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Sociologia - Livro Único-181-183

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divisões e disputas internas pelo controle social. Uma das 
manifestações dos embates corresponde justamente aos 
preconceitos e estereotipações.
Processo civilizador
Norbert Elias, em O processo civilizador, obra publica-
da em 1939, investiga quais seriam os motivos para uma 
sociedade de uma determinada época e lugar considerar 
“civilizados” e aceitáveis certos costumes, enquanto outra, 
de outro período e espaço, não os enxergar necessaria-
mente assim. 
Imagine, por exemplo, que você é transportado para 
séculos atrás, para a sociedade medieval europeia. Possivel-
mente, alguns hábitos poderiam ser convenientes para você, 
como festas na corte ou a dedicação a estudos em monasté-
rios; mas muitos outros poderiam lhe causar estranhamentos, 
soando como inadequados ou inoportunos, como hábitos 
de alimentação e de higiene, papéis atribuídos aos homens 
e às mulheres, opções de vestuário, relações de trabalho, 
imaginário relativo a crenças e visões de mundo etc.
A ideia de civilização aqui, vale notar, deve ser compreendida como 
um conjunto de hábitos, costumes e valores internalizados pelas 
pessoas, o que lhes confere um caráter ao mesmo tempo humano e 
social e lhes permite autorregular seus impulsos.
Atenção
Fig. 3 Foto em uma praia europeia em 1893. No passado, durante alguns séculos, 
havia cabines, sobretudo para mulheres, que possibilitavam tomar banho no mar 
longe do olhar dos outros. Para Norbert Elias, mudanças em costumes estão 
ligadas a alterações em demandas das teias de interdependência.
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Questão racial em W. E. B. Du Bois e 
Angela Davis
O sociólogo norte-americano W. E. B. Du Bois (1868-
1963) é um dos nomes proeminentes nos estudos sobre 
questões raciais. Primeiro afro-americano a obter titulação 
de doutorado, ele foi não só um importante teórico, mas 
também um ativista pela igualdade de direitos civis entre 
negros e brancos, participando de movimentos e grupos 
dedicados a essa causa.
Du Bois criticou e combateu a ideia de que, após o fim 
da escravidão, a melhoria na vida dos negros dependeria 
tão somente de seus próprios esforços. De acordo com o 
sociólogo, a história escravagista e os preconceitos de raça 
levaram as populações negras à situação de desigualda-
des. Além disso, ainda que, em determinados períodos e 
lugares, houvesse censuras públicas a preconceitos nos 
Estados Unidos pós-abolição, eles existiam e deveriam ser 
encarados como um problema gravíssimo.
Nos Estados Unidos, a segregação se manifestava de diversas formas: 
em ambientes coletivos, como salas de atendimento, ônibus, parques 
e lavanderias, assegurava-se que negros não poderiam ficar junto a 
brancos. As barreiras se estendiam a outras esferas da vida, como 
relações interpessoais e oportunidades de trabalho.
Nesse contexto, em 1955, Rosa Parks (1913-2005), uma costureira 
negra ficou conhecida ao se recusar incisivamente a ceder seu as-
sento em um ônibus para uma pessoa branca, o que representava 
uma ação de resistência. Esse ato levou a um movimento de boicote 
aos ônibus em Montgomery, no Alabama, e estimulou o movimento 
antissegregacionista.
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Fig. 4 Rosa Parks e, ao fundo, Martin Luther King Jr. (1929-1968), duas im-
portantes figuras do movimento de luta pelos direitos civis dos negros nos 
Estados Unidos.
Estabelecendo relações
Outro nome que se sobressai nas discussões sobre 
raça é o da estadunidense Angela Davis (1944-). Ativista e 
autora de Mulheres, raça e classe, entre outras obras, ela 
analisa os elementos ideológicos, políticos e econômicos 
do capitalismo e da escravidão e argumenta que práticas 
opressoras sobre os negros estão vinculadas a projetos de 
dominação por parte da classe burguesa.
