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Tecnologia e Materiais de Construção Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Luiz Boscardin Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Substratos e Revestimentos em Argamassa e Pinturas • Substratos; • Revestimentos em Argamassa; • Pinturas; • Alvenarias. • Abordar dois dos principias tipos de revestimentos utilizados na Construção Civil: re- vestimentos em argamassa e pinturas, e identificar os processos prévios à instalação desses revestimentos. OBJETIVO DE APRENDIZADO Substratos e Revestimentos em Argamassa e Pinturas Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Substratos e Revestimentos em Argamassa e Pinturas Substratos Definimos como substratos os materiais nos quais são aplicados os elementos finais de acabamento de uma edificação. Os substratos mais comuns são os tijolos, os blocos cerâmicos ou de concreto, além dos próprios sistemas estruturais. Nos revestimentos argamassados, a aplicação do revestimento ao substrato é executada em camadas, cujas características de base são muito importantes e po- dem influenciar no desempenho final do revestimento. Dentre essas características, é de grande importância a capacidade de absorção de água e a textura superficial. No que se refere à textura superficial, é de se esperar que quanto mais rugosa a superfície, tanto maior será a resistência de aderência, sobretudo, devido ao incremento gerado na resistência ao cisalhamento (esforço de rompimento no sen- tido vertical), pois a rugosidade fornece capacidade de ancoragem das camadas a serem aderidas. Observa-se uma diferença significativa entre as bases em alvenaria de bloco e a estrutura de concreto, presentes nas estruturas convencionais: enquanto os pilares e as vigas de concreto apresentam textura lisa, sobretudo quando executadas com formas plastificadas, os blocos de vedação, em geral, apresentam textura mais ru- gosa, favorecendo o aumento da resistência ao cisalhamento (Figura 1). Figura 1 – Substratos de bloco cerâmico e concreto Fonte: Getty Images Importante! As contaminações do substrato por sujeira, óleo, pó ou graxa impedem o contato das argamassas e das pinturas com as superfícies em que elas foram aplicadas, formando uma espécie de filme que, por consequência, reduz a área de contato. Importante! 8 9 Revestimentos em Argamassa Argamassa é a mistura homogênea de agregados miúdos (como areia), ligante (como cal, gesso ou cimento) e água. Possui propriedades de aderência e endure- cimento, podendo ser produzida em obra ou de maneira industrializada. A relação entre a quantidade desses componentes é denominada traço. Os revestimentos argamassados são muito comuns na cultura da construção brasi- leira. Tradicionalmente, essa modalidade de revestimento é aplicada sobre as alvena- rias internas ou externas e nos elementos estruturais, em diversas camadas (Figura 2). Atualmente, revestimentos mais modernos permitem a execução do revestimen- to numa única camada. Fi gu ra 2 – Esquema de revestimento externo em camadas sobre parede de bloco de concreto Fonte: Adaptado de construnormas.pini.com.br Uma aplicação de revestimento argamassado tradicional obedece à sequência de camadas exposta a seguir. Argamassa de aderência (chapisco) Tem como finalidade regularizar as superfícies de maneira preliminar e aumen- tar a rugosidade desses substratos (elementos estruturais e alvenarias) muito lisos, de modo que a argamassa de revestimento encontre melhores condições de aderên- cia (capacidade de ancoragem). Outra finalidade do chapisco é a de homogeneizar a absorção de água, já que os elementos estruturais e as alvenarias possuem dife- rentes capacidades de absorção. O traço para execução do chapisco é de 1:3 (uma parte de cimento para três partes de areia) e sua espessura varia de 5 a 10 mm. A aplicação tradicional dessa camada consiste em arremessá-la com a colher de pedreiro sobre as alvenarias (Figura 3), proporcionando sua fixação. Quando aplicada sobre alvenaria de blocos porosos, aconselha-se a molhagem prévia dos blocos para que eles não absorvam a água de amassamento da argamassa, pois essa perda de umidade compromete a aderência da camada de argamassa. 