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08 Meningites (1)

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Meningites 
Maria Eduarda Lopes – MEDUESPI 41 
 
- Segundo a OMS, nos últimos 20 anos, foram reportados 
quase 1 milhão de casos com suspeita de meningite e 100 
mil pessoas morreram 
 
- A grande maioria dos casos e mortes resultantes de 
meningite ocorre na África durante a estação das secas, 
epidemias atingem regularmente os países localizados no 
chamado “cinturão africano da meningite”, região que se 
estende por todo o continente, do Senegal à Etiópia 
 
- O Brasil já foi duramente atingido por uma epidemia de 
meningite meningocócica, no período de 1971-1974, 
assolou todo o país com taxa de mortalidade muito alta 
 
CASO CLÍNICO 
 
Paciente NCSC feminina, branca, residente em Bom Jesus do Piauí, 
3 meses, apresentou febre há 1 dia, recusa alimentar, choro 
contínuo e “moleira alta”. 
No serviço médico foi medicada com dipirona e ao exame físico, 
encontrou-se: 
 
- Temperatura 39°C 
- Corada, hidratada, acianótica, anictérica 
- Fontanela tensa 
- Sonolenta, com rigidez na nuca? (nessa idade a criança não tem 
muito controle do pescoço) 
- AR: sem alterações 
- ACV: RR 2T, bulhas normofonéticas 
- Restante do exame sem alterações 
 
CONDUTA? 
 
Fontanela tensa + criança irritada + febre -> PUNÇÃO LOMBAR 
 
O que fecha o diagnóstico de meningite é a punção lombar! 
Criança até 5 meses, sempre que houver febre sem causa 
aparente, pensar em meningite ou quadro grave de septicemia 
 
 
CASO CLÍNICO 2 
 
Paciente masculino, HRD, 16 anos, branco, natural de Teresina, 
estudante. 
#QP: febre e cefaleia há 2 dias 
#HDA: há 2 dias iniciou quadro de febre não aferida, e cefaleia 
pela manhã. À tarde, passou a apresentar vômitos tendo feito 
tratamento sintomático com metoclopramida. À noite, 
apresentou piora, tornando-se gemente, pele com exantema e 
petéquias. Na manhã do dia seguinte evoluiu com sonolência. 
→ Transferido para o IDTNP 
 
#Exame físico: 
- Temperatura axilar 39°C 
- Hipocorado +/4+, desidratado, acianótico, anictérico 
- Hipotenso (75x45mmHg), taquicardíaco (140bpm), taquipneico 
(32irpm sem esforço) 
- Prostado, sonolento, com rigidez de nuca, sem déficit focal de 
força, presença de sinal de Kernig 
- Lesões petequiais com áreas de confluência, em MMII, 
acometendo também tórax e MMSS 
- Restante do exame sem alterações 
 
#Resultado do líquor: 
- 9783 cel/mm3 
▪ Normal: 5 ou 6 células 
- PMN 100% predominante (sugere infecção grave) 
- Proteinorraquia 120mg% 
▪ Normal: 20 a 40% 
- Glicose 10mg/dl 
▪ Normal: semelhante à do sangue, em torno de 80mg/dl 
- Bacterioscopia positiva para diplococos G- 
- Cultura não houve crescimento nas primeiras horas 
 
#Resultado dos exames laboratoriais: 
- Creatinina -> 1,1mg/dL 
- Ureia -> 68mg/dL 
- Sódio sérico -> 139mEq/L 
- Potássio -> 3,0mEq/L 
- Hematócrito -> 33,4% 
- Plaquetas -> 101.000/mm3 
- Leucócitos -> 5200 
▪ 21% segmentados | 47% bastões 
 
→ Sugerindo infecção grave, quase choque séptico 
 
#EVOLUÇÃO: 
- Evoluiu com regressão das lesões petequiais (se tornaram 
crostosas), porém houve persistência da febre e da rigidez de nuca 
por quase 4 dias. Apresentou artralgia em joelho direito no 
terceiro dia de internação, sendo medicado com anti-inflamatório 
e antitérmico, obtendo-se regressão da febre e da artralgia 
 
