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SAÚDE PÚBLICA O QUE É A SAÚDE PÚBLICA: Saúde Pública é o conjunto de medidas executadas pelo Estado para garantir o bem-estar físico, mental e social da população. O objetivo básico da saúde pública é garantir que toda a população tenha acesso ao atendimento médico de qualidade. A SAÚDE NA ÉPOCA DA COLONIZAÇÃO E IMPÉRIO Durante o período da colonização e império do Brasil não existiam políticas públicas voltadas para a saúde. No início da colonização, muitos indígenas morreram em virtude das "doenças do homem branco", aquelas trazidas pelos europeus e para as quais a população indígena não tinha resistência. O acesso a saúde era determinado pela classe social do indivíduo. Os nobres tinham fácil acesso aos médicos, enquanto os pobres, escravos e indígenas não recebiam nenhum tipo de atenção médica. Essa parte da população era dependente da filantropia, caridade e crenças. Com a chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, em 1808, medidas foram tomadas para que o pais começasse a se desenvolver, assim foram criados cursos de Medicina, Cirurgia e Química, sendo os pioneiros: a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro e o Colégio Médico-Cirúrgico no Hospital Militar de Salvador. Assim aos poucos os médicos estrangeiros foram substituídos por médicos brasileiros formados no Brasil Durante esse período, a vacina contra a varíola foi instaurada para todas as crianças, houve a criação do Instituto Vacínico do Império e medidas foram tomadas para controlar a disseminação da tuberculose, da febre amarela e da malária. Após a Independência do Brasil, em 1822, D. Pedro II determinou a criação de órgãos para inspecionar a saúde pública, como forma de evitar epidemias e melhorar a qualidade de vida da população. Também foram adotadas medidas voltadas para o saneamento básico. Após a abolição da escravatura, em 1888, e a instauração da República do Brasil, em 1989, o País continuava sofrendo com epidemias e falta de saneamento básico. A higienização sanitária deveria ocorrer por conta das recorrentes endemias de febre amarela, peste bubônica, malária e varíola, doenças associadas à falta de saneamento básico e de higiene. Ao voltar da Europa, Oswaldo Cruz encontrou o Porto de Santos assolado pela epidemia de peste bubônica, e logo se engajou no combate à doença. Para fabricar o soro antipestoso foi criado, em 25 de maio de 1900, o Instituto Soroterápico Federal, instalado na antiga Fazenda de Manguinhos, um embrião do que hoje é a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Em 1904, Oswaldo Cruz enfrentou um de seus maiores desafios como sanitarista. Com uma grande incidência de surtos de varíola, o médico tentou promover a vacinação em massa da população. A vacinação era feita pela brigada sanitária, que era uma comissão de empregados da área de saúde preparados para executar esse serviço. Para impedir que essas doenças se espalhassem, o governo destruiu casas, desalojou pessoas e tornou a vacinação obrigatória, o que ocasionou uma revolta. Foi instituído o modelo Sanitarista Campanhista, de caráter autoritário que definiu a vacinação obrigatória, gerando a Revolta da Vacina. O modelo campanhista, baseou- se em campanhas sanitárias para combater as epidemias de febre amarela, peste bubônica e varíola, implementando programas de vacinação obrigatória, desinfecção dos espaços públicos e domiciliares e outras ações de medicalização do espaço urbano, que atingiram, em sua maioria, as camadas menos favorecidas da população. Os profissionais entravam na casa das pessoas e vacinavam todos que lá estivessem, mas esta forma de agir indignou a população. O fato ficou conhecido como a Revolta da Vacina. Os jornais criticavam a nova lei e incentivavam as pessoas a tomar alguma providência contra ela. A revolta durou uma semana com mais de 110 feridos, 945 presos, 461 pessoas deportadas para o Acre e 30 mortos. O Governo derrotou a rebelião, mas suspendeu a obrigatoriedade da vacina. Esta situação mostrou a necessidade de uma forma diferente de vacinação em massa. CRIAÇÃO DO DEPARTAMENTO NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA Os trabalhadores não possuíam qualquer amparo do governo federal no caso de doenças e acidentes, o que só foi conquistado após muitas manifestações e a ocorrências das grandes greves da década de 1910. Nos anos de 1920, foram criadas as CAPS: Caixas de Aposentadoria e Pensão. Os trabalhadores as criaram para garantir proteção na velhice e na doença. Posteriormente e devido à pressão popular, Getúlio Vargas ampliou as CAPS tornando-se o IAPS: Instituto de Aposentadorias e Pensões. A Constituição de 1934, promulgada durante o governo Vargas, concedia novos direitos aos trabalhadores, como assistência médica e “licença-gestante”. Além disso, a Consolidação das Leis Trabalhistas de 1943, a CLT, que determina aos trabalhadores de carteira assinada, além do salário mínimo, também benefícios à saúde. O crescimento das políticas públicas foi lento e o atendimento em grande medida à população só ocorreu em 1960, abrangendo as mais diversas categorias de trabalhadores