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F R E N T E 3 265 Entrada de O 2 Saída de CO 2 Eliminação de resíduos do metabolismo celular Fluxo de materiais pelo sangue: nutrientes, gases e excretas Obtenção de alimento Digestão Absorção de nutrientes Eliminação de excrementos (fezes) Funções básicas de um animal Transporte (sistema circulatório) Excreção (sistema urinário ou excretor) Nutrição (sistema digestório) Trocas gasosas (sistema respiratório) Fig. 3 As funções básicas de um animal e os sistemas envolvidos em sua realização. O controle das atividades Essas atividades básicas de manutenção da vida de um mamífero são controladas por dois sistemas: o nervoso e o endócrino (responsável pela produção de hormônios). Hormônios são substâncias controladoras do metabolismo e sua produção ocorre em glândulas endócrinas, como a hipófise. Essa glândula libera hormônios que controlam, entre outras coisas, o crescimento e o amadurecimento sexual dos indivíduos. O sistema nervoso apresenta nervos que ligam as diversas partes do corpo ao sistema nervoso central (SNC), cons- tituído pela medula espinal e pelo encéfalo. A medula espinal tem formato cilíndrico e é protegida por prolongamentos das vértebras. O encéfalo, que fica alojado no interior da caixa craniana, tem, entre outros componentes, o cérebro, o cerebelo, o bulbo e a ponte. O sistema nervoso recebe informações dos nervos e é responsável pela tomada de decisões, como a de executar um movimento. O organismo de um mamífero apresenta inúmeras estruturas sensoriais ligadas ao sistema nervoso. Essas estruturas permitem a percepção de várias informações acerca do ambiente: luz, sons, temperatura, odores etc. Os sistemas esquelético e muscular proporcionam movimentos, sob o comando do sistema nervoso. Movimentos são bastante úteis na interação do organismo com o ambiente, permitindo, por exemplo, a busca de alimentos e a fuga de predadores (Fig. 4). Produção de hormônios Sistema endócrino Interação Sistema nervoso Percepção do ambiente Coordenação das atividades Sistema muscular Sistema esquelético Movimentos Fig. 4 As funções básicas do organismo são controladas pelos sistemas nervoso e endócrino. Sobrevivência e reprodução As atividades básicas de funcionamento de um mamífero e o controle dessas atividades permitem a sobrevivência do indivíduo. Um indivíduo que sobrevive e atinge a maturidade torna-se apto a se reproduzir, podendo gerar descendentes e contribuir para a continuidade da espécie. Esse capítulo estabelece um padrão para o estudo dos diversos grupos de animais e de protozoários (Fig. 5). Nele serão abordados os tópicos de sobrevivência (incluindo as atividades básicas e seu controle) e a reprodução (sexuada ou assexuada). Com esse padrão, certamente ficará mais fácil a análise da grande diversidade zoológica. BIOLOGIA Capítulo 5 Organização funcional e classificação dos animais266 Atividades básicas Controle Trocas gasosas Sistema respiratório Excreção Sistema excretor Nutrição Sistema digestório Transporte Sistema circulatório Coordenação Interação com o meio Vida de um mamífero Nervosa Percepção Movimentos Sistema endócrino Sistema nervoso Estruturas sensoriais Músculos e esqueleto Manutenção da espécie Sobrevivência Reprodução Descendentes Hormonal Fig. 5 Painel das atividades de um mamífero, incluindo sobrevivência e reprodução. Reprodução: conceito e importância Os seres vivos interagem com seu ambiente, de onde obtêm nutrientes e gás oxigênio necessários ao seu meta- bolismo. No entanto, o ambiente também é uma fonte de ameaças à integridade física do organismo, podendo levar a complicações fisiológicas e à morte. É o caso de predado- res (que causam morte imediata) e de parasitas (capazes de debilitar o organismo, causando a morte após algum tempo). Mesmo que as condições ambientais fossem sempre satis- fatórias, o organismo poderia ter problemas degenerativos (como o câncer) e acabaria morrendo. No entanto, os seres vivos podem se reproduzir e deixar descendentes, possibili- tando a permanência da espécie no ambiente em que vivem. Reprodução assexuada Há dois tipos principais de reprodução: sexuada e asse- xuada. Inicialmente, analisaremos a reprodução assexuada. O plantio da cana-de-açúcar, por exemplo, é realizado com fragmentos