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Estatuto da Criança 
e do Adolescente
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Alessandra Fabiana Cavalcanti
Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção
• Da prevenção;
• Da política de atendimento;
• Medidas de proteção.
 · O Sistema de Proteção Integral, criado pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente, possui uma inegável preocupação com a prevenção de 
ações que possam lesar ou colocar em risco direitos das crianças e 
dos adolescentes.
 · Nesta unidade, iremos conhecer essas medidas preventivas, as quais 
possuem grande relevância para o trato de muitas questões que 
envolvem as crianças e os adolescentes.
 · Por outro lado, quando os direitos são efetivamente lesados ou há 
um inegável risco de que isso ocorra devem ser aplicadas as medi-
das protetivas.
 · Nesta unidade iremos conhecer esses importantes assuntos!
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Prevenção, Política de Atendimento
e Medidas de Proteção
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção
Da prevenção
Disposições gerais
Dentro do Sistema de Proteção Total, previsto no Estatuto, a todos cabe preve-
nir a ocorrência de ameaça ou de violação aos direitos da criança e do adolescente, 
que têm direito à informação, à cultura, ao lazer, aos esportes, às diversões, aos es-
petáculos e aos produtos e serviços; contudo, sempre deve ser observada a neces-
sidade de pleno respeito à sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
A pessoa física ou jurídica, que não respeita as normas de prevenção a serem 
estudas a seguir, receberá as sanções estabelecidas pelo Estatuto em razão de sua 
ação ou omissão.
Prevenção especial
Da informação, da cultura, do lazer, dos esportes, das diversões e dos espetáculos
O poder público deve regular as diversões e os espetáculos públicos, sendo 
obrigatório informar a natureza deles, as faixas etárias a que se recomendem, os 
locais e os horários em que sua apresentação se mostre inadequada – é o que a lei 
chama de certificado de classificação.
Seguindo as prescrições do certificado de classificação, os responsáveis pelas 
diversões e pelos espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil 
acesso, à entrada do local de exibição, essas informações, sendo que devem ser 
destacadas:
• a natureza do espetáculo;
• a faixa etária recomendada.
A criança ou o adolescente deve ter acesso às diversões e aos espetáculos públicos 
classificados como adequados à sua faixa etária, sendo que as crianças menores de 
dez anos somente podem ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou 
em exibição, quando acompanhadas dos pais ou do responsável.
Nas emissoras de rádio e de televisão, nenhum espetáculo será apresentado ou 
anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, apresentação 
ou exibição.
As empresas que se dedicam à venda ou ao aluguel de fitas (ou qualquer outro 
tipo de mídia, tais como DVD, streaming, locadoras on line, etc.) de programação 
em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em desacordo com o 
certificado de classificação. Essas fitas (ou mídias) devem exibir, na embalagem ou 
em qualquer outra forma de apresentação utilizada, informação sobre a natureza 
da obra e a faixa etária a que se destinam.
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Já as revistas e as publicações que possuem material impróprio ou inadequado a 
crianças e adolescentes devem ser comercializadas em embalagem lacrada, com a 
advertência de seu conteúdo. Se as capas possuírem mensagens pornográficas ou 
obscenas devem ser protegidas com uma embalagem opaca.
As revistas e as publicações destinadas ao público infanto-juvenil não poderão 
conter ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de:
• bebidas alcoólicas;
• tabaco;
• armas e munições.
Além disso, devem respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família. 
Desse modo, não podem, por exemplo, possuir conteúdo que enalteça condutas 
racistas e preconceituosas.
Estabelecimentos, que exploram comercialmente bilhar, sinuca ou congênere 
ou por casas de jogos, ou seja, aquelas onde são realizadas apostas, não podem 
permitir a entrada e a permanência de crianças e de adolescentes no local, devendo 
ainda afixar aviso para orientação ao público.