9 UNIDADE Substratos e Revestimentos em Argamassa e Pinturas Figura 3 – Alvenaria em bloco cerâmico recebendo camada de chapisco Fonte: cbic.org.br Sobre as estruturas e os fechamentos em concreto armado, o chapisco, ge- ralmente, é feito com argamassa industrializada, na qual é necessário adicionar somente água. Sua aplicação é realizada com desempenadeira denteada. Para re- vestimentos internos, o chapisco pode ser aplicado com rolo (imagem abaixo). Nesse caso, a argamassa é mais fluida, obtida por meio da mistura de cimento e areia, com adição de água e aditivo (geralmente de base PVA). O tempo de cura do chapisco é de três dias. Somente após esse período deve-se realizar a execução da camada de emboço. Aplicação de chapisco em desempenadeira denteada ou com rolo. Disponível em: https://goo.gl/puQpCr e https://goo.gl/e4ypuv.Ex pl or Argamassa de regularização (emboço) Constituída por argamassa de areia e cal, proporciona o suporte para o acaba- mento final, devendo ser perfeitamente regular e com pouca rugosidade. Por conta da proteção contra os agentes agressivos, sua espessura deve ser maior (de 40 a 50 mm) em ambientes externos e menor (de 15 a 20 mm) em ambientes internos. Para a execução, devem-se colocar as guias), que consistem em placas de ar- gamassa com espaçamento nunca superior a 1,50 m entre elas, seja no sentido vertical, seja no horizontal, encabeçadas por uma talisca de madeira ou um caco de cerâmica, em que são fixados o prumo e o alinhamento. Feito isso, aplica-se o emboço com colher de pedreiro, em processo semelhan- te à execução do chapisco. Em seguida, espalha-se a argamassa com a ajuda de uma régua-sarrafo, orientada pelas guias deixadas anteriormente. Depois, com o auxílio de desempenadeira, procede-se ao desempeno, com a finalidade de uni- formizar a superfície. Passo a passo sobre a aplicação de reboco, acesse o link: https://youtu.be/aY40i9U5w0M. Ex pl or 10 11 Caso seja necessária uma aplicação de emboço com espessura maiselevada, superior a 50mm, deve ser previsto reforço na aplicação, geralmente utilizando telas metálicas (Figura 4). O tempo de cura do emboço varia de 7 a 28 dias, depen- dendo do tipo de acabamento que será aplicado sobre essa camada. Figura 4 – Aplicação de emboço com reforço em tela metálica Fonte: dcc.ufpr.br Argamassa de acabamento (reboco) Também conhecida como massa fina, é constituída por uma fina camada de ar- gamassa (5 mm), podendo representar o acabamento final ou, ainda, servir de subs- trato para a aplicação dele. É constituído por argamassa de areia e cal (ambientes internos) ou de areia e cimento (ambientes externos), apresentando granulometria bem mais fina que a do emboço. O reboco pode ser preparado na obra ou pode ser industrializado, adquirido com a mistura já pronta. É aplicado com desempenadeira de madeira ou PVC em movimentos circu- lares e o acabamento final dever ser realizado com desempenadeira de espuma (Figura 5). O tempo de cura do reboco é de 25 dias. Figura 5 – A plicação de reboco em movimentos circulares Fonte: Getty Images 11 UNIDADE Substratos e Revestimentos em Argamassa e Pinturas Em superfícies extensas, a camada de reboco deve ser sarrafeada, para retirar excessos de argamassa, tornando a superfície o