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Língua portuguesa - Livro 1-0071

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F
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E
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 2
211
Quer saber mais?
Imagem
y Quadros e ilustrações do artista plástico Francisco Munguía. O artista
faz paródias de obras clássicas da pintura, do cinema e dos quadrinhos.
Disponível em: <https://p.p4ed.com/BFYQH>.
Filmes
y O labirinto do Fauno (2006), de Guillermo del Toro. O filme trabalha
um intertexto contemporâneo à imagem simbolista do fauno. Dispo-
nível em: <https://p.p4ed.com/QJORY>.
y Deus não quis (2007), do cineasta português António Ferreira. O
curta-metragem adapta para o cinema a canção popular “Oh, Laurin-
dinha”. Disponível em: <https://p.p4ed.com/MJOEX>.
Vídeos
y Videoaula sobre a Ilíada. Em entrevista, o professor André Malta
explica o enredo da Ilíada e a importância dessa obra nos dias de
hoje. Disponível em: <https://p.p4ed.com/VDTMP>.
y Videoaula sobre a Odisseia. Já nessa videoaula, o professor André
Malta faz uma explanação sobre a Odisseia e nos dá ferramentas
para entender mais sobre essa obra importantíssima da literatura
ocidental. Disponível em: <https://p.p4ed.com/VDTMA>.
y Grandes livros, no YouTube. O canal apresenta ótimas explicações
sobre as obras mais famosas da literatura ocidental. É um material útil
para complementar a leitura dos livros. Disponível em: <https://p.p4ed.
com/WKPTP>.
1 Fuvest 2014 No poema “Sentimento do mundo”, que
abre o livro homônimo de Carlos Drummond de
Andrade, dizem os versos iniciais:
Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
Considerando esses versos no contexto da obra a
que pertencem, responda ao que se pede.
a) Que desejo do poeta fica pressuposto no verso
“Tenho apenas duas mãos”?
b) No poema de abertura do primeiro livro de Carlos
Drummond de Andrade – Alguma poesia (1930) –
apareciam os conhecidos versos
Mundo mundo vasto mundo
mais vasto é meu coração.
Quando, anos depois, o poeta arma ter “o sentimento
do mundo”, ele ratica ou altera o ponto de vista que
expressara nos citados versos de seu livro de estreia?
Explique sucintamente.
2 Enem 2014
O negócio
Grande sorriso do canino de ouro, o velho Abílio pro-
põe às donas que se abastecem de pão e banana:
– Como é o negócio?
De cada três dá certo com uma. Ela sorri, não respon-
de ou é uma promessa à recusa:
– Deus me livre, não! Hoje não...
Abílio interpelou a velha:
– Como é o negócio?
Ela concordou e, o que foi melhor, a filha também acei-
tou o trato. Com a dona Julietinha foi assim. Ele se chegou:
– Como é o negócio?
Ela sorriu, olhinho baixo. Abílio espreitou o cometa
partir. Manhã cedinho saltou a cerca. Sinal combinado,
duas batidas na porta da cozinha. A dona saiu para o
quintal, cuidadosa de não acordar os filhos. Ele trazia a
capa de viagem, estendida na grama orvalhada.
O vizinho espionou os dois, aprendeu o sinal. Decidiu
imitar a proeza. No crepúsculo, pum-pum, duas pancadas for-
tes na porta. O marido em viagem, mas não era dia do Abílio.
Desconfiada, a moça surgiu à janela e o vizinho repetiu:
– Como é o negócio?
Diante da recusa, ele ameaçou:
– Então você quer o velho e não quer o moço? Olhe
que eu conto!
TREVISAN, D. Mistérios de Curitiba. Rio de Janeiro:
Record, 1979 (fragmento).
Quanto à abordagem do tema e aos recursos expres-
sivos, essa crônica tem um caráter
 filosófico, pois reflete sobre as mazelas sofridas pe-
los vizinhos.
 lírico, pois relata com nostalgia o relacionamento
da vizinhança.
c irônico, pois apresenta com malícia a convivência
entre vizinhos.
d crítico, pois deprecia o que acontece nas relações
de vizinhança.
e didático, pois expõe uma conduta a ser evitada na
relação entre vizinhos.
