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GEOGRAFIA Capítulo 9 Urbanização I70 Brasil: hierarquia urbana – 2018 Fonte: elaborado com base em IBGE Rede de inuência das cidades 2018 Disponível em: www.ibge.gov.br/apps/regic/ Acesso em: 22 dez 2020. OCEANO ATLÂNTICO Equador 0º 50º O Trópico de Capricórnio 0 300 km N AC GO DF SP MG PR SC RS ES RJ MT MS AM PA APRR RO MA TO CE PI RN PB PE BA SE AL Belém Regiões de influência Manaus Fortaleza Rio de Janeiro São Paulo Curitiba Porto Alegre Goiânia Brasília Florianópolis Vitória Campinas Os fios tracejados representam redes de múltiplas vinculações Hierarquia dos centros urbanos Grande metrópole nacional Metrópole nacional Metrópole Capital regional A Capital regional B Capital regional C Centro sub-regional A Centro sub-regional B Centro de zona A Centro de zona B No entanto, atualmente isso não significa que haja um esquema simples de relaciona- mento entre tais unidades urbanas de forma que as vilas se relacionem com cidades locais, estas com as regionais e assim por diante Na realidade, quanto mais desenvolvidos são os meios de transporte e de comunicação, maior pode ser a flexibilidade nas relações. Uma pequena cidade local, no meio de uma região plantadora de soja, pode se relacionar diretamente com a Bolsa de Chicago para que os agricultores vendam seus produtos, por exemplo A Cidade local B Cidade regional C Metrópole incompleta D Metrópole completa E Vila Esquema clássico Esquema real (aproximado) B C C B A E D C D C B A EFonte: SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1988. Fig. 17 As relações entre as cidades em uma rede urbana F R E N T E 1 71 Quando ocorre uma concentração muito grande da popula- ção em poucos pontos da rede urbana, dizemos que há um processo de macrocefalia urbana. Contudo, os problemas criados pela própria metropolização somados à diversificação dos sistemas de transporte e comunicação fizeram a tendência se inverter. Nos países mais desenvolvidos, há uma propensão para que a desmetropolização seja mais intensa, como é o caso dos Estados Unidos e, futuramente, do Brasil. Nesse novo contexto, o papel das metrópoles se trans- forma. A saída das unidades industriais de grande porte não retira das metrópoles os escritórios que comandam as em- presas; ao contrário, com o aumento da fluidez do espaço, a separação entre o centro de decisão da empresa e suas fábricas se torna uma estratégia cada vez mais comum. As empresas constroem seus escritórios nas gran- des metrópoles porque elas reúnem o que lhes é mais importante: mão de obra altamente qualificada nas áreas de economia, publicidade e administração, proximidade das sedes dos principais bancos e das bolsas de valores. Com essas transformações no papel das metrópoles e das outras cidades da rede urbana na economia de um país ou uma região, mudam as relações entre as cidades da rede e o tipo de hierarquia estabelecido. Metropolização no Brasil O modelo econômico adotado pelo Brasil levou o país a conhecer diferentes processos de concentração e dis- persão do desenvolvimento. Com isso, a população e a urbanização também se concentraram em algumas áreas, apresentando, nas últimas décadas, um movimento de re- lativa dispersão. Esse crescimento diferenciado de várias cidades cria uma hierarquia urbana, que vem passando por modificações nos últimos anos No início da década de 1940, quando a industrialização estava se desenvolvendo no Brasil, somente a região Su- deste tinha infraestrutura de transporte e energia, mercado consumidor e concentração de capitais suficientes para a implantação do modelo industrial. Por depender de tais con- dições, o desenvolvimento industrial concentrou-se nessa região, atraindo a população e produzindo cada vez mais espaços urbanos. Entretanto, em um primeiro momento, isso ocorreu apenas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, para nas últimas duas décadas expandir se pelas cidades do interior A capital paulista tinha todos os privilégios de ser o ponto de convergência para as ferrovias que transporta- vam o café produzido no interior do estado A presença dos negociantes do café proporcionava-lhe o status de centro de comércio internacional. Além disso, São Paulo servia como domicílio para os barões do café, tendo, assim, um mercado consumidor bastante dinâmico, que incluía os trabalhadores de outras atividades ligadas ao café e os operários das primeiras indústrias têxteis. Já o Rio de Janeiro ainda tinha a vantagem de ser a ca- pital federal, com todos os órgãos administrativos que uma capital exige, portanto com um mercado consumidor também expressivo, pela existência de grande quantidade de bons empregos na administração do Estado. Belo Horizonte, por sua vez, havia sido fundada pela elite mineira a fim de ser a capital do estado e substituir Ouro Preto, que se achava sob c ifo ta rt /i S to c k p h o to .c o m Metropolização A expansão exagerada das maiores metrópoles do mundo não é apenas uma consequência de sua vitalida de econômica Na maior parte das vezes, especialmente nos países periféricos, as metrópoles acabam sendo o principal destino para as pessoas que buscam empregos com maior remuneração. Portanto, o