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Unidade 2 - Fonética e Fonologia - Como os sons da fala podem ser representados

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24/08/2023, 23:18 Fonética e Fonologia
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FONÉTICA E FONOLOGIA
CAPÍTULO 2 - COMO PODEMOS
REPRESENTAR OS SONS DA FALA?
Clara Simone Ignácio de Mendonça
INICIAR
Introdução
Tanto a fala quanto a escrita são consideradas simbolismos. É através delas que
representamos os objetos do mundo e nossos pensamentos. Você já imaginou se
não tivéssemos a língua para realizar essas representações? Como seria representar
a frase “A criança tem vinte carrinhos de brinquedo” se não houvesse uma língua?
Você teria que pegar uma criança, os vinte carrinhos dela, mostrar para a pessoa
todos esses objetos e ainda, através de mímica, talvez, conseguir passar a noção do
verbo ter. Fica difícil imaginar nossa vida sem a língua e a linguagem. Você já
prestou atenção nos diversos sotaques ou dialetos do português brasileiro (PB)? Já
parou para perceber que no Brasil há falares diferentes? Por exemplo, alguém que
mora no sul do Brasil consegue identificar claramente se a pessoa é do Rio Grande
do Sul, de Santa Catarina ou do Paraná. Vejamos a frase: “A porta está aberta”. O
gaúcho vai pronunciar todos os sons dessa frase, já o catarinense do litoral vai falar
“a porta ichta aberta”, e o paranaense do interior, por sua vez, vai falar “a porta istá
aberta”, o detalhe é que o paranaense vai usar aquele ‘r’, que popularmente é
chamado de ‘r’ caipira, mas como representar esse ‘r’? Esse é um problema que
toda língua enfrenta, pois toda língua, não só o PB, tem variações. Este capítulo vai
tratar justamente disso, de como registrar as variações da fala para que ela possa ser
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estudada. Vamos ver os diversos fones que constituem o português brasileiro,
analisar suas possibilidades de pronúncia e vamos apresentar o alfabeto fonético
com especial ênfase para o português, utilizado justamente para retratar fielmente a
fala de cada comunidade.
2.1 Representação notacional dos sons
da fala
Para representar os objetos do mundo, os pensamentos e sentimentos, a
humanidade pode valer-se de três símbolos, que são os desenhos ou imagens, a
escrita e a fala. Todos esses são símbolos, pois representam algum objeto ou
pensamento.
Vamos nos concentrar agora na distinção entre a escrita e a fala e suas
representações. Como lembra Cagliari (2010), a escrita é completamente
normatizada. Uma das funções da escola é ensinar o indivíduo a escrever segundo
essas normas. Se não existissem as normas da escrita e cada pessoa escrevesse do
jeito que fala, certamente a comunidade de uso daquela língua teria dificuldades de
se entender.
Figura 1 - Representações de objetos: desenho, escrita e fala. Fonte: Shuttertock, 2017.
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Retomando a frase “A porta está aberta”, ela vai ser escrita exatamente desse modo,
não importando se a pessoa fala o dialeto gaúcho, carioca, paulista e qualquer outro
falado no português brasileiro (PB). Todavia, como para a fonética e para a fonologia
interessa a fala e como ela é pronunciada, o sistema de escrita formal não consegue
registrar essas variações.
Você deve estar pensando que uma gravação resolveria esse problema. Porém, há
duas situações a serem consideradas:
1) a tecnologia de gravação é relativamente recente, iniciou-se no ano de 1860.
Somente hoje em dia temos gravações com qualidade;
2) nem sempre podemos utilizar gravações para mostrar o som alvo, pois é difícil
anexar uma gravação num trabalho científico.   É mais prático para o pesquisador
registrá-la por escrito. 
Com a finalidade de transcrever os sons da fala, foi criado o Alfabeto Fonético
Internacional (IFA), também referido pelo seu nome em inglês International Phonetic
Alphabet (IPA). Vamos utilizar nesse texto a sigla IPA. O IPA consiste num conjunto de
símbolos inspirado nas letras do latim e do grego. O IPA representa os sons da fala e
é utilizado por todos aqueles que estudam as línguas. Não há nem um nome nem
uma data certa para o início da utilização desses símbolos. Alguns falam que desde
o século XVII, pois havia, nos estudos linguísticos, uma grande dificuldade em
pronunciar corretamente os registros escritos das línguas. Em 1888 surgiu um
primeiro alfabeto fonético internacional, que posteriormente foi aperfeiçoado pelo
linguista francês Paul Passy, presidente da Associação Fonética Internacional, em
1897.
