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Pintura e Revestimento SCHOLA DIGITAL 2018 Material Didático de Leitura Obrigatória utilizado na Disciplina de Pintura e Revestimento – Revisão 00 de Janeiro de 2018 ÍNDICE UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS Aula 1: Tintas I............................................................................................................................1 Aula 2: Tintas II.........................................................................................................................15 Aula 3: Agentes Diversos..........................................................................................................31 Aula 4: Manutenção e Conservação.........................................................................................40 Aula 5: Patologias Congênitas..................................................................................................52 Aula 6: Patologias Outras.........................................................................................................61 UNIDADE 2 – SISTEMA CERÂMICOS Aula 7: Conceitos Gerais...........................................................................................................81 Aula 8: Fabricação de Cerâmicas..............................................................................................93 Aula 9: Parâmetros de Projetos..............................................................................................105 Aula 10: Execução...................................................................................................................116 Aula 11: Patologias.................................................................................................................126 Aula 12: Particularidades e Recomendações..........................................................................137 P in tu ra e R e v e stim e n to Aula 1 – Tintas I UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 1 Unidade 1 – Sistema de Pinturas Aula 1: Tintas I Pintar significa proteger e embelezar. É necessário assegurar que as qualidades da tinta permanecerão firmes e aderidas ao substrato mantendo por um determinado tempo, as propriedades essenciais. Esta mesma preocupação deverá ser direcionada à preparação das superfícies a serem pintadas. Sem o que tudo estará comprometido. Por fim, dever-se-á exigir profissionais com qualidade, experiência e, porque não, equipamentos modernos. 1. A História da Tinta A história do uso das cores e da pintura se confunde com a própria história da humanidade. O ser humano na pré-história, possuidor de limitados recursos verbais para transmitir suas experiências, viu-se obrigado a desenvolver alternativas que complementassem sua comunicação e que perpetuasse a informação. 1.1. A cor na pré-história Descobertas atuais demonstram que as gravuras encontradas em cavernas remetem ao último Período Glacial. Os nossos ancestrais perceberam que certos produtos, como o sangue, por exemplo, uma vez espalhado nas rochas deixavam marcas que não desapareciam. Logo estes materiais começaram a ser utilizados para transmitir informações. Com a necessidade de aumentar a durabilidade das pinturas e diversificar as cores, as chamadas pinturas rupestres passaram a utilizar óxidos naturais, presumivelmente abundantes junto à superfície do solo naquele tempo, como os ocres e vermelhos. Para que fosse possível "pintar" era necessário um ligante que pudesse fixar os pigmentos à superfície conferindo alguma durabilidade. A solução foi misturá-los ao sebo ou seiva vegetal. Aula 1 – Tintas I PINTURA E REVESTIMENTO 2 Com o aprimoramento da competência artesanal, ainda no período glacial, começaram a surgir as primeiras ferramentas e equipamentos auxiliares para executar as pinturas, bem como para manufaturar as matérias-primas utilizadas na preparação das tintas. Depois disso, durante milhares de anos, pouco se acrescentou às descobertas iniciais. A história começa a registrar novidades quando várias civilizações surgem do longo período de maturação da mente humana. 1.2. Egito Durante o período de 8000 a 5800 A.C. surgiram, desenvolvidos pelos egípcios, os primeiros pigmentos sintéticos. Estes pigmentos eram derivados de compostos de cálcio, alumínio, silício e cobre, razão pela qual possuíam grande gama de azuis, como o até hoje utilizado Azul do Egito. Além do desenvolvimento de pigmentos baseados em materiais minerais também foram desenvolvidos os de origem orgânica. Os produtos usados como ligantes incluíam goma arábica, albumina de ovo, cera de abelha entre outros. 1.3. Grécia e Roma Gregos e romanos utilizavam pigmentos como os egípcios, tendo desenvolvido grande variedade de pigmentos minerais, derivados de chumbo, zinco, ferro e orgânicos; derivados de ossos. Assim como no Egito, os bálsamos naturais eram utilizados como proteção para navios, revestindo os cascos. Neste período da história são relatados usos de ferramentas como espátulas e trinchas. 1.4. A pintura no Oriente Os orientais utilizavam diversos materiais orgânicos e minerais para suas pinturas. Os chineses e japoneses preparavam materiais para decoração de suas porcelanas, sendo que os indianos e persas faziam uso de trinchas e elementos de corte para executar a pintura. Ainda neste período os maiores desenvolvimentos se davam em função do uso decorativo da pintura, sem grande importância ao aspecto de conservação. 1.5. As Américas Os índios das Américas, especialmente no que hoje conhecemos como América do Norte, faziam uso de vários materiais de origem vegetal nas suas pinturas e em seus cosméticos, além dos minerais retirados de rios e lagos. Aula 1 – Tintas I UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 3 Os nativos da América do Sul utilizavam penas de pássaros para a confecção de seus apetrechos de pintura. Neste período, algumas pinturas já possuíam boa durabilidade. 1.6. Idade Média Neste período surgem os primeiros registros da utilização de vernizes como proteção para superfícies. Estes materiais eram preparados a partir do cozimento de óleos naturais e adição de alguns ligantes. 1.7. O impulso da Revolução industrial Assim como em outros setores industriais, foi durante o período da Revolução Industrial que a indústria de tintas e vernizes se desenvolveu com maior rapidez. O copal e o âmbar eram as resinas mais comumente utilizadas. As primeiras indústrias surgiram na Inglaterra, França, Alemanha e Áustria. As fórmulas eram tratadas sob sigilo absoluto, e tidas como uma informação de poucos privilegiados. 1.8. Novos desenvolvimentos Durante o século XX, a indústria de tintas passou por grande evolução tecnológica, o que gerou o aparecimento de novos materiais, cada vez mais adequados ao usuário. Os desenvolvimentos também trouxeram produtos de maior resistência, garantindo longevidade às superfícies tratadas. 1.9. Inicio da Atividade Industrial no Brasil A história da indústria de tintas brasileira teve início por volta do ano 1900, quando os pioneiros Paulo Hering, fundador das Tintas Hering, e Carlos Kuenerz, fundador da Usina São Cristóvão, ambos imigrantes alemães, iniciaram suas atividades na nova pátria e lar. Sucessivamente outras empresas, atraídas pelo novo mercado potencial, começaram a se instalar em nosso País e desenvolverfortemente o setor. 2. Tipos Existem duas classificações básicas para tintas: • À base de óleo ou solventes; • À base de água. Aula 1 – Tintas I PINTURA E REVESTIMENTO 4 As denominações citadas espelham a principal diferença entre as duas categorias de tintas, denominada porção líquida, ou veículo da tinta. A porção líquida de uma tinta à base de óleo contém solventes como o mineral spirits. Nas tintas à base de látex. A porção líquida contém água. Vantagens das Tintas à base de Solventes são: • Proporciona melhor cobertura na primeira demão; • Adere melhor a superfícies que não estão muito limpas; • Tempo de abertura maior (espaço de tempo em que a tinta pode ser aplicada com pincel antes de começar a secar); • Depois de seca apresenta maior resistência à aderência e a abrasão. As vantagens das tintas à base de água são: • Melhor flexibilidade em longo prazo; • Maior resistência a rachaduras e lascas; • Maior resistência ao amarelecimento, em ares prot4egidas da luz do sol; • Exala menos cheiro; • Pode ser limpa com água; • Não é inflamável. Aula 1 – Tintas I UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 5 2.1. Tintas à base de Óleo As tintas à base de óleo têm boa cobertura (característica da tinta de cobrir ou mudar a superfície original) e adesão ao substrato aplicado. Por outro lado, em aplicações externas, algumas destas tintas tendem a oxidar, fazendo com que a película, com o passar do tempo torne-se quebradiça, ocorrendo diversas linhas de trincas e fissuras. Em aplicações internas, costuma ocorrer o amarelamento e, às vezes, pequenos desplacamentos da película. Estas tintas são mais difíceis de aplicação que as formuladas com látex, demorando de 8 a 24 horas para proceder a secagem da película aplicada. Não devem ser aplicadas sobre superfícies com características alcalinas e, mais especificamente, sobre aquelas que não se apresentem totalmente curadas. Também não devem ser aplicadas diretamente sobre superfícies metálicas galvanizadas. Em ambos os casos há esta contra indicação devido ao fato de que, desta forma, haverá a saponificação do filme. 