Dos produtos e dos serviços
Em razão de sua particular situação de pessoa em desenvolvimento, o Estatuto 
vetou a venda de certos produtos a crianças e adolescentes que, de alguma forma, 
podem colocá-los em risco físico ou moral.
Aqui, também, devemos enquadrar a proibição de venda a crianças e adolescentes 
de uma série de produtos que podem causar dependência física ou psíquica, mas 
que são de corriqueira utilização nas residências e em atividades empresariais. É o 
caso de colas (“cola de sapateiro”), solventes, tintas e esmaltes que, quando usados 
de forma indevida, podem causar essa consequência.
ECA
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
I - armas, munições e explosivos;
II - bebidas alcoolicas;
III - produtos cujos componentes possam causar dependência física ou 
psíquica ainda que por utilização indevida;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido 
potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de 
utilização indevida;
V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
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UNIDADE Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção
Deve ser destacada a proibição de venda de fogos de estampido ou de artifício 
para crianças e adolescentes, exceção feita para materiais desse tipo que que não 
possuem capacidade de provocar danos físicos, mesmo em caso de utilização 
indevida, em razão do seu reduzido potencial.
Outra importante restrição se refere à hospedagem em hotel, motel, pensão ou 
estabelecimentos congêneres.
ECA
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou de adolescenteem ho-
tel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou 
acompanhado pelos pais ou responsável.
Da autorização para viajar
Por causar importante risco, estabelece o Estatuto uma série de regras para a 
viagem de crianças e adolescentes para locais fora da comarca onde residem.
A regra geral é a seguinte: “Nenhuma criança poderá viajar para fora da 
comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou do responsável, sem 
expressa autorização judicial” – artigo 83, caput.
Essa autorização judicial não será exigida nas seguintes situações:
• Quando se tratar de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma 
unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
• Se a criança estiver acompanhada;
• de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documen-
talmente o parentesco;
• de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, pela mãe ou pelo responsável.
Essa autorização expedida pelo juiz poderá, a pedido dos pais ou do responsável, 
ser expedida com validade de até dois anos.
No caso de viagem para o exterior a autorização judicial é dispensável, se a 
criança ou adolescente:
• estiver acompanhado de ambos os pais ou o responsável;
• viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro 
através de documento com firma reconhecida.
Por fim, estabelece o Estatuto que, sem expressa autorização judicial, nenhuma 
criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair do país em 
companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.
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Da política de atendimento
Disposições gerais
A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente se faz por um 
conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais, da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Entidades de atendimento
As entidades de atendimento são responsáveis pelo planejamento e pela exe-
cução de programas de proteção e socioeducativos destinados a crianças e adoles-
centes, em regime de:
• orientação e apoio sócio familiar;
• apoio socioeducativo em meio aberto;
• colocação familiar;
• acolhimento institucional;
• prestação de serviços à comunidade;
• liberdade assistida;
• semiliberdade; e
• internação.
Elas podem ser governamentais ou não governamentais sendo que estas 
últimas somente podem funcionar depois de registradas no Conselho Municipal 
dos Direitos da Criança e do Adolescente. Esse registro tem prazo de validade 
máximo de quatro anos.
Tanto as entidades governamentais como as não governamentais devem ins-
crever seus programas (especificando os regimes de atendimento) no Conselho 
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, tendo esse órgão a incum-
bência de comunicar essas informações ao Conselho Tutelar e à Vara da Infância 
e da Juventude.
Os programas em execução devem ser reavaliados pelo Conselho Municipal dos 
Direitos da Criança e do Adolescente, no máximo, a cada dois anos, particularmente, 
para que sejam verificadas questões como o pleno respeito dos direitos das crianças 
e dos adolescentes e a qualidade do serviço prestado. Havendo irregularidades não 
poderá ocorrer a renovação da autorização de manutenção do programa.
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UNIDADE Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção
Essas entidades (governamentais ou não) devem receber recursos públicos 
destinados à implementação e à manutenção desses programas, sem prejuízo do 
recebimento de recursos privados.
