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Biologia - Livro 1-0068

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e gorgônias geram exoesqueleto de calcário. Antozoários
têm cavidade digestória bastante complexa, subdividida
em compartimentos por mesentérios (Fig. 15).
Tentáculo
Mesentério
Faringe
Filamento do
mesentério
Esqueleto
Placa basal
Fig. 15 Estrutura interna de um coral. Esse organismo forma colônias de pólipos
com exoesqueleto calcário.
Platelmintos
Platelmintos são os vermes achatados, como a planá-
ria, que apresentam vida livre; alguns são aquáticos e outros
ocupam o solo úmido. Há muitos platelmintos parasitas,
como o esquistossomo, a fascíola e a tênia.
Platelmintos são animais triblásticos, acelomados e
têm simetria bilateral. Seu sistema nervoso é do tipo gan-
glionar. O sistema digestório é incompleto, e a digestão
extracelular. Não apresentam sistema circulatório nem res-
piratório. As trocas gasosas são efetuadas pela superfície
do corpo (respiração cutânea). O sistema excretor é cons-
tituído por protonefrídios, que apresentam células-flama.
Aspectos gerais
O aspecto de uma planária é achatado dorso-ven-
tralmente. Na parte dorsal, encontram-se dois ocelos,
estruturas fotossensíveis, mas que não formam imagens. Na
parte ventral, localiza-se a abertura do sistema digestório.
Quando a planária localiza alimento, ela everte sua faringe
musculosa, que se comporta como um tipo de “tromba”,
sugando o alimento. Na região ventral também se localiza
o poro genital; duas planárias unem seus poros genitais
durante o acasalamento (Fig. 16).
Faringe evertida
Alimento
Ocelo
Ocelo
Fig. 16 Planárias apresentam simetria bilateral, com uma cabeça dotada de ocelos.
Obtêm alimento evertendo sua faringe musculosa.
Medusa
Pólipo jovem
Pólipo
desenvolvido
Plânula
Ovo
Fig. 13 Metagênese de Obelia sp. O pólipo tem divisão de funções e se reproduz
assexuadamente por brotamento, gerando novas medusas.
Os cnidários são divididos em três classes: Hydrozoa,
Scyphozoa e Anthozoa. Na classe Hydrozoa estão a hidra,
a Obelia sp. e a caravela-portuguesa. A hidra apresenta
apenas a forma de pólipo, sem a formação de larva plânula;
a Obelia sp. tem alternância de gerações e larva plânula.
Em relação à caravela-portuguesa, há controvérsias entre
os autores sobre sua organização. Na visão mais tradicional,
ela é considerada uma colônia flutuante de pólipos, dotada
de indivíduos com funções especializadas: o indivíduo flu-
tuador (que forma uma plataforma e uma bolsa com gás),
ao qual estão ligados os indivíduos que realizam defesa;
outros digerem o alimento capturado (como peixes) e há
os responsáveis pela reprodução (Fig. 14).
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Fig. 14 Caravela-portuguesa trazida pelo mar. É possível notar a bolsa com ar e
os tentáculos.
Na classe Scyphozoa (cifozoários), há alternância de
gerações e seus representantes são formados por medusas
mais desenvolvidas do que as presentes nos hidrozoários.
A Aurelia sp. é bastante representativa do grupo.
Na classe Anthozoa (antozoários) estão as anêmo-
nas-do-mar, os corais e as gorgônias. Esses organismos
apresentam apenas pólipos e formam larva plânula. Corais
BIOLOGIA Capítulo 5 Organização funcional e classificação dos animais270
platelmintos têm desenvolvimento indireto, isto é, apresen-
tam larvas em seu ciclo de vida. Mais detalhes serão vistos
no estudo das parasitoses.
Os platelmintos são divididos em três classes: Turbelá-
rios, Trematódeos e Cestódeos. Os turbelários incluem os
platelmintos de vida livre, como os vários tipos de planárias.
A presença de cílios na parte ventral do corpo contribui para
seu deslocamento e seu “turbilhonamento” deu origem ao
nome da classe.
Os trematódeos incluem o esquistossomo e a fascíola,
ambos parasitas do fígado. São dotados de ventosas. O es-
quistossomo é dioico e a fascíola é monoica. Os cestódeos
incluem as solitárias ou tênias – parasitas intestinais. Tênias
são monoicas e não apresentam tubo digestório.
Nematelmintos
Nematelmintos ou nematódeos são enterozoários,
triblásticos, pseudocelomados e apresentam simetria
bilateral. Seu sistema nervoso é constituído por dois
cordões nervosos (dorsal e ventral) ligados na região
anterior. O sistema digestório é completo (com boca
e ânus) e apresentam digestão extracelular. Não têm
sistema circulatório, nem respiratório. O líquido do pseu-
doceloma tem papel fundamental no transporte. As trocas
gasosas são efetuadas pela superfície do corpo (respira-
ção cutânea). Alguns parasitas intestinais obtêm energia
por meio de processo fermentativo. O sistema excretor
é constituído por dois canais excretores situados nas
laterais do corpo.