mais plana possível antes de alisar com a desempenadeira. Pode ser substituído pela aplicação de massa corrida em ambientes internos e massa acrílica em ambientes externos. Como tipos mais comuns de acabamento (Figura 6), temos: Figura 6 – Variações de acabamento em reboco Fonte: sefaz.ba.gov.br Liso Depois de sua aplicação, desempena-se com desempenadeira de aço (Figura 7). A massa utilizada pode ser Massa Fina ou Massa Corrida. Figura 7 – Execução de reboco liso Fonte: Getty Images Camurçado O reboco é desempenado com desempenadeira de madeira revestida com bor- racha macia ou esponja. Travertino Com o reboco ainda bem molhado, comprime-se com uma estopa limpa ou pano seco, de maneira que na superfície se determinam pequenos sulcos típicos do mármore. Desempena-se com a desempenadeira de aço levemente, de maneira a não desmanchar os sulcos feitos. 12 13 Raspado Obtido com a passagem de um pente de aço ou pedaço de lâmina de serra, após 2 horas, aproximadamente, da sua aplicação, removendo a parte superficial do reboco, que deve ser lavada para a remoção do pó, como procedimento final. Queimado Após a aplicação da argamassa de emboço, polvilha-se pó de cimento sobre a superfície, borrifando água com a broxa; em seguida, alisa-se com a desempena- deira de aço, garantindo o aspecto liso uniforme. Reb oco tipo cimento queimado, diponível em: https://goo.gl/3UKYsw. Ex pl or Revestimento decorativo monolítico O RDM (Revestimento Decorativo Monolítico), conhecido também como Mono- capa, é uma argamassa produzida industrialmente, constituída de cimento branco estrutural, agregado leve, cal hidratada, pigmentos minerais inorgânicos, retentor de água, incorporador de ar, fungicidas e plastificantes. É aplicada em camada única, diretamente sobre alvenaria de blocos cerâmicos ou de concreto (Figuras baixo), podendo receber acabamentos tipo raspado, floca- do e travertino na superfície. Figura 8 – Esqu ema de revestimento externo com aplicação de revestimento Monocapa Fonte: Adaptado de construnormas.pini.com.br Revest imento monocapa finalizado e em processo de execução. Disponível em: https://goo.gl/Pcva2w e https://goo.gl/pMeYkT.Ex pl or As argamassas são aplicadas diretamente sobre blocos de alvenaria. Entretanto, nas superfícies de concreto armado, a exemplo de vigas, colunas e painéis, é exigi- da a aplicação de chapisco para formar ponte de ancoragem entre a estrutura e o revestimento a ser aplicado. Como o RDM já possui pigmentos em sua composi- ção, a pintura não é necessária, garantindo, ainda, que a coloração escolhida esteja presente de forma homogênea por todo o revestimento. 13 UNIDADE Substratos e Revestimentos em Argamassa e Pinturas Para um acabamento satisfatório, sem ressaltos, fissuras ou outras deformidades, as alvenarias e os elementos estruturais devem estar perfeitamente alinhados. Caso não haja essa garantia, deve-se executar uma camada de chapisco antes da aplica- ção do RDM, a fim de regularizar as superfícies em questão. Frisos técnicos Além da função formal, a utilização de frisos (horizontais ou verticais) é impor- tante na dispersão de água, evitando possíveis patologias associadas à umidade e infiltração. Os frisos podem servir para dissimular defeitos nas emendas das argamassas de revestimento e também serem utilizados nas áreas em ocorre mudança de cor, ou mesmo para atenuar possíveis problemas de coloração. No entanto, a principal função que os frisos técnicos desempenham é a de evitar fissuras e possíveis rom- pimentos dos revestimentos de fachada. Num edifício, todo pavimento necessita de uma junta de trabalho horizontal na região entre a última fiada de alvenaria e a face inferior da viga (sendo esta de concreto ou metálica). Além de esta