3 Unifesp 2017 Enquanto fugia de caçadores, uma raposa viu
um lenhador e lhe pediu que a escondesse. Ele sugeriu que
ela entrasse em sua cabana e se ocultasse lá dentro. Não
muito tempo depois, vieram os caçadores e perguntaram
ao lenhador se ele tinha visto uma raposa passar por ali.
Em voz alta ele negou tê-la visto, mas com a mão fez gestos
indicando onde ela estava escondida. Entretanto, como eles
não prestaram atenção nos seus gestos, deram crédito às suas
palavras. Ao constatar que eles já estavam longe, a raposa saiu
em silêncio e foi indo embora. E o lenhador se pôs a repreen-
dê-la, pois ela, salva por ele, não lhe dera nem uma palavra
de gratidão. A raposa respondeu: “Mas eu seria grata, se os
gestos de sua mão fossem condizentes com suas palavras.”
Fábulas completas, 2013.
Exercícios complementares
LÍNGUA PORTUGUESA Capítulo 1 Introdução ao estudo literário212
A moral mais apropriada para fechar a fábula seria:
A Esta fábula pode ser dita a propósito de homens
desventurados que, quando estão em situações
embaraçosas, rezam para encontrar uma saída,
mas assim que encontram procuram evitá-las.
 Desta fábula pode servir-se uma pessoa a propó-
sito daqueles homens que nitidamente proclamam
ações nobres, mas na prática realizam atos vis.
 Esta fábula mostra que os homens desatentos
prestam atenção nas coisas de que esperam tirar
proveito, mas permanecem apáticos em relação
àquelas que não lhes agradam.
 Assim, alguns homens se entregam a tarefas arrisca-
das, na esperança de obter ganhos, mas se arruínam
antes mesmo de chegar perto do que almejam.
E Desta fábula pode servir-se uma pessoa a propó-
sito de um homem frouxo que reclama de ínfimas
desgraças, enquanto ela própria suporta, sem difi-
culdade, desgraças enormes.
As questões de números 4 e 5 tomam por base um
poema de Luiz Gama (1830-1882), poeta, jornalista
e líder abolicionista brasileiro, nascido livre e ven-
dido como escravo pelo próprio pai, e um excerto
da narrativa Doze anos de escravidão, de Solomon
Northup (1808-1863), homem livre sequestrado em
Washington em 1841 e submetido à escravidão
em fazendas da Louisiana, livro que serviu de base
ao roteiro do lme 12 anos de escravidão, dirigido
por Steve McQueen.
No cemitério de S. Benedito
Em lúgubre recinto escuro e frio,
Onde reina o silêncio aos mortos dado,
Entre quatro paredes descoradas,
Que o caprichoso luxo não adorna,
Jaz da terra coberto humano corpo,
que escravo sucumbiu, livre nascendo!
Das hórridas cadeias desprendido,
Que só forjam sacrílegos tiranos,
Dorme o sono feliz da eternidade.
Não cercam a morada lutuosa
Os salgueiros, os fúnebres ciprestes,
Nem lhe guarda os umbrais da sepultura
Pesada laje de espartano mármore,
Somente levantado em quadro negro
Epitáfio se lê, que impõe silêncio!
— Descansam n’este lar caliginoso
O mísero cativo, o desgraçado!...
Aqui não vem rasteira a vil lisonja
Os feitos decantar da tirania,
Nem ofuscando a luz da sã verdade
Eleva o crime, perpetua a infâmia.
Aqui não se ergue altar ou trono d’ouro
Ao torpe mercador de carne humana.