mais comum é que o crescimento exagerado das metrópoles surja da pobreza do restante do território de um país ou, o que também é muito frequente, da con- centração da terra e dos baixos salários pagos no campo. Em regiões economicamente mais desenvolvidas, observa-se um maior crescimento das cidades médias, aquelas entre 100 mil e 1 milhão de habitantes, nas quais há uma melhor relação entre custo (da moradia, do trans porte, dos alimentos etc ) e benefício (acesso a melhores empregos e serviços urbanos de qualidade). Em cidades muito grandes, o preço do metro quadrado costuma ser bastante elevado, tanto por causa da demanda quanto da concentração de infraestrutura em seu entorno. A elevação nos gastos com moradia, alimento e transporte gera também um aumento do preço da mão de obra. Esses fatores, por sua vez, começam a expulsar as principais fábri- cas das metrópoles, levando ao processo que chamamos de desconcentração espacial da indústria, que ocorre, principalmente, devido ao desenvolvimento do meio téc nico nas grandes cidades. Fig. 18 Antigos centros industriais, como a cidade de São Paulo (SP), hoje são ocupados por atividades terciárias Esse processo é uma consequência da dispersão da centralidade, característica do estabelecimento do meio técnico-científico informacional Vale destacar que, histori camente, primeiro predominou a tendência à concentração e depois à desconcentração. Ou seja, inicialmente houve a metropolização para depois ocorrer a desmetropolização. Isso não significa, necessariamente, uma diminuição abso luta do tamanho das metrópoles Na realidade, basta que as cidades menores cresçam em uma intensidade maior do que as grandes para que possamos falar em desmetropolização. Até meados do século XX, a metropolização era mais comum pelo fato de que poucos lugares reuniam atrativos para o estabelecimento das atividades econômicas, o que concentrava os investimentos na rede urbana. Tal processo foi mais intenso em alguns países e regiões, principalmente naqueles de urbanização acelerada, como foi o caso do Brasil. GEOGRAFIA Capítulo 9 Urbanização I72 forte influência fluminense. Tal elite tinha importante partici pação na política nacional e conseguiu direcionar parte do desenvolvimento para sua área, como no caso das indústrias siderúrgicas. Posteriormente, as políticas de descentralização promovidas pelo Estado brasileiro levaram ao crescimento de novas cidades, como Brasília e Goiânia, e ao “renascimento” de outras, como Manaus, Salvador e Recife O processo de metropolização inicia-se com o signifi cativo aumento da população urbana em uma dada cidade ou em um grupo de cidades. Com a expansão da área urbana em tais municípios, ligados pelo mesmo polo ur bano-econômico, a tendência é queocorra a conurbação Esse encontro físico entre duas ou mais cidades, consti tuindo uma paisagem contínua, que geralmente impossibilita perceber onde estão os limites municipais, promove grande articulação e integração. Entretanto, as relações tendem a ser desiguais Há uma cidade central, em que há maior den- sidade e complexidade dos objetos geográficos, polarizando assim os espaços periféricos Nessas situações, é comum que ocorra a migração pendular, diária ou semanal, entre a cidade central e a periférica, que, nesse caso, passa a apre- sentar características de cidade dormitório, pois parte de seus moradores passam o dia afastados, em seus empregos, e retornam apenas à noite. Isso acarreta desafios para ambas as cidades Um deles é o uso da infraestrutura de transporte, água, esgoto, energia e outros recursos, que oscila entre períodos do dia e da semana, por exemplo A partir desse ponto, já não é mais possível a resolução dos problemas urbanos isoladamente em cada município, pois tais questões já se tornaram comuns às várias cida- des Em razão dessa realidade, foi criado um conjunto de leis, entre 1974 e 1975, regulamentando oficialmente essas áreas e dando lhes o status de regies metropolitanas, o que possibilita solucionar os problemas urbanos de forma integrada e com auxílio dos governos estadual e federal Brasil: regies metropolitanas – 2017 Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográco escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. p. 145. Grande São Luís Fortaleza Natal Recife João Pessoa Maceió Salvador Goiânia Palmas Gurupi Grande Vitória Belo Horizonte Vale do Aço Rio de Janeiro Baixada Santista Campinas V. do Paraíba Piracicaba Sorocaba São Paulo Manaus Capital Central Sul do estado Curitiba Londrina Apucarana Maringá Cascavel Campo Mourão Umuarama Toledo Porto Alegre Litoral Norte - Rio Grande do Sul Litoral Sul - Rio Grande do Sul Serra Gaúcha Cariri Petrolina/ Juazeiro Feira de Santana Grande Teresina Vale do Rio Cuiabá Macapá Santarém Belém Sudoeste Maranhense Jundiaí ES Equador 50° O 0° DF GO MG BA RJ MT PA AM RRRR AP MA CE RN PB PE AL SE PI TO AC RO MS RS SC PR SP Trópico de Capric órnio OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO Região metropolitana Colar metropolitano, entorno metropolitano e área de expansão Região integrada de desenvolvimento (RIDE) Aglomeração urbana (A.U.) 0 320 km N
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