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Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos ITPAC Cruzeiro do Sul – Acre Afya – Educação Tecnologia Saúde Curso de Graduação em Medicina Disciplina: Sistemas Orgânicos Integrados – SOI Aluna: Maria Fernanda Alves dos Santos RA – 0018768 Cruzeiro do Sul - AC, 08 de Agosto de 2021 TIC`s: Saberia dizer como age um anestésico local? Anestésicos locais são substâncias que bloqueiam a condução nervosa de forma reversível, sendo seu uso seguido de recuperação completa da função do nervo. O local de ação dos anestésicos locais é a membrana celular, onde bloqueiam o processo de excitação-condução. O processo de excitação-condução de um nervo é a expressão de uma série de fenômenos eletroquímicos, que variam em função do estado da membrana. A célula nervosa tem moléculas na membrana, que são bombas ou então canais para o transporte de íons para dentro e para fora do citoplasma. Os neurônios, presentes em células excitáveis, estão relacionados à propagação do impulso nervoso, que é uma onda de despolarizações e repolarizações que se propaga ao longo da membrana plasmática do neurônio. No nosso corpo, temos neurônios de fibras aferentes que são sensitivos, que conduzem impulsos nervosos dos órgãos para o sistema nervoso central (SNC). E possuímos também as fibras eferentes que são motoras, e conduzem os impulsos nervosos do SNC para o Sistema Nervoso Periférico. Isso ocorrre, porque em situações fisiológicas normais, o axolema ou membrana plasmática do axônio bombeia Na+ para fora do citoplasma, mantendo uma concentração de Na+ (sódio), que é apenas um décimo da concentração no fluido extracelular. Ao contário a concentração de K+ (potássio), é mantida muito mais alta, do que no fluido extracelular. Desse modo existe uma diferença de potencial através da membrana sendo o interior negativo em relação ao exterior. Este é o potencial de repouso da membrana. Quando o neurônio é estimulado, os canais iônicos se abrem e ocorre um rápido influxo de Na+ na celula, que modifica o potencial de repouso, tornando o interior do axônio positivo em relação ao meio extracelular, originando o potencial de ação ou impulso nervoso. Todavia, o potencial de +30 Mv fecha os canais de Na+, e a membrana axonal, se torna novamente impermeável a este íon. A abertura dos canais de K+ dependentes de voltagem, semelhantes aos canais de sódio, abrem-se em resposta a despolarização, contudo os canais de potássio abrem-se muito lentamente, ocorrendo a saíde de potassio da célula, a medida que ocorre esta saída a membrana vai se tornando negativa, quando o potencial da membrana atinge -70 Mv, a permeabilidade ao K+ ainda nao retornou ao estado de repouso o potassio continua saindo da célula e a membrana hiperpolariza, aproximando- se dos -90 Mv. Por fim, os canais controlados por voltagem de potassio, lentos, se fecham. Ocorrendo retenção de potassio e vazamento de sódio para dentro do axônio, retornando a célula a sua permeabilidade de repouso. Os anestésicos locais atuam especificamente sobre os axônios, são moléculas que se ligam aos canais de sódio, inibindo o transporte desse íon e, consequentemente, inibindo também o potencial de ação responsável pelo impulso nervoso. Assim ficam bloqueados os impulsos que seriam interpretados no cérebro, como a sensação de dor. 2. Injúria neural. Quais as diferenças? O que é Degeneração Walleriana? Basicamente, o mecanismo de injúria cerebral pós-traumática ocorre de duas maneiras: primariamente pelo impacto do trauma; e de forma secundária, causada pelos efeitos da insuficiência respiratória ou circulatória, ou pelo aumento da pressão intracraniana. Injúria cerebral primária: A magnitude do impacto inicial do trauma sobre o encéfalo determina a severidade da lesão. O dano cerebral pode ocorrer de diversas formas, como contusões, lacerações, lesão axonal difusa e ruptura dural, as quais podem ser resultantes da aceleração e desaceleração da cabeça. Logo após o impacto craniano, ocorre redução ou até interrupção do fluxo sanguíneo cerebral, e as reservas de nutrientes e oxigênio se esgotam em segundos. Isso leva a um metabolismo anaeróbio do tecido cerebral pela isquemia, com consequente acúmulo de lactato e acidose. Ocorre um desequilíbrio pela carência de oferta energética, determinando desestabilização iônica, com alteração das bombas de eletrólitos, nos potenciais de ação das membranas e influxo de cálcio para o interior da célula, determinando lesão celular irreversível. Na fase de refluxo cerebral, há produção de radicais livres de oxigênio, e estes estimulam diretamente as vias lipoxigenase e cicloxigenase. Ocorre na sequência uma verdadeira cascata inflamatória, levando a