Aqui se curva o filho respeitoso
Ante a lousa materna, e o pranto em fio
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10
15
20
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Cai-lhe dos olhos revelando mudo
A história do passado. Aqui nas sombras
Da funda escuridão do horror eterno,
Dos braços de uma cruz pende o mistério,
Faz-se o cetro bordão, andrajo a túnica,
Mendigo o rei, o potentado escravo!
Primeiras trovas burlescas e outros poemas, 2000.
caliginoso: muito escuro, tenebroso;
cetro: bastão de comando usado pelos reis;
bordão: cajado grosso usado como apoio ao caminhar;
potentado: pessoa muito rica e poderosa.
Doze anos de escravidão
Houvera momentos em minha infeliz vida, muitos,
em que o vislumbre da morte como o fim de sofrimentos
terrenos – do túmulo como um local de descanso para um
corpo cansado e alquebrado – tinha sido agradável de ima-
ginar. Mas tal contemplação desaparece na hora do perigo.
Nenhum homem, em posse de suas forças, consegue ficar
imperturbável na presença do “rei dos horrores”. A vida é
cara a qualquer coisa viva; o verme rastejante lutará por
ela. Naquele momento, era cara para mim, escravizado e
tratado tal como eu era.
Sem conseguir livrar a mão dele, novamente o pe-
guei pelo pescoço e dessa vez com uma empunhadura
medonha que logo o fez afrouxar a mão. Tibeats ficou
enfraquecido e desmobilizado. Seu rosto, que estivera
branco de paixão, estava agora preto de asfixia. Aque-
les olhos miúdos de serpenteque exalavam tanto veneno
estavam agora cheios de horror – duas órbitas brancas
precipitando-se para fora.
Havia um “demônio à espreita” em meu coração que
me instava a matar o maldito cão naquele instante – a
manter a pressão em seu odioso pescoço até que o sopro
de vida se fosse! Não ousava assassiná-lo, mas não ousava
deixá-lo viver. Se eu o matasse, minha vida teria de pagar
pelo crime – se ele vivesse, apenas minha vida satisfaria
sua sede de vingança. Uma voz lá dentro me dizia para
fugir. Ser um andarilho nos pântanos, um fugitivo e um
vagabundo sobre a Terra, era preferível à vida que eu es-
tava levando.
Doze anos de escravidão, 2014.
4 Unesp 2015 Tanto no poema de Luiz Gama quanto no
excerto de Solomon Northup se verifica uma mes-
ma concepção de morte para os escravos. Explique
essa concepção comum aos dois textos e, a seguir,
transcreva um verso da primeira estrofe do poema e
a frase do primeiro parágrafo do excerto que expres-
sam essa concepção.
5 Unesp 2015 No último parágrafo do excerto, explique
por que o raciocínio de Solomon durante a luta con-
tra Tibeats, um de seus proprietários, corresponde a
um dilema.
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6 Unesp 2015 O filme 12 anos de escravidão, considerado
uma excelente obra de arte cinematográfica pela críti-
ca, tem seu roteiro baseado na narrativa Doze anos de
escravidão. Assistindo-se ao filme e lendo a narrativa,
percebe-se, por exemplo, a ausência no filme de algu-
mas cenas presentes na narrativa. Esse fato deve ser
considerado uma falha do filme? Justifique sua resposta.
As questões de números 7 a 9 focalizam uma passa-
gem do romance Água-Mãe, de José Lins do Rego
(1901-1957).
Água-Mãe
Jogava com toda a alma, não podia compreender como
um jogador se encostava, não se entusiasmava com a bola
nos pés. Atirava-se, não temia a violência e com a sua agi-
lidade espantosa, fugia das entradas, dos pontapés. Quando
aquele back, num jogo de subúrbio, atirou-se contra ele,
recuou para derrubá-lo, e com tamanha sorte que o bruto
se estendeu no chão, como um fardo. E foi assim crescendo
a sua fama. Aos poucos se foi adaptando ao novo Joca que
se formara nos campos do Rio. Dormia no clube, mas a sua
vida era cada vez mais agitada. Onde quer que estivesse, era
reconhecido e aplaudido. Os garçons não queriam cobrar
as despesas que ele fazia e até mesmo nos ônibus, quando
ia descer, o motorista lhe dizia sempre:
– Joca, você aqui não paga.