De acordo com a socióloga e filósofa, aspectos raciais, 
sexuais e classistas foram adotados para “hierarquizar” os 
indivíduos na produção capitalista. No contexto inicial do pós-
-abolição, por exemplo, cabiam às mulheres negras atividades 
agrícolas e domésticas; às brancas das classes pobres, eram 
designados trabalhos extenuantes nas indústrias; e, às brancas 
do meio burguês, estavam destinados papéis circunscritos ao 
ambiente doméstico (ser mães e donas de casa).
A teórica observa que, mesmo após o reconhecimento 
da igualdade de direitos civis, o racismo continuou presente 
e, nos dias atuais, vem ganhando força na sociedade. Po-
rém, de acordo com Davis, há uma maior consciência em 
vários setores, uma maior percepção de desigualdades e 
injustiças, o que é fruto de gerações de luta.
PV_2021_SOC_FU_CAP14.INDD / 16-09-2020 (13:36) / VIVIAN.SANTOS / PROVA FINAL PV_2021_SOC_FU_CAP14.INDD / 16-09-2020 (13:36) / VIVIAN.SANTOS / PROVA FINAL
SOCIOLOGIA Capítulo 14 Sociologias do século XX 182
Gêneros na contemporaneidade
Uma das mais reconhecidas teóricas de discussões 
sobre gênero na contemporaneidade é a estadunidense 
Judith Butler (1956-), que problematiza as categorias biná-
rias homem/mulher e masculino/feminino.
A cada pessoa, em seu nascimento, é atribuído um 
gênero, de acordo com o sexo biológico, que é reconhe-
cido pela família e por outras instituições sociais. Com isso, 
é formulado um conjunto de expectativas, explicitadas ou 
não. Por exemplo: no caso de uma menina, esperamos 
que cumpra papéis como o da maternidade, ingresse em 
determinados campos profissionais, recorrentes entre as 
mulheres etc.
Contudo, enquanto há pessoas que se reconhecem 
nos gêneros em que nasceram, há muitas outras que pas-
sam por sofrimentos e dificuldades com essas atribuições 
sociais, porque não conseguem se enxergar limitadas a 
elas ou enquadradas nelas. Suas percepções de si são 
diferentes das atribuídas pela sociedade.
A autora, conhecida por obras como Problemas de gê-
nero: Feminismo e subversão da identidade, não nega a 
existência de diferenças naturais entre os sexos, mas procu-
ra mostrar a complexidade das identidades de gênero (que 
também perpassam questões culturais) e das orientações 
sexuais. Para ela, movimentos como o feminismo e o da 
comunidade LGBTQIA+ são importantes na luta pelo reco-
nhecimento da liberdade de expressão de gênero como 
1 UEM 2011 Leia a citação a seguir e assinale o que for 
correto sobre o tema das desigualdades sociais.
Favela no Brasil, poblacione no Chile, villa miseria 
na Argentina, cantegril no Uruguai, rancho na Venezuela, 
banlieue na França, gueto nos Estados Unidos: as socie-
dade da América Latina, Europa e dos Estados Unidos 
dispõem todas de um termo específico para denominar 
essas comunidades estigmatizadas, situadas na base do 
sistema hierárquico de regiões que compõem uma me-
trópole, nas quais os párias urbanos residem e onde os 
problemas sociais se congregam e infeccionam, atraindo 
a atenção desigual e desmedidamente negativa da mídia, 
dos políticos e dos dirigentes do Estado.
(WACQUANT, Loïc. Os condenados da cidade. Rio de Janeiro: 
Revan; FASE, 2001, p. 7.)
01 É uma escolha dos “párias” da América Latina, da 
Europa e dos Estados Unidos viverem em comu-
nidades estigmatizadas.
02 As desigualdades sociais que emergem em comu-
nidades pobres ao redor do mundo são fruto do 
processo histórico de produção e reprodução das 
diferenças sociais.