alterações vasculares (vasodilatação e vasoconstrição), alteração da permeabilidade vascular, quimiotaxia de granulócitos e agregação plaquetária, ativando a cascata de coagulação, com a formação de microtrombos. Em nível sistêmico, pode haver supressão da imunidade mediada por células, facilitando o desenvolvimento de infecções secundárias. Outro mecanismo fisiopatológico envolvido na injúria cerebral após TCE é a excitoxicidade. Estudos experimentais verificaram que o trauma neurológico favorece a liberação de aminoácidos excitotóxicos, como o glutamato e o aspartato. Ambos os aminoácidos interagem com os receptores NMDA (receptor N-metil-D-aspartato) e não-NMDA (receptor &-amino-3-OH-metil-4 isoxazole, AMPA) pós-sinápticos, que desencadeiam o influxo do cálcio e sódio, respectivamente, determinando dano e edema neuronal. Não raro, o aumento desses aminoácidos excitotóxicos provocam crises convulsivas. Esses danos são amenizados por antagonistas dos receptores NMDA, como a quetamina e o MK-801. As alterações nas membranas celulares podem aumentar a sensibilidade das células, e lesões celulares podem aumentar a sensibilidade das células a danos secundários, como o vasoespasmo, edema, hipóxia e/ou hipotensão. Injúria cerebral secundária: Noventa por cento dos pacientes que sofrem TC apresentam complicações secundárias, as quais ocorrem em minutos, horas ou dias após a lesão primária, e podem levar ao dano parenquimatoso, piorando o dano neurológico. As condições secundárias do dano cerebral pós-trauma podem ser por desordens sistêmicas e desordens intracranianas. Dentre as desordens sistêmicas, a hipóxia e a hipotensão são dois fatores significativos na complicação da lesão cerebral. O trauma frequentemente leva à perda da consciência, podendo abalar estruturas vitais do tronco encefálico, e, com isso, desencadear apnéia prolongada, hipoventilação, hipercarbia e/ou atelectasias. As alterações desencadeadas pela perda da consciência contribuem, muitas vezes, para o quadro de hipóxia, como pneumotórax, hemotórax e edema pulmonar. A hipoxemia arterial (PaO2<60mmHg) pode estar relacionada com o aumento de 25 a 50% da mortalidade. A hipotensão ocorre em 35% dos casos com TCE severo. Quando ocorre a hipotensão, há a diminuição do fluxo sanguíneo cerebral, pois a pressão de perfusão cerebral (PPC) está diretamente relacionada com a pressão arterial média (PAM), (PPC= PAM-PIC) levando à isquemia e ao infarto cerebral. Essa situação poderá ainda ser agravada no caso de uma anemia. A hipercarbia determina vasodilatação sobre o sistema venoso cerebral e, consequentemente, há o aumento da pressão intracraniana (PIC). A PIC, por outro lado, também pode estar aumentada pelo efeito massa determinado, por exemplo, pelos hematomas intra ou extra-axiais, edema cerebral e/ou a hiperemia cerebral. A hipertensão intracraniana pode, por sua vez, determinar isquemia ou compressão direta das estruturas encefálicas, levando a uma herniação transtentorial. Anormalidades eletrolíticas constituem outro conjunto de fatores envolvidos no mecanismo de injúria cerebral, devendo-seconsiderar principalmente os distúrbios da homeostase do sódio. A hiponatremia pode causar secreção inapropriada do hormônio antidiurético, levando ao edema cerebral. O diabete insípido é outra complicação vista nos TC severos. A hipoglicemia, mais frequentemente observada em recém-natos ou prematuros, também leva a uma acidose láctica e à liberação de radicais livres, agravando a injúria cerebral. A hipertermia é outro fator agravante de injúria cerebral, pois para cada elevação de 1 ºC de temperatura corporal há um incremento de 5% no metabolismo cerebral. Deve-se observar a hipertermia, pois ela aumenta a perda insensível da água, podendo agravar a hipotensão. Degeneração Walleriana: Os nossos nervos são formados por axônios, que são verdadeiros “fios” por onde circulam os impulsos nervosos. Se ocorrer um dano ao axônio que cause a sua ruptura, o segmento acima do ponto do corte começa a se degenerar. Essa degeneração segue caminhando progressivamente até chegar ao corpo do neurônio. Esse processo ascendente e progressivo é chamado de degeneração Walleriana. Os sintomas são relacionados à função do nervo lesado, podendo ser perda de força ou alteração de sensibilidade Referências : GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017. SILVERTHORN, D. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada, 7ª Edição, Artmed. http://jped.com.br/conteudo/02-78-s40/port.asp LENT, R. – Cem Bilhões de Neurônios: Conceitos Fundamentais de Neurociência. 2 a Edição; São Paulo: Ed. Atheneu, 2010. http://jped.com.br/conteudo/02-78-s40/port.asp
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