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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO TRÂNSITO: PERSPECTIVAS DA ATUAÇÃO PROFISSIONAL Compreendendo que já sabemos, para o âmbito da prática de avaliação psicológica, a sua aplicação ao trânsito é um dos principais contextos que acompanham a consolidação e evolução da psicologia como profissão no Brasil, sendo iniciada no ano de 1950 até a atualidade. Tendo assim, um papel fundamental na validação de sujeitos para obtenção de CNH, porém também pensando para além deste nos diálogos atuais, temos a psicologia do trânsito no papel de avaliação e perícia para a contribuições da prevenção de acidentes, ampliando a prática de atuação do psicólogo. A nomenclatura avaliação psicologia, surgiu inicialmente em 1980 no Código Brasileiro de trânsito, onde até esse período entendia-se essa etapa como Psicotécnico, anteriormente utilizado exclusivamente para avaliação de condutores. A psicologia do trânsito acompanhou a regulamentação da área no campo da ciência, catalisando a utilização de instrumentos psicológicos para mensuração de construtos avaliando comportamentos, aptidões e habilidades onde, para o senso comum: uma simples testagem. Mas, podemos entender que a psicologia no trânsito “trata-se da área dedicada a estudar o comportamento humano e seus processos mentais decorrentes, buscando compreender os fenômenos dos sujeitos a partir da sua cultura, contexto social e arranjos espaciais” (GUIMARÃES, J, 2019). Segundo GUIMARÃES (2019), a avaliação psicológica no trânsito, trata-se do primeiro contato ou único que um indivíduo pode ter com a psicologia, portanto sendo importantíssimo ampliação de uma ótica crítica, quanto às possibilidades neste cenário. Temos como marco, a resolução CPF nº1/2019, que trouxe avanços quanto à criação de procedimentos e normas para perícia psicológica no trânsito, assim como, para os profissionais atuantes na área, o que assegura o compromisso ético e social. A perícia psicologia do trânsito, torna-se bastante relevante para a compreensão dos comportamentos e sujeitos, sobretudo quando trazidos a temática no aumento de infrações, acidentes ou reincidências, “que conforme a OMS (2018), representam 1,35 milhão de pessoas, as quais perderam a vida no trânsito”. Estatisticamente, estas infrações ou acidentes estão relacionados a aspectos subjetivos do condutor ou seja, decorrentes do fator humano (agressividade, impulsividade, insegurança dentre outros…) significando aproximadamente 90% dos casos. Apesar de compreendermos que a avaliação de sujeitos possui característica complexa em vista de que os fatores determinantes para seus comportamentos e personalidade, dependem de diversas etapas e aspectos da vida, a realização de uma avaliação e perícia psicológica de maneira holística, sistêmica e ética torna-se fundamental. Nesse sentido, transfigura-se de forma essencial uma evolução dos diálogos e construções no campo da psicologia do trânsito, a partir de estudos, pesquisas e embasamento técnicos-científicos, repensar o sujeito e sua mobilidade para que continuemos a buscar o foco principal da prática psicológica, que é a saúde mental (GUIMARÃES, 2018). Com a instauração da Abrapsit em 2015, as possibilidades para maior investimento e aprofundamento em pesquisas, intermediação de diálogos e instituição de processos educacionais de formação base, tem sido uma das perspectivas para o futuro da psicologia do trânsito no Brasil, pois ainda existe uma necessidade de maior consolidação e difusão e de conhecimento para este campo (ALMEIDA, 2019). Segundo ALMEIDA (2019), o que podemos entender que para garantir a continuidade e evolução da psicologia no contexto trânsito a ética e qualidade dentro dos processos avaliativos e formação para a prática profissional, estão nos conselhos regionais de psicologia que devem continuar realizando seu papel de fiscalização e orientação, dessa forma a garantir que as estruturas técnica e regulamentações na execução da atividade, consiga atinja o rigor necessário assim como, o objetivo principal que está no viés humano, protegendo a vida. Em vista dos pontos trazidos pela autoras, podemos entender que a psicologia do trânsito apesar da sua prática representar um papel importantíssimo na história da consolidação da psicologia no Brasil como ciência e profissão e que atualmente temos diversas contribuições quanto regulamentações da prática pelos profissionais, ainda se faz necessário mantimento de uma análise crítica quanto necessidade de ações internas e externas, onde busquem fomentar cada vez mais estudos, docência, pesquisas e socioeducação para favorecer a compreensão do sujeito em mobilidade bem como, sua pluralidade as quais interagem em processos psicológicos estruturantes de seus construtos e comportamentos, levando a psicologia do trânsito para muito além da avaliação psicológica. REFERENCIAS ZANINI, et al.Avaliação Psicológica Compulsória. Revista Diálogos, pg 4-13, 108-121, Mai/2019.