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CIÊNCIA E SENSO COMUM O senso comum e o conhecimento científico A PSICOLOGIA OU “AS PSICOLOGIAS” Prof. Ma. Elizeth Germano Mattos Para sabermos o que é ciência, o que é conhecimento científico, precisamos distingui-los do chamado senso comum. Iniciamos com as perguntas abaixo: Como duvidar que o sol seja menor do que a Terra se, todo dia, vemos um pequeno círculo de cor vermelha percorrendo o céu? Como duvidar que a terra seja imóvel se diariamente vemos o sol nascer, percorrer o céu e se pôr? Certezas como esta estão presentes na nossa vida e expressam o que nós chamamos de "senso comum". CIÊNCIA E SENSO COMUM O senso comum e o conhecimento científico Quando fazemos a ciência, a realidade cotidiana é usada como base. Observe que: - A astronomia nos revela que o sol é muitas vezes maior do que a Terra e que é a Terra que se move em torno dele. - Já a biologia nos ensina que as espécies de animais se formaram a partir de modificações de microrganismos extremamente simples e isto ao longo de milhões de anos. VOCÊ, COM CERTEZA, JÁ DEVE TER OUVIDO ALGUÉM DIZER "Dize-me com que andas que eu te direi quem és“ "Mais vale um pássaro na mão do que dois voando" Esses dois exemplos nos mostram com o senso comum se manifesta por meio dos ditos populares, das crenças do povo. Mas, existe uma GRANDE DIFERENÇA entre nossas certezas cotidianas e o conhecimento científico. CIÊNCIA E SENSO COMUM O senso comum e o conhecimento científico Senso Comum: prático, cotidiano, sociedade. Ciência: pesquisa acadêmica. Misticismo: busca entre o céu e a terra. Religião: Bíblia, Alcorão (Livro sagrado do Islão, Islamismo - Muçulmanos), Vedas (escrituras sagradas do hinduísmo). Artes: qualidade de vida, expressão do conhecimento. Filosofia: verdadeira significado da vida. DE ONDE ORIGINA-SE O CONHECIMENTO? Portanto, a arte, religião, filosofia, ciência e senso comum são domínios do conhecimento humano. SENSO COMUM Diríamos que o Senso Comum não se caracteriza pela investigação, pelo questionamento, ao contrário da ciência. Fica no imediato das coisas, caracteriza-se pela subjetividade, permeado pelas opiniões, emoções e valores de quem o produz: É um verdadeiro receituário para o homem resolver os seus problemas da vida diária. É um saber não-sistematizado mas muito útil para guiar o homem na sua vida cotidiana. É obtido geralmente pelas observações realizadas pelos sentidos. É ditado pelas circunstâncias. É todo o conhecimento que vamos acumulando no nosso cotidiano. CONHECIMENTO DO COTIDIANO Ocorre por meio do Senso Comum, que é espontâneo e intuitivo. • CIÊNCIA: abstrai a realidade para compreendê-la melhor; • COTIDIANO: traz a ciência para o real. Exemplo: Newton abstraiu-se da realidade: Fruta caia da árvore (cotidiano) e formulou a lei da gravidade (científico). O QUE É CIÊNCIA? Conjunto de conhecimentos sobre os fatos por meio de linguagem precisa e rigorosa que são obtidos de maneira programada, sistemática e controlada para que se verifique sua realidade. O saber pode assim transmitir, verificar, utilizar, desenvolver. É um processo contínuo, pois sempre há aprimoramento de técnicas, pois, aspira objetividade. COMO SE PRODUZ UM NOVO CONHECIMENTO? É produzido sempre a partir de algo anteriormente desenvolvido. Negam-se, reafirmam-se, descobrem-se novos aspectos, e assim a ciência avança, progride e prossegue. O conhecimento científico nos permite indicar o objeto de estudo das diferentes áreas do saber e compreender exatamente como determinado conteúdo foi construído, possibilitando, também, a reprodução da experiência. Por isso, o saber científico pode ser transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE SENSO COMUM E CIÊNCIA SENSO COMUM: É espontâneo e intuitivo; Se manifesta através dos ditos populares, das crenças dos povos; É um verdadeiro "receituário" para o homem resolver os seus problemas da vida diária; É um saber não-sistematizado, mas útil para guiar o homem na sua vida cotidiana; É geralmente obtido pelas observações realizadas pelos sentidos; Fica no imediato das coisas, caracteriza-se pela subjetividade; É ditado pelas circunstâncias; É subjetivo, isto é, permeado pelas emoções, opiniões e valores de quem o produz; É marcado pelo sentimento. CIÊNCIA Tem objeto específico; Linguagem rigorosa, cujos conceitos são definidos de modo a evitar qualquer ambiguidade; Método rigoroso para observação, experimentação e verificação dos fatos; Técnicas específicas; Processo cumulativo de conhecimento; Objetividade; Se caracteriza pela investigação, pelo questionamento; Desconfia de nossas certezas, de nossa adesão imediata às coisas, da ausência de crítica; Busca leis gerais para o fenômeno; Exemplo: a queda dos corpos é explicada pela lei da gravidade. Não acredita em milagres, e sim na regularidade, constância, frequência dos fenômenos. É generalizador É quantitativo: busca medidas, padrões, critérios de comparação e de avaliação para coisas que parecem diferentes. Busca a racionalidade A ciência é uma atividade eminentemente reflexiva, que procura compreender, elucidar e alterar esse cotidiano, a partir de seu estudo sistemático. SENSO COMUM: UMA VISÃO-DE-MUNDO Esse conhecimento do senso