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IMPORTANCIA DO SERVICO SOCIAL NA EDUCACAO NA PERCEPCAO DAS ASSISTENTES SOCIAIS DO INSTITUTO FEDERAL DO CEARA

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ 
FACULDADE CEARENSE 
CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
DÉBORAH HOLANDA DE SOUZA 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO NA PERCEPÇÃO DAS 
ASSISTENTES SOCIAIS DO INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ (IFCE) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2013 
 
 
 
DÉBORAH HOLANDA DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO NA PERCEPÇÃO DAS 
ASSISTENTES SOCIAIS DO INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ (IFCE) 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao curso de graduação 
em Serviço Social do Centro de Ensino 
Superior do Ceará, como requisito parcial para 
a obtenção do grau de Bacharel em Serviço 
Social. 
 
Orientadora: Profª. Geórgia Patrícia 
Guimarães dos Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2013 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274 
 
 
 
S719i Souza, Déborah Holanda de 
 A importância do Serviço Social na educação na percepção 
das Assistentes Sociais do Instituto Federal do Ceará (IFCE) / 
Déborah Holanda de Souza. Fortaleza – 2013. 
 73f. 
 Orientador: Prof.ª Dr.ª Geórgia Patrícia Guimarães dos Santos. 
 Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade 
Cearense, Curso de Serviço Social, 2013. 
 
1. Educação. 2. Serviço Social. 3. Prática profissional. I. 
Santos, Geórgia Patrícia Guimarães dos. II. Título 
 CDU 36(813.1) 
 
 
 
DÉBORAH HOLANDA DE SOUZA 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO NA PERCEPÇÃO DAS 
ASSISTENTES SOCIAIS DO INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ (IFCE) 
 
 
 
 
Monografia apresentada como pré-requisito 
para obtenção do título de Bacharel em 
Serviço Social, outorgado pela Faculdade 
Cearense - FAC, tendo sido aprovada pela 
banca examinadora composta pelos 
professores. 
Data de aprovação: _____/_____/_____ 
 
 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
_______________________________________________________ 
Orientadora Drª. Geórgia Patrícia Guimarães dos Santos 
 
 
_______________________________________________________ 
Professora Ms. Eliane Nunes de Carvalho 
 
 
_______________________________________________________ 
Professora Ms. Idenilse Maria Moreira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha mãe que sempre incentivou e 
contribuiu no processo da minha formação. 
Ao meu amor, Fábio, pela compreensão, 
carinho e estímulo, que foram essenciais na 
construção desse trabalho. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Talvez eu não consiga, em palavras, agradecer a todos que contribuíram e que me apoiaram 
durante essa longa caminhada, mas tentarei expressar aqui o que sinto nesse momento. 
 
Primeiramente tenho que agradecer a Deus, pela sua presença em minha vida, que me 
fortaleceu e iluminou o meu caminho durante todo o trajeto percorrido para atingir o meu 
objetivo de concluir esse curso. Nos momentos de fraqueza foi ele a fonte que busquei 
coragem para continuar e superar os obstáculos, como também tenho que agradecer por todas 
as bênçãos alcançadas nesse ano de 2013. Sem esquecer de agradecer o principal presente que 
ele me concedeu: a minha família, pois sem ela eu nada seria. 
 
A todos os meus familiares que tanto torcem por mim, e por seus ensinamentos. Com eles 
aprendi a respeitar, a conviver e a valorizar a vida. Em especial, agradeço a minha mãe que 
sempre me incentivou; tenho admiração por sua simplicidade, garra e dedicação como 
mulher, mãe e trabalhadora; ao meu pai, pelo seu lado protetor e ao meu irmão que, apesar 
das diferenças de pensamento, com seu jeito desenrolado e brincalhão me mostrou que, às 
vezes, é necessário arriscar. 
 
Ao meu esposo, namorado, amigo e fiel companheiro, Fábio. A esse não sei nem por onde 
começar a agradecer, pois ele dedicou tempo, incentivou, participou, esperou (e como 
esperou!) durante esses quatro anos. Posso dizer que ele esteve presente em todos os 
momentos dessa jornada, pois sempre me conduziu no trajeto trabalho - faculdade – casa, e 
até os conteúdos “chatos” ele estudou comigo; sempre paciente, compreensivo, dedicado, 
cuidadoso, me tranquilizando quando achava que não iria conseguir. Sem ele, realmente, eu 
não teria conseguido. Te amo muito! 
 
A todos os professores do Curso de Serviço Social, que através do seu conhecimento 
buscaram transmitir os ensinamentos para uma boa formação profissional, sempre alertando 
que esse processo nunca se esgota, e que enquanto profissionais devemos estar em constante 
aprimoramento. 
 
A minha orientadora, Geórgia Patrícia, pela dedicação de seu tempo. Pelo pouco contato 
consegui perceber que é uma pessoa simpática e simples, sempre transmitindo tranquilidade 
em sua fala, passando-me confiança e estímulo. Ela, sem dúvida, contribuiu como professora 
e pesquisadora para os direcionamentos desse trabalho. 
 
As minhas colegas de faculdade, pois não somente dividimos o mesmo espaço durante esse 
período de convivência, mas compartilhamos saberes e inquietações necessárias para a 
formação profissional. 
 
Principalmente, as minhas amigas Ana Maria e Gessyca Correia, pela afinidade adquirida, 
pois durante esses quatro anos fizemos tantos trabalhos juntas, foram várias as noites 
acordadas em frente do computador, e essas companheiras de jornada dividiram todos os 
sentimentos vivenciado nessa fase: ansiedade, angústias, tristezas e alegrias. Elas passaram a 
ser muito mais do que colegas de faculdade: foram ouvintes e conselheiras; espero que 
sejamos amigas para sempre, se Deus quiser! 
 
 
A todas as minhas colegas que sempre disseram: “você vai conseguir!”, “vai dar certo!”, 
“você é batalhadora, vai ser recompensada!”, “tenha fé!”. Todas essas palavras me passaram 
confiança, coragem e força. 
 
As minhas supervisoras de campo e a todas as profissionais de Serviço Social que atuam no 
Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), pois esse espaço propiciou a prática de 
estágio, possibilitando a oportunidade de articular teoria e prática, de forma a perceber as 
dificuldades e demandas no cotidiano profissional. 
 
As profissionais que participaram desse estudo, pela dedicação do tempo e pela colaboração 
com seus depoimentos, pois sem elas essa pesquisa não se concretizaria. 
 
Enfim, a todas as pessoas que, de alguma maneira, contribuíram para a realização desse 
sonho, que não se finaliza nesse trabalho; pelo contrário, esse é apenas mais um passo na 
longa caminhada que ainda está por vir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Que os vossos esforços desafiem as 
impossibilidades, lembrai-vos de que as 
grandes coisas do homem foram conquistadas 
do que parecia impossível”. 
Charles Chaplin 
 
 
 
RESUMO 
 
Este Trabalho de Conclusão de Curso apresenta as reflexões a respeito da prática do 
profissional de Serviço Social, obtidas na aproximação com os assistentes sociais de um dos 
campi do Instituto Federal do Ceará (IFCE), com o objetivo de conhecer a percepção desses 
profissionais sobre a educação, além de suas dificuldades, possibilidades e importância em 
atuar nesse espaço. Para isso, além do contato com os sujeitos, buscou-se uma apropriação de 
estudos e bibliografias que envolvessem essa temática. Com esta pesquisa, compreendeu-se 
que a atuação desse profissional na educação possibilita a orientação dos indivíduos sobre 
seus direitos, revelando a necessidade da diversidade de saberes que as assistentes sociais 
precisam ter para realizar suas ações com fundamentação teórica metodológica. Esta pesquisa 
também revelou a imensa demanda no espaçoeducacional, devido a crescente expressão da 
questão social, sendo, assim, necessária a inserção de mais profissionais, como também 
essencial avaliar os projetos e programas, para não ocorrer soluções apenas no nível paliativo, 
sem contemplar a totalidade. Enfim, constatou-se que a atuação desse profissional pode 
contribuir para a mobilização de uma sociedade democrática, mas que ele necessita de apoio 
na construção desse processo. 
 
Palavras-chaves: Educação. Serviço Social. Prática profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This work presents the End of Course reflections on the practice of social work professional, 
obtained in approaching social workers of one of the campuses of the Federal Institute of 
Ceará ( IFCE ), aiming to understand the perception of these professionals about education in 
addition, their difficulties, possibilities and importance of acting in this space. For this, as well 
as contact with the subjects, we sought to appropriate studies and bibliographies involving 
this subject. With this research it was realized that the performance of this professional 
education enables guiding individuals on their rights, revealing the need for diversity of 
knowledge that social workers need to have to perform their actions with methodological 
theoretical foundation. This survey revealed the immense demand in the educational space 
due to increased expression of the social question, and the inclusion of more professionals are 
needed, it is also essential to evaluate projects and programs for non palliative solutions occur 
only in level, without taking the whole. Anyway, it was found that the performance of this 
professional can contribute to the mobilization of a democratic society, but he needs support 
in building this process. 
 
