde e a integridade física de seus colaboradores, prestadores de serviços e visitantes, de forma ordenada, participativa e evolutiva. E sobretudo contemplando ações em áreas de maior risco, até atender a todo o seu ciclo de implantação, com medidas de antecipação, reconhecimento e avaliação dos riscos ambientais encontrados.
Como uma visão geral, pode-se considerar que a OHSAS 18001 (um sistema de gestão que veio para auxiliar as Normas implantadas pelo Ministério do Trabalho e que consiste em um sistema de gestão), assim como a ISO 9000 e ISO 14000, é uma ferramenta que permite às empresas atingir e sistematicamente controlar e melhorar o nível do desempenho da saúde e segurança do trabalho por elas mesmas estabelecido. Porém, diferente da ISO, a OHSAS 18001 tem seu foco voltado para a saúde e segurança ocupacional.
Para melhor entendimento, OHSAS, sigla em inglês, pode ser traduzida como Avaliação de Saúde e Segurança Ocupacional e, assim como outros sistemas de gerenciamento, possui claramente definidas em seu escopo as etapas que a compõem, ou seja:
• definição de objetivos;
• indicadores de causas e efeitos;
• metas a serem atingidas;
• plano de ação.
Para a sociedade em geral e principalmente para profissionais da área da segurança, as empresas que possuem essa certificação demonstram claramente um diferencial, o qual, com certeza, é constatado na valorização de seus funcionários, podendo ser demonstrado na qualidade do seu Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e na qualidade de vida proposta aos colaboradores.
O envolvimento dos funcionários no processo de implantação desse sistema de qualidade é, assim como outros sistemas, de fundamental importância.
A maioria das empresas busca a implantação da gestão em saúde e segurança do trabalho voltada aos benefícios.
Além de cumprir o recomendado pelas Normas Regulamentadoras, a implantação da gestão em saúde e segurança do trabalho traz como principais benefícios:
• Redução de riscos de acidentes e de doenças profissionais.
• Redução de custos (indenizações, multas, prêmios de seguro, prejuízos resultantes de acidentes, dias de trabalho perdidos).
• Melhoria geral da produtividade e do desempenho da organização.
• Conformidade com a legislação vigente.
• Motivação dos colaboradores em um ambiente de trabalho seguro e saudável.
• Abrangência das atividades de prevenção a toda a organização.
• Redução das taxas de absenteísmo (faltas).
Mas não são somente estes itens. Há também as vantagens perante a sociedade, dentre as quais: imagem de responsabilidade social da organização e compromisso para com o cumprimento da legislação aplicável.
É nesse ponto que o profissional da área encontra um grande desafio. Para o mercado de hoje, não basta apenas fornecer um produto com qualidade ou com baixos custos; é necessário também que as empresas demonstrem que seus processos são controlados de forma eficiente e responsável e que podem fornecer produtos e serviços de confiança.
Outra atitude imprescindível à empresa é demonstrar preocupação com o ambiente e, principalmente, com a saúde de seus colaboradores. E é neste aspecto que o técnico, em conjunto ao restante do SESMT, encontra alguns problemas e desafios que podem causar impasse durante a implantação do sistema de gestão em saúde e segurança do trabalho.
Algumas empresas podem encontrar empecilhos, como a falta de comprometimento das pessoas, dificuldades na adequação às condições da norma em relação à realidade da empresa e nas modificações necessárias no dia a dia, além do custo alto e a grande complicação.
Após lidar com todos os desafios encontrados durante a implantação, o profissional da área pode auxiliar na elaboração de documentos que supram as necessidades da empresa, assim como:
• Programas de prevenção de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) e lesões por esforços repetitivos (LER).
• Programa de Conservação Auditiva (PCA).
• Mapas de riscos, junto à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).
• Planos de Abandono de Área (PAE).
• Programa de Prevenção de Riscos em Prensas e Similares (PPRPS).
• Elaboração, gerenciamento e controle do formulário do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP).
• Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT).
• Laudo Técnico de Insalubridade e Periculosidade (LTIP).
Além disso, o profissional pode ajudar com os treinamentos para:
• segurança para operação de ponte rolante;
• segurança para operador de empilhadeira;
• segurança para realização de trabalho em altura;
• uso correto de equipamentos de proteção individual;
• noções de primeiros socorros;
• investigação de acidentes – método de árvore de causas.
DEFINIÇÃO DAS CONDIÇÕES MATERIAIS E HUMANAS NECESSÁRIAS PARA A IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO DE SEGURANÇA DO TRABALHO
Segundo Vezzani (2002), uma políticade segurança deve ir além dos aspectos ergonômicos, físicos, químicos e biológicos; deve também abranger as questões relativas ao ambiente do trabalho, pois o homem está inserido nesse ambiente de forma integral, bem como seu local de trabalho.
O autor diz, ainda, que uma política de segurança que se destine ao ambiente do trabalho deve estar associada a questões relativas à segurança ambiental, social e do trabalho, tornando, assim, necessárias a verificação das condições irregulares e a neutralização dos riscos, por meio de processos de gestão adequados ao ambiente como um todo.
Existem, de fato, situações específicas que provocam descontrole de situações, como, por exemplo, piso escorregadio, derrame de líquidos, objetos contundentes, limpeza e higiene, controle de venda de bebidas alcoólicas, combate a incêndios e catástrofes, além do envolvimento com o ambiente. Tais condições determinam o estudo e conhecimento das áreas e suas condições de uso.
Os programas e planos de gestão de segurança no trabalho são instrumentos de grande importância para a prevenção de acidentes.
Um acidente sempre deve ser interpretado como um fenômeno de muitas faces e resultante da interação de vários fatores, incluindo sua origem física, biológica, psicológica, social ou cultural. Para tanto, devem ser muito valorizados os materiais e as condições humanas envolvidos. Deve-se seguir um plano de gestão como o sugerido por Cavassa (2001) como o mostrado na Figura.
IMPACTOS DO SERVIÇO DE SEGURANÇA DO TRABALHO EM UMA EMPRESA
A atenção com a saúde e a segurança no ambiente de trabalho não é um campo somente das ciências exatas, mas também de métodos e práticas comuns do dia a dia. Trata-se de trabalhos de prevenção executados por profissionais da área e dos impactos do serviço de segurança do trabalho causados em uma empresa. Atualmente, além de qualidade no que se produz, o mercado exige das empresas atenção especial a seus talentos humanos, ou seja, a empresa que demonstra valorização de seus funcionários pode manter-se no mercado por muito mais tempo que outras que não o fazem. Tal avaliação também ocorre do ponto de vista do funcionário, pois se ele é valorizado, consequentemente se sente mais satisfeito que o funcionário de outra empresa que não se atenta a essas questões. Finalmente, tendo funcionários mais satisfeitos, tem-se maior produtividade.
1. Plano de gestão (CAVASSA, 2001).
As empresas que buscam se destacar devem, portanto, adotar conceitos preventivos, que, além de prevenirem perdas, elevem a qualidade de vida de seus colaboradores, evitando, assim, os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais.
Em resumo, pode-se exemplificar dizendo que as empresas podem e devem utilizar-se de ferramentas de segurança que lhes permitam impactar seu cotidiano. Tais ferramentas são os programas que buscam a prevenção de acidentes e doenças, como o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), capaz de evitar uma série de incovenientes ao trabalhador, por meio de avaliação e antecipação dos riscos. É com ferramentas como esta que se chega a um ambiente de trabalho saudável e, assim, pode-se atingir a conscientização dos trabalhadores e empregadores quanto aos riscos.
Uma empresa que conta com um ambiente de trabalho ameno e que envolve segurança do trabalho em todos os seus setores faz uso em larga escala das várias Normas Regulamentadoras (NR) e leis que conduzem à segurança, pois tais Normas recomendam os limites, os direitos e os deveres dos trabalhadores.
O cumprimento das NR é item de grande importância na prevenção de acidentes, bem como na defesa da saúde do trabalhador, evitando-se, assim, custos à empresa. Para Oliveira (1998, p. 116), “as empresas têm o dever de cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho”. Então, o impacto mais positivo do serviço de segurança do trabalho em uma empresa ocorre quando se obtém a conscientização das pessoas, que passam a entender e a multiplicar a ideia da importância dos programas de prevenção.
DIAGNÓSTICO DA EMPRESA EM RELAÇÃO À SEGURANÇA DO TRABALHO
A prática da segurança e saúde do trabalhador traz grandes desafios às empresas, principalmente às de pequeno porte. Em sua maioria, essas empresas estão desobrigadas de manter um Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) próprio, mas por ouvirem boatos e comentários, veem-se obrigadas a responder a esse assunto, sem estarem organizadas, tampouco bem assessoradas.
Cada empresa tem suas particularidades, e, portanto, uma empresa é diferente da outra. Essas diferenças precisam ser levadas em conta quando se planejam estratégias, leis ou ações que pretendam atingir o universo das pequenas empresas. As questões que envolvem direitos trabalhistas são ainda mais complexas, pois não se pode suprimir direitos de colaboradores de pequenas empresas, já que eles não são nem mais nem menos importantes – como pessoas – do que os funcionários das grandes corporações. O que se deve ter são formas alternativas de aplicação da lei, por exemplo, de maneira que se possa equiparar direitos tratando as diferenças entre grandes e pequenas organizações.