O IPA, como já foi dito, serve para registrar os sons da fala. Essa representação, para
efeitos de estudo, necessita ser muito precisa, ou seja, cada símbolo fonético tem
que representar somente e apenas um som da fala. Esse registro é importante para
toda e qualquer descrição dos fenômenos de fala, e também da pronúncia da
própria língua. Vejamos a seguinte situação: queremos saber a pronúncia da palavra
‘not’, em inglês. No dicionário vamos encontrar a palavra seguida da sua pronúncia,
desse modo: not ['nɔ:t]. Você conhece o som ‘n’, o ‘ó’ e o ‘t’, pois temos no português.
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Os linguistas sabem que o ‘ɔ’ é o mesmo som do ‘ó’, na palavra ‘pó’, no português, e
o símbolo ‘:’ quer dizer que esse som deve ser pronunciado um pouco mais longo,
algo como 'nóóót. É assim que você deve ler a transcrição ['nɔ:t].
O IPA vai dar conta de representar todas as línguas faladas no mundo e ainda vai
permitir que o linguista leia a palavra ou o som representado, mesmo sem conhecer
bem a língua. O IPA consegue, inclusive, representar as anomalias de fala, ou seja,
aquilo que pode ser considerado uma fala que não corresponde ao padrão da
língua.
Você já ouviu o Romário, ex-jogador de futebol, falando? Ou mesmo o Ex-Presidente
Lula? Eles falam o som ‘s’ com a língua entre os dentes e isso não é normal para o
português. Um fonoaudiólogo vai dizer que eles têm um desvio fonético.
Representamos a palavra ‘sim’ do jeito que eles falam desse modo: ['sim]. Aquele
pequeno “tracinho” indica que há um desvio fonético na produção do som ‘s’.
Qualquer um com treinamento em transcrição fonética irá ler a palavra com o
desvio fonético chamado interdentalização do ‘s’. Esses pequenos sinais na
transcrição fonética são chamados de diacríticos.
Assim, o alfabeto fonético consegue representar todos os sons de uma língua e suas
possibilidades de realização. Callou e Leite (2001) salientam que existem dois tipos
de transcrição: a fonética, que é muito detalhada, e a fonológica, que é mais geral.
Podemos dizer que a transcrição fonética, como a própria fonética, é descritiva,
porém, ela é muito complexa, pois ela busca reproduzir tudo o que o falante diz,
com todas as características dialetais. A outra é a transcrição fonológica ou
fonêmica, que procura registrar a língua em suas unidades mínimas, não se
importando com as características particulares do falante, nem com questões
dialetais. É muito importante que você entenda essa diferença, de que a transcrição
fonética registra os mínimos detalhes da fala, enquanto que a fonológica registra
aquilo que é geral. Veja um exemplo:
Quadro 1 - Exemplo de transcrição fonética e fonológica. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
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Observe as diferenças nos símbolos. Vamos nos concentrar no detalhe do último
segmento, o som (o). Na transcrição fonológica, grafamos o fonema /o/, já na
fonética, grafamos o fone [ʊ]. Esse é um detalhe ao qual nos referimos em que a
fonética se preocupou em marcar a realização da vogal [u] que foi emitida muito
fraquinha, como uma sílaba átona. Sendo assim, o melhor símbolo para representa-
laé o [ʊ], que corresponde a vogal u átona. Para a fonologia isso não vem ao caso,
pois é a realização do som, a não ser que se queira estudar as vogais átonas.
