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F R E N T E 3 269 e gorgônias geram exoesqueleto de calcário. Antozoários têm cavidade digestória bastante complexa, subdividida em compartimentos por mesentérios (Fig. 15). Tentáculo Mesentério Faringe Filamento do mesentério Esqueleto Placa basal Fig. 15 Estrutura interna de um coral. Esse organismo forma colônias de pólipos com exoesqueleto calcário. Platelmintos Platelmintos são os vermes achatados, como a planá- ria, que apresentam vida livre; alguns são aquáticos e outros ocupam o solo úmido. Há muitos platelmintos parasitas, como o esquistossomo, a fascíola e a tênia. Platelmintos são animais triblásticos, acelomados e têm simetria bilateral. Seu sistema nervoso é do tipo gan- glionar. O sistema digestório é incompleto, e a digestão extracelular. Não apresentam sistema circulatório nem res- piratório. As trocas gasosas são efetuadas pela superfície do corpo (respiração cutânea). O sistema excretor é cons- tituído por protonefrídios, que apresentam células-flama. Aspectos gerais O aspecto de uma planária é achatado dorso-ven- tralmente. Na parte dorsal, encontram-se dois ocelos, estruturas fotossensíveis, mas que não formam imagens. Na parte ventral, localiza-se a abertura do sistema digestório. Quando a planária localiza alimento, ela everte sua faringe musculosa, que se comporta como um tipo de “tromba”, sugando o alimento. Na região ventral também se localiza o poro genital; duas planárias unem seus poros genitais durante o acasalamento (Fig. 16). Faringe evertida Alimento Ocelo Ocelo Fig. 16 Planárias apresentam simetria bilateral, com uma cabeça dotada de ocelos. Obtêm alimento evertendo sua faringe musculosa. Medusa Pólipo jovem Pólipo desenvolvido Plânula Ovo Fig. 13 Metagênese de Obelia sp. O pólipo tem divisão de funções e se reproduz assexuadamente por brotamento, gerando novas medusas. Os cnidários são divididos em três classes: Hydrozoa, Scyphozoa e Anthozoa. Na classe Hydrozoa estão a hidra, a Obelia sp. e a caravela-portuguesa. A hidra apresenta apenas a forma de pólipo, sem a formação de larva plânula; a Obelia sp. tem alternância de gerações e larva plânula. Em relação à caravela-portuguesa, há controvérsias entre os autores sobre sua organização. Na visão mais tradicional, ela é considerada uma colônia flutuante de pólipos, dotada de indivíduos com funções especializadas: o indivíduo flu- tuador (que forma uma plataforma e uma bolsa com gás), ao qual estão ligados os indivíduos que realizam defesa; outros digerem o alimento capturado (como peixes) e há os responsáveis pela reprodução (Fig. 14). S ve nG ra nd /W ik im e d ia C o m m o ns Fig. 14 Caravela-portuguesa trazida pelo mar. É possível notar a bolsa com ar e os tentáculos. Na classe Scyphozoa (cifozoários), há alternância de gerações e seus representantes são formados por medusas mais desenvolvidas do que as presentes nos hidrozoários. A Aurelia sp. é bastante representativa do grupo. Na classe Anthozoa (antozoários) estão as anêmo- nas-do-mar, os corais e as gorgônias. Esses organismos apresentam apenas pólipos e formam larva plânula. Corais BIOLOGIA Capítulo 5 Organização funcional e classificação dos animais270 platelmintos têm desenvolvimento indireto, isto é, apresen- tam larvas em seu ciclo de vida. Mais detalhes serão vistos no estudo das parasitoses. Os platelmintos são divididos em três classes: Turbelá- rios, Trematódeos e Cestódeos. Os turbelários incluem os platelmintos de vida livre, como os vários tipos de planárias. A presença de cílios na parte ventral do corpo contribui para seu deslocamento e seu “turbilhonamento” deu origem ao nome da classe. Os trematódeos incluem o esquistossomo e a fascíola, ambos parasitas do fígado. São dotados de ventosas. O es- quistossomo é dioico e a fascíola é monoica. Os cestódeos incluem as solitárias ou tênias – parasitas intestinais. Tênias são monoicas e não apresentam tubo digestório. Nematelmintos Nematelmintos ou nematódeos são enterozoários, triblásticos, pseudocelomados e apresentam simetria bilateral. Seu sistema nervoso é constituído por dois cordões nervosos (dorsal e ventral) ligados na região anterior. O sistema digestório é completo (com boca e ânus) e apresentam digestão extracelular. Não têm sistema circulatório, nem respiratório. O líquido do pseu- doceloma tem papel fundamental no transporte. As trocas gasosas são efetuadas pela superfície do corpo (respira- ção cutânea). Alguns parasitas intestinais obtêm energia por meio de processo fermentativo. O sistema excretor é constituído por dois canais excretores situados nas laterais do corpo. Aspectos gerais O corpo dos nematelmintos é cilíndrico, mas não apre- senta segmentação, nítida nos anelídeos. O pseudoceloma tem a função de transportar diversos materiais e colabora para a manutenção da forma do corpo, atuando como uma espécie de esqueleto hídrico. Classificação e reprodução Os nematelmintos normalmente são dioicos. Seu sis- tema reprodutor é constituído por gônadas (testículos ou ovários), localizadas no pseudoceloma e ligadas a canais que se abrem em um poro genital. Perto da abertura geni- tal do macho, há duas espículas que são introduzidas no orifício genital da fêmea durante a cópula. Geralmente os machos apresentam a extremidade posterior encurvada, mas a fêmea não; isso caracteriza um tipo de dimorfismo sexual (Fig. 19). Intestino Vesícula seminal Ducto espermático Testículo Ânus Espículas Fig. 19 Extremidade em corte de nematelminto macho. As espículas auxiliam no acasalamento; estão presentes apenas no macho, evidenciando dimor- fismo sexual. Classificação e reprodução Uma planária pode apresentar reprodução assexuada ou sexuada. A reprodução assexuada ocorre por um pro- cesso de bipartição: quando o animal atinge um tamanho avantajado para sua espécie, pode sofrer um estrangula- mento na região mediana do corpo, gerando dois indivíduos geneticamente idênticos. Se uma planária for seccionada em algumas partes, com cortes transversais em relação ao eixo do corpo, cada fragmento é capaz de gerar um novo indivíduo completo; trata-se de um processo de regenera- ção, que é mais rápido e eficiente nas partes mais próximas à cabeça (Fig. 17). Fig. 17 Uma planária pode sofrer constrição e dividir seu organismo em duas partes, as quais geram novos indivíduos. Planárias também apresentam reprodução sexuada. Os indivíduos são monoicos, isto é, dotados de testículos e de ovários. Essas gônadas estão ligadas a canais que per- mitem a liberação dos gametas que produzem e terminam em uma câmara (o átrio genital) que se abre em um único poro reprodutor. Duas planárias se acasalam levantando a parte posterior do corpo e acoplando seus poros repro- dutores, ocorrendo então uma troca de espermatozoides. Cada indivíduo recebe espermatozoides do outro e tem seus óvulos fecundados, caracterizando uma fecundação cruzada. Os zigotos são eliminados no ambiente e geram novos indivíduos sem a formação de larvas, caracterizando o desenvolvimento direto (Fig. 18). Ovário Bulbo do pênis Pênis Receptáculo seminalÁtrio Gonoporo Fig. 18 Estrutura interna de uma planária. Esses platelmintos são hermafroditas: possuem testículos e ovários. Tênias ou solitárias são monoicas, enquanto o es- quistossomo, causador da barriga-d’água, é dioico. Esses F R E N T E 3 271 Os espermatozoides não têm flagelo e apresentam movimento ameboide (por pseudópodes). Ocorre a for- mação do zigoto, que normalmente se desenvolve em larvas antes de atingir a fase adulta. Trata-se, portanto, de desenvolvimento indireto. O ciclo de vida detalhado dos nematelmintos será visto no estudo das parasitoses. Nesta coleção, estudaremos alguns organismos de vida livre; e outros, de vida parasitária. Anelídeos Anelídeos são enterozoários, triblásticos, celomados, protostômios e dotados de simetria bilateral. O sistema nervoso é ganglionar, com uma cadeia nervosa ventral. Eles têm sistema digestório completo e sistema circulató- rio fechado. Apresentam respiração cutânea oubranquial e sua excreção é executada por metanefrídeos. Aspectos gerais Anelídeos têm corpo cilíndrico e segmentado, apresen- tando metâmeros (anéis) que se sucedem ao longo do eixo do organismo e são separados uns dos outros por meio de septos. Na parte mais próxima da boca de uma minhoca, há um clitelo, estrutura esbranquiçada que envolve alguns anéis. O clitelo está associado à reprodução, como será visto adiante. Os anéis da minhoca possuem cerdas, estruturas pon- tiagudas curtas, constituídas por quitina. As cerdas são empregadas no deslocamento, pois aumentam a ligação entre a minhoca e o solo, funcionando como pontos de apoio. Elas também contribuem para manter duas minhocas unidas durante o acasalamento (Fig. 20). Boca Metâmeros Ânus Clitelo Fig. 20 O corpo de uma minhoca é segmentado e possui clitelo, estrutura clara e relacionada