Quando entrava no cinema era reconhecido. Vinham
logo meninos para perto dele. Sabia que agradava muito. No
clube tinha amigos. Havia porém o antigo center-forward
que se sentiu roubado com a sua chegada. Não tinha razão.
Ele fora chamado. Não se oferecera. E o homem se enfu-
receu com Joca. Era um jogador de fama, que fora grande
nos campos da Europa e por isso pouco ligava aos que não
tinham o seu cartaz. A entrada de Joca, o sucesso rápido, a
maravilha de agilidade e de oportunismo, que caracterizava
o jogo do novato, irritava-o até ao ódio. No dia em que
tivera que ceder a posição, a um menino do Cabo Frio, fora
para ele como se tivesse perdido as duas pernas. Viram-no
chorando, e por isso concentrou em Joca toda a sua raiva.
No entanto, Joca sempre o procurava. Tinha sido a sua ad-
miração, o seu herói.
(Água-Mãe, 1974)
back: beque, ou seja, o zagueiro de hoje;
center-forward: centroavante.
7 Unesp 2014 Com a expressão “fugia das entradas”, no
primeiro parágrafo, o narrador sugere que o jogador
Joca manifestava em campo:
A preguiça.
 covardia.
 despreparo.
 esperteza.
E ingenuidade.
8 Unesp 2014 Atitude que, no último parágrafo, melhor
sintetiza a reação do antigo center-forward ao sucesso
de Joca:
A rancor.
 cavalheirismo.
 colaboração.
 admiração.
E indiferença.
9 Unesp 2014 No dia em que tivera que ceder a posição, a
um menino do Cabo Frio, fora para ele como se tivesse
perdido as duas pernas.
Segundo o contexto, a imagem como se tivesse
perdido as duas pernas revela, com grande expressi-
vidade e força emocional,
A sensação de estar sendo injustiçado pela torcida.
 certeza de que ainda era melhor jogador que o
novato.
 sentimento de impotência ante a situação.
 vontade de trocar o futebol por outra profissão.
E receio de sofrer novas contusões e ficar incapacitado.
As questões de números 10 a 13 tomam por base uma
crônica de Clarice Lispector (1925-1977) e uma passa-
gem do Manual do Roteiro, do professor de Técnica
do roteiro, consultor e conferencista Syd Field.
Escrever
Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Não
me lembro por que exatamente eu o disse, e com since-
ridade. Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição
que salva.
Não estou me referindo muito a escrever para jornal.
Mas escrever aquilo que eventualmente pode se trans-
formar num conto ou num romance. É uma maldição
porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual
é quase impossível se livrar, pois nada o substitui. E é
uma salvação.
Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil,
salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos
que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar
reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o
sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador.
Escrever é também abençoar uma vida que não foi
abençoada.
Que pena que só sei escrever quando espontaneamen-
te a “coisa” vem. Fico assim à mercê do tempo. E, entre
um verdadeiro escrever e outro, podem-se passar anos.
Lembro-me agora com saudade da dor de escrever
livros.
Clarice Lispector.
A descoberta do mundo, 1999.
Escrevendo o roteiro
Escrever um roteiro é um fenômeno espantoso, quase
misterioso. Num dia você está com as coisas sob controle,
no dia seguinte sob o controle delas, perdido em con-
fusão e incerteza. Num dia tudo funciona, no outro não;
ninguém sabe como ou por quê. É o processo criativo; que
desafia análises; é mágica e maravilha.
Tudo o que foi dito ou registrado sobre a experiência
de escrever desde o início dos tempos resume-se a uma
coisa – escrever é sua experiência particular, pessoal. De
ninguém mais.
Muita gente contribui para a feitura de um filme, mas
o roteirista é a única pessoa que se senta e encara a folha
de papel em branco.

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