do caule dessa planta colocados em co- vas abertas no solo e depois recobertos com terra. Com o tempo, a partir de cada fragmento origina-se uma nova planta de cana-de-açúcar. Esse processo é uma modalidade de reprodução assexuada: um organismo materno origina descendentes geneticamente iguais entre si e ao organis- mo que lhes deu origem. Um organismo geneticamente idêntico a outro constitui um clone. Esse processo tem como vantagem a sua grande rapi- dez, gerando vários descendentes em um curto intervalo de tempo. Além disso, a reprodução assexuada mantém as características consideradas úteis que estão presentes no organismo materno. Por exemplo, se uma planta de cana- -de-açúcar tem alto teor de sacarose, seus descendentes manterão essa característica. A reprodução assexuada contribui para gerar populações geneticamente homogêneas. Isso é desvantajoso e pode oferecer risco à sobrevivência do grupo, pois podem ocorrer alterações no ambiente, por exemplo, a entrada de um novo tipo de parasita. Se um indivíduo for sensível a esse parasita, é provável que todos os demais indivíduos também sejam sensíveis e a população tem grande risco de ser extinta (Fig. 6). 1 organismo materno Vários descendentes geneticamente idênticos Processo rápido População homogênea Suscetível a mudanças ambientais Mantém características úteis Vantagens Desvantagens Fig. 6 Esquema explicativo da reprodução assexuada, com suas vantagens e desvantagens. Reprodução sexuada Trataremos nesse capítulo apenas da reprodução se- xuada em animais. Já vimos o processo de reprodução sexuada em protozoários nessa Frente; já a reprodução sexuada de plantas, algas, fungos e bactérias será vista na Frente 2. A reprodução sexuada dos animais envolve a produção de gametas masculinos (espermatozoides) e femininos (óvulos). Os gametas são formados no interior de gônadas: espermatozoides são produzidos em testículos e óvulos no interior de ovários. Em geral, os espermatozoides são dotados de flagelo, o que possibilita seu deslocamento. O encontro de um espermatozoide com um óvulo constitui a fecundação ou fertilização; o resultado é a formação da célula-ovo ou zigoto, que sofre mitoses e gera um novo indivíduo (Fig. 7). Reprodução sexuada gera Gametas gerados por meiose Fecundação Maior capacidade de sobrevivência Variabilidade genética Fig. 7 A reprodução sexuada em animais envolve a união de gametas, gerados por meiose. A vantagem dessa modalidade de reprodução é a grande variabilidade genética que proporciona. F R E N T E 3 267 expelido o líquido urticante. Esse líquido é utilizado na defe- sa e na captura de presas. Em seres humanos, pode causar lesões dolorosas na pele ou mesmo a morte, decorrente do envenenamento ou do afogamento da pessoa (Fig. 9). Fio evertido Núcleo Farpas Cnidocílio Nematocisto Núcleo Fig. 9 O cnidoblasto contém uma cápsula denominada nematocisto, que possui um fio tubular. O cnidoblasto, quando estimulado, everte seu longo fio e libera o líquido urticante do seu interior. São encontrados dois tipos morfológicos de cnidários: pólipo e medusa. O pólipo é a forma típica da hidra, da anêmona-do-mar e do coral. É cilíndrico, com a base liga- da a um substrato e na extremidade oposta localiza-se a abertura do sistema digestório, rodeada de tentáculos. O pólipo geralmente é séssil (fixo), mas a hidra pode apresen- tar movimentação por cambalhotas. Medusa é a forma típica da água-viva; apresenta a forma de um sino. A abertura do sistema digestório loca- liza-se na parte inferior. Em algumas espécies, a abertura é rodeada de braços orais, empregados na obtenção de alimento. Há tentáculos na borda do corpo, que apresentam inúmeros cnidoblastos.A medusa é móvel; sua mobilidade se dá por jato-propulsão: com a contração do corpo, ocorre expulsão de água e o animal movimenta-se em sentido oposto ao da água; para subir, a medusa relaxa seu corpo, então entra água pela base do seu corpo, o que a faz subir. O deslocamento da medusa se dá com a repetição desse movimento (Fig. 10). Na Frente 1 foi explicado que os gametas animais são gerados por um processo de divisão celular, conhecido como meiose. Esse processo gera células geneticamente diferentes entre si; além disso, a união de gametas mascu- linos com femininos (fecundação), formados