Para a transcrição fonética e fonológica, além dos símbolos do IPA, como você pode
ver na Figura 2, também são utilizados diacríticos. É importante que você os
entenda, pois as duas disciplinas os utilizam sempre. Vejam quais são:
os colchetes [ ] – são utilizados para a transcrição fonética. Cada símbolo do
IPA que é escrito dentro deles representa um fone (som);
as barras / / – são utilizadas para a transcrição fonológica ou fonêmica. Cada
símbolo do IPA dentro delas representa um fonema;
o apóstrofo ' – utilizado para marcar a sílaba tônica do enunciado, por
exemplo: [mi'ninɐ]. Veja que utilizamos os colchetes, logo, trata-se de uma
transcrição fonética. Se fosse uma transcrição fonológica, que é menos
detalhada, seria: /me'nina/;
o ponto . – indica a fronteira silábica [mi.'ni.nɐ] ou /me.'ni.na/. Essa marcação
só é utilizada quando queremos enfatizar a divisão silábica;
o til ~ – sobre uma vogal, ele indica que é uma vogal nasal. Entre duas
transcrições ele indica que pode haver duas ou mais realizações na fala: ['tia] ~
['tʃiɐ].
Certamente você percebeu que no IPA (quadro a seguir) existem muitos símbolos,
muitas marcações. A maioria delas nós utilizaremos. Vamos nos concentrar nos
símbolos que pertencem ao português, nossa língua materna. Ao longo do texto,
como fizemos acima, vamos apresentando todos os símbolos que utilizaremos
nessa disciplina. Aos poucos você irá juntando os elementos apresentados e tudo
fará sentido.
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O Quadro apresenta todos os sons, de todas as línguas faladas no mundo, com suas
possibilidades de articulação. O quadro envolve elementos segmentais, que dizem
respeito aos fonemas das línguas e elementos suprassegmentais, relacionados com
Quadro 2 - Alfabeto fonético Internacional (IPA). Fonte: SEARA, et al, 2015, p. 26.
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a prosódia e o ritmo. Ao longo deste capítulo serão mostrados os símbolos adotados
no português, que é a língua qual esse capítulo está descrevendo.
VOCÊ SABIA?
Que no mundo são faladas quase 7000 línguas na atualidade? Nem todas têm escrita, mas os
linguistas do mundo todo se esforçam para estudar e transcrever cada uma delas. Hoje, o inglês é a
língua mais falada do mundo e o português é a 5ª língua. Visite o site recomendado e veja como é a
distribuição das línguas faladas no nosso planeta: < (https://goo.gl/HHxMTM)https://goo.gl/HHxMTM
(https://goo.gl/HHxMTM)>.
Nos próximos itens você, aluno(a), está convidado(a) a refletir sobre a
correspondência letra-som do português brasileiro. Juntamente com as letras,
vamos apresentando os símbolos fonéticos de cada som. 
2.2 Correspondência letra-som das
vogais do português
Todas as línguas são formadas por consoantes e vogais. Entretanto, as línguas
diferem nesse quesito. Isso quer dizer que cada língua tem seu conjunto
característico de vogais e consoantes. Às vezes, eles podem ser parecidos, mas
nunca idênticos. Vamos ver, inicialmente, as vogais orais do português, pois essa é
nossa língua materna.
https://goo.gl/HHxMTM
https://goo.gl/HHxMTM
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Seara; Nunes; Lazzarotto-Volcão (2015, p. 29) lembram uma premissa muito
importante para o estudo das relações letra-som, a de que “as letras são unidades
formais mínimas da escrita, e não da fala”. As pesquisadoras ainda ressaltam que
“existem muitas letras que representam o mesmo som e muitos sons semelhantes
que são representados por letras diferentes”.
Nas vogais, as relações nunca são de um para um, pois as vogais podem ser
acentuadas dependendo da sua posição na sílaba, logo, para as vogais,
encontramos sempre uma relação de um para mais de um. Apresentaremos, a
seguir, as vogais do PB. Mostraremos exemplos de palavras com esses sons e a
notação do IPA para cada uma dessas vogais, que variam de acordo com a
tonicidade da sílaba e o local onde se encontram na palavra. Colocaremos alguma
observação para ajudar a compreensão, quando necessário.
Se você pesquisar a fundo, verá que existem pequenas divergências nos manuais de
transcrição fonética e fonológica. Essas divergências ficam mais no âmbito de
algumas vogais e ditongos. A transcrição que adotamos nesse texto é baseada nos
apontamentos de Seara; Nunes; Lazzarotto-Volcão (2015).
 Figura 2 - As vogais e
consoantes do PB. Fonte: BlueRingMedia, Shutterstock, 2017.