Keywords: Education, Social Work. Professional practice. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
 
AS – Assistente Social 
IFCE – Instituto Federal do Ceará 
PROTEC – Programa de Expansão e Melhoria do Ensino Técnico 
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura 
CISS – Conferência Internacional de Serviço Social 
UCISS – União Católica Internacional de Serviço Social 
CFESS – Conselho Federal de Serviço Social 
CRESS – Conselho Regional de Serviço Social 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 12 
2 PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA .......................................................... 14 
2.1 Construção da pesquisa ..................................................................................................... 14 
2.2 O Cenário da Pesquisa ....................................................................................................... 17 
2.3 Perfil dos sujeitos pesquisados .......................................................................................... 22 
3 SOCIEDADE E EDUCAÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITOS 
TEÓRICOS. .............................................................................................................................. 24 
3.1 Educação: diferentes concepções que marcam sua importância ....................................... 24 
3.2 Breve histórico da educação brasileira .............................................................................. 31 
3.3 A educação como uma questão de direito. ........................................................................ 37 
3.4 A educação como instrumento de transformação. ............................................................. 40 
4 A INSERÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO: EXPERIÊNCIAS, 
DESAFIOS E POSSIBILIDADES ........................................................................................... 46 
4.1 O Serviço Social no âmbito educacional ........................................................................... 46 
4.2 A articulação e a luta pela inserção do Serviço Social nas instituições educacionais ....... 49 
4.3 As ações, dificuldades e possibilidades do profissional de Serviço Social na educação .. 52 
4.4 O Assistente Social como participante da transformação. ................................................ 59 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 64 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 67 
APÊNDICES ............................................................................................................................ 70 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
O objetivo desta pesquisa é investigar a prática profissional do Serviço Social em 
uma instituição federal de ensino, a fim de compreender sua concepção de educação e as 
atribuições dentro dessa unidade, refletindo sobre as dificuldades encontradas em atuar nesse 
espaço e percebendo como o assistente social reconhece sua importância nas instituições 
educacionais. 
Compreende-se que o espaço educacional apresenta uma diversidade de questões 
sociais nas quais estão inseridas as relações de vários sujeitos como alunos, educadores, 
família e comunidade. Assim, busca-se conhecer como o profissional de serviço social atua 
nas relações desse espaço e como uma intervenção interdisciplinar pode possibilitar uma 
maior ampliação do conhecimento e uma reflexão da realidade. 
A educação é um fator de grande importância para o desenvolvimento do 
indivíduo na sociedade e preocupante na atualidade, pois sabe-se que ela enfrenta uma 
variedade de problemas como: a violência escolar, o uso indevido de drogas, as dificuldades 
de aprendizagem dos estudantes e o baixo rendimento escolar, entre muitas outras. 
Além disso, a educação é uma temática com forte significado para a sociedade, 
que, atualmente, sofre com a exigência do sistema econômico, o qual requer do homem 
qualidade em sua formação. 
A educação é, segundo o artigo 205 da Constituição Federal de 1998, “direito de 
todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da 
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988). 
Diante desse direito, compreende-se que a educação possui um papel essencial na 
vida de um sujeito, pois através dos conhecimentos adquiridos, esse sujeito pode ser capaz de 
transformar a realidade, buscar e lutar por outros direitos. 
Para a autora Queiroz (1999) o pesquisador jamais realiza a escolha dos 
problemas e dos instrumentos a serem utilizados na sua pesquisa de maneira causal; esse 
processo é realizado através de questões que exibem curiosidade e interesse ao estudioso, 
como também o período histórico em que está inserido o objeto a ser estudado. 
Assim, o motivo de estudar essa temática foi por possui curiosidade de conhecer a 
prática do Assistente Social no campo educacional, como também por pretender compreender 
a relação do Serviço Social com a Educação. 
13 
 
Dessa forma, pretende-se investigar as ações do citado profissional, buscando 
entender como ele percebe a educação, o processo de trabalho e a dinâmica da sua 
intervenção. 
No desenvolvimento deste estudo, realiza-se um processo de articulação e 
reflexão das falas dos sujeitos pesquisados com o referencial teórico abordado, para uma 
melhor percepção e assimilação do objeto estudado. Dessa forma, buscando facilitar a 
compreensão deste estudo, o presente trabalho constitui-se desta introdução, três capítulos e 
conclui-se apresentando algumasconsiderações. 
No primeiro capítulo, descreve-se a construção da pesquisa, com a intenção de 
apresentar o caminho percorrido pela pesquisadora, os instrumentos utilizados, além de 
contextualizar o cenário da mesma e caracterizar o perfil dos profissionais. 
No segundo capítulo, discute-se o tema educação dentro das concepções de 
importantes autores, com um breve histórico da educação brasileira, enfatizando o significado 
da educação. Também se aborda a educação como um direito e instrumento de transformação. 
No terceiro capítulo, destaca-se a profissão Serviço Social no âmbito educacional, 
realizando uma relação da necessidade de atuação desse profissional. Aborda-se como 
aconteceu a inserção nesse campo e segue-se mostrando as competências, dificuldades e 
possibilidades desse profissional nesse espaço. 
Por fim, as considerações finais, nas quais são apresentadas observações e 
reflexões da prática do Serviço Social na referida instituição de educação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
1 PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA 
 
 
A proposta deste capítulo é descrever a construção do objeto estudado, os 
instrumentos utilizados e apresentar o universo e os sujeitos pesquisados. Dessa maneira, o 
intuito é expor os caminhos percorridos para a elaboração desse trabalho. 
 
1.1 Construção da pesquisa 
 
A pesquisa sobre uma determinada temática é a maneira que os pesquisadores 
encontram para dar respostas a alguns questionamentos. Esta pesquisa envolve a relação de 
dois assuntos, a educação e a prática do profissional de Serviço Social, a partir dos seguintes 
pontos: Qual a percepção desse profissional sobre a educação? Quais as atribuições e 
competências, dificuldades e possibilidades do assistente social dentro de uma unidade 
educacional? Como esse trabalhador pode colaborar e como ele reconhece a importância de 
sua atuação nesses espaços? 
Na perspectiva de refletir sobre esses questionamentos, inicia-se uma fase 
exploratória, na tentativa de conhecer o fenômeno estudado, buscam-se informações e teorias 
para compreender a realidade acerca da atuação do profissional de Serviço Social nas 
instituições educacionais. 
Para alcançar o objetivo desta pesquisa foi utilizada a pesquisa de campo como 
técnica para investigar e interpretar a dinâmica desse profissional, possibilitando, assim, uma 
maior aproximação com a realidade, uma interação com o movimento real, permitindo uma 
comunicação com as relações sociais. Segundo Setubal (2007, p. 65): 
 
Para se penetrar no mundo das coisas, para se entender, analisar e interpretar a 
realidade na riqueza complexa e na sua totalidade concreta tem que se desenvolver 
um esforço intelectivo capaz de aprender a essência delas na sua mediaticidade. 
 
O autor Pierre Bourdieu, no capítulo II de seu livro O poder simbólico (2001), 
apresenta uma introdução a sociologia reflexiva, realizando uma abordagem sobre o trabalho 
de pesquisar, apontando as dificuldades e as possibilidades de aprendizagem no processo de 
construção da pesquisa. Ele aponta a pesquisa como sendo uma atividade racional que 
envolve investimentos como a dedicação de tempo e riscos, como a exposição. Para o autor, a 
arte, em ciências sociais, é o espaço capaz de teorizar a respeito de objetos empíricos, no qual 
15 
 
ele crê que a importância social ou política do objeto é de grande relevância para o 
fundamento do discurso. 
Dessa forma, quanto pesquisadora, algumas dificuldades foram enfrentadas como 
a imensa dedicação de tempo, sendo necessário abdicar das atividades profissionais; se 
distanciar um pouco dos familiares e amigos, tudo isso com o objetivo de disponibilizar mais 
tempo para conhecer e se aproximar ao máximo do objeto estudado, concentrando os 
pensamentos nas reflexões necessárias para a análise dos dados. 
No processo de construção da pesquisa não se pode separar as opções técnicas das 
opções teóricas, pois a união desses dados pode funcionar com o rompimento do monoteísmo 
acadêmico. Em síntese, segundo Bordieu (2001), a pesquisa é um ato difícil que exige 
seriedade e extrema vigilância das técnicas utilizadas, para que não ocorra uma confusão entre 
rigidez e rigor. O autor aborda ainda que a construção do objeto: 
 
[…] é um trabalho de grande fôlego, que se realiza pouco a pouco, por retoques 
sucessivos, por toda uma série de correções, de emendas, sugeridos por o que se 
chama o ofício, quer dizer, esse conjunto de princípios práticos que orientam as 
opções ao mesmo tempo minúsculas e decisivas. (BOURDIEU, 2001, p. 27) 
 
 
Boudieu (2001) aponta que a noção de campo é um modo que pode contribuir 
para a construção do objeto, como orientar as opções de práticas da pesquisa, além de ser um 
espaço com imensa diversidade de relações, no qual o pesquisador deve estar alerta e absorver 
o essencial das suas particularidades. 
De acordo com Setubal (2007), o homem só consegue se aproximar da realidade 
superficialmente através do que os sentidos são capazes de captar. Para que esse homem 
avance nesse estágio sensível, torna-se necessário que ele saia da conduta 
contemplativa/reflexiva e busque movimenta-se para através de suas ações ocorra a 
aproximação e seja possível transformar. A autora afirma que: 
 
[...] acredita-se que a produção do conhecimento pela via da pesquisa é o caminho 
que possibilita o rompimento do Serviço Social com a pseudoconcreticidade, por 
provocar no profissional o desejo de se movimentar […]. (SETUBAL, 2007, p. 65) 
 
