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1 introducao a investigacao e pericia criminal

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Disciplina | 
Introdução à Ciência Forense 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
INTRODUÇÃO À INVESTIGAÇÃO E 
PERÍCIA CRIMINAL 
Introdução à Investigação e Perícia Criminal | 
Sumário 
www.cenes.com.br | 2 
Sumário 
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2 
1 Introdução à Ciência Forense -------------------------------------------------------------------- 3 
1.1 Obrigatoriedade dos Exames Periciais ---------------------------------------------------------------------- 8 
1.2 Princípios da Ciência Forense ---------------------------------------------------------------------------------- 8 
2 Cadeia de Custódia --------------------------------------------------------------------------------- 14 
2.1 Local do Crime --------------------------------------------------------------------------------------------------- 22 
2.2 As Dificultades Enfrentadas para a Implantação dos Procedimentos ---------------------------- 25 
3 Legislação Aplicada -------------------------------------------------------------------------------- 29 
4 A Ética e a Conduta Profissional do Perito Criminal -------------------------------------- 48 
5 Referências ------------------------------------------------------------------------------------------- 57 
 
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Introdução à Investigação e Perícia Criminal | 
Introdução à Ciência Forense 
www.cenes.com.br | 3 
1 Introdução à Ciência Forense 
A ciência forense desempenha um papel fundamental na busca pela verdade e 
na resolução de casos em âmbito legal. A interdisciplinaridade é uma característica 
essencial dessa área, onde disciplinas como física, biologia, química e matemática 
convergem para fornecer conhecimentos e subsídios que auxiliam a justiça criminal e 
civil. Essa abordagem multidisciplinar permite uma análise mais aprofundada dos 
vestígios e uma compreensão mais ampla dos caminhos a serem seguidos na 
investigação. 
As técnicas utilizadas nas diversas disciplinas da ciência forense possibilitam a 
análise detalhada dos vestígios encontrados durante a investigação. Evidências como 
sangue, sêmen, cabelo, tecidos e até mesmo obras de arte e documentos podem ser 
submetidas a análises nos laboratórios criminais por técnicos especializados. Além 
disso, testes de autenticidade, análises de combustíveis e exames de DNA são apenas 
alguns exemplos das ferramentas disponíveis para a elucidação dos casos. 
Os profissionais envolvidos nesse processo são designados como peritos 
forenses e têm a função de procurar e analisar provas, bem como compartilhar 
conhecimentos no campo da investigação criminalística e ciência forense. A perícia, 
por sua vez, é um processo de exame realizado por esses especialistas legalmente 
habilitados, cujo objetivo é verificar e esclarecer fatos relevantes, buscando determinar 
suas causas motivações. 
Existem diversos tipos de perícias, cada uma com sua finalidade específica 
relacionada a determinadas situações. Podemos citar a perícia criminal, ambiental, de 
engenharia, tecnológica, médica, entre outras. Embora algumas sejam mais 
conhecidas do que outras, como as perícias criminal e médica, todas desempenham 
um papel importante em diferentes contextos. A perícia médica, por exemplo, pode 
ser solicitada em casos de afastamento de emprego ou avaliação de danos físicos. 
Dentro do campo do Direito, a perícia pode ter o status de prova, sendo realizada 
por peritos qualificados tecnicamente para analisar fatos juridicamente relevantes 
para o caso em questão. Esses peritos podem ser nomeados por um juiz ou 
selecionados por meio de concursos públicos para exercer essa função crucial, dando 
origem ao que chamamos de prova pericial. 
Em suma, a ciência forense, por meio da perícia, desempenha um papel essencial 
na investigação e na resolução de casos em âmbito legal. A interdisciplinaridade, as 
técnicas especializadas, os peritos qualificados e a importância da prova pericial 
Introdução à Investigação e Perícia Criminal | 
Introdução à Ciência Forense 
www.cenes.com.br | 4 
contribuem para a busca da verdade, a promoção da justiça e a confiabilidade do 
sistema jurídico. A lei 12030/2009, ao abordar requisitos para o exercício da função de 
perito oficial, busca assegurar que esses profissionais possam desempenhar seu 
trabalho de forma imparcial, independente e competente, contribuindo para um 
sistema de justiça mais robusto e confiável. 
 
Tipos de Peritos 
A atuação dos peritos é fundamental no contexto forense, pois cada 
especialidade traz consigo um conjunto único de conhecimentos e habilidades. Nesta 
análise, vamos explorar os diferentes tipos de peritos, levando em consideração suas 
especialidades e a importância prática de cada um no processo de investigação. 
Compreender as particularidades de cada área de expertise nos permite reconhecer a 
relevância desses profissionais na busca pela verdade e na obtenção de provas 
consistentes. 
 
Perito em informática 
A perícia em informática desempenha papel fundamental na solução de crimes 
que utilizam a internet, entre outros recursos informatizados. Todo trabalho é feito 
com base em exames minuciosos, que vão desde análises em local de crime na 
internet e mídias de armazenamento até rastreamento de mensagens eletrônicas, 
identificação e localização de internautas e sites ilegais. Tais peritos atuam 
frequentemente em investigações que envolvem exploração sexual de menores na 
internet e fraude contra instituições financeiras. 
 
Perito contábil e financeiro 
A repressão aos crimes financeiros é foco de atuação da perícia contábil e 
financeira. Os crimes dessa natureza consistem em todo delito, sem o uso de violência, 
danoso à sociedade e que tenha como objetivo final a obtenção de lucro. Os exames 
financeiros analisam extratos e documentos provenientes de quebra de sigilo bancário 
e fiscal, com o objetivo de verificar possíveis incompatibilidades entre a movimentação 
financeira e as declarações do imposto de renda e evolução patrimonial incompatível. 
 
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Introdução à Ciência Forense 
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Perito em documentos 
As perícias documentocópicas estão presentes frequentemente nas atuações 
policiais, principalmente no combate à fraude documental, muito utilizada nos crimes 
contra o sistema financeiro nacional. Os peritos da área buscam, por meio de exames, 
comparações e análises científicas em documentos, esclarecer a autenticidade do 
material recolhido, revelando os processos e os métodos utilizados nas falsificações 
de papéis e assinaturas. Um dos ramos mais requisitados é a grafoscopia, técnica 
utilizada para estabelecer a autenticidade ou a autoria de textos escritos à mão. Entre 
os materiais analisados pelos peritos está qualquer documento impresso que seja 
objeto de investigação policial ou criminal: passaportes, títulos da dívida pública, 
carteiras de habilitação, cédulas de identidade, carteiras profissionais, selos, papel-
moeda, vistos, certidões e formulários, entre outros. 
 
Perito audiovisual e em eletrônica 
Grampos telefônicos, clonagem de cartões de crédito, centrais de telefonia 
clandestina, rádios piratas e provedores de internet ilegais. Estes são alguns dos 
delitos que, frequentemente, exigem a atividade pericial em audiovisuais e eletrônicos 
do departamento da polícia federal. Os peritos realizam exames que visam identificar 
a “autenticidade” de imagens estáticas, gravações em áudio e vídeo. O objetivo é 
apurar se não há montagens, trucagens, supressões e outras alterações de caráter 
fraudulento. Eles também realizam exames para a verificação do locutor e 
reconhecimento facial.Perito em química forense 
A análise, a caracterização e o desenvolvimento de novas metodologias de 
exames em drogas, fármacos (medicamentos), agrotóxicos, alimentos, tintas, 
documentos, bebidas, combustíveis, em diferentes formas de apresentação. Os peritos 
criminais em laboratório realizam exames no material solicitado, a fim de identificar 
as substâncias presentes, sua quantidade, seu princípio ativo, além da prerrogativa 
legal, que tange à parte técnica, ou seja, à licitude da substância. 
 
 
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Introdução à Ciência Forense 
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Peritos em engenharia 
São eles os responsáveis por analisar se uma rede de esgoto foi toda construída, 
o custo de mercado da escola no interior do estado, se a venda de um imóvel foi 
abaixo do valor de mercado ou a causa do rompimento de uma barragem. A área de 
perícias em engenharia tem, em seu histórico, casos de grande diversidade, tais como 
desvio de verbas em obras públicas, avaliações de imóveis urbanos e rurais, acidentes 
aéreos e até mesmo análises em obras de arte. 
 
Peritos em meio ambiente 
Os peritos criminais das áreas de atuação da criminalística ambiental trabalham 
na realização de exames e produção de laudos periciais em crimes que envolvem 
fauna, flora, poluição, extração mineral e invasão de áreas protegidas. Incluem, ainda, 
exames em sítios arqueológicos e de patrimônio natural, caracterizar e avaliar danos 
ambientais em áreas alteradas, identificar organismos vivos, classificar minerais e 
avaliar o impacto ao meio ambiente decorrente da intervenção sobre esses 
organismos ou minerais. 
 
Peritos em genética forense 
As perícias em genética forense realizam análises de identificação genética em 
humanos, animais e vegetais. Nos exames com dna humano, a perícia identifica a 
origem do material biológico questionado deixado no local de crime. Em caso de 
exame de vínculo genético, o objetivo, em geral, é a identificação de restos mortais, 
principalmente ossadas ou corpos carbonizados. Qualquer tipo de material biológico 
humano, como sangue, sêmen, saliva, tecido epitelial, entre outros, são passíveis de 
exame. 
 
