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Prof. Gustavo 
Gramática 
 
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Exercícios Extras – 2ª FASE – Fuvest/ Unesp/ Unifesp/ Unicamp 
1. (UNICAMP/SP - 2019) O texto abaixo encontra-se no livro A teus pés, 
de Ana Cristina Cesar. Leia-o atentamente e responda às questões. 
Atrás dos olhos das meninas sérias 
Mas poderei dizer-vos que elas ousam? Ou vão, por injunções muito 
mais sérias, lustrar pecados que jamais repousam? 
 
a) Indique a quem se referem, no texto, a segunda pessoa do plural 
(“vos”) e a terceira pessoa do plural (“elas”). 
 
b) Por meio da partícula “Ou”, o poema estabelece uma alternativa 
entre duas situações: a ousadia e a ação de “lustrar pecados”. 
Explique de que maneira a primeira situação é diferente da segunda, 
levando em consideração o título do poema. 
 
2. (UERJ/RJ - 2019) Os fragmentos de texto apresentados foram 
retirados do romance O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós.* 
 
FRAGMENTO I 
1Ao outro dia, na cidade, falava-se da chegada do pároco 
novo, e todos sabiam já que tinha trazido um baú de lata, que era 
magro e alto, e que chamava padre-mestre ao cónego Dias. 
As amigas da S. Joaneira, − as íntimas – a D. Maria da 
Assunção, as Gansosos, tinham ido logo pela manhã a casa dela para 
se porem ao facto... Eram nove horas; Amaro saíra com o cónego. A 
S. Joaneira, radiosa, importante, recebeu-as no alto da escada, de 
mangas arregaçadas, nos arranjos da manhã; e imediatamente, com 
animação, contou a chegada do pároco, as suas boas maneiras, o que 
tinha dito... 
Foi-lhes mostrar o quarto do padre, o baú de lata, uma 
prateleira que lhe arranjara para os livros. (...) 
A S. Joaneira ia mostrando as outras maravilhas do pároco, − 
um crucifixo que estava ainda embrulhado num jornal velho, o álbum 
de retratos, onde o primeiro cartão era uma fotografia do Papa 
abençoando a cristandade. Todas se extasiaram. 
− É o mais que se pode, diziam, é o mais que se pode! 
Ao sair, beijando muito a S. Joaneira, felicitaram-na porque 
adquirira, hospedando o pároco, uma autoridade quase eclesiástica. 
(...) 
Ao meio-dia veio o Libaninho, o beato mais activo de Leiria; e 
subindo a correr os degraus, já gritava com a sua voz fina: 
− Ó S. Joaneira! 
− Sobe, Libaninho, sobe, disse ela, que costurava à janela. 
− Então o senhor pároco veio, hem? perguntou o Libaninho, 
mostrando à porta da sala de jantar o seu rosto gordinho cor de limão, 
a calva luzidia; e vindo para ela com o passinho miúdo, um gingar de 
quadris: 
− Então que tal, que tal? Tem bom feitio? 
A S. Joaneira recomeçou a glorificação de Amaro: a sua 
mocidade, o seu ar piedoso, a brancura dos seus dentes... 
− Coitadinho! Coitadinho! dizia o Libaninho, babando-se de 
ternura devota. – Mas não se podia demorar, ia para a repartição! – 
Adeus, filhinha, adeus! – E batia com a sua mão papuda no ombro da 
S. Joaneira. – Estás cada vez mais gordinha! Olha que rezei ontem a 
salve-rainha que tu me pediste, ingrata! 
A criada tinha entrado. 
2− Adeus, Ruça! Estás magrinha: pega-te com a Senhora Mãe 
dos Homens. − E avistando Amélia pela porta do quarto entreaberta: 
− Ai, que estás mesmo uma flor, Melinha! Quem se salvava na tua 
graça bem eu sei! 
E apressado, saracoteando-se, com um pigarrinho agudo, 
desceu a escada rapidamente, ganindo: 
− Adeusinho! Adeusinho, pequenas! 
 (CAPÍTULO IV) 
 