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Chamamos atenção para as duas vogais marcadas por (*). Os símbolos [j] e [w] são
utilizados ao invés de [i] e de [u], pois quando falamos palavras como ‘abaixo’, não
pronunciamos muito bem o ‘i’. Praticamente, falamos ‘abaxo’ ou talvez ‘abaxu’ ou
como em ‘couro’, que falamos ‘coro’ ou ‘coru’.
Na maioria dos dialetos falados no Brasil, tanto o [i] quanto o [u], são falados bem
fraquinho. Experimente a sua pronúncia falando as palavras ‘abaixo’ e ‘couro’ em
voz alta. Como a escrita fonética é baseada na fala, não estaria correto usarmos os
Quadro 3 - As vogais do PB. Fonte: Elaborado pela autor, baseado em SEARA, NUNES; LAZZAROTTO-
VOLCÃO, 2015, p. 65-66.
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símbolos [i] ou um [u], pois eles praticamente somem na fala. Por isso, os
foneticistas optaram por representar as semivogais por [y] e [w]. Lembrem-se de que
a semivogal precisa estar junto de uma vogal.
A Profa. Dra. Leonor Scliar-Cabral? Pesquisadora 1A no Cnpq, de renome internacional, dedicou toda sua
vida acadêmica ao estudo da língua portuguesa, na área da psicolinguística. Dentre uma extensa
bibliografia, a pesquisadora escreveu Princípios do sistema alfabético do português do Brasil, no qual faz
uma extensa descrição da nossa língua do ponto de vista fonológico e morfológico. Vale a pena conhecer
o trabalho dessa cientista da linguagem.  
Os sons [ɐ], [ɪ], [ʊ], correspondem, respectivamente, às vogais [a], [i] e [u], porém, os
primeiros símbolos serão utilizados somente no final de palavras. Pense no modo
como você fala a palavra ‘menina’. Esse último [a] também é pronunciado bem
fraquinho, a mesma coisa acontece com o [i] e o [u] no final de uma palavra. Isso é
justificado, pois vogais encontram-se em sílabas átonas. Logo, os foneticistas
optaram por usar [ɐ], [ɪ], [ʊ] para representar essas vogais no final de palavras.
Atenção! Essas são vogais átonas, não confunda com o conceito de semivogal.
VOCÊ O CONHECE?
2.3 Correspondências letras-som das
consoantes do português
As consoantes do português também são representadas através dos símbolos
fonéticos, que apresentaremos logo a seguir. Seguiremos o mesmo modelo de
apresentação das vogais, com a letra alvo, um exemplo de palavra, a transcrição e
alguma observação, quando necessário.
No quadro a seguir apresentaremos as relações letra e som das consoantes:
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Quadro 4 - As consoantes de PB, exemplos e representação fonética. Fonte: Elaborado pela autora,
baseado em SEARA; NUNES; LAZZAROTTO-VOLCÃO, 2015, p. 80.
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Lembramos a você, aluno(a), que existem palavras, como é o caso de porta, cuja
representação fonética variade acordo com o dialeto do falante. A transcrição
fonética tem essa característica de ser individual.
Você quer ler, ver, ouvir e se divertir com os sotaques do Brasil? Acesse o site, clique na região que você
quer escutar, leia a frase que o falante gravou. Contribua com o site e deixe o registro da sua voz de seu
sotaque. Acesse: < (https://localingual.com/?ISO=BR)https://localingual.com/?ISO=BR
(https://localingual.com/?ISO=BR)>.
Agora que já foram apresentados para você todos os símbolos que podem ser
utilizados no PB, vamos, no próximo item, mostrar como eles são empregados.
VOCÊ QUER LER?
2.4 Transcrição fonética e fonológica do
português
A partir de agora nos dedicaremos à apresentação de como proceder na realização
da transcrição fonética e fonológica do português. Apresentaremos alguns exemplos
de transcrição, desde a transcrição das sílabas até as frases. Apresentaremos,
também, algumas diferenças entre o português brasileiro e o europeu,
principalmente no que tange à fonética e à fonologia. 
