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QUÍMICA Capítulo 6 Equilíbrio químico II166 Feitos os cálculos pedidos, deve-se salientar que o composto de menor Kps não é, necessariamente, o menos solúvel. Observe a ordem crescente de Kps para os compostos: (Kps)Pb3(PO4)2 < (Kps)Al(OH)3 < (Kps)Fe4(P2O7)3 < (Kps)Mg(OH)2 < (Kps)BaSO4 Observe também a ordem crescente de solubilidade desses mesmos compostos: SPb3(PO4)2 < SAl(OH)3 < SBaSO4 < SMg(OH)2 < SFe4(P2O7)3 Perceba como um Kps maior não garante uma solubi- lidade maior. Portanto, quando um problema fornecer o produto de solubilidade dos compostos químicos e pedir o de menor solubilidade em água, deve-se cal- cular a solubilidade S partindo do Kps para cada uma das espécies. 17 Para o composto iônico CaSO4, de produto de solu- bilidade 2,5 . 10–5, calcule a solubilidade em água e também em solução aquosa de Na2SO4, 0,25 mol/L Discuta os resultados encontrados. Resolução: O equilíbrio iônico para o composto CaSO4 é dado por: CaSO4(s) Ca 2+(aq) + SO2–4 (aq) Equilíbrio: S S Portanto, Kps = S 2∴ 2,5 ⋅ 10 5 = S2 ∴ SCaSO4 = 5 ⋅ 10 –3 mol/L. Entretanto, se a esse equilíbrio já estabelecido se adiciona íons SO24 – (aq), de tal forma que sua con- centração na solução seja de 0,25 mol/L (sem levar em conta o SO24 – (aq) da dissolução do sulfato de cálcio), evidentemente o equilíbrio seria desloca- do para a esquerda, no sentido da precipitação do CaSO4. Assim, percebe-se que a presença de íons sulfato (assim como de íons cálcio) diminui a solu- bilidade do sulfato de cálcio em relação à sua solubi lidade em água pura. De maneira formal, teríamos: CaSO4(s) Ca 2+(aq) + SO2–4 (aq) Equilíbrio: S S + 0,25 Portanto, Kps = S ⋅ (S + 0,25) ∴ 2,5 ⋅ 10 –5 = S ⋅ (S + 0,25). Contudo, já sabendo que a solubilidade em água pura vale 5 ⋅ 10 3 mol/L, e que a nova solubilidade em so- lução aquosa de Na2SO4 é ainda menor, é fácil notar que S + 0,25 ≈ 0,25, já que 0,25 >> S. Assim, Kps = S ⋅ (S + 0,25) ∴ 2,5 ⋅ 10 5 ≈ S ⋅ 0,25 ∴ S ≈ 10 4 mol/L. Logo, a presença prévia de íons formadores do ele- trólito no estado sólido, em solução aquosa, diminui a solubilidade desse composto, pelo efeito do íon comum. 18 Qual é o valor do pH do leite de magnésia? Dado: KpsMg(OH)2 = 7 . 10 12 Resolução: O leite de magnésia é uma suspensão de hidróxido de magnésio em água, ou seja, é uma solução satura- da de hidróxido de magnésio com o respectivo sólido, que se encontra disseminado no sistema por agita- ção. Os íons magnésio e hidróxido são provenientes da dissolução da base e, portanto, estão em propor- ção estequiométrica. Equacionando, tem-se: Mg(OH)2(s) Mg 2+(aq) + 2OH–(aq) Equilíbrio: S 2S Como K Mg aq OH aq S S ps = ⋅ ∴ ⋅ = ⋅ ∴ ⋅ + − − − 2 1 2 12 2 1 7 10 2 7 10 ( ) ( ) ( ) 22 3 4 4 4 1 2 10 2 2 1 2 10 = ∴ = ⋅ = = ⋅ ⋅ ∴ − − − S S mol L Mas OH aq S , ( ) , / /[ ( )] ,OH aq mol L Sabendo que pOH log OH − − − = ⋅ = ∴ 2 4 10 4 pOH log pOH Na temperatura ambien = − ⋅ ∴ =−2 4 10 3 624, , tte pH pOH pH pH , , , + = ∴ ∴ =+ = 14 3 62 14 10 38 2o caso: os íons dissolvidos são provenientes de soluções distintas Quando os íons que compõem um eletrólito provêm de soluções distintas, é muito provável que cátions e ânions não estejam em proporção estequiométrica. Portanto, um dos íons está em excesso em relação ao outro. Muito se diz sobre o fato de um reagente em excesso não aumentar a quan- tidade de produto formado, o que é verdade, mas não se deve esquecer que o aumento da