2.2. Tintas à base de Água As tintas base água dividem-se em acrílicas e copolímero de acetato de vinila (PVA). 2.2.1. Tintas à base de PVA As tintas à base de PVA oferecem mais qualidades para fins externos que as tintas à base de óleo, já que apresentam maior variedade de cores, retenção do brilho, melhor resistência à surgência de fissuras, à radiação UV e ao desenvolvimento de mofo. 2.2.2. Tintas à base de Acrílico As tintas de acrílico de fórmula pura oferece em relação ao látex maior resistência: • Ao amolecimento por gordura; • Ao descascamento; • À formação de bolhas; • Ao crescimento de algas e fungos; • À formação de manchas por água, mostarda, molho de tomate, café; • Aos produtos de limpeza doméstica; • Manutenção de cor; • Adesão em condições úmidas. Aula 1 – Tintas I PINTURA E REVESTIMENTO 6 A qualidade das tintas à base de látex para utilização externa, hoje, é inquestionável, Particularmente aquelas formuladas com resinas 100% acrílicas, já que seu filme mantém a flexibilidade por anos. 3. Componentes Todas as tintas são compostas por quatro componentes básicos, que darão efeitos particulares em suas performances, desconsiderando o fato de serem à base de solvente ou água. Os componentes são: O pigmento, a resina, a porção líquida e os aditivos. Os três últimos formam o veículo da tinta. 3.1. Pigmento São materiais insolúveis, geralmente com grande finura, sendo sintéticos ou naturais, que dão cor e poder de cobertura à tinta. O dióxido de titânio, pigmento branco, é o mais empregado na formulação das tintas, é um dos ingredientes que melhora a qualidade da Aula 1 – Tintas I UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 7 tinta, garantindo alto poder de cobertura, alvura, durabilidade, brilho e opacidade. Os “extenders” ou “cargas” também são pigmentos, inertes como o carbonato de cálcio, silicatos de magnésio e de alumínio, sílica, etc., que são adicionados às tintas de modo a dar volume, sem acrescentar praticamente nada em seu custo. Os pigmentos podem ser divididos em orgânicos e inorgânicos. Os inorgânicos são todos os pigmentos brancos e cargas e uma grande faixa de pigmentos coloridos, sintéticos ou naturais. Os orgânicos são substâncias corantes insolúveis e normalmente não tem características ou funções anticorrosivas. Uma dos aspectos mais importantes a se observar, é sua durabilidade ou propriedade de permanência sem alteração de cor. 3.2. Resina É um material ligante ou aglomerante, normalmente um polímero, não volátil, também chamado de “veículo sólido” que fixa, junta e faz aderir as partículas do pigmento, dando integridade à película de pintura. Propriedades da tinta como dureza, resistência à abrasão, resistência aos álcalis e adesão são governadas basicamente pela resina. Quando a pintura é aplicada e seca, seu poder de aderência à superfície deve-se à resina que, dependendo do tipo e quantidade adicionada à formulação da tinta, será fundamental para dar resistência ou retenção de cor, brilho, flexibilidade ao filme e, finalmente, durabilidade. Deduz-se, portanto, que uma tinta com pouca ou nenhuma resina terá uma performance deficiente e, por fim, uma durabilidade extremamente baixa. A caiação é uma tinta que, essencialmente, não contém resina. Aula 1 – Tintas I PINTURA E REVESTIMENTO 8 As tintas compostas de solventes podem ser formuladas com resinas sintéticas ou naturais. É interessante ressaltar que mais de 90% das tintas a base de solvente usam resinas alquídicas (reação de álcools polihidricos, como os glicols e a glicerina, adicionando- se ácidos orgânicos como o maleic e o sebaic) como aglomerante. Este aglomerante, explicando de outra maneira, é composto por resinas modificadas com óleos vegetais, como o de linhaça e de tungue que secam rapidamente e formam uma película dura, diferentemente dos óleos vegetais e resinas sintéticas. Estas tintas não devem ser aplicadas diretamente sobre paredes ou superfícies alcalinas, a não ser que se aplique um isolante resistente aos álcalis. De outra forma, ocorrerá a saponificação do veículo. Nas tintas à base d´água, a resina é essencialmente sintética, sendo que a acrílica (ou 100% acrílica) e a vinil acrílica (também chamada acetato de polivinil ou PVA) são mais comuns. Já é de conhecimento geral que as tintas formadas com 100% de resina acrílica promovem melhor adesão à superfície e dão maior durabilidade que as tintas vinil acrílicas, particularmente em superfícies alcalinas (existem tiras de papel e lápis que medem o PH da superfície). 3.3. Porção Líquida ou Volátil (Solvente) Com diferentes funções, dependendo do tipo da tinta, mantém os pigmentos e as resinas dispersas ou dissolvidas em um estado fluido ou com baixa viscosidade, tornando a tinta fácil de aplicar. Após a aplicação da tinta, a porção líquida evapora totalmente e deixa atrás uma película de pigmentos estruturada com a resina. Normalmente não reagem com os constituintes da tinta. Aula 1 – Tintas I UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 9 A porção volátil mais freqüente nas tintas à base de óleo são: a trupentina (solventedestilado do pinheiro) e os derivados do petróleo como xilol, toluol, etc., que dissolvem a resina. São os produtos que tem a capacidade de dissolver outros materiais sem alterar suas propriedades químicas. O resultado dessa interação é denominado solubilização. Os solventes são, via de regra, voláteis e na sua maioria inflamáveis. Eles estão presentes nas tintas com duas finalidades: • Solubilizar a resina; • Conferir viscosidade adequada à aplicação. A solubilização da resina é necessária para que haja um melhor contato da tinta com o substrato, favorecendo a aderência. A utilização de solventes inadequados, que não tenham poder de solvência sobre a resina, pode causar problemas nas tintas, como a coagulação ou precipitação da resina, perda de brilho, diminuição da resistência à água. Normalmente, são utilizados composições de solventes com diferentes pontos de ebulição, de maneira que os solventes “mais leves” formam a película logo após a aplicação, evitando o escorrimento, e os “mais pesados” possibilitam a correção de imperfeições como marcas de pincel e crateras. As características gerais dos Solventes são: • Incolores; • Voláteis, sem formação de resíduos; • Quimicamente estáveis, não se alterando no armazenamento; • Neutros (não devem reagir com os demais componentes da tinta); • Inodoros ou de odor fraco ou agradável; • Estáveis, com propriedades físicas constantes. Os solventes mais amplamente utilizados são: • Hidrocarbonetos alifáticos (poder de solvência e volatilidade baixo devido seu alto peso molecular) e aromáticos (forte poder de solvência e odor. São eles: benzeno, tolueno, etc.). São muito utilizados devido ao seu custo relativamente baixo e indicação para a maioria das resinas; • Oxigenados: Caracterizado genericamente por ser hidrossolúveis. São eles: Álcoois, ésteres, cetonas e os glicóis. Aula 1 – Tintas I PINTURA E REVESTIMENTO 10 3.3.1. Limites de Tolerância A água é o único solvente absolutamente sem perigo como, porém, muitas substâncias não se dissolvem na água, houve na segunda guerra um extraordinário desenvolvimento do uso de solventes orgânicos. Entre eles alguns são poucos nocivos, como o etanol e a acetona. Outros como o benzeno, o dissulfeto de carbono e o sulfato de dimetila, são extremamente perigosos. Em função do perigo potencial que eles representam os higienistas fixaram limites de tolerância diária, os quais não devem ser ultrapassados em locais de trabalho. Estes limites estão definidos nas NR’s. Nas tintas à base de látex, a porção líquida principal é a água, que não dissolve a resina, mantendo-a apenas dispersada, funcionando como um diluente. Além da água, nas tintas à base de látex, são usados outros solventes coalescentes que aderem à resina, amolecendo-a, fazendo com que a tinta sofra uma secagem mais rápida. 