2.4.1 Transcrição de sílabas
Como lembram Bisol (2001) e Mendonça (2003), o português apresenta várias
possibilidades silábicas. Elas podem ser simples, quando formadas somente por
uma vogal (V), ou podem ser complexas, quando formadas pelas combinações entre
vogais (V) e consoantes (C). Vamos examinar algumas dessas possibilidades
juntamente com suas transcrições fonéticas e fonológicas.
Sílabas Simples
https://localingual.com/?ISO=BR
https://localingual.com/?ISO=BR
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São aquelas formadas somente por uma vogal (V). Veja alguns exemplos:
 
Como estamos falando de sílabas, fizemos a marcação com o ponto (.), que é o
diacrítico utilizado para separação silábica. Observe que os exemplos apresentados
exibem duas possibilidades de localização da sílaba simples quanto à tonicidade,
em contextos tônicos, como nas palavras Itajaí e saúva, e em contextos átonos,
como na palavra análogo. Note que na transcrição fonética ou fonológica não há o
uso da acentuação habitual da escrita, que é o acento agudo. Usamos o diacrítico
apóstrofo (') para marcar a tonicidade, como já havíamos falado antes.
Sílabas Complexas
Na língua portuguesa são várias as possibilidades de constituição de uma sílaba
complexa, a começar pela forma canônica da sílaba, que é composta por uma
sequência formada por uma consoante e uma vogal, simbolizada por CV: 
Quadro 5 - Sílabas simples do PB Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
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Como exemplo, temos a sílaba ‘ba-’. Outras sílabas, igualmente complexas, podem
ser formadas por sequências VC, CVC, CCV, CVCC.
2.4.2 Transcrição de palavras
Na transcrição de palavras, se o foco não for silábico, não é preciso utilizar o ponto
(.) para fazer a separação das sílabas. Nos exemplos mostrados anteriormente, para
as sílabas, basta retirar os pontos e você terá exemplos para a transcrição de
algumas palavras. Observe a seguir, mais exemplos. Importante salientar que,
nesses exemplos, transcrevemos somente algumas possibilidades de pronúncia das
palavras de acordo com o dialeto, ou seja, os exemplos talvez não contemplem a sua
pronúncia ou a da sua região.
 
a) Tendo como foco as vogais, você pode ver na transcrição fonética duas
possibilidades de fala, dependendo do dialeto:
Quadro 6 - Sílabas complexas do PB. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Quadro 7 - Transcrições fonéticas e fonológicas. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
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b) Na fala da palavra cenoura existe um ditongo, que pode ser pronunciado de modo
muito tênue, como uma semivogal ou sequer ser pronunciado. Essas duas
possibilidades de fala estão representadas na transcrição fonética:
c) Veja como se transcreve foneticamente o dígrafo lh no exemplo da palavra telha.
Veja que podemos ter, pelo menos, duas realizações de fala, uma falando o fonema /
ʎ/ e outra falando dois fonemas /li/:
d) Outro exemplo de transcrição fonética de um dígrafo, agora o ch. Veja que a
última vogal pode ser falada como um [ɪ] (leia i) átono ou como um [e]. No oeste de
Santa Catarina e no Rio Grande do Sul essa última pronúncia é muito comum:
e) Agora observe o exemplo de outro dígrafo, o nh, simbolizado no IPA por [ƞ].
Novamente, exemplificamos duas possibilidades de realização na fala:
Quadro 8 - Transcrições fonética e fonológica de ditongos. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Quadro 9 - Transcrições do dígrafo lh. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Quadro 10 - Transcrições do dígrafo ch. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
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f) Preste atenção na transcrição do qu da palavra quero. É marcado somente um
som na transcrição:
g) A transcrição fonética das letras s, ss, ç, sc e xc variam muito, pois depende do
som que elas representam. Por isso, algumas pessoas têm dificuldades na hora da
escrita, pois o som não corresponde com a forma ortográfica das palavras. Veja os
casos das palavras casa, massa, moça, nascer e exceto:
Quadro 11 - Transcrição do dígrafo nh. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Quadro 12 - Transcrição do qu. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Quadro 13 - Transcrição de [z, s] entre vogais. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
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h) A letra s, quando aparece entre vogais, é chamada de intervocálico, pode variar
na pronúncia, novamente, dependendo do dialeto do indivíduo. Atente para as
possibilidades de transcrição de um exemplo:
i) A transcrição de palavras com o x apresentam três possibilidades de pronúncia.