comum, apropria-se de uma maneira muito singular de conhecimentos produzidos pelos outros setores da produção do saber humano. O senso comum mistura e recicla esses outros saberes, muito mais especializados, e os reduz a um tipo de teoria simplificada, produzindo uma determinada visão-de-mundo. Mas apesar destas diferenças: No senso comum há elementos do conhecimento científico. Vamos dar alguns exemplos: 1. Você está guiando um automóvel e de repente ele para. Não há possibilidade de chamar o mecânico ou outra pessoa para lhe ajudar. O que você fará? 2. Coloco à sua frente várias peças de um quebra-cabeças, vamos supor que sejam mais de 1000 peças. Você terá que armá-lo. Não lhe é dado o modelo. O SENSO COMUM PRODUZ UMA DETERMINADA VISÃO-DE- MUNDO, E ATINGE TODAS AS ÁREAS DO CONHECIMENTO. Exemplo 1: Quando usamos a garrafa térmica para manter o café quente, sabemos mais ou menos por quanto tempo o café permanecerá quente - sem precisarmos para isso fazer um cálculo complicado. Exemplo 2: Quando sentimos dor de estômago ou fígado, podemos fazer um chá de boldo (planta medicinal) - sem, no entanto, conhecer o princípio ativo de suas folhas nas doenças hepáticas e sem nenhum estudo farmacológico. Exemplo 3: Quando atravessamos uma avenida movimentada, com o tráfego de veículos em alta velocidade, sabemos perfeitamente medir a distância e a velocidade do automóvel que vem em nossa direção - não há necessidade de usar uma máquina de calcular ou fita métrica para essa tarefa. Esse é o chamado Senso Comum – pois, trata-se de um conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros. USAMOS O TERMO “PSICOLOGIA” NO NOSSO COTIDIANO, COM VÁRIOS SENTIDOS. EXEMPLO: Quando o vendedor usa o seu poder de persuasão, dizemos que tem “psicologia” para vender o seu produto; Quando à jovem usa o seu poder de sedução para a trair o rapaz, falamos que ela usa de “psicologia”; E quando procuramos um amigo para nos ouvir, dizemos que ele tem “psicologia” para nos entender. Essa psicologia usada no cotidiano pelas pessoas em geral, é denominada de PSICOLOGIA DO SENSO COMUM. Nem por isso deixa de ser uma psicologia. O que estamos dizendo é que as pessoas, têm um domínio, mesmo que pequeno e superficial, do conhecimento acumulado pela Psicologia científica. Permitindo-lhes explicar problemas cotidianos de um ponto de vista psicológico. Quantas vezes no nosso dia-a-dia ouvimos o termo PSICOLOGIA? É comum as pessoas pensarem que entendem um pouco dela. As pessoas, em geral, tem a sua própria psicologia, empregam esse termono cotidiano para designar uma série de fatos. Será esta a PSICOLOGIA dos psicólogos? Certamente NÃO. A PSICOLOGIA ou "AS PSICOLOGIAS" - Pensando sobre a Psicologia: ciência e senso comum - Essa PSICOLOGIA usada no cotidiano é denominada de psicologia do senso comum. Mas nem por isso deixa de ser uma PSICOLOGIA. Em geral, as pessoas tem um domínio mesmo que pequeno e superficial do conhecimento científico acumulado pela PSICOLOGIA CIENTÍFICA, o que lhes permite explicar ou compreender seus problemas cotidianos de um ponto de vista psicológico. POR MEIO DO SENSO COMUM TAMBÉM EM PSICOLOGIA USAMOS TERMOS, COMO POR EXEMPLO: Histérico(a) Complexado Tímido/Extrovertido Psicopata Neurótico Louco Fobia(s) Trauma(s) Termos estes definidos e estudados pela PSICOLOGIA CIENTÍFICA que empregamos no cotidiano sem a preocupação com a definição científica correta, e que nem por isso deixamos de nos fazer entender pelo outro. A MATÉRIA-PRIMA, DA PSICOLOGIA É O HOMEM EM TODAS AS SUAS EXPRESSÕES: • visíveis (comportamento); • invisíveis (sentimentos); • singulares (porque somos o que somos) e; • genéricas (porque somos todos assim) OU SEJA, INCLUI TUDO QUE ESTÁ SINTETIZADO NO TERMO “SUBJETIVIDADE”: • homem-corpo; • homem-pensamento; • homem-afeto; • homem-ação. A psicologia, como área da Ciência, vem se desenvolvendo na história desde 1875, quando Wilhelm Wundt (1832-1926) criou o primeiro Laboratório de Experimentos em Psicofisiologia, em Leipzig, na Alemanha. Esse marco histórico significou o desligamento das ideias psicológicas de ideias abstratas e espiritualistas, que defendiam a existência de uma alma nos homens, a qual seria a sede da vida psíquica. A CIÊNCIA, como forma de saber, não está pronta e nunca estará, pois é cumulativa, progressiva. A CIÊNCIA é um processo permanente de conhecimento do mundo, pode-se dizer que é um exercício de diálogo entre o pensamento humano e a realidade. BIBLIOGRAFIA: ALVES, Rubem. Filosofia da Ciência - Introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: Brasiliense, 1981. BOCK, Ana M. Bahia; FURTADO, Odair & TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia.13.ed. Reform. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2002. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1994. FOUREZ, Gérard. A construção das ciências - introdução à filosofia e à ética das ciências. São Paulo: Unesp, 1995. LUCKESI, Cipriano Carlos e PASSOS, Elizete Silva. Introdução à Filosofia - aprendendo a pensar. 2.ed., São Paulo: Cortez, 1996. SÁTIRO, Angélica e WUENSCH, Ana Miriam. Pensando melhor – Iniciação ao filosofar. São Paulo: Saraiva, 1997. Profa. Elizeth Germano Mattos
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