- Recebeu alta após quatro semanas de internação sem sequelas 
neurológicas a curto prazo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASO CLÍNICO 3 
 
Mulher, 32 anos, negra, solteira, diarista, moradora do Dirceu, 
natural de Timom-MA, queixa-se de cefaleia, febre e confusão 
mental. 
→ OBS: paciente inconsciente, irmã repassou as informações 
 
#QP: “minha irmã estava com dor de cabeça e agora está 
desmaiada desde ontem” 
 
Familiar refere que a paciente vem apresentando há 2 semanas 
cefaleia holocraniana de forte intensidade, associada a náuseas e 
vômitos, limitando atividades cotidianas. A dor, sem irradiações, 
inicialmente cedia ao uso de dipirona, depois passou a ser 
constante. Não procurou atendimento médico precocemente por 
não ter tempo. Acompanhante relata início do quadro de 
confusão mental evoluindo para desorientação há um dia. 
 
HPP: NDN 
Braço de paciente com algumas pontinhas vermelhas que são 
pequenas sufusões hemorrágicas decorrentes da gravidade da 
cascata imunológica formada devido aos polissacarídeos da 
capsula do meningococo que dão um estímulo grande na cascata 
do complemento e isso faz com que se tenha maior consumo de 
plaquetas e assim, acontecem as sulfusões hemorrágicas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
#Exame físico: 
- PA 100x60mmHg 
- FC: 78bpm 
- Tax: 36,8°C 
- Desidratada 3+/4+ 
- Hipocorada 2+/4+ 
- Anictérica, acianótica, enchimento capilar preservado 
- Exame neurológico: paciente confusa sem sinais focais, pupilas 
isocóricas/fotoreagentes. Reflexos superficiais e profundos 
preservados. Rigidez de nuca e Kernig presentes; 
- AR: MV normal, sem RA 
- ACV: RCR 2T BNF sem sopros 
- Abdome: plano, flácido, indolor à palpação 
- MMII: panturrilhas livres, sem sinais de edema, com cicatrizes 
- Mamas: cônicas, médias, simétricas, ausência de abaulamentos, 
retrações 
 
→ Exame completo, pois, a paciente estava obilubilada, incapaz 
de contribuir respondendo às questões 
 
#LABORATÓRIO 
 
- LCR de aspecto levemente turvo 
▪ Pressão 44cm 
▪ Citologia 167 células às custas de monucleares 
o Menos que o paciente anterior, mas o normal 
é 5 ou 6, então está alterado 
▪ Glicose 36mg/dl 
o Baixa! 
▪ Proteínas: 86mg/dL 
o Muito elevada, normal é 20 a 40mg/dL 
▪ Cloretos: 117 
- Coloração com tinta da China 
▪ Cultura positiva para o fungo C. neoformans 
▪ Soroaglutinação para criptococos 
 
- Teste rápido HIV negativo 
▪ Sempre solicitar em suspeita de meningite, por ser uma 
doença que atinge muito os pacientes 
imunossuprimidos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEFINIÇÃO 
 
- Processo inflamatório das meninges (membranas que 
envolvem o encéfalo e a medula espinal) identificada por 
aumento do número de glóbulos brancos no LCR 
 
CAUSAS: vários agentes etiológicos, sendo os principais, as 
bactérias, os vírus e os fungos, 
▪ Ingestão de contraste ou de medicamentos podem 
causar meningite 
 
FAIXA ETÁRIA: embora seja mais comum em crianças e 
adultos jovens, pode acometer pessoas de qualquer faixa 
etária, principalmente as imunossuprimidas 
 