com sua reprodução. Classificação Os anelídeos são divididos em três classes: oligoque- tos, poliquetos e hirudíneos. Oligoquetos são de vida livre e ocupam o meio terrestre, como a minhoca comum e o minhocoçu (uma variedade australiana, que chega a ter 3 m de comprimento). Também há representantes aquáti- cos, como o Tubifex, encontrado em águas com baixo teor de gás oxigênio. Seu corpo possui poucas cerdas, as quais têm comprimento reduzido (Fig. 21). T hu nd e rc la p /W ik im e d ia C o m m o ns M ar ce lo V . F uk ud a © V in ic iu s Tu p in am b a | D re am st im e .c o m Minhocoçu. Tubifex. Minhoca. Fig. 21 Tubifex, minhoca e minhocoçu são representantes da classe oligoquetos. BIOLOGIA Capítulo 5 Organização funcional e classificação dos animais272 Poliquetos tubícolas vivem em túneis que cavam na areia. Alguns desses tubícolas apresentam um penacho cefálico, que tem função respiratória (atuando como brân- quias) e também recolhem detritos que estão em suspensão na água. Essas partículas são conduzidas à abertura da boca e constituem seu alimento (Fig. 24). Tubo Boca Cabeça M ar ce lo V . F uk ud a Fig. 24 Poliquetos tubícolas ficam com o corpo enterrado no substrato; alguns formam um grande penacho que atua nas trocas gasosas e no recolhimento de partículas alimentares. Reprodução A minhoca é monoica e sua fecundação é cruzada, ocorrendo uma troca de espermatozoides entre dois in- divíduos que se acasalam. Cada minhoca tem testículos e ovários, e essas gônadas têm canais que se abrem na superfície do corpo, permitindo a eliminação dos gametas durante o acasalamento. Os espermatozoides são elimina- dos em uma abertura situada atrás do clitelo, e os óvulos em abertura que fica em um anel envolvido por ele. Adiante do clitelo há um receptáculo seminal, uma cavidade que recebe e retém espermatozoides provenientes de outra minhoca. Durante o acasalamento, uma minhoca libera espermatozoides no receptáculo seminal da outra. Cada minhoca desprende um envoltório mucoso do clitelo, que é movido em direção à extremidade onde está a boca. No trajeto, óvulos encontram espermatozoides do receptáculo seminal e ocorre a fecundação, formando vários zigotos. O envoltório é removido do corpo e origina um casulo cheio de ovos, que as minhocas deixam no solo. Os ovos de- senvolvem-se, formando novos indivíduos, que saem do casulo. A minhoca tem, portanto, fecundação externa e desenvolvimento direto (Fig. 25). Clitelo Espermatozoides Fig. 25 Minhocas são hermafroditas e têm fecundação cruzada, realizando troca de espermatozoides. Os hirudíneos são de vida parasitária, como as san- guessugas, que se alimentam de sangue de vertebrados. O corpo de uma sanguessuga é mais achatado do que o das minhocas e não possui cerdas. Geralmente são ani- mais aquáticos, mas há espécies de ambiente terrestre úmido. A sanguessuga tem ventosas oral e anal, as quais a prendem ao hospedeiro que está sendo atacado. Na boca, possui lâminas que cortam a pele do hospedeiro e sua saliva despeja um anestésico; dessa maneira, o hospedeiro não percebe a presença da sanguessuga, que pode se alimentar sem ser retirada. Seu tubo digestório é bastante ramificado e tem capacidade de armazenar gran- de quantidade de sangue, de modo que ela possa ficar sem se alimentar novamente por vários meses. Um fator que contribui para a manutenção do sangue em seu tubo digestório é a presença de um anticoagulante (Fig. 22). Ventosa analVentosa oral Fig. 22 O corpo da sanguessuga é segmentado e apresenta ventosas. Os poliquetos são aquáticos, principalmente marinhos, caracterizados pela presença de cerdas abun- dantes e desenvolvidas, presentes em parapódios, que são expansões laterais do corpo e têm participação na locomoção. Parapódios não são considerados como pernas, presentes nos artrópodes. Nos parapódios po- dem ocorrer brânquias. A cabeça dos poliquetos é mais desenvolvida nas espécies que nadam ou se deslocam sobre o fundo do mar (são os errantes), como o Nereis ou nereida, um predador de pequenos animais. Na cabe- ça desse tipo de poliqueto há mandíbulas (empregadas em sua nutrição) e estruturas sensoriais, como palpos e olhos (que não formam imagens) (Fig. 23). Palpo Mandíbula Faringe Cerdas Parapódio Ânus Fig. 23 Nereis é um poliqueto que se desloca ativamente. Tem parapódios dotados de cerdas; sua cabeça tem mandíbulas e estruturas sensoriais.
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