 
Diante do que foi exposto e com a finalidade de aproximar-se da realidade e do 
objeto estudado, optou-se pela pesquisa de abordagem qualitativa, pois segundo Goldenberg 
(2004, p.53): “Os dados qualitativos consistem em descrições detalhadas de situações com o 
objetivo de compreender os indivíduos em seus próprios termos”. Com essa abordagem, 
16 
 
busca-se um maior contato e visibilidade do objeto para alcançar as respostas das questões 
que não podem ser quantificadas. 
A fim de nortear o estudo, foram realizadas leituras que contribuíssem com a 
construção dos instrumentos que foram utilizados na pesquisa de campo, como a elaboração 
das perguntas utilizadas no roteiro de entrevistas. 
Para a aproximação com os entrevistados, foram realizados contatos telefônicos e 
via e-mail para expor o objetivo deste estudo, e, após análise do projeto pela atual 
coordenadora do setor, foi encaminhado um ofício de autorização emitido pela faculdade na 
qual a presente autora está inserida. Logo após iniciou-se o agendamento das entrevistas, e 
todos os profissionais optaram por realizar o diálogo no próprio local de trabalho, assim como 
escolheram os dias e horários das entrevistas. 
No intuito de atingir o objetivo desta pesquisa, realizou-se no mês de outubro de 
2013 a pesquisa de campo com quatro assistentes sociais, utilizando-se os seguintes 
instrumentos: termo de consentimento (Apêndice 1), como orienta a conduta da pesquisa, 
expressando que todos os sujeitos autorizam a utilização das informações declaradas e estão 
cientes que, como sujeitos pesquisados, terão suas identidades preservadas; um formulário 
(Apêndice 2) preenchido pelo próprio sujeito da pesquisa, que resultou na obtenção de 
informações sobre o perfil dos indivíduos, e as entrevistas semiestruturadas (Apêndice 3). 
Desse modo, foi possível estabelecer um diálogo com perguntas e respostas, buscando atingir 
os objetivos da pesquisa e também uma maior aproximação com os entrevistados, propiciando 
uma interação entre pesquisador e pesquisados, pois, conforme Minayo (2000, p.114), “(...) a 
entrevista não é simplesmente um trabalho de coleta de dados, mas sempre uma situação de 
interação na qual as informações dadas pelos sujeitos podem ser profundamente afetadas pela 
natureza de suas relações com o entrevistador”. 
Durante as entrevistas, buscou-se ouvir e olhar de maneira disciplinada, tentando 
apurarao máximo as características e as informações que possibilitassem a compreensão do 
estudo, pois conforme Oliveira (2000, p.21), “evidentemente tanto o ouvir como o olhar não 
podem ser tomados como faculdades totalmente independentes no exercício da investigação. 
Ambas complementam-se e servem para o pesquisador como duas muletas”. 
No momento das entrevistas, com a permissão dos entrevistados, preferiu-se 
utilizar um gravador como utensílio facilitador, visando garantir uma maior fidedignidade e 
respeito aos relatos dos indivíduos no momento das transcrições. Também para preservar a 
privacidade desses sujeitos, utilizou-se nessa pesquisa, como forma de identificação, a sigla 
17 
 
AS, significando a palavra Assistente Social, junto com a numeração que representa a ordem 
em que foram executadas as entrevistas. 
Após a finalização da fase de coleta de dados, utilizou-se a análise de conteúdo, 
na qual se procurou identificar as questões que mais foram destacadas pelos entrevistados. 
A pesquisa bibliográfica também foi um procedimento essencial, e Minayo (1998) 
relata que para se conseguir o sucesso de uma pesquisa, deve-se ter um envolvimento com 
diversas obras e autores diferentes. 
 
Se quisermos, portanto, trilhar a carreira de pesquisador, temos de nos aprofundar 
nas obras dos diferentes autores que trabalham os temas que nos preocupam, 
inclusive dos que trazem proposições com as quais ideologicamente não 
concordamos. (MINAYO, 1998, p. 19). 
 
 
Assim, durante todo período desta pesquisa, foi realizado o estudo teórico com o 
maior número de pesquisadores que se envolveram em estudos sobre Serviço Social na 
Educação, como Eliana Bolorino, André Santos, Ney Almeida, entre outros que contribuíram 
para a construção desta pesquisa. 
 
1.2 O Cenário da Pesquisa 
 
O cenário pesquisado foi o Instituto Federal do Ceará (IFCE), por possuir uma 
longa trajetória de ensino no Estado do Ceará e ter um número significativo de assistentes 
sociais na ativa, em vários campi descentralizados no interior do estado. 
Com 104 anos de existência, o IFCE possui como missão “produzir, disseminar e 
aplicar os conhecimentos científicos e tecnológicos na busca de participar integralmente da 
formação do cidadão, tornando-a mais completa, visando sua total inserção social, política, 
cultural e ética” (IFCE, 2013)
1
. 
Essa instituição possui suas raízes fincadas no começo do século XX, quando 
nesse período o Brasil estava sendo governado pelo presidente Nilo Peçanha, que buscou 
através do Decreto nº 7.566 de 23 de setembro de 1909, fornecer formação profissional aos 
filhos dos desfavorecidos, conforme se pode ver em um trecho desse decreto: “(...) que para 
isso se torna necessário, não só habilitar os filhos dos desfavorecidos da fortuna com o 
indispensável preparo técnico e intelectual, como fazê-los adquirir hábitos de trabalho 
profícuo, que os afastara da ociosidade ignorante, escola do vicio e do crime”. 
 
1
Disponível em: <http://www.ifce.edu.br>. Acesso em: 01/11/2013. 
18 
 
Naquele momento, o país vivenciava o início do processo industrial, sendo 
necessário focar a educação como instrumento de desenvolvimento do país, e, para isso, 
foram criadas escolas que proporcionassem a qualificação do homem. 
Algumas décadas depois, essa instituição passou a atuar oferecendo cursos de 
formação profissional, com diferentes objetivos dos traçados pelo decreto de 1909, mas 
atendendo as demandas do processo industrial brasileiro, que necessitava de mão de obra 
técnica para trabalhar com o maquinário industrial. 
Assim, durante o decorrer do tempo, essa escola foi se desenvolvendo e 
adquirindo um maior espaço na rede de ensino, e, ainda com a meta de formar profissionais, 
passa a oferecer curso de graduação e pós-graduação. 
Atualmente, as atividades dessa instituição compreendem as estâncias do ensino, 
pesquisa e extensão, desempenhadas pelos 29 campi distribuídos pelo Estado do Ceará, sendo 
que a concentração desta pesquisa foi em uma das unidades institucionais, preferindo-se 
mantê-lo em sigilo, para preservar a identidade das profissionais entrevistadas, optou-se por 
esse campus devido a disponibilidade das entrevistadas, bem como pela maior quantidade de 
profissionais inseridas nesse espaço. 
O setor de Serviço Social, que é o interesse para esta pesquisa, iniciou nessa 
instituição no ano de 1998, com a criação da Coordenadoria de Serviço Social. Através do 
conhecimento e relatos de uma entrevistada, compreende-se que essa não foi uma inserção 
fácil, como se pode observar pelo depoimento a seguir: 
 
É o seguinte: historicamente, quando começou, pelo menos o que eu sei que outras 
funcionárias contaram, quando elas chegaram aqui não existia o Serviço Social, 
ninguém nem sabia o que era o assistente social. Não sabia o que o assistente social 
fazia na educação. Então, elas foram as desbravadoras daqui, elas chegaram e 
procuraram espaço, procuraram conhecer como era a realidade [...]. (AS2, 2013) 
 
Analisando as informações obtidas nas entrevistas, reconhece-se que esse serviço 
surgiu através da necessidade de atender as demandas sociais dos alunos, as quais foram 
identificadas através dos estudos socioeconômicos, como relata AS2 (2013): 
 
[...] o Serviço Social começou assim, com esse estudo socioeconômico, e começou-
se a se identificar as demandas. Que os alunos não conseguiam vir para a aula, 
custear transporte, custear alimentação, custear fardamento, que na época era 
obrigatório, materiais de desenho, que o ensino técnico exige. Alunos que tinham 
dificuldades de acompanhar as aulas. por quanto da dificuldade de enxergar, de 
visão, não tinha condições de adquirir os óculos ou lentes. 
19 
 
Ainda ressalta que esse setor foi construindo sua identidade na instituição, devido 
a grande demanda dos alunos que necessitavam de apoio para continuar o processo de 
aprendizagem. 
Como a instituição é o ensino técnico, eletrotécnica tem cadeira de desenho, 
mecânica tem cadeira de desenho, edificações tem cadeira de desenho, então precisa 
de materiais, um kitizinho de materiais de desenho que os alunos precisam levar 
para aula. Então, todas essas demandas, familiares que procuravam o Serviço Social 
com problemas na família, problemas de saúde, então o Serviço Social foi chamado 
a intervir nisso. Então, foi dessa forma, baseados nessas demandas foi que se 
construiu a cara do Serviço Social na educação, aqui no IFCE, antiga escola técnica. 
(AS1, 2013) 
 
Em relação à estrutura física, foi possível observar que esse setor possui uma sala 
própria, com equipamentos de informática, documentos, instrumentos necessários para a 
execução do trabalho, como também possui uma sala interna proporcionando condições 
mínimas de trabalho e sigilo profissional, conforme estabelecido na Lei 8.662/93 de 
Regulamentação da Profissão, no capítulo V, artigo 16, que diz: “o sigilo protegerá o/a 
usuário/a em tudo aquilo que o/a assistente social tome conhecimento, como decorrência do 
exercício da atividade profissional”. 
A rotina de trabalho desse setor é desenvolvida por atendimentos aos usuários, a 
fim de conhecer a realidade dos alunos e familiares. Logo, esse setor possui como prioridade 
o atendimento ao aluno, como se pode ver nas falas dos profissionais: 
 