3.4. Aditivos Combinam-se aos componentes primários, de modo a incrementar a performance da tinta. Os aditivos variam, de preservativos (que impedem que a tinta estrague ao ser estocada na prateleira) aos fungicidas (que evitam o crescimento de colônias de mofo na superfície da película aplicada). As sílicas garantem a homogeneidade do revestimento, evitando o surgimento de fissuras e outros tipos de deformação, seus principais benefícios são: alto poder de fosqueamento, alta porosidade, consistência, fácil dispersão e qualidade de filme, proporcionando excelente resistência a riscos e manchas. O glicol também entra na composição das tintas com a função de impedir que, após a aplicação o filme seque rapidamente. Os modificadores reológicos são uma outra linha de aditivos usado nas tintas à base de látex, coma função de melhorar suas propriedades de aplicação e a aparência do produto final, fazendo com que o sistema tenha boa fluidez ou espalhamento, interferindo eficazmente na cobertura da pintura e, principalmente, em sua durabilidade. Quanto ao mecanismo de atuação, os aditivos dividem-se em: • Aditivos de cinética ✓ Secantes ✓ Catalisadores ✓ Antipeles Aula 1 – Tintas I UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 11 • Aditivos de Reologia ✓ Espessantes ✓ Niveladores ✓ Antiescorrimento • Aditivos de processo ✓ Surfactantes • Aditivos de preservação ✓ Biocidas ✓ Estabilizantes de ultravioleta 4. Qualidade Ao variar a quantidade e o tipo de resina, pigmento, porção, líquida e aditivos, pode-se criar uma vasta variedade de tintas. O teor de sólidos, o conteúdo de pigmentos e a qualidade de óxido de titânio são os três indicadores da qualidade de uma tinta. Quanto maior a porcentagem de sólidos em volume, não em peso, na tinta; maior espessura da película, considerando-se uma determinada taxa de espalhamento. Esta vantagem, simplesmente traduz-se em uma melhor cobertura e, obviamente, em uma verdadeira proteção da superfície, significando, no fim das contas, durabilidade. Por exemplo, as tintas comuns à base de látex apresentam-se com cerca de 15 a 20% de sólidos em volume e 80 a 85% de água. As boas tintas ou de qualidade, normalmente apresentam cerca de 35 a 45% de sólidos e, consequentemente, 55 a 65% de água. Se pintarmos com uma tinta de qualidade e uma tinta comum, em igualdade de condições, uma mesma espessura de filme molhado (recém-pintado), após a secagem obter-se-á uma película mais espessa, que dará mais proteção e durabilidade. De fato, com uma tinta de 40% de sólidos em volume após a secagem da pintura, obteremos uma película seca (EPS) três vezes mais espessa do que com a tinta 30% de sólidos. Aula 1 – Tintas I PINTURA E REVESTIMENTO 12 4.1. Características de uma Boa Tinta Variáveis para formulação de tintas de qualidade: Aula 1 – Tintas I UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 13 4.2. Componentes As tintas são compostas por quatro categorias de componentes: pigmentos, ligantes, líquidos e aditivos. Como uma regra geral, quanto maior a quantidade de pigmento e ligante, melhor será a qualidade da tinta. Características: • Pigmentos: responsáveis pela cor e poder de cobertura; • Ligantes: dão "liga" aos pigmentos e proporcionam integridade e adesão ao filme; • Líquidos: também conhecidos como veículo, proporcionam a consistência desejada; • Aditivos: proporcionam à tinta propriedades específicas. 4.3. Características de Aplicação De acordo com o quadro abaixo. Aula 1 – Tintas I PINTURA E REVESTIMENTO 14 4.4. Teor de Pigmentos A proporção de pigmentos, volumetricamente falando, referida ao volume total de sólidos de resina e pigmentos de uma tinta é chamada de teor de pigmentos, e é expressa em porcentagem. Teores de pigmentos entre 10 e 2% representam uma proporção baixa na relação pigmento/resina, significando, certamente, uma tinta com brilho. De forma inversa, as tintas com altos teores de pigmentos entre 45 e 75%, apresentam-se com uma proporção superior à resina, o que resulta em uma pintura ou acabamento fosco, sem brilho. As pinturas com acabamento acetinado ou com maio brilho apresentam-se, de um modo geral, com teores de pigmento entre 28 e 38%. Outra forma de entender o teor de pigmento é analisando-se a questão de quanta resina será necessária para envolver o pigmento. As tintas, com baixos teores de pigmento, são consideradas, portanto, com alto teor de resina,isto é, mais resina do que pigmento. Logo, como já dito, obter-se-á uma pintura polida, com brilho. Baseado e adaptado de Giul l iano Pol i to. Edições sem prejuízo de conteúdo. Aula 2 – Tintas II UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 15 Aula 2: Tintas II Na construção civil a pintura representa uma operação de grande importância, uma vez que as áreas pintadas são, normalmente, muito extensas, implicando num alto custo. Há uma tendência natural em considerar a pintura uma operação de decoração, porém, além de decorar e proteger o substrato, a tinta pode oferecer melhor higienização dos ambientes, servindo também para sinalizar, identificar, isolar termicamente, controlar luminosidade e podendo ainda ter suas cores utilizadas para influir psicologicamente sobre as pessoas. 1. Características dos Sistemas de Pintura À primeira vista, uma parede interna ou uma fachada bem acabada aparenta formar a base ideal para receber uma pintura, entretanto, a pintura sobre superfícies de reboco ou de concreto não é assim tão simples como parece, constituindo-se num problema onde os riscos e as dificuldades surgem em grande número. Os materiais de construção empregados na preparação e no acabamento das paredes são quimicamente agressivos, podendo, consequentemente, atacar e destruir as tintas aplicadas sobre elas. Os materiais de alvenaria podem conter considerável quantidade de água, apresentar porosidade excessiva ou irregularmente distribuída, bem como sais minerais ou cal incorretamente carbonatação, estando sujeitos à degradação progressiva que terminará por reduzir ou destruir a firmeza destas paredes, e com elas o sistema de pintura empregado. A alcalinidade das paredes pode provocar a saponificação das tintas formando manchas, com posterior amolecimento ou descascamento do filme. A presença de água pode promover o aparecimento de bolhas e impedir a aderência das películas, além de favorecer a formação de mofo. A porosidade irregular pode causar variações no brilho, na cor ou prejudicar a aderência da tinta. A presença de sais minerais pode causar a formação de depósitos cristalinos, descascamento, empolamento, etc. Em uma futura aula as patologias das pinturas serão mais bem estudadas. 1.1. Propriedades do Substrato As propriedades das superfícies, que influem diretamente no comportamento das pinturas são: Aula 2 – Tintas II PINTURA E REVESTIMENTO 16 • Permeabilidade: É a propriedade que tem o substrato de permitir a passagem de gases ou líquidos que poderão resultar em diversas combinações químicas; • Porosidade: É a relação percentual entre o volume de espaços vazios e o volume total. Esta relação influenciará substancialmente no grau de absorção dos compostos líquidos pela tinta; • Resistência a radiações energéticas: É a propriedade dos materiais de não sofrerem deterioração ou decomposição quando expostos às radiações energéticas, especial as radiações provenientes do sol, como luz ultravioleta; • Plasticidade/Fragilidade: Plasticidade é a propriedade do material de sofrer alteração de forma sob ação de forças externas e as manter mesmo após a retirada destas forças, sem o aparecimento de fissuras; Fragilidade é a propriedade segundo a qual o material se rompe, sob a ação de forças externas, sem ter sofrido deformação; • Reatividade química: a capacidade do material de combinar com agentes químicos ambientais. Os materiais de alvenaria são, via de regra, porosos, e absorvem e podem reter água, desenvolver e abrigar fungos e possuem comportamento alcalino. As madeiras são porosas, higroscópicas e sofrem decomposição superficial sob efeito dos fungos e das radiações solares (raios infravermelho e ultravioleta). Por absorverem umidade, sofrem alteração dimensional provocando empenamentos. Os metais, basicamente as ligas ferrosas, são altamente sensíveis à corrosão quando em contato com a umidade, o oxigênio e os elementos poluentes. As especificações de pintura na construção civil devem ser feitas mediante pleno conhecimento das condições ambientais e dos diversos tipos de substratos. Aula 2 – Tintas II UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 17 1.2. Tipos de Substratos O resultado final de um sistema de pintura é o produto direto do adequado preparo da superfície. Em resumo, as principais observações são: • A superfície deverá estar firme, limpa, seca, isenta de poeira, gordura, sabão, mofo, etc.; • Todas as partes soltas ou mal aderidas devem ser eliminadas através de raspagem ou escavação da superfície; • Imperfeições profundas das paredes devem ser corrigidas com massa acrílica em superfícies externas ou internas ou com massa PVA em superfícies internas; • Manchas de gordura ou graxa devem ser eliminadas com água e detergentes; • Paredes mofadas devem ser raspadas e a seguir lavadas com uma solução de água e água sanitária (1:1) e a seguir lavadas e enxaguadas com água potável; • No caso de repintura sobre superfícies brilhantes, o brilho deve ser eliminado com uma lixa fina. Aula 2 – Tintas II PINTURA E REVESTIMENTO 18 Além desses cuidados, outras considerações devem ser levadas em conta em relação à superfície que será pintada, que serão estratificadas a seguir. 1.2.1. Concreto e Reboco Aguardar pelo menos 30 dias para cura total. Sobre rebocos fracos, deve-se aplicar o fundo preparador de paredes para aumentar a coesão das partículas da superfície, evitando problemas de má aderência e descascamento. Quando essas superfícies tiverem absorções diferenciadas, deverá ser aplicado um selador acrílico pigmentado para uniformizar a absorção. O concreto deve estar seco, limpo, isento de pó, sujeira, óleo e agentes desmoldantes. 