região apresentar um grande acumulo de esforços, devemos ficar atentos aos diferentes índices de retração e expansão de cada material existente na composição do edifício. De preferência, o posicionamento desses frisos pode seguir o alinhamento su- perior das aberturas de portas e janelas, no caso de elas estarem imediatamente abaixo das vigas (Figuras abaixo). Figura 9 – Localização de friso técnico Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons e Getty Images Aplicação técnica e formal de frisos: https://goo.gl/LVK9Xs e https://goo.gl/cGDXuw. Ex pl or 14 15 Executa-se o friso com a argamassa ainda fresca, com profundidade de 1,00 cm. Geralmente, o processo é realizado com um frisador de alumínio e o corte realiza- do não pode descobrir a estrutura ou a alvenaria (Figura no link a seguir). Frisador de alumínio, diponível em: https://goo.gl/noqa4Y. Ex pl or Pinturas Tintas e Vernizes – Definições Como definição geral, tinta é uma mistura homogênea de solventes, aditivos, resinas e pigmentos que tem por finalidade revestir uma superfície de modo a protegê-la contra a ação de intempéries e contatos físicos, além de desempenhar função estética. Trata-se de uma mistura estável entre pigmentos e cargas, dispersos numa resina líquida que, ao ser estendida numa fina película, forma um filme aderente ao subs- trato em que é aplicada. O Verniz é uma película de acabamento quase transparente, usada em ma- deira, ferro ou aço, para proteção e realce de profundidade e brilho. Tradicional- mente, é constituído por óleo secante, resinas e solvente (como a aguarrás, por exemplo). Atualmente, são utilizados em sua composição derivados do petróleo como poliuretano ou epóxi. Ao contrário das tintas, o verniz não possui pigmen- to, a fim de ressaltar a textura ou cor natural. Pode ser utilizado também como última camada de acabamento, sobre pintura, para maior proteção e efeito de profundidade (contraste). As primeiras tintas e vernizes produzidos pelo homem utilizavam compostos na- turais, vegetais ou animais. Atualmente, são utilizados recursos da indústria química ou petroquímica, originando polímeros que conferem propriedades de resistência e durabilidade. A pintura é uma das últimas etapas de uma obra, mas, como toda disciplina envolvida num projeto de construção ou reforma, deve ter suas especificações defi- nidas desde o início do processo projetual, pois devemos levar em consideração as condições do ambiente em relação ao clima da região e o tipo de ocupação, entre outros aspectos relevantes. Podemos classificar as modalidades de pintura em três grupos: • Pintura arquitetônica: aquela empregada por motivos formais e decorativos, além de cumprir função protetora. Inclui o conjunto de tintas e vernizes para aplicação interna ou externa, em madeira, metais alvenaria e argamassa; 15 UNIDADE Substratos e Revestimentos em Argamassa e Pinturas • Pintura industrial: constituída por pinturas aplicadasao ferro e ao aço (anti- corrosivos), impermeabilizantes, pinturas com a função de diminuição da rugo- sidade de superfícies e absorsores de calor; • Pintura de comunicação: aquela cujo propósito primário é a prevenção de acidentes, a identificação de equipamentos de segurança, a delimitação de áreas, além de advertir contra perigo, classificando categorias de operários etc. Sobre a composição, as tintas e vernizes são compostos por resinas, pigmentos, solventes e aditivos: • Resina: parte não volátil da tinta, cuja função é aglomerar as partículas de pigmentos. As resinas podem ser à base de água ou à base de óleos e sintéti- cos não solúveis em água. Essas características são fundamentais na definição dos vários tipos de tintas empregados por arquitetos e designers. As resinas