Aspectos gerais
O corpo dos nematelmintos é cilíndrico, mas não apre-
senta segmentação, nítida nos anelídeos. O pseudoceloma
tem a função de transportar diversos materiais e colabora
para a manutenção da forma do corpo, atuando como uma
espécie de esqueleto hídrico.
Classificação e reprodução
Os nematelmintos normalmente são dioicos. Seu sis-
tema reprodutor é constituído por gônadas (testículos ou
ovários), localizadas no pseudoceloma e ligadas a canais
que se abrem em um poro genital. Perto da abertura geni-
tal do macho, há duas espículas que são introduzidas no
orifício genital da fêmea durante a cópula. Geralmente os
machos apresentam a extremidade posterior encurvada,
mas a fêmea não; isso caracteriza um tipo de dimorfismo
sexual (Fig. 19).
Intestino
Vesícula seminal
Ducto espermático Testículo
Ânus
Espículas
Fig. 19 Extremidade em corte de nematelminto macho. As espículas auxiliam
no acasalamento; estão presentes apenas no macho, evidenciando dimor-
fismo sexual.
Classificação e reprodução
Uma planária pode apresentar reprodução assexuada
ou sexuada. A reprodução assexuada ocorre por um pro-
cesso de bipartição: quando o animal atinge um tamanho
avantajado para sua espécie, pode sofrer um estrangula-
mento na região mediana do corpo, gerando dois indivíduos
geneticamente idênticos. Se uma planária for seccionada
em algumas partes, com cortes transversais em relação ao
eixo do corpo, cada fragmento é capaz de gerar um novo
indivíduo completo; trata-se de um processo de regenera-
ção, que é mais rápido e eficiente nas partes mais próximas
à cabeça (Fig. 17).
Fig. 17 Uma planária pode sofrer constrição e dividir seu organismo em duas partes,
as quais geram novos indivíduos.
Planárias também apresentam reprodução sexuada.
Os indivíduos são monoicos, isto é, dotados de testículos e
de ovários. Essas gônadas estão ligadas a canais que per-
mitem a liberação dos gametas que produzem e terminam
em uma câmara (o átrio genital) que se abre em um único
poro reprodutor. Duas planárias se acasalam levantando
a parte posterior do corpo e acoplando seus poros repro-
dutores, ocorrendo então uma troca de espermatozoides.
Cada indivíduo recebe espermatozoides do outro e tem
seus óvulos fecundados, caracterizando uma fecundação
cruzada. Os zigotos são eliminados no ambiente e geram
novos indivíduos sem a formação de larvas, caracterizando
o desenvolvimento direto (Fig. 18).
Ovário
Bulbo do
pênis
Pênis
Receptáculo seminalÁtrio
Gonoporo
Fig. 18 Estrutura interna de uma planária. Esses platelmintos são hermafroditas:
possuem testículos e ovários.
Tênias ou solitárias são monoicas, enquanto o es-
quistossomo, causador da barriga-d’água, é dioico. Esses
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Os espermatozoides não têm flagelo e apresentam
movimento ameboide (por pseudópodes). Ocorre a for-
mação do zigoto, que normalmente se desenvolve em
larvas antes de atingir a fase adulta. Trata-se, portanto, de
desenvolvimento indireto. O ciclo de vida detalhado dos
nematelmintos será visto no estudo das parasitoses.
Nesta coleção, estudaremos alguns organismos de vida
livre; e outros, de vida parasitária.
Anelídeos
Anelídeos são enterozoários, triblásticos, celomados,
protostômios e dotados de simetria bilateral. O sistema
nervoso é ganglionar, com uma cadeia nervosa ventral.
Eles têm sistema digestório completo e sistema circulató-
rio fechado. Apresentam respiração cutânea oubranquial
e sua excreção é executada por metanefrídeos.
Aspectos gerais
Anelídeos têm corpo cilíndrico e segmentado, apresen-
tando metâmeros (anéis) que se sucedem ao longo do eixo
do organismo e são separados uns dos outros por meio de
septos. Na parte mais próxima da boca de uma minhoca,
há um clitelo, estrutura esbranquiçada que envolve alguns
anéis. O clitelo está associado à reprodução, como será
visto adiante.
Os anéis da minhoca possuem cerdas, estruturas pon-
tiagudas curtas, constituídas por quitina. As cerdas são
empregadas no deslocamento, pois aumentam a ligação
entre a minhoca e o solo, funcionando como pontos de
apoio. Elas também contribuem para manter duas minhocas
unidas durante o acasalamento (Fig. 20).
Boca
Metâmeros
Ânus
Clitelo
Fig. 20 O corpo de uma minhoca é segmentado e possui clitelo, estrutura clara e
relacionada com sua reprodução.