1.2.2. Fibrocimento É uma superfície altamente alcalina, sendo indicada a aplicação de um fundo resistente à alcalinidade para selar a superfície. Este procedimento não é necessário se for utilizado látex acrílico, que tem excelente resistência à alcalinidade. 1.2.3. Pisos Só podem ser pintados os tipos porosos, pois pisos vitrificados (concreto liso, ladrilhos, etc.) não proporcionam boa aderência. O piso deverá estar limpo e seco, isento de impregnações (óleo, graxa, cera, etc.). Pisos de concreto liso (cimento queimado) devem ser submetidos a um tratamento prévio com solução de ácido muriático e água (1:1), que terá a finalidade de abrir porosidade na superfície. Após esse tratamento, o piso deve ser enxaguado, seco e então pintado. O tratamento com ácido muriático é ineficaz sobre pisos de ladrilhos vitrificados. 1.2.4. Madeira Deve ser limpa, aparelhada, seca e isenta de óleos, graxas, sujeiras ou outros contaminantes. Madeiras resinosas ou áreas que contém nós devem ser seladas com verniz. Um procedimento aconselhável é selar a parte traseira e os cantos da madeira antes de instalá-la, para evitar a penetração de umidade por esse lado. Uma cuidadosa vedação de furos, frestas, junções é necessária para prevenir infiltrações de água de chuva. 1.2.5. Ferro e Aço Materiais muito vulneráveis à corrosão. Devem ser removidos todos os contaminantes que possam interferir na aderência máxima do revestimento, inclusive a ferrugem; o processo de preparo depende do tipo e concentração dos contaminantes e as exigências Aula 2 – Tintas II UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 19específicas de cada tipo de tinta. Alguns tipos de tinta têm uma boa aderência somente quando a superfície é preparada com jateamento abrasivo, que produz um perfil rugoso adequado para a perfeita ancoragem do revestimento. 1.2.6. Alumínio É um metal facilmente atacado por ácidos ou álcalis, e sua preparação deve constar de uma limpeza com solventes para eliminar óleo, gordura, graxas, ou outros contaminantes. Aplicar inicialmente um primer de ancoragem para garantir uma perfeita aderência do sistema de pintura. 1.2.7. Ferro Galvanizado É um metal ferroso com uma camada de zinco, usado para dar proteção à corrosão por mecanismos físicos e químicos, portanto, não é o ferro que será pintado, mas sim zinco, que é um metal alcalino. As superfícies galvanizadas devem ser limpas, secas e livres de contaminantes. Um primer específico para este tipo de superfície, também denominado primer de aderência, deve ser aplicado inicialmente. 1.2.8. Superfícies Emassadas São, em sua maioria, muito absorventes e sujeitas à contaminação pela poeira residual, proveniente da operação de lixamento. Para garantir boa aderência do acabamento a ser aplicado, é fundamental, após o lixamento, a máxima remoção do pó residual produzido. Em seguida, deve ser aplicado um selador tipo incolor, que penetrará e selará a massa. A própria tinta de acabamento poderá ser utilizada diretamente sobre a superfície emassada, desde que a 1ª demão, servindo de seladora, seja aplicada com maior diluição. Acabamentos à base de água devem ser diluídos, como regra, de 50 a 100% por volume. Acabamentos a óleo ou sintéticos devem ser diluídos na condição máxima recomendada, conforme o método de aplicação e solvente. 1.2.9. Superfície Mofadas Devem ser cuidadosamente limpam, com a total destruição destas colônias. Para tanto, deve-se escovar a superfície, e, a seguir, lavá-la com uma solução de água potável e água sanitária (1:1), deixando agir por cerca de 30 minutos, após o que a superfície deve ser novamente lavada com água potável, aguardando a completa secagem antes de iniciar a pintura. Aula 2 – Tintas II PINTURA E REVESTIMENTO 20 1.2.10. Superfícies Caiadas Não oferecem boa base para pintura, tornando-se necessário uma raspagem completa seguida de aplicação do fundo preparador de paredes. 1.2.11. Superfícies já Pintadas Quando a superfície estiver em boas condições, será suficiente limpá-la bem, após um lixamento, e a seguir aplicar as tintas de acabamento escolhidas. Quando em má condições, a tinta antiga deve ser completamente removida e a seguir deve-se proceder como se fosse superfície nova. Aula 2 – Tintas II UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 21 2. Métodos de Aplicação Algumas observações devem ser respeitadas anteriormente às execuções de pinturas. Algumas delas são: • Temperatura Ambiente ✓ 5° C é a temperatura mínima de aplicação para a maior parte das tintas à base de água ou de solvente, seja em relação à superfície a ser pintada ou ao ambiente; ✓ Temperaturas muito baixas dificultam as pinceladas e passadas de rolo, prolongam o tempo de secagem, o que faz com que a tinta fique mais sujeita a adesão de partículas de poeira do ar; ✓ Temperaturas muito elevadas podem fazer com que a tinta seque rápido demais, comprometendo a durabilidade da pintura. ✓ Devem ser evitadas pinturas temperatura do ar ou da superfície superior a 30 °C; ✓ Devem ser evitadas pinturas com luz do sol direta, principalmente ao usar cores escuras. • Ventilação ✓ Ao usar tintas à base de solventes, cuide para que o local seja muito bem ventilado. Isso evitará que forte odor do solvente, prejudicial à saúde das pessoas, permaneça no local por muito tempo. Ao abrir a embalagem disponível no mercado seja de quarto (0,9L), galão (3,6L) ou lata (16L ou 18L), a tinta não deve apresentar elevada sedimentação, coagulação, empedramento, formação de película superior, odor desagradável ou sinais de corrosão. Aula 2 – Tintas II PINTURA E REVESTIMENTO 22 Antes da aplicação, os produtos devem ser homogeneizados através da agitação manual e/ou mexedores chatos com movimentos de baixo para cima. A homogeneização é fundamental, pois as tintas são constituídas de produtos em suspensão que se sedimentam formando duas fases distintas. Uma parte líquida superior com o veículo (solvente, resina e aditivos líquidos) e outra inferior, a sedimentação, (pigmento sedimentado, cargas e aditivos sólidos). Os pigmentos das tintas são partículas muito pequenas, da ordem de 0,1 a 1,0 micrometros, mas possuem massa e acabam se depositando no fundo da lata. Por isso, é necessário mexer bem a tinta, com cuidado, para que todo material depositado no fundo se incorpore. Porém, quando a tinta está estocada por muito tempo há certa dificuldade de dispersar os pigmentos na tinta. Neste caso, deve seguir os seguintes procedimentos: • Abrir a lata e verificar com uma espátula se há presença de sedimentação. Caso positivo, transferir a parte líquida para uma segunda lata limpa; • Mexer a sedimentação com espátula na lata e retornar lentamente a parte líquida que está separada na outra lata; • Continuar mexendo a sedimentação na lata até que toda a parte líquida que estava na outra lata seja reincorporada e bem homogeneizada; • Aguardar de 10 a 15 minutos após o momento da mistura. Aula 2 – Tintas II UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 23 Geralmente, as tintas e texturas já possuem diluição adequada para a aplicação, porém, caso a diluição seja necessária para melhorar a penetração no substrato ou facilitar a aplicação, é importante seguir a proporção e a especificação do diluente conforme o fabricante, uma vez que a diluição interfere na capacidade de ocultar a cor da superfície. Vale ressaltar que produtos de diferentes marcas não devem ser misturados sem a consulta prévia do fabricante. Momentos antes da execução, é importante considerar as condições ideais para aplicação, de modo a evitar o comprometimento do desempenho da pintura. • Temperatura do produto: a temperatura do produto a ser aplicado deverá estar entre 16°C a 30°C podendo ser medida por um termômetro comum; • Temperatura do ambiente e umidade: a temperatura ambiente deve estar entre 10°C a 35°C com umidade relativa do ar entre 30% e 80% para evitar condensação; • Temperatura da superfície: a temperatura da superfície recomenda-se estar entre 10°C a 35°C. No Brasil, a mão de obra utiliza-se como prática corrente umedecer o substrato a fim de amenizar a temperatura da superfície. Porém, no caso de tintas/texturas, esta prática pode comprometer a aderência devendo ser aplicado em superfícies secas com temperatura ambiente adequada; • Ar e vento: evitar pintar na presença de neblina e ventos fortes com partículas atmosféricas em suspensão, independente da demão; • Fatores sazonais: programar a pintura em estações amenas evitando chuvas e sol forte. A incidência direta do sol acarreta na rápida evaporação do solvente sendo prejudicial para a formação da película; • Poluição atmosférica: em ambientes poluídos a limpeza deve ser cuidadosa e o intervalo entre as demãos deve ser o menor possível, afim de não prender sujeiras na superfície molhada; • Iluminação: caso a iluminação natural seja insuficiente, utilizar iluminação artificial de preferência com lâmpadas alógenas em feixesde luz paralelo à superfície, de modo a acentuar os defeitos e levar à correção; • Quando os produtos não são corretamente aplicados, suas características e desempenho ficam prejudicados. 