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Biologia - Livro 1-0060

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CAPÍTULO
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Poríferos
As esponjas pertencem ao grupo dos poríferos. Durante muito tempo foram con-
sideradas como plantas, devido ao fato de viverem xadas e terem uma aparente
imobilidade. Este capítulo é dedicado aos poríferos, que apresentam as mesmas
atividades básicas de animais mais complexos.
BIOLOGIA Capítulo 3 Poríferos238
Poríferos
As esponjas são eucariontes, pluricelulares e de vida
aquática; a maioria é marinha, e poucas espécies são de água
doce. São sésseis, isto é, vivem fixados ao fundo do ambiente,
como em rochas, corais ou conchas, deslocando-se apenas
durante o estágio larval.
Estrutura de uma esponja
Nas esponjas com organização mais simples, o corpo
tem a forma de um vaso com perfurações; a base é fixada
ao substrato, e a parede do corpo delimita uma cavida-
de central, denominada átrio ou espongiocela. Na parte
oposta à base, encontra-se uma abertura: o ósculo. Esses
animais apresentam um fluxo contínuo de água, através dos
poros da parede do corpo, passando pela espongiocela e
sendo eliminada pelo ósculo (Fig. 1).
Amebócitos são células que se deslocam através da
emissão de pseudópodes; relacionam-se com a formação
das espículas, da digestão, do transporte de nutrientes e da
reprodução. Essas células são totipotentes, ou seja, podem
originar todos os tipos de células do organismo, podendo,
por exemplo, diferenciar-se em espongioblastos, que se-
cretam espongina, ou originar escleroblastos, que geram
as espículas (Fig. 2).
As esponjas são animais filtradores: a água que
entra no organismo traz gás oxigênio e partículas ali-
mentares (protozoários, algas, pequenas larvas); a água
que sai leva resíduos e gás carbônico. O fluxo de água
é mantido por células flageladas, os coanócitos (Fig. 1),
que apresentam um colarinho membranoso ao redor do
flagelo. O colarinho é constituído por uma série de mi-
crovilosidades da membrana plasmática, formando uma
coroa de minúsculos filamentos.
O organismo da esponja apresenta três camadas: a
externa, o revestimento da espongiocela e o meso-hilo em
posição intermediária. A parte externa do corpo é forrada
por células achatadas, os pinacócitos.
A espongiocela é revestida por coanócitos. Os poros
da parede corporal correspondem aos porócitos, célu-
las que apresentam um canal central, por onde a água
passa. O meso-hilo (também denominado mesênquima
por alguns autores) é constituído por uma matriz coloidal
(gelatinosa) na qual ficam imersas as seguintes estruturas:
espículas (de calcário ou de sílica), fibras de espongina
(uma proteína semelhante ao colágeno) e por células de-
nominadas amebócitos.
Espículas são estruturas pontiagudas, constituídas por
cálcio ou por sílica; nas “esponjas de vidro”, as espículas estão
firmemente unidas, formando uma estrutura esquelética maci-
ça. As fibras de espongina conferem resistência, por exemplo,
à movimentação da água, no caso de ondas e variações das
marés. As espículas e as fibras de proteínas são estruturas
com função de sustentação mecânica do organismo.
Pinacócito
Amebócito
Porócito
Meso-hilo
Coanócito
Espícula
Partícula
alimentar
Poro
Átrio
Flagelo
Microvilosidades
Colarinho
Coanócito
Fig. 1 Organização da parede do corpo dos poríferos.
Revestimento
externo
Passagem
de água
Movimentação
de água e
digestão
Formação de
espículas
Transporte
Digestão
Formação de
gametas
Tipos celulares
Pinacócitos Porócitos Coanócitos Amebócitos
Fig. 2 Os tipos celulares dos poríferos e suas principais funções.
Atividades básicas
Uma esponja realiza as atividades básicas de nutrição,
trocas gasosas, excreção e transporte. Não há sistema ner-
voso nem sistema endócrino realizando a coordenação
dessas atividades.
O fluxo de água traz partículas alimentares, que são
capturadas e digeridas pelos coanócitos. Não há uma cavi-
dade digestória, e a digestão é intracelular. Os produtos da
digestão efetuada pelos coanócitos são distribuídos pelo orga-
nis mo, através dos amebócitos, às demais células do
or ga nismo. Os amebócitos também são responsáveis por
parte da digestão intracelular.
As trocas gasosas são efetuadas por difusão, através
das células que estão em contato com a água: os pina-
cócitos com a água do ambiente e os coanócitos com a
água presente na espongiocela. Esse processo permite o
fluxo de gases até as células do meso-hilo: o gás oxigênio
vai do meio externo para as células; a respiração celular
gera gás carbônico, que é eliminado para o ambiente. Os
resíduos nitrogenados (amônia) difundem-se das células
para o ambiente (Fig. 3).
Atividades básicas
Difusão através da
superfície corporal
Fluxo de água
amebócitos
Digestão intracelular por
coanócitos e amebócitos
Tipos celulares
Nutrição ExcreçãoTransporte Trocas gasosas
Fig. 3 Diagrama com as atividades básicas dos poríferos.
Reprodução
Poríferos possuem processos sexuados e assexua-
dos de reprodução (Fig. 4). Primeiro, vamos destacar
processos assexuados de reprodução. As esponjas
apresentam uma grande capacidade de regeneração.
