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Geografia - Livro 3-169-171

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E
 2
169
Na sua porção norte, predominam os pastores que deslocam seus rebanhos para o sul nos períodos mais secos, uma
vez que essa região é mais úmida e, por isso, dominada por atividades agrícolas. Há, ainda, os tuaregues, que transitam pelo
território a cavalo, sem reconhecer as fronteiras entre os países.
Tuaregues: grupo étnico berbere em que predominam pastores seminômades, agricultores e comerciantes Historicamente, ocupa a região do Saara,
tendo controlado as rotas comerciais do deserto.
Dentre os países dessa sub-região, caracterizada pela transição entre o Norte da África e a África Subsaariana, des-
tacam-se o Mali, a Mauritânia, o Senegal e o Sudão, de maioria muçulmana, e a Nigéria, o Chade e a Burquina Faso, que
têm cerca de metade da população praticante do islamismo.
Nos últimos anos, os problemas e os conflitos nessa área se intensificaram. Além das dificuldades causadas pelas
fronteiras artificiais, a junção desses povos com pouca identificação entre si a Estados fracos, as mudanças climáticas e
as práticas exploratórias agressivas ampliaram a desertificação, tornando inférteis áreas onde antes a prática agrícola era
possível e agravando o problema da fome. Além disso, a presença de grupos políticos internacionais com práticas terro-
ristas também vem crescendo no Sahel, o que transforma a região em um cinturão em crise.
Um dos países com situação mais delicada é o Mali, que apresenta um norte fundamentalmente árabe e um sul com-
posto principalmente de populações negras, com animistas e cristãos. Nesse cenário estão concentradas organizações
terroristas internacionais e do crime organizado, responsáveis pelo tráfico de armas, drogas, pessoas e mercadorias
África Subsaariana
As recorrentes crises na África Subsaariana têm raízes históricas e políticas que devastaram as economias locais ou
impossibilitaram seu desenvolvimento. Essa devastação atinge diretamente a população: aproximadamente metade dos
habitantes da região possui renda inferior a 1 dólar por dia.
A instabilidade política na área é resultado de diferentes rivalidades e conflitos étnicos dentro de um mesmo país,
além de disputas pelo controle das riquezas naturais. Muitas vezes, tal cenário impede o Estado de promover a ade-
quada tecnificação do território, inviabilizando a construção de estradas, portos, usinas hidrelétricas e outras obras de
infraestrutura, assim como o financiamento da produção no campo. Essa situação também impossibilita que o Estado
tribute adequadamente as atividades econômicas e que, dessa forma, levante fundos necessários para investir em
políticas de desenvolvimento.
Além disso, as catástrofes naturais, como as secas e as inundações, agravam as já delicadas condições socioeconô-
micas do continente. Tais fatos agudizam as crises de fome e o estado de calamidade pública, marcado pelo aumento da
incidência de doenças e mortes, além de fomentar levas de refugiados.
África: desnutrição – 1991 e 2015
Fonte: elaborado com base em MENEZES, Pedro. 10 grácos para car otimista com o futuro da África (e do mundo). Mercado Popular, 22 ago. 2017. Disponível em: http://mercadopopular.
org/2017/08/africa otimismo-gracos/ Acesso em: 27 jan. 2021
Mar Mediterrâneo
M
ar V
erm
elho
Estreito de
Gibraltar
M
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id
ia
n
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 d
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G
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w
ic
h
Trópico de Capricórnio
Trópico de Câncer
Equador
0°
0°
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
ÍNDICO
Mar Mediterrâneo
M
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Estreito de
Gibraltar
M
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Trópico de Capricórnio
Trópico de Câncer
Equador
0°
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OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
ÍNDICO
1991 2015
0 970 km
N
0 970 km
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5%
20%
35%
50%
65%
80%
Sem dados
35%
50%
Sem dados
O acesso à internet, fator associado a avanços econômicos e sociais, ainda é bastante restrito na África. Atualmente,
apenas 22% da população do continente possui acesso à rede, percentual atingido pelos Estados Unidos há 20 anos.