Peritos em balística 
Os peritos em balística forense são responsáveis por confirmar a prova da 
ocorrência de um crime que tenha como objeto principal uma arma de fogo. O 
trabalho consiste na identificação de armas e revelação de caracteres de registro que 
foram adulterados e suprimidos pelos criminosos. Além disso, são realizados exames 
mais completos em armas, munições, entre outros elementos, à procura de provas 
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materiais. 
 
Peritos em locais de crime 
O local de crime é fotografado e analisado e é feita a coleta de todos os vestígios 
necessários, que, posteriormente, são submetidos a análises em laboratório. O 
trabalho de perícias em locais de crimes é realizado pelos peritos criminais que 
atendem as ocorrências em locais que envolvam os mais diversos tipos de crimes, tais 
como incêndios, acidentes de trânsito, crimes contra o patrimônio, entre outros. O 
maior número de ocorrências acontece nos estados. O inc, por sua vez, destaca-se no 
atendimento aos grandes desastres e às ameaças de bombas, recorrentes na capital 
federal. 
 
Peritos em veículos 
Em diversas ocorrências criminais, existe a ligação direta ou indireta com um 
veículo e, em muitas delas, os veículos envolvidos apresentam uma série de vestígios, 
cujo processamento pode demandar a atuação de peritos criminais, buscando por 
alterações e pela identificação de compartimentos preparados com o fim de ocultar 
itens ou mercadorias ilícitas. 
 
O perito criminal está a serviço da justiça, especializado em encontrar ou 
proporcionar a chamada prova técnica ou prova pericial, mediante a análise científica 
de vestígios produzidos e deixados na prática de delitos. Os peritos criminais de local 
de crime realizam a análise da cena de crime, identificando, registrando, coletando, 
interpretando e armazenando vestígios, e são responsáveis por estabelecer a dinâmica 
e a autoria dos delitos e realizar a materialização da prova que será utilizada durante 
o processo penal. 
O perito legista é um perito oficial auxiliar do juiz que emite sua opinião técnica 
sobre os vestígios intrínsecos da violência, isto é, sobre os vestígios no corpo humano 
que denunciam se houve crime, suicídio ou acidente. No dia a dia do profissional, as 
atividades mais rotineiras são: exames periciais no vivo, no morto, como autópsias e 
exumações, além de identificação médico-legal e colheita de material biológico. 
 
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1.1 Obrigatoriedade dos Exames Periciais 
O artigo 158 do Código de Processo Penal (CPP) determina o seguinte: 
 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o 
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-
lo a confissão do acusado. 
 
Essa determinação está em consonância com o artigo 564, III, alínea "b", do 
mesmo Código, que considera a falta do exame de corpo de delito uma nulidade 
processual, exceto nos casos previstos no artigo 167. Este último prevê a possibilidade 
de suprir a falta do exame quando os vestígios tenham desaparecido, utilizando-se da 
prova testemunhal. 
Essa conjunção de dispositivos legais estabelece claramente a regra da 
necessidade da perícia para identificar os sinais visíveis deixados pela infração penal. 
A falta desse exame acarreta nulidade no processo, exceto quando justificada pela 
ausência de vestígios, caso em que a prova testemunhal pode suprir essa lacuna. 
Vale ressaltar que, devido à liberdade conferida ao juiz na avaliação das provas, 
e considerando que todas têm o mesmo valor, qualquer outra prova, exceto a 
confissão isolada, pode suprir a ausência da perícia quando os vestígios 
desaparecerem. Isso inclui provas documentais, como fotografias, ou até mesmo o 
depoimento da vítima. 
A confissão isolada foi excepcionada nesse contexto, pois é uma prova de valor 
relativo, que requer confirmação por outros meios de prova. O artigo 197 do CPP 
estabelece que a confissão deve ser avaliada pelos mesmos critérios aplicados aos 
outros elementos probatórios, confrontando-a com as demais provas do processo 
para verificar sua compatibilidade ou concordância. Em resumo, em relação à 
confissão, pode-se afirmar que sua utilização como prova está condicionada à livre 
convicção do juiz, que deve confrontá-la com os demais elementos de convicção 
presentes no processo para verificar se corroboram a confissão feita judicialmente. 
 
1.2 Princípios da Ciência Forense 
A criminalística é uma disciplina que se desenvolveu ao longo do tempo, como 
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resposta à necessidade de investigar e solucionar crimes de forma científica e objetiva. 
A criação e o estabelecimento dos princípios científicos na criminalística surgiram em 
um contexto histórico-social marcado pela evolução da ciência, pelas demandas 
crescentes do sistema de justiça criminal e pela busca por métodos mais confiáveis e 
precisos na investigação de crimes. 
No final do século XIX e início do século XX, a criminalística começou a se 
consolidar como uma disciplina científica independente, com bases sólidas nos 
campos da química, física, biologia e outras áreas relacionadas. Foi nesse período que 
surgiram os pioneiros da criminalística, como Edmond Locard, considerado o pai da 
disciplina. 
No contexto dessa época, a sociedade vivenciava mudanças significativas. O 
aumento da urbanização, o avanço da industrialização e o surgimento de novas 
tecnologias resultaram em um aumento da criminalidade e na necessidade de 
métodos mais eficientesde investigação. Além disso, a busca por justiça e a 
necessidade de garantir a imparcialidade e a validade das provas perante os tribunais 
também impulsionaram o desenvolvimento da criminalística como uma ciência 
forense. 
Diante desses desafios e demandas, os princípios científicos foram estabelecidos 
como diretrizes fundamentais para orientar a prática dos peritos e investigadores. 
Esses princípios foram desenvolvidos com base na observação e no estudo sistemático 
das evidências físicas presentes nas cenas de crime, bem como nas leis e teorias 
científicas existentes na época. 
Os princípios científicos da criminalística têm como objetivo fornecer um 
arcabouço conceitual e metodológico para a coleta, análise, interpretação e 
documentação das provas materiais. Eles foram formulados com base na 
compreensão de que os vestígios deixados pelos agentes físicos, químicos ou 
biológicos em uma cena de crime são fundamentais para a elucidação dos eventos 
ocorridos. 
Esses princípios não apenas garantem a qualidade e a confiabilidade das 
conclusões periciais, mas também visam assegurar a imparcialidade, a transparência e 
a validade científica das provas apresentadas no sistema de justiça criminal. Com o 
avanço da ciência e da tecnologia, esses princípios continuam a evoluir, 
acompanhando os desenvolvimentos e as inovações no campo da criminalística. Eles 
desempenham um papel fundamental na busca pela verdade, na proteção dos direitos 
individuais e na busca por uma justiça mais precisa e equitativa. 
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No ambiente em que surgiu, no cultivo de sua etiologia científica e no 
atendimento a seus bem definidos objetivos, a Criminalística edificou-se como uma 
das ciências da prova material, firmando-se através dos seguintes princípios: 
 
Princípio do Uso 
Os fatos apurados pela Criminalística são produzidos por agentes físicos, 
químicos ou biológicos. O princípio do Uso estabelece que os fatos analisados pela 
Criminalística são resultado da interação de agentes físicos, químicos ou biológicos. 
Esses agentes podem deixar vestígios e evidências em uma cena de crime, como 
impressões digitais, manchas de sangue, fibras de tecido, entre outros. Através da 
análise desses vestígios, os peritos podem reconstruir os eventos e identificar os 
agentes responsáveis. 
 
Princípio da Produção 
Sobreditos agentes agem produzindo vestígios indicativos de suas ocorrências, 
com uma grande variedade de naturezas, morfologias e estruturas. O Princípio da 
Produção estabelece que os agentes responsáveis pela ocorrência deixam vestígios 
que são indicativos de suas ações. Esses vestígios podem apresentar uma ampla 
variedade de naturezas, morfologias e estruturas, o que exige uma análise cuidadosa 
e especializada por parte dos peritos. Através da identificação e interpretação desses 
vestígios, é possível reconstruir a dinâmica do crime. 
 
Princípio do Intercâmbio 
Os objetos ou materiais, ao interagirem, permutam características ainda que 
microscópicas. O Princípio do Intercâmbio enfatiza que, quando objetos ou materiais 
interagem, ocorre uma troca de características, mesmo que microscópicas. Isso 
significa que, durante a perpetração de um crime, é provável que ocorra transferência 
de vestígios entre o agente do crime, a vítima e o ambiente. Essa transferência de 
vestígios é de suma importância para a identificação e associação dos envolvidos. 
 
 
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Introdução à Ciência Forense 
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Princípio da Correspondência de Características 
A ação dos agentes mecânicos reproduz morfologias caracterizadas pelas 
naturezas e modos de atuação dos agentes. O Princípio da Correspondência de 
Características estabelece que a ação dos agentes mecânicos, como ferramentas 
utilizadas no crime, produz morfologias características que podem ser associadas às 
naturezas e modos de atuação desses agentes. Por exemplo, uma marca de 
ferramenta de arrombamento pode revelar informações sobre o tipo de ferramenta 
utilizada e a técnica empregada no arrombamento. 
 