2.1. Trincha (Pincel de Formato Chato) É o método de aplicação mais antigo e até hoje é de grande utilidade, sendo considerada uma ferramenta insubstituível na pintura. É o mais elementar dos métodos de Aula 2 – Tintas II PINTURA E REVESTIMENTO 24 pintura, por ser uma ferramenta simples e, consequentemente de baixo custo, além de não requerer grande capacitação do aplicador. É mais indicado para aplicação da primeira demão de tinta em reentrâncias, cantos vivos e demais acidentes, onde outros métodos de aplicação poderiam deixar falhas, devido à dificuldade de penetração ou à cavidade e às demais regiões de difícil acesso. O método é de baixa produtividade. Por maior que seja a habilidade do aplicador, tende a dar origem a películas não uniformes, particularmente em termos de espessura. A perda de tinta durante a aplicação é mínima, normalmente não alcançando a 5%. A aplicação deve ser feita mergulhando-se de 2/3 até metade do comprimento das cerdas na tinta (evitam-se desperdícios de tinta e perda da própria trincha), depositando-se a tinta em uma região ainda não coberta e depois a espalhando em passes cruzados. O nivelamento e alisamento da camada se fazem com longas pinceladas sobre as iniciais, sem apertar muito para evitar marcas das cerdas no filme. Terminada a aplicação, as trinchas devem ser de imediato limpas com solvente adequado ou água (dependendo da tinta utilizada), de forma a remover qualquer depósito de tinta, e a seguir secas e adequadamente armazenadas (apoiados pelo cabo e nunca pelas cerdas). As trinchas normalmente utilizadas têm em torno de 50 a 70 mm de largura e suas cerdas são de pelos de animais, fibras sintéticas ou vegetais. 2.2. Rolo Este método tem a vantagem de proporcionar maior rendimento produtivo em relação à trincha. As perdas de tinta durante a aplicação são em principio superiores à da trincha, devido principalmente a respingos, porém, o fato de se conseguir espessuras mais uniformes do que aquele método tende a igualar suas perdas. Exigem diluições ligeiramente superiores às exigidas pela trincha. O método de aplicação a rolo é particularmente aplicável à pintura de grandes áreas planas ou com grande raio de curvatura, na presença de ventos, onde a aplicação à pistola leva a elevadas perdas de tinta. Os rolos fabricados a partir de pelo de carneiro são de melhor qualidade para aplicação da maioria das tintas utilizadas em pintura. O rolo mais utilizado na construção civil tem largura de 23 cm, sendo eventualmente utilizado o de 30 cm de acordo com a preferência do profissional. Aula 2 – Tintas II UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 25 Aplicação a rolo não deve ser mergulhado todo na tinta. Deve ser mergulhada na tinta depositada em uma bandeja ou recipiente, que possui uma região que permite a retirada de excessos, que pode gerar escorrimentos ou desperdícios, espalhando-se a tinta na superfície dada uma sobreposição de 50 mm. A pressão do rolo sobre a superfície deve ser controlada para obter um filme de espessura uniforme. Para superfícies muito rugosas o rolo deve ser passado em várias direções indo e voltando para fazer a tinta penetrar nas irregularidades. A cada novo início de espalhamento da tinta, o rolo acumula muita tinta e no final do percurso já esta com pouca, devido a isto é importante fazer o repasse em sentido contrário ao primeiro movimento uniformizando a camada. Ao final da aplicação, o rolo deve ser imediatamente limpo com solvente ou água (dependendo da tinta que foi aplicada), para que possa ser reaproveitado. 2.3. Pistola Convencional Na pistola convencional, ou pistola a ar, a tinta depositada no recipiente é expulsa em direção ao bico da pistola pela ação da pressão do ar. É um método de aplicação de tinta muito utilizado em pintura industrial, não só na pintura de campo como na de oficina, apresenta grande produtividade, tem como característica a obtenção de espessura de película quase que constante ao longo de toda a superfície pintada. A aplicação da tinta pelo método da pistola convencional requer que a mesma seja diluída mais que qualquer outro método, para adequar sua viscosidade, de forma que ela possa fluir do recipiente até a pistola pela ação da pressão do ar. Como consequência dessa excessiva diluição, o método tem duas desvantagens significativas. A primeira é que, com a evaporação do solvente, há uma sensível redução da espessura da película úmida para seca. O método de aplicação por pistola convencional apresenta ainda como limitação o fato de levar à excessivas perdas de tinta durante a aplicação, da ordem de 30 %, e os riscos de segurança, observados quando a aplicação é feita em ambientes fechados, são significativos, devido ao excessivo acúmulo de solventes. Existem dois tipos de equipamentos tidos como pistola convencional: • Nos mais simples, o recipiente é acoplado diretamente à pistola (pistola de caneco); • No outro, a tinta é depositada em um grande recipiente e, através de mangueiras, pela ação da pressão do ar injetado dentro do recipiente, chega até a pistola. Aula 2 – Tintas II PINTURA E REVESTIMENTO 26 O pequeno recipiente do primeiro equipamento acarreta frequentes interrupções da aplicação para enchimento do mesmo com tinta. A vantagem do segundo equipamento é que a pistola fica mais leve, uma vez que o recipiente onde a tinta é depositada não fica acoplado à mesma, como acontece com o primeiro equipamento. A instalação para aplicação das tintas pelo método de pistola convencional consiste em: • Manômetro, regulador de pressão e válvulas de entrada de ar e saída da mistura ar e tinta, mangueiras de ar e da mistura ar e tinta, pistola (com bico que é selecionado em função da tinta que se quer aplicar, a partir de instruções fornecidas pelo fabricante da mesma) e fonte supridora de ar, que deve ser seco; • Pistola de caneco: usado em oficinas de repinturas ou na indústria para operação de peças pequenas. A caneca quando cheia pesa em torno de 1 Kg dependo da tinta, cansando o pintor; • Tanque de pressão: muito usado na indústria onde há necessidade de produtividade. O tanque permite a colocação de um volume maior de tinta preparada, evitando paradas para reabastecimento. Alguns tanques trazem acoplado um agitador pneumático para homogeneizar a tinta constantemente. Na aplicação da tinta pelo método da pistola convencional, uma série de cuidados devem ser observadas. O primeiro é a correta diluição da tinta, procurando-se ajustar sua viscosidade a uma aplicação adequada. Outro é a seleção do bico da pistola, que é feita em função das propriedades tixotrópicas da tinta. A pressão e a vazão do ar que é injetado no tanque de pressão também devem ser selecionadas em função das propriedades da tinta que se quer aplicar. Este elenco de parâmetros definirá o leque do fluido constituído da mistura tinta e ar que sai do bico da pistola. Aula 2 – Tintas II UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 27 Aplicação pistola deve ser posicionada com o leque do fluído constituído de tinta e ar, incidindo perpendicularmente em relação à superfície a pintar e deslocada em movimentos de ida e volta paralela aquela superfície. Neste movimento de ida evolta, deve haver uma sobreposição da passada subsequente para que haja continuidade da película aplicada. A sobreposição deve ser da ordem de 50%. A distância do bico da pistola à superfície deve oscilar entre 15 e 20 cm. A aplicação com a pistola muito próxima da superfície causa o defeito de escorrimento da película e, com a pistola muito distante, o efeito de sobreposição ou overspray (depósitos sobre a superfície em forma de pó ou grânulos). A velocidade de passagem do leque de fluido em um sentido e outro também pode causar tais defeitos. O defeito do overspray é ainda muito comumente observado em aplicação de tintas pelo método de pistola convencional quando o pintor não tem a necessária qualificação e é influenciado pela diluição, seleção do bico, pressão do ar, distância inadequada da pistola à superfície e movimentos irregulares. Aula 2 – Tintas II PINTURA E REVESTIMENTO 28 2.4. Pistola Sem Ar (Airless) A pintura com pistola “airless spray” ou pistola sem ar, também conhecida como pistola hidráulica, é um método de aplicação por pulverização indicado para pintura de grandes áreas, como casco de navios, tanques de armazenamento, etc. Ao contrário da pistola convencional, que utiliza o ar para atomização da tinta, a pintura sem ar utiliza uma bomba, acionada pneumaticamente, para pressurizar à tinta, e a energia com que a mesma chega ao bico da pistola provoca sua pulverização. A alimentação da pistola é feita com bombas hidráulicas e a atomização das tintas é produzida pela passagem da tinta sob alta pressão através de um orifício de diâmetro muito pequeno. Pressões da ordem até 7.500 Libras/pol², dependendo do tipo de equipamento usado, enquanto nas pistolas convencionais a pressão no tanque fica por volta de 20 a 60 Libras/pol². Isto permite que sejam aplicadas com este método tintas com elevadas quantidades de sólidos por volume (tintas sem solventes), sem a necessidade de diluição e em espessuras elevadas. Além de ser um método que permite a aplicação de películas de tintas com propriedades uniformes em termos de espessura e baixa incidência de falhas, é de elevada produtividade e tem perdas de tinta na aplicação bastante reduzidas, da ordem de 15%. Na aplicação da tinta pelo método da pistola sem ar devem ser observados os mesmos cuidados já descritos para a aplicação da pistola convencional em termos de diluição, seleção do bico e movimentos de aplicação. A aplicação de tintas pelo método da pistola sem ar requer cuidados de segurança por parte do pintor, dadas às elevadas pressões envolvidas. A distância entre o bico da pistola airless e a superfície a ser pintada é de 25 a 50 cm. Adotam-se as mesmas técnicas de aplicação para a pistola convencional. 