04 As desigualdades sociais são fabricadas, exclu-
sivamente, pelas relações econômicas que, no 
capitalismo, dividem os indivíduos em classes so-
ciais antagônicas.
um direito humano fundamental, que deve ser protegido 
juridicamente contra crimes como homofobia, LGBTfobia 
e feminicídio.
Gênero em perspectiva filosófica
A Filosofia do século XX trouxe várias contribuições 
para os estudos de gênero. Entre elas, estão as da france-
sa Simone de Beauvoir (1908-1986), que ficaria conhecida 
por reflexões como a da obra O segundo sexo, em que ela 
escreveu sua conhecida proposição: “Não se nasce mulher: 
torna-se mulher”.
Mesmo que se nasça com a composição de um corpo físi-co de mulher, o ato de tornar-se uma Mulher pressupõe, ainda 
para Judith Butler, um processo de apropriação e reinterpretação 
advindas de possibilidades culturais. Em seu entendimento da 
sentença de Beauvoir – a qual marca uma etapa valorosa no 
percurso indagativo dos movimentos feministas e no processo 
hermenêutico da subjetividade humana a partir do século XX –, 
reconhece-se que, para se assumir as características de gênero, 
há que se submeter a uma situação cultural, que dialeticamente 
incita a participação no ato de criação dessa mesma situação. 
Assim, a famosa fórmula leva em consideração as bases do ato 
de compromissar-se, de engajar-se nos moldes existenciais, que se 
assegura por um movimento dialético, como algo que sofre o im-
pacto da cultura, mas a ela também impõe as suas determinações.
SANTOS, Magda Guadalupe dos. “Simone de Beauvoir: ‘Não se nasce 
mulher, torna-se mulher’”. Sapere Aude. Belo Horizonte, v. 1, n. 2, 2o sem. 
2010, p. 108-22. Disponivel em: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/
SapereAude/article/download/2081/2250/0>. Acesso em: 27 ago. 2020.
Revisando
08 As áreas urbanas acima citadas pelo autor são con-
sideradas regiões-problema, territórios de privação 
e de abandono que devem ser temidos e evitados.
16 Há um processo de fabricação e reafirmação do 
estigma das áreas urbanas, onde residem os po-
bres, alimentado pela mídia, por políticos e pelos 
dirigentes do Estado.
Soma: 
2 Unicamp 2020 Uma cidade viva não é obra de um gê-
nio: é obra de trabalhadores simples e de suas constantes 
conversas consigo própria. Uma cidade é um tecido em 
contínua evolução, retocado e reparado para nosso uso, 
no qual a ordem emerge através de uma “mão invisível” 
proveniente do desejo das pessoas em se relacionar bem 
com seus vizinhos.
(Adaptado de Roger Scruton, Confissões de um herético. Belo Horizonte: 
Âyiné, 2017, p.133.)
No trecho acima, a figura de linguagem “mão invisível”
A estabelece uma intertextualidade com a ex-
pressão “a mão invisível do mercado”, de Adam 
Smith, sendo a cidade a expressão plena do 
planejamento.
b sugere que a organização de uma cidade não se li-
mita ao planejamento de um gestor, mas diz respeito 
às relações éticas construídas no cotidiano.
PV_2021_SOC_FU_CAP14.INDD / 16-09-2020 (17:52) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL
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C indica a submissão dos moradores de uma cidade 
aos interesses ocultos de uma administração que 
promove, no espaço urbano, a vida cotidiana.
d associa-se à gestão pública, que é mantenedora 
da ordem e do bem-estar nas relações econômicas 
de uma cidade.
3 Enem 2019 O consumo da habitação, em especial aquela 
dotada de atributos especiais no espaço urbano, contri-
bui para o entendimento do fenômeno, pois certas áreas 
tornam-se alvos de operações comerciais de prestígio 
com a produção e/ou a renovação de construções, di-
ferente de outras porções da cidade, dotadas de menor 
infraestrutura.