Princípio da Reconstrução 
A aplicação de leis, teorias científicas e conhecimentos tecnológicos sobre a 
complexão dos vestígios remanescentes estabelecem os nexos causais entre as várias 
etapas da ocorrência, culminando na reconstrução do evento. 
O Princípio da Reconstrução destaca que a criminalística utiliza leis, teorias 
científicas e conhecimentos tecnológicos para analisar a complexidade dos vestígios 
remanescentes de uma ocorrência. Através da análise e interpretação desses vestígios, 
os peritos buscam estabelecer os nexos causais entre as diferentes etapas do crime, 
com o objetivo de reconstruir o evento em sua sequência lógica. A reconstrução dos 
eventos pode ajudar a determinar a dinâmica do crime, a identificação dos envolvidos 
e a compreensão dos motivos que levaram à sua ocorrência. 
 
Princípio da Certeza 
Sendo os princípios técnicos e científicos que presidem os fatos criminalísticos 
inalteráveis e suficientemente comprovados, atestam a certeza das conclusões 
periciais. 
O Princípio da Certeza ressalta que os princípios técnicos e científicos que regem 
a análise criminalística são inalteráveis e fundamentados em evidências sólidas. Ao 
aplicar esses princípios, os peritos buscam obter resultados confiáveis e conclusões 
periciais embasadas. Através de métodos científicos rigorosos, a análise dos vestígios 
e a interpretação dos resultados proporcionam um nível de certeza adequado para 
subsidiar o processo investigativo e o sistema de justiça. 
 
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Princípio da Probabilidade 
Em todos os estudos da prova pericial, prepondera a descoberta no 
desconhecido de um número de características que corresponda à característica do 
conhecido. Pela existência destas características comuns, o perito conclui que o 
conhecido e o desconhecido possuem origens comuns devido à impossibilidade de 
ocorrências independentes deste conjunto de características. 
O Princípio da Probabilidade destaca que, ao analisar as provas periciais, é 
fundamental buscar características comuns entre o desconhecido e o conhecido. 
Quando são encontradas características em comum, o perito conclui que essas origens 
possuem uma conexão comum, devido à improbabilidade de ocorrências 
independentes compartilharem exatamente essas características específicas. Através 
da probabilidade estatística e da análise cuidadosa das evidências, o perito pode 
inferir relações de causa e efeito, contribuindo para a elucidação do crime. 
 
Além dos princípios mencionados, existem outros princípios fundamentais da 
perícia criminalística, relacionados à observação, análise, interpretação, descrição e 
documentação da prova. 
 
Princípio da Observação 
Todo contato deixa uma marca (Edmond Locard). O Princípio da Observação, 
proposto por Edmond Locard, enfatiza que todo contato deixa uma marca. Durante a 
investigação, o princípio da observação destaca a importância de examinar 
minuciosamente a cena do crime e todos os elementos presentes nela. Cada contato 
entre os envolvidos e o ambiente deixa vestígios, sejam eles visíveis a olho nu ou 
microscópicos. Os peritos treinados são responsáveis por identificar e coletar essas 
evidências, que podem incluir impressões digitais, fibras de tecido, cabelos, amostras 
biológicas, entre outros vestígios. Através da observação cuidadosa, os peritos podem 
reunir informações cruciais que ajudarão na reconstrução dos eventos e na 
identificação dos possíveis suspeitos. 
 
 
 
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Introdução à Ciência Forense 
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Princípio da Análise 
A análise pericial deve sempre seguir o método científico. O Princípioda Análise 
destaca a importância de aplicar o método científico na análise de evidências e 
vestígios. Os peritos realizam uma análise sistemática e objetiva, utilizando técnicas 
científicas e equipamentos especializados para examinar os vestígios coletados. Essa 
análise abrange diversas disciplinas forenses, como balística, serologia, toxicologia, 
análise de documentos, entre outras. Ao seguir o método científico, os peritos 
garantem a confiabilidade e a validade dos resultados obtidos, contribuindo para a 
solidez das conclusões periciais. 
 
Princípio da Interpretação 
Dois objetos podem ser indistinguíveis, mas nunca idênticos. O Princípio da 
Interpretação ressalta que, embora dois objetos possam ser semelhantes, eles nunca 
são idênticos. Os peritos consideram as características específicas de cada vestígio e 
objeto examinado, levando em conta a variabilidade natural existente. Através da 
interpretação cuidadosa, eles buscam identificar semelhanças e diferenças 
significativas que podem auxiliar na associação de evidências a indivíduos, armas, 
veículos ou locais específicos. A interpretação é um processo crucial na análise 
criminalística, permitindo que os peritos cheguem a conclusões fundamentadas e 
confiáveis. 
 
Princípio da Descrição 
O resultado de um exame pericial é constante com relação ao tempo e deve ser 
exposto em linguagem ética e juridicamente perfeita. 
O Princípio da Descrição destaca a importância de descrever de forma precisa e 
detalhada os resultados de um exame pericial. Essas descrições devem ser 
consistentes ao longo do tempo, ou seja, se outro perito realizar o mesmo exame com 
base nas informações fornecidas, ele deverá chegar a conclusões semelhantes. Além 
disso, é fundamental que a descrição seja redigida em linguagem clara, ética e 
juridicamente adequada, de modo a facilitar a compreensão por parte dos 
investigadores, dos profissionais do direito e do sistema de justiça como um todo. 
 
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Cadeia de Custódia 
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Princípio da Documentação 
Toda amostra deve ser documentada, desde seu nascimento na cena do crime 
até sua análise e descrição final, de forma a se estabelecer um histórico completo e 
fiel de sua origem. 
O Princípio da Documentação destaca a importância de registrar e documentar 
todas as etapas relacionadas a uma amostra, desde o momento em que é coletada na 
cena do crime até sua análise e descrição final. Essa documentação abrangente é 
fundamental para estabelecer um histórico completo e confiável da origem da 
amostra. Ela inclui informações detalhadas, como data, local, hora e condições em que 
a amostra foi coletada, bem como os procedimentos realizados durante sua 
manipulação, transporte, armazenamento e análise laboratorial. 
Ao documentar todo o processo de manuseio da amostra, os peritos garantem 
a rastreabilidade e a integridade das evidências. Essas informações são fundamentais 
para garantir a cadeia de custódia adequada, ou seja, o registro e o controle rigorosos 
dos responsáveis pelo manuseio da amostra ao longo do tempo. A documentação 
cuidadosa também permite que outros peritos e profissionais do sistema de justiça 
compreendam e avaliem de forma precisa os resultados e as conclusões periciais 
apresentados. 
Além disso, a documentação adequada é essencial para a transparência e a 
prestação de contas no processo investigativo. Ela facilita a comunicação entre os 
diferentes profissionais envolvidos na investigação, bem como a apresentação das 
evidências perante os tribunais. Através da documentação completa e precisa, os 
peritos contribuem para a confiabilidade e a admissibilidade das provas periciais no 
sistema de justiça, fortalecendo a busca pela verdade e a garantia dos direitos 
individuais. 
 
2 Cadeia de Custódia 
A análise minuciosa da cena do crime desempenha um papel crucial na 
identificação de vestígios que possam ter relevância probatória durante a 
investigação. 
A fim de que esses vestígios sejam aceitos como evidências no processo, é 
fundamental que sejam coletados de forma legal. A cadeia de custódia consiste em 
um conjunto de procedimentos empregados para garantir a rastreabilidade e 
Introdução à Investigação e Perícia Criminal | 
Cadeia de Custódia 
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confiabilidade de um vestígio, iniciando-se com a preservação do local do crime e 
abrangendo todas as etapas, desde a coleta até o transporte e o recebimento do 
vestígio. 
Existem diversos desafios relacionados à implementação dos procedimentos da 
cadeia de custódia, tais como falhas na preservação e isolamento adequados do local 
do crime, ausência ou não cumprimento dos procedimentos estabelecidos, bem como 
a falta de centros de custódia ou a precariedade dos mesmos. 
A ausência ou falhas na cadeia de custódia podem resultar na perda de valor das 
provas periciais, prejudicando, assim, a investigação de um crime. 
Vestígios são todos os elementos, como objetos, corpos, materiais, etc., que 
possam estar relacionados ao crime ou ao criminoso e que possam ajudar na 
resolução do crime e na determinação da autoria. Após a análise dos peritos, os 
vestígios que possuem conexão com o incidente investigado se tornam evidências ou 
indícios. 
Para que essas evidências sejam aceitas como provas no processo, os vestígios 
devem ser coletados seguindo princípios e procedimentos estabelecidos. É necessário 
fazer anotações e fotografias para identificá-los e/ou descrevê-los detalhadamente, 
incluindo o local da coleta. 
Nesse contexto, a cadeia de custódia desempenha um papel fundamental na 
garantia da autenticidade e integridade da prova pericial. A documentação (por meio 
de anotações, fotografias, vídeos, medições, etc.) na cena do crime estabelece o ponto 
de partida para a cadeia de custódia, e deve ser preservada para demonstrar cada 
etapa, assegurando o rastreamento da evidência desde o local do crime até o tribunal. 
Conforme artigo 158-A, CPP: 
 
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos 
os procedimentos utilizados para manter e documentar a história 
cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de 
crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu 
reconhecimento até o descarte. 
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do 
local de crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos 
quais seja detectada a existência de vestígio. 
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§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de 
potencial interesse para a produção da prova pericial fica 
responsável por sua preservação. 
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, 
constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal. 
 