2.4.1. Pistola Airless Assistida Método de aplicação misto entre o sistema airless e o convencional, utilizando a técnica de pressurização com pressões de 3.000 a 4.000 Libras/pol², e possui capa com chifres e com orifícios para a saída do ar comprimido para auxiliar na pulverização. Utilizado para melhorar as propriedades de aplicação e pulverização em tintas sem diluentes, quanto à distribuição das partículas de tinta permitindo um acabamento mais uniforme. Aula 2 – Tintas II UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 29 2.5. Pintura Eletrostática Muito utilizada em esquadrias metálicas, a pintura eletrostática é um método de aplicação de tintas muito utilizado na aplicação de pintura de fábrica e somente há poucos anos passou a ser usada na aplicação de esquemas de pintura no campo. Vem sendo largamente utilizada na pintura de tubos que são usados na construção de dutos enterrados ou outros. Nestes casos, a aplicação da pintura dos tubos é feita na oficina, e as juntas são aplicadas eletrostaticamente no campo. A tinta é eletrizada na pistola durante a pulverização e projetada contra a peça que deve ser aterrada com carga de sinal contrário. O aproveitamento da tinta neste método é maior devido as partículas que seriam perdidas durante a pulverização, serem atraídas para a peça. As tintas utilizadas na pintura eletrostática baseiam-se na seleção dos aditivos e solventes, responsáveis por fornecer maior ou menor polaridade, podendo ser tintas líquidas ou em pó. Estes produtos devem ser fornecidos dentro das faixas de condutividade (faixa de 10 a 30 micro amperes – μA) ou resistividade (faixa de 0,4 a 0,8 megaohms – MΩ) de acordo com o equipamento de aplicação. 2.6. Pintura por Imersão A pintura por imersão pode ser dividida em imersão eletroforética e imersão simples. Na imersão eletroforética, a peça a ser pintada é mergulhada em um banho de tinta contida em um tanque, sendo que entre o tanque e a peça é estabelecida uma diferença de potencial em torno de 300 volts, com película uniforme, da ordem de 15 a 30 µm. O banho dever ser mantido com agitação constante. Já na imersão simples, não é estabelecida a diferença de potencial entre a peça e o tanque, havendo simplesmente o banho de tinta com agitação constante. A tinta não deve ter “pot life” curto. O método de aplicação conhecido como “Flooding” pode substituir a pintura por imersão. Faz-se um esguicho com mangueira, dando um banho de tinta na peça. Este método é utilizado para pintura de transformadores elétricos. Como principal vantagem da pintura por imersão pode-se citar a minimização de perdas. Entretanto, esta técnica possui a desvantagem de gerar muitos problemas de escorrimentos. 3. Armazenamento e Manuseio Com exceção das tintas à base de água, as tintas possuem solventes que são inflamáveis. Logo, defeitos na embalagem, estocagem inapropriada, manuseio incorreto e Aula 2 – Tintas II PINTURA E REVESTIMENTO 30 aquecimento excessivo, podem causar vazamentos de solventes e acúmulo de seus vapores no ambiente, trazendo riscos de incêndios e prejuízos à saúde. Logo, o armazenamento e manuseio exigem certas precauções que devem ser seguidas: • Já no recebimento, as amostras devem ser mantidas fechadas e registradas com a data de entrega e o número do lote, principalmente em obras grandes. Este procedimento é para que os produtos sejam utilizados conforme a sequência de entrega, garantindo a validade do produto; • Os produtos devem ser armazenados em locais frescos, ventilados, c om comunicação com o exterior e de fácil acesso. Enquanto não forem utilizadas, as embalagens devem permanecer fechadas. Ao abrir, as tintas e texturas devem ser aproveitadas imediatamente, evitando sobras. Caso ocorra, é conveniente inserir os restos de material em embalagens menores, de modo que eles fiquem armazenados cheios, uma vez que a presença do ar e umidade pode comprometer o desempenho das tintas/texturas. Já as sobras de solventes, devem ser armazenadas em recipientes bem fechados ou enviadas para empresas de recuperação ou incineração já que necessita de proteção maior contra qualquer fonte de calor ou chama. Recomenda-se que as latas sejam estocadas, inicialmente, com a tampa virada para baixo e de 3 em 3 meses sejam invertidas. Esta providência permite maior vedação da tampa pelo lado interno e diminui a sedimentação no fundo das embalagens. O empilhamento não deve exceder o peso superior ao suportado pelas embalagens. Danificações podem comprometer a qualidade do produto e podem causar até vazamentos. Logo, o empilhamento máximo no local de armazenamento deve ser conforme tabela abaixo: As embalagens não devem ser lavadas para não lançar efluentes poluidorese devem ser inutilizadas no momento do descarte, evitando seu uso para outros fins. As latas com filme de tinta seco podem ser encaminhadas para área de transbordo e triagem ou para a reciclagem. Outras instruções devem ser seguidas conforme fornecidas na embalagem do produto ou no catálogo do fabricante. Baseado e adaptado de Giul l iano Pol i to. Edições sem prejuízo de conteúdo. Aula 3 – Agentes Diversos UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 31 Aula 3: Agentes Diversos O processo de pintura de um determinado material exige que todas as normas e procedimentos técnicos sejam respeitados com rigor, incluindo-se o respeito às datas de validade do produto a ser utilizado. Alguns problemas eventualmente ocorrem, apesar de todos os cuidados tomados geralmente decorrentes de condições de armazenamento deficientes, condições climáticas adversas ou falhas no preparo da superfície, durante a aplicação ou durante a secagem Adiante, serão visto outros materiais utilizados em pinturas que não Tintas. 1. Cal Hidratada para Pintura A tinta a base de cal é uma tinta inorgânica composta por uma dispersão aquosa de cal hidratada contendo frequentemente diversos tipos de aditivos e/ou pigmentos. A sua pintura origina um acabamento de aspecto fosco, não totalmente uniforme, e poroso bastante permeável ao vapor de água, exigindo uma manutenção freqüente. No entanto devido ao seu caráter inorgânico não é propícia à biodegradação ou à fixação de vegetação parasitária. A cal em contato com os gases sulfurosos degrada-se originando sulfatos que são solúveis na água da chuva, conduzindo a uma rápida degradação da pintura de cal. Sendo por isso necessário ponderar muito bem a sua possível utilização em cidades com grandes níveis de poluição. Este tipo de pintura à base de cal não é indicado para aplicação nas superfícies de concreto armado, pois a porosidade da película permite a passagem do dióxido de carbono o que vai originar a corrosão das armaduras e que consequentemente poderá provocar manchas indesejáveis na superfície de pintura. Hoje em dia já é possível recorrer ao uso de aditivos e adjuvantes para melhorar as características da caiação e aumentar a sua durabilidade, permitindo fixar a cal ao suporte, melhorar a sua plasticidade e aumentar a capacidade de resistir à ação da chuva. Os produtos adicionados podem ser variados, como gorduras naturais ou produtos acrílicos, permitindo aumentar a durabilidade da caiação. Aula 3 – Agentes Diversos PINTURA E REVESTIMENTO 32 1.1. Características e Utilização A composição é formulada com cal hidratada podendo conter pigmentos opacificantes e/ou coloridos, cargas minerais, sais higroscópicos e eventualmente produtos repelentes à água. É recomendada para superfícies externas e internas, rústicas e porosas como alvenarias de cimento, cal, concreto, bloco de concreto. Pode ser aplicado em superfícies úmidas e frescas. Não deve ser aplicado em superfícies lisas como cerâmica, nem sobre superfícies pintadas com outros tipos de tinta. Como características técnicas, possui dispersão aquosa isenta de solventes orgânicos, liberando baixo teor de orgânicos voláteis (baixa toxidade). O pó é misturado à água pouco antes da aplicação. O leite de cal, ao ser aplicado, reage com o anídrico carbônico (CO2) do ar formando o carbonato de cálcio (CaCO3). Geralmente, dolomitos de granulação muito fina e arredondada resultam em cal hidratada para pintura de melhor desempenho do que os calcários. De modo geral, a película de caiação possui bom poder de cobertura quando seca e baixo poder quando úmida. Devido a sua alcalinidade suas cores são limitadas. A maioria dos pigmentos orgânicos é incompatível com este tipo de pintura, devido a sua suscetibilidade à alcalinidade. Já os pigmentos minerais são compatíveis, principalmente óxidos de ferro. Se comparada às tintas convencionais e à pintura de base de cimento, forma uma camada mais permeável permitindo a transpiração do substrato úmido. Possui baixa resistência a ácidos e elevada resistência à alcalinidade e à água. A resistência à alcalinidade torna-a muito recomendada para aplicação em substratos com base de cimento ou cal recém-executados, não sendo adequada para aplicação em ambientes industriais onde o meio é ácido. 