Geração de Postos de Trabalho ou Ocupação
Outro aspecto a ser considerado é a enorme importância da pequena empresa na geração de postos de trabalho. O emprego formal como se conhece hoje em dia está declinando, juntamente com o movimento econômico que o criou, a revolução industrial, que é lentamente substituída por outro movimento: a revolução da informação. Em vista disso, não se deve falar em busca de “emprego decente”, mas sim em “postos de trabalho” com condições decentes. A expressão “posto de trabalho”, que muito bem poderia ser substituída por “ocupação”, neste contexto, é muito mais abrangente do que simplesmente “emprego”.
Os governos, de maneira geral, esforçam-se em criar empregos quando, na verdade, deveriam pensar em criar ocupação para seus cidadãos, buscando formas alternativas de ocupação que possam incorporar decentemente um exército de pessoas hoje desempregadas à população economicamente ativa, restituindo-lhes a esperança e a cidadania, ou seja, ir ao encontro do futuro. O empreendedorismo, com a consequente criação de micro e pequenas empresas, é peça fundamental nessa engrenagem. O impressionante é que isso já está acontecendo de fato (uma parte considerável da mão de obra está em pequenas empresas, não raro de maneira informal), mas sem que haja uma política social coerente. O apoio ao empreendedor e a outras formas de ocupação ainda é muito tímido no Brasil, fazendo com que esse movimento esteja, muitas vezes, às margens da Lei.
Em relação à Segurança e Saúde do Trabalho (SST), aqueles que trabalham na área sabem que praticamente todos os acidentes do trabalho são causados por fatores que poderiam ter sido prevenidos e eliminados caso se aplicassem medidas preventivas, na grande maioria dos casos já conhecidas e até mesmo previstas em normas específicas.
A tendência de formas mais flexíveis de organização do trabalho, como o forte aumento das relações de trabalho temporário ou terceirizado (a esmagadora maioria das pequenas e médias empresas – PME – ou terceirizam ou são terceirizadas) – acompanhada da assiduidade, da falta de capacitação dos trabalhadores para executar determinadas tarefas, do desconhecimento deles sobre os riscos, dos comportamentos provocados pela insegurança no trabalho, da pressão psicológica, entre outros fatores – têm notáveis consequências para a SST.
O recurso da subcontratação (terceirização, quarteirização etc.) está presente em praticamente todos os ramos econômicos, mas na indústria da construção é a prática dominante. Assim, na indústria da construção, muito mais que em outras áreas, a subcontratação fomenta a aparição de pequenas empresas que, na maioria dos casos, não dispõem dos conhecimentos, meios tecnológicos e recursos necessários para aplicar programas de controle de riscos para a saúde e o ambiente, em particular quando operam na economia informal (às margens daLei). Esse processo de subcontratação, embora com inúmeros aspectos positivos (a ideia não é ser contra a terceirização) revela uma faceta perversa: a grande empresa (construtor ou incorporador) exporta ou terceiriza o risco, deixando a cargo de empresas menores as tarefas “menos nobres” e, via de regra, mais perigosas ou insalubres. Qualquer estratégia séria de SST para pequena empresa na indústria da construção deve levar em conta esses aspectos e, se for o caso, desenvolver mecanismos de controle ou de maior envolvimento da parte mais elevada da pirâmide no processo de prevenção e controle de riscos gerados pela atividade produtiva de toda a cadeia.
Essa situação torna cada vez menos clara a distinção entre as pessoas empregadas e os trabalhadores por conta própria ou terceirizados; consequentemente, falta clareza acerca das responsabilidades do empregador (empreendedor) em termos de formação e informação sobre SST e de supervisão geral das condições do trabalho. Novas formas de organização do trabalho certamente exigirão novas balizas legais.
As empresas devem estar atentas ao cumprimento da legislação trabalhista quanto aos riscos ocupacionais de seus empregados. “A Gestão de Risco Ocupacional é a melhor maneira de evitar multas, ações indenizatórias de altos valores e até seu fechamento”, alerta Vendrame (1997).
A gestão do risco ocupacional tem por finalidade evitar gastos com pagamentos de indenizações e adicionais, preservar a saúde do trabalhador e produzir documentos que prezem a defesa empresarial. Nas empresas, a gestão ocupacional é conduzida pelos departamentos jurídico e de segurança do trabalho. No caso de empresas de pequeno porte, é comum a terceirização desse serviço, mas isso não isenta a empresa contratante de sofrer consequências de decisões judiciais de trabalhadores.
Tais empresas acabam sendo envolvidas nos processos juntamente com as terceirizadas; muitas vezes, a terceirizada encerra suas atividades, restando para a empresa toda a responsabilidade. (VENDRAME, 1997)
Com a gestão de risco ocupacional, as organizações podem se proteger elaborando documentos que não se tornem armadilhas contra elas próprias. Ainda segundo Vendrame (1997):
É preciso preencher corretamente a documentação exigida pela legislação, além de elaborar documentos próprios, como protocolos de recebimento e uso de equipamentos de segurança que devem ser assinados pelo trabalhador, por exemplo. Muitas empresas se acomodam e não pensam que a fiscalização existe, bem como os processos trabalhistas.
Então, constata-se a necessidade de se aplicar a prevenção para reduzir as despesas em segurança e saúde no trabalho. De acordo com Vendrame (1997), “não há setores específicos em que esta gestão é indispensável: qualquer área é vulnerável à legislação de segurança e saúde do trabalhador”.
O que é Risco Ocupacional?
Risco ocupacional é a probabilidade de ocorrer acidente ou doença na realização de atividades no trabalho. As atividades que podem apresentar risco ocupacional encontram-se descritas tanto na legislação previdenciária quanto na trabalhista. O risco ocupacional decorre da exposição do trabalhador a fatores de riscos no ambiente de trabalho, os quais podem ser de várias espécies.
1. Fatores de riscos ambientais: agentes nocivos físicos, químicos e biológicos, ou a associação destes
— Agentes físicos: são formas de energia (p. ex.: ruídos, vibrações, calor, pressões anormais, radiações ionizantes, entre outros);
— Agentes químicos: são substâncias, compostos ou produtos que podem penetrar no organismo pela via respiratória ou ser absorvidos pelo organismo pela pele ou por ingestão (p. ex.: névoa, neblina, poeiras, fumos, gases, vapores de substâncias nocivas presentes no ambiente de trabalho);
— Agentes biológicos: são os micro-organismos (p. ex.: bactérias, fungos, parasitas, bacilos, vírus etc.).
2. Fatores de riscos das operações: risco mecânico e ergonômico
— Riscos mecânicos: queimaduras, quedas, prensamentos, cortes, amputações, entre outros;
— Riscos ergonômicos: levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade, postura inadequada de trabalho etc.
LEGISLAÇÃO E FISCALIZAÇÃO
Em termos de segurança e saúde do trabalho (SST), há duas legislações distintas a serem cumpridas pelas empresas: a trabalhista e a previdenciária. Na trabalhista, estão disciplinadas os adicionais de insalubridade e periculosidade e as Normas Regulamentadoras (NR) referentes a Segurança e Medicina do Trabalho do Ministério do Trabalho. As 33 NR disciplinam os diversos temas voltados à segurança e à saúde do trabalhador, prescrevendo multas por seu descumprimento. A legislação previdenciária, por sua vez, regulamenta a aposentadoria especial e seus vários reflexos.
O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), instituído pela NR-9, do Ministério do Trabalho, em 1994, é um programa gerencial que deve ser elaborado pela empresa e abranger todos os seus trabalhadores. É outra forma de evitar ações judiciais indevidas, contendo as informações a seguir.
Investimento como Prevenção
Eventualmente, as empresas são submetidas à fiscalização. Por desconhecerem o processo administrativo e por falta de orientação jurídica adequada, transformam-se em alvos de multas que poderiam ser evitadas se tivessem aplicado o que se exige na legislação. “A empresa deve estar atenta às leis e suas mudanças, lembrando que investir em segurança do trabalho não é obter lucro, mas sim, deixar de amargar prejuízos”, ressalta Vendrame (1997).
FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES DO PROFISSIONAL DE SEGURANÇA DO TRABALHO
O objetivo do trabalho do profissional de Segurança do Trabalho é supervisionar as atividades ligadas à segurança do trabalho, visando a assegurar condições que eliminem ou reduzam ao mínimo os riscos de ocorrência de acidentes de trabalho, observando o cumprimento de toda a legislação pertinente que regula a matéria.
Metas do Profissional de Segurança do Trabalho
• Promover inspeções nos locais de trabalho, identificando condições de perigo, tomando todas as providências necessárias para eliminar essas situações de riscos, bem como treinar e conscientizar os funcionários quanto a atitudes da segurança do trabalho.
• Preparar programas de treinamento sobre segurança do trabalho, incluindo programas de conscientização e divulgação de normas de segurança, visando ao desenvolvimento de uma atitude preventiva pelos funcionários quanto à segurança do trabalho.