A cadeia de custódia deve ser seguida desde as etapas iniciais, como a coleta, 
garantindo o devido processo legal. Caso ocorram falhas, a perícia oficial pode ser 
totalmente ou parcialmente invalidada. 
A garantia do devido processo legal, a ampla defesa, o contraditório e a 
inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos são assegurados pela 
Constituição Federal. Essas garantias individuais devem orientar tanto a legislação 
quanto o comportamento dos sujeitos processuais em relação à prova (BORRI apud 
SCRAMIN). 
A prova pericial, também conhecida como prova material, é aquela realizada pela 
perícia oficial de natureza criminal, conforme estabelecido pelo artigo 159 do CPP. 
Nos crimes em que há vestígios passíveis de constatação e registro, é obrigatória a 
realização do exame de corpo de delito. Sua não produção pode acarretar nulidade, 
conforme previsto no artigo 564, III, b, do Código de Processo Penal. 
O artigo 158 do CPP estabelece que o exame de corpo de delito é indispensável 
sempre que a infração deixar vestígios, não podendo ser supridopela confissão do 
acusado. Após o reconhecimento de algum vestígio encontrado no local do delito ou 
em vítima relacionada a ele, que seja potencialmente relevante para a produção de 
prova pericial, é necessário isolá-lo para preservar o ambiente e evitar a alteração do 
estado das coisas. 
Ademais, a cadeia de custódia tem início no local do crime ou incidente e é 
fundamental que haja o máximo de cuidado ao manusear os objetos, para que as 
potenciais evidências coletadas não percam seu valor probatório em juízo. 
O manuseio e a manipulação das evidências digitais devem seguir rigorosos 
procedimentos conforme estabelecido nos artigos 158-A até 158-F do Código de 
Processo Penal, introduzidos pelo Pacote Anticrime - Lei 13.964/2019. 
O artigo 158-B descreve as etapas da cadeia de custódia, iniciando com o 
reconhecimento dos elementos de potencial interesse para a prova pericial. 
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Em seguida, destaca o isolamento do ambiente para evitar alterações nas coisas 
e preservar os vestígios. A fixação é mencionada como a descrição detalhada do 
vestígio no local de crime, com possibilidade de ilustração por meio de fotografias, 
filmagens ou croqui. A coleta é o ato de recolher o vestígio para análise pericial, 
respeitando suas características e natureza. O acondicionamento se refere à 
embalagem individualizada dos vestígios, levando em consideração suas 
propriedades físicas, químicas e biológicas. O transporte envolve a transferência do 
vestígio para outro local, garantindo suas características originais e controle de posse. 
O recebimento é o ato formal de transferência da posse do vestígio, documentado 
com informações relevantes. O processamento é o exame pericial propriamente dito, 
manipulando o vestígio de acordo com sua natureza para obter o resultado desejado. 
O armazenamento refere-se à guarda adequada do matérial, com vinculação ao 
número do laudo correspondente. Por fim, o descarte é o procedimento de liberação 
do vestígio, observando a legislação e, quando necessário, autorização judicial. 
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Em continuidade, o artigo 158-C estabelece que a coleta dos vestígios deve ser 
preferencialmente realizada por perito oficial, mesmo quando forem necessários 
exames complementares. O órgão central de perícia oficial de natureza criminal é 
responsável por detalhar a forma de cumprimento dos procedimentos descritos nesta 
lei. 
Já o artigo 158-D trata do recipiente utilizado para o acondicionamento do 
vestígio, destacando que a escolha deve considerar a natureza do material. Os 
recipientes devem ser selados com lacres numerados individualmente para garantir a 
inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte. O recipiente deve 
individualizar o vestígio, preservar suas características, evitar contaminação e 
vazamento, ter resistência adequada e espaço para registro de informações sobre seu 
conteúdo. Somente o perito responsável ou pessoa autorizada podem abrir o 
recipiente, e cada rompimento de lacre deve ser registrado na ficha de 
acompanhamento do vestígio. O lacre rompido deve ser acondicionado no interior do 
novo recipiente. 
Esses artigos, presentes na Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), estabelecem 
diretrizes claras para as etapas da cadeia de custódia, desde o reconhecimento até o 
descarte dos vestígios. Eles visam garantir a preservação, integridade e rastreabilidade 
das evidências, bem como a transparência e confiabilidade da prova pericial. O 
cumprimento adequado desses procedimentos é essencial para a admissibilidade das 
evidências em juízo e para um processo justo e equitativo. 
Ainda, merece também destaque o artigo 158-F, CPP: 
 
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser 
devolvido à central de custódia, devendo nela permanecer. 
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Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou 
condições de armazenar determinado material, deverá a 
autoridade policial ou judiciária determinar as condições de 
depósito do referido material em local diverso, mediante 
requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de 
natureza criminal. 
 