GEOGRAFIA Capítulo 9 África I170
África: usuários de internet (% da população)
Usuários de internet (% da população)
Os Estados Unidos ficam on-line
Marcos da internet
Grandes serviços da internet surgiram
em meados da década de 1990.
Conectando a África
Cada nação está classificada de acordo
com o uso da internet em 2016* As linhas
verticais mostram o ano em que o uso era
equivalente nos Estados Unidos.
Marrocos tem hoje
uma porcentagem
de usuários
equivalente à dos
Estados Unidos em
2002.
A África está 20 anos
atrasada em relação
aos Estados Unidos,
com apenas 22% da
população do
continente capaz de
acessar a internet.
M
é
d
ia
 a
fr
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an
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Marrocos
África do Sul
Tunísia
Nigéria
Quênia
Argélia
Egito
Sudão
Gana
Senegal
Costa do Marfim
Zâmbia
Camarões
Uganda
Ruanda
Sudão do Sul
Zimbábue
Angola
Etiópia
Burkina Fasso
Mali
Malauí
Moçambique
Benim
Tanzânia
Burundi
Guiné
Madagascar
República Democrática do Congo
Chade
Níger
Somália
0%
1995
1995 1996 1997 1998 1999 2001
Amazon Hotmail AIM Google Napster Wilipedia
2000
10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Entre 2007
e 2016, o
percentual
oscilou
entre 70% e
75%.
2005
57%
38%
21%
18%
10%
5%
República da África do Sul
A África do Sul possui particularidades que a diferen-
ciam dos outros países da África Subsaariana. Atualmente,
o país exerce uma liderança política e econômica no conti-
nente, detendo cerca de 25% do PIB africano. A indústria da
mineração é a base econômica desse território, que possui
as maiores reservas de ouro e manganês do planeta. Além
disso, destacam-se na África do Sul as minas de diamante,
platina e minerais estratégicos para a indústria bélica, como
o urânio, o cobalto e o tungstênio.
Os holandeses foram os primeiros colonos a se ins-
talarem na região, em 1652, fundando a Cidade do Cabo.
Eram fugitivos das perseguições religiosas na Europa e se
dedicaram à agricultura e à pecuária, ficando conhecidos
como bôeres.
Fonte: elaborado com base em DRAPER, Robert
How Africa’s Tech Generation Is Changing
the Continent National Geographic, 2017
Disponível em: www.nationalgeographic.com/
magazine/2017/12/africa-technology-revolution/.
Acesso em: 27 jan. 2021
Fig. 1 O acesso à internet ainda é um
desafio em muitos países do continente
africano, que sofrem com problemas bá-
sicos de infraestrutura.
África do Sul: recursos naturais
Fonte: elaborado com base em South Africa Industry and Mining. University of Texas Libraries, [s.d.].
Disponível em: https://legacy.lib.utexas.edu/maps/south_africa.html. Acesso em: 27 jan. 2021.
Augrabies Falls
BOTSUANA
Krugger
Durban
ZIMBÁBUE
LIMPOPO
LESOTO
CABO ORIENTAL
CABO SETENTRIONAL
Porto
ElizabethCabo das
Agulhas
Cabo
da Boa
Esperança
East
London
Cidade
do Cabo
Sun City
Musina
Kimberley Bloemfontein
CABO OCIDENTAL
Portos principais
Reservas de ouro
Reservas de animais
OCEANO
ATLÂNTICO OCEANO
ÍNDICO
0 230 km
N
20° L
30° S
F
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E
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 2
171
No fim do século XVIII, os ingleses ocuparam a Cidade
do Cabo, que, à época, estava sob domínio francês, dando
origem à colônia britânica do Cabo. Os conflitos entre
colonos ingleses, que eram antiescravidão e estavam am-
pliando seus domínios em busca das jazidas de diamante,
holandeses e negros nativos fomentaram o deslocamento
dos bôeres para o interior da região e para a fundação das
províncias de Orange e Transvaal. Para marcar a diferen-
ça defendida pelos bôeres, eles passaram a se denominar
africâneres, distinguindo-se dos colonos de origem inglesa.
