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4 CAPÍTULO Análise gráca A relação entre duas variáveis pode ser representada por um gráco, em que cada ponto é associado a dois números (suas coordenadas). Por meio de um gráco, podem ser representados matematicamente diferentes fenômenos do dia a dia para que estes sejam analisados. O eletrocardiograma, por exemplo, é um registro gráco de fenômenos elétricos gerados durante a atividade cardíaca em um intervalo de tempo. Um tacógrafo registra gracamente a velocidade e o tempo de uso de um veículo, bem como a distância percorrida por ele. As utuações da crosta terrestre podem ser medidas e representadas gracamente por um sismógrafo. FRENTE 1 P a v e P o lk o v n ik o v /S h u tt e rs to c k .c o m FÍSICA Capítulo 4 Análise gráfica66 Introdução Passaremos a uma breve revisão de conceitos impor- tantes para o desenvolvimento deste capítulo. Trigonometria Seja um triângulo retângulo ABC: a b c θ A C B Fig. 1 Triângulo retângulo. Em relação ao ângulo q, temos: q ⇒ q q ⇒ q q ⇒ q sen = cateto oposto hipotenusa sen = b a cos = cateto adjacente hipotenusa cos = c a tg = cateto oposto cateto adjacente tg = b c Para 0 < q < 90°: sen q > 0 cos q > 0 tg q > 0 Para 90° < q < 180°: sen q > 0 cos q < 0 tg q < 0 Função do primeiro grau A representação da função do primeiro grau y = ax + b no plano cartesiano é: y x y2 x2 y1 0 b θ θ x1 x2 – x1 y2 – y1 P1 P2 Fig. 2 Função do primeiro grau. em que: a – coeficiente angular da reta b – coeficiente linear da reta Quando x = 0, temos y = a · 0 + b = b Logo, a reta corta o eixo y no ponto (0; b). Substituindo as coordenadas dos pontos P1 e P2 na equação da reta, temos: ⇒ ⇒ ⇒ P (x ; y ) y = ax + b P (x ; y ) y = ax + b y – y = a(x – x ) a = y – y x – x 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 1 2 1 2 1 2 1 Assim: a = tg N q ou seja, o coeficiente angular a é numericamente igual à tangente trigonométrica do ângulo entre a reta e o eixo x. Gráficos de espaço, velocidade e aceleração Se uma partícula percorre uma trajetória, a descrição de seu movimento pode ser feita pelo estudo de como variam suas grandezas em função do tempo. Já estudamos que, se conhecermos o espaço como função do tempo, podemos determinar velocidade e aceleração também como função do tempo. Há várias maneiras de representarmos essas funções. No caso de um movimento uniforme, temos, por exemplo: a. Equação A equação s = -6 + 4t (SI) é a expressão de um movi- mento uniforme. b. Tabela Esse mesmo movimento pode ser descrito pela se- guinte tabela. s(m) –6 –2 2 6 t(s) 0 1 2 3 c. Gráfico A partir da equação s = -6 + 4t, podemos construir um gráfico s × t: 0 1 2 3 t (s) s (m) –2 –4 –6 6 4 2 Fig. 3 Gráfico de s = –6 + 4t. As três formas nos dão, para cada instante t, o espaço s ocupado pelo móvel. vAtenção Veja que, apesar de o gráfico s × t ser uma reta, não se pode afirmar nada sobre a trajetória, que pode ser circular, elíptica ou até uma reta. Sabemos apenas, nesse caso, que o móvel percorre espaços iguais para tempos iguais. F R E N T E 1 67 Velocidade escalar média Para determinarmos graficamente a velocidade escalar média, vamos tomar um gráfico s × t qualquer. Não estamos aqui especificando qualquer movimento. s t s 2 s 1 t 1 P 1 P 2 t 2 t 2 t 1 s 2 s 1 0 θ θ O – – Fig. 4 Determinação da velocidade escalar média. Sobre o gráfico: y P1 é o ponto em que s1 é o espaço para o instante t1. y P2 é o ponto em que s2 é o espaço para o instante t2. Podemos observar que o triângulo OP1P2 é retângulo em O. Da trigonometria: tg = s s t t 2 1 2 1 q N - - em que q é o ângulo formado entre a reta secante ao grá- fico que passa pelos pontos P1 e P2 e o eixo t. Mas: D Ds = s s e t = t t 2 1 2 1 - - Como: D D v = s t = s – s t – t m 2 1 2 1 Então: v = tgm N q Isso significa que, para calcular graficamente a ve- locidade escalar média entre dois instantes t1 e t2 de um movimento qualquer, basta determinarmos o valor da tan- gente trigonométrica do ângulo formado entre a reta que passa pelos pontos do gráfico s × t correspondentes a t1 e t2 (P1 e P2) e o eixo t. Ou ainda, como tg q é numericamente igual ao coe- ficiente angular da reta P1P2, a velocidade escalar média entre t1 e t2 é o coeficiente angular de P1P2. Velocidade escalar instantânea Se quisermos calcular a velocidade escalar instantânea em t1, vamos nos valer da definição: D DD → v = lim s