CIRCULAÇÃO LIQUÓRICA 
 
- O líquor à medida que vai sendo produzido circula e é 
reabsorvido 
 
ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA 
 
- Idade: muito comum em crianças e adolescentes, mas 
pode ocorrer em qualquer idade 
- Situação epidemiológica local: saber se está tendo 
alguma infecção bacteriana comum que possa cursar com 
quadro de alguma epidemia, como pneumonia ou a 
meningite 
- Foco séptico inicial: paciente pode apresentar diarreia 
grande e em seguida fazer o quadro de meningite, ou então 
pneumonia que cursa com bactéria e em seguida 
meningite. Sinusites, faringites e amidalites podem ser foco 
inicial para infecção a nível de tecido cerebral 
- Estado imunitário: paciente foi vacinado contra meningite 
e pneumococo? 
- Condições socioeconômicas: populações mais pobres 
pagam um preço maior 
 
 
 
 
Como o caso era grave, foi 
feita TC de crânio que 
apontou o tecido cerebral 
com aspecto edemaseado, é 
visível também que há várias 
alterações do tecido cerebral, 
um aglomerado de lesões 
(parte superior direita) que 
justificava o quadro 
neurológico da paciente 
C. neoformans 
visto no 
microscópio, 
presente após o 
teste do líquor 
com tinta da China 
As meningites podem ser divididas em 2 grandes grupos: 
 
❖ PURULENTAS 
 
- Neisseria meningitidis (é transmissível de pessoa a pessoa) 
- Streptococcus pneumoniae (frequente em crianças pequenas) 
- Haemophilus influenzae 
- Streptococcus do grupo B 
- Gram negativos entéricos 
- Pseudomonas aeruginosas 
- Listerias 
 
❖ NÃO PURULENTAS 
- Micobactérias (principalmente em pessoas imunossuprimidas) 
- Brucelas (muito transmitidas quando não havia leite tratado) 
- Espiroquetas 
 
Além das bactérias a meningite pode tercomo agente 
infeccioso fungos e vírus. 
 
AGENTES MAIS FREQUENTES 
 
-Bactérias: 
▪ Neisseria meningitidis 
▪ Streptococcus pneumonia 
▪ Haemophulus influenzae -> hoje tem papel pouco 
significativo na etiologia das meningites, pois quando a 
pessoa é vacinada com a pentavalente, tem antígenos 
também contra H. influenzae 
- Normalmente quando se faz o diagnóstico de meningite 
não sabe qual o agente. No entanto, a cultura demora 3 
dias, pode esperar? Não! Usar a tabela do mais frequente 
como base para iniciar o tratamento empírico 
 
As meningites por S. pneumoniae são extremamente 
graves! Com taxa de mortalidade de até 50%, enquanto a 
N. meningitidis tem taxa de 10% 
 
Incidência: 5 a 10 casos por 100.000 habitantes (EUA) 
▪ 80% Neisseria meningitidis e S. pneumoniae 
▪ H. influenza foi um agente importante no passado, 
com a vacina reduziu muito os casos dessa 
meningite 
▪ 20% Streptococcus grupo milleri, listeria 
monocytogenes 
▪ Gram negativos aeróbios (Klebsiella pneumoniae, 
Pseudomonas aeruginosa, Salmonella, Serratia, E. coli) 
A MENINGITE TAMBÉM PODE SER CHAMADA DE DOENÇA 
MENINGOCÓCICA, pois pode atingir não só o tecido 
cerebral, como outros (ex: pulmão e causar pneumonia), ou 
então se apresentar com uma forma septicêmica. Quando 
apresenta com septicemia, é chamada de 
meningococcemia ou choque séptico 
 
DOENÇA MENIGOCÓCICA 
 
❖ Meningococcemia (choque séptico) 
- Com ou sem meningite 
- Com ou sem sufusão hemorrágica 
 
❖ Meningite meningocócica 
- Com ou sem petéquias 
 
JANEIRO 2020: “os números da meningite continuam a crescer na 
Bahia e em Salvador desde o início do mês, até ontem (10) atingiu 
a marca de 2.218 casos notificados no estado e 1445 na capital. E 
mais grave, houve elevação no número de mortos pelos vários 
sorotipos da doença que saltou de 128 para 138 mortes no 
estado, e de 55 para 64 óbitos em Salvador” 
 
