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Diversidade e riqueza de espécies herbáceas e lenhosas em uma área de Cerrado sensu stricto no Jardim Botânico de Brasília, Brasília-DF

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Universidade de Brasília - Departamento de Ecologia Disciplina: Ecologia de Populações e Comunidades - Turma B
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Diversidade e riqueza de espécies herbáceas e lenhosas em uma área de Cerrado sensu stricto no Jardim Botânico de Brasília, Brasília-DF
1. INTRODUÇÃO
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, abrangendo uma área de mais de 2.000.000 km² e é fortemente caracterizado pela presença de duas estações bem definidas, um verão chuvoso e um inverno seco (Ribeiro & Walter et al 1998). Esse bioma possui diferentes tipos de formações vegetais que de maneira simplificada podem ser definidas como: formações florestais, onde predominam plantas de hábito arbóreo com a formação de dossel contínuo ou descontínuo; formações savânicas, que refere-se a áreas com plantas de hábito arbóreo e arbustivo espalhadas sobre um estrato graminoso e sem a formação de dossel contínuo; e por fim as formações de campo, onde a predominância de espécies de hábito herbáceo (Ribeiro & Walter et al 1998). Alguns fatores como, a frequência de fogo, intensidade de pastoreio, gênese pedológica, diferenças altitudinais, climáticas e edáficas, são determinantes para a ampla variação de fitofisionomias (Ribeiro & Walter et al 1998; Assunção & Felfili 2004; Júnior et al 2014).
A flora do cerrado é uma das mais ricas entre todas as savanas do mundo (Mendonça et al. 1998) e o bioma possui elevado endemismo e biodiversidade (Cardoso et al 2010). Porém, poucos estudos descrevem como está organizada e distribuída essa biodiversidade (Felfili & Felfili 2001), dessa forma mais estudos como esses podem gerar dados que serão importantes para a avaliação dos impactos antrópicos, planejamento de criação de unidades de conservação além de tornarem possíveis a implementação de técnicas de manejo (Felfili & Felfili 2001).
Os objetivos do presente trabalho são (i) descrever os aspectos estruturais e condições ambientais de diferentes fitofisionomias do Cerrado; e (ii) estimar a diversidade e riqueza de espécies lenhosas e herbáceas em um fragmento de Cerrado sensu stricto no Jardim Botânico de Brasília.
As hipóteses do grupo são de que a fitofisionomia florestal apresentará maior cobertura de dossel, posteriormente a formação savânica e por último a formação campestre e que a fitofisionomia savânica amostrada apresentará uma maior diversidade e riqueza de espécies de hábito herbáceo do que espécies lenhosas. 
2. MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado no dia 27 de Outubro de 2018, no Jardim Botânico de Brasília, Brasília-DF. Sua localização geográfica é aproximadamente 15º51’40’’S 47º49’43’’W.
A média de temperatura anual em Brasília foi de 26º máxima e 16º mínima e a precipitação é de 128,5 (chuva-milímetro) do ano 2017. De acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger, a sazonalidade de Brasília está no grupo A, ou seja, clima tropical com estação seca, também conhecido por clima de savana, clima tropical de estações húmida e seca ou ainda clima tropical semi-úmido, em que todos os meses do ano têm temperatura média mensal superior a 18 °C, mas pelo menos um dos meses do ano tem precipitação média total inferior a 60 mm.
Para amostragem dos indivíduos na área de Cerrado sensu stricto foram utilizados uma fita métrica de 20m, que foi estendida sobre a área partindo do ponto de algum indivíduo lenhoso; e uma barra de ferro de 1m. A cada um metro da fita métrica usamos a barra para amostragem dos indivíduos, dessa forma era considerado todos os indivíduos, herbáceos e lenhosos, que tocavam a barra. Para o levantamento dos dados classificamos os indivíduos através dos morfotipos.
Para a análise da diversidade de espécies herbáceas e lenhosas presente na área de Cerrado sensu stricto, foi utilizado o índice de Shannon [1], em que pi é a abundância relativa de cada espécie, calculada pela proporção dos indivíduos de uma espécie pelo número total dos indivíduos na comunidade: ni/N, onde ni é o número de indivíduos em cada espécie e N é o número total de indivíduos. 