também são responsáveis pela formação da película protetora na qual se con- verte a tinta após a secagem. Outra função é proporcionar brilho, aderência, elasticidade e resistência; • Pigmento (ausente nos vernizes): material sólido, finamente dividido e inso- lúvel. Empregado para conferir cor, opacidade, certas características de resis- tência e outros efeitos. São divididos em pigmentos coloridos (conferem cor), não coloridos (função específica) e anticorrosivos (de grande importância para proteção dos metais); • Aditivo: ingrediente que proporciona características especiais ou melhora suas propriedades. Utilizado para auxiliar nas diversas fases da fabricação e conferir características necessárias à aplicação. Podem ser secantes, niveladores, an- tiespumante etc.; • Solventes: líquido volátil, geralmente, de baixo ponto de ebulição, utilizado nas tintas e correlatos para dissolver a resina. Tipos de tintas No âmbito da Construção Civil, são utilizadas as tintas da chamada Linha Imo- biliária. Numa tinta, o tipo de acabamento está diretamente ligado à quantidade de pigmento. O volume e a concentração de pigmentos nas tintas regulam os diferen- tes níveis de brilho e interferem inclusive na resistência do produto. As variações de brilho são calculadas por meio de um índice chamado PVC (Pigmento-Volume- -Concentração). Assim, quanto menor for o índice, mais baixo será o volume de pigmentos e maior o brilho da tinta. Segundo esse índice, uma tinta imobiliária é dividida em três tipos: semibrilho (menor pigmentação), acetinada e fosca (maior pigmentação). 16 17 ACABAMENTOS DAS TINTAS IMOBILIÁRIAS PVA LÁTEX ACRÍLICAS Fosco aveludado Semi-brilho Acetinado Fosco Brilhante Acetinado Fosco Brilhante Acetinado Fosco Lisa Média Grossa ESMALTES SINTÉTICOS VERNIZES TEXTURAS Figura 10 – Acabamentos das Tintas Imobiliárias Fonte: Adaptado de MARTINS, 2009 Observando os tipos de resina empregados, temos os seguintes tipos de tinta: • Látex PVA: fabricado à base de acetato de polivinila, esse tipo de tinta tem uma base solúvel em água e por isso é de fácil aplicação, vez que o pintor pode preparar seus pincéis e rolos apenas com água. Se no processo de pintura a tinta respingar em algum outro revestimento, a limpeza também é realizada apenas com água. A pintura em látex PVA é adequada para os ambientes in- ternos (Figura 11) da edificação que necessitem apenas de limpeza rápida (as superfícies pintadas com látex PVA devem ser limpas apenas com pano ume- decido em água), tem bom rendimento, rápida secagem e baixo nível de odor. Entretanto, o látex PVA não deve ser utilizado em áreas molhadas (cozinha, banheiro, área de serviço etc.) ou em ambientes externos que recebam chuva. O Látex PVA não é indicado para superfícies de metal ou madeira e não pro- duz acabamento em alto brilho. Figura 11 – Ambiente pint ado com tinta látex PVA Fonte: Getty Images 17 UNIDADE Substratos e Revestimentos em Argamassa e Pinturas • Tinta acrílica: tem características similares ao látex PVA, sendo também solúvel em água e de rápida secagem. Sua fórmula, porém, contém resinas acrílicas, o que proporciona a esse tipo de tinta alta impermeabilidade, tornan- do-o ideal para pinturas externas (Figura 12) e para áreas molhadas internas. Os ambientes pintados com tinta acrílica podem ser lavados, ao contrário dos pintados com látex PVA, que devem ser limpos apenas superficialmente. Em comparação ao látex PVA, possui acabamento mais brilhante, embora possua versão de acabamento fosco. Figura 12 – Mural pintado com tinta acrílica pelo artista brasileiro Kobra, em São Francisco, EUA Fonte: Eduardo Kobra • Esmalte: tinta não solúvel em água, geralmente classificada como “base a óleo”, material que antigamente