- É uma forma de meningite que precisa de isolamento! 
- É um diplococo G- 
 
PATOGÊNESE 
 
1. Colonização da orofaringe por um novo patógeno 
▪ Produção de protease -> Causam a destruição da IgA 
▪ Adesinas (pili ou fimbrias) -> facilitam a adesão nas 
mucosas 
 
2. Cruzamento da barreira hematoencefálica 
▪ Isso se torna mais grave no caso de bactérias que 
possuem cápsula, que é o caso das: 
o H. influenzae, N. meningitids, S. pneumoniae, 
E. coli, S. agalactiae 
 
3. Invasão do SNC 
▪ Distribuição ao longo das paredes seios venosos 
encefálicos onde há menor pressão e com isso ocorre o 
cruzamento da barreira hemato-liquórica levando à 
deficiência do sistema de defesa do SNC 
 
 
 
4. Componentes da estrutura bacteriana -> produção de 
mediadores do processo inflamatório (TNF, IL 1 e IL 6) 
▪ Isso provoca a ativação do endotélio cerebral 
▪ Podendo causar edema cerebral e até áreas de 
hemorragia 
 
QUADRO CLÍNICO 
 
- 40% dos pacientes têm antecedentes de IVAS (sinusite, 
faringite, amidalite, rinossinusite) 
- Sintomas 
▪ Febre, cefaleia, vômitos 
- Sinais 
▪ Rigidez nuca, kernig e brudzinsky 
- Convulsões em 20-30% dos casos 
- Sinais focais em 10-20% dos casos 
▪ Diminuição de força, alteração da audição de um dos 
ouvidos, e rash cutâneo 
Bactérias encapsuladas causam doenças mais graves! No entanto, 
as não encapsuladas também são capazes de atravessar a BHE 
→ Em lactentes é necessário sempre estar atentos aos 
sinais inespecíficos (febre, irritabilidade, anorexia, 
abaulamentos de fontanelas) 
→ Em idosos, há o predomínio de alterações sensoriais 
 
Sinais característico de irritação meníngea 
 
- Rigidez de nuca: é o mais encontrado na prática clínica, 
presente em 80 a 90% dos casos. Doente não consegue 
fletir a cabeça para frente e para trás devido a grande dor 
 
- Kernig: presente em 30 a 40% dos casos, flexão passiva da 
coxa sobre a bacia, em ângulo reto, com dor e resistência à 
extensão do joelho. Paciente não consegue fazer, vai 
dobrar a perna, pois é uma posição que gera muita dor 
 
- Brudzinski: presente em 30 a 40% dos casos, flexão 
involuntária da perna ao se tentar fletir a cabeça do 
paciente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alterações no SNC, geram alterações diversas no corpo, 
dependendo de onde está a lesão nervosa. 
 
 
 
SE POSSÍVEL SEMPRE PEDIR A TC DE CRÂNIO NESSES 
PACIENTES! 
 
Posso fazer também o exame de fundo de olho, que se 
estiver inflamado, não se deve puncionar, pois está com 
hipertensão cerebral, e se puncionar pode despressurizar e 
pegar o centro da respiração e cardiovascular, levando o 
paciente ao óbito. 
 
DIAGNÓSTICO 
 
❖ PROVAS ESPECÍFICAS: 
 
- Avaliação do líquor 
▪ Citologia e citometria 
▪ Bioquímica: 
o Proteinorraquia 
o Glicorraquia 
o Dosagem de cloretos 
▪ Bacterioscopia e cultura 
▪ Pesquisa de antígeno bacteriano 
o Látex ou contraimunoeletroforese 
Exsudato cerebral purulento, 
de um cérebro que foi 
retirado de uma pessoa que 
faleceu por meningite. 
Secreção branca purulenta, 
vasos ingurgitados devido à 
inflamação 
 