Prioridade é o bom atendimento ao aluno, sempre os alunos estão em primeiro lugar. 
A gente tenta trabalhar, a demanda é muito grande, o nosso universo é imenso, a 
quantidade de alunos, são sete mil alunos, então, a gente tentar priorizar o 
atendimento com excelência. (AS1, 2013) 
 
[...] o aumento do universo de estudantes e a quantidade de profissionais não 
acompanhou, então o Serviço Social acabou por ter como público prioritário o 
estudante […]. (AS2, 2013) 
 
É o aluno, é a permanência do aluno na instituição. É assim que ele tem umaformação de qualidade. (AS3, 2013) 
 
[...] o estudante, para nós, ele é prioridade nesse processo, e não só no recebimento 
do auxilio, porque, para nós, é muito pouco o Serviço Social ficar como mero 
concessor de auxílio e de benefícios (...) a nossa prioridade é essa: o estudante, 
garantir o direito do nosso usuário. (AS4, 2013) 
 
Assim, as ações desse setor estão concentradas em atender os estudantes buscando 
garantir a qualidade de ensino. Para isso, o setor possui como objetivos: prestar assistência 
social aos alunos e seus familiares; pesquisar as condições socioeconômicas e a realidade 
20 
 
estudantil; elaborar, desenvolver, implementar, executar e avaliar programas e projetos na 
área social.(IFCE)2 
A partir disso, verifica-se que o Serviço Social dessa instituição tem os seus 
objetivos embasados no Código de Ética Profissional e realiza suas práticas de acordo com as 
competências e atribuições estabelecidas nesse código. 
Ainda em relação às atividades exercidas pelos profissionais do setor de Serviço 
Social, identifica-se que suas principais ações estão relacionadas com a concessão de auxílios 
e orientação para participação em programas, como se pode confirmar na fala dos 
profissionais: 
 
Bom, aqui nós trabalhamos com os atendimentos aos alunos de forma em geral, com 
os programas bolsa de trabalho, auxílio óculos, auxílio-alimentação e o auxílio-
transporte. Em linhas gerais, é isso, mas qualquer tipo de atendimento ao aluno, 
algum problema com o professor, a gente tenta estar ciente e realizar os 
encaminhamentos dentro do possível. (AS1, 2013) 
 
Nos trabalhos na assistência estudantil, nossa demanda principal é o programa de 
bolsa de trabalho, que é um programa desenvolvido para potencializar que os 
meninos, o que os alunos aprendem no curso. Então, eles são alocados aqui dentro 
(...), nos setores que estejam diretamente ligados aos cursos deles e a parte dos 
auxílios. (AS3, 2013) 
 
A atuação do Assistente Social não fica restrita apenas a esses procedimentos, 
pois uma das entrevistadas exerce suas atividades em uma das pró-reitorias dessa instituição, 
conforme descrição abaixo: 
 
[…] até meados de março/abril desse ano, a assistência estudantil era dentro da pró-
reitoria de extensão. Existia uma coordenadora de assuntos estudantis, e eu era a 
assistente social que acompanhava os processos, junto com ela. Afinal de contas, em 
todos os campus é a assistente social quem desenvolve, então eu entendia que tinha 
que fica perto dela para monitorar e acompanhar esses processos. O que eu fazia 
nesse momento? Eu trabalhava com processos de informações, com as assistentes 
sociais para elaboração de revisões da assistência estudantil e do regulamento. (AS4, 
2013) 
 
Esse relato revela que a atuação do profissional se destina a elaboração e 
desenvolvimento de projetos, exigindo, assim, uma visão ampla dos profissionais para 
acompanhar as demandas da sociedade. Ainda seguindo com os relatos da AS4 (2013), nota-se 
também que esse setor desenvolve trabalhos pensando no universo fora da instituição: 
 
 
2
 Informações disponíveis em:< http://www.fortaleza.ifce.edu.br/index.php/extensao35/servico-social> Acesso 
em: 01/11/2013. 
http://www.fortaleza.ifce.edu.br/index.php/extensao35/servico-social
21 
 
[...] uma coisa que está em processo, que está sendo implementada, é a 
Coordenadoria de Inclusão Social da pró-reitoria, que é o acompanhamento dos 
projetos sociais nos campus, porque a gente aqui tem um termo de acordo e metas, 
aqui não, em todos os institutos do país tem um termo de acordo e metas (...), que 
diz que uma das missões dos institutos é desenvolver ações sociais, extramuros 
escolares, atividades acadêmicas e não acadêmicas. Inclusive, a gente tem uma 
disciplina aqui que é obrigatória para construção de projetos sociais, que não é dada 
pelo Serviço Social, mas desde esse momento que a gente passou fazer esse 
acompanhamento, que é uma ideia nossa repensar isso: quem são essas pessoas que 
estão dando essa disciplina, porque a gente acha que é uma coisa do Serviço Social 
[...]. (AS4, 2013) 
 
Assim, compreende-se que o desenvolvimento desses projetos contribui para a 
formação dos estudantes do instituto, pois envolve parcerias com outras instituições e tem a 
finalidade de desempenhar o sentimento de solidariedade e colaboração com a inclusão social. 
Na análise das entrevistas, outro fator destacado nesse setor é a 
interdisciplinaridade, conforme aborda a AS3 (2013): 
 
Nós trabalhamos interdisciplinar com as pedagogas e as psicólogas; nós temos essa 
rotina diária; nós temos outras atividades. Eu falei do Bolsa e dos auxílios, porque 
são os nossos carros chefes, mas nós atuamos também em outras demandas da 
instituição [...]. 
 
No entanto, a fala da AS2 (2013) revela que essa conduta ainda precisa ser 
melhorada: 
 
Na minha opinião, o trabalho interdisciplinar aqui está incipiente, mas não pode 
dizer que não há, porque há, né? Então, assim, nós temos aqui o serviço de saúde, 
que lá tem dentista, médico e enfermagem. E aqui, assim, vinculado ao Serviço 
Social, tem a psicologia. A psicologia escolar ela está vinculada ao Serviço Social, 
até o nome do setor é Serviço Social e Psicologia Escolar, então, primeiramente, 
entre nós Serviço Social e Psicologia o trabalho é bem integrado. Eles se integram 
nas nossas atividades, até porque se você vai fazer um atendimento ao estudante que 
está com problema, vou dar um exemplo, com esquizofrenia, é um problema que 
compete à psicológica, mas é um problema social também, porque tem toda uma 
questão social por trás também: de condições, de como vai ser o afeto dele, se vai 
ser só serviços, as políticas disponíveis. É o Serviço Social que vai fazer isso. 
 
Todos os sujeitos entrevistados relatam sobre o trabalho interdisciplinar, 
mostrando assim que acreditam na importância do trabalho em equipe. Desta forma, através 
dessa relação percebe-se que é possível desenvolver ações com qualidades para atender os 
usuários, e durante essa comunicação ocorre também o processo de conhecimento de outros 
saberes. 
 
 
22 
 
1.3 Perfil dos sujeitos pesquisados 
 
A instituição em estudo possui um total de 23 profissionais de Serviço Social, 
distribuídos por seus diversos campi. Destes, escolhemos as quatro profissionais, participantes 
da pesquisa, atuam nesse espaço no período compreendido entre 2006 e 2013. 
Realizando uma apresentação dos sujeitos que contribuíram com a pesquisa, 
destacam-se algumas características pessoais, que interagem na construção da identidade 
profissional. Os sujeitos encontram-se na faixa etária de 32 a 43 anos e todos os profissionais 
pesquisados são do sexo feminino. Na solicitação da indicação do estado civil, a 
representação ficou dividida com duas que possuem a condição de casadas e duas de solteiras; 
as casadas possuem filhos. 
Diante desses dados, percebe-se uma predominância feminina nesse instituto, 
mostrando, assim, a relevância de uma profissão historicamente reconhecida como feminina, 
como afirma Minayo (1998, p.64): “(...) atravessada por relação de gênero enquanto tem uma 
composição social predominantemente feminina, o que afeta sua imagem na sociedade e as 
expectativas sociais vigentes diante da mesma”. 
Em relação às atividades trabalhistas, segundo os dados coletados, todos os 
sujeitos apresentam vínculo estatutário, com carga horária de 30 horas semanais. A renda 
salarial desses sujeitos representa, aproximadamente, oito salários mínimos. Além desse 
vínculo, duas profissionais possuem vínculo com outra instituição na área da saúde. 
Considerando os dados acima, pode-se afirmar que esse instituto cumpre o 
estabelecido no artigo 1º da Lei nº 12.317/2010, que dispõe o acrescido no artigo 5º da Lei 
8.662/1993, cuja “duração do trabalho do Assistente Socialé de 30 (trinta) horas semanais”. 
No aspecto formação, verifica-se que todos os sujeitos realizaram sua graduação 
no período compreendido entre 1992 e 2006, com formação em universidade pública, como 
também todos possuem pós-graduação em nível de especialização (lato sensu) e duas 
possuem a qualificação de mestrado em educação. 
Nota-se ainda, que esses profissionais buscam estar sempre em um constante 
aperfeiçoamento e aquisição de conhecimentos, conforme as descrições: 
 
[...] é importante, é importantíssimo conhecer, se apropriar da legislação educacional 
e conhecer a educação, como ela funciona. E conhecer, também, um pouquinho da 
questão da psicologia, pelo menos um pouquinho, pelo menos uma base. A gente 
pega uma noção na faculdade, mas é bom conhecer um pouco mais, como é que se 
dá um pouco da aplicação da psicologia na sala de aula, como o aluno vai captar. 
Pelo menos o nível básico é importante, é muito importante. (AS2, 2013) 
 
23 
 
[...] saiu da faculdade e vai atuar na educação? Então, você tem que conhecer tudo 
que rege a educação, todo o arcabouço jurídico; as leis que regem a educação, o que 
está se passando nesse setor; fazer parte dos grupos de discussão no CRESS; tem o 
GT de Educação. Tem que estar dentro desses movimentos, e, principalmente, dos 
movimentos específicos do Serviço Social: dos congressos brasileiros, dos encontros 
de pesquisa. Tá formando opinião dentro desse setor, escrevendo artigos, fazendo 
diversos trabalhos sobre sua prática aliada a teoria. Dando visibilidade ao que é o 
profissional de Serviço Social dentro da educação. (AS3, 2013) 
 
Ressalta-se que o profissional de Serviço Social precisa ampliar o seu 
conhecimento, não somente para atuar na educação, mas em qualquer área. Confirma-se isso 
com a fala do AS3 (2013): 
 
[...] ter primeiro uma formação muita bem feita de Serviço Social. Não só para 
educação, mas para onde ele for atuar. Ele tem que saber quais são as legislações 
que ele atua, ele tem que estar sempre lendo, se atualizando. Ele tem que tá tendo a 
capacidade de fazer a leitura da realidade, não só da instituição que ele está [...]. 
 