Observe a transcrição das palavras exame, táxi e xale.
j) A transcrição do r (r fraco) e do rr (r forte), varia muito de acordo com o dialeto.
Atente para a transcrição das palavras rica e carreta (com o r forte), a palavra cera
(com r fraco) e a palavra carne (com o r intervocálico), para as quais apresentamos
algumas possibilidades de transcrição:
Quadro 14 - Transcrições de palavras com s. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Quadro 15 - Transcrições de palavras com x. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
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k) As consoantes m, n e nh, conhecidas por consoantes nasais, merecem uma
especial atenção na hora da transcrição, pois a sua nasalidade pode espalhar-se
para a vogal que vem antes ou depois dela (MENDONÇA; SEARA, 2015). É preciso
prestar muita atenção à fala para poder efetuar uma transcrição correta:
l) A nasalidade também está presente nos ditongos nasais, que também requerem
atenção na hora de transcrever. Na prática ão e am são a mesma coisa na fala. A
variação ocorre apenas na tonicidade da sílaba:
Quadro 16 - Transcrições dos erres. Fonte: Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Quadro 17 - Transcrições das nasais. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
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m) Os ditongos orais, como lembra Silva (2002, p. 73), geralmente são interpretados
“como uma sequência de uma vogal e uma semivogal, que são simbolizadas por [j],
como em pai e [w], como em ouro”.   Os ditongos podem se crescentes, quando
formados por uma sequência semivogal + vogal, ou decrescentes, quando formados
por uma sequência vogal + semivogal. Observe os exemplos no quadro abaixo:
Veja o casoapresentado abaixo.
CASO
Quadro 18 - Transcrições dos ditongos nasais. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Quadro 19 - Transcrições dos ditongos. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
24/08/2023, 23:18 Fonética e Fonologia
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Milena, de 9 anos, está cursando o terceiro ano do Ensino Fundamental. Ela é uma menina
extremamente tímida, quase não fala. A professora está muito preocupada, pois tem percebido que
ela troca muitas letras na escrita. A professora detectou que ela não sabe quando usar m ou n, troca
p por b, troca s por z.
Ao conversar com a orientadora escolar sobre sua preocupação, as duas ficaram com dúvidas se o
problema da menina era somente linguístico, pois não estaria completamente alfabetizada ou se o
problema fosse mais complexo, ou seja, alguma outra patologia que dificultasse a aprendizagem.
A orientadora e a professora conversaram com a mãe, perguntaram como foi o nascimento da
menina, se o parto foi normal, se a menina chorou logo que nasceu e como foi o desenvolvimento
motor e oral da menina. Um fato chamou atenção no relato da mãe. Segundo ela, o trabalho de
parto demorou muito e a menina “nasceu um pouco roxinha”. Esse fato acendeu um sinal de alerta!
Diante disso, a escola decidiu encaminhar a menina para uma avaliação neurológica, para que o
médico investigue se há ou não algum problema neurológico.
Veremos, a seguir, como se realiza a transcrição de frases.
2.4.3 Transcrição de frases
Antes de exemplificarmos a transcrição de frases, faz-se necessário chamar a sua
atenção, aluno(a), de que estamos nos referindo à fala, que é diferente da escrita. Na
fala não temos separação de palavras, todas as sílabas, todas as palavras, são
enunciadas sequencialmente. Logo, a fala é um continuum, ou seja, se falamos a
frase “dia está lindo”, não fizemos uma pausa entre cada elemento da frase
(MATEUS, 2001). Se você já prestou atenção na escrita inicial de uma criança e, às
vezes, também de um adulto, muitas vezes encontramos problemas na separação
das palavras, como na palavra de repente, que muitas vezes vemos escrita
“derrepente”. É a leitura e a progressão no aprendizado da escrita que fazem com
que o aprendiz escreva os elementos da frase (ou do texto) separadamente.
Entendida essa premissa, vamos apresentar exemplos.
Figura 3 - Sons da fala Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
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Para marcar o acento, temos que prestar atenção na tonicidade das sílabas das
palavras. Veja que na emissão, os artigos e a, os, e a palavra monossilábica sons,
perdem a tonicidade na emissão da frase.