Cascata de resposta 
inflamatória pode levar a 
uma hemorragia grande 
representadas por essas 
áreas escuras são áreas de 
necrose. Se pega 
extremidades do pé ou na 
mão, pode cursar com perda 
do membro por gangrena. 
Por ser uma infecção grave, 
os pacientes que já tiveram 
contato com herpes alguma 
vez na vida, pode fazer essas 
lesões que são muito comuns. 
Edema do disco óptico 
no olho direito, é 
atingido principalmente 
nos casos de fungo. 
❖ NÃO ESPECÍFICAS 
▪ Hemograma completo 
▪ VHS 
▪ PCR 
▪ Glicemia plasmática 
▪ Eletrólitos 
▪ Ureia e creatinina 
▪ Hemocultura 
 
- Hoje existe um teste feito no sangue que deve ser 
aplicado quando se desconfia de meningite criptocócica, 
que cursa com hipertensão intracraniana grave -> ÚNICO 
CASO EM QUE É ACEITO USAR O SANGUE E NÃO O LÍQUOR! 
▪ Esse teste foi criado pois, antigamente a criptococose 
não era muito comum, com o aparecimento da AIDS, 
hoje é uma das infecções fúngicas mais frequentes 
o BO dos condomínios querendo colocar 
determinação de matar todos os pombos, o 
que não pode pois seria extinção da espécie. E 
na realidade é muito mais comum a fonte de 
tronco de árvores 
 
O ideal é só puncionar depois de ver a TC. Mas, se estou 
num serviço onde não é disponível, faço de cara a punção. 
Se não me sinto confiável, iniciar o tratamento empírico se 
é um caso sugestivo de meningite. Não posso adiar o 
tratamento, senão o paciente morre! 
 
PUNÇÃO LOMBAR 
 
- É um procedimento que tem por finalidade a retirada de 
LCR, para exames laboratoriais ou descompressão do 
sistema e para infusão de medicamentos 
 
- Através dele conseguimos informações imediatas como: 
▪ Pressão 
▪ Aspecto e cor do líquor 
 
Além de possibilitar análises 
bioquímicas e estabelecem, 
geralmente a origem da agressão ou 
problema 
 
- Pode ser usado para o diagnóstico diferencial de AVC 
isquêmico. Punciona e se houver sangramento no líquor é 
feito a prova do tubo, para descobrir se o sangue é 
realmente derivado de um AVC ou se foi só um ferimento 
do procedimento (pegou algum vaso na hora de fazer) 
▪ Se for do procedimento, apenas o LCR inicial vai vir com 
sangue. O segundo tubo de amostra já começa a clarear 
▪ Já o AVC, à medida que vou retirando mais conteúdo, 
ele continua sanguinolento 
 
PONTO DE REFERÊNCIA: o ponto exato de introdução da 
agulha encontra-se na junção de uma linha que passa pela 
linha transversa que une o ponto superior das cristas ilíacas 
e a colune espinal; essa linha estabelece o ponto de 
referência entre L2-L3 
 
TÉCNICA: 
- Pode ser feita de duas maneiras: 
▪ Paciente em decúbito dorsal (maioria das vezes) 
▪ Paciente sentado 
 
- A agulha deve ser posta no espaço subaracnóideo retirar o 
mandril e passar a recolher o líquor 
- Caso o fluxo não apareça devemos tentar uma rotação 
suave da agulha e/ou gerar uma aspiração com seringa 
- Se não houver resposta, empurrar ou puxar a agulha 1 a 
2mm, na tentativa de alcançar o espaço liquórico 
 
COMPLICAÇÕES:- Cefaleia por diminuição abrupta do líquor e uma mais 
tardia por hipertensão liquórica; 
- Infecção em situações não estéreis; 
- Sangramento persistente em pacientes com distúrbios de 
coagulação; 
- Lesão do plexo venoso e produção de hemorragia no 
líquor. Existe um grande prejuízo para análise bioquímica, 
com consequente problema na interpretação, pois 
atrapalha a contagem de células e outros itens que 
precisam ser analisados 
 
- A principal e mais temida das complicações é a HÉRNIA DE 
AMÍGDALAS CEREBERALES. Ela gera a morte por 
compressão repentina dos centros bulbares 
cardiorrespiratórios. Diante de sinais de localização 
(tumores SNC ou outras situações) realizar fundo de olho e 
se a fontanela já estiver fechada uma TC antes da realização 
do procedimento 
 