por indivíduos diferentes, possibilita a produção de descendentes gene- ticamente diferentes. Tudo isso significa que a reprodução sexuada nos animais constitui uma importante fonte de va- riabilidade genética para a espécie (Fig. 8). Gameta masculino (espermatozoide) Gameta feminino (óvulo) Fecundação (fertilização) Célula-ovo (zigoto) Novo indivíduo Mitoses Gônadas femininas (ovários) Gônadas masculinas (testículos) Fig. 8 Esquema explicativo da reprodução sexuada em animais com o encontro de gametas e a nomeação das gônadas. A população de uma espécie animal dotada de varia- bilidade genética tem maiores chances de sobrevivência já que, caso ocorram mudanças ambientais, é provável que alguns indivíduos da espécie sejam geneticamente adap- tados às novas características do ambiente. Classificação e reprodução dos animais A seguir são discutidos aspectos morfológicos gerais, reprodução e classificação dos animais. Cnidários Os cnidários ou celenterados incluem hidra, água- -viva, coral, anêmona, caravela-portuguesa. Vimos uma série de características dos cnidários: diblásticos, geral- mente com simetria radial; possuem sistema nervoso difuso; têm sistema digestório incompleto, digestão extracelular e intracelular; não apresentam sistema cir- culatório, excretor e respiratório. Aspectos gerais Cnidários têm células típicas denominadas cnidoblas- tos, cada uma delas dotada de uma cápsula chamada nematocisto, que contém um líquido urticante e um tubo enrolado em seu interior. Quando o cnidoblasto é esti- mulado pelo toque ou por algumas substâncias químicas, ocorre a liberação do tubo enrolado, por cuja extremidade é BIOLOGIA Capítulo 5 Organização funcional e classificação dos animais268 Núcleo Boca Boca Tentáculo Tentáculo Cavidade digestiva Cavidade digestiva Pólipo Medusa Parede do corpo Parede do corpo Nematocisto Fig. 10 Pólipo e medusa em corte. Os tentáculos apresentam cnidoblastos; no detalhe, seu nematocisto, dotado de líquido urticante e um tubo enrolado. Em muitas espécies há as duas formas: o pólipo origina a medusa e a medusa gera o pólipo. O ciclo de vida dessas duas formas costuma caracterizar-se por apresentar alter- nância de gerações ou metagênese. Classificação e reprodução Os cnidários apresentam duas modalidades de repro- dução: assexuada e sexuada. A reprodução assexuada inclui o brotamento (em hidras e corais) e a estrobilização (em alguns animais que vivem fixados a um substrato, como em uma fase do ciclo de vida da Aurelia sp.) (Fig. 11). Fase fixa Fig. 11 O pólipo de Aurelia sp. gera novas medusas por meio de estrobilização. A reprodução sexuada envolve a produção de ga- metas. Há cnidários monoicos (certas hidras) e dioicos. O desenvolvimento pode ser direto (hidra) ou indireto, como ocorre em muitas espécies que formam uma larva ciliada, conhecida como plânula e dotada de simetria bilateral. No ciclo da Aurelia sp. há o pólipo fixo, que se reproduz por estrobilização, gerando medusas jovens (éfiras). Quan- do atingem a maturidade sexual, as medusas masculinas liberam espermatozoides na água, os quais entram atra- vés da abertura da cavidade digestória da fêmea. Nessa cavidade localizam-se as gônadas femininas, produtoras de óvulos. Com a fecundação, forma-se o zigoto, que se desenvolve em uma larva plânula. Essa larva nada e fixa-se em um substrato, gerando um novo pólipo (Fig. 12). O ciclo da Obelia sp. apresenta pólipo fixo, que cons- titui uma colônia com indivíduos especializados na captura e digestão de alimento, enquanto outros são responsáveis pela reprodução. Dos indivíduos reprodutores, são gera- das jovens medusas por um processo de brotamento. As medusas são dioicas; os machos liberam espermatozoides na água, onde ocorre o encontro com os óvulos liberados pelas fêmeas. Zigotos são produzidos e, posteriormente, originam a larva plânula que se fixa e forma um novo pólipo (Fig. 13). Tentáculo Medusa macho adulto Epiderme Gônada Mesogleia Gastroderme Braço oral Espermatozoides Medusa fêmea adulta Zigoto Clivagem Blástula Gástrula Larva plânulaEstágio fixo Reprodução assexuada Reprodução sexuada Estróbilos Pólipo Fig. 12 Ciclo com metagênese de Aurelia sp. Na fase de pólipo, ocorre reprodução assexuada por estrobilização.
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