Classificação
Os anelídeos são divididos em três classes: oligoque-
tos, poliquetos e hirudíneos. Oligoquetos são de vida livre
e ocupam o meio terrestre, como a minhoca comum e o
minhocoçu (uma variedade australiana, que chega a ter
3 m de comprimento). Também há representantes aquáti-
cos, como o Tubifex, encontrado em águas com baixo teor
de gás oxigênio. Seu corpo possui poucas cerdas, as quais
têm comprimento reduzido (Fig. 21).
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Minhocoçu.
Tubifex.
Minhoca.
Fig. 21 Tubifex, minhoca e minhocoçu são representantes da classe oligoquetos.
BIOLOGIA Capítulo 5 Organização funcional e classificação dos animais272
Poliquetos tubícolas vivem em túneis que cavam na
areia. Alguns desses tubícolas apresentam um penacho
cefálico, que tem função respiratória (atuando como brân-
quias) e também recolhem detritos que estão em suspensão
na água. Essas partículas são conduzidas à abertura da
boca e constituem seu alimento (Fig. 24).
Tubo
Boca
Cabeça
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Fig. 24 Poliquetos tubícolas ficam com o corpo enterrado no substrato; alguns
formam um grande penacho que atua nas trocas gasosas e no recolhimento de
partículas alimentares.
Reprodução
A minhoca é monoica e sua fecundação é cruzada,
ocorrendo uma troca de espermatozoides entre dois in-
divíduos que se acasalam. Cada minhoca tem testículos
e ovários, e essas gônadas têm canais que se abrem na
superfície do corpo, permitindo a eliminação dos gametas
durante o acasalamento. Os espermatozoides são elimina-
dos em uma abertura situada atrás do clitelo, e os óvulos
em abertura que fica em um anel envolvido por ele. Adiante
do clitelo há um receptáculo seminal, uma cavidade que
recebe e retém espermatozoides provenientes de outra
minhoca. Durante o acasalamento, uma minhoca libera
espermatozoides no receptáculo seminal da outra. Cada
minhoca desprende um envoltório mucoso do clitelo, que
é movido em direção à extremidade onde está a boca. No
trajeto, óvulos encontram espermatozoides do receptáculo
seminal e ocorre a fecundação, formando vários zigotos. O
envoltório é removido do corpo e origina um casulo cheio
de ovos, que as minhocas deixam no solo. Os ovos de-
senvolvem-se, formando novos indivíduos, que saem do
casulo. A minhoca tem, portanto, fecundação externa e
desenvolvimento direto (Fig. 25).
Clitelo
Espermatozoides
Fig. 25 Minhocas são hermafroditas e têm fecundação cruzada, realizando troca
de espermatozoides.
Os hirudíneos são de vida parasitária, como as san-
guessugas, que se alimentam de sangue de vertebrados.
O corpo de uma sanguessuga é mais achatado do que o
das minhocas e não possui cerdas. Geralmente são ani-
mais aquáticos, mas há espécies de ambiente terrestre
úmido. A sanguessuga tem ventosas oral e anal, as quais
a prendem ao hospedeiro que está sendo atacado. Na
boca, possui lâminas que cortam a pele do hospedeiro
e sua saliva despeja um anestésico; dessa maneira, o
hospedeiro não percebe a presença da sanguessuga, que
pode se alimentar sem ser retirada. Seu tubo digestório é
bastante ramificado e tem capacidade de armazenar gran-
de quantidade de sangue, de modo que ela possa ficar
sem se alimentar novamente por vários meses. Um fator
que contribui para a manutenção do sangue em seu tubo
digestório é a presença de um anticoagulante (Fig. 22).
Ventosa analVentosa oral
Fig. 22 O corpo da sanguessuga é segmentado e apresenta ventosas.
Os poliquetos são aquáticos, principalmente
marinhos, caracterizados pela presença de cerdas abun-
dantes e desenvolvidas, presentes em parapódios, que
são expansões laterais do corpo e têm participação na
locomoção. Parapódios não são considerados como
pernas, presentes nos artrópodes. Nos parapódios po-
dem ocorrer brânquias. A cabeça dos poliquetos é mais
desenvolvida nas espécies que nadam ou se deslocam
sobre o fundo do mar (são os errantes), como o Nereis
ou nereida, um predador de pequenos animais. Na cabe-
ça desse tipo de poliqueto há mandíbulas (empregadas
em sua nutrição) e estruturas sensoriais, como palpos e
olhos (que não formam imagens) (Fig. 23).
Palpo
Mandíbula
Faringe
Cerdas
Parapódio
Ânus
Fig. 23 Nereis é um poliqueto que se desloca ativamente. Tem parapódios dotados
de cerdas; sua cabeça tem mandíbulas e estruturas sensoriais.

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