Entre 1899 e 1902, os bôeres foram derrotados pelos ingle-
ses na Segunda Guerra dos Bôeres (a Primeira ocorreu entre
1880 e 1881, quando Transvaal proclamou-se república). Essa
derrota pôs fim, em 1910, às disputas entre colonizadores,
originou a União Sul-Africana e reuniu todas as províncias,
transformando-as em uma colônia inglesa. A partir desse
momento, iniciaram-se as primeiras medidas que levaram o
país ao apartheid (separação), política segregacionista que
perdurou na Á a década de 1990.
O Colour Bar Act (1911), por exemplo,foi uma medida
que proibiu os negros de ocuparem os empregos conside-
rados mais qualificados. Dois anos depois, o Natives Land
Act dividiu as terras entre descendentes de europeus e
negros. Mesmo representando 75% da população, os ne-
gros ficaram com apenas 8% das terras locais, nomeadas
de bantustões. Ao mesmo tempo, o pass system limitou a
circulação dos negros pelo país.
Townships
As heranças da discriminação e do racismo do passado recente da
África do Sul são facilmente reconhecidas nesse território. A sepa-
ração espacial entre brancos e negros durante o apartheid obrigava
os negros a viver em bantustões e em “cidades negras” as atuais
townships – nas periferias das grandes cidades.
A infraestrutura e a qualidade de vida nessas localidades eram, e
ainda são, insatisfatórias, com deficientes sistemas de fornecimento
de energia e água, coleta de esgoto, transporte e demais serviços,
sem mencionar a educação e a saúde precárias. Nesses locais, há
conjuntos de habitações simples, muitas feitas de lata, em um modelo
parecido com as favelas, com concentração de mão de obra barata.
Além disso, as townships foram palco de manifestações, lutas e cho
ques com a polícia, como se deu em Sharpeville e em Soweto, duas
townships próximas de Johannesburgo.
Fig. 2 Soweto, bairro de Johannesburgo que surgiu como uma township
Nessa área vive a maioria da população negra urbana de Johannesburgo
Saiba mais
África do Sul: localização dos bantustões
Fonte: elaborado com base em Bantustan. Encyclopædia Britannica, 2009. Disponível em:
www.britannica.com/topic/Bantustan. Acesso em: 27 jan 2021.
20° L
30° S
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
ÍNDICO
BOTSUANA
ZIMBÁBUE
Os sul-africanos declararam independência da In-
glaterra em 1948 com a chegada ao poder do Partido
Nacionalista, representante dos africâneres que fundaram a
República da África do Sul, sob um regime de minoria bran-
ca Foi então que a política do apartheid se institucionalizou
A partir desse ano, foram proibidos os casamentos
entre descendentes de europeus e negros ou mestiços e
intensificada a segregação quanto ao local de residência,
ao acesso a transporte coletivo e à frequência dos negros
nas universidades. Durante a década de 1950, os Estados
Unidos, a ONU e, principalmente, a Inglaterra passaram
a pressionar o governo da África do Sul ainda colônia
inglesa contra o apartheid; porém, sem sucesso
O endurecimento do regime levou a várias revoltas
realizadas pela população negra. Na tentativa de contê-las,
o governo sul-africano tomou medidas drásticas, ordenando
milhares de prisões e muitas execuções. Na década de
1970, como forma de impedir a migração de negros entre
as cidades do país, o governo decretou a independên-
cia de alguns bantustões, transformando-os em países à
parte e fazendo com que os habitantes perdessem sua
nacionalidade Entretanto, esses novos países não foram
reconhecidos internacionalmente, sendo reintegrados à
África do Sul após o fim do apartheid.
As contínuas manifestações e revoltas realizadas pela
população negra e também por indianos, malaios e árabes,
G
il.
K
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