fazia parte de sua fórmula. Atualmente, sua base é composta por produtos sintéticos, derivados do petróleo. O esmalte é indicado para a pintura de superfícies em ferro (Figura 13) ou madeira e oferecem opções para acabamento em alto brilho ou fosco. Permite, tam- bém, boa limpeza das superfícies em que é aplicado. Não é indicado para aplicação direta sobre alvenarias, pois pode produzir patologias como bolhas e descascamento. As opções com formulação mais antiga produzem mui- to odor durante a aplicação, impossibilitando a permanência nos ambientes em que foi aplicado por até três dias. Versões mais modernas já têm essa deficiên cia corrigida. • Tintas epóxi e de poliuretano: sintéticas e não solúveis em água, tem usos específicos, como aplicação em áreas molhadas e até inundadas, como qua- dras esportivas (Figura 14), piscinas e caixas d’água. Devem ser aplicadas por mão de obra especializada, que conheça o material e os processos, para evitar 18 19 a formação de bolhas e mau acabamento. Pode ser usada como revestimento para banheiros, cozinhas e outras áreas molhadas, substituindo os tradicionais revestimentos cerâmicos. Figura 13 – Corrimão em fer ro pintado com esmalte Fonte: Getty Images Figura 14 – Quadra poliespor tiva pintada com tinta epóxi Fonte: Getty Images Uma criativa aplicação de pintura epóxi em pisos. Acesse: https://youtu.be/Q0s-FvQ3liI. Ex pl or Tabela 1 – Tintas e vernizes – Características de aplicação Tipo Ficha Técnica Descrição Substrato/Aplicação Acabamento Látex PVA Resina à base de dispersão aquosa de polímeros vinílicos, pigmentos isentos de metais pesados, cargas minerais inertes, glicóis e tensoativos etoxilados e carboxilados. · Tinta à base de água; · Não lavável; · Secagem rápida; · Média cobertura. A aplicação deve ser feita com rolo de lã, pincel/trinha ou pistola · Alvenarias: – Interiores. · Fosco aveludado. Acrílica · Tinta à base de água; · Excelente lavabilidade e cobertura. · Alvenarias: – Exteriores; – Interiores. · Fosco; · Acetinado; · Semi-brilho. Esmaltes Sintéticos · Tinta à base de solventes; · Ótima acabamento; · Resistência a intempéries. · Superfícies internas de: – Madeiras; – Metais. · Fosco; · Acetinado; · Semi-brilho. Vernizes · Produtos à base de solventes; · Acabamento e proteção transparente; · Conservação do aspecto natural da madeira. · Superfícies: – Internas; – Externas. · Brilho; · Semiibrilho; · Fosco; · Pigmentado. Texturas · Tinta à base de água com efeito; · Textura em alto relevo; · Ação hidrorrepelente. · Superfícies: – Internas; – Externas. Variado. Fonte: MARTINS, 2009 Atualmente, os maiores fabricantes de tintas e vernizes têm equipamentos que permitem aos fornecedores finais, por exemplo, as grandes lojas de materiais de construção, fazer a mistura da tinta no próprio estabelecimento comercial, possi- bilitando ao cliente escolher uma entre as milhares de cores oferecidas pela escala 19 UNIDADE Substratos e Revestimentos em Argamassa e Pinturas PANTONE, sem se preocupar com disponibilidade de estoque. As tintas, verni- zes e massas utilizadas no processo de pintura, geralmente, são oferecidas em embalagens de 18 e 3,6 litros ou 900 ml. Equipamentos de pintura Para uma pintura residencial, o profissional deve ter os seguintes itens (Figura 15): • Equipamentos de proteção individual: óculos de proteção e luvas de borracha;• Massa corrida e massa acrílica: para cobrir imperfeições das superfícies. A massa corrida é usada em ambientes internos e a acrílica nos ambientes exter- nos. As massas devem ser aplicadas com espátula ou desempenadeira de aço; • Lixas: para remover os excessos decorrentes da aplicação de massa ou cama- das de pinturas anteriores. Quanto maior a numeração da lixa, mais fina