Entidades que desenvolvem programas de acolhimento
O programa de acolhimento tem grande importância na estrutura do Estatuto, pois 
pode representar um passo para a colocação da criança ou do adolescente em uma 
família substituta ou, por outro lado, pode representar o retorno para a convivência 
com sua família natural – resolvendo uma série de situações ligadas ao abandono.
Em razão de sua importância, a lei dedica especial atenção às entidades que de-
senvolvem esse programa, seja na modalidade familiar ou institucional. O importante 
é que elas busquem preservar ou reatar os vínculos familiares (na família natural ou 
extensa) e, na impossibilidade, devem buscar a colocação em uma família substituta.
O dirigente de entidade que desenvolve programa de acolhimento institucional é 
equiparado ao guardião para todos os efeitos de direito.
Esses dirigentes dessas entidades devem remeter à Vara da Infância e da Juven-
tude, no máximo a cada seis meses, relatório circunstanciado acerca da situação de 
cada criança ou adolescente acolhido e sua família.
As entidades que desenvolvem programa de acolhimento institucional poderão, 
em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia 
determinação do Juiz da Infância e da Juventude, contudo, devem, no prazo de 24 
horas, comunicar essa ocorrência à Vara da Infância e da Juventude.
Entidades que desenvolvem programa de internação
A internação é a medida socioeducativa mais gravosa (aplicada no caso de atos 
infracionais mais graves praticados por adolescentes), razão pela qual o Estatuto 
estipulou que as entidades que realizam esse programa devem:
ECA
Art. 94 [...]
I - observar os direitos e as garantias de que são titulares os adolescentes;
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição 
na decisão de internação;
III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unidades e grupos 
reduzidos;
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e de dignidade 
ao adolescente;
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos 
vínculos familiares;
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VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os casos em que 
se mostre inviável ou impossível o reatamento dos vínculos familiares;
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, 
higiene, salubridade e segurança e os objetos necessários à higiene pessoal;
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados à faixa 
etária dos adolescentes atendidos;
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farmacêuticos;
X - propiciar escolarização e profissionalização;
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com 
suas crenças;
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis 
meses, dando ciência dos resultados à autoridade competente;
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre sua situação 
processual;
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de adolescentes 
portadores de moléstias infectocontagiosas;
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos adolescentes;
XVIII - manter programas destinados ao apoio e ao acompanhamento de 
egressos;
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da cidadania 
àqueles que não os tiverem;
XX - manter arquivo de anotações no qual constem data e circunstâncias 
do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou responsável, parentes, 
endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua formação, relação de 
seus pertences e demais dados que possibilitem sua identificação e a 
individualização do atendimento.
Fiscalização das entidades
A fiscalização das entidades que desenvolvem programas voltados para as 
crianças e os adolescentes é realizada:
• pelo Poder Judiciário (sobretudo pelos Juízes da Infância e da Juventude);
• pelo Ministério Público; e
• pelo Conselho Tutelar.
No caso das entidades que desenvolvem programa de internação, o descumpri-
mento de suas obrigações estipuladas no artigo 94 acarreta as seguintes medidas:
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UNIDADE Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção
• No caso de entidades governamentais:» advertência;
 » afastamento provisório de seus dirigentes;
 » afastamento definitivo de seus dirigentes;
 » fechamento de unidade ou interdição de programa.
• No caso das entidades não governamentais:
 » advertência;
 » suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
 » interdição de unidades ou suspensão de programa;
 » cassação do registro.
Medidas de proteção
Disposições gerais
As chamadas medidas de proteção são uma série de providências criadas pelo 
Estatuto para situações em que os direitos da criança ou do adolescente estejam 
sendo ameaçados ou violados:
ECA
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis 
sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou 
violados:
I - por ação ou por omissão da sociedade ou do Estado;
II - por falta, por omissão ou por abuso dos pais ou do responsável;
III - em razão de sua conduta.