A falta de uma cadeia de custódia documentada, que inclua documentação, 
identificação, catalogação e prova de manuseio das evidências, pode levar à 
questionamento da integridade e confiabilidade das mesmas perante o juiz, tornando-
as passíveis de nulidade. Nesses casos, ocorre a ausência da cadeia de custódia. 
Ao adotar os procedimentos descritos no Código de Processo Penal para uma 
cadeia de custódia adequada, também estamos garantindo que a mesma prova 
coletada no local do crime seja a mesma que será analisada pela perícia, tornando-a 
aceitável como prova técnica em um tribunal. Caso contrário, a prova pode ser 
desconsiderada, retirada do processo ou até mesmo considerada nula se houver 
ausência de cadeia de custódia. 
Um exemplo clássico que ilustra a importância da cadeia de custódia é o caso de 
O.J. Simpson, ex-jogador de futebol americano dos Estados Unidos. Mesmo diante de 
evidências que apontavam seu envolvimento em um duplo homicídio, a defesa 
conseguiu obter sua absolvição devido à inadequada preservação do local do crime e 
aos procedimentos incorretos na coleta de vestígios, revelando falhas na cadeia de 
custódia. 
O Departamento Nacional de Justiça dos Estados Unidos desenvolveu um guia 
chamado "Crime Scene Investigation" (CSI), destinado a todos os profissionais que 
atuam na cena do crime, desde o isolamento e preservação do local até a análise 
científica dos vestígios. Esse guia estabelece os procedimentos a serem seguidos pelos 
profissionais em suas respectivas áreas de atuação. No entanto, a vasta extensão 
territorial, a disponibilidade de recursos e o nível de formação/conhecimento variam 
entre jurisdições, o que dificulta a padronização dos procedimentos. 
Segundo a revista brasileira de criminalística (2020, p.135), a quebra da cadeia de 
custódia ocorre quando a evidência possui uma cadeia de custódia documentada 
seguindo os padrões, mas em algum momento ocorre uma interrupção no registro da 
cadeia de custódia, ou o hash encontrado não condiz com o hash previamente 
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computado na coleta. Falhas na cadeia de custódia podem desqualificar e retirar 
evidências de processos cíveis ou criminais. Um simples detalhe pode comprometer 
todo o trabalho realizado ou modificar radicalmente o rumo de um processo. A quebra 
da cadeia de custódia implica na ilicitude da prova e o juiz deve reconhecer essa 
ilicitude e determinar a retirada dos autos. Além disso, é necessário que o juiz se 
pronuncie sobre a extensão da ilicitude em relação a possíveis provas derivadas. 
A quebra na cadeia de custódia pode levar à ilicitude da prova, resultando na 
retirada da mesma dos autos e na perda de todo o trabalho realizado pela perícia ou 
pelos agentes de polícia. Isso ocorre porque a prova fica totalmente questionável, e o 
juiz precisa de certezas, não de dúvidas. 
No contexto das evidências digitais, que podem ser armazenadas tanto em 
mídias físicas quanto na nuvem, os procedimentos devem ser rigorosos. Conforme 
destacado por Parodi (apud NÚNCIO) em seu artigo intitulado "A cadeia de custódia 
da prova digital à luz da lei 13.964/2019" na Revista Consultor Jurídico, é necessário 
demonstrar que a evidência não foi modificada desde a coleta ou aquisição, ou 
fornecer fundamentos e ações documentadas caso alterações inevitáveis tenham sido 
feitas. No caso de mídias e arquivos, essa demonstração pode ser feita a qualquer 
momento, comparando o código hash calculado nomomento da identificação inicial 
da evidência com o código hash da evidência no momento da verificação, sendo 
essencial que ambos sejam idênticos. 
Parodi (apud NÚNCIO) também destaca que é bastante comum encontrar 
situações em que os procedimentos e cuidados mencionados acima são 
completamente ou parcialmente ignorados pelas autoridades responsáveis, 
especialmente durante a fase investigativa. 
Observamos, portanto, que a importância da cadeia de custódia em provas 
digitais muitas vezes é minimizada, mesmo com a recente normatização nos artigos 
158-A até 158-F do Código de Processo Penal, introduzidos pela Lei 13.964/2019 do 
Pacote Anticrime. 
Portanto, reforço a extrema relevância da preservação do material apreendido no 
local do crime, especialmente quando se trata de evidências digitais, que são frágeis 
e voláteis. É necessário ter o máximo de cuidado para evitar qualquer alteração, 
modificação ou acesso direto a uma evidência digital. 
Quando um disco rígido de um notebook ou qualquer outra mídia digital é 
apreendido e os dados contidos nessa mídia são de fundamental importância para 
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apresentar uma denúncia ao Ministério Público, é crucial preservar a prova digital da 
mesma forma que qualquer outra prova dentro de um processo. 
É comum que pessoas leigas no assunto tenham a concepção errônea de que 
copiar e colar arquivos (Ctrl+C + Ctrl+V) ou acessar diretamente a evidência na 
tentativa de produzir provas estejam fornecendo evidências legais para um caso ou 
ação contra alguém. No entanto, aqueles que pensam dessa forma estão equivocados, 
pois existem procedimentos, normas e métodos científicos adequados e aceitos pela 
comunidade científica para a identificação, coleta, aquisição e preservação da prova 
digital, de modo que possa ter valor probatório em juízo, ou seja, ser admissível em 
um tribunal. 
Um caso ainda mais grave é a ausência completa da cadeia de custódia, ou seja, 
quando a evidência coletada não possui nenhuma identificação ou registro de seu 
percurso, como quem a coletou, quem a possuía, guardava ou utilizava. Ou seja, não 
há nenhum registro do manuseio da evidência, o que levanta dúvidas sobre sua 
integridade e confiabilidade em juízo, tornando-a passível de nulidade. 
Como podemos observar, o tema da cadeia de custódia é de extrema 
importância, e sua relevância merece destaque e cuidado por parte de todas as 
instituições públicas ou privadas que atuam na área de perícia, uma vez que a força 
probatória ou confiabilidade da prova depende disso para que seja admissível em um 
tribunal, garantindo um julgamento justo, embasado em fundamentos técnicos e 
científicos, para que o magistrado possa tomar uma decisão segura, seja de 
condenação ou absolvição. 
Portanto, reforço a ideia de que, ao preservar a cadeia de custódia, é possível 
garantir a confiabilidade e a transparência na produção da prova pericial, assegurando 
a integridade do processo. A cadeia de custódia desempenha um papel fundamental 
na admissibilidade das evidências digitais em um tribunal, proporcionando um 
ambiente justo e imparcial para a tomada de decisões judiciais. 
É essencial que todas as instituições públicas ou privadas envolvidas na área de 
perícia reconheçam a importância da cadeia de custódia e implementem os 
procedimentos adequados para sua manutenção. Isso inclui treinamento e 
capacitação dos profissionais envolvidos, além da criação de políticas e diretrizes 
claras para o correto manuseio, coleta, armazenamento e preservação das evidências 
digitais. 
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A negligência ou desconhecimento em relação à cadeia de custódia pode 
comprometer a validade e a admissibilidade das provas digitais, levando à sua 
desqualificação e, consequentemente, ao enfraquecimento do processo judicial. 
Portanto, é fundamental que sejam tomadas medidas para garantir a implementação 
adequada e a conformidade com os procedimentos estabelecidos. 
Por fim, destaco que a cadeia de custódia é um pilar essencial para a efetividade 
da justiça no contexto das evidências digitais. Sua correta aplicação assegura a 
confiabilidade das provas, fortalece a credibilidade do sistema jurídico e contribui para 
a busca da verdade material em cada caso. Portanto, todos os envolvidos devem se 
comprometer com a preservação adequada da cadeia de custódia, a fim de garantir 
um processo justo e equitativo. 
 
2.1 Local do Crime 
Podemos entender como "local de crime" a área onde ocorreu um evento 
criminoso. Para fins didáticos, dividimos o local de crime em duas partes: o corpo de 
delito e os vestígios. 
Originalmente, de acordo com o Código de Processo Penal de 1941, a expressão 
se referia apenas ao corpo humano. No entanto, do ponto de vista técnico-pericial 
atual, o corpo de delito é compreendido como qualquer elemento material 
relacionado a um crime e que pode ser examinado pericialmente. É a representação 
física do delito. 
O corpo de delito é o elemento central do local de crime, ao redor do qual os 
vestígios gravitam e para o qual as evidências convergem. É o elemento que 
desencadeia a perícia e o motivo fundamental de sua realização. Em resumo, o corpo 
de delito é o objeto que, se removido da cena do crime, descaracterizaria 
completamente a ocorrência, podendo até torná-la inexistente em alguns casos. 
Os vestígios são marcas, objetos ou sinais sensíveis que podem estar 
relacionados ao fato investigado. A existência de vestígios pressupõe a presença de 
um agente causador (que os provocou ou contribuiu para sua existência) e de um 
suporte adequado (local onde o vestígio se manifestou). No contexto da Criminalística, 
um vestígio se torna uma evidência quando, após análise pelos peritos, se mostra 
diretamente relacionado ao delito investigado. As evidências são, portanto, os 
vestígios depurados pelos peritos. 
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É importante observar que as evidências são elementos exclusivamente materiais 
e, portanto, de natureza puramente objetiva, uma vez que derivam dos vestígios. O 
termo "indício" é definido explicitamente pelo artigo 239 do Código de Processo Penal 
como "a circunstância conhecida e comprovada que, tendo relação com o fato, 
autoriza, por indução, concluir a existência de outra ou outras circunstâncias". 
Num primeiro momento, a definição dada pelo artigo 239 do CPP pode parecer 
sinônima do conceito de evidência. No entanto, a expressão "indício" é utilizada na 
fase processual, ou seja, em um momento posterior à perícia, o que significa que 
carrega consigo, além dos elementos materiais tratados pela perícia, aspectos de 
natureza subjetiva próprios da esfera da polícia judiciária. Enquanto o vestígio indica 
a direção, o indício aponta para algo específico. 
Podemos dividir o local de crime em três partes espaciais: local imediato, local 
mediato e local relacionado. 
• Local imediato: Refere-se à área abrangida pelo corpo de delito e 
seu entorno, onde a maioria dos vestígios materiais relacionados ao crime 
estão concentrados. Geralmente, é nesse local que os peritos encontram 
os elementos essenciais para esclarecer os fatos. 
• Local mediato: É a região adjacente ao local imediato, ou seja, uma 
área próxima e geograficamente ligada a ele, que pode conter vestígios 
relacionados à perícia em andamento. 
• Local relacionado: É qualquer lugar sem uma conexão geográfica 
direta com o local do crime, mas que pode conter vestígios ou 
informações relevantes para o contexto do exame pericial. Por exemplo, 
consideremos um acidente de trânsito em que um veículo da marca "x" 
atropela e mata um indivíduo "y", deixando marcas de frenagem na via. 
Se o veículo for encontrado posteriormente em uma cidadedistante, esse 
local seria considerado como relacionado, uma vez que não tem uma 
ligação geográfica direta com o local do acidente. 
 
Além disso, de acordo com o artigo 158 do Código de Processo Penal, a perícia 
é indispensável quando houver vestígios, não podendo ser suprida pela confissão do 
acusado. A análise preliminar da existência de vestígios ou evidências que justifiquem 
a realização da perícia deve ser feita de forma criteriosa, baseada no conhecimento de 
Criminalística. 
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O primeiro policial que chega ao local deve verificar se realmente ocorreu o crime 
relatado. Para isso, ele deve adentrar no local e se dirigir ao corpo de delito. A entrada 
no local imediato ou mediato deve ser feita pelo ponto de acesso mais próximo, de 
forma que a trajetória até o corpo de delito seja uma linha reta. Após constatar o 
delito, o policial deve retornar à periferia do local, seguindo o mesmo percurso que o 
levou ao corpo de delito, mas no sentido contrário. Essa rota deve ser memorizada 
pelo policial, pois posteriormente ela será comunicada aos peritos. Durante a 
averiguação, nenhum item deve ser removido de sua posição original quando o crime 
foi configurado. 
Existem exceções a esses procedimentos, como no caso de socorro à vítima, para 
verificar o fato (como forçar janelas e portas), para evitar perigos maiores (como em 
acidentes de trânsito, de acordo com a Lei 5970/73) e para permitir o trabalho dos 
bombeiros no salvamento e combate a incêndios. 
Após constatar a ocorrência, o policial deve comunicá-la à autoridade 
competente para as devidas providências. No entanto, sua responsabilidade ainda não 
termina. Ele deve tomar as primeiras medidas para isolar o local de crime, a fim de 
preservar os vestígios ali presentes. Ninguém deve ser autorizado a entrar na cena do 
crime, e o policial deve aguardar a chegada de outros policiais para substituí-lo nessa 
tarefa. É importante ressaltar que a responsabilidade dos policiais pela preservação 
dos vestígios se estende até a chegada da autoridade policial. 
Esses procedimentos estão estabelecidos no Código de Processo Penal (CPP) e 
devem ser seguidos rigorosamente. Conforme o artigo 6º, incisos I e II do CPP: 
 
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, 
a autoridade policial deverá: 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o 
estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos 
criminais. 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após 
liberados pelos peritos criminais. 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do 
fato e suas circunstâncias; 
[...] 
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VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de 
delito e a quaisquer outras perícias; 
[...] 
 