• Determinar a utilização pelo trabalhador dos equipamentos de proteção individual (EPI); indicar e inspecionar equipamentos de proteção contra incêndio e de proteção coletiva do trabalho (EPC), quando as condições assim o exigirem, visando à redução dos riscos à segurança e integridade física do trabalhador.
• Colaborar nos projetos de modificações prediais ou novas instalações da empresa, visando à criação de condições mais seguras no trabalho, bem como em todo sistema de ergonomia no trabalho.
• Pesquisar e analisar as causas de doenças ocupacionais e as condições ambientais em que ocorreram, tomando as providências exigidas em lei, visando a evitar sua reincidência, bem como corrigir as condições insalubres causadoras dessas doenças.
• Promover campanhas, palestras e outras formas de treinamento com o objetivo de divulgar as normas de segurança e higiene do trabalho individual e coletiva, a fim de informar e conscientizar o trabalhador sobre atividades insalubres, perigosas e penosas, além de fazer o acompanhamento e a avaliação das atividades de treinamento e divulgação.
• Supervisionar os serviços de cantina e refeitórios, vigilância e portaria, visando a garantir o bom atendimento ao público interno e visitante, bem como sua segurança.
• Distribuir os EPI, indicar e inspecionar equipamentos de proteção contra incêndio quando as condições os exigem, visando à redução de riscos à segurança e à integridade física do trabalhador, assim como os EPC.
• Colaborar com os componentes da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) em seus programas, estudandosuas observações e proposições, visando a adotar soluções corretivas e preventivas de acidentes do trabalho, seja individual ou coletivo.
• Levantar e estudar estatísticas de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho, analisando suas causas e gravidade, visando à adoção de medidas preventivas, para evitar que se repitam.
• Elaborar planos para controlar efeitos de catástrofes, criando condições para combate a incêndios e salvamento de vítimas de qualquer tipo de acidente, por meio de treinamentos constantes.
• Preparar programas de treinamento, admissional e de rotina, sobre segurança do trabalho, incluindo programas de conscientização e divulgação de normas e procedimentos de segurança, visando ao desenvolvimento de uma atitude preventiva nos funcionários quanto à segurança do trabalho. Afinal, a vida e a saúde também representam patrimônio da empresa.
• Prestar apoio à CIPA e coordenar a Semana Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT), organizando semestralmente atividades e recursos necessários.
• Avaliar os casos de acidente do trabalho e suas causas, acompanhando o acidentado ao pronto-socorro e emitir Comunicação de Acidentes do Trabalho (CAT), quando necessário, cuidando para que o trabalhador receba atendimento médico adequado.
• Realizar inspeções nos locais de trabalho, identificando condições de perigo e tomando todas as providências necessárias para eliminar tais situações, bem como treinar e conscientizar os funcionários quanto a atitudes de segurança no trabalho, sempre que possível.
• Conscientizar e demonstrar à direção da empresa a necessidade e obrigatoriedade de EPI e EPC modernos.
• Manter o fichário de EPI, EPC e extintores de incêndio atualizados.
• Manter atualizados os quadros setoriais de acidentes e suas causas.
• Orientar o trabalhador quanto ao uso dos EPI e EPC.
• Acompanhar acidentados ao pronto-socorro e emitir CAT, quando necessário.
• Comunicar o Departamento Pessoal sobre a estabilidade de acidentados e suas causas.
• Dar suporte à CIPA e coordenar a realização de SIPAT semestralmente.
• Preparar documentos e programas exigidos pela legislação do trabalho.
• Auxiliar na elaboração de mapa de riscos.
O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) costuma referir-se aos custos dos acidentes para justificar investimentos em sua prevenção, porém não tem condições de levantá-los com exatidão e, portanto, de definir em que porcentagem eles incidem no custo do produto. Uma das razões disso está em que os conceitos tradicionais para levantamento desses custos não têm se mostrado eficazes. Para esse levantamento seria necessário calcular o custo direto, ou segurado, e o custo indireto, ou não segurado.
CUSTO DIRETO
Custo direto é o custo mensal do seguro de acidente do trabalho. Não tem relação com o acidente em si. O cálculo de seu valor é feito em relação à folha de salário de contribuição e é recolhido juntamente com as demais contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). A contribuição é calculada a partir do enquadramento da empresa em três níveis de risco de acidentes do trabalho:
• 1% para empresa de risco leve;
• 2% para empresa de risco médio;
• 3% para empresa de risco grave.
Custo Indireto
Não envolvem perda imediata de dinheiro. Relacionam-se com o ambiente que envolve o acidentado e com as consequências do acidente. Entre os custos indiretos, citam-se:
• Multa contratual pelo não cumprimento de prazos.
• Perda de bônus na renovação do seguro patrimonial.
• Salários pagos aos colegas do acidentado.
• Despesas decorrentes da substituição ou manutenção de peça danificada.
• Prejuízos decorrentes de danos causados ao produto no processo.
• Gastos com contratação e treinamento de um substituto.
• Pagamento de horas extras para cobrir o prejuízo causado à produção.
• Gastos com energia elétrica e demais facilidades das instalações (das horas extras).
• Pagamento de horas de trabalho despendidas por supervisores e outras pessoas e/ou empresas com:
— Investigação das causas do acidente;
— Assistência médica para os socorros de urgência;
— Transporte do acidentado;
— Providências necessárias para regularizar o local do acidente;
— Assistência jurídica;
— Propaganda para recuperar a imagem da empresa.
CUSTO EFETIVO DOS ACIDENTES
Pesquisa feita pela Fundacentro revelou a necessidade de modificar os conceitos tradicionais de custos de acidente e propôs uma nova sistemática para sua elaboração, com enfoque prático, denominada custo efetivo dos acidentes (Ce). Foi proposta a adoção dos seguintes cálculos:
Ce = C – i
em que:
Ce = custo efetivo do acidente;
C = custo do acidente;
I = indenizações e ressarcimentos recebidos por meio de seguro ou de terceiros (valor líquido).
C = C1 + C2 + C3
em que:
C1 = custo correspondente ao tempo de afastamento (até os 15 primeiros dias) em consequência de acidente com lesão;
C2 = custo referente aos reparos e às reposições de máquinas, equipamentos e materiais danificados (em caso de acidente com danos à propriedade);
C3 = custos complementares relativos às lesões (assistência médica e primeiros socorros) e aos danos à propriedade (outros custos operacionais, como os resultantes de paralisações, manutenção e lucros interrompidos).
O cálculo de C1 é fácil. Os de C2 e C3 dependem da organização interna da empresa para seu levantamento.
CONCEITOS EM ERGONOMIA
• (ergo: trabalhos e normos: leis),
• definida como as leis que regem o trabalho.
Fundamenta em conhecimentos interdisciplinares, adaptando o ambiente de trabalho tanto aos objetivos do sujeito ou grupo, quanto às exigências das tarefas.
 Em uma definição mais concisa, ergonomia é uma ciência do trabalho.
OBJETIVOS
Na odontologia é obter meios e sistemas para prevenir fadiga, oferecer maior conforto e simplificação do trabalho, tanto para o Cirurgião Dentista quanto para o paciente.
Racionalização do trabalho Odontológico.
Diminuído estresse físico e mental, prevenindo doenças relacionadas com a prática Odontológica.
Oferecendo segurança e conforto ao paciente.
• LER/DORT
• LER: Lesões por Esforços Repetitivos
• DORT: Doenças Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho
• Movimentos repetitivos, em alta frequência e em posição ergonômica incorreta, podem causar lesões de estruturas do Sistema tendíneo, muscular e ligamentar.
Tendinite - processo inflamatório que acomete o tendão.
Síndrome do túnel carpal – compressão mecânica do nervo mediano do punho - risco para CD – equipamentos pesados, comprimento de mangueiras inadequado.
Movimentos Repetitivos
Sistema de trabalho
• International Organization for Standardization (ISO) e a Federation Dentaire Internationale (FDI)
• O esquema se baseia em um relógio imaginário colocado sobre o posto de trabalho Odontológico posição a ser adotada pelo CD e seu auxiliar durante o atendimento do paciente.
• No centro deste sistema encontra-se o campo operatório.
• A posição do CD e do auxiliar será denominada de acordo com os números.
Distribuição Racional do Equipamento e Instrumental
A - A área limitada pelo círculo de raio 0,5m chama-se zona de transferência, que abrange tudo que se transfere à boca do paciente
B - A área de 1,0 m de raio delimita a área útil de trabalho que pode ser alcançado com o braço esticado, onde ficam as mesas auxiliares
C- A área total do consultório é contida no raio de 1,5m de largura; nesta área ficam os armários fixos, sendo que as gavetas abertas devem estar situadas dentro do segundo círculo.
Trabalho a quatro mãos
Segundo Finkbeiner (2000) - intuito de promover produtividade da equipe Odontológica, qualidade nos cuidados com o paciente, ao mesmo tempo em que busca o bem-estar dos profissionais que compõem o grupo.
Apenas é interessante quando o mesmo minimiza movimentos indesejados e acelera a maioria dos procedimentos.