ela é; • Panos de limpeza: para retirar a poeira depois de lixar os respingos durante a pintura; • Rolos de pintura: para esmaltes e vernizes, são utilizados os de espuma. Para látex PVA e tinta acrílica usa-se o rolo de lã de carneiro. Para superfícies lisas, usa-se os de pelo baixo (5 a 12 mm); os de pelo médio e alto (19 a 25 mm) são para paredes rugosas ou texturizadas; • Trinchas para fazer os recortes (quinas, juntas etc.). Pincéis de cerdas escuras são indicados para aplicação de tintas à base de solvente (como esmalte, tinta óleo e vernizes) e os de cerdas grisalhas para tintas à base de água (látex PVA e acrílica); • O uso de pistola de pintura é opcional. Ela atua junto com um compressor, que deve ser compatível com a pistola. Se bem utilizada, garante melhor cobrimen- to e maior economia de tinta; • Bandeja para despejar tinta, lona plástica ou jornais para cobrir o piso e os obje- tos, fita crepe para proteger batentes e rodapés e escada completam o conjunto. Figura 15 – Equipamentos para pintura Fonte: BOSCARDIN, 2016 20 21 Sistemas de pintura Para que se tenha um bom resultado na aplicação de tintas e vernizes, é preciso considerar a pintura como um Sistema que envolve várias etapas a serem seguidas de forma criteriosa, pois delas depende a qualidade do resultado final. À primeira vista, paredes internas ou externas, esquadrias em ferro ou madeira parecem ter aspecto ideal para receber a pintura. Entretanto, a aplicação de pintura não é um processo tão simplificado que se inicia e termina com a simples aplicação da tinta de acabamento na superfície. Os materiais de construção empregados na preparação e no acabamento das paredes são quimicamente agressivos, podendo, consequentemente, atacar e des- truir as tintas aplicadas sobre elas. Para evitar possíveis problemas na aplicação da pintura, utilizam-se fundos e seladores, também chamados de primer, que têm a finalidade de preparar a superfície, corrigindo defeitos e uniformizando a ab- sorção da superfície, proporcionando durabilidade à pintura e economia de tinta de acabamento. As massas, por sua vez, têm a finalidade de regularizar defeitos ou imperfeições existentes nas faces das alvenarias. Importante! Atualmente, existe a possibilidade de ser utilizado em pinturas residenciais o Sistema de Pintura Airless, em que a tinta é pulverizada por um equipamento de alta pressão, de maneira direta nas superfícies a serem pintadas. É um sistema de alto rendimento, podendo chegar até 1.000m² a cada hora Você Sabia? Alvenarias O processo de pintura das alvenarias deve aguardar pelo menos 25 dias para que ocorra a cura inicial do cimento e da cal presente nas argamassas. Pinturas sobre superfícies mal curadas podem gerar problemas que acabam por danificar o revestimento. Em relação à preparação da superfície em que será aplicada a tinta, ela deverá estar isenta de sujeira de qualquer natureza (graxas, óleos, poeira etc.) e umidade. Em superfícies com histórico de umidade (banheiros, por exemplo) é acon- selhável que seja aplicado na superfície um banho de solução de hipoclorito de sódio a 50%, ou seja, 1/2 parte de água e 1/2 parte de hipoclorito, deixando-a agir por 15 minutos, utilizando equipamentos de proteção individual. É importan- te lavar a superfície para eliminar resíduos de cloro e continuar os procedimentos de pintura. 