Primeiramente, é muito importante que você entenda que esses são exemplos de
duas possibilidades de realização da frase na fala. Pode haver inúmeras outras,
dependendo do dialeto da pessoa cuja transcrição fonética está sendo realizada.
Veja que na primeira possibilidade de transcrição, colocamos uma marcação no
fonema [z]. Este é um fenômeno que acontece quando uma consoante [s] é seguida
de uma vogal, ela perde a característica do [s] e passa a ser falada como [z].
Futuramente nos aprofundaremos nesse fenômeno.
A segunda possibilidade de transcrição (leia: us mininu tão jogando vídiu geimi) é
um exemplo de fala coloquial, na qual o marcador de plural fica restrito somente ao
artigo ‘us’. No dia a dia, quando escutamos alguém falar assim, já entendemos que é
mais de um menino. Como o verbo ‘estão’ foi falado ‘tão’, é assim que deve ser
transcrito. Reforçamos o que temos falado: a transcrição fonética é a transcrição da
fala tal qual ela é falada. Logo, a transcrição não obedece às normas gramaticais.
Isso deve ficar muito claro para você, aluno(a).
Visto que estamos falando durante todo o texto sobre dialetos e sobre formas de
falar, vamos abrir um parêntese para comentar sobre a visão da linguística sobre
essa variação tão grande nos modos de falar. Essas variações ocorrem em qualquer
Figura 4 - Tonicidade das sílabas Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
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língua.
Bagno (2005) lembra que as línguas variam não só por conta de questões
geográficas, mas variam também de acordo com o gênero, questões
socioeconômicas, etárias, de nível de instrução, urbanas, rurais etc. Segundo o
pesquisador, muitas vezes, esses falares diferentes geram preconceitos, o que não é
algo aceitável, afinal, se o indivíduo apresenta um modo de falar muito diferenciado
da norma culta, isso é, em parte, consequência de uma grande desigualdade social,
e a escola, por meio da educação, tem a função de diminuir a desigualdade social.
Sendo assim, o português é a língua oficial do povo brasileiro, mas o português que
se fala no dia a dia não é somente aquele que está descrito nas gramáticas e nos
dicionários. Achar que só esse é o português correto, trata-se de um preconceito.
Ao professor de língua portuguesa cabe oportunizar ao aluno o acesso à cultura
letrada, à norma culta da língua, jamais incutindo o preconceito e, sim, deixando
claro que no Brasil existem falares diferentes e que isso não torna uma pessoa
diferente, melhor ou pior do que outra.
O livro “A língua de Eulália” (2001) é um romance sociolinguístico escrito por Marcos Bagno, doutor em
Letras e professor da Universidade de Brasília (UnB). Nele você poderá ler uma história interessante sobre
o modo de falar da personagem Eulália e uma explicação sobre as variações na língua portuguesa, em
vários níveis da linguagem, inclusive no nível fonético. O livro foi publicado pela Editora Contexto.
Cagliari (2010, p. 26) salienta que “uma criança quando escreve disi não está
cometendo um erro, mas transportando para o domínio da escrita algo que reflete
sua percepção da fala”. Ela escreve do modo que pronuncia. O desafio da escola e
dos professores é mostrar que a fala é diferente da escrita, e mesmo que existam
vários dialetos, há uma norma culta, que é a norma preferida na hora de conseguir
um emprego, por exemplo. Vejam: 
VOCÊ QUER LER?
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Portanto, aprender português, não é só aprender como a língua (e suas variedades)
funciona, mas também estudar ao máximo os usos linguísticos; e isso não significa só
aprender a ler e escrever, mas inclui ainda a formação para aprender e usar
variedades linguísticas diferentes, sobretudo o dialeto-padrão. A escola dessa forma
não só ensinaria o português, como desempenharia ainda o papel imprescindível de
promover socialmente os menos favorecidos pela sociedade (CAGLIARI, 2010, p. 72,
grifo do autor).
Veremos, a seguir, as diferenças fonéticas e fonológicas do PB e do PE.