A delegação de funções simples ao auxiliar traz resultados altamente satisfatórios no balanço final.
POSIÇÃO DO PROFISSIONAL
• A posição 9 horas permite ao CD ampla visualização direta das faces dos dentes inferiorese superiores, assim como da maioria das regiões da boca.
• Em 11 horas, o profissional trabalha com visão indireta, principalmente das faces palatinas dos dentes anteriores superiores.
ORGANIZAÇÃO DO POSTO DE TRABALHO
Define o posicionamento do equipo odontológico atual em quatro tipos básicos:
• tipo 1 ou disposição lateral,
• tipo 2 ou disposição posterior (atrás da cadeira, somente móvel),
• tipo 3 (Localiza-se sobre a cadeira, semimóvel)
• tipo 4 Profissional
• Costas relativamente retas e apoiadas no encosto do mocho, os pés devem permanecer completamente apoiados sobre o solo
• As coxas devem estar paralelas ao chão e com o ângulo formado com a perna entre 90° e 120°
• Esse apoio ocorre sem pressão contra os músculos inferiores e superiores, evitando tornar a postura desfavorável e também que ocorra uma redução dos movimentos.
POSTURAS INCORRETAS
• Ausência do apoio da coluna lombar
• Pés com apoio insuficiente
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
A posição da cabeça do dentista deve ser ligeiramente inclinada para a frente e para baixo, evitando-se a curvatura excessiva do pescoço, e a distância média recomendada entre os olhos do profissional e a boca do paciente deve ser de 30 a 40cm. 
A cabeça do CD pode ser inclinada para a frente no máximo até 25°
POSIÇÃO DO PACIENTE
• Maxila – descer o encosto, de maneira que a cabeça do paciente fique ligeiramente para trás – paciente em posição supina, elevar o assento.
• Mandíbula – baixar o assento no máximo, e o encosto ligeiramente, até que a boca do paciente fique na altura do cotovelo do CD.
ESTUDO CLÍNICO
• Analisar os princípios de ergonomia durante atendimento odontológico realizado por cirurgião-dentista e auxiliar.
• Foram estudadas sessenta sessões clínicas de atendimento odontológico através de filmagem.
• Torção da coluna vertebral para alcançar os instrumentais na posição de
• Auxiliar trabalhando com as pernas cruzadas;
• Não utilização da mesa auxiliar
• Levantamento dos ombros do operador
• Inadequada acomodação do operador sentado no mocho.
CONCLUSÃO
- Os profissionais não seguiram os princípios básicos de ergonomia durante o trabalho.
CONSIDERAÇÕES
• Evitar inclinação ou desvios da coluna vertebral levando a fadiga, e a falta de apoio para a coluna lombar
• Posicionar o campo de trabalho (boca do paciente) e a mesa auxiliar próximos da altura dos cotovelos
• Manter joelhos e cotovelos flexionados cerca de 90%
• Posicionar-se bem acomodado no mocho reguláveis
• Manter a linha dos antebraços paralela com o plano do chão,
• Os braços próximos do corpo
REFERÊNCIAS
• Ergonomia aplicada a Odontologia. As doenças de caráter ocupacional e o Cirurgião – Dentista. Gilseé Ivan Regis Filho. Editora maio 2004.
• Garbin et al. Normas e diretrizes ergonômicas em odontologia: o caminho para a adoção de uma postura de trabalho saudável. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo, mai-ago; 21(2): 155-61; 2009.
1. Primeiras idéias sobre a combustão
No século XVI, verificou-se que um metal aquecido ao ar livre formava uma “cal" mais pesada que o metal de partida.
	
Tal processo foi chamado de calcinação.
Os alquimistas admitiam que qualquer coisa abandonava o metal na calcinação.
O princípio da combustibilidade (o enxofre), a alma do metal, desaparecia. Portanto, a cal era um metal morto. Pensava-se que um corpo, ao perder a alma, deveria ficar mais pesado, pois a alma deveria ser constituída por uma substância muito leve, devido à sua propensão para alcançar o céu.
De modo semelhante, o enxofre é o princípio da leveza, pois está ligado ao elemento fogo.
Em 1630, Jean Rey fez a calcinação do estanho e do chumbo, constatando que a massa final era maior que a do metal inicial. Jean Rey reconheceu a importância do ar na reação com a seguinte interpretação (errada!): o ar liga-se à cal, e quando todas as partes da cal estão unidas ao ar, o processo pára. O importante neste trabalho é o reconhecimento de que o ar participa da reação.
Em 1673, Robert Boyle interpretou a combustão da seguinte maneira: o fogo é absorvido pelo metal, que aumenta, portanto, de massa.
Robert Hooke, que tinha trabalhado com Boyle, propôs uma teoria diferente: o ar dissolveria o combustível libertando calor (o fogo).
Em 1674, John Mayow concluiu que havia pelo menos dois componentes no ar: um inerte e o outro que intervém na combustão e na respiração.
Bastava dar um passo para descobrir o oxigênio.
No entanto, foi necessário esperar um século para o oxigênio ser isolado.
2. A teoria do flogístico
A teoria do flogístico foi criada por Georg Ernst Stahl (1660-1734). Nessa teoria o flogístico pode ser considerado como fogo fixado na matéria.
Até as últimas décadas do século XVIII, as combustões eram explicadas pela teoria do flogístico, segundo a qual os corpos combustíveis teriam na sua constituição um elemento chamado flogístico. Este, no momento da combustão, abandonaria o corpo, alterando dessa maneira as suas propriedades.
Assim, na combustão de um metal forma-se a cal liberando o flogístico.
	
Dessa maneira o metal seria constituído pela sua cal e pelo flogístico.
	
	G. E. Stahl, o criador da Teoria do Flogístico.
O carvão teria grande quantidade de flogístico, sendo praticamente flogístico puro. Na reação de uma cal com carvão, o flogístico seria transferido deste para a cal, regenerando o metal (cal mais flogístico).
	
A teoria do flogístico explicava a diminuição de massa que ocorria na combustão da madeira, carvão pela liberação do flogístico. Não explicava, no entanto, o aumento de massa na combustão dos metais e na do fósforo.
Como a massa poderia aumentar se há perda de flogístico? Diversas hipóteses foram apresentadas:
O flogístico teria uma “gravidade" diferente daquela da matéria na qual entrava, tornando esta menos pesada;
O flogístico teria massa negativa, daí o ganho de massa quando de sua liberação.
Voltando aos elementos de Aristóteles, a terra tende para o “baixo", sendo o princípio do que é pesado. O fogo tende para o “alto", sendo o princípio da leveza. O flogístico estaria próximo do fogo de Aristóteles, sendo o fogo fixado na matéria.
Sabia-se que o ar era necessário para a combustão. Para uns, o ar forçava, pela sua pressão, o fogo e a matéria a manterem-se em contato e reagir. Para outros, as partículas do ar comunicavam o seu movimento às partículas do flogístico, tal que, quando o movimento era suficiente, escapavam da matéria.
3. A teoria antiflogística de Lavoisier
Com a descoberta do gás oxigênio (“ar vital") por Priestley, Lavoisier apresentou a teoria segundo a qual na combustão haveria uma incorporação do princípio que forma o oxigênio aos princípios que constituem o combustível. Dessa maneira, tornava-se possível explicar o aumento de massa que ocorria em certas combustões.
	
	Equipamento usado por Lavoisier para a experiência de combustão do hidrogênio formando água. 
Fazendo experiências em sistemas fechados, evitando assim o escape de gases, Lavoisier comprovou a sua hipótese da conservação da massa.
Como explicar a liberação de energia nas combustões? Lavoisier admitiu a matéria formada por princípios ou elementos, havendo um elemento imponderável chamado de calórico. Dessa maneira, o gás oxigênio seria formado por dois princípios: oxigênio e calórico.
Na combustão de um metal, o princípio oxigênio seria incorporado formando o óxido, e o princípio calórico seria libertado.
	
Lavoisier fez experiências sobre a combustão do hidrogênio formando água, demonstrando que esta é uma substância composta de dois princípios: hidrogênio e oxigênio.
Lavoisier verificou que são necessárias 85 partes em massa de oxigênio e 15 partes em massa de hidrogênio para formar 100 partes em massa de água. Sabemos hoje que os valores corretos são 88,9 partes de oxigênio para 11,1 partes de hidrogênio em massa.
Verificação das funções vitais
Os sinais vitais são indicadores das funções vitais e podem orientar o diagnóstico inicial e o acompanhamento da evolução do quadro clínico da vítima. As informações sobre as funções vitais podem ser obtidaspor meio dos sinais vitais (temperatura, pulso, respiração e pressão arterial) e dos sinais de apoio (pupilas, cor e umidade da pele, nível de consciência e motilidade e sensibilidade do corpo).
Considerações
Sua verificação é essencial na avaliação da vítima, devendo ser realizada simultaneamente à história e ao exame físico. São mais significativos quando obtidos em série, possibilitando o acompanhamento de suas variações. Seus valores devem ser analisados conforme a situação clínica.