Diante dessas informações, percebe-se que os sujeitos estão sempre buscando 
capacitação e aprimoramento dos seus conhecimentos, logo se tem, novamente, a educação 
como um fator importante e de ampliação na vida do homem. 
Realizando uma reflexão deste primeiro capítulo, além de conseguir compreender 
o trajeto percorrido, foi possível conhecer os sujeitos envolvidos nesta pesquisa e como surgiu 
a sua inserção e quais as atividades exercidas nesse espaço. Com essas informações será 
possível o desenvolvimento deste estudo, com um olhar mais próximo da realidade desses 
profissionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
2 SOCIEDADE E EDUCAÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITOS 
TEÓRICOS. 
 
 
A educação possui várias funções que são praticadas por diversas instituições 
como a escola, a universidade, a família, a comunidade, os meios de comunicação, as 
organizações religiosas e políticas. De acordo com Almeida (2007, p. 2): “a família, as 
instituições religiosas, os movimentos associativos entre outras, ao lado da escola contribuem 
para a constituição do amplo e diversificado campo educacional”. 
Na intenção de compreender e analisar a importância do profissional de Serviço 
Social no espaço educacional e de sua percepção sobre a educação busca-se, nesse primeiro 
momento, uma aproximação com os pensamentos de alguns autores a respeito da questão 
educacional, bem como se desenvolve um breve resgate histórico da educação no Brasil. Com 
isso, tem-se a finalidade de conhecer um pouco das dificuldades, lutas e conquistas 
vivenciadas pela sociedade brasileira na ação de educar. 
Seguindo este estudo, apresenta-se a educação como uma questão de direito, com 
o propósito de mostrar a importância de ser reconhecida pela sociedade como direito 
adquirido, e logo deve ser exigida, para que essa aconteça com qualidade. 
A seguir, abordar-se a educação como um instrumento de transformação, a fim de 
expor que a educação é a ferramenta capaz de proporcionar aos indivíduos inseridos na 
sociedade capitalista uma leitura diferenciada da realidade, como também possibilita nortear e 
mostrar a essa sociedade que, através de sua articulação e mobilidade social, é possível buscar 
e construir uma sociedade democrática. 
 
2.1 Educação: diferentes concepções que marcam sua importância 
 
Desde a Antiguidade que o ato de educar está presente no seio da sociedade, 
porém, segundo Manacorda (2006), é difícil encontrar provas desses ensinamentos, pois 
apenas se possuem registros dos ensinos reservados a classe nobre, e nestes estão incluídos 
apenas a preparação para a vida política, como os ensinamentos morais e comportamentais, 
além da oratória, que é bem presente nesse momento. 
A ação de educar ocorre em meio a uma diversidade de relações econômicas, 
políticas, sociais e culturais. Assim, em cada localidade ela ocorre de maneira diferenciada, 
como: nas comunidades tribais, as crianças aprendem imitando os gestos dos adultos nas 
25 
 
atividades diárias, ou seja, elas aprendem „para a vida e por meio da vida‟; já o povo hebreu 
transmite seus ensinamentos com uma forte carga de religiosidade; no Egito, as escolas 
funcionam nos templos e em algumas casas; na Grécia, a educação acontece estimulando o 
uso da razão. Desse modo, percebe-se que a ação de educar é influenciada de acordo com o 
espaço e os interesses de cada sociedade (ARANHA, 1996). 
Essa mesma ação pode ser vista por diferentes concepções. Para Durkheim 
(1978), segundo um viés positivista, a educação é uma ação de inserção e de integração dos 
sujeitos à vida social, ou seja: 
 
A ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram 
ainda preparadas para a vida social tem como objeto suscitar e desenvolver na 
criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela 
sociedade política em seu conjunto e pelo meio especial a que a criança 
particularmente se destine. (DURKHEIM, 1978, p.41) 
 
Dessa forma, conforme Durkheim (1978), a educação possui um aspecto 
conservador, em que sua função é apenas transmitir ao homem os valores, os costumes e as 
normas existentes na sociedade. 
Em Karl Marx, perspectiva teórica diversa da positivista. Não existe uma obra 
específica a respeito da educação, mas é possível verificar que esse autor retrata a questão 
realizando reflexões e relacionando-a com o sistema de produção e trabalho. 
Nos escritos de Marx, o ensino está vinculado ao ato do trabalho, pois para que o 
indivíduo realize alguma atividade trabalhista é necessário aprender para fazer. Lombardi 
(2011, p. 14) afirma que para Marx e Engels: 
 
O sistema de ensino é entendido, assim, como uma concreta qualificação da força de 
trabalho que alcançará seu aproveitamento máximo se conseguir também o ajuste e a 
integração dos indivíduos no sistema, única maneira de não desperdiçar sua força de 
trabalho, mas sim, aproveitá-la. 
 
Partindo disso, percebe-se que nos escritos de Marx a educação realiza uma 
combinação com o trabalho. Essa combinação é apresentada como algo vantajoso, como 
afirma Marx e Engels (IN: LOMBARDI, 2011, p.91): 
 
Os inspetores de fábrica logo descobriam, através dos depoimentos dos mestres-
escolas, que as crianças empregadas nas fábricas, embora só tivessem meia 
frequência escolar, aprendiam tanto e muitas vezes mais que os alunos regulares que 
tinham a freqüência diária integral. 
 
26 
 
Dessa forma, é apresentada a relação do trabalho com a educação, mostrando que 
o indivíduo no exercício de suas atividades possui maior disposição e desejo de aprender. 
No entanto, essa mesma atividade que propicia a educação também pode 
contribuir para que o indivíduo se mantenha preso a uma determinada função, ficando, assim, 
impossibilitadode exercer outras atividades, pois não teve oportunidade de receber outros 
conhecimentos. Em “A Ideologia Alemã”, Marx e Engels (IN: LOMBARDI, 2011, p. 28) 
afirmam que: 
 
Com efeito, desde o momento em que o trabalho começa a ser repartido, cada 
indivíduo tem uma esfera de atividade exclusiva que lhe é imposta e da qual não 
pode sair; é caçador, pescador, pastor ou crítico e não pode deixar de o ser se não 
quiser perder os seus meios de subsistência. 
 
Além disso, a aquisição de conhecimento envolve também o fator valor, no qual 
Marx (IN: LOMBARDI, 2011, p.112) apresenta: 
 
[...] quanto menor for o tempo de formação profissional exigido por um trabalho, 
menos será o custo de produção do operário e mais baixo será o preço de seu 
trabalho, de seu salário. Nos ramos industriais onde não se exige quase nenhuma 
aprendizagem e onde a simples existência material do operário é o bastante, o custo 
da produção deste se limita quase que unicamente às mercadorias indispensáveis à 
manutenção de sua vida, à conservação de sua capacidade de trabalho. Eis a razão 
por que o preço de seu trabalho será determinado pelo preço dos meios de 
subsistência necessários. 
 
Assim, os escritos de Marx sinalizam que a educação é abordada como uma 
ferramenta na formação do operário. Logo, quanto mais conhecimento o indivíduo obtiver 
para exercer diversas atividades, maior será a garantia para aplicação de sua força de trabalho 
e, assim, a garantia para os meios de sua sobrevivência. 
 
O verdadeiro significado da educação, para os economistas filantropos, é a formação 
de cada operário no maior número possível de atividades industriais, de tal modo 
que, se é despedido de um trabalho pelo emprego de uma máquina nova, ou por uma 
mudança na divisão do trabalho, possa encontrar uma colocação o mais facilmente 
possível. (MARX IN: LOMBARDI, 2011, p. 114). 
 