2.4.4 Diferenças de natureza fonéticas e fonológicas entre o
português brasileiro e o europeu
O português, como toda língua, apresenta variações dialetais. Uma das razões que
justifica as diferenças é a questão geográfica. Dentro do próprio Brasil temos falares
diferentes, imaginem comparando o português falado no Brasil com o dos nossos
colonizadores, os portugueses. Sabendo disso, a comunidade lusófona mundial, isto
é, a de falantes do português, conversam e promovem acordos ortográficos para
evitar que a língua portuguesa falada no Brasil, Portugal, Timor-Leste, São Tomé
Príncipe e outros países que falam o português, comecem a se distanciar a tal ponto
que a língua se descaracterize e se transforme em outra.
VOCÊ SABIA?
Que já faz tempo que os países lusófonos conversam sobre as transformações na língua portuguesa
e tentam estabelecer acordos linguísticos entre os países lusófonos a fim de evitar uma mudança
muito grande da língua portuguesa? Existe um levantamento histórico desses acordose conversas
para evitar essas mudanças. A cronologia desses acordos está disponível no site:
<http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=acordo-historia
(http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=acordo-historia)>.
Entre o português brasileiro (PB) e o europeu (PE), este último falado em Portugal,
existem diferenças e vários níveis da linguagem, porém, vamos nos concentrar no
nível fonético e fonológico.
http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=acordo-historia
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A diferença mais marcante aos ouvidos do brasileiro é a forma com a qual os
portugueses pronunciam as vogais. Temos a impressão de que o PE é mais
consonantal, ou seja, eles pronunciam com menos nitidez as vogais quando estão
em posições átonas. Vejamos alguns exemplos:
Mateus (2001) apresenta um estudo sobre as diferenças entre o PB e o PE. A primeira
diferença é quanto ao número de vogais orais, o PE tem duas a mais, o [ɨ] que é um
som que fica entre o nosso [e] e [ɛ], e o [ɐ] que usamos no PB somente em sílabas
átonas finais, ao passo que no PB pode aparecer em qualquer lugar da palavra.
Mateus (2001, p. 6) aponta mais algumas diferenças para as vogais:
a) A vogal átona [ɨ] só ocorre no registro pausado ou silabado do PE; a mesma
vogal é suprimida no registro rápido e ocorre como [i] no PB;
b) A vogal correspondente a grafia do o, quando átona, manifesta-se como [u]
em PE e como [o] no PB; 
Mateus (2001) também relata que palavras que contém s em final de sílaba ou de
palavra, como em esperança, essa letra é pronunciada, no PE, como um [ʃ] ou [ʒ].
Inclusive os falantes do dialeto do litoral de Santa Catarina, conhecido como
“manezinho”, fazem a mesma substituição de fones. A similitude do dialeto
catarinense do litoral se justifica, pois, essa região realmente foi colonizada por
açorianos. Segundo a pesquisadora, não existem os fones [tʃi] e [dʒi] no PE. O l
quando se encontra no final de sílaba ou de palavras, como na palavra falta, é
pronunciado no PE como [ϯ] e no PB como [u].
Quadro 20 - Diferenças entre o português brasileiro e o europeu. Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
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As diferenças de sotaques em várias regiões do Brasil, de Portugal e de outros países que falam a língua
portuguesa? Assista esse pequeno vídeo com vários falantes diferentes da língua portuguesa de vários
países lusófonos. Veja se você consegue identificar seu dialeto. Acesse:
<https://www.youtube.com/watch?v=fgCXdfTeZE0 (https://www.youtube.com/watch?v=fgCXdfTeZE0)>.
Muito bem! Concluímos o segundo capítulo da disciplina. Vejamos alguns pontos
importantes que tratamos nesse capítulo, logo a seguir.
VOCÊ QUER VER?
Síntese
Chegamos ao fim de mais um capítulo sobre Fonética e Fonologia, cujo foco
principal foi aprender como se faz as transcrições fonética e fonológica. Lembramos
a você que é com a prática que se aprende a fazer uma transcrição adequada.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
existe uma forma diferenciada da escrita para realizar a transcrição da fala;
existem símbolos específicos para transcrever cada som da fala;
toda a língua tem seu conjunto de sons específicos;
não existe uma fala melhor ou pior, existem falas diferentes;
a escola tem a obrigação de apresentar a forma de falar com mais prestígio
social;
o português do Brasil apresenta diferenças do português de Portugal.
Referências bibliográficas
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2005.
https://www.youtube.com/watch?v=fgCXdfTeZE0
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