SANTOS, A. R. O consumo da habitação de luxo no espaço urbano 
parisiense. Confins, n. 23, 2015 (adaptado).
O conceito que define o processo descrito denomi-
na-se
A escala cartográfica.
b conurbação metropolitana.
C território nacional.
d especulação imobiliária.
e paisagem natural.
4 Enem 2019 
Fala-se aqui de uma arte criada nas ruas e para as 
ruas, marcadas antes de tudo pela vida cotidiana, seus 
conflitos e suas possibilidades, que poderiam envolver 
técnicas, agentes e temas que não fossem encontrados 
nas instituições mais tradicionais e formais.
VALVERDE, R. R. H. F. Os limites da inversão: a heterotopia do Beco 
do Batman. Boletim Goiano de Geografia (Online). Goiânia, v. 37, 
n. 2, maio/ago. 2017 (adaptado).
A manifestação artística expressa na imagem e 
apresentada no texto integra um movimento contem-
porâneo de
A regulação das relações sociais.
b apropriação dos espaços públicos.
C padronização das culturas urbanas.
d valorização dos formalismos estéticos.
e revitalização dos patrimônios históricos.
5 Enem 2017 A cidade não é apenas reprodução da força 
de trabalho. Ela é um produto ou, em outras palavras, 
também um grande negócio, especialmente para os ca-
pitais que embolsam, com sua produção e exploração, 
lucros, juros e rendas. Há uma disputa básica, como 
um pano de fundo, entre aqueles que querem dela me-
lhores condições de vida e aqueles que visam apenas 
extrair ganhos.
MARICATO, E. É a questão urbana, estúpido! In: MARICATO, E. et al. 
Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram 
as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo; Carta Maior, 2013.
O texto problematiza o seguinte aspecto referente ao or-
denamento das cidades:
A A instituição do planejamento participativo.
b A valorização dos interesses coletivos.
C O fortalecimento da esfera estatal.
d A expansão dos serviços públicos.
e O domínio da perspectiva mercadológica.
6 Enem 2018 A maioria das necessidades comuns de des-
cansar, distrair-se, comportar-se, amar e odiar o que os 
outros amam e odeiam pertence a essa categoria de falsas 
necessidades. Tais necessidades têm um conteúdo e uma 
função determinada por forças externas, sobre as quais o 
indivíduo não tem controle algum.
MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial: o homem 
unidimensional. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
Segundo Marcuse, um dos pesquisadores da cha-
mada Escola de Frankfurt, tais forças externas são 
resultantes de
A aspirações de cunho espiritual.
b propósitos solidários de classes.
C exposição cibernética crescente.
d interesses de ordem socioeconômica.
e hegemonia do discurso médico-científico.
7 Unioeste 2017 O ensaio “Indústria Cultural: o esclare-
cimento como mistificação das massas”, de Theodor 
W. Adorno e Max Horkheimer, publicado originalmen-
te em 1947, é considerado um dos textos essenciais 
do século XX que explicam o fenômeno da cultura de 
massa e da indústria do entretenimento. É uma 
das várias contribuições para o pensamento con-
temporâneo do Instituto de Pesquisa Social fundado 
na década de 1920, em Frankfurt, na Alemanha. Um 
ponto decisivo para a compreensão do conceito de 
“Indústria Cultural” é a questão da autonomia do ar-
tista em relação ao mercado.
Assim, sobre o conceito de “Indústria Cultural” é COR-
RETO afirmar.
A A arte não se confunde com mercadoria, e não ne-
cessita da mídia e nem de campanhas publicitárias 
para ser divulgada para o público.
b Não há uniformização artística, pois, toda cultura de 
massa se caracteriza por criações complexas e di-
versidade cultural.
PV_2021_SOC_FU_CAP14.INDD / 16-09-2020 (13:36) / VIVIAN.SANTOS / PROVA FINAL PV_2021_SOC_FU_CAP14.INDD / 16-09-2020 (13:36) / VIVIAN.SANTOS / PROVA FINAL

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