2. Fundos As paredes novas tendem a deixar resíduos na superfície, possuem alta absorção e também possuem absorção muito irregular. Com isto, além de consumir muita tinta, tendem a deixar o acabamento manchado e diminuir a fixação da tinta. Uma demão de selador regulariza essas imperfeições, bem como a absorção da parede. Assim, deixa-se a parede em melhores condições para receber a tinta e consegue-se mais economia. Os fundos podem ser aplicados também quando a parede estiver muito castigada pelo tempo, possuindo partes soltas ou com absorção desuniforme. Um selador serve para corrigir a absorção da parede, bem como para fixar resíduos que passam despercebidos na preparação da parede para a pintura. Fundos incolores ou pigmentados possuem a mesma função, mas o pigmentado facilita o trabalho na medida em que ele já cobre parte do substrato, já que possui cargas e pigmentos. Em caso de paredes que possuam manchas ou Aula 3 – Agentes Diversos UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 33 pintura com cores irregulares, o selador pigmentado já forma uma barreira de cor única facilitando a aplicação da tinta no final. O selador transparente apenas corrige a absorção e/ou fixa pequenos resíduos soltos na parede, mas não altera a aparência do substrato. mesmo entre os profissionais especializados existe muita dúvida na hora de escolher o produto certo que irá preparar a parede para pintura. O selador é conhecido entre os profissionais como santo milagreiro, mas pode se tornar o vilão da história. Isso porque muitos acreditam, equivocadamente, que ele pode ser utilizado, por exemplo, para “selar a umidade” ou preparar uma superfície para ser repintada. A aplicação incorreta pode provocar o descascamento da pintura ou a calcinação da superfície e deixar o acabamento muito grosso, o chamado efeito casca de laranja. Na verdade, o selador tem apenas uma função: dar preenchimento a superfícies muito porosas porque ele penetra e se expande proporcionando uniformidade. Ele é indicado para reboco novo, concreto aparente, blocos de concreto e fibrocimento. A vantagem da utilização do selador é que, além de melhorar o acabamento, ele faz os produtos aplicados posteriormente como a massa, textura ou tinta renderem mais. Por exemplo, sem selador, um galão de tinta premium (3,6 litros) cobre uma área média de 35 m² por demão. Utilizando o selador, é possível pintar em média 50 m² por demão. Porém, existe o alerta que lojas de tinta e pintores confundem o selador com fundo preparador de paredes. O fundo preparador é indicado para repintura, para paredes em gesso, paredes descascadas, paredes pintadas com cal que estão esfarelando ou ainda para dar mais firmeza ao reboco fraco. O que este produto faz é fixar bem essas partículas para que a superfície fique pronta para receber a pintura. O fundo preparador aglutina as partículas soltas, proporcionando melhor aderência da tinta. O produto pode ser indicado até mesmo antes da pintura com tinta emborrachada, por exemplo. 2.1. Fundo Líquido Preparador para Paredes Formulação com dispersão ou suspensão de polímeros e aditivos. É recomendado para uniformizar ou reduzir a absorção de superfíciesporosas como gesso, tijolo aparente, telha cerâmica, concreto, pedras. Aumenta a coesão de superfícies sem resistência mecânica. Aglomera pulverulências de superfícies de caiação, gesso e pintura calcinada. Sua principal característica técnica é que libera alto teor de produtos orgânicos voláteis (alta toxidade). Se comparado a fundos seladores possui maior capacidade de penetração em superfícies porosas e maior poder de aglomeração de partículas. Aula 3 – Agentes Diversos PINTURA E REVESTIMENTO 34 2.2. Fundo Selador Acrílico Pigmentado Formulação com dispersão de polímeros acrílicos ou estireno acrílico, aditivos, pigmentos ou cargas. É recomendado para reduzir e uniformizar a absorção de superfícies internas e externas muito porosas, sem pintura, como reboco, concreto, tijolo, gesso, massas niveladoras. Como característica, possui dispersão aquosa isenta de solventes orgânicos, liberando baixo teor de orgânicos voláteis (baixa toxidade). Sua secagem rápida e permite aplicação da tinta de acabamento no mesmo dia. Se comparado ao fundo líquido preparador de paredes possui maior poder de enchimento e cobertura. 2.3. Fundo Selador Vinílico Formulação com dispersão de polímeros vinílicos (poliacetato de vinila ou PVA), aditivos, contém ou não pigmentos ou cargas. É recomendado para reduzir e uniformizar a absorção de superfícies internas e externas muito porosas, sem pintura, como reboco, concreto, tijolo, gesso, massas niveladoras. Como características técnicas, possui dispersão aquosa isenta de solventes orgânicos, liberando baixo teor de orgânicos voláteis (baixa toxidade), fácil aplicação e secagem rápida. Permite a aplicação da tinta de acabamento no mesmo dia. Se comparado ao fundo líquido preparador de parede possui maior poder de enchimento e cobertura. Se comparado ao fundo selador acrílico líquido possui menor resistência à alcalinidade e à água. 3. Massas A massa corrida é um produto muito utilizado na preparação de superfícies que irão receber novas pinturas. O recurso é indispensável para que o acabamento liso, uniformizado e apresente maior durabilidade. A fabricação da massa corrida conta com elementos que garantem propriedades selantes. A aplicação oferece a vantagem da redução no consumo de tinta, isso acontece, pois o produto é capaz de diminuir a porosidade da parede fazendo com que ela absorva menos líquido. Outro benefício apresentado é que sua fórmula proporciona maior agilidade no processo de lixamento. A preparação e produção da massa corrida consistem num processo industrial simples que contam com a mistura de várias matérias-primas. Os principais componentes utilizados na fabricação do produto são: água, calcita, bentonita, bactericida, CMC, dispersante ou parafina, emulsões, entre alguns outros. Aula 3 – Agentes Diversos UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 35 Quando uma pintura é realizada sem o emprego de massa corrida ou ainda com a aplicação errada, os resultados são claramente insatisfatórios e podem inviabilizar toda uma reforma. Em casos assim, é possível perceber rachaduras, buracos, furos, imperfeições e diferenças na textura e nivelamento. Existem 2 variações desse produto no mercado: a Massa Acrílica e a Massa Corrida PVA. De maneira geral, a massa acrílica é indicada para ambientes externos ou internos enquanto que a massa corrida de PVA é recomendada apenas para o interior dos ambientes. Embora ambas tenham a função de nivelar, equiparar paredes e apresentar bons resultados no acabamento, a massa acrílica de PVA é mais barata, pois não oferece resistência à umidade e chuvas. Já a massa acrílica proporciona vedação completa. Visto isso, para tomar a melhor decisão, é preciso analisar se o local da reforma é seco ou úmido. Caso a escolha não seja adequada, a parede apresentará no futuro esfarelamentos ou bolhas. Com o intuito de facilitar a vida das pessoas, já existem no mercado opções de massas corridas coloridas que dispensam a utilização da tinta. Outro recurso bastante explorado é a decoração de ambientes com esse tipo de produto. É possível conseguir efeitos de textura e formas que dão um ar descontraído e moderno aos ambientes. 3.1. Massa Corrida Formulação com dispersão de polímeros vinílicos (poliacetato de vinila ou PVA), aditivos, contém pigmentos ou cargas. Recomenda-se o uso para uniformizar, nivelar e corrigir pequenas imperfeições de superfícies internas de argamassas e concreto. Sua principal característica é dispersão aquosa isenta de solventes orgânicos, liberando baixo teor de orgânicos voláteis (baixa toxidade). A secagem rápida, permitindo lixar e aplicar a tinta de acabamento no mesmo dia para dar proteção e resistência à massa. Se comparada à massa acrílica possui menor resistência à alcalinidade e à água e maior facilidade de aplicação e lixamento. 3.2. Massa Acrílica Composição: formulação com dispersão de polímeros acrílicos ou estireno acrílico, aditivos, pigmentos ou cargas. Recomendada para uniformizar, nivelar e corrigir pequenas imperfeições de superfícies internas de argamassas e concreto. Caracterizada pela dispersão Aula 3 – Agentes Diversos PINTURA E REVESTIMENTO 36 aquosa isenta de solventes orgânicos, liberando baixo teor de orgânicos voláteis (baixa toxidade). Secagem rápida, permitindo lixar e aplicar a tinta de acabamento no mesmo dia para dar proteção e resistência à massa. Se comparada a massa corrida (vinílica) possui maior resistência à aderência, à alcalinidade e à água. Porém, maior dificuldade de aplicação e lixamento. 