Portanto, a autoridade policial, ao constatar a existência do crime, deve isolar a 
área e preservar os vestígios no local do crime, garantindo que os peritos possam 
examinar todas as evidências presentes. Caso os procedimentos não sejam seguidos 
adequadamente pelos policiais, os peritos devem cumprir o artigo 169 do CPP e seu 
parágrafo único, evitando futuras responsabilizações pelas autoridades judiciárias. 
A presença dos peritos no local do crime não substitui as ações da autoridade 
policial. Além dos procedimentos de isolamento da cena do crime e impedimento de 
acesso de pessoas não autorizadas, é responsabilidade da autoridade policial garantir 
a segurança dos peritos e sua equipe, possibilitando a conclusão do trabalho pericial. 
Os trabalhos periciais no local do crime são encerrados quando o perito esgota 
todas as possibilidades de exame e está satisfeito com os resultados. Nesse momento, 
ele autoriza a Autoridade Policial a remover a interdição do local do crime. No entanto, 
a Autoridade Policial pode optar por manter o local isolado se for necessário para os 
trabalhos preliminares de investigação. 
Após a perícia, os peritos elaboram um documento que contém todas as 
informações relevantes ao evento, incluindo, se possível, suas conclusões. Esse 
documento pode ser um laudo, um levantamento ou uma simples informação técnica 
ou administrativa, que é apresentada à autoridade solicitante. 
Embora exista um procedimento padrão definido em lei, na prática sua 
implementação pode ser desafiadora devido às diversas limitações e carências nos 
órgãos de segurança e ao caos social presente no país. 
 
2.2 As Dificultades Enfrentadas para a Implantação dos Procedimentos 
A cadeia de custódia tem sido reconhecida como um elo fraco nas investigações 
criminais, e o valor das evidências pode ser perdido se os procedimentos não forem 
adequadamente estabelecidos. Frequentemente, alguns aspectos relacionados à 
cadeia de custódia passam despercebidos ou são descumpridos pelos profissionais de 
segurança pública envolvidos, seja por desinteresse ou falta de conhecimento sobre 
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o assunto. 
Os policiais responsáveis pelo isolamento e preservação do local do crime, 
conhecidos como "first responders", desempenham um papel extremamente 
importante na cena do crime, mas muitas vezes desconhecem procedimentos básicos 
para evitar a perda, destruição ou contaminação de vestígios materiais. Oferecer 
treinamento adequado para capacitar esses profissionais é fundamental. Segundo 
Marinho (apud MACHADO), muitas vezes os peritos criminais não exigem a 
preservação adequada do local do crime, o que contribui para a falta de compreensão 
sobre a importância da preservação por parte dos policiais. 
Falhas nos procedimentos da cadeia de custódia também são detectadas entre 
os profissionais forenses. Apesar da existência do Pacote Anticrime, que padroniza os 
procedimentos de custódia pericial, muitas unidades de perícia no Brasil ainda não a 
implementaram, resultando em diferentes procedimentos mesmo entre peritos de 
uma mesma instituição. 
A padronização dos procedimentos é importante para garantir a realização 
correta de exames e permitir que diferentes profissionais alcancem os mesmos 
resultados. Muller (apud MACHADO) relata que, na Polícia Federal, ainda falta uma 
normatização dos processos e princípios reguladores da cadeia de custódia dos 
vestígios papilares, mesmo com os recentes esforços de organização e modernização 
da instituição. O autor descreve também a falta de padronização para o 
armazenamento das imagens fotográficas, embora sejam feitas por equipamentos 
modernos e eficientes. 
Arias (apud MACHADO) realizou um estudo na América Latina sobre a cadeia de 
custódia na legislação penal, e constatou que, dos quinze países analisados, apenas 
oito possuíam regulação da cadeia de custódia dos elementos de prova, mostrando a 
necessidade de criar um corpo único de lei para evitar a fragmentação jurídica 
existente. 
De acordo com Carvalho (apud MACHADO), é necessário empenho e 
investimento público para a correta aplicação e manutenção da cadeia de custódia. 
Embora os trâmites relacionados à cadeia de custódia sejam frequentemente 
descumpridos, seja por negligência ou desconhecimento, a exigência atual de ações 
integradas e maior eficiência na prestação de serviços certamente impulsionará 
maiores investimentos em busca da melhoria da qualidade do serviço prestado. O 
autor também aponta a necessidade de mudanças nos protocolos de obtenção de 
prova pericial, não apenas nas fases iniciais da investigação, mas também nas fases 
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posteriores. 
Outro aspecto relevante é que muitas unidades de perícia ainda fazem parte da 
Polícia Civil, e a falta de padronização dos exames aumenta o poderdiscricionário do 
perito, levantando questionamentos sobre a neutralidade científica dos exames 
periciais. 
Conforme demonstrado pela pesquisa de Cunha em 2012 (apud MACHADO), 
várias unidades de perícia enfrentam dificuldades relacionadas à precariedade de 
materiais e procedimentos para implementar a cadeia de custódia, exigindo aquisição 
e/ou construção de instalações adequadas e com segurança apropriada, além de 
aquisição de equipamentos e sistemas informatizados para o controle do fluxo de 
vestígios. A pesquisa também revela que, entre as unidades da federação pesquisadas, 
apenas o Distrito Federal e o Rio Grande do Norte afirmaram possuir uma unidade 
central própria para o armazenamento de vestígios. 
Foi relatado inclusive que, em alguns estados, os vestígios não são lacrados 
quando coletados nos locais de crime e que não há um local seguro para o 
armazenamento desses vestígios. A maioria das unidades de Criminalística e Medicina 
Legal pesquisadas não possui um sistema que monitore a custódia dos vestígios. 
Apesar das dificuldades, a Lei do Pacote Anticrime definiu o seguinte: 
 
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma 
central de custódia destinada à guarda e controle dos vestígios, e 
sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central de 
perícia oficial de natureza criminal. 
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de 
protocolo, com local para conferência, recepção, devolução de 
materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e 
a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e 
apresentar condições ambientais que não interfiram nas 
características do vestígio. 
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão 
ser protocoladas, consignando-se informações sobre a ocorrência 
no inquérito que a eles se relacionam. 
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§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado 
deverão ser identificadas e deverão ser registradas a data e a hora 
do acesso. 
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as 
ações deverão ser registradas, consignando-se a identificação do 
responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário da 
ação. 
 
Conforme afirmado por Marinho (apud MACHADO), o avanço tecnológico exige 
que as organizações responsáveis pela produção da prova pericial se adaptem a uma 
nova forma de funcionamento, o que inclui a implementação de um programa de 
custódia. Para Lopes (apud MACHADO), o sucesso desse programa está relacionado à 
inclusão das diretrizes da instituição, pois depende do comprometimento e apoio para 
a continuidade do processo. 
A cadeia de custódia envolve uma série de etapas, desde o reconhecimento dos 
vestígios até o descarte adequado. Cada etapa desempenha um papel crucial na 
garantia da integridade e da autenticidade das provas coletadas. O isolamento 
adequado do ambiente, a descrição detalhada dos vestígios, a coleta precisa, o 
acondicionamento adequado, o transporte controlado, o recebimento formal, o 
processamento pericial, o armazenamento correto e o descarte autorizado são etapas 
essenciais para assegurar a confiabilidade da prova ao longo de todo o processo. 
Ao seguir rigorosamente os procedimentos estabelecidos, a cadeia de custódia 
garante que as evidências sejam tratadas de maneira cuidadosa e que sua integridade 
seja preservada, evitando qualquer possibilidade de manipulação, adulteração ou 
contaminação. Isso é fundamental para que as provas tenham valor probatório e 
possam ser utilizadas adequadamente no processo penal. 
Portanto, a cadeia de custódia desempenha um papel fundamental na busca pela 
verdade dos fatos e na garantia de um processo penal justo e transparente. Ao 
assegurar a autenticidade e a confiabilidade das provas, ela fortalece a credibilidade 
do sistema de justiça e contribui para a tomada de decisões judiciais fundamentadas. 
 