Na obtenção dos sinais vitais, devemos considerar:
• as condições ambientais, tais como temperatura e umidade no local, que podem causar variações nos valores;
• as condições pessoais, como exercício físico recente, tensão emocional e alimentação, que também podem causar variações nos valores;
• as condições do equipamento, que devem estar apropriados e calibrados.
Considerações
Temperatura: verifique se o termômetro está marcando 35 graus ou menos antes de colocá-lo na vítima. Coloque o termômetro na axila e espere de 3 a 5 minutos. Leia a temperatura e anote. Em caso de dúvida, repita a operação. Na ausência de termômetro, verifique a temperatura corporal colocando o dorso de uma das mãos no pescoço ou testa da vítima. A temperatura normal oscila entre 36,5 e 37,5 graus.
Pulso: o braço e a mão da vítima devem estar em repouso sobre a cama, ou mesa, ou chão. Coloque seu indicador e dedo médio no pulso da vítima, no lado correspondente ao polegar. Nunca use seu próprio polegar para contar as pulsações. Conte durante um minuto. Confira se necessário. Anote.
Existem vários outros locais no corpo onde se pode verificar o pulso; entretanto, em situação de emergência, o recomendado é que se verifique o pulso pela artéria carótida.
Normalmente o pulso varia de 130 a 140 batimentos por minuto no recém-nascido, 100 a 120 na criança, 60 a 100 no adulto e 60 a 70 batimentos por minuto no idoso.
Respiração: observe a respiração da vítima sem que ela perceba, prestando atenção na elevação do tórax ou do abdome, ou colocando a mão sobre a parte inferior do tórax e superior do abdome. A frequência respiratória é contada pela quantidade de vezes que uma pessoa realiza os movimentos de inspiração e expiração em um minuto (1 inspiração + 1 expiração = 1 movimento respiratório). Aproveite na hora de verificar o pulso. Verifique se a respiração é regular ou irregular, profunda ou curta. Conte por um minuto. A frequência respiratória normal varia entre 40 a 60 movimentos respiratórios por minuto no recém-nascido, 20 a 26 na criança, 16 a 20 no adulto e 14 a 18 no idoso.
Como verificar os sinais de apoio
Pupilas: em situação normal, quando há pouca ou nenhuma luz, a pupila se dilata (midríase), e quando há muita luminosidade, a pupila se contrai (miose). Essa reação recebe o nome de foto reatividade pupilar. Da mesma forma, em situação normal, as pupilas se apresentam do mesmo tamanho (isocoria).
Quando não há resposta ou há uma resposta lenta referente à foto reação pupilar, ou quando ela se apresenta em tamanhos diferentes (anisocorias), devemos suspeitar de grave lesão cerebral.
Cor e umidade da pele: a pele pode ser observada pelo socorrista na face e nas extremidades, onde as alterações se manifestam mais rapidamente. A pele também pode ficar úmida e pegajosa, o que poderia levar à suspeita de estado de choque (diminuição do volume de sangue que circula pelo corpo). De acordo com Demartini (2011), em situações normais a pele pode se apresentar:
• azulada (cianose), como no caso de asfixia ou exposição ao frio;
• pálida, em casos de hemorragias, estado de choque ou mesmo tensão emocional;
• avermelhada, em caso de febre, queimaduras de primeiro grau ou traumatismos;
• fria, úmida e pegajosa, em caso de estado de choque.
Nível de consciência: quando a pessoa percebe normalmente o ambiente que a cerca, com todos os órgãos dos sentidos, e consegue responder aos estímulos verbais, motores e sensoriais, o nível de consciência é considerado normal.
Motilidade e sensibilidade do corpo: a vítima pode apresentar alterações para a mobilização de algumas partes do corpo em situações de anormalidade.
Politraumatizado
	
	
O politraumatizado é o indivíduo que apresenta ferimentos de pelo menos duas regiões do corpo, que exigiriam, cada um deles, um tratamento hospitalar. Ele é o mais grave doente do serviço de emergência, o mais oneroso para o hospital e aquele que requer para o seu atendimento adequado uma equipe multiprofissional treinada.
Características:
• a mortalidade aumenta com o número de ferimentos (em casos de 5 ferimentos, 50% sobrevivem);
• em casos de ruptura de fígado, a mortalidade é de 30%;
• as combinações mais frequentes são lesões de crânio e tórax;
• a combinação mais rara é de caixa torácica e abdômen;
• essa é considerada uma doença grave e também um sério problema social;
• é a principal causa de morte na faixa etária nos adultos jovens (até 45 anos), perdendo somente para as doenças cardíacas e o câncer;
• devido à era industrial, à alta tecnologia e às condições socioeconômicas, o número de casos tem aumentado significativamente;
• o importante para diminuirmos o número de traumas em todo o mundo é a prevenção, que pode ser dividida em:
— Primária: visa à eliminação dos fatores determinantes do trauma. Exemplos: sinalização de vias públicas e educação da população;
— Secundária: procura reduzir a gravidade das lesões decorrentes do traumatismo. Exemplos: uso de cinto de segurança, capacete e air bag;
— Terciária: está relacionada ao atendimento pré e hospitalar, por meio de medidas terapêuticas que visam a melhores resultados. Exemplos: treinamento da equipe e redução da morbimortalidade a partir de uma assistência adequada.
O número de óbitos em geral está disposto da seguinte forma:
• 50% são imediatas, ocorrendo segundos ou minutos após o trauma;
• 30% são mediatas, ocorrendo algumas horas após o trauma;
• 20% tardias, ocorrendo dias ou semanas após o trauma devido a infecções, complicações pós-operatórias e sepse.
A primeira hora é considerada a hora de ouro para o atendimento do traumatizado, uma vez que os doentes que recebem cuidados adequados nesse período têm maior taxa de sobrevida quando comparados àqueles tratados tardiamente.
O atendimento inicial do traumatizado envolverá as seguintes etapas:
1) Planejamento (preparo pré e intra-hospitalar).
2) Triagem.
3) Avaliação primária (CBA).
4) Reanimação.
5) Avaliação secundária e história.
6) Monitorização e reavaliação contínua.
7) Tratamento definitivo.
Avaliação inicial do politraumatizado
• Planejamento (preparo pré e intra-hospitalar): a coordenação entre a equipe de atendimento pré-hospitalar e intra-hospitalar é de suma importância para o atendimento adequado da vítima.
• Triagem: a triagem no local do acidente é onde as vítimas deverão ser classificadas de acordo com o tipo de tratamento necessário e os recursos disponíveis, para que sejam encaminhadas ao hospital adequado às suas necessidades.
• Avaliação primária (CBA):
— C: circulação com controle de hemorragia.
— B: respiração e ventilação.
— A: vias aéreas com controle da coluna cervical.
A avaliação neurológica deverá conter, de uma forma rápida, o estado neurológico, verificando o nível de consciência, tamanho e reação das pupilas. Como regra básica para avaliação do paciente politraumatizado, usamos o método AVDI:
• A: alerta.
• V: responde ao estímulo verbal.
• D: só responde à dor.
• I: irresponsivo aos estímulos.
A exposição do indivíduo deve ser cautelosa e é sempre necessário tomar cuidado com a coluna vertebral.
Reanimação
A adoção de medidas agressivas de reanimação e o tratamento de todas as lesões potencialmente fatais, à medida que são identificadas, são essenciais para maximizar a sobrevivência do doente. São avaliadas:
• C: circulação.
• B: respiração/ventilação/oxigenação.
• A: vias aéreas.
Avaliação secundária e história
A avaliação secundária só se inicia quando a primária for completada. Nela, o paciente é avaliado da cabeça aos pés, incluindo sinais vitais e procedimentosespeciais, como lavagem peritoneal, radiografias e exames laboratoriais, além de um exame neurológico minucioso em que é usada a escala de coma de Glasgow.
Monitorização e reavaliação contínua
Além de manter a monitorização completa, deve-se realizar a gasometria arterial e avaliar o débito urinário, fazendo exame físico e aplicando a escala de coma de Glasgow.
Tratamento definitivo
Os critérios de triagem inter-hospitalar ajudam a determinar o grau, o ritmo e a intensidade do tratamento definitivo. Estes critérios levam em consideração o estado fisiológico do doente, a presença de lesões evidentes, os mecanismos de trauma, as doenças associadas e outros fatores que podem alterar o prognóstico do paciente.
Traumatismos: abdominais
O traumatismo abdominal é responsável por um grande número de mortes, muitas vezes evitáveis. A cavidade intraperitoneal (abdome), juntamente com a cavidade torácica e com o espaço retro peritoneal, são os locais do organismo que comportam sangramentos, podendo levar a choque hemorrágico se não detectados a tempo.
É geralmente causado por ferimentos de arma de fogo (FAF) ou arma branca (FAB). Os traumatismos penetrantes são sérios e muitas vezes necessitam de cirurgia. A velocidade com que o projétil (bala) penetra no corpo determina o grau de dano e lesão no tecido e no órgão envolvido. Geralmente afetam o peritônio, deixando uma comunicação da cavidade abdominal com o meio externo; porém, não ocorre lesão visceral. Caso ocorram, algumas providências podem ser tomadas fora do ambiente hospitalar:
• pedir para alguém chamar socorro médico enquanto atender a vítima;
• manter a vítima deitada;
• avaliar o local da lesão, observando dano tecidual e sangramento;
• conversar com a vítima, avaliando seu estado de consciência;
• orientar e informar quanto ao seu estado e comunicar que já chamou socorro médico, o que irá tranquilizá-la;
• afrouxar as roupas da vítima.