Fragmentos retirados do corpo de uma esponja podem
originar um novo organismo. Esponjas também se repro-
duzem por brotamento: a partir do organismo materno
são formados brotos capazes de originar um novo ser
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geneticamente idêntico ao que lhe deu origem. O orga-
nismo materno e o broto, enquanto permanecem unidos,
constituem uma colônia.
Tipos morfológicos
As esponjas apresentam três tipos morfológicos: as-
conoide, siconoide e leuconoide, definidos segundo a
complexidade da sua parede corporal. O tipo mais simples
é o asconoide, que apresenta parede delgada e espongio-
cela ampla; esse foi o tipo que utilizamos para descrever a
arquitetura e o funcionamento das esponjas. A modalidade
siconoide apresenta dobramentos na parede do corpo, o
que aumenta consideravelmente a superfície e o número de
coanócitos; isso intensifica o fluxo de água no organismo.
A forma leuconoide é mais complexa. Possui parede
do corpo bastante espessa, dotada de inúmeras câmaras
vibráteis, forradas com coanócitos e que promovem inten-
so fluxo de água. A espongiocela é reduzida e pode estar
ausente; também há espécies com indivíduos dotados de
vários ósculos (Fig. 6).
Monoicos ou dioicos
Desenvolvimento indireto
(com larva flagelada)
Reprodução
Assexuada Sexuada
Regeneração Brotamento Gemulação
Fig. 4 As modalidades de reprodução dos poríferos.
Esponjas de água doce podem passar por longos pe-
ríodos de seca, o que inviabiliza suas atividades básicas.
No entanto, essas esponjas formam gêmulas, estruturas
dotadas de um envoltório protetor, dentro do qual ficam os
arqueócitos (um tipo de amebócito). Quando as condições
ambientais se tornam novamente favoráveis, o envoltório
libera os arqueócitos, que se multiplicam e se diferenciam
em todos os tipos celulares, gerando uma nova esponja.
Esse processo caracteriza a gemulação.
As esponjas também apresentam reprodução se-
xuada. Óvulos são formados a partir de amebócitos;
espermatozoides são provenientes de amebócitos ou de
coanócitos. As esponjas são geralmente monoicas ou her-
mafroditas (indivíduo com dois sexos), mas há espécies
dioicas (de sexos separados). Nas espécies monoicas,
óvulos e espermatozoides são produzidos em períodos
diferentes. Os espermatozoides são liberados pelo orga-
nismo através do ósculo, sendo então levados aos poros
de uma esponja próxima. Um espermatozoide é capturado
por um coanócito que o conduz a um óvulo mais próxi-
mo. A fecundação é, portanto, interna e gera um zigoto,
que se desenvolve em uma larva dotada de flagelos (o
desenvolvimento é indireto). A larva gerada no meso-hilo
é depois liberada para o ambiente, onde se desloca com
a utilização dos flagelos presentes em células da superfí-
cie. Em algumas espécies, a larva é a anfiblástula, e em
outras é a parenquímula. A anfiblástula apresenta células
flageladas em uma das metades das células da superfície,
enquanto a parenquímula tem todas as células da super-fície com flagelo (Fig. 5). A larva nadante é essencial para
a dispersão desses animais, cuja forma adulta é séssil.
Posteriormente, a larva fixa-se em um substrato e gera
uma nova esponja.
Larva anfiblástula Larva parenquímula
Fig. 5 Tipos de larvas de poríferos.
Ósculo
Poro
Espongiocela
Coanócitos
Asconoide
Siconoide
Leuconoide
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Fig. 6 Tipos morfológicos de poríferos.
Aspectos filogenéticos dos poríferos
Os animais são oriundos provavelmente de um grupo
de protozoários coloniais, os coanoflagelados, os quais
apresentam flagelo e colarinho membranoso.
As esponjas provavelmente originaram-se de um grupo
de animais sem trato digestório. A larva corresponde ao
estágio embrionário de blástula, e o desenvolvimento não
passa por fases posteriores, como gástrula e nêurula. Não
há, portanto, a formação de cavidade digestória (arquên-
tero), presente na fase de gástrula.
Os poríferos são classificados como Parazoários; não
possuem cavidade digestória e as células não são organiza-
das em tecidos diferenciados. Os demais grupos de animais
compreendem os Enterozoários, dotados de cavidade di-
gestória e células organizadas em tecidos diferenciados.
As esponjas não deram origem a outros grupos animais,
constituindo, portanto, um “ramo cego da evolução”.
BIOLOGIA Capítulo 3 Poríferos240
1 Caracterize as esponjas em relação aos seguintes aspectos: ambiente e mobilidade.
2 O que significa dizer que as esponjas são animais filtradores?
3 Dê a função das células: coanócitos, pinacócitos, porócitos e amebócitos.
4 Como se dá a digestão nas esponjas?
5 Quais são os tipos de espículas dos poríferos?
6 O que é espongina?
7 Cite os tipos de reprodução assexuada que podem ocorrer nos poríferos. Qual dessas modalidades tem alguma
semelhança com a formação de cistos em protozoários?
8 O desenvolvimento dos poríferos é direto ou indireto? Explique.
9 Cite os tipos morfológicos presentes entre as esponjas.
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