FRAGMENTO II 
Nunca suspeitara um tal escândalo! A S. Joaneira, a 
pachorrenta S. Joaneira! O cónego, seu mestre de Moral! E era um 
velho, sem os ímpetos do sangue novo, já na paz que lhe deveriam 
ter dado a idade, a nutrição, as dignidades eclesiásticas! Que faria 
então um homem novo e forte, que sente uma vida abundante no 
fundo das suas veias reclamar e arder!... Era, pois, verdade o que se 
cochichava no seminário, o que lhe dizia o velho padre Sequeira, 
cinquenta anos pároco da Gralheira: − “Todos são do mesmo barro!” 
Todos são do mesmo barro, − sobem em dignidades, entram nos 
cabidos, regem os seminários, dirigem as consciências envoltos em 
Deus como numa absolvição permanente, e têm no entanto, numa 
viela, uma mulher pacata e gorda, em casa de quem vão repousar das 
atitudes devotas e da austeridade do ofício, fumando cigarros de 
estanco e palpando uns braços rechonchudos!” 
Vinham-lhe então outras reflexões: que gente era aquela, a 
S. Joaneira e a filha, que viviam assim sustentadas pela lubricidade 
tardia de um velho cónego? A S. Joaneira fora decerto bonita, bem 
feita, desejável – outrora! 3Por quantos braços teria passado até 
chegar, pelos declives da idade, àqueles amores senis e mal pagos? 
As duas mulherinhas, que diabo, não eram honestas! Recebiam 
hóspedes, viviam da concubinagem. Amélia ia sozinha à igreja, às 
compras, à fazenda; e com aqueles olhos tão negros, talvez já tivesse 
tido um amante! – Resumia, filiava certas recordações: um dia que ela 
lhe estivera mostrando na janela da cozinha um vaso de rainúnculos, 
tinham ficado sós, e ela, muito corada, pusera-lhe a mão sobre o 
ombro e os seus olhos reluziam e pediam; outra ocasião ela roçara-
lhe o peito pelo braço! A noite caíra, com uma chuva fina. Amaro não 
a sentia, caminhando depressa, cheio de uma só ideia deliciosa que o 
fazia tremer: ser o amante da rapariga, como o cónego era o amante 
da mãe! Imaginava já a boa vida escandalosa e regalada; enquanto 
em cima a grossa S. Joaneira beijocasse o seu cónego cheio de 
dificuldades asmáticas, − Amélia desceria ao seu quarto, pé ante pé, 
apanhando as saias brancas, com um xale sobre os ombros nus... 
Com que frenesi a esperaria! E já não sentia por ela o mesmo amor 
sentimental, quase doloroso: agora a ideia muito magana dos dois 
padres e as duas concubinas, de panelinha, dava àquele homem 
amarrado pelos votos uma satisfação depravada! Ia aos pulinhos pela 
rua. – Que pechincha de casa! 
(CAPÍTULO VI) 
* Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2000. 
 
Leia o fragmento a seguir e responda à questão. 
– Adeus, Ruça! Estás magrinha: pega-te com a Senhora Mãe 
dos Homens. – E avistando Amélia pela porta do quarto entreaberta: 
– Ai, que estás mesmo uma flor, Melinha! Quem se salvava na tua 
graça bem eu sei! 
(Fragmento I, ref. 2) 
 
Por quantos braços teria passado até chegar, pelos declives da 
idade, àqueles amores senis e mal pagos? As duas mulherinhas, 
que diabo, não eram honestas! 
(Fragmento II, ref. 3) 
 
Tradicionalmente, o diminutivo é associado à ideia de tamanho 
reduzido. Dependendo do contexto, no entanto, pode assumir efeitos 
de sentido diversos. 
 
Destaque e classifique o morfema responsável pela indicação de 
diminutivo nas palavras sublinhadas. 
 
Em seguida, aponte os efeitos de sentido produzidos pelo uso do 
diminutivo de cada palavra em seu contexto. 
 