Fraturas
Fratura é a perda de solução de continuidade de um osso ou cartilagem. Também definida como lesão das extremidades, é uma interrupção da continuidade de um osso (BRUNNER; SUDDARTH, 1998).
Observação
É relevante dar atenção ao estado geral do acidentado. Isso é feito de diversos modos: verificando a presença de dificuldade respiratória, mantendo as vias áreas permeáveis; removendo a roupa sobre o local do ferimento; controlando o sangramento; e imobilizando os locais suspeitos de fraturas.
Tipos de fraturas
As fraturas se dividem em dois grupos: o das abertas (compostas), em que a parte terminal do osso fraturado atravessa a pele; e o das fechadas (simples), nas quais não há comunicação com o exterior.
Sobre os sinais e sintomas, deve-se desconfiar de fratura sempre que a parte suspeita não possuir aparência ou função normais, ou quando houver:
• dor no local atingido;
• incapacidade de movimentar o membro;
• posição anormal do membro;
• sensação de atrito no local suspeito.
Como socorrer
Em caso de fratura fechada, deve-se:
• verificar circulação, tato e movimentos dos membros;
• imobilizar, usando talas e ataduras para impedir movimentos.
Em caso de fratura aberta:
• não se deve tocar no osso;
• deve-se cobrir o local com pano limpo.
Em caso de fratura de coluna, deve-se:
• verificar os sinais vitais SSVV;
• deixar a vítima na mesma posição;
• imobilizar todo o corpo;
• mover a vítima apenas se você for treinado;
• discar 193.
Em caso de estiramento, contusão e entorse, deve-se:
• aplicar gelo picado envolvido por toalha ou saco plástico;
• comprimir com atadura elástica sem apertar;
• elevar o local afetado acima do nível do coração;
• não aplicar calor até 48 horas após a lesão.
Em caso de luxação:
• checar circulação;
• checar temperatura;
• checar sensibilidade;
• imobilizar articulação.
Metas para a atenção básica
As lesões dos pés causadas por queda de sapatos de grandes saltos com frequência têm lesões associadas à coluna lombar. Qualquer lesão dos joelhos quando a vítima está sentada pode ser associada à lesão dos quadris. De maneira parecida, as lesões dos quadris podem ter dor irradiada até o joelho. Os quadris estão intimamente ligados e devem ser avaliados paralelamente.
As quedas sobre os punhos das mãos frequentemente provocam lesão no antebraço. O mesmo acontece com o tornozelo e com a parte próxima à tíbia no lado externo da perna. Qualquer lesão que pareça afetar o ombro deve ser examinada de forma cuidadosa, pois pode facilmente envolver o pescoço e o tórax, além do ombro. As fraturas de pelve normalmente se associam a grandes perdas de sangue, e deve-se sempre suspeitar que houve o choque.
Queimaduras
Para que você possa compreender melhor as queimaduras, é importante que você conheça melhor algumas características da pele. São funções da pele:
• proteção;
• síntese de vitamina D;
• manutenção da temperatura (termorregulação);
• impedir perda excessiva de líquidos;
• fazer a comunicação com o meio, já que é o órgão dos sentidos.
Considerações gerais sobre a pele:
• é o maior órgão do corpo humano;
• compõe 16% do peso corpóreo total;
• possui uma área aproximada de 20.000 cm2;
• possui um volume de 4000 ml;
• 30% do sangue circulante se encontra nos vasos cutâneos.
Sobre a anatomia e fisiologia da pele, afirma-se que:
• a pele é composta por três diferentes partes:
— Epiderme: superficial;
— Derme: intermediária;
— Hipoderme: profunda (subcutânea).
• ela possui anexos: pelos, unhas e glândulas.
Lesões nos tecidos que envolvem as diversas camadas do corpo, como pele, cabelos, pelos, tecido subcutâneo, músculos e olhos, são geralmente causadas pelo contato direto com objetos quentes, como fogo, brasa, água fervente ou vapor, agentes ou substâncias químicas (ácidos e soda cáustica), corrente elétrica (choque elétrico) ou radiações ultravioleta ou infravermelho (solares). São os acidentes domésticos mais comuns.
Elas são classificadas de acordo com a profundidade e a extensão da lesão causada à pele. A gravidade depende mais da extensão do que da profundidade. Uma queimadura de primeiro ou segundo grau em todo o corpo é mais grave do que uma queimadura de terceiro grau de pequena extensão.
Classificações das queimaduras
Queimaduras de 1º, 2º e 3º graus podem se apresentar no mesmo paciente, e é muito importante saber diferenciar a queimadura para que os primeiros cuidados sejam efetuados corretamente.
• Primeiro grau: lesão das camadas superficiais da pele, com vermelhidão, inchaço e dor local suportável. Não há formação de bolhas. Na evolução não surgem cicatrizes, mas podem deixar a pele um pouco escura no início, tendendo a se resolver por completo com o tempo. Exemplos: queimaduras causadas pelos raios solares.
• Segundo grau: lesão das camadas mais profundas da pele (epiderme e derme). Há formação de bolhas e flictenas (bolhas maiores), desprendimento de camadas da pele, dor e ardência locais de intensidade variável. A recuperação dos tecidos é mais lenta e pode deixar cicatrizes e manchas claras ou escuras.
• Terceiro grau: lesão de todas as camadas da pele, podendo o local pode ficar esbranquiçado ou carbonizado (escuro). A dor é geralmente pequena, pois a queimadura é tão profunda que chega a danificar as terminações nervosas da pele. Pode ser muito grave e até fatal, dependendo da porcentagem de área corporal afetada. Na evolução, sempre deixam cicatrizes, podendo necessitar de tratamento cirúrgico e fisioterápico posterior para retirada de lesões e aderências que afetem a movimentação. Tardiamente, algumas cicatrizes podem ser foco de carcinomas de pele, e por isso o acompanhamento de tais lesões é fundamental.
Cuidados com queimaduras
1) Prevenir o estado de choque (hipovolêmico, devido à perda de líquidos).
2) Controlar a dor.
3) Evitar a contaminação (a queimadura é uma lesão estéril, por isso tenha cuidado ao manuseá-la e evite ao máximo contaminá-la).
Queimaduras térmicas (por calor)
O que não fazer:
• não toque a área afetada;
• nunca fure as bolhas;
• não tente retirar pedaços de roupa grudados na pele – se necessário, recorte em volta da roupa que está sobre a regiãoafetada;
• não use manteiga, pomada, creme dental ou qualquer outro produto doméstico sobre a queimadura;
• não cubra a queimadura com algodão;
• não use gelo ou água gelada para resfriar a região.
O que fazer:
• tente remover anéis, cintos, sapatos e roupas antes que o corpo inche;
• se a queimadura for de pouca extensão, resfrie o local com água fria imediatamente;
• seque o local delicadamente com um pano limpo ou chumaços de gaze;
• cubra o ferimento com compressas de gaze;
• em queimaduras de 2º grau, aplique água fria e cubra a área afetada com compressas de gaze embebida em vaselina estéril;
• mantenha a região queimada mais elevada do que o resto do corpo, para diminuir o inchaço;
• dê bastante líquido para a pessoa ingerir e, se houver muita dor, um analgésico;
• se a queimadura for extensa ou de 3º grau, procure um médico imediatamente.
Queimaduras químicas
O que fazer:
• como as queimaduras químicas são sempre graves, retire as roupas da vítima rapidamente, tendo o cuidado de não queimar as próprias mãos;
• lave o local com água corrente por 10 minutos (se forem os olhos, 15 minutos);
• enxugue-o delicadamente e cubra-o com um curativo limpo e seco;
• procure ajuda médica imediata.
Queimaduras solares
O que fazer:
• refresque a pele com compressas frias;
• faça a pessoa ingerir bastante líquido;
• mantenha-a na sombra, em local fresco e ventilado;
• procure ajuda médica.
Queimaduras elétricas
Com a vítima ainda em contato com a rede elétrica:
• não tocar na vítima;
• desligar a eletricidade na caixa de fusíveis ou chave geral;
• ligar para a companhia de eletricidade vir desligar a rede;
• estando a vítima na rua, afastar o fio elétrico com um pedaço de pau;
• chamar o resgate (Corpo de Bombeiros).
Traumatismo torácico
O trauma torácico também pode ser caracterizado por ferimentos penetrantes ou contusos, como no traumatismo intra-abdominal. Também são graves e afetam a respiração normal do indivíduo.
O traumatismo de tórax está dividido em lesões que implicam risco imediato à vítima, que são avaliadas no exame primário, e em lesões que implicam risco potencial à vítima, avaliadas no exame secundário.
