Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO CIVIL QUESTÃO 01. Por intermédio da Lei nº. 12.376/2010, a Lei de Introdução ao Código Civil – LICC – passou a se chamar oficialmente de “Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro” - LINDB. Para além de uma alteração meramente formal, a mudança na nomenclatura da referida lei marca o reconhecimento do status do Decreto-Lei Nº. 4.657/1942 como uma verdadeira norma de sobredireito, metanorma ou lex legum, razão pela qual, inclusive, parte da doutrina a reputa como uma norma de caráter constitucional. Acerca da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, assinale a alternativa correta: a) Consoante princípio da obrigatoriedade simultânea, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de promulgada. b) Pelo princípio da continuidade, a lei terá vigor até que outra a modifique ou a revogue, ainda que se trate de lei de vigência temporária. c) As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. d) Caso a lei revogadora perca vigência, a lei revogada será restaurada. e) Consoante entendimento doutrinário dominante e previsão da LINDB, é possível o non liquet no direito brasileiro. RESPOSTA: Alternativa C. COMENTÁRIOS: ALTERNATIVA A: INCORRETA. O princípio da obrigatoriedade simultânea, ou do sistema sincrônico, vem previsto expressamente no art. 1º, caput, da LINDB, que dispõe que a lei começa a vigor em todo o pais quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada: Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. ALTERNATIVA B: INCORRETA. O princípio da continuidade das normas vem previsto no art. 2º da LINDB. Contudo, ele não se aplica às leis temporárias: Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. A lei temporária, por possuir um caráter transitório, perdura apenas durante o período previsto para sua vigência. ALTERNATIVA C: CORRETA. Trata-se da literalidade do art. 1º, §4º, da LINDB, que assim dispõe: Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. (…) § 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. ALTERNATIVA D: INCORRETA. A repristinação consiste na restauração da norma revogada, como consequência da perda de vigência da lei revogadora. No Direito brasileiro, a regra é a não ocorrência da repristinação, tendo em vista o previsto no art. 2º, §3º, da LINDB: Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. (…) § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. ALTERNATIVA E: INCORRETA. O non liquet era instituto advindo do Direito Romano que permitia ao magistrado se abster de julgar determinado caso em virtude de omissão legal. No ordenamento jurídico brasileiro, contudo, o juiz não pode se escusar de decidir alegando lacuna na lei, razão pela qual a doutrina fala, em verdade, no princípio da vedação ao non liquet. Tal princípio pode ser extraído diretamente da LINDB, em seu art. 4º: Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. GABARITO: C QUESTÃO 02. Acerca dos direitos da personalidade e o entendimento jurisprudencial dominante no âmbito dos tribunais superiores, assinale a alternativa incorreta: a) A pretensão de reconhecimento de ofensa a direito da personalidade é imprescritível. b) A continuidade do uso do sobrenome do ex-cônjuge, à exceção dos impedimentos elencados pela legislação civil, afirma-se como direito inerente à personalidade, integrando- se à identidade civil da pessoa e identificando-a em seu entorno social e familiar c) O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, assentado no princípio da dignidade da pessoa humana. d) O dano moral extrapatrimonial atinge direitos de personalidade do grupo ou da coletividade como realidade massificada, sendo necessária, para o seu reconhecimento, a demonstração da dor, da repulsa ou da indignação, pois a sua avaliação deve ser personalizada. e) O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no registro civil, exigindo-se, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, em respeito aos princípios da identidade e da dignidade da pessoa humana, inerentes à personalidade. RESPOSTA: Alternativa D. COMENTÁRIOS: ALTERNATIVA A: CORRETA. Trata-se da literalidade do entendimento jurisprudencial veiculado na EDIÇÃO Nº. 137 do JURISPRUDÊNCIA EM TESES do STJ: A pretensão de reconhecimento de ofensa a direito da personalidade é imprescritível. REsp 1782024/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/05/2019, DJe 09/05/2019 ALTERNATIVA B: CORRETA. Trata-se da literalidade do entendimento jurisprudencial veiculado na EDIÇÃO Nº. 138 do JURISPRUDÊNCIA EM TESES do STJ: A continuidade do uso do sobrenome do ex-cônjuge, à exceção dos impedimentos elencados pela legislação civil, afirma-se como direito inerente à personalidade, integrando-se à identidade civil da pessoa e identificando-a em seu entorno social e familiar. REsp 1732807/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/08/2018, DJe 17/08/2018 ALTERNATIVA C: CORRETA. Trata-se da literalidade do entendimento jurisprudencial veiculado na EDIÇÃO Nº. 138 do JURISPRUDÊNCIA EM TESES do STJ: O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, assentado no princípio da dignidade da pessoa humana. AgInt no REsp 1477031/MG, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 26/08/2019, DJe 02/09/2019 ALTERNATIVA D: INCORRETA. Consoante entendimento jurisprudencial do STJ, o dano moral coletivo é in re ipsa, ou seja, deriva do fato por si só, não havendo portanto a necessidade de comprovar a existência de dor, repulsa ou indignação tal qual fosse um indivíduo isolado, tendo em vista que a avaliação que se faz é puramente objetiva, existindo dano quando a conduta praticada pelo agente agride valores normativos fundamentais à sociedade. Nesse sentido, na EDIÇÃO Nº. 138 do JURISPRUDÊNCIA EM TESES do STJ, foi veiculado tese em sentido diametralmente oposta ao que a alternativa dispõe: O dano moral extrapatrimonial atinge direitos de personalidade do grupo ou da coletividade como realidade massificada, não sendo necessária a demonstração de da dor, da repulsa, da indignação, tal qual fosse um indivíduo isolado. AgInt no REsp 1712940/PE, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/09/2019, DJe 09/09/2019 ALTERNATIVA E: CORRETA. Trata-se da literalidade do entendimento jurisprudencial veiculado na EDIÇÃO Nº. 138 do JURISPRUDÊNCIA EM TESES do STJ: O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no registro civil, exigindo- se, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, em respeito aos princípios da identidade e da dignidade da pessoa humana, inerentes à personalidade. REsp 1561933/RJ, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/03/2018, DJe 23/04/2018 GABARITO: D. QUESTÃO 03. Analise as assertivas a seguir acerca das obrigações indivisíveis e solidárias e, depois, assinale a alternativa correta: I – A obrigação indivisível que se resolver em perdas e danos, ainda que por culpa de um só devedor, não enseja a exoneração dos outros, não perdendo a sua qualidade de indivisível. II - A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. III – Na solidariedade passiva, todos os devedoresrespondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um dos devedores a) Apenas a assertiva I está correta b) Apenas a assertiva II está correta c) Apenas as assertivas I e II estão corretas d) Apenas as assertivas II e III estão corretas e) Todas as assertivas estão corretas RESPOSTA: Alternativa D. COMENTÁRIOS: ASSERTIVA I: INCORRETA. As obrigações indivisíveis são aquelas nas quais o objeto da prestação, seja por sua natureza, motivo de ordem econômica, ou pela razão determinante do negócio jurídico, não é suscetível de divisão, nos termos do art. 258, do CC. Art. 258, CC. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. Acerca de tais obrigações, dispõe o Código Civil, de maneira expressa, que perdem a qualidade de indivisíveis caso se resolvam em perdas e danos: Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. § 1º Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. § 2º Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. Portanto, assertiva incorreta. ASSERTIVA II: CORRETA. As obrigações solidárias são aquelas nas quais concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda, nos termos do art. 264, do Código Civil. Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. A solidariedade, por sua vez, pode ser ativa ou passiva SOLIDARIEDADE ATIVA Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro. SOLIDARIEDADE PASSIVA Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Nas obrigações solidárias, o Código Civil estabelece expressamente que o devedor não pode opor, contra um dos credor solidários, exceções que sejam pessoais oponíveis ao(s) outro(s). Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. Portanto, assertiva correta. ASSERTIVA III: CORRETA. Trata-se de disposição expressa no Código Civil acerca dos efeitos da solidariedade passiva, já explicada no comentário anterior. Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. Portanto, assertiva correta. GABARITO: D. QUESTÃO 04. No que diz respeito ao tratamento da cláusula penal no âmbito do ordenamento jurídico brasileiro e do entendimento dos tribunais superiores, marque a alternativa correta: a) A cláusula penal inserta em contratos bilaterais, onerosos e comutativos deve voltar-se aos contratantes indistintamente, ainda que redigida apenas em favor de uma das partes. b) Ainda que o devedor incorra de pleno direito na cláusula penal, o credor necessitará provar o seu prejuízo para que a cláusula incida. c) A cláusula penal é classificada como disjuntiva quanto, estipulada para o caso de mora, puder ser satisfeita juntamente com o desempenho da obrigação principal. d) A cláusula penal pode também ser entendida como sinônimo de multa penitencial. e) O valor da cominação imposta na cláusula penal pode exceder o da obrigação principal. RESPOSTA: Alternativa A. COMENTÁRIOS: ALTERNATIVA A: CORRETA. Trata-se de pacífico entendimento jurisprudencial do STJ acerca da possibilidade de inversão da cláusula penal, em observância aos princípios da boa-fé contratual e da equidade. É a literalidade do entendimento do STJ: RECURSO ESPECIAL - CONTRATO BILATERAL, ONEROSO E COMUTATIVO - CLÁUSULA PENAL - EFEITOS PERANTE TODOS OS CONTRATANTES - REDIMENSIONAMENTO DO QUANTUM DEBEATOR -NECESSIDADE - RECURSO PROVIDO. 1. A cláusula penal inserta em contratos bilaterais, onerosos e comutativos deve voltar-se aos contratantes indistintamente, ainda que redigida apenas em favor de uma das partes. 2. A cláusula penal não pode ultrapassar o conteúdo econômico da obrigação principal, cabendo ao magistrado, quando ela se tornar exorbitante, adequar o quantum debeatur. 3 (REsp 1119740 / RJ, 27/09/2011) Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA B: INCORRETA. A desnecessidade de provar o prejuízo e a sua prefixação através de cláusula penal é uma das grandes características e vantagens deste instituto. Assim, o Código Civil prevê, de maneira expressa, em seu art. 416, a desnecessidade de prova do prejuízo por parte do credor: Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo. Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente. Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA C: INCORRETA. A alternativa, na verdade, confundiu os institutos da cláusula penal disjuntiva com cláusula penal cumulativa. A cláusula penal é classificada como DISJUNTIVA quando o credor possua a alternativa de exigir a cláusula penal ou o cumprimento da obrigação, consoante dispõe expressamente o art. 410 do CC: Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor. A cláusula penal CUMULATIVA, por sua vez, é aquela que pode ser exigida juntamente com o desempenho da obrigação principal, sendo prevista expressamente no art. 411 do CC: Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal. Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA D: INCORRETA. A cláusula penal não se confunde com a multa penitencial ou multa rescisória. Enquanto a multa penitencial é devida como compensação decorrente do arrependimento, a cláusula penal se refere a uma inexecução contratual. Assim, enquanto o devedor incorra na cláusula penal quando deixa de cumprir sua obrigação ou se constitua em mora, a teor do que dispõe o art. 408, do CC, A multa penitencial é cabível nos casos de resilição unilateral do contrato (“quebra de contrato”). Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA E: INCORRETA. A cláusula penal não pode exceder o valor da obrigação principal, consoante dispõe expressamente o art. 412 do Código Civil: Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal. Portanto, alternativa incorreta. GABARITO: A QUESTÃO 05. Conquanto tradicionalmente o contrato seja compreendido como um “acordo de vontades”, as necessidades contemporâneas e o influxo dos princípios constitucionais no âmbito das relações interprivadas, que acarretaram na repersonificação do Direito Civil como um todo, levaram doutrinadores a se debruçarem, novamente, sob o conceito deste instituto milenar. Nesta senda, PAULO NALIN (2005) conceitua o contrato como “uma relação jurídica subjetiva, nucleada na solidariedade constitucional”, “destinado à produção de efeitos jurídicos existenciais e patrimoniais, não só entre os titulares subjetivos da relação, como também perante terceiros.”. Acerca da visão contemporânea do contrato, é correto afirmar, exceto:a) A cessão de posição contratual é figura admitida pelo ordenamento jurídico, consubstanciada na transmissão de obrigações em que uma das partes de um contrato (cedente) vê-se substituída por terceiro (cessionário), o qual assume a posição do contratante original; sendo certa, portanto, a existência de dois negócios jurídicos distintos: i) o contrato-base e (ii) o contrato-instrumento. Justamente em virtude deste feixe de obrigações que serão transmitidas, a anuência do cedido é necessária ainda que quitadas as obrigações relativas ao contrato-base b) função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito. c) Com o advento do Código Civil de 2002, houve forte aproximação principiológica entre esse Código e o Código de Defesa do Consumidor no que respeita à regulação contratual, uma vez que ambos são incorporadores de uma nova teoria geral dos contratos. d) A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana. e) As cláusulas abusivas não ocorrem exclusivamente nas relações jurídicas de consumo. Dessa forma, é possível a identificação de cláusulas abusivas em contratos civis comuns, como, por exemplo, aquela estampada no art. 424 do Código Civil de 2002. RESPOSTA: Alternativa A COMENTÁRIOS: ALTERNATIVA A: INCORRETA. A cessão de posição contratual consiste justamente nesta transmissão integral de obrigações contratuais a um terceiro estranho ao negócio jurídico bilateral originariamente pactuado. Contudo, embora a cessão de posição contratual exija, em regra, a anuência do cedido, a jurisprudência do STJ mitiga esta exigência na hipótese, por exemplo, de as obrigações relativas ao contrato base estarem integralmente quitadas. É o entendimento doutrinário a respeito da cessão de posição contratual que foi adotado pelo próprio STJ: DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CESSÃO DE POSIÇÃO CONTRATUAL. ANUÊNCIA DO CEDIDO. EFEITOS DA CESSÃO EM RELAÇÃO AO CEDENTE. RELEV NCIA QUANTO À POSSIBILIDADE DE INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. 1. A cessão de posição contratual é figura admitida pelo ordenamento jurídico, mormente ante o disposto nos arts. 421 e 425 do CC, consubstanciada na transmissão de obrigações em que uma das partes de um contrato (cedente) vê-se substituída por terceiro (cessionário), o qual assume integralmente o conjunto de direitos e deveres, faculdades, poderes, ônus e sujeições originariamente pertencentes àquele contratante original; sendo certa, portanto, a existência de dois negócios jurídicos distintos: (i) o contrato-base, em que se insere a posição a ser transferida; e (ii) o contrato-instrumento, o qual veicula a transferência propriamente dita. 2. A anuência do cedido é elemento necessário à validade do negócio jurídico, residindo sua finalidade na possibilidade de análise, pelo cedido, da capacidade econômico-financeira do cessionário, de molde a não correr o risco de eventual inadimplemento; nesse ponto, assemelhando-se à figura do assentimento na assunção de dívida. 3. Malgrado, portanto, a obrigatoriedade da anuência, esta assume capital relevância tão somente no que tange aos efeitos da cessão em relação ao cedente, haja vista que, vislumbrando o cedido a possibilidade de inadimplemento do contrato principal pelo cessionário, pode impor como condição a responsabilidade subsidiária do cedente, não lhe permitindo a completa exoneração, o que, de regra, deflui da transmissão da posição contratual. 