tt 0 Isso significa que, para calcular a velocidade escalar instantânea, basta calcularmos a velocidade escalar média entre dois instantes muito próximos. Se Dt tender a zero, t2 tende a t1, aproximando-se deste. À medida que t2 se aproxima de t1, P2 se aproxima de P1, e a reta que passa pelos dois pontos, de secante ao gráfico, tende a ser tangente ao gráfico no ponto P1. s tt1 P1 P2’’’ t2’’’ t2’’ t2’ t20 θ secante tende à tangente t2 tende a t1 P2 tende a P1 P2’ P2 Fig. 5 Determinação da velocidade escalar instantânea. Se, para dois instantes t1 e t2, a vm é numericamente igual ao coeficiente angular da reta secante, P1P2, à medida que Dt tende a zero, a velocidade escalar média tende ao valor da velocidade escalar instantânea. Logo: v = tg N q ou seja, a velocidade escalar instantânea em t1 é numerica- mente igual ao coeficiente angular da tangente geométrica ao gráfico no ponto P1. No caso do MU, a tangente ao gráfico s × t será a mesma para qualquer ponto e coincidirá com o próprio gráfico. Assim, no MU, a velocidade escalar instantânea será constante e igual ao coeficiente angular da reta s × t. Esse resultado já era conhecido, pois, no MU: s = s0 + v · t, com v constante. Aceleração escalar média Analogamente ao caso da velocidade escalar média, em um gráfico v × t qualquer: P 1 v 1 v 2 t 1 t 2 P 2 v t0 θ O θ v 2 – v 1 t 2 – t 1 Fig. 6 Determinação da aceleração escalar média. teremos: a = tgm N q Isso significa que, para calcular graficamente a ace- leração escalar média entre dois instantes t1 e t2 de um movimento qualquer, basta determinarmos o valor da tan- gente trigonométrica do ângulo formado entre a reta que passa pelos pontos do gráfico v × t correspondentes a t1 e t2 (P1 e P2) e o eixo t. FÍSICA Capítulo 4 Análise gráfica68 Ou ainda, como tg q é numericamente igual ao coe- ficiente angular da reta P1P2, a aceleração escalar média entre t1 e t2 é o coeficiente angular de P1P2. Aceleração escalar instantânea Analogamente ao caso da velocidade escalar instan- tânea, em um gráfico v × t qualquer: P 1 t 1 v t θ 0 Fig. 7 Determinação da aceleração escalar instantânea. teremos: a = tg N q ou seja, a aceleração escalar instantânea em t1 é numerica- mente igual ao coeficiente angular da tangente geométrica ao gráfico no ponto P1. No caso do MUV, a tangente ao gráfico v × t será a mesma para qualquer ponto e coincidirá com o próprio gráfico. Assim, no MUV, a aceleração escalar instantânea será constante e igual ao coeficiente angular da reta v × t. Esse resultado já era conhecido, pois, no MUV: v = = v0 + a · t, com a constante. Dessa forma, observamos que, a partir de um gráfico s × t, podemos obter o valor da velocidade escalar instan- tânea para qualquer t; portanto, o gráfico v × t. A partir do gráfico v × t, podemos obter o valor da aceleração escalar instantânea para qualquer t; portanto, o gráfico a × t. Variação do espaço Para calcular, a partir de um gráfico v × t, o valor da va- riação do espaço entre dois instantes t1 e t2, vamos utilizar como exemplo o movimento uniforme. No MU, a velocidade escalar instantânea é constante e igual à velocidade escalar média: D D v = v = s t m Graficamente: A v v tt1 t2 0 Fig. 8 Variação de espaço no MU. O retângulo colorido tem área dada por: área do retângulo = base × altura Logo: A = v · (t2 - t1) Como Dt = t – t , 2 1 então DA = v · t Mas: D D ⇒ D Dv = s t s = v · t Então: Ds = A N ou seja, a variação de espaço entre dois instantesquaisquer t1 e t2 é numericamente igual à área limitada pelo gráfico v × t, pelo eixo t e pelas perpendiculares ao eixo t que passam por t1 e t2. Apesar de termos provado essa propriedade para o grá- fico v× t de um movimento uniforme, ela é válida para o gráfico v × t de qualquer movimento. v A tt1 t2 0 Fig. 9 Variação de espaço em um movimento qualquer. Observação: A demonstração dessa propriedade para v × t qualquer utiliza recursos matemáticos ainda não estudados. Portanto, teremos sempre para um gráfico v × t: Ds = A N Variação da velocidade escalar Analogamente ao que fizemos para o cálculo da variação do espaço, se agora tomarmos o gráfico a × t de um movi- mento uniformemente variado, em que a aceleração escalar instantânea é constante e igual à aceleração escalar média: D D a = a = v t m teremos: tt1 t2 0 A a a Fig. 10 Variação de velocidade no MUV.
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