Quanto ao agente causador, há o FAF, o FAB ou os acidentes automobilísticos. Quanto à manifestação clínica, há o pneumotórax, o hemotórax ou o tamponamento cardíaco, com lesão de grandes vasos. Quanto às lesões específicas, há a contusão pulmonar, sendo a principal causa o impacto direto. Ela está ligada a lesões da parede torácica.
O que fazer fora do ambiente hospitalar:
• pedir para alguém chamar o socorro médico enquanto estiver atendendo a vítima;
• fazer uma rápida avaliação do que aconteceu e de como a vítima se feriu;
Traumatismo crânio encefálico
O cérebro é protegido por uma caixa óssea, o crânio. Ele é o órgão mais nobre e sensível do corpo humano e também o que apresenta menor chance de recuperação quando lesado. Ele possui diversas artérias e veias, as quais podem se romper no trauma.
Como o crânio (parte óssea) é rígido e o cérebro é mais macio, uma hemorragia irá gerar um hematoma, que por sua vez irá crescer, comprimindo o cérebro – o que certamente trará lesões neurológicas. Algumas vezes nem há sangramento, apenas o “balançar” do cérebro dentro da caixa craniana é o bastante para fazê-lo inchar e comprimir a ele próprio.
O que fazer?
• Peça ajuda em caráter de emergência.
• Tente acalmar a vítima, se ela estiver consciente.
• Pense na possibilidade de fratura no pescoço antes de movimentar a vítima.
• Mantenha a vítima deitada e aquecida.
• Cuide dos demais ferimentos.
Acidente Vascular Encefálico/cerebral (AVC/AVE)
	
Distúrbios vasculares cerebrais é um termo genérico que se refere a qualquer anormalidade funcional do sistema nervoso central (SNC) que acontece quando o suprimento sanguíneo normal para o cérebro é prejudicado, sendo o acidente vascular cerebral (AVC) o principal desses distúrbios. Embora os esforços de prevenção tenham gerado um declínio contínuo na incidência durante os últimos anos, o acidente vascular encefálico ainda é a terceira causa principal de mortes. Aproximadamente 500.000 pessoas experimentam o acidente vascular cerebral inicial, 100.000 sofrem acidente vascular encefálico recorrente e aproximadamente 160.000 morrem por acidente vascular encefálico a cada ano. Com mais de 4 milhões de sobreviventes (2,2 milhões de homens e 2,3 milhões de mulheres), o acidente vascular cerebral é a causa principal de incapacidade grave e em longo prazo (BRASIL, 2008).
O risco de AVC aumenta com a idade, sobretudo após os 55 anos. O aparecimento da doença em pessoas mais jovens está mais associado a alterações genéticas. Pessoas negras e com histórico familiar de doenças cardiovasculares também têm mais chances de ter um derrame.
No Brasil são registradas cerca de 68 mil mortes por AVC anualmente, um número ligeiramente inferior ao registrado no ano anterior (68,9 mil). A doença representa a primeira causa de morte e incapacidade no país, o que gera grande impacto econômico e social.
Por isso, o Governo Federal prioriza o combate à doença com foco na prevenção, uma vez que 90% dos casos podem ser evitados. Caso ocorra, o paciente pode ser tratado, se chegar rápido a um hospital preparado para dar o atendimento imediato.
Como consequência, foi elaborada a linha de cuidado do AVC na rede de atenção às urgências. Ela deve incluir: rede básica de saúde, Samu, unidades hospitalares de emergência e leitos de retaguarda, reabilitação ambulatorial e programas de atenção domiciliar, entre outros aspectos.
Quando o paciente sobrevive ao acidente, muitas vezes fica com dificuldades na fala, na compreensão e até na locomoção. Depois de instalado o AVC, 30% dos pacientes morrem, 30% ficam com sequelas graves, 20% ficam com sequelas leves e 20% ficam sem sequelas.
Levar uma vida saudável, cuidar da alimentação e praticar exercícios físicos regularmente são medidas que podem ser tomadas para evitar que esse problema aconteça.
Considerações para o atendimento básico
Segundo Brunner e Suddarth (2005), o acidente vascular cerebral, popularmente conhecido como derrame cerebral, é um nome carregado de significado. Acidente quer dizer acontecimento inesperado, o que, na maioria das vezes, envolve dano e sofrimento. Vascular refere-se a vasos, e esse acidente se chama vascular encefálico porque acomete uma das artérias que irrigam o cérebro, danificando a área por ela irrigada. Existem dois grandes grupos de acidentes vasculares cerebrais: os isquêmicos e os hemorrágicos.
O primeiro tipo (e o mais comum deles) se dá devido à falta de irrigação sanguínea num determinado território cerebral, causando morte de tecido cerebral. Este é o AVC isquêmico.
O AIT ou ataque isquêmico transitório clinicamente corresponde a uma isquemia passageira, que não chega a constituir uma lesão neurológica definitiva e não deixa sequela. É um episódio súbito de déficit sanguíneo em uma região do cérebro com manifestações neurológicas, que se recuperam em minutos ou em até 24 horas. Constitui um fator de risco muito importante, visto que uma elevada porcentagem dos pacientes com AIT apresentam um AVC nos dias subsequentes.
O AVC hemorrágico é menos comum, mas não menos grave, e ocorre pela ruptura de um vaso sanguíneo intracraniano, levando à formação de um coágulo que afeta determinada função cerebral.
Como identificar o acidente vascular cerebral:
• pedir, em primeiro lugar, para que a pessoa sorria. Se ela mover sua face só para um dos lados, pode estar tendo um AVE;
• pedir para que ela levante os braços. Caso haja dificuldades para levantar um deles ou, após levantar os dois, um deles caia, procure socorro médico.
Como devem ser os primeiros socorros:
• acalmar e repousar a vítima;
• transportá-la em decúbito lateral;
• transportá-la ao hospital no menor tempo possível!
IAM (Infarto Agudo do Miocárdio)
	
	
O infarto agudo do miocárdio se refere à morte de parte do músculo cardíaco (miocárdio), o que ocorre de forma rápida (ou aguda) devido à obstrução do fluxo sanguíneo das artérias coronáriaspara o coração. Trata-se de uma doença onde há a deposição de placas de gordura por dentro das paredes das artérias coronárias (as artérias coronárias são vasos sanguíneos que irrigam o coração). Quando tais placas de gordura causam obstrução ao fluxo sanguíneo das coronárias para o coração, o músculo cardíaco sofre pela falta de sangue/oxigênio e começa a morrer. Por isso, o tratamento deve ser feito rapidamente, no sentido de desobstruir as artérias coronárias e evitar a morte do músculo cardíaco.
Observação:
Embora não se saiba ao certo o que causa o espasmo das artérias coronárias, muitas vezes essa condição está relacionada a:
• uso de determinadas drogas, como a cocaína;
• dor intensa ou estresse emocional;
• exposição ao frio extremo;
• hábito de fumar cigarro.
Sinais e sintomas do IAM
Os sinais e sintomas do infarto podem variar de pessoa para pessoa. Dor no peito ou desconforto torácico são os sintomas mais comuns do infarto. A dor ou desconforto ocorrem geralmente no centro do peito, com características do tipo pressão ou aperto, de grau moderado a intenso. Geralmente, a dor pode durar vários minutos ou parar e voltar novamente. Em alguns casos, a dor do infarto pode parecer com um tipo de indigestão, queimação no estômago ou azia. Sensação de desconforto nos ombros, braços, dorso (costas), pescoço, mandíbula ou estômago também é sintoma. Algumas pessoas podem ainda ter uma sensação de dor tipo aperto nos braços e incômodo na língua ou no queixo.
Tratamento
O tratamento precoce pode prevenir e limitar os danos causados ao músculo cardíaco. O importante é agir rápido diante dos primeiros sintomas de infarto agudo do miocárdio, procurando um atendimento médico prontamente.
As doenças cardiovasculares, entre elas o infarto agudo do miocárdio, são as principais causas de morte no Brasil. Segundo dados do Datasus, cerca de 66.000 pessoas morrem todos os anos devido ao infarto do coração em nosso país. Cerca de 60% dos óbitos por infarto acontecem na primeira hora após o início dos sintomas.
Diante disso, vale a pena ressaltar que o rápido reconhecimento dos sintomas, bem como o pronto atendimento médico, é de fundamental importância para um melhor tratamento da doença, bem como para evitar complicações e mortes prematuras.
Observação
O socorrista, ao abordar uma vítima com suspeita de IAM, deve seguir os passos do CBA, bem como ter conhecimento dos ritmos letais que levam à parada cardíaca e das complicações no caso de edema agudo de pulmão ocasionado por insuficiência ventricular esquerda – um quadro bastante comum que acompanha o infarto.
Diretrizes de Ressuscitação cardiopulmonar (RCP)
	
A morte súbita é a principal causa de óbitos no Brasil, e essas mortes estão relacionadas com os problemas cardiovasculares. A doença cardíaca coronariana é responsável por cerca de 330.000 óbitos anualmente nos EUA, e estima-se que 250.000 deles ocorram no ambiente pré-hospitalar.
Em primeira análise do ritmo cardíaco, cerca de 40% das vítimas de parada cardiorrespiratória (PCR) no ambiente pré-hospitalar demonstram fibrilação ventricular (FV), que é caracterizada por um ritmo cardíaco de rápidas despolarizações e repolarizações, provocando a incapacidade de ejeção de sangue pelo coração.