3.3. Aplicação A aplicação de um revestimento por pintura é um aspecto tão relevante quanto as suas próprias características. Existem vários processos para a disposição das camadas sobre o substrato, desde o básico pincel de aplicação manual a complexas instalações industriais. A escolha do método de utilização mais adequada a cada situação depende de diversos fatores como o acabamento final pretendido, a forma e quantidade do objeto a ser revestido, a rapidez de aplicação, a espessura proporcionada pelos diversos aparelhos e, claro, as condições de ordem econômica e financeira. Assim, estas medidas constituem uma referência geral das boas práticas a adequar a cada caso específico. Após a preparação da superfície, conforme descrito anteriormente, pode-se aplicar o acabamento desejado de acordo com a recomendação do fabricante. Com a superfície devidamente preparada, aplicar demãos finas de massa com desempenadeira ou espátula. Quanto maior a angulação da ferramenta de aplicação com a superfície menos massa é depositada. Aula 3 – Agentes Diversos UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 37 O intervalo de cada demão é de aproximadamente 1 hora e a quantidade de aplicação (1 a 3) vai depender das características do substrato. Quanto mais lisa a superfície menor o consumo de massa e quanto menor a espessura aplicada maior a resistência da superfície à água. Após a secagem completa da massa, que varia em torno de 3 horas, lixar a superfície. A aplicação de massa acrílica em superfícies externas deve ser evitada devido à dificuldade de aplicação, lixamento e a camada de massa diminui a velocidade de evaporação da água que penetra no substrato, causando patologias. Além disso, ao proporcionar acabamento mais liso, facilita a percepção de ondulações e imperfeições, principalmente ao nascer e pôr do sol. 3.4. LixamentoPara dar qualidade final no acabamento, um item de grande importância é o processo de lixamento, ou seja, após aplicar massa corrida é natural que ela não fique totalmente uniforme uma vez que é impossível fazer isso utilizando a desempenadeira na aplicação. Após aplicação da massa corrida, e ela estar devidamente seca, então passa-se a lixar a parede para alcançar o resultado final que é deixar a superfície lisa. O procedimento se inicia com uma demão de massa corrida, secagem, e posterior lixa um pouco mais grossa para tirar as imperfeições e preparar melhor a parede para receber a segunda demão na massa. Uma lixa de gramatura 150 pode ser útil. Após aplicação da segunda demão da massa e secagem, lixa-se novamente, só que desta fez com uma lixa fina de gramatura 220 e com o auxílio de uma lâmpada. Isto é necessário para garantir que pequenas imperfeições na parede possam ser vistas e corrigidas. 4. Texturas As tintas texturizadas são tintas aquosas ou de solvente que originam acabamentos rugosos, podendo ir até aos três milímetros de espessura, conseguindo muitas vezes disfarçar as irregularidades da base. Quando bem produzidas e aplicadas em parâmetros adequados, estas tintas podem atingir uma grande durabilidade. Porém, estas tintas, devido ao fato de apresentarem rugosidades elevadas, têm grande tendência para acumular sujeiras. A grande espessura torna as superfícies mais impermeáveis aos vapores de água, não deixando passar água do exterior para o interior e também não deixando passar do interior para o exterior, ou seja, não permitem a libertação de vapores que se formam quando a diferença de temperatura entre o exterior e o interior Aula 3 – Agentes Diversos PINTURA E REVESTIMENTO 38 é muito elevada, com conseqüente criação de gradientes elevados de pressão de vapor de água. As cargas minerais constituintes deste tipo de tinta são partículas sólidas de substâncias minerais naturais e/ou sintéticas que tem uma estrutura densa ou porosa, tal como a areia natural ou outros minerais inertes, e tem a propriedade de dar corpo ao revestimento. Assim, comparativamente às pinturas comuns, as tintas texturizadas acrílicas são constituídas pelos mesmos componentes das tintas, porém com cargas especiais para o efeito texturizado e com a resina acrílica com ligante. Em muitos países, parte das cargas constituintes das tintas texturizadas é também chamada de agregados, que correspondem às partículas de minerais inertes com tamanho maior que 250 µm. A natureza da resina pode ser identificada por espectrometria no infravermelho, após a separação dos pigmentos, que são materiais opacos. Os ensaios por espectrometria no infravermelho mostram que os produtos são, em sua maioria, à base de resina acrílica modificada com estireno ou de acetato de polivinila. Os produtos texturizados possuem maiores teores em material não volátil e valores de massa específica e viscosidade mais elevados. Esses produtos geralmente se saem melhor nos ensaios de desempenho. No caso de sistema de pintura com tinta de fundo e acabamento, a tinta texturizada apresenta à maior porcentagem de produtos com melhor desempenho quanto ao envelhecimento artificial. Quanto a absorção por coluna de água, ou teste do cachimbo, os resultados obtidos parecem indicar que os sistemas de dois produtos apresentam melhor desempenho quanto a este critério, e quanto à aderência por tração os sistemas de um só produto apresentam melhor desempenho. Quanto à penetração de água, tanto os sistemas com acabamento liso como texturizado apresentam desempenho semelhante e quanto ao desenvolvimento de bolor, os resultados parecem indicar que os produtos texturizados possuem maior facilidade, pois provavelmente a rugosidade dificulta a secagem da película. Para acabamentos externos as tintas texturizadas têm melhor desempenho que as tintas lisas. 5. Vernizes Os vernizes são produtos de consistência líquida ou semilíquida, que, espalhados sobre um objeto, deixam uma camada fina, brilhante, transparente, incolor ou colorida, de modo a proteger de modo durável o suporte. A secagem se opera pela simples evaporação do Aula 3 – Agentes Diversos UNIDADE 1 – SISTEMA DE PINTURAS 39 solvente, por complexos fenômenos físicos e químicos. Em forma esquemática, um verniz é formado de um solvente e um produto dissolvido, que gera o filme. A substância filmógena pode ser um óleo, uma resina natural ou sintética, ou uma mistura. Pigmentando o verniz, obtém-se uma tinta. O pigmento elimina a transparência, que é própria e essencial aos vernizes. As únicas exceções são os vernizes negros, que mesmo sem pigmento não são transparentes. Os vernizes podem ser agrupados em quatro classes: • Vernizes gordos, constituídos de um óleo secante, uma resina e um diluente; • Vernizes a solventes voláteis, de uma ou mais resinas naturais ou sintéticas em um solvente volátil, contendo pequenas quantidades de óleos e plastificantes; • Vernizes celulósicos, formados de um ou mais ésteres celulósicos, um plastificante (resina natural ou sintética) e solvente e dissolvente; • Vernizes negros betuminosos, que não são transparentes e são formados de betumes naturais, quase sempre com óleo e resinas. 5.1. Aplicação O primeiro ponto importante é definir em que local o verniz será aplicado, isto faz toda a diferença para o tipo de verniz que se deverá utilizar, pois cada local da edificação possui características únicas que podem ser mais bem atendidas por determinados tipos de verniz. De um modo geral a maior preocupação é realmente com água e também com Sol, estes dois fatores são os que costumam causar maiores danos para as madeiras de sua casa, se vai utilizar verniz em áreas que recebem chuva deve procurar algum verniz com proteção UV, desta forma estará protegendo sua madeira. Para áreas que receberão chuva o ideal é utilizar verniz naval (o mesmo utilizado para madeiras em barcos), este tipo de verniz oferece uma grande resistência à água, torna a madeira realmente impermeável, é um pouco mais caro que um verniz comum. Baseado e adaptado de Giul l iano Pol i to, Magal i Lopes de Almeida. Edições sem prejuízo de conteúdo. Aula 4 – Manutenção e Conservação PINTURA E REVESTIMENTO 40 Aula 4: Manutenção e Conservação Os problemas que surgem nos acabamento em pintura são muitos e diversos, obrigando a uma boa prevenção e reparação, podendo surgir devido à ação de vários agentes, como a água, o ar/vento, o sol, a alcalinidade do substrato e a poluição. 1. Inspeção A inspeção consiste em avaliar as condições técnicas de execução, uso e manutenção visando orientar e garantir a qualidade do produto ou serviço. Para um maior controle e desempenho, o ideal é que a inspeção ocorra em todas as etapas do sistema de pintura obtendo a aprovação de uma etapa antes do início da próxima. A garantia de um bom desempenho em sistemas de pintura e textura está relacionada com 4 fatores básicos: resistência à ação da água, resistência aos agentes agressivos, elasticidade e compatibilidade mecânica e química do substrato, que são influenciados segundo as condições do projeto, clima, substrato, tinta e mão de obra. Antes de tentar resistir à água com o uso de materiais com propriedades hidrofugantes o ideal é não deixá-la disseminar no sistema. A velocidade com que líquidos e vapores se movem no interior do substrato é determinado pela permeabilidade do mesmo. Portanto,
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