concentração de um reagente aumenta a velocidade de precipitação. Assim, jamais se deve desprezar o efeito do excesso de um dos íons na precipita- ção de um soluto, já que o equilíbrio depende da relação entre as velocidades de dissolução e precipitação. Portanto, se o cátion e o ânion ativos no processo de precipitação estiverem em soluções distintas, pode-se mis- turar essas soluções. Após a mistura, cátion e ânion terão concentrações molares C (aq) e y+ mistura e A (aq) a x– mistura , respectivamente. Assim, pode-se definir Qps, que tem a mesma expres- são do Kps, mas as concentrações dos íons não são as da situação de equilíbrio. Q = C (aq) A (aq)ps y+ mistura x x mistura y ⋅ − F R E N T E 3 167 Se Q > K pr ps ps → eecipitação (equilíbrio entre sólido e solução saturada) = K sops → llução saturada sem precipitação (iminência de equilíbrio) < Kps → ssolução insaturada sem precipitação (não há equilíbrio) Pode-se esquematizar essa mistura de soluções da seguinte forma: Mistura de soluções (Contém ânion inerte na eventual precipitação) (Contém cátion inerte na eventual precipitação) Se Q ps > K ps Se Q ps = K ps Se Q ps < K ps Solução saturada com corpo de fundo (Equilíbrio) Solução saturada (Iminência do equilíbrio) Solução insaturada (Não há equilíbrio) y (aq)C + xA – yC + xA C x A y (s) (aq) (aq) (aq) (aq) (aq) yC + xA – (aq) (aq) yC + xA – (aq) (aq) yC + xA + = ⋅ x y y x ps mistura mistura Q C (aq) A (aq) Fig. 9 Esquema da mistura de soluções em que uma delas contém o cátion, e a outra, o ânion. Pode haver precipitação. Exercícios resolvidos 19 Uma solução aquosa contém íons fosfato em uma concentração de 10–6 mol/L. Qual deve ser a máxi ma concentração de íons plumboso para a qual não ocorre precipitação? Dado: KpsPb3(PO4)2 = 3 . 10–44 Resolução: Primeiramente, cátions e ânions não estão em pro- porção estequiométrica. Esse equilíbrio pode ser equacionado da seguinte forma: Pb3(PO4)2(s) 3Pb 2+(aq) + 2PO3–4 (aq) Equilíbrio: ? 10–6 mol/L Como K Pb aq PO aq Pb ps = ⋅ ⋅∴ = + − − + 2 3 4 3 2 44 2 3 10 ( ) ( ) (aaq Pb aq mol L ) ( ) , ⋅ ( ) ⋅∴ = − + − 3 6 2 2 11 10 3 11 10 / 20 Uma solução aquosa contém íons alumínio com concentração de 10 4 mol/L. Qual deve ser o menor valor de pH para o qual ocorre precipitação de hidró- xido de alumínio? Dado: KpsAl(OH)3= 3 . 10 34 Resolução: Esquematizando o equilíbrio do hidróxido de alumínio sólido e de seus íons em solução aquosa, temos: Al(OH)3(s) Al 3+(aq) + 3OH–(aq) Equilíbrio: 10–4 mol/L ? Aplicando a expressão do produto de solubilidade, temos: K = A aq OH aq 3 10 = 10 OH aq ps 3+ 1 3 34 4 ( ) ⋅ ( ) ∴ ⋅ ⋅ ( ) − − − − ∴ ⋅ − ∴ − − − 3 10 OH (aq) = 1,44 10 mol/L Mas: pOH = log OH pOH = log1,44 10 pOH = 9,84 Na temperatura ambiente 10⋅ ∴ − ,, pH + pOH = 14 pH + 9,84 = 14 pH = 4,16∴ ∴ 21 50 mL de uma solução contendo 3 . 10 5 mols de BaCl2 por litro são misturados com 100 mL de uma solução contendo 4,5 . 10–5 mols de Na2SO4 por litro. Qual o percentual, em mols de íons bário, que será precipitado? Dado: KpsBaSO4= 1,25 . 