Muitas vítimas de PCR podem sobreviver caso os socorristas ajam imediatamente, enquanto a FV ainda está presente, mas o sucesso da reanimação é menor quando o ritmo de FV passa para assistolia. O tratamento para PCR com FV é reanimação cardiopulmonar (RCP) e desfibrilação imediata. O mecanismo de parada cardiorrespiratória em vítimas de trauma, overdose por drogas e afogamento, assim como na maioria das crianças, é asfixia; portanto, RCP-padrão (compressões torácicas, vias aéreas e respiração) em adultos, crianças e bebês, excluindo-se os recém-nascidos, é essencial para essas vítimas.
Tendo em vista que na maioria das situações de PCR as vítimas estão em estado de FV e TV (sendo que o rápido bombeamento de sangue pode reverter a situação), desde outubro de 2010 houve a publicação das diretrizes da American Heart Association (AHA) para ressucitação cardiopulmonar e atendimento cardiovascular de emergência. Ela foi desenvolvida para que os profissionais e os instrutores possam se concentrar na ciência da ressucitação.
Considerações para o atendimento básico
A ressuscitação cardiopulmonar é o tratamento inicial em casos de morte súbita. Ela, que tem o objetivo de manter a viabilidade cerebral até a chegada de socorro especializado ou recuperação do paciente, evita a morte e restabelece a circulação e a oxigenação, já que o atendimento imediato da vítima reduz as chances de lesões cerebrais por falta de circulação e oxigenação cerebral.
É importante reconhecer o motivo da parada cardiorrespiratória para poder reverter a sua causa base. A RCP pode ocorrer por parada cardíaca e parada respiratória (veja o quadro a seguir). A parada respiratória ocorre imediatamente após a parada cardíaca; entretanto, se a parada respiratória ocorrer primeiro, o coração pode continuar a bater por mais alguns minutos, levando à necessidade apenas da respiração de resgate.
Para que a manobra de RCP seja eficiente, a vítima deve estar em decúbito dorsal (com as costas apoiadas no chão) sobre uma superfície dura, firme e plana. Se a vítima estiver em decúbito lateral ou ventral, o socorrista deve virá-la em bloco de modo que a cabeça, o pescoço e os ombros movam-se simultaneamente, sem provocar torções. O socorrista deve se colocar ao nível dos ombros da vítima e se ajoelhar quando ela estiver no solo.
Caso a vítima esteja na rua caída e inconsciente, a primeira etapa básica na prestação de primeiros socorros é a avaliação do local do acidente. Ao chegar ao local onde se encontra a vítima, o socorrista deve assumir o controle da situação e proceder de maneira clara e segura, fazendo uma avaliação do local.
Parada cardiorrespiratória: princípios básicos no atendimento de emergência
Conforme preconiza a AHA, os princípios básicos no atendimento de emergência em caso de parada cardiorrespiratória baseiam-se no suporte básico de vida (CBA).
Ocorreram mudanças relacionadas também à avaliação da respiração: o ver, ouvir e sentir não é mais preconizado segundo as novas diretrizes da AHA, e a reanimação deve ser iniciada primeiramente por meio das compressões torácicas, que foram alteradas de aproximadamente 100 por minuto para no mínimo 100 por minuto e 2 polegadas de intensidade.
Estudos apontam uma taxa de sobrevivência três vezes maior em pessoas submetidas apenas às compressões contínuas no peito até a chegada do socorro. Por esse motivo, aIlcor (Aliança Internacional dos Comitês de Ressuscitação, na sigla em inglês), entidade que reúne as principais associações de cardiologia, mudou em outubro de 2010 as diretrizes para procedimentos de emergência em parada cardíaca. De acordo com a nova orientação, somente a massagem cardíaca pode ser aplicada pelo leigo.
Quando o coração para o mais importante é manter o fluxo sanguíneo com a compressão. A respiração boca a boca é uma das causas que levam à diminuição do fluxo. O leigo deve esquecer a respiração boca a boca e aplicar somente a compressão. Essa é uma das maiores descobertas de emergência cardiovascular dos últimos tempos. Para profissionais de saúde, a orientação é que a massagem deve ser prioridade, antes de se preocupar com choque, medicamentos etc. Tal consenso tem sido publicado em periódicos internacionais de cardiologia desde outubro de 2010.
INTOXICAÇÃO E ENVENENAMENTO
	
Intoxicação consiste em uma série de efeitos sintomáticos produzidos quando uma substância tóxica é ingerida ou entra em contato com a pele, olhos ou membranas mucosas, ou ainda caso seja inalada ou injetada (BRAZ; SANTORO, 2011). De acordo com o Manual de Primeiros Socorros do Ministério da Saúde (BRASIL, 2003), em intoxicações deve-se dar prioridade à parada cardiorrespiratória. Não se deve fazer a respiração boca a boca caso o acidentado tenha ingerido o produto – para esses casos utiliza-se máscara ou outro sistemade respiração adequado.
Entre os mais de 12 milhões de produtos químicos conhecidos, menos de 3.000 causam a maioria das intoxicações acidentais ou premeditadas. Contudo, praticamente qualquer substância ingerida em grande quantidade pode ser tóxica e configurar envenenamento. Podem ser fontes comuns: produtos domésticos, agrícolas, químicos e industriais, plantas, substâncias alimentícias, alimentos mal condicionados e medicamentos.
A identificação do produto tóxico e a avaliação exata do perigo envolvido são fundamentais para um tratamento eficaz. A intoxicação pode ser um acidente ou uma tentativa de assassinato ou suicídio. As crianças, especialmente aquelas com menos de 3 anos de idade, são particularmente vulneráveis à intoxicação acidental, assim como as pessoas idosas (porque se confundem em relação aos seus medicamentos) e os trabalhadores da indústria (pela exposição a produtos químicos tóxicos).
Considerações para o atendimento básico
Toda vez que estiver frente a um caso de alguém com intoxicação, procure manter a calma e verificar:
• Quem é a vítima?
• O que foi tomado, inalado ou entrou contato com a pele?
• Qual a quantidade?
• Quanto tempo ela se expôs ao produto?
• Qual a história da vítima?
• Qual o local onde foi encontrada a vítima e o que já foi feito com ela?
Os objetivos dos primeiros socorros nessas situações são:
• suporte às funções vitais (circulação e respiração);
• diminuição do contato (atuando com medidas gerais de desintoxicação);
• aquecimento da vítima;
• prevenção de novos agravos (convulsões e estados de agitação).
Como proceder em uma situação de intoxicação:
• cheque a segurança da cena;
• identifique o veneno e a forma de administração;
• faça a abordagem primária;
• realize a CBA, com atenção para as vias aéreas livres;
• se a vítima ainda está consciente:
— Coloque-a em posição semissentada e em repouso;
— Ofereça água em quantidade moderada, exceto em caso de ingestão por soda cáustica e derivados do petróleo, cuidando para não provocar engasgamento (não dê leite);
— Induza o vômito em crianças até 1 hora após a ingestão e até 3 horas em adultos.
• se inconsciente ou sonolenta:
— Coloque-a na posição lateralizada para evitar aspiração de vômitos;
— Não dê líquidos e não induza o vômito.
• mantenha a vítima aquecida;
• se possível, recolha parte do vômito para análise da causa da intoxicação;
• chame pelo atendimento pré-hospitalar da sua cidade (Samu ou bombeiros) para transportar a vítima rapidamente para um hospital, levando quaisquer materiais ou frascos que você suspeite ser a causa da intoxicação.
Sintomas
Os sintomas de intoxicação dependem do produto tóxico, da quantidade de tempo de exposição e de certas características da pessoa que o ingeriu (fatores genéticos, idade, doenças preexistentes e a tolerância individual).
Os sintomas podem ser pouco importantes, mas desagradáveis (por exemplo, prurido, boca seca, visão borrada e dor), ou podem ser graves (por exemplo, confusão mental, coma, arritmias cardíacas, dificuldade respiratória e agitação intensa). Alguns produtos tóxicos causam poucos sintomas evidentes até que tenham provocado uma lesão permanente na função de órgãos vitais (por exemplo, fígado ou rins). Por essa razão, os sintomas de intoxicação são tão numerosos quanto a quantidade de produtos tóxicos existentes.
Na intoxicação alimentar, os sintomas ocorrem após a ingestão de alimentos contaminados por micro-organismos. O botulismo é uma forma grave de intoxicação alimentar, devendo haver vigilância contínua.
Sinais e sintomas mais comuns
• Queimaduras ou manchas em mucosas, ou sensação de queimação.
• Hálito com cheiro de veneno.
• Salivação excessiva ou espuma pela boca, com dificuldade para engolir.
• Dor na boca e/ou vômito.
• Respiração anormal e pulso alterado.
• Suor acentuado.
• Tremores, agitação ou apatia.
• Dor de cabeça (cefaleia).
• Alteração de consciência; alterações das pupilas.
• Convulsão.
• Choque.
Sinais e sintomas dos principais agentes

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