 [1]
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As três áreas visitadas, que correspondiam a três fitofisionomias diferentes, respectivamente, formações florestais, savânicas e campestres (Figura 1) apresentaram algumas diferenças significativas quanto a estrutura e condições ambientais. 
A área campestre foi a que apresentava maior temperatura aparente e também a que possuía uma menor cobertura de dossel (Figura 2B) e consequentemente um aparente domínio por espécie de porte herbáceo, com a presença de poucas espécies lenhosas, consequentemente essa fitofisionomia é a que apresenta mais chances para o estabelecimento de espécies de porte herbáceo.
Contrariamente a área de Mata de Galeria foi a que apresentou maior cobertura de dossel (Figura 2C) e menor temperatura aparente, tendo nitidamente um domínio de espécies lenhosas e algumas plântulas crescendo no solo. Também foi a que aparentava ter maior umidade no ar. Essa fitofisionomia é a que possui maior probabilidade para estabelecimento de plântulas, que crescem com maior facilidade em áreas de clareira onde há maior luminosidade atingindo o solo.
Por fim a área correspondente ao Cerrado sensu stricto apresentou temperatura aparente similar a área campestre, porém possuía uma cobertura de dossel intermediária entre as outras duas formações (Figura 2A). Não conseguimos notar visualmente qual hábito de planta dominava o local, portanto foi realizado a amostragem dos indivíduos para determinar qual porte vegetal seria o mais abundante. 
Com a amostragem de indivíduos conseguimos um total de 16 indivíduos lenhosos separados em 11 morfotipos diferentes e 23 indivíduos herbáceos separados em um total de 7 morfotipos diferentes. O índice de Shannon para os indivíduos herbáceos foi de 1,801 e o mesmo índice para os indivíduos lenhosos foi de 2,253. 
Esses dados contrariam a hipótese do grupo pois demonstram que os indivíduos lenhosos possuem uma maior diversidade na área de Cerrado sensu stricto do que os indivíduos herbáceos, porém isso pode se dar pela maior capacidade do grupo em classificar as diferentes morfoespécies de plantas lenhosas do que classificar as diferentes morfoespécies do extrato herbáceo. 
Já com relação a riqueza, podemos notar com os dados que a hipótese do grupo foi corroborada e o extrato herbáceo possui uma maior riqueza quando comparado com o extrato arbóreo.
(A)
(B)
(C)
Figura 1 - Visão lateral das três fitofisionomias visitadas. A) Formação savânica; B) Formação campestre; C) Formação florestal
Figura 2 - Esquema da vista aérea das três áreas visitadas, os círculos verdes representam a área de dossel. A) Formação savânica; B) Formação campestre; C) Formação florestal. 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Assunção, S.L. and Felfili, J.M., 2004. Fitossociologia de um fragmento de cerrado sensu stricto na APA do Paranoá, DF, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 18(4), pp.903-909
2. Cardoso, E., Moreno, M.I.C., Bruna, E.M. & Vasconcelos, H.L., 2010. Mudanças fitofisionômicas no cerrado: 18 anos de sucessão ecológica na estação ecológica do panga, Uberlândia-MG/CHANGES IN CERRADO VEGETATION PHYSIOGNOMIES: 18 YEARS OF ECOLOGICAL SUCCESSION AT ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO PANGA, UBERLÂNDIA-MG. Caminhos de Geografia, 10(32).
3. Felfili, M.C. and Felfili, J.M., 2001. Diversidade alfa e beta no cerrado sensu stricto da Chapada Pratinha, Brasil.
4. Júnior, M. C. da Silva; Soares-Silva, L. H, et al. 2014. O Bioma Cerrado. In: Guia do observador de árvores: tronco, copa e folha. Rede Sementes do Cerrado, Brasília. p. 22-55
5. Mendonça, R. C.; Felfili, J.M.; Walter, B.M.T.; Silva Júnior, M.C.; Rezende, A.V.; Filgueiras, T.S. & Nogueira, P.E. 1998. Flora vascular do Cerrado. Pp. 289-556. In: Sano, S. M. & Almeida, S. P. Cerrado, Ambiente e Flora. EMBRAPA CPAC. Planaltina
Ribeiro, J.F., 
6. Walter, B.M.T., Sano, S.M. & Almeida, S.D., 1998. Fitofisionomias do bioma Cerrado. Cerrado: ambiente e flora.

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