4. No caso concreto, uma vez quitadas as obrigações relativas ao contrato-base, a manifestação positiva de vontade do cedido em relação à cessão contratual torna-se irrelevante, perdendo sua razão de ser, haja vista que a necessidade de anuência ostenta forte viés de garantia na hipótese de inadimplemento pelo cessionário. Dessa forma, carece ao cedido o direito de recusa da entrega da declaração de quitação e dos documentos hábeis à transferência da propriedade, ante a sua absoluta falta de interesse (REsp 1036530/SC, Rel. Ministro MARCO BUZZI, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 25/03/2014, DJe 15/08/2014). Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA B: CORRETA. A tutela externa do crédito, ou teoria do terceiro cúmplice, consiste na possibilidade de um terceiro vir a ser responsabilizado por interferir em determinada relação contratual. O enunciado da alternativa, por sua vez, é entendimento doutrinário esposado de maneira expressa em enunciado da CJF, que admite tal figura no ordenamento jurídico brasileiro: I Jornada de Direito Civil, Enunciado 21 - A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA C: CORRETA. Trata-se da teoria do DIÁLOGO DAS FONTES, que leva a uma conexão intersistemática entre os diplomas consumerista e civil, conforme doutrina de LEONARDO GARCIA (2019). Ambos os diplomas inauguram uma nova teoria contratual, ampliando benefícios à parte vulnerável, visando instituir uma igualdade material no âmbito das relações privadas. O enunciado da alternativa, por sua vez, é entendimento doutrinário esposado de maneira expressa em enunciado da CJF: III Jornada de Direito Civil, Enunciado 167 - Com o advento do Código Civil de 2002, houve forte aproximação principiológica entre esse Código e o Código de Defesa do Consumidor no que respeita à regulação contratual, uma vez que ambos são incorporadores de uma nova teoria geral dos contratos. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA D: CORRETA. A função social dos contratos é princípio previsto expressamente no art. 421, do CC, mas que já era reconhecido muito antes da positivação: Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) Este princípio representa uma atenuação do princípio da liberdade contratual, justamente porque busca conciliar os interesses individuais com os interesses da coletividade, servindo de ponderação entre os valores econômicos e a justiça social. O enunciado da alternativa, por sua vez, é entendimento doutrinário esposado de maneira expressa em enunciado da CJF: I Jornada de Direito Civil, Enunciado 23 - A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA E: CORRETA. Novamente, está-se diante da teoria do DIÁLOGO DAS FONTES, na medida em que um conceito trazido pelo Código de Defesa do Consumidor apresenta aplicabilidade nas relações contratuais civis. O princípio da boa-fé contratual, previsto expressamente no art. 422, do CC, possui função controladora, limitando o exercício de abusivo de direitos. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. O enunciado da alternativa, por sua vez, é entendimento doutrinário esposado de maneira expressa em enunciado da CJF: III Jornada de Direito Civil - Enunciado 172 - As cláusulasabusivas não ocorrem exclusivamente nas relações jurídicas de consumo. Dessa forma, é possível a identificação de cláusulas abusivas em contratos civis comuns, como, por exemplo, aquela estampada no art. 424 do Código Civil de 2002. Portanto, alternativa correta. GABARITO: A QUESTÃO 06. Acerca da Teoria Geral dos Contratos, assinale a alternativa correta de acordo com as dispões do Código Civil. a) Os contratos empresariais presumem-se paritários e simétricos. Já nos contratos civis, por sua vez, esta presunção pode ser afastada na presença de elementos abstratos que a justifiquem. b) Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. c) Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se- á adotar a interpretação mais favorável aos interesses econômicos de quem redigiu a cláusula, respeitando-se, assim, a autonomia da vontade entre as partes. d) Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que recebida a proposta. e) A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará em celebração do contrato no momento em que expedida. RESPOSTA: Alternativa B COMENTÁRIOS ALTERNATIVA A: INCORRETA. Tanto os contratos empresariais como os civis presumem-se paritários e simétricos, conforme dispõe o Código Civil. Apenas a demonstração, através de elementos concretos, permite o afastamento desta presunção que, portanto, será ônus de quem alega. Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que: I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. (Artigo acrescido pela Lei nº 13.874, de 20/9/2019) Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA B: CORRETA. Consiste na VEDAÇÃO AO PACTA CORVINA, prevista expressamente no Código Civil: Art. 426, CC: Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA C: INCORRETA. A cláusula será interpretada da maneira mais favorável ao aderente. Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA D: INCORRETA. Pela literalidade do CC, o contrato se presume celebrado no local em que proposto Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA E: INCORRETA. A aceitação fora do prazo se considera nova proposta, não acarretando, portanto, celebração automática do contrato: Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. Portanto, alternativa incorreta. GABARITO: B QUESTÃO 07. Analise as assertivas a seguir acerca da disciplina dos vícios redibitórios no Código Civil e na jurisprudência dos tribunais superiores, depois, assinale a alternativa correta: I - Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo para reclamar contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de trinta, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis II - A natureza da arrematação, assentada pela doutrina e pela jurisprudência, afasta a natureza negocial da compra e venda, por isso que o adquirente de bem em hasta pública não tem a garantia dos vícios redibitórios III – A disciplina dos vícios redibitórios é inaplicável às doações, ainda que onerosas. a) Apenas a assertiva I está correta b) Apenas a assertiva II está correta c) Apenas as assertivas I e II estão corretas d) Apenas as assertivas II e III estão corretas e) Todas as assertivas estão corretas RESPOSTA: Alternativa B COMENTÁRIOS: ASSERTIVA I: INCORRETA. Pela disciplina dos vícios redibitórios, o adquirente possui o prazo de 30 dias para reclamar de vícios em bens móveis e 01 ano em bens imóveis. Contudo, se o vício oculto apenas pudesse ser conhecido mais tarde, o agente possui até 180 dias (móveis) ou 01 ano (imóveis) para “descobrir” o vício, sendo que o prazo de 30 dias/ 01 ano para reclamar irá contar desta data em que o vício se tornar conhecido: Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. § 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. Portanto, assertiva incorreta. ASSERTIVA II: CORRETA. Consoante entendimento jurisprudencial consolidado do STF, não há que se falar em possibilidade de reclamar vícios redibitórios em bem arrematado. Nesse sentido, é o entendimento do STF: A natureza da arrematação, assentada pela doutrina e pela jurisprudência, afasta a natureza negocial da compra e venda, por isso que o adquirente de bem em hasta pública não tem a garantia dos vícios redibitórios (...) (REsp 625.322/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/05/2004, DJ 14/06/2004, p. 184) Portanto, assertiva correta. ASSERTIVA III: INCORRETA. A disposição dos vícios redibitórios é aplicável às doações onerosas. Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. Portanto, assertiva incorreta. GABARITO: B QUESTÃO 08. Assinale a alternativa correta acerca do regime jurídico legal da doação a) . A doação feita em contemplação do merecimento do donatário perde o caráter de liberalidade b) A doação somente poderá ser realizada por escritura pública. c) Se o donatário for nascituro, dispensa-se a aceitação, desde que se trate de doação pura. d) Aplica-se às pretensões declaratórias de nulidade de doações inoficiosas o prazo prescricional decenal do CC/02 e) A revogação por ingratidão deverá ser pleiteada dentro de dois anos, a contar de quando o fato chegue ao conhecimento do doador. RESPOSTA: Alternativa D COMENTÁRIOS ALTERNATIVA A: INCORRETA. A alternativa contradiz disposição expressa do Código Civil: Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto. Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA B: INCORRETA. Pode-se doar por escritura pública ou instrumento particular e, de maneira excepcional, inclusive verbalmente: Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição. Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA C: INCORRETA. A alternativa confunde o tratamento dado ao nascituro e ao absolutamente incapaz. Como o nascituro ainda não nasceu, há necessidade de aceitação por seu representante legal: Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal. Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação,desde que se trate de doação pura. Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA D: CORRETA. Apesar de muito criticado pela doutrina, o entendimento jurisprudencial do STJ é no sentido de que a doação inoficiosa, isto é, aquela na qual o doador excede ao que poderia dispor no momento da liberalidade, possui prazo prescricional de 10 anos. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE DOAÇÃO E PARTILHA. BENS DOADOS PELO PAI À IRMÃ UNILATERAL E À EX-CÔNJUGE EM PARTILHA. DOAÇÃO INOFICIOSA. PRESCRIÇÃO. PRAZO DECENAL, CONTADO DA PRÁTICA DE CADA ATO. ARTS. ANALISADOS: 178, 205, 549 E 2.028 DO CC/16. 1. Ação declaratória de nulidade de partilha e doação ajuizada em 7/5/2009. Recurso especial concluso ao Gabinete em 16/11/2011. 2. Demanda em que se discute o prazo aplicável a ação declaratória de nulidade de partilha e doação proposta por herdeira necessária sob o fundamento de que a presente ação teria natureza desconstitutiva porquanto fundada em defeito do negócio jurídico. 3. Para determinação do prazo prescricional ou decadencial aplicável deve-se analisar o objeto da ação proposta, deduzido a partir da interpretação sistemática do pedido e da causa de pedir, sendo irrelevante o nome ou o fundamento legal apontado na inicial. 4. A transferência da totalidade de bens do pai da recorrida para a ex-cônjuge em partilha e para a filha do casal, sem observância da reserva da legítima e em detrimento dos direitos da recorrida caracterizam doação inoficiosa. 5. Aplica-se às pretensões declaratórias de nulidade de doações inoficiosas o prazo prescricional decenal do CC/02, ante a inexistência de previsão legal específica. Precedentes. 6. Negado provimento ao recurso especial. (REsp 1321998 / RS, 07/08/2014) O entendimento é criticado justamente porque, às ações declaratórias, não se aplica o prazo prescricional, mas o decadencial; e, não havendo previsão expressa de prazo decadencial, não se poderia aplicar qualquer outro prazo, tratando-se de caso de imprescritibilidade. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA E: INCORRETA. O prazo para pleitear a revogação da doação por ingratidão caduca em 01 ano: Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor. Portanto, alternativa incorreta. GABARITO: D QUESTÃO 09. No que tange ao contrato de seguro, é correto afirmar que a) Em caso de perda total decorrente de incêndio, sem que se possa precisar o valor dos prejuízos no imóvel segurado, será devido o valor integral da apólice b) A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença preexistente, é ilícita se não houve a exigência de exames médicos prévios à contratação ou a demonstração de má-fé do segurado. c) embriaguez do segurado, por si só, exime o segurador do pagamento de indenização prevista em contrato de seguro de vida. d) O suicídio não é coberto nos dois primeiros anos de vigência do contrato de seguro de vida, ressalvado o direito do beneficiário à devolução do montante da reserva técnica formada e) No seguro de vida em grupo, em regra, a estipulante qualifica-se como mera mandatária dos segurados, e não como terceira para fins da relação securitári RESPOSTA: Alternativa C COMENTÁRIOS: ALTERNATIVA A: CORRETA. Trata-se de entendimento jurisprudencial do STJ veiculado em informativo: Em caso de perda total decorrente de incêndio, sem que se possa precisar o valor dos prejuízos no imóvel segurado, será devido o valor integral da apólice. AgInt no REsp 1511925/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 16/08/2018, DJe 24/08/2018 Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA B: CORRETA. Trata-se de entendimento jurisprudencial sumulado do STJ: Súmula 609 do STJ: A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença preexistente, é ilícita se não houve a exigência de exames médicos prévios à contratação ou a demonstração de má-fé do segurado. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA C: INCORRETA. A alternativa vai em sentido contrário ao entendimento sumulado do STJ: Súmula 620-STJ: A embriaguez do segurado não exime a seguradora do pagamento da indenização prevista em contrato de seguro de vida. Atente-se que esse é o entendimento para o seguro de vida; para o seguro de dano, o entendimento é diverso. O entendimento adotado pelo STJ possui embasamento na Carta Circular SUSEP/DETEC/GAB n° 08/2007: 1) Nos Seguros de Pessoas e Seguros de Danos, é VEDADA A EXCLUSÃO DE COBERTURA na hipótese de “sinistros ou acidentes decorrentes de atos praticados pelo segurado em estado de insanidade mental, de alcoolismo ou sob efeito de substâncias tóxicas”. 2) Excepcionalmente, nos Seguros de Danos cujo bem segurado seja um VEÍCULO, é ADMITIDA A EXCLUSÃO DE COBERTURA para “danos ocorridos quando verificado que o VEÍCULO SEGURADO foi conduzido por pessoa embriagada ou drogada, desde que a seguradora comprove que o sinistro ocorreu devido ao estado de embriaguez do condutor Assim, em relação ao seguro de dano, há presunção relativa de agravamento do sinistro: Constatado que o condutor do veículo estava sob influência do álcool (causa direta ou indireta) quando se envolveu em acidente de trânsito - fato esse que compete à seguradora comprovar -, há presunção relativa de que o risco da sinistralidade foi agravado, a ensejar a aplicação da pena do art. 768 do CC. Por outro lado, a indenização securitária deverá ser paga se o segurado demonstrar que o infortúnio ocorreria independentemente do estado de embriaguez (como culpa do outro motorista, falha do próprio automóvel, imperfeições na pista, animal na estrada, entre outros). (REsp 1485717/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/11/2016, DJe 14/12/2016) Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA D: CORRETA. Trata-se de entendimento jurisprudencial sumulado do STJ: Súmula 610 do STJ: O suicídio não é coberto nos dois primeiros anos de vigência do contrato de seguro de vida, ressalvado o direito do beneficiário à devolução do montante da reserva técnica formada Veja-se que, antigamente, a jurisprudência era no sentido de que o fato de o suicídio ter ocorrido nos dois primeiros anos do contrato de seguro, por si só, não eximia a seguradora do dever de indenizar, sendo necessária a comprovação inequívoca de que o segurado suicida contratou o seguro de forma premeditada. Neste sentido, inclusive, era o entendimento da súmula 61, do STJ, que foi CANCELADA: “o seguro de vida cobre o suicídio não premeditado” e também da súmula 105, do STF, editada antes da CF/88: “Salvo se tiver havido premeditação, o suicídio do segurado no período contratual de carência não exime o segurador do pagamento do seguro.” Esta posição era muito mais favorável ao beneficiário do seguro. Contudo, conforme já explicado, o entendimento atual está consubstanciado na súmula 610, STJ. O entendimento exarado pela Súmula 610 visa interpretar o alcance do disposto no art. 798, do CC, estabelecendo uma presunção absoluta de premeditação, e é o entendimento atualmente vigente. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA E: CORRETA. Trata-se de entendimento jurisprudencial do STJ veiculado em informativo: No seguro de vida em grupo, em regra, a estipulante qualifica-se como mera mandatária dos segurados, e não como terceira para fins da relação securitária. AgRg no REsp 1439696/CE,Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA,Julgado em 12/12/2017,DJE 01/02/2018 Portanto, alternativa correta. GABARITO: C QUESTÃO 10. Um dos temas mais conflituosos no âmbito do direito consiste na definição da natureza jurídica da posse. Parte da doutrina afirma que a posse é uma situaçãofática, enquanto outra parte afirma que se trata de um direito. PONTES DE MIRANDA, em seu Tratado de Direito Privado, soluciona tal imbróglio, afirmando, que posse é suporte fático que compõe outros fatos jurídicos (direitos), adotando, portanto, uma posição intermediária. (PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de direito privado. Tomo X. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012) Acerca do instituto da posse, é correto afirmar, exceto: a) É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral. b) A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias. c) Não é possível a conversão da detenção em posse, ainda que rompida a subordinação, entre o fâmulo da posse e o dono ou possuidor da coisa. d) Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. e) Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. RESPOSTA: Alternativa C COMENTÁRIOS: ALTERNATIVA A: CORRETA. Trata-se de enunciado de Súmula do STJ, que reforça o caráter do corpus da posse, ou seja, a apreensão física do bem. A doutrina majoritária, abraçada pelo STJ nesta súmula, defende que apenas objetos corpóreos podem ser possuídos. SÚMULA 228, STJ: É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA B: CORRETA. Trata-se do teor da Súmula 619, do STJ, que afirma a impossibilidade de exercer posse sobre bens públicos: Súmula 619, STJ - A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias. A rigor, a súmula condensa enunciado criticado pela doutrina, porque o particular que se fixa em bem público pode inclusive defender a posse do bem público contra terceiros, por meio das ações possessórias. Segundo a doutrina esta posse, não é ad usucapionem, dada a restrição prevista na CF/1988, mas isto seria diferente de afirmar que se trata de mera detenção. O entendimento do STJ, contudo, é no sentido que se trata de “posse degradada”, ou detenção, na medida em que a natureza de bem público descaracteriza a posse e sua proteção legal. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA C: INCORRETA. A detenção trata-se de “posse degradada”, ou seja, é a posse descaracterizada como tal pela lei. No Código Civil, o art. 1,198 dispõe sobre a descaracterização da posse: Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Assim, se o agente conserva o bem em nome de outrem (fâmulo da posse), será considerado mero detentor. Contudo, é possível que esta subordinação seja rompida, ainda que por violência, hipótese na qual o detentor passará a ser considerado possuidor, por conservar a coisa em seu próprio nome, ainda que se trate de posse injusta. Este inclusive é o entendimento doutrinário do CJF: IV Jornada de Direito Civil, Enunciado 301: É possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios. Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA D: CORRETA. Trata-se da literalidade do art. 1.203 do CC: Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. Importante salientar, contudo, que é possível modificação do título da posse - interversio possessionis. Este inclusive é o entendimento doutrinário do CJF: III Jornada de Direito Civil - Enunciado 237: É cabível a modificação do título da posse - interversio possessionis - na hipótese em que o até então possuidor direto demonstrar ato exterior e inequívoco de oposição ao antigo possuidor indireto, tendo por efeito a caracterização do animus domini. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA E: CORRETA. Trata-se da literalidade do Art. 1.208 do CC: Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. Portanto, alternativa correta. GABARITO: C QUESTÃO 11. Analise as assertivas acerca dos direitos reais sobre a propriedade alheia e, em seguida, assinale a alternativa correta. I - A superfície pode ser instituída por escritura pública ou instrumento particular II - O usufruto é instituto aplicável apenas a bens imóveis. III - . o titular da laje poderá alienar sua unidade sobreposta sem necessidade de anuência do proprietário da construção-base que, contudo, deverá ser comunicado para fins de exercício de seu direito de preferência. a) estão corretas I e II b) estão corretas II e III c) está correta apenas a I d) estão correta apenas a III e) todas as assertivas estão corretas. RESPOSTA: Alternativa D COMENTÁRIOS: ASSERTIVA I: INCORRETA. A superfície apenas pode ser instituída por escritura pública. Art. 1.369, CC. O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. O direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão. ASSERTIVA II: INCORRETA. O usufruto pode ser instituído sobre bens móveis, imóveis e, inclusive, sobre um patrimônio inteiro ou parcela: Art. 1.390, CC. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades. ASSERTIVA III: CORRETA. A venda de uma laje não necessita da concordância dos titulares das superfícies anteriores ou superiores, e nem da concordância do proprietário da construção-base. Contudo, eles deverão ser comunicados em virtude do direito de preferência: Art. 1.510-D, CC. Em caso de alienação de qualquer das unidades sobrepostas, terão direito de preferência, em igualdade de condições com terceiros, os titulares da construção-base e da laje, nessa ordem, que serão cientificados por escrito para que se manifestem no prazo de trinta dias, salvo se o contrato dispuser de modo diverso. § 1º O titular da construção-base ou da laje a quem não se der conhecimento da alienação poderá, mediante depósito do respectivo preço, haver para si a parte alienada a terceiros, se o requerer no prazo decadencial de cento e oitenta dias, contado da data de alienação. GABARITO: D QUESTÃO 12. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela que NÃO prevê um efeito jurídico possível de ser gerado pelo exercício da posse, conforme disposto no Código Civil a) direito aos interditos b) direito à percepção dos frutos c) direito à indenização pelas benfeitorias d) direito à indenização pelos prejuízos e) direito à aquisição derivada da propriedade RESPOSTA: Alternativa E COMENTÁRIOS: ALTERNATIVA A: CORRETA. Segundo a corrente da pluralidade, de ORLANDO GOMES, a posse tem o condão de produzir 7 efeitos jurídicos principais: • Direito aos Interditos; • Direito à percepção dos frutos; • Direito à indenização pelas benfeitorias; • Direito ao levantamento de benfeitorias • Direito de retenção do bem; • Direito à indenização por prejuízos; • Direito à Usucapião O direito aos interditos vem previsto expressamente no CC: Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. Portanto, alternativa correta.ALTERNATIVA B: CORRETA. Segundo a corrente da pluralidade, de ORLANDO GOMES, a posse tem o condão de produzir 7 efeitos jurídicos principais: • Direito aos Interditos; • Direito à percepção dos frutos; • Direito à indenização pelas benfeitorias; • Direito ao levantamento de benfeitorias • Direito de retenção do bem; • Direito à indenização por prejuízos; • Direito à Usucapião O direito à percepção dos frutos vem previsto expressamente no CC ao possuidor de boa-fé: Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA C e D: CORRETAS. Segundo a corrente da pluralidade, de ORLANDO GOMES, a posse tem o condão de produzir 7 efeitos jurídicos principais: • Direito aos Interditos; • Direito à percepção dos frutos; • Direito à indenização pelas benfeitorias; • Direito ao levantamento de benfeitorias • Direito de retenção do bem; • Direito à indenização por prejuízos; • Direito à Usucapião O direito à indenização e levantamento pelas benfeitorias vem previsto expressamente no CC ao possuidor de boa-fé: Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA E: INCORRETA. Segundo a corrente da pluralidade, de ORLANDO GOMES, a posse tem o condão de produzir 7 efeitos jurídicos principais: • Direito aos Interditos; • Direito à percepção dos frutos; • Direito à indenização pelas benfeitorias; • Direito ao levantamento de benfeitorias • Direito de retenção do bem; • Direito à indenização por prejuízos; • Direito à Usucapião A aquisição originária ocorre com a apropriação direta da pessoa à coisa, como é o caso, por exemplo, da usucapião. A aquisição derivada, por sua vez, ocorre quando há transmissão de um sujeito para outro. Embora a posse exercida por certo lapso temporal, com animus domni, possa gerar a aquisição originária pela usucapião, a posse não gera aquisição