Sobre esse ponto, compreende-se que os indivíduos utilizam sua força de trabalho 
para transformar e adquirir os meios para sua sobrevivência, como também nessa mesma ação 
o trabalho exerceria a função de prática educativa. Porém, essa prática não estaria sendo 
exercitada dentro de uma lógica de ampliação do conhecimento e desenvolvimento do 
homem, e sim sendo utilizada como forma de capacitar esse homem para desenvolver suas 
atividades trabalhistas, alimentando o sistema explorador. Logo, a educação pode ser 
27 
 
considerada uma mercadoria para o sistema econômico, que exige do homem apenas o 
conhecimento necessário para sua reprodução, sem estimulá-lo a refletir sobre o meio no qual 
está inserido. 
Para outro clássico da sociologia, Max Weber (1977), alguns pontos dos seus 
pensamentos são diferentes de Karl Marx, e para analisar a questão educacional na sua 
percepção, torna-se necessário compreender que para Weber (1977) as pessoas atribuem às 
ações sociais uma direção para o comportamento na sociedade, ou seja, na concepção desse 
autor as escolhas e ações de um indivíduo são norteadas por valores tradicionais, afetivos e 
racionais. Weber (1977) aborda que, além das ações sociais, outros fatores são importantes 
para a compreensão da vida social, como a racionalidade e a burocracia. 
Para esse autor, a questão educacional possui um forte relacionamento com a 
burocracia, onde a formação possibilita a aquisição de diplomas e certificados, ou seja, 
registros que comprovem as competências ou habilidades de um indivíduo e, através destes, 
proporcionar ao homem a ocupação de cargos e funções no mercado profissional. Segundo o 
autor: 
 
A burocratização do capitalismo, com sua exigência de técnicos, funcionários 
preparados com especialização, etc., generalizou o exame por todo mundo. Acima 
de tudo, a evolução é muito estimulada pelo prestígio social dos títulos educacionais, 
adquiridos desses exames. É ainda mais o caso quando o título educacional é usado 
com vantagem econômica. Hoje, os diplomas são o que o teste dos ancestrais foi no 
passado, pelo menos onde a nobreza continuou poderosa: um pré-requisito para a 
igualdade de nascimento, uma qualificação para um canonicato e para o cargo 
estatal. (WEBER, 1977, p. 278). 
 
Diante da concepção de Weber (1977), identifica-se que a educação é movida pelo 
interesse de um indivíduo adquirir títulos para conquistar seus ideais profissionais e, assim, 
conseguir se manter com influência social na estrutura existente. 
Refletindo a questão educacional no contexto contemporâneo, percebe-se que com 
os avanços da tecnologia e as exigências do mercado de trabalho, esse entendimento de 
Weber (1977) sob a educação está bem presente nos dias de hoje, devido a organização do 
sistema capitalista que necessita de eficiência para se manter efetivo no poder. 
Desse modo, exige-se uma educação que proporcione o desenvolvimento de um 
homem qualificado com diversas competências e habilidades, para que esse possa 
acompanhar as constantes modificações sociais e os requisitos exigidos pelo mercado, como, 
por exemplo, alcançar o sucesso profissional. 
28 
 
Nessa perspectiva, refletindo os pensamentos de Marx (IN: LOMBARDI, 2011) e 
Weber (1977), com os dados colhidos no campo, verifica-se o poder da educação em 
favorecer a qualificação do homem para prática do trabalho, como se pode perceber nos 
relatos da AS1 (2013): 
 
A gente entende que a educação é capaz de promover uma mobilidade social. Disso 
aí não tenho dúvida. A gente sabe que nós estamos inseridos no sistema capitalista 
que, por si só, ele é altamente excludente. Não é só o aluno correr atrás que ele vai 
conseguir, mas ele vai melhorar muito as oportunidades, ele vai realmente ter 
condições de almejar algo melhor, conforme for o nível de qualificação, isso é 
inevitável. Não é só isso: a perseverança, a força de vontade e a educação, realmente 
oportuniza melhores condições de chegar ao mercado de trabalho, é a questão da 
qualificação mesmo, né? 
 
Na fala da AS1 (2013), identifica-se semelhança nos inscritos desses clássicos, 
pois a profissional ao falar sobre sua concepção de educação apresenta em seu discurso que 
através da educação o homem pode se promover através da qualificação. 
Mannheim (1978, p. 89) referia-se a educação como uma técnica, na qual “todos 
os métodos de influenciar o comportamento humano de maneira que este se enquadre nos 
padrões vigentes da interação e organizações sociais”. Logo, para ele, a educação pode ser 
utilizada como uma forte ferramenta para manutenção da ordem ou até mesmo para a 
transformação de uma sociedade, dependendo de quem possui o poder de decisão e 
dominação. Como afirma Mannheim (1978, p. 89): “a educação não molda o homem em 
abstrato, mas em uma dada sociedade e para ela”. 
Portanto, para Mannheim (1978), a educação pode ser utilizada conforme a 
sociedade desejar. Assim, é possível através da educação formar indivíduos democráticos, 
basta a sociedade tomar as decisões corretas e realizar um planejamento racional que utilize 
estratégias capazes de manter a ordem social, estabelecendo-se dentro dessas estratégias o 
caráter democrático. 
Para o grande estudioso sobre a temática educação, Pierre Bourdieu (1975), a 
educação está inserida no campo em que ele chama de “capital cultural”, e esse capital está 
ligado a outros tipos de capital, como o capital econômico. Bourdieu (1975) diz que não é 
fácil adquirir o capital cultural, é preciso tempo, investimento e inclui, também, diversos 
outros fatores como costumes, valores, condições econômicas e relações familiares e sociais. 
Para Bourdieu (1975), a escola é um agente da educação e dependente da classe dominante, 
assim contribuindo para a reprodução da estrutura de classes. 
 
29 
 
Se não é fácil perceber simultaneamente a autonomia relativa do sistema de ensino e 
sua dependência relativa à estrutura das relações de classe, é porque, entre outras 
razões, a percepção das funções de classe do sistema deensino está associada na 
tradição teórica a uma representação instrumentalista das relações entre a Escola e as 
classes dominantes, enquanto que a análise das características de estrutura e de 
funcionamento que o sistema de ensino deve à sua função própria tem quase sempre 
tido por contrapartida a cegueira face às relações entre a Escola e as classe sociais, 
como se a comprovação da autonomia supusesse a ilusão da neutralidade do sistema 
de ensino (BOURDIEU, 1975, p.204). 
 
Na percepção de Bourdieu (1975), mesmo que todos os indivíduos tenham 
oportunidades iguais de frequentar a escola, a sua carga cultural não seria igual, pois ele relata 
que as orientações recebidas pela família são grandes influenciadores para o desempenho do 
homem. Na verdade, a garantia do acesso à escola representa apenas uma demonstração de 
igualdade e oportunidade a todas as pessoas. 
Correlacionando esse pensamento com as falas das assistentes, constata-se 
semelhança em seus relatos quando elas dizem que: 
 
[...] não pode comparar com uma pessoa que já nasceu em berço de ouro, que nunca 
precisou parar para trabalhar, teve tempo e tudo, assim com uma pessoa que precisa 
ralar, trabalhar para comprar seu próprio material de estudo, para poder pagar um 
curso a noite, que trabalha durante o dia para pagar um curso a noite. Ainda não é a 
mesma oportunidade [...]. (AS1, 2013) 
 
Nem todos tem a mesma oportunidade de jeito nenhum. Porque isso vai variar de 
acordo com o meio que esse indivíduo vive. Nunca vai ser, se tentar, porque esta aí, 
amplamente divulgado, mas não tem porque cada história é uma história, cada 
família é uma família, porque muitos não podem se dar nem ao luxo de tentar 
porque tem que trabalhar. (AS2, 2013) 
 
Diante desses pensamentos, compreende-se que não basta o indivíduo possuir 
acesso à escola, é preciso uma interação com outros fatores para conseguir ter a mesma 
oportunidade que outros indivíduos. 
Então, a educação está atribuída com a maneira que os sujeitos se relacionam e 
atuam no mundo. A escola é considerada como a instituição que transfere o conhecimento. 
Diante disso, Bourdieu (1975) alerta que os sujeitos devem refletir e analisar os 
conhecimentos adquiridos, para que através dessas relações não ocorram apenas reproduções. 
Outro estudioso dessa temática, o autor Paulo Freire (2004), reconhecido 
internacionalmente, aborda a educação dentro de uma ação de libertação, e afirma que “(...) 
ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém educa a si mesmo: os homens se educam 
em comunhão (...)” (FREIRE, 2004, p. 69). 
Para Freire (2004) a educação não é apenas transferir e depositar conhecimentos 
nos sujeitos, como ele chama de educação „bancária‟. Do seu ponto de vista, o importante é 
30 
 
uma educação libertadora, que os indivíduos possam pensar, discutir e refletir acerca dos seus 
pensamentos. 
Com isso, o autor apresenta que o diálogo entre os homens, proporciona uma 
educação capaz de libertar o pensamento e a conscientização dos indivíduos. Assim, através 
das reflexões dos escritos de Freire, constata-se por meio deste estudo que os profissionais 
pesquisados possuem uma concepção de educação muito próxima aos seus pensamentos, 
conforme os seguintes depoimentos: 
 
Eu acho, eu acho não, eu acredito que a educação é libertadora, né? A partir do 
momento que você sai da ignorância, você desvenda um universo. Não é preciso 
você saber tudo, mas saber de tudo um pouco, eu acredito nisso sim. (AS1, 2013) 
 
A função da educação, então, eu complemento também: ela transforma e essa 
transformação perpassa o nível pessoal e econômico. Transforma não só o 
individuo, mas a sua família, é a questão da ascensão social, ela também permite 
isso. (...) ela transforma, ela muda a pessoa, muda a sua família, faz a pessoa 
ascender socialmente, amplia horizontes e gera o senso crítico. (AS2, 2013) 
 
A minha concepção de educação, é a educação libertadora, que forme o ser humano 
completo. Não sou o aluno na educação bancária, o aluno na questão de passar por 
semestre, terminar o curso, mas aquele tem a visão de mundo, aquele que seja 
formado enquanto aluno. Lógico que ele tem que ter o saber técnico, mas ele tem 
que fazer as interelações desse saber técnico com toda uma sociedade que o rodeia; 
que ele possa ser fomentado na sua visão critica, de tudo que ele aprende, de tudo 
que ele absorve. Essa educação que eu aprendi que é a educação libertadora. (AS3, 
2013). 
 