urbanos. Os trabalhadores rurais, por sua vez, só foram contemplados três anos mais tarde em 1963. Em 1953, foi criado o Ministério da Saúde. Foi a primeira vez em que houve um ministério dedicado exclusivamente à criação de políticas de saúde, com foco principalmente no atendimento em zonas rurais, já que nas cidades a saúde era privilégio de quem tinha carteira assinada. A saúde sofreu com o corte de verbas durante o período de regime militar e doenças como dengue, meningite e malária se intensificaram. Houve aumento das epidemias e da mortalidade infantil, até que o governo buscou fazer algo. Uma das medidas foi a criação do INPS, que foi a união de todos os órgãos previdenciários que funcionavam desde 1930, a fim de melhorar o atendimento médico. Antes da criação do nosso Sistema Único de Saúde, a saúde pública era restrita apenas aos trabalhadores de carteira assinada, que contribuíam com a previdência social. Nesse modelo, desempregados, trabalhadores informais, donas de casa, entre muitos outros, que não podiam pagar pela medicina privada, tinham que contar apenas com instituições filantrópicas de caridades. Era um modelo que não escondia a motivação de proteger a mão-de-obra para não ter perda da produtividade com o adoecimento dos trabalhadores e não se importava verdadeiramente com a saúde da população. Em 1970, apenas 1% do orçamento da União era destinado para a saúde. Surgia então o Movimento Sanitarista formado por profissionais da saúde, intelectuais e partidos políticos. Eles discutiam as mudanças necessárias para a saúde pública no Brasil, uma das conquistas do grupo foi a realização da 8ª Conferência Nacional da Saúde, em 1986. O documento criado ao final do evento era um esboço para a criação do Sistema Nacional de Saúde - SUS. A 8ª Conferência Nacional de Saúde foi um marco na história do SUS. Foi aberta em 17 de março de 1986 por José Sarney, o primeiro presidente civil após a ditadura, e foi a primeira conferência a ser aberta à sociedade, também, foi importante na propagação do movimento da Reforma Sanitária. Conforme a Constituição Federal de 1988, “A Saúde é direito de todos e dever do Estado”, foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS), um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, que abrange desde o simples atendimento para avaliação da pressão arterial até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. Com a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema público de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e não somente os cuidados assistenciais, passou a ser um direito de todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco na saúde comqualidade de vida. A rede que compõem o SUS é ampla e abrange tanto ações, como serviços de saúde. Ela engloba a atenção básica, média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica. PRINCÍPIOS DA SAÚDE PÚBLICA A saúde pública no Brasil gira em torno dos seguintes princípios previstos na Lei Orgânica da Saúde: ➢Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; ➢ Integralidade de assistência; ➢ Preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; ➢ Igualdade da assistência à saúde; ➢Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; ➢Divulgação de informações; ➢Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades; ➢ Participação da comunidade; ➢Descentralização político-administrativa, principalmente nos municípios; ➢ Integração entre saúde, meio ambiente e saneamento básico; ➢Conjugação dos recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; ➢Capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; ➢Organização de atendimento público específico e especializado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas reparadoras. Com a exceção do último princípio (que foi inserido na lei apenas em 2017), essas são as bases da saúde pública no país desde 1990, quando a Lei Orgânica da Saúde entrou em vigor. Entretanto, a saúde pública no Brasil sofre desafios do mau gerenciamento e de falta de investimentos financeiros. Como resultado, temos um sistema em colapso, na maioria das vezes insuficiente e com pouca qualidade para atender a população. OS PRINCIPAIS DESAFIOS DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL SÃO: •Falta de médicos: O Conselho Federal de Medicina estima que exista 1 médico para cada 470 pessoas. •Falta de leitos: Em muitos hospitais faltam leitos para os pacientes. A situação é ainda mais complicada quando trata-se de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). •Falta de investimentos financeiros: Em 2018, apenas 3,6% do orçamento do governo federal foi destinado à saúde. A média mundial é de 11,7%. •Grande espera para atendimento: Agendar consultas com médicos especialistas pode demorar até meses, mesmo para os pacientes de precisam de atendimento imediato. O mesmo acontece com a marcação de exames. As pessoas que precisam de atendimento médico muitas vezes sofrem com a demora ou desistem do atendimento e voltam para casa. Em muitos hospitais, é comum ver pessoas sendo atendidas em corredores, longas filas de espera e/ou precárias condições de estrutura e higiene.