derivada. Seria o mesmo que dizer, de outra maneira, que o exercício da posse pode obrigar o proprietário a transmitir o bem, o que não é verdadeiro. A aquisição derivada da propriedade sempre depende de manifestação de vontade das partes, seja qual for o negócio jurídico utilizado para a transmissão (compra e venda, doação, permuta, etc). Portanto, alternativa incorreta. GABARITO: E QUESTÃO 13. Em relação ao tratamento da Responsabilidade Civil no âmbito da jurisprudência dos tribunais superiores, é correto afirmar que: a) É ilícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral b) Há responsabilidade por dano moral decorrente de abandono afetivo, ainda que anteriormente ao reconhecimento da paternidade c) As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos suportados pelo aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação. d) A ausência de registro da transferência implica a responsabilidade do antigo proprietário por dano resultante de acidente que envolva o veiculo alienado. e) a mera apresentação antecipada de cheque pré-datado não caracteriza dano moral. RESPOSTA: Alternativa C COMENTÁRIOS: ALTERNATIVA A: INCORRETA. Consoante Súmula 387, do STJ, a cumulação entre dano moral e dano estético é lícita Súmula n. 387: É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral. Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA B: INCORRETA. Alternativa em sentido contrário ao entendimento sumulado do STJ: Não há responsabilidade por dano moral decorrente de abandono afetivo antes do reconhecimento da paternidade. AgInt no AREsp 492243/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 05/06/2018, DJe 12/06/2018 Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA C: CORRETA. a relação entre estudante e instituição de ensino superior é regida pelo CDC, pelo que a instituição de ensino é objetivamente responsável pelos prejuízos causados em virtude de falha no dever de informação. A alternativa retrata a literalidade de entendimento sumulado do STJ: Súmula 595, STJ: As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos suportados pelo aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação. Portanto, alternativa correta ALTERNATIVA D: INCORRETA. Alternativa em sentido contrário ao entendimento sumulado do STJ: Súmula 132, STJ: A ausência de registro da transferência não implica a responsabilidade do antigo proprietário por dano resultante de acidente que envolva o veiculo alienado. A obrigação de realizar a transferência é do adquirente, e não do alienante, de modo que, ainda que a ausência de registro gere efeitos tributários e administrativos, não tem o condão de atrair a responsabilização do antigo proprietário, que não deu causa ao acidente Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA E: INCORRETA. Alternativa em sentido contrário ao entendimento sumulado do STJ: Súmula 370, STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado. O cheque pré-datado é prática costumeira e chancelada no ordenamento jurídico brasileiro. Nesta senda, a apresentação antecipada do cheque pré-datado, pelo credor, viola justa expectativa do devedor, caracterizando o dano extrapatrimonial. Portanto, alternativa incorreta. GABARITO: C QUESTÃO 14. Acerca da responsabilidade civil subjetiva, objetiva e indireta, assinale a alternativa correta a) Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem pelos danos causados pelos produtos postos em circulação, comprovada a sua culpa b) Quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem, este poderá vir a responder subjetivamente pelos danos causados. c) A responsabilidade do incapaz pelos prejuízos que causar é considerada como condicionada, subsidiária e equitativa d) os pais, ou responsável, que não exercem autoridade alguma sobre o filho, respondem por ele nos termos do art. 932, I, do Código Civil, desde que ainda detenham o poder familiar. e) Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente ou ascendente seu. RESPOSTA: Alternativa C. COMENTÁRIOS: ALTERNATIVA A: INCORRETA. Trata-se de responsabilidade objetiva. Art. 931, CC. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação. Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA B: INCORRETA. Trata-se da teoria do risco, modalidade de responsabilidade objetiva, prevista expressamente no Código Civil: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA C: CORRETA. Tais características se extraem da exegese do Código Civil. O menor apenas responderá se as pessoas por ele responsáveis não tiverem a obrigação ou os meios (subsidiária) e responderá de maneira equitativa, não podendo ser privado do necessário (condicionada). Art. 928, CC. O incapaz responde pelosprejuízos que causar , se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA D: INCORRETA. Ambos os genitores, no exercício do poder familiar, são, em regra, solidariamente responsáveis por tais atos, ainda que estejam separados. O STJ, contudo, aponta uma exceção: os pais, ou responsável, que não exercem autoridade de fato sobre o filho, embora ainda detenham o poder familiar, não respondem por ele, nos termos do inciso I do art. 932 do Código Civil. No caso concreto, o STJ entendeu que a mãe que residia em outra cidade e não detinha autoridade sobre o filho não poderia vir a ser responsabilizada pelo atropelamento que este cometeu quando, aos 17 anos, pegou o carro do pai escondido. Assim restou ementado: O DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO ENVOLVENDO MENOR. INDENIZAÇÃO AOS PAIS DO MENOR FALECIDO. ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL. REVISÃO. ART. 932, I, DO CÓDIGO CIVIL. 1. A responsabilidade dos pais por filho menor - responsabilidade por ato ou fato de terceiro -, a partir do advento do Código Civil de 2002, passou a embasar-se na teoria do risco para efeitos de indenização, de forma que as pessoas elencadas no art. 932 do Código Civil respondem objetivamente, devendo-se comprovar apenas a culpa na prática do ato ilícito daquele pelo qual são os pais responsáveis legalmente. Contudo, há uma exceção: a de que os pais respondem pelo filho incapaz que esteja sob sua autoridade e em sua companhia; assim, os pais, ou responsável, que não exercem autoridade de fato sobre o filho, embora ainda detenham o poder familiar, não respondem por ele, nos termos do inciso I do art. 932 do Código Civil.(...). (REsp 1.232.011/SC) O julgado baseou-se no seguinte entendimento de PAULO NADER: “Para que os pais respondam civilmente por danos causados por seus filhos incapazes é necessário que estes estejam sob sua autoridade e em sua companhia. Assim, em caso de pais separados ou divorciados, a responsabilidade deverá ser de quem se encontrava naquela condição. Se a guarda é da mãe, mas o ato ilícito foi praticado quando o filho se encontrava em companha de seu pai, deste será a responsabilidade. Estando em andamento a ação de separação ou divórcio, a guarda deverá ser definida pelo juiz do feito, cabendo ao guardião a responsabilidade. Se um dos genitores perder o poder familiar, nem por isto ficará isento de responsabilidade em relação aos danos causados pelo filho, encontrando-se este em sua companhia no momento da ocorrência. O fato de o menor achar-se em companhia de um de seus pais, no momento do ato danoso, faz desse ascendente o responsável, ainda que não tenha a guarda do seu filho. Está é a lição de Larombière: 'É preciso que os filhos sejam menores, e, também, que habitem ou se encontrem, ao menos, temporariamente com ele ao momento do fatos'." (Paulo Nader, Curso de Direito Civil, vol. 7, 2ª ed., p. 156.) Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA E: INCORRETA. Só não será possível pleitear o ressarcimento caso o causador do dano seja DESCENDENTE ABSOLUTA ou RELATIVAMENTE incapaz, nos termos do CC: Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. Portanto, alternativa incorreta. GABARITO: C QUESTÃO 15. Em relação ao regime jurídico do casamento, habilitação e registro civil, assinale a alternativa correta: a) O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação b) Não é possível que o casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, gere efeitos civis. c) A habilitação para o casamento será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do juiz. d) A eficácia da habilitação para o casamento será de sessenta dias, a contar da data em que foi extraído o certificado. e) Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de quatro testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau. RESPOSTA: Alternativa A. COMENTÁRIOS ALTERNATIVA A: CORRETA. Trata-se da exegese do Código Civil: Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil. § 1º O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA B: INCORRETA. O casamento religioso pode exercer efeitos civis havendo, a qualquer tempo, HABILITAÇÃO e posterior REGISTRO: Art. 1.516, CC. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil. (...) § 2º O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532. Portanto, alternativa incorreta ALTERNATIVA C: INCORRETA. Embora alguns doutrinadores considerem um excesso de formalismo, trata-se de atribuição prevista no Código Civil para o Ministério Público: Art. 1.526, CC. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público Portanto, alternativa incorreta ALTERNATIVA D: INCORRETA. O prazo de validade da habilitação para o casamento é de 90 dias. Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado. Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA E: INCORRETA. O Código Civil exige a presença de seis testemunhas para esta hipótese de risco de vida em que não há autoridade com fé pública para atestar o ato. Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau. Portanto, alternativa incorreta. GABARITO: A QUESTÃO 16. Analise as assertivas acerca do regime de bens entre os cônjuges e, em seguida, assinale a alternativa correta. I – O prêmio de loteria, por se tratar de fato eventual ocorrido na constância da união estável, que não decorre de comunhão de esforços, não deve será objeto de partilha. II – O aval dado aos títulos de créditos nominados (típicos) prescinde de outorga uxória ou marital. III – As quotas sociais de sociedade de advogados, por possuírem conteúdo econômico aferível, podem ser partilhadas na dissolução do casamento. a) Apenas a I está correta b) I e II estão corretas c) II e III estão corretas d) I e III estão corretas e) Todas as assertivas estão corretas. RESPOSTA: Alternativa C. COMENTÁRIOS: ASSERTIVA I: INCORRETA. O prêmio integra opatrimônio do casal, sendo partilhável. Reavive-se que, embora a assertiva não cite qual o regime de bens, sabe-se que o regime de bens legal aplicável à união estável é o da comunhão parcial de bens: Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. Outrossim, a lei expressamente prevê a possibilidade de partilha de bem adquirido por fato eventual: Art. 1.660. Entram na comunhão: (...) II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; E ainda, é o referido julgado: (...) PRÊMIO DE LOTERIA (LOTOMANIA). FATO EVENTUAL OCORRIDO NA CONSTÂNCIA DA UNIÃO ESTÁVEL. NECESSIDADE DE MEAÇÃO.4. Nos termos da norma, o prêmio de loteria é bem comum que ingressa na comunhão do casal sob a rubrica de "bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior" (CC/1916, art. 271, II; CC/2002, art. 1.660, II). 5. Na hipótese, o prêmio da lotomania, recebido pelo ex-companheiro, sexagenário, deve ser objeto de partilha, haja vista que: i) se trata de bem comum que ingressa no patrimônio do casal, independentemente da aferição do esforço de cada um; ii) foi o próprio legislador quem estabeleceu a referida comunicabilidade; iii) como se trata de regime obrigatório imposto pela norma, permitir a comunhão dos aquestos acaba sendo a melhor forma de se realizar maior justiça social e tratamento igualitário, tendo em vista que o referido regime não adveio da vontade livre e expressa das partes; iv) a partilha dos referidos ganhos com a loteria não ofenderia o desiderato da lei, já que o prêmio foi ganho durante a relação, não havendo falar em matrimônio realizado por interesse ou em união meramente especulativa (REsp 1.689.152-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 24/10/2017, DJe 22/11/2017) OBS: na hipótese, o julgado tratava do regime de separação legal de bens que, à época, era aplicável aos SEXAGENÁRIOS. Contudo, este entendimento é plenamente aplicável ao regime de comunhão parcial, tendo em vista que a Súmula 377 do STF prevê que “No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento.”. Atente-se, contudo, que atualmente o regime de separação legal de bens aplica-se aos SEPTAGENÁRIOS. Portanto, assertiva correta. ASSERTIVA II: CORRETA. A jurisprudência do STJ pacificou o entendimento de que é necessária outorga uxória ou marital para aval em títulos de crédito, visando justamente aumentar a segurança jurídica dos títulos, entendendo que o aval só é necessário para os TÍTULOS DE CRÉDITO ATÍPICOS, ou seja, os que o Código Civil autorizou a criação: AVAL. OUTORGA UXÓRIA OU MARITAL. INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.647, INCISO III, DO CC/2002, À LUZ DO ART. 903 DO MESMO DIPLOMA LEGAL. NATUREZA DO INSTITUTO CAMBIÁRIO DO AVAL. REVISÃO DO ENTENDIMENTO. O aval dado aos títulos de créditos nominados (típicos) prescinde de outorga uxória ou marital (REsp 1.526.560-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade, julgado em 16/3/2017, DJe 16/5/2017). Portanto, assertiva correta. ASSERTIVA III: CORRETA. Se as quotas foram adquiridas na constância da união, elas são partilháveis como o são quaisquer participações societárias. O fato de as sociedades de advogados serem concebidas como sociedade simples não altera este entendimento, como não o altera o objeto social ou a natureza intelectual da atividade exercida. Contudo, deve-se atentar que, dado o caráter personalíssimo dessas sociedades, o ex-cônjuge não se tornará sócio, embora possa participar nos lucros até a liquidação da sociedade: Art. 1.027, CC. Os herdeiros do cônjuge de sócio, ou o cônjuge do que se separou judicialmente, não podem exigir desde logo a parte que lhes couber na quota social, mas concorrer à divisão periódica dos lucros, até que se liquide a sociedade. Nesse sentido, é a jurisprudência do STJ: Art. 1.027. Os herdeiros do cônjuge de sócio, ou o cônjuge do que se RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE SOBREPARTILHA. PRETENSÃO DE PARTILHAR QUOTAS SOCIAIS DA SOCIEDADE DE ADVOGADOS ENTÃO PERTENCENTES AO VARÃO. POSSIBILIDADE DE DIVISÃO DO CONTEÚDO ECONÔMICO DA PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA (NÃO SE LHE CONFERINDO O DIREITO À DISSOLUÇÃO COMPULSÓRIA DA SOCIEDADE, PARA TAL PROPÓSITO). RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (REsp 1531288 / RS, 24/11/2015) Portanto, assertiva correta. GABARITO: C QUESTÃO 17. Analise as afirmações a seguir a cerca da prestação de alimentos aos dependentes e, em seguida, assinale a alternativa incorreta a) Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da citação. b) O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo. c) O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade ocorre de maneira automática. d) O fato de o devedor de alimentos estar recolhido à prisão pela prática de crime, por si só, não afasta a sua obrigação alimentar. e) a constituição de nova família, resultando ou não em nascimento de filho, não importa na redução da pensão alimentícia, se não há provas do decréscimo das necessidades dos credores ou das condições do devedor. RESPOSTA: Alternativa C COMENTÁRIOS: ALTERNATIVA A: CORRETA. É a literalidade da Súmula 277, STJ: Súmula 277, STJ: Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da citação. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA B: CORRETA. É a literalidade da Súmula 309, STJ: Súmula 309, STJ: O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA C: INCORRETA. Não se trata de cancelamento automático, sendo necessário ao devedor ajuizar ação própria de exoneração de alimentos, assegurado o exercício do contraditório ao credor, que pode inclusive comprovar que persiste a necessidade. Neste sentido, é a Súmula 358, STJ: Súmula 358, STJ: O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA D: CORRETA Trata-se de recente entendimento jurisprudencial veiculado em informativo do STJ, no ano de 2021: O fato de o devedor de alimentos estar recolhido à prisão pela prática de crime não afasta a sua obrigação alimentar, tendo em vista a possibilidade de desempenho de atividade remunerada na prisão ou fora dela a depender do regime prisional do cumprimento da pena. REsp 1.882.798-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 10/08/2021. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA E: CORRETA. A mera constituição de nova família, por si só, não acarreta redução da pensão devida ao primeiro filho. Trata-se de entendimento jurisprudencial do STJ Direito civil e processual civil. Família. Alimentos. Recurso especial. Revisão de alimentos. Pedido de redução. Elementos condicionantes. Mudança na situação financeira do alimentante ou do alimentando. Princípio da proporcionalidade. Constituição de nova família com nascimento de filho. Desinfluência. Embargos de declaração. Omissões. Novo julgamento. Se não há prova do decréscimo das necessidades dos credores, ou do depauperamento das condições econômicas do devedor, a constituição de nova família, resultando ou não em nascimento de filho, não importa na redução da pensão alimentícia prestada a filhos havidos da união anterior (REsp 1027930/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/03/2009, DJe16/03/2009). Portanto, alternativa correta. GABARITO: C. QUESTÃO 18. Acerca da jurisprudência do STJ quanto à união estável, é correto afirmar que: a) É obrigatório o regime de separação legal de bens na união estável quando um dos companheiros, no início da relação, conta com mais de sessenta anos. b) A vida em comum sob o mesmo teto não é indispensável à caracterização da união estável. c) Comprovada a mútua assistência, é viável a concessão de indenização à concubina, que mantivera relacionamento com homem casado, sob pena de enriquecimento ilícito deste. d) Tendo em vista a impossibilidade de adquirir bens públicos mediante usucapião, na dissolução da união estável não é possível a partilha dos direitos de concessão de uso para moradia de imóvel público. e) o tempo de duas semanas de coabitação entre os companheiros é suficiente para, por si só, configurar união estável. RESPOSTA: Alternativa B COMENTÁRIOS: ALTERNATIVA A: INCORRETA. Trata-se de uma pegadinha! No caso, embora o art. 1.641, II, do CC, aplique-se analogicamente à união estável, nos termos da jurisprudência do STJ, o artigo prevê que o regime de separação legal de bens só ocorrerá se um dos cônjuges/companheiros contar com mais de 70 anos de idade. É obrigatório o regime de separação legal de bens na união estável quando um dos companheiros, no início da relação, conta com mais de setenta anos, à luz da redação do art. 1.641, II, do Código Civil, a fim de realizar a isonomia no sistema, evitando-se prestigiar a união estável no lugar do casamento (REsp 1403419/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/11/2014, DJe 14/11/2014). Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: (...) II - da pessoa maior de 70 (setenta) anos; Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA B: CORRETA. Trata-se da Súmula 382, do STF, que afirma não ser necessária a coabitação: Súmula 382, STF: A vida em comum sob o mesmo teto, more uxorio, não é indispensável à caracterização do concubinato. Mas ATENÇÃO! Atualmente, a jurisprudência diferencia o concubinato (união entre pessoas impedidas) da união estável. Antigamente não havia esta diferença, de modo que as súmulas antigas tratam os institutos como sinônimos. Portanto, alternativa correta. ALTERNATIVA C: INCORRETA. Na atual jurisprudência das cortes superiores, conforme já argumentado na explicação do item anterior, o concubinato não goza de proteção legal e, neste sentido, é inviável à concubina pleitear indenização por serviços prestados. Nesse sentido, é o julgado do STJ: AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. RECONHECIMENTO DE RELAÇÃO CONCUBINÁRIA. INDENIZAÇÃO. SERVIÇOS PRESTADOS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça possui entendimento no sentido de que é inviável a concessão de indenização à concubina, que mantivera relacionamento com homem casado, uma vez que tal providência eleva o concubinato a nível de proteção mais sofisticado do que o existente no casamento e na união estável. 2. A mútua assistência havida entre os concubinos, ao longo do concubinato, cujos benefícios ambos experimentam ainda na constância da união, não admite que, após o rompimento da relação, ou com a morte de um deles, o outro cogite pleitear indenização por serviços prestados. Precedentes. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. Decisão A Quarta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Antonio Carlos Ferreira, Marco Buzzi, Luis Felipe Salomão e Raul Araújo votaram com a Sra. Ministra Relatora. (AgRg no AREsp 770596 / SP, 17/11/2015) Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA D: INCORRETA. Realmente, não é possível usucapião de imóvel público, sendo que a sua ocupação indevida sequer configura posse: Súmula 619, STJ: A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias Contudo, no caso em tela, trata-se de ocupação devida, na medida em que os companheiros detinham concessão de uso, que possui expressão econômica. Assim, na jurisprudência do STJ, é possível a partilha dos direitos de concessão de uso para moradia de imóvel público: RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA DE DIREITOS SOBRE CONCESSÃO DE USO DE BEM PÚBLICO. POSSIBILIDADE. 1. Na dissolução de união estável, é possível a partilha dos direitos de concessão de uso para moradia de imóvel público. 2. Os entes governamentais têm-se valido da concessão de uso como meio de concretização da política habitacional e de regularização fundiária, conferindo a posse de imóveis públicos para a moradia da população carente. 3. A concessão de uso de bens para fins de moradia, apesar de, por ela, não se alterar a titularidade do imóvel e ser concedida, em regra, de forma graciosa, possui, de fato, expressão econômica, notadamente por conferir ao particular o direito ao desfrute do valor de uso em situação desigual em relação aos demais particulares. Somado a isso, verifica-se, nos normativos que regulam as referidas concessões, a possibilidade de sua transferência, tanto por ato inter vivos como causa mortis, o que também agrega a possibilidade de ganho patrimonial ao menciionado direito. 4. Na hipótese, concedeu- se ao casal o direito de uso do imóvel. Consequentemente, ficaram isentos dos ônus da compra da casa própria e dos encargos de aluguéis, o que, indubitavelmente, acarretou ganho patrimonial extremamente relevante. 5. Recurso especial não provido. Decisão Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça acordam, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Raul Araújo, Maria Isabel Gallotti (Presidente), Antonio Carlos Ferreira e Marco Buzzi votaram com o Sr. Ministro Relator. (REsp 1494302 / DF, 13/06/2017) Portanto, alternativa incorreta. ALTERNATIVA E: INCORRETA. Como já argumentado, a coabitação sequer é requisito para configuração de união estável. Os requisitos para a configuração de união estável são PUBLICIDADE, CONTINUIDADE e ESTABILIDADE, com o fim de CONSTITUIR FAMÍLIA O STJ possui julgado no sentido de que apenas duas semanas de coabitação não são suficientes para demonstrar o requisito de estabilidade da união estável: RECURSO ESPECIAL. CIVIL. FAMÍLIA. RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL POS MORTEM. ENTIDADE FAMILIAR QUE SE CARACTERIZA PELA CONVIVÊNCIA PÚBLICA, CONTÍNUA, DURADOURA E COM OBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA (ANIMUS FAMILIAE). DOIS MESES DE RELACIONAMENTO, SENDO DUAS SEMANAS DE COABITAÇÃO. TEMPO INSUFICIENTE PARA SE DEMONSTRAR A ESTABILIDADE NECESSÁRIA PARA RECONHECIMENTO DA UNIÃO DE FATO. 1. O Código Civil definiu a união estável como entidade familiar entre o homem e a mulher, "configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família" (art. 1.723). 2. Em relação à exigência de estabilidade para configuração da união estável, apesar de não haver previsão de um prazo mínimo, exige a norma que a convivência seja duradoura, em período suficiente a demonstrar a intenção de constituir família, permitindo que se dividam alegrias e tristezas, que se compartilhem dificuldades e projetos de vida, sendo necessário um tempo razoável de relacionamento. 3. Na hipótese, o relacionamento do casal teve um tempo muito exíguo de duração - apenas dois meses de namoro, sendo duas semanas em coabitação -, que não permite a configuração da estabilidade necessária para o reconhecimento da união estável. Esta nasce de um ato-fato jurídico: a convivência duradoura com
Compartilhar