A concepção que eu tenho de educação é que ela tem que ser integral, integrada e 
humana. Que leve a formação de um indivíduo crítico, político e cidadão [...]. (AS4, 
2013) 
 
Nesses depoimentos, evidencia-se que esses profissionais percebem a educação de 
uma forma ampla, acreditando que ela pode fornecer uma visão da realidade, como também é 
responsável por transformar e libertar os indivíduos. 
Diante desses posicionamentos, a educação pode ser compreendida com diferentes 
missões: para alguns autores é vista como mecanismos para a reprodução do sistema 
capitalista, da cultura e das relações sociais; para outros, é um espaço capaz de proporcionar 
uma mediação entre a transmissão de conhecimento, de cultura e contribuir para a busca da 
modificação do ser e da sociedade. 
Após realizar essas reflexões sobre a concepção educacional na percepção de 
alguns autores e dos profissionais envolvidos na pesquisa, faz-se necessário percorrer um 
31 
 
pouco a história educacional no Brasil, pois segundo Dalarosa (2000, p.43), “precisamos 
estudar a história para, através do passado, entender o presente e preparar o futuro”. 
Assim, no próximo tópico, discute-se o processo histórico da educação brasileira, 
buscando compreender a realidade atual, através do estudo de como aconteceu essa trajetória 
e observando as transformações que ocorreram ao longo do tempo. 
 
2.2 Breve histórico da educação brasileira 
 
A educação brasileira passou por várias lutas, conquistas e diversos problemas 
para chegar ao que se tem hoje, e, na perspectiva de conhecer as experiências e a trajetória da 
história da educação, utiliza-se como referência a autora Freitag (1980) que divide essa 
história em três períodos, explicitados a seguir. 
No período de 1500 a 1930, Freitag (1980) aponta que a educação inicia-se com 
os padres jesuítas que tinham as doutrinas da Igreja Católica e as vontades da Coroa 
Portuguesa como base nos ensinos. Nas colônias não existia nenhuma manifestação de 
organização educacional, visto que a intenção dos portugueses era somente explorar as 
riquezas da colônia. 
As instituições de ensino existentes, como os colégios e seminários, foram 
utilizadas para divulgação do cristianismo e da cultura europeia. Logo as escolas utilizadas 
pelos jesuítas tinham como finalidade domesticar a população indígena e estimular esses 
indivíduos a realizarem os desejos dos colonizadores. 
Após a chegada da família real, houve uma alteração na realidade educacional, 
sendo inauguradas instituições educacionais e culturais. Durante todo esse período, a 
educação teve uma grande evolução. Porém, o acesso ao serviço educacional estava 
disponível apenas para a classe nobre, e foi exclusivamente após a Independência do Brasil 
(1822) que se iniciou um distanciamento da influência da igreja na política educacional. 
O segundo período compreendido por 1930 a 1945, conforme Freitag (1980), foi 
bastante influenciado pela crise mundial de 1929 e a crise da superprodução do café, que 
estimulou modificações na estrutura econômica, na sociedade civil e na política. Nesse 
momento, os militares apoiam Getúlio Vargas para assumir o poder. O ano de 1930 foi 
marcado pela criação do Ministério da Educação pelo Governo Vargas, que tinha como 
objetivo fundamental orientar e coordenar as reformas educacionais. Nessas reformas 
ocorreram fatores importantes como a obrigatoriedade e gratuidade das escolas primárias e a32 
 
elaboração do Estatuto da Universidade Brasileira. Nesse momento, acontece, também, uma 
grande introdução dos cursos profissionalizantes. De acordo com Freitag (1980, p. 52): 
 
A política educacional do Estado Novo não se limita à simples legislação e sua 
implantação. Essa política visa, acima de tudo, transformar o sistema educacional 
em um instrumento mais eficaz de manipulação das classes subalternas. Outrora 
totalmente excluídas do acesso ao sistema educacional, agora se lhes abre 
generosamente uma chance. São criadas as escolas técnicas profissionalizantes 
(„para as classes menos favorecidas‟). A verdadeira razão dessa abertura se 
encontra, porém, nas mutações ocorridas na infra-estrutura econômica, com a 
diversificação da produção. 
 
Dessa forma, a mudança ocorrida no quadro educacional nesse período apresenta 
que os interesses estavam voltados para a questão econômica, pois esse setor necessitava de 
mão de obra diversificada e qualificada para atuar nas indústrias. Assim, visando alcançar os 
interesses, o governo assume a responsabilidade de treinar os indivíduos que essas empresas 
necessitavam. Com isso, mostrava para população uma oportunidade de crescimento que eles 
não tinham antes, e logo o Estado apresentava-se como um órgão que estava contribuindo 
para o desenvolvimento da nação. 
Mesmo com a construção de escolas profissionalizantes, essas instituições não 
atendiam o desejo educacional das classes burguesas, que não possuíam interesse pelo ensino 
técnico. Deste modo, essas escolas foram utilizadas pelos filhos dos operários, que: 
 
[...] são forçados a trabalhar para o próprio sustento e o da família, escolhem cursos 
de nível médio, chamados profissionalizantes. E isto não para aprenderem uma 
profissão, mas porque estes cursos apresentam duas vantagens: são na maioria 
ministrados à noite, o que permite conciliar trabalho e estudo, e são cursos que, 
apesar de formalmente equivalentes, não são tão exigentes quanto o ginásio e o 
colégio (FREITAG, 1980, p. 67). 
 
Após a Segunda Guerra Mundial, surge um Estado populista e 
desenvolvimentista, que contribui para o movimento que tocou o Congresso Nacional, 
favorecendo a luta pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Assim, tem-se a 
terceira fase da história da educação entre os anos de 1945-1964, iniciando-se com 
determinação dessa lei considerada de grande importância para a política educacional, pois 
determina que tanto o serviço público como serviço privado possa administrar o ensino no 
Brasil. Porém, somente depois de vários debates, em 1961 a lei foi sancionada. Com a demora 
na determinação, essa lei acaba por ficar desatualizada, como afirma Freitag (1980, p. 59): 
“essa lei, que procura estabelecer um compromisso entre os interesses de uma burguesia 
33 
 
nacional e os interesses das frações de classe mais tradicionais, ligadas ao capital 
internacional, em verdade já está ultrapassada, quando entra em vigor”. 
Desse modo, essa lei foi mais favorável aos interesses políticos do que a vontade 
da sociedade. O que ocorreu foi uma negação da gratuidade, pois ao permitir o ensino 
privado, o Estado está assumindo que não consegue resolver o problema educacional sozinho, 
como demonstra Freitag (1980, p. 113): “Como o governo não pode deixar de dar uma 
solução ao impasse por ser este potencialmente conflituoso, permitiu que o setor privado 
participasse de sua solução”. 
Esse período foi marcado por graves problemas econômicos, políticos e sociais, 
que se acentuavam naquela época devido ao aumento da inflação. Mas é nesse contexto 
complicado que ocorrem as mobilizações e os movimentos contra o analfabetismo. 
Com o início da ditadura militar, o governo Castello Branco pretendia estabelecer 
a ordem no quadro educacional e, assim, decreta a Constituição de 1967, que reforça a 
questão do ensino particular, estabelecido em 1961, e promove a gratuidade e obrigatoriedade 
do ensino primário de 4 para 8 anos. O Estado queria com isso mostrar uma política 
educacional igualitária, mas, na verdade, o que ocorreu novamente, segundo Freitag (1980), 
foi uma educação a serviço dos interesses econômicos, sendo os planos e projetos dos 
militares para manter a ordem e desenvolver o país. 
Nessa perspectiva de desenvolvimento, no ano de 1969 é criado pelo governo um 
programa de alfabetização. A Fundação Mobral pretendia alfabetizar jovens e adultos, não 
sendo, segundo Freitag (1980), a primeira tentativa alfabetizadora exercida. Mas é a primeira 
vez que a alfabetização é claramente vista como um investimento que interessa ao 
desenvolvimento do país. 
Seguindo com a apreciação do processo histórico da educação brasileira, 
desenvolveram-se algumas reflexões com os pensamentos do sociólogo e educador Cunha 
(2005). Ele aponta que a demanda da escolarização foi fraca devido ao rápido processo de 
industrialização que o Brasil passou desde a década de 60, como também explana que, nessa 
mesma década, os meios de comunicação ganharam grande espaço, além de mostrar que 
existe uma hipótese que explica o que contribuiu para essa fraca demanda. 
Outros problemas que o autor aborda, relacionam-se a questão da qualificação dos 
professores e o espaço onde as aulas aconteciam, onde eram colocados estudantes de várias 
séries na mesma sala, exigindo dos professores maior qualificação. 
Diante disso, entende-se que o quadro apresentado relaciona-se com as questões 
econômicas vivenciadas pelo país. Cunha (2005) relata que entre 1973 e 1985 não houve uma 
34 
 
modificação relevante no número de matriculas nas instituições de ensino público, e isso tem 
relação com o estímulo que o governo fornecia às escolas privadas. Conforme Cunha (2005, 
p. 37), 
[...] no 1º e no 2º graus, a cobertura insuficiente da rede de ensino público é uma 
justificativa para que bolsas de estudo sejam distribuídas aos alunos para 
freqüentarem escolas privadas. Assim, recursos que poderiam ser utilizados na 
ampliação da rede pública de ensino são transferidos para o setor privado, 
reforçando a carência que justificou a primeira rodada de subsídios. 
 