No antigo Código de Menores (revogado quando entrou em vigor o ECA), essas 
situações eram nominadas como sendo aquelas em que a criança ou o adolescente 
encontrava-se em situação de risco. Muito embora essa legislação não mais esteja 
em vigor, é perfeitamente possível continuar a utilizar essa denominação.
Em cada caso concreto devem ser verificadas qual ou quais dessas medidas devem 
ser aplicadas, visto que elas podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem 
como substituídas a qualquer tempo. Contudo, sempre deve ser dada preferência para 
aquelas medidas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
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As medidas de proteção, sempre que necessário, devem acarretar a regulariza-
ção do registro civil da criança ou do adolescente. É o caso, por exemplo, de uma 
criança de poucos meses que é inserida em um programa de acolhimento sem que 
haja qualquer notícia de seus pais ou de sua origem. Assim, nessa situação se pro-
videnciará seu registro de nascimento com os elementos que estiverem disponíveis.
Medidas específi cas
O ECA estabelece no artigo 101 as medidas específicas de proteção, contudo, 
há possibilidade de aplicação de outras, sempre que se verificar a sua necessidade 
e desde que sejam respeitados os princípios firmados por essa norma.
Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo
de responsabilidade
Essa medida, apesar de ser a mais simples, pode resolver uma série de situações, 
tais como aquelas em que uma criança de pouca idade é encontrada perdida de 
seus pais.
Não podemos esquecer que essa medida de proteção, tal como as demais, pode 
ser aplicada de forma cumulativa com outras.
Orientação, apoio e acompanhamento temporários
Em alguns casos, particularmente quando a família natural se mostra mal 
estruturada, pode ser importante essa medida, sobretudo para se evitar que haja 
uma agravação na situação da criança ou do adolescente.
Ela, apesar de ser temporária, não comporta prazo certo, devendo subsistir até 
que seja verificada a cessação das causas que lesem ou ameacem os direitos da 
criança ou do adolescente.
Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial
de ensino fundamental
Como vimos anteriormente, o Estado deve proporcionar o acesso das crianças 
e dos adolescentes ao ensino fundamental.
ECA
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele 
não tiveram acesso na idade própria;
[...]
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UNIDADE Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção
Por outro lado, decorre do poder familiar o dever dos pais de criar condições 
para que seus filhos frequentem o ensino fundamental.
ECA
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, de guarda e de educação 
dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação 
de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e 
deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da 
criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas 
crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei.
Caso essa frequência não ocorra, seja em razão do Estado não proporcionar o seu 
acesso, seja em razão da omissão dos pais em matricular seus filhos ou garantir-lhes 
condições para que frequentem a escola, poderá ser aplicada essa medida protetiva.
É o caso, por exemplo, da inexistência de vagas no ensino fundamental público 
disponibilizado próximo da residência da criança. Nesse caso, poderá o Juiz da 
Infância e da Juventude determinar que os dirigentes públicos resolvam esse pro-
blema, pois isso afeta, de forma contundente, os direitos dessa criança.
Inclusão em serviços e em programas oficiais ou comunitários de proteção, 
de apoio e de promoção da família, da criança e do adolescente
Essa medida protetiva é especialmente importante naquelas situações em que a 
família natural se encontra em situação de miséria.
Como vimos anteriormente, decorre do poder familiar uma série de deveres, 
os quais, quando não cumpridos, podem acarretar a suspensão ou a perda desse 
poder. Contudo, no caso de miserabilidade, essa consequência não pode ocorrer, 
devendo a família ser inserida em um programa oficial de auxílio.
ECA
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo 
suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.
§ 1º Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação 
da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de 
origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e em 
programas oficiais de proteção, de apoio e de promoção.
[...]
Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime 
hospitalar ou ambulatorial
O direito da criança e do adolescente a um atendimento integral à sua saúde está 
assegurado no artigo 11 do Estatuto, sendo que, diante de um obstáculo a esse pleno 
pode ser resolvido, em situações concretas, pela aplicação dessa medida protetiva.