MAS O QUE É O LÍQUOR? É um líquido límpido, derivado do 
plasma e que circula ao redor do cérebro e nas suas 
cavidades (ventrículos) e na espinha dorsal 
 
❖ Quantidade: 
- ADULTO: é aproximadamente 2mL por kg ou 
aproximadamente 150mL 
▪ Na punção lombar retiro de 2 a 3mL 
- BEBÊS: até 4 semanas, média de 10-60mL 
 
- O corpo humano produz 500mL/dia aproximadamente 
 
❖ 3 funções principais: 
- Proteger o cérebro e medula de traumas 
- Suprir nutrientes para o tecido do sistema nervoso 
- Remover produtos de degradação do metabolismo 
cerebral 
 
LÍQUOR NORMAL: 
 
 
 
CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS DA PL: 
infecção no local da punção, instabilidade 
DIAGNÓSTICO 
 
- Critérios para obtenção de neuroimagem antes da 
realização da punção lombar: 
▪ TCE; 
▪ Imunodeficiência associada; 
▪ Convulsão recente (<7 dias) e/ou convulsão focal) 
▪ Alteração do nível de consciência 
▪ Histórico de lesões compressivas, isquemia ou 
infecção focal 
 
→ Exames solicitados para o líquor: 
 
- Citologia global diferencial 
1. Pleiocitose 100 - 10.000 cels/mm3 
2. Polimorfonuclear (>80%) 
3. Linfomononuclear 
▪ Mycobacterium tuberculosis, Borrelia burgdorferi e 
Treponema palidum 
 
- Bacterioscopia pelo Gram 
- Cultura e antibiograma 
- Contraimunoeletroforese (látex – avaliar antígenos) 
 
- Bioquímica 
▪ Glicose, proteínas, DLH, cloretos 
- Sorologia (VDRL) 
- Reação de polimerase em cadeia (ELISA, principalmente em 
crianças que a mãe teve sífilis e apresentam VDRL positivo) 
- Pesquisa de BAAR e ADA 
- Pesquisa de fungos em tinta nanquim 
- Cultura e antibiograma 
- Cultura para BAAR e fungos 
 
- Hemocultura: obrigatória para saber qual o agente 
etiológico 
▪ Identifica bactéria em 80-90% dos casos 
- Hemograma 
- TC crânio 
 
QUANDO É VIRAL OU BACTERIANA? 
 
- É difícil conseguir estabelecer o diagnóstico etiológico de 
meningite, muitas vezes, isso é decorrente da utilização 
previa de antibióticos 
▪ Paciente tava tomando ATB e mascarou o quadro 
 
- Esterilização do líquor pode ocorrer rapidamente após o 
início parenteral de antibióticos, completa esterilização do 
meningococo em 2h e do pneumococo em 4h 
 
TRATAMENTO 
 
- Iniciado de maneira empírica com base na idade do 
paciente e no conhecimento dos agentes prevalentes e seu 
perfil de sensibilidade 
- Precauções com gotículas -> isolamento até 24h do início 
da antibioticoterapia (se ceftriaxona) 
▪ N. meningitidis, H. influenzae e indeterminado 
 
- Medidas gerais 
- Monitorização dos dados vitais 
- Corticoterapia 
- Antibioticoterapia 
*não precisa decorar, existem os quadros no serviço 
 
Quando o paciente chega, faço CEFOTAXINA ou 
CEFOTRIAXONA, 2g de 12/12h até que saia a cultura 
 
DURAÇÃO DO TRATAMENTO -> depende do agente 
etiológico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRATAMENTO DE SUPORTE 
 
- Estabilização do paciente segundo suporte avançado 
- Controle das crises convulsivas: drogas de escolha são 
derivados de benzodiazepínicos 
 
- Controle do edema cerebral: 
▪ Medidas neuroprotetoras, mínima mobilização, 
elevação da cabeceira 
▪ Restrição de líquidos (80 a 100mL/kg/dia – se não 
houver desidratação) 
▪ Considerar o uso de drogas como furosemida 
(1mg/kg) ou manitol (0,5 a 1mg/kg – 6/6h) com 
avaliação periódica 
▪ Monitorização rigorosa dos sinais vitais 
 