O fragmento de texto apresentado foi retirado do romance O crime do 
padre Amaro, de Eça de Queirós.* 
 
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FRAGMENTO IV 
Ela então, movendo-se com uma cautela solene, chegou-se 
ao espelho da sacristia – um antigo espelho de reflexo esverdeado, 
com um caixilho negro de carvalho lavrado, tendo no topo uma cruz. 
Mirou-se um momento, naquela seda azul-celeste que a envolvia toda, 
picada do brilho agudo das estrelas, com uma magnificência sideral. 
1Sentia-lhe o peso rico. A santidade que o manto adquirira no contacto 
com os ombros da imagem penetrava-a duma voluptuosidade beata. 
Um fluido mais doce que o ar da terra envolvia-a, fazia-lhe passar no 
corpo a carícia do éter do Paraíso. 2Parecia-lhe ser uma santa no 
andor, ou mais alto, no Céu... 
Amaro babava-se para ela: 
– Oh filhinha, és mais linda que Nossa Senhora! 
Ela deu uma olhadela viva ao espelho. Era, decerto, linda. Não 
tanto como Nossa Senhora... Mas com o seu rosto trigueiro, de lábios 
rubros, alumiado por aquele rebrilho dos olhos negros, se estivesse 
sobre o altar, com cantos ao órgão e um culto sussurrando em redor, 
faria palpitar bem forte o coração dos fiéis...Amaro então chegou-se por detrás dela, cruzou-lhe os braços 
sobre o seio, apertou-a toda – e estendendo os lábios por sobre os 
dela, deu-lhe um beijo mudo, muito longo... Os olhos de Amélia 
cerravam-se, a cabeça inclinava-se-lhe para trás, pesada de desejo. 
(...) 
Mas endireitou-se de repente, fixou Amaro batendo as 
pálpebras como acordada de muito longe; 3uma onda de sangue 
escaldou-lhe o rosto: 
– Oh Amaro, que horror, que pecado!... 
– Tolice! disse ele. 
Mas ela desprendia-se do manto, toda aflita: 
4– Tira-mo, tira-mo! gritava, como se a seda a queimasse. 
Então Amaro fez-se muito sério. Realmente não se devia 
brincar com coisas sagradas... 
 (CAPÍTULO XVIII) 
* Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2000. 
 
3. (UERJ/RJ - 2019) Tendo em vista o papel coesivo dos pronomes, 
leia as frases a seguir, retiradas do fragmento IV. 
 
(1) Sentia-lhe o peso rico. (ref. 1) 
(2) Parecia-lhe ser uma santa no andor, (ref. 2) 
(3) uma onda de sangue escaldou-lhe o rosto: (ref. 3) 
(4) – Tira-mo, tira-mo! (ref. 4) 
 
Reescreva essas quatro frases, recuperando os termos retomados 
pelos pronomes sublinhados. 
 
4. (FUVEST-2018) Leia o texto e responda ao que se pede. 
Da idade 
Não posso aprovar a maneira por que entendemos a duração 
da vida. Vejo que os filósofos lhe assinam* um limite bem menor do 
que o fazemos comumente. (...) Os [homens] que falam de uma certa 
duração normal da vida, estabelecem-na pouco além. Tais ideias 
seriam admissíveis se existisse algum privilégio capaz de os colocar 
fora do alcance dos acidentes, tão numerosos, a que estamos todos 
expostos e que podem interromper essa duração com que nos 
acenam. E é pura fantasia imaginar que podemos morrer de 
esgotamento em virtude de uma extrema velhice, e assim fixar a 
duração da vida, pois esse gênero de morte é o mais raro de todos. E 
a isso chamamos morte natural como se fosse contrário à natureza 
um homem quebrar a cabeça numa queda, afogar-se em algum 
naufrágio, morrer de peste ou de pleurisia; como se na vida comum 
não esbarrássemos a todo instante com esses acidentes. Não nos 
iludamos com belas palavras; não denominemos natural o que é 
apenas exceção e guardemos o qualificativo para