Com isso, o autor mostra que a privatização foi um fator marcante na 
administração da educação e apresenta o governo do presidente José Sarney como o primeiro 
presidente civil, após os anos da ditadura. Este buscou uma reforma, tentando eliminar o 
caráter autoritário, mas Cunha (2005) explica que houve apenas uma nova edição dos mesmos 
procedimentos adotados. Como na questão da valorização do ensino técnico profissional, 
visualizado como acelerador do desenvolvimento social, em que nesse governo foi realizado o 
projeto para a construção de duzentas escolas técnicas, com o Programa de Expansão e 
Melhoria do Ensino Técnico (PROTEC). 
No entanto, segundo Cunha (2005) a meta desse programa não foi considerada 
objetiva para a criação desse grande número de escolas, no qual apresenta que no final do 
governo Sarney, em 1989, apenas dezesseis novas escolas foram realmente construídas. 
Diante disso, verifica-se que os planos realizados pelos governantes não possuem 
um planejamento, como afirma Cunha (2005, p. 268): 
 
O planejamento educacional como processo não tem sido no Brasil uma forma de 
atuação do Estado, principalmente devido ao clientelismo, ao privatismo e à 
predominância de padrões autoritários, mesmo quando se buscou, de algum modo, a 
construção da democracia. 
 
Seguindo a trajetória pela história da educação, percebe-se uma grande influência 
no cenário educacional com a Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional de 1996, na qual o governo assume a política educacional como sua competência. 
Mas essa passou por vários governos, e com o presidente Collor de Mello (1990 a 1992), a 
política educacional é colocada em segundo plano. Depois, com o presidente Itamar Franco 
(1992 a 1995), tenta-se, novamente, definir apolítica da educação (PIANA, 2009). 
Abordando esse ponto em certo momento da entrevista, AS4 (2013) comenta 
sobre essa lei ao dizer que o sistema de ensino não é democrático, “porque a LDB é prova 
disso, a forma como ela foi imposta, colocada para sociedade, não é democrático”. 
35 
 
Após realizar um estudo sobre o processo histórico da educação, percebe-se que a 
deficiência na educação brasileira foi marcada desde o início de sua história, e que os avanços 
nessa área foram resultantes das lutas da população na tentativa de inserir a escola como um 
espaço para todos. Porém, essas conquistas somente foram mantidas para sustentar as classes 
dominantes e a estrutura existente, e, assim, o que prevalece não é uma educação de 
qualidade. 
Realizando um paralelo da história da educação com as informações obtidas na 
pesquisa de campo, verifica-se que apesar de todas as barreiras enfrentadas, atualmente a 
questão do ensino no Brasil avançou comparado aos anos atrás. Porém, ainda necessita de 
muitas melhoras, pois ao perguntar às entrevistadas o que elas pensam a respeito do modelo 
atual de ensino e se elas consideram o sistema educacional democrático, elas afirmam que: 
 
É a mesma oportunidade. Igual, igual, realmente a gente não pode dizer que sim, 
porque a gente vem de um sistema, nós somos fruto de um sistema que ele por si só, 
ele é altamente excludente, né, o sistema capitalista. Então, assim, ele deu muitas 
melhoras, sem dúvida, grandes avanços, mas, assim, se você realmente for fazer 
uma comparação com dez ou quinze anos atrás, está cem por cento melhor; muitas 
pessoas estão tendo mais acesso que não tinha, não se via há alguns anos atrás; Mas 
dizer ter a mesma oportunidade, a gente acredita que não [...] (AS1, 2013) 
 
Em parte sim. Em parte ele é democrático, porque hoje ele dá acesso, isso a gente 
não tem nem como negar. Se a gente comparar com anos anteriores, o acesso era 
bem mais difícil. Ele dá acesso, mas ele é democrático nesse sentido, porque ele dá 
acesso, mas no passo que ele dá acesso ele tem que melhorar a qualidade, ele não 
pode ficar só nesse sentido de cotas e tal. Ok! Mas cadê a política paralelo a isso, a 
longo prazo? As cotas, elas deveria ter um prazo de tantos anos, que é exatamente o 
tempo dos governos. Vamos investir nas escolas de bases e no ensino fundamental, 
para que não sejam mais necessárias as cotas. Ele não é democrático nesse sentido. 
É e não é, em parte. (AS2, 2013) 
 
Olha, o modelo de ensino no Brasil em si, eu acredito que ele tem que melhorar 
muito, muito, muito. Porque, assim, é contado as exceções que não visam a 
formação para o mercado, né? E que formação nós estamos dando? Então, nós 
temos que alinhar uma formação crítica, como eu disse. Lógico que o mercado é 
importante, mas que você tenha condições de fazer uma análise de conjuntura, você 
tenha uma visão plena do que lhe rodeia. Se nós partimos do pressuposto de 
democrático ser acesso, eu acredito que de uns anos para cá, o acesso ele se tornou 
mais democrático dentro das diversas camadas sociais. Eu acredito que nessa visão 
ele está se tornando cada dia mais democrático. (AS3, 2013) 
 
Com esses relatos, identifica-se que o que ocorreu foi apenas uma transformação 
das problemáticas de acordo com o tempo, pois ainda hoje continua a luta pela igualdade de 
uma educação de qualidade para todos. 
Mas, como se vive em uma sociedade capitalista, na qual o que prevalece são os 
interesses econômicos, a educação é um setor que vai ficando para trás, pois, de acordo com a 
36 
 
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, 2008)
3
, o 
Brasil está entre os 53 países que ainda não alcançaram e estão longe de alcançar os objetivos 
de uma educação para todos. 
Como o sistema educacional público brasileiro não oferece uma educação de 
qualidade, contribui e alimenta a lógica do capital, visto que se a população necessita de uma 
educação eficiente, ela precisa pagar para adquirir esse serviço. 
 
[...] as propostas neoliberais em matéria de política educacional se orientam pela 
lógica do mercado, pelas leis da oferta e da procura. A ação do Estado em matéria de 
educação se reduz a garantir uma educação básica geral, deixando os outros níveis 
de ensino sujeitos às leis do mercado. Ele se encarregará de premiar as escolas de 
melhor qualidade, punindo as ineficientes com a restrição da demanda 
(BONAMINO, 1993, p. 7). 
 
Para que as instituições educacionais ofereçam um ensino de qualidade, é 
necessário um investimento na política de educação, para que essa não desenvolva um 
trabalho somente de quantidade, mas sim de qualidade, envolvendo a educação dentro dos 
interesses do país. Conforme um ranking sobre a qualidade da educação
4
, no qual incluía 40 
países e o Brasil ocupou o 39º lugar no ranking de educação, mostrando que o fator educação 
de qualidade não é um elemento preocupante para os nossos governantes, embora a educação 
seja um investimento necessário para o desenvolvimento do país, como bem lembra Antônio 
Filho (2008)
5
: 
 
Educação é um catalisador e, portanto, fator determinante no desenvolvimento de 
qualquer nação. A educação é a principal ferramenta para capacitar o capital humano 
qualificado, cada vez mais necessário, na era atual. Sem qualificação é, 
praticamente, impossível a uma nação se manter e competir na era do conhecimento. 
 
Diante disso, torna-se necessário que a questão do ensino de qualidade seja 
encarada pelos governantes com objetivo e foco, pois não existe solução para as 
problemáticas da educação, sem a vontade dos políticos que estão no poder para a 
representação do povo. Porém, não basta apenas construir projetos para a construção de 
escolas, mas sim alterar o sistema educacional, pois o que acontece é que os representantes 
 
3
O relatório Monitoramento de Educação para todos Brasil 2008 - Educação para todos em 2015: alcançaremos 
a meta?, divulgado em 2008 pela UNESCO, utilizou dados referentes a 2005. Disponível em: 
<http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/education/education-for-all/education-for-all-goals/>. 
Acesso em: 20/10/2013. 
4
A pesquisa foi divulgada em 2012 e levou em consideração os dados coletados em 2006 e 2010. Disponível em: 
<http://www.cartacapital.com.br/educacao/ranking-de-educacao-com-40-paises-coloca-o-brasil-em-penultimo-
lugar>. Acesso em: 14/11/2013. 
5
Disponível em:< http://www.espacoacademico.com.br/084/84amsf.htm >. Acesso em: 14/11/2013. 
37 
 
preocupam-se apenas em realizar obras para continuar se mantendo no poder. Conforme 
afirma Tomazi (1997, p.71): 
 
No Brasil, há muito tempo, há mais interesse em se aplicarem recursos na 
construção de escolas, de modo a privilegiar os aspectos quantitativos da educação 
em detrimento dos aspectos qualitativos. Implementar recursos pedagógicos, 
qualificar o corpo docente ou até mesmo contratar mais professores, pagar melhores 
salários, enfim, adequar a escola a uma situação em que o professor possa ministrar 
um ensino de qualidade não é objetivo de nossos governantes, pois isso não lhes dá 
dividendos eleitorais, uma vez que a própria sociedade cobra pouco esse tipo de 
ação. Obras públicas, como asfalto, pontes e viadutos, parecem agradar mais aos 
eleitores, „perpetuando‟ a gestão dos governantes. 
 
Nessa perspectiva, percebe-se que a população brasileira em vez de se organizar 
para ir em busca de uma melhoria coletiva e exigir dos governantes escolas com ensino de 
qualidade, pelo contrário: paga para adquirir esses serviços e se contenta com o que seus 
olhos podem visualizar, como as grandes quantidades de obras intermináveis realizadas pelos 
governantes. 
 
2.3 A educação como uma questão de direito. 
 
Diversas transformações ocorreram na sociedade, durante as quais vários direitos 
foram conquistados, tais como o da educação.

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