21 UNIDADE Substratos e Revestimentos em Argamassa e Pinturas A superfície deve estar isenta de imperfeições (buracos, saliências etc.), que de- verão ser tratadas previamente com massa corrida PVA ou acrílica. Para melhor fixação sobre o substrato, deve-se utilizar massa corrida PVA para pinturas internas e, nas superfícies externas, massa corrida acrílica. Ainda para melhor aplicabilidade e maior durabilidade da pintura, após a massa corrida, pode-se dar uma demão de selador acrílico. Problemas de durabilidade estão diretamente ligados à má qualidade da primeira demão (Fundo/Primer) ou à negligência em providenciar boa base para a tinta. A segunda demão e as subsequentes só poderão ser aplicadas quando a anterior esti- ver inteiramente seca, sendo observado, em geral, o intervalo mínimo de 24 horas entre as diferentes aplicações. Serão dadas tantas demãos quantas forem necessárias, até que seja obtida a coloração uniforme desejada. As ferragens, vidros, acessórios, luminárias, dutos diversos etc., já colocados, precisam ser removidos antes da pintura. Deverão ser evitados escorrimentos ou respingos de tinta nas superfícies não destinadas à pintura, tais como concreto ou tijolos aparentes, por exemplo. É aconselhável a proteção dessas partes com papel, fita-crepe etc., principal- mente, nos casos de pintura efetuada com pistola. Os respingos que não puderem ser evitados terão de ser removidos com emprego de solventes adequados, enquan- to a tinta estiver fresca. Esquadrias em Ferro Nas esquadrias de ferro, após a limpeza da peça para remoção de todos os vestí- gios de oxidação, será aplicada uma demão de fundo antióxido de ancoragem (zar- cão ou cromato de zinco), para a proteção do substrato quanto à ação da umidade. Depois, pode ser necessária a aplicação de massa acrílica para corrigir eventuais imperfeições da superfície; passa-se, então, um selador para fazer a ponte entre a base e a pintura e, finalmente, à pintura, geralmente, do tipo esmalte, com o nú- mero necessário de demãos a fim de uniformizar a superfície. Esquadrias em madeira Devem estar limpas e secas. As madeiras verdes ou com excesso de umidade não oferecem boa base para aplicação de revestimentos. Deverão estar devidamente aparelhadas e isentas de óleos, graxas, sujeiras ou outros agentes contaminantes. Madeiras resinosas ou áreas que contém nós devem ser previamente seladas. 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Airless Paint Sprayers https://youtu.be/WWjGw0lJvS4 Aprenda a pintar https://youtu.be/x5PzCVd6_oo Papo de Obra – Chapisco e reboco https://youtu.be/wbN7F_diaRs Projeção Revestimento monocapa https://youtu.be/zVyVgOZt_yY Revestimento Decorativo Monocamada x Método tradicional https://youtu.be/nbhC_NEkFuM 23 UNIDADE Substratos e Revestimentos em Argamassa e Pinturas Referências BARROS, M. M.; CRESCENCIO, R. M. Pini-web – Revestimento decorativo monocamada. Disponível em: <http://piniweb.pini.com.br/construcao/noticias/ revestimento-decorativo-monocamada-79501-1.aspx>. Acesso em 27 jan. 2016. BOTELHO, M. H. C; MARCHETTI, O. Concreto armado eu te amo. São Paulo: Edgard Blucher, 2004. BRUAND, Yves. Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspec- tiva, 1981. CICHINELLI, G. Equipe de obra – Chapisco, emboço e reboco. Disponível em <http://equipedeobra.pini.com.br/construcao-reforma/55/artigo275577-1.aspx>. Acesso em: 27 jan. 2016. COHEN, J. L. O futuro da arquitetura desde 1889: uma história mundial. São Paulo: Cosac Naif, 2013. COSTA, C. et al. Estudo de Argamassas de Base Cimentícia por Microscopia Eletrônica de Varrimento, Revista Ciência & Tecnologia dos Materiais, v. 21, n. 3/4, p. ????, 2009. MARTINS, P. Tintas e Vernizes. Apostila Gold Icep. Monte Castelo: 2009. PINHEIRO, A. C. F; CRIVELARO, M. Materiais de Construção – Série Eixos. São Paulo: Érica, 2016. SALGADO, M. S. Revestimentos Argamassados. Rio de Janeiro: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, 2006. SILVA, A. J. C. Revestimentos – Apostila Resumo. Universidade Católica de Pernambuco. Recife: Editora, 2004. 24
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