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Legislação Aplicada 
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3 Legislação Aplicada 
Segundo os autores Luiz Dorea, Victor Stumvoll e Victor Quintela, a perícia 
criminal tem sido utilizada ao longo da história da humanidade. Já na antiga Roma, o 
Imperador César aplicou o método de "exame do local" ao investigar um caso de 
homicídio. Esse método consistia em examinar o quarto onde o crime ocorreu em 
busca de sinais de violência. 
Atualmente, a perícia criminal é comum em cenas de crime, com a presença de 
peritos oficiais para realizar o exame do local. No Brasil, os peritos podem fazer parte 
da polícia, como na Polícia Federal e algumas Polícias Civis, ou atuarem em institutos 
autônomos, como o Instituto de Criminalística no Paraná e o Instituto Geral de Perícias 
em Santa Catarina. 
De acordo com Luiz Fernando Manzano, a perícia é um meio de prova técnica ou 
científica que tem como objetivo obter conhecimento relevante para esclarecer o fato 
em questão. O perito realiza um procedimento técnico sobre a pessoa ou coisa, e sua 
conclusão é expressa em um laudo que busca influenciar a convicção racional do juiz 
no processo de valoração da prova. A perícia passa por fases de admissão e assunção, 
que compõem o procedimento probatório. 
A perícia criminal é atualmente um importante meio de prova utilizado para 
auxiliar o órgão julgador em sua decisão. Ao longo dos últimos séculos, a perícia 
criminal evoluiu em consonância com a evolução da sociedade, por meio de estudos 
constantes e necessários. A figura do perito também sofreu mudanças, passando de 
um instrumento do juiz para um órgão útil às partes antes de chegar ao juiz. 
A história da perícia criminal demonstra essa evolução ao longo dos séculos. 
Diversos marcos históricos foram mencionados, desde o século XVI até os dias atuais, 
como o estudo de ferimentos por arma de fogo, o surgimento da Medicina Legal, a 
observação das impressões digitais, os estudos em balística, a criação da fotografia 
criminal, a identificação judicial e o retrato falado. Esses avanços contribuíram para a 
formação da Criminalística como ciência aplicada na área forense. 
Atualmente, a perícia criminal abrange diversas áreas de atuação e está 
diretamente ligada à polícia. Ela é realizada no local onde o crime ocorreu ou 
supostamente ocorreu, buscando por vestígios, indícios e provas. A prova obtida por 
meio da perícia tem o objetivo de comprovar a verdade de uma alegação e elucidar a 
prática de uma infração penal e sua autoria durante o processo criminal ou inquérito 
policial. 
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O princípio do devido processo legal está expresso no artigo 5º, inciso LIV da 
Constituição Federal (CF), que estabelece que "ninguém será privado da liberdade ou 
de seus bens sem o devido processo legal" (BRASIL, 1988). Essa garantia tem como 
finalidade proteger o direito do cidadão de ter acesso ao Poder Judiciário. Além disso, 
esse direito é positivado em várias normas internacionais, como a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos (DUDH) no artigo 9, a Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos (CADH) nos artigos 7 e 8, e o Pacto Internacional sobre Direitos 
Civis e Políticos (PIDCP) no artigo 9. 
Para responsabilizar o indivíduo criminoso e exercer o poder de punição do 
Estado, é necessário realizar a persecução penal, pois a imposição de uma pena só 
pode ocorrer dentro do devido processo legal (LOPES JR apud SCRAMIN). 
Conforme Vera Kaiser Sanches Kerr (apud SCRAMIN), "sentenças justas exigem 
provas capazes de refletir a realidade mais próxima dos fatos, ou seja, a verdade 
possível sobre o ocorrido, resultado de um processo que não busca a verdade a 
qualquer custo, mas que respeita as garantias do acusado e as regras do devido 
processo". 
O exercício do direito de punir do Estado é adequadosomente quando 
respeitado o devido processo legal, que inclui o contraditório. No Brasil, a persecução 
penal é composta por duas fases: a fase pré-processual, que engloba a investigação 
criminal, e a fase processual, que ocorre em âmbito judicial. 
Na fase pré-processual, ocorre a investigação criminal por meio do inquérito 
policial, conduzido pela autoridade policial competente. Essa etapa visa reunir os 
elementos necessários para a apuração das infrações penais e sua autoria, conforme 
estabelecido pelo artigo 4º do Código de Processo Penal (CPP). Durante esse 
processo, busca-se a prova da materialidade do delito e a identificação do autor, 
visando a subsequente responsabilização. 
Já na fase processual, ocorre a ação penal, que tem natureza judicial. Nessa etapa, 
o juiz deve formar sua convicção sobre a materialidade dos fatos e a autoria do crime 
com base na prova produzida. As provas são essenciais no devido processo penal, e o 
Estado tem o poder e o dever de averiguar todas as circunstâncias e fatos relacionados 
ao delito. Conforme Norberto Avena (2022), a prova consiste no conjunto de 
elementos produzidos pelas partes ou determinados pelo juiz, visando a formação do 
convencimento sobre atos, fatos e circunstâncias. 
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O objetivo da produção da prova é auxiliar o juiz a formar sua convicção sobre a 
veracidade das alegações das partes em juízo. A livre apreciação da prova produzida 
em contraditório judicial, conforme o artigo 155 do Código de Processo Civil (CPC), é 
fundamental para que o juiz forme sua convicção. O Código de Processo Penal 
disciplina os meios específicos de prova, ou seja, os elementos trazidos ao processo 
que têm a capacidade de orientar o juiz na busca pela verdade dos fatos. De acordo 
com o Código, os elementos de prova incluem a perícia, os indícios, entre outros 
(NUCCI, 2022). 
Existem diferentes categorias de perícias criminais, como exames em locais de 
crimes contra a vida, crimes contra o patrimônio, revelação de impressões digitais, 
acidentes de trânsito, identificação de veículos automotores, engenharia forense, 
balística forense, documentoscopia forense, informática forense, fonética forense, 
DNA forense, toxicologia forense, entre outras. 
De acordo com Fernando Capez, o termo "perícia" deriva do latim "peritia" e 
refere-se a um meio de prova que consiste em um exame elaborado por uma pessoa 
com formação e conhecimentos técnicos específicos, a fim de esclarecer os fatos 
necessários ao desfecho do caso. Isso significa que a perícia é um exame técnico 
utilizado de acordo com a necessidade de cada situação. Luiz Fernando Manzano 
destaca que a prova pericial se diferencia das demais por se basear em um princípio 
científico aplicado por meio de técnicas adequadas, cujo conhecimento, em geral, 
escapa aos profissionais do Direito, mas é essencial para a apuração dos fatos e a 
resolução do caso. 
Aury Lopes Jr. (apud VARGAS e KRIEGER), por sua vez, ressalta que a prova pericial 
não pode ser considerada absoluta. Ela apenas demonstra um grau, maior ou menor, 
de probabilidade em relação a um aspecto do delito, que não deve ser confundido 
com a prova de toda a complexidade que envolve o fato. Por exemplo, um exame de 
DNA que compara o material genético do réu com os vestígios encontrados no corpo 
da vítima apenas indica que o material coletado pertence ao réu, mas ainda há uma 
distância considerável até provar que o réu cometeu o ato violento que resultou na 
morte da vítima. Nesse sentido, é necessário recorrer a outros meios probatórios para 
percorrer essa distância e estabelecer a verdade dos fatos. 
O Art. 159 do Código de Processo Penal estabelece regras importantes sobre o 
exame de corpo de delito e outras perícias no contexto da perícia criminal. Segundo 
esse dispositivo legal, tais exames devem ser realizados por perito oficial, ou seja, por 
profissionais habilitados, portadores de diploma de curso superior e vinculados ao 
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órgão competente. Essa exigência tem como objetivo garantir que as perícias sejam 
conduzidas por especialistas qualificados, assegurando a confiabilidade e a precisão 
dos resultados periciais. 
No entanto, caso não haja disponibilidade de perito oficial, o § 1o do mesmo 
artigo prevê que o exame de corpo de delito poderá ser realizado por duas pessoas 
idôneas, portadoras de diploma de curso superior, preferencialmente na área 
relacionada ao tipo de exame em questão. Essa medida visa assegurar a competência 
técnica dos profissionais envolvidos na perícia, mesmo que não sejam peritos oficiais, 
buscando manter a qualidade e a confiabilidade dos resultados. 
Os peritos não oficiais, como mencionado no § 2o, devem prestar um 
compromisso de desempenhar o encargo com diligência e fidelidade. Essa exigência 
é fundamental para garantir a imparcialidade e a responsabilidade no exercício das 
funções periciais, mesmo que não sejam peritos oficiais. A imparcialidade é um 
princípio essencial na perícia criminal, assegurando que os resultados sejam baseados 
em fatos e evidências, sem influências ou interesses particulares. 
No § 3o, o legislador concedeu a faculdade ao Ministério Público, ao assistente 
de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado de formular quesitos e indicar 
assistente técnico. Essa possibilidade permite que as partes envolvidas no processo 
participem ativamente da perícia, apresentando questionamentos específicos e 
contando com a assessoria de um especialista de confiança. Essa participação 
contribui para a transparência e a pluralidade de perspectivas na realização da perícia, 
assegurando que todos os aspectos relevantes sejam considerados. 
O § 4o estabelece que o assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo 
juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais. Essa 
disposição garante que o assistente técnico possa contribuir de maneira 
fundamentada, utilizando os resultados e as informações obtidas pelos peritos oficiais 
como base para suas análises. Além disso, a intimação das partes sobre a admissão 
do assistente técnico reforça a transparência do processo e garante que todas as 
partes estejam cientes da participação desse profissional na perícia. 
O § 5o permite que as partes solicitem a oitiva dos peritos para esclarecimentos 
ou respostas a quesitos, desde que sejam encaminhados com antecedência mínima 
de 10 dias. Isso possibilita um diálogo direto entre as partes e os peritos, permitindo 
esclarecer pontos relevantes, solicitar informações complementares e obter respostas 
embasadas. 
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Além disso, é viável indicar assistentes técnicos para apresentar pareceres ou 
serem inquiridos em audiência, conforme estabelecido no § 5o. Essa medida amplia a 
possibilidade de análise e discussão das questões periciais, permitindo que 
especialistas designados pelas partes ofereçam suas contribuições e opiniões 
fundamentadas. A participação dos assistentes técnicos enriquece o debate 
processual, trazendo diferentes perspectivas e conhecimentos especializados para a 
análise dos elementos periciais. 
Quanto ao material probatório, o § 6o estabelece que, mediante requerimento 
das partes, ele será disponibilizado no ambiente do órgão oficial para exame pelos 
assistentes, desde que seja possível sua conservação. Isso significa que as partes 
envolvidas no processo têm o direito de ter acesso ao material probatório utilizado na 
perícia, permitindo que os assistentes técnicos analisem e examinem esses elementos, 
contribuindo com suas considerações e conclusões. Essa medida busca assegurar a 
igualdade de condições entre as partes, possibilitando uma análiseampla e 
consistente das provas periciais. 
Por fim, o § 7o prevê que em perícias complexas que envolvam múltiplas áreas 
de conhecimento especializado, poderá haver a atuação de mais de um perito oficial, 
assim como a indicação de mais de um assistente técnico pela parte. Essa disposição 
reconhece a necessidade de uma abordagem multidisciplinar e especializada em casos 
que demandem conhecimentos específicos de diferentes áreas. Dessa forma, é 
possível garantir uma análise mais abrangente e precisa dos elementos periciais, 
considerando os diversos aspectos técnicos envolvidos. 
No contexto doutrinário, diversos autores destacam a importância dessas 
disposições legais. Por exemplo, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar afirmam 
que a possibilidade de indicação de assistente técnico e formulação de quesitos pelas 
partes garantem a paridade de armas e a ampla defesa, permitindo que as partes 
influenciem o processo pericial e apresentem suas contribuições técnicas. 
Aury Lopes Jr., por sua vez, ressalta que a atuação do assistente técnico é 
essencial para contrapor o laudo oficial, assegurando um debate técnico-científico 
mais aprofundado. Ele destaca que a figura do assistente técnico tem um papel 
fundamental na garantia do contraditório e da ampla defesa, permitindo que as partes 
tenham a oportunidade de apresentar suas visões e contestar o laudo pericial, 
contribuindo para a busca da verdade processual. 
Essas disposições legais e as contribuições doutrinárias mencionadas reforçam a 
importância da perícia criminal no sistema de justiça, buscando garantir a qualidade, 
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a imparcialidade e a transparência dos exames periciais. Ao permitir a participação das 
partes, a indicação de assistentes técnicos e a formulação de quesitos, o processo 
pericial se torna mais completo, contribuindo para uma análise mais precisa e 
embasada dos elementos probatórios. 
O Art. 160 estabelece a importância da responsabilidade dos peritos na 
elaboração do laudo pericial, exigindo que eles descrevam minuciosamente tudo o 
que foi examinado e respondam aos quesitos formulados. Essa exigência visa garantir 
a precisão e a minúcia na documentação dos resultados obtidos durante a perícia. 
Nesse sentido, Luiz Flávio Gomes e Alice Bianchini destacam que o objetivo do laudo 
pericial é "registrar de forma técnica, científica e imparcial os elementos que possam 
auxiliar na compreensão dos fatos e subsidiar a decisão judicial" (GOMES; BIANCHINI, 
2017, p. 359). 
O Parágrafo único do Art. 160 estabelece o prazo máximo de 10 dias para a 
elaboração do laudo pericial. Segundo Tourinho Filho, esse prazo visa conciliar a 
celeridade processual com a qualidade e a profundidade da análise realizada pelos 
peritos, evitando demoras excessivas que possam prejudicar a instrução processual 
(TOURINHO FILHO, 2020, p. 407). No entanto, em casos excepcionais, é possível 
prorrogar esse prazo mediante requerimento dos peritos. Essa flexibilidade leva em 
consideração a complexidade da perícia ou outros fatores relevantes que possam 
interferir na conclusão do laudo pericial. 
O Art. 161 estabelece que o exame de corpo de delito pode ser realizado em 
qualquer dia e a qualquer hora. Essa disposição, segundo Capez, busca garantir a 
efetividade das perícias, permitindo que elas sejam realizadas imediatamente após a 
ocorrência do fato, sem restrições de horários ou dias específicos que possam 
comprometer a coleta de elementos probatórios (CAPEZ, 2019, p. 229). Essa 
flexibilidade é fundamental para preservar a integridade e a autenticidade das provas 
periciais. 
O Art. 162 trata da autópsia, estabelecendo que ela deve ser realizada pelo menos 
seis horas após o óbito, exceto em casos em que os peritos, com base em evidências 
dos sinais de morte, julgarem que é possível realizá-la antes desse prazo. Segundo 
Mirabete, o intervalo de tempo mínimo é necessário para que se possam observar os 
sinais característicos de morte, garantindo a segurança e a precisão do exame 
cadavérico (MIRABETE, 2019, p. 446). A exceção permite que, em situações evidentes, 
como casos de morte por enforcamento, a autópsia seja feita antecipadamente. Além 
disso, o Parágrafo único estabelece que nos casos de morte violenta em que não haja 
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infração penal a ser apurada ou quando as lesões externas permitirem determinar a 
causa da morte sem a necessidade de exame interno, é suficiente realizar apenas o 
exame externo do cadáver. Nesses casos, a simplificação do procedimento evita 
procedimentos invasivos desnecessários, conforme apontado por Hungria (HUNGRIA, 
2021, p. 372). 
O Art. 163 trata da exumação para exame cadavérico, estabelecendo os 
procedimentos a serem seguidos nesse contexto. Conforme o dispositivo, a 
autoridade competente deve providenciar a realização da diligência de exumação em 
um dia e hora previamente marcados. Durante a diligência, deve ser lavrado um auto 
circunstanciado, que documenta todas as informações relevantes relacionadas à 
exumação. 
O Parágrafo único desse artigo aborda a responsabilidade do administrador do 
cemitério na indicação do local da sepultura. Segundo Nucci, o administrador do 
cemitério, ao indicar o local da sepultura, contribui para o correto andamento do 
procedimento, garantindo a precisão na identificação do cadáver (NUCCI, 2018, p. 
497). O não cumprimento dessa obrigação pode implicar em desobediência por parte 
do administrador do cemitério. 
Caso haja recusa por parte do administrador do cemitério em indicar o local da 
sepultura ou se não houver uma pessoa responsável por essa indicação, a autoridade 
competente deve realizar as pesquisas necessárias para localizar a sepultura. Esse 
aspecto é importante para assegurar a devida identificação do cadáver e garantir que 
a exumação seja realizada no local correto. 
Todos os detalhes e informações relevantes relacionadas à exumação devem ser 
registrados no auto circunstanciado, que é o documento oficial que descreve 
minuciosamente o procedimento, incluindo os motivos da exumação, a data, a hora e 
quaisquer outras circunstâncias relevantes. Esse registro detalhado é fundamental 
para preservar a integridade do processo e fornecer um registro completo e preciso 
da exumação. 
Em suma, o Art. 163 e seu Parágrafo único estabelecem as diretrizes e os 
procedimentos a serem seguidos no caso de exumação para exame cadavérico. Essas 
disposições legais visam garantir a correta identificação do local da sepultura, bem 
como a adequada documentação e registro de todas as informações relacionadas à 
exumação, contribuindo para a transparência, a confiabilidade e a legalidade do 
processo pericial. 
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O Art. 164 estabelece a obrigatoriedade de fotografar os cadáveres na posição 
em que foram encontrados, bem como registrar, na medida do possível, todas as 
lesões externas e vestígios deixados no local do crime. Essa determinação visa 
preservar e documentar fielmente a cena do crime, fornecendo evidências visuais 
importantes para a investigação e a análise pericial. Nesse sentido, Nucci ressalta que 
"a fotografia permite uma fixação dos elementos visíveis, que podem se alterar ou 
desaparecer com o tempo" (NUCCI, 2018, p. 501). 
O Art. 165 dispõe que os peritos devem juntar ao laudo do exame, quando 
possível, provas fotográficas, esquemas ou desenhos que representem as lesões 
encontradas no cadáver. Essa prática visa complementar a descrição textual com 
registros visuais, proporcionando uma documentação mais precisa e detalhada das 
lesões. Segundo Capez, "a fotografia é um importante meio de registro e prova dos 
vestígios do delito" (CAPEZ, 2020, p. 382). 
O

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