10 10 Resolução: Os íons bário podem precipitar na forma de sulfato de bário, sal praticamente insolúvel em água. Procede- -se, primeiramente, calculando o número de mols do cátion e do ânion que podem precipitar. n = V L n = 3 10 50 10 n = 1,5 10 mols n Ba Ba 5 3 Ba 6 S 2+ 2+ 2+ M ⋅ ( )∴ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅∴ − − − OO SO 5 SO 6 4 2 4 2 4 2 = V L n = 4,5 10 0,1 n = 4,5 10 mols − − ⋅ ( ) ⋅ ⋅ ⋅ ⋅∴ − − M − QUÍMICA Capítulo 6 Equilíbrio químico II168 O volume da solução nal é 150 mL, ou 0,15 L. Portanto: ∴ ⋅ ∴ ⋅ ∴ ⋅ ∴ ⋅ Ba = n V(L) Ba = 1,5 10 0,15 Ba = 1 10 mol/L SO = n V(L) SO = 4,5 10 0,15 SO = 3 10 mol/L 2+ 1 2+ –6 2+ –5 4 2– 1 4 2– –6 4 25 Com isso: = ⋅ ∴ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ∴ = ⋅ > = ⋅ + Q Ba SO Q 1 10 3 10 Q 3 10 K 1,25 10 ps 2 4 2– ps –5 –5 ps 10 ps 10 Logo, ocorrerá precipitação de sulfato de bário. De- ve-se analisar a porcentagem de bário que precipita, portanto, para a tabela em mol/L: BaSO4(s) Ba 2+(aq) + SO2–4 (aq) Início: 1 . 10–5 3 . 10–5 Reagiu: – x – x Equilíbrio: 1 . 10–5 – x 3 . 10–5 – xAplicando o produto de solubilidade: ( ) ( ) ⋅ ∴ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ∴ ⋅ ⋅ K = Ba SO 1,25 10 = 1 10 –x 3 10 – x x – 4 10 x + 1,75 10 = 0 ps 2+ 4 2– –10 –5 –5 2 5 10 Para essa equação do 2o grau, tem-se duas raízes. Uma delas vale 3,5 10 5 (não convém, já que a quan- tidade que deveria precipitar supera o que existe inicialmente), enquanto a outra vale 0,5 10 5 (convém). Como o que precipita é 0,5 10–5 mol/L e o que se tem no início é 1 10–5 mol/L, então a porcentagem inicial de íons bário que precipitam é de 50%. 22 Uma solução aquosa de Hg(NO3)2 tem concentração 2 . 10–9 mol/L. A 5 L dessa solução se adiciona, gota a go- ta, solução aquosa de NaI, de concentração 1 . 10–5 mol/L. A partir de qual gota se verifica precipitação? Dado: KpsHgI2= 1,8 . 10 28e volume de uma gota = 0,05 mL. Resolução: Quando se gotejam x gotas da solução de NaI na solução de Hg(NO3)2, o soluto iodeto de sódio sofre diluição, que pode ser calculada por: M M⋅ ⋅ ∴ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ∴ ⋅ V = V 1 10 0,05 x = I ' 5 000 I = 10 x mol/L ' ' –5 ' 10 Note como a solução de 5 L não sofrerá alteração signicativa de volume com o acréscimo de algumas gotas. Além disso, a adição dessas gotas não dilui de maneira signicativa os íons mercúrio. Portanto: Em mol/L HgI2(s) Hg 2+(aq) + 2I–(aq) Equilíbrio: 2 . 10–9 10–10 . x Aplicando o produto de solubilidade, obtemos: K = Hg (aq) (aq) 1,8 10 = 2 10 10 psHgI 2+ 2 28 9 2 ⋅ ∴ ⋅ ⋅ ⋅ − − − − I 110 2 20 20 2 x 9 10 = 10 x x = 3 gotas. ⋅( ) ∴ ⋅ ⋅ ∴− − Portanto, na terceira gota, a solução satura em Hgl2 e, a partir da quarta gota, se verica a precipitação. 23 A uma solução com concentração 1 mol/L de Ca(NO3)2 e volume 4 L, adiciona-se uma solução que contém 0,5 mol de Na2CO3 e 0,5 mol de Na2SO4, e volume 6 L. Determine a molaridade dos íons Ca2+, CO3 2 – e SO4 2 quando se está em equilíbrio químico, sabendo que as constantes do produto de solubilidade para o CaCO3 e para o CaSO4 são, respectivamente, 5 . 10 9 e 2,5 . 10 5. Resolução: Este é um problema que exige bastante atenção, já que envolve a precipitação de dois compostos iônicos com um íon comum. Há duas maneiras de se resolver: Abordagem 1: Primeiramente, deve-se calcular as concentrações ini- ciais dos íons logo após a mistura das soluções, que tem volume nal de 10 L: n = V L n = 1 4 n = 4 mols Ca Ca(NO ) Ca(NO ) Ca(NO ) 2+ 3 2 3 2 3 2 M ⋅ ( )∴ ⋅ ∴ 00 1 2+ 0 2+ 0 + 0 = n V(L) Ca = 4 10 Ca = 0,4 mol/L Na = n ∴ ∴ 11 + 0 + 0 3 V(L) Na = 0,5 2 + 0,5 2 10 Na = 0,2 mol/L NO ∴ ⋅ ⋅ ∴ − ∴ ⋅ ∴ − − − 0 1 3 0 3 0 3 2 = n V(L) NO = 4 2 10 NO = 0,8 mol/L CO ∴ ∴ − − 0 1 3 2 0 3 2 0 4 2 = n V(L) CO = 0,5 10 CO = 0,05 mol/L SO −− − − ∴ ∴ 0 1 4 2 0 4 2 0 = n V(L) SO = 0,5 10 SO = 0,05 mol/L
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