QUIMIOPROFILAXIA quando não tem a vacina disponível 
para a meningite transmissível, faz o antibiótico para os 
contactantes, para prevenir meningococo ou haemophilus 
 
- Contato íntimo: 
▪ Domicílio 
▪ Escola 
o Sala de aula por mais de 4h 
o Escola com mais de 1 caso 
▪ Creche 
o Contato por mais de 4h durante os 
últimos 7 dias 
- Contactantes do domiciliar 
- Compartilharam o mesmo alojamento nos últimos 5 dias 
- Relação íntima e prolongada 
- Crianças <7 anos mesma classe (creche ou escola) 
- Indivíduos em contato com secreção 
- Contatos intradomiciliares, havendo criança <4 anos 
 
Associação de corticoides: 
- Atenuação do processo inflamatório do espaço 
subaracnóideo em animais de laboratório; 
- Principal fator que contribui para diminuição da 
morbidade e mortalidade. Evidências em: 
▪ Crianças com meningite por pneumococo 
▪ Adultos com meningite bacteriana 
▪ Pacientes com meningite por TB 
 
- Ausência de evidências em neonatos com meningite 
bacteriana 
 
USO PRECOCE: 
- Antes/concomitantemente a primeira dose do ATB 
 
DEXAMETASONA – 0,15mg/kg a cada 6h em crianças e 
10mg a cada 6h no adulto, por 2 a 4 dias 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Viral X Bacteriana 
 
Alguns exames podem ajudar nessa distinção: 
 
Glicorraquia: glicose na bacteriana é menor, pois as 
bactérias usam como “comida” 
 
PROGNÓSTICO 
 
- Mortalidade de 4 a 10% em crianças: 
▪ H. influenzae e N. meningitidis: 3 a 7% 
▪ S. pneumoniae 20 a25% 
▪ L. monocytognes 
 
- Piora quanto menor ou maior a idade do paciente 
- Diagnóstico tardio ou casos de atraso na 
antibioticoterapia 
 
*meningite meningocócica grava: primeiras 48h 
 
COMPLICAÇÕES 
 
- Gerais: 
▪ Choque, CIVD (coagulação intravascular disseminada) 
▪ SIADH 
▪ Síndrome de Waterhouse-Frederichsen 
▪ Artrite – não necessita de tratamento 
 
- Neurológicas: 
▪ Déficit auditivo – mais frequente! 
▪ Hidrocefalia, retardo mental 
▪ Coleção subdural <1 ano (febre prolongada, 
recorrente ou persistente) 
▪ Abcesso cerebral, ventriculite 
 
IMUNOPROFILAXIA 
 
Vacinas: 
 
- Anti-H. influenzae (presente na pentavalente) 
▪ Eficaz para doenças invasivas (meningite) 
▪ Vacinas conjugadas 
▪ Indicações 
o Calendário básico (2, 4, 6 meses) 
o Imunodeprimidos (2, 4, 6 meses e reforço 
aos 15 meses) 
o Imunização perdida (1 dose se maior que 
1 ano) 
 
- Anti-pneumocócica 
▪ Pneumo10 (antígenos polissacarídeos) 
o No primeiro ano de vida 
o Indicação em imunossuprimidos 
▪ Pentavalente e heptavalente 
o Após 2 meses de idade 
o 4 doses (2, 4, 6 meses e 1 ano) 
▪ Indicações: imunodeprimidos e asplenia 
 
- Anti-meningocócica 
▪ Monovalente 
o Meningogócica C - Conjugada 
▪ Bivalente 
o A e C 
o B e C 
 
- Indicação de vacinação ministério da saúde: 
▪ Ocorrência de surto de doença meningocócica 
o 3 ou mais casos primários de DM 
o Mesmo sorogrupo 
o Período inferior a 3 meses 
o Coeficiente de incidência: 10 casos / 
100.00 habitantes

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