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ECA
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado voltadas à 
saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de 
Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a ações e serviços 
para promoção, proteção e recuperação da saúde.
[...]
Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, de orientação e de 
tratamento a alcoolatras e toxicômanos
Esta medida protetiva decorre da anterior havendo, na verdade, uma verdadeira 
demonstração do legislador da sua preocupação com o alcoolismo e outras 
toxicomanias e as consequências que elas têm em crianças e em adolescentes.
Acolhimento institucional
O acolhimento institucional ou familiar é normalmente uma medida protetiva 
aplicada para resolver diversas situações, tais como:
• Em casos emergenciais que o Poder Público ou a sociedade se depara, tal 
como naqueles casos em que adolescentes ou crianças (muitas vezes com 
poucos dias de vida) são encontradas em situação de completo abandono.
• Dar atendimento para crianças e para adolescentes que, em razão de maus 
tratos ou mesmo crimes contra eles praticados por seus pais ou responsável, 
não podem continuar a conviver (pelo menos nesse primeiro momento) com 
os autores dessas condutas.
• Dar atendimento para criança ou para adolescente que, por qualquer razão, 
esteja afastado de sua família natural ou extensa, enquanto essa situação não 
é resolvida.
• Dar atendimento para criança ou para adolescente que se encontra em proces-
so de colocação em família substituta.
Assim, o acolhimento se destina sempre a ser uma medida provisória e excep-
cional, não podendo ser confundido com qualquer forma de privação de liberdade.
O encaminhamento de criança ou de adolescente para o acolhimento institucional 
(exceto emsituações emergenciais) somente pode se dar por atuação do Juiz da 
Infância e da Juventude.
Imediatamente, após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entidade 
responsável pelo programa de acolhimento institucional ou familiar deve elaborar 
um plano individual de atendimento, visando à reintegração familiar, salvo em 
situações excepcionais determinadas pelo Juiz da Infância e da Juventude.
O acolhimento familiar ou institucional deve ocorrer no local mais próximo à 
residência dos pais ou do responsável e, como parte do processo de reintegração 
familiar, sempre que identificada a necessidade, a família de origem será incluída em 
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UNIDADE Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção
programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e 
estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido.
Sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente 
à família de origem, a entidade que desenvolve o programa deve enviar relatório 
ao Ministério Público, propondo a destituição do poder familiar, ou a destituição de 
tutela ou de guarda.
Após o recebimento desse relatório, o Ministério Público deve ingressar com a 
ação de destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de 
estudos complementares ou outras providências que entender indispensáveis ao 
ajuizamento da demanda.
Ao final dessa ação, as crianças ou os adolescentes deverão ser incluídas no ca-
dastro de crianças e de adolescente que podem ser colocadas em famílias substitutas.
Inclusão em programa de acolhimento familiar
O acolhimento familiar é sempre preferível ao institucional, pois possibilita uma 
maior atenção à criança ou ao adolescente, razão pela qual essa modalidade deve 
ser empregada, sempre que for possível e houver famílias dispostas a participar 
dessa medida.
Colocação em família substituta
É uma medida de proteção para as diversas situações que foram tratadas em 
nossa aula específica sobre esse tema.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Estatuto da Criança e do Adolescente
https://goo.gl/9ULiJB
Constituição Federal
https://goo.gl/zaRrL
Código Civil
https://goo.gl/1k18iF
Código de Processo Civil
https://goo.gl/6b0EbE
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UNIDADE Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção
Referências
CUNHA, Rogério Sanches; LÉPORE, Paulo Eduardo; ROSSATO, Luciano Alves. 
Estatuto da criança e do adolescente comentado. 5. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2013.
CURY, Munir. Estatuto da criança e do adolescente comentado. 12. ed. São 
Paulo: Malheiros, 2013.
ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente. 15. ed. São Paulo: 
Atlas, 2014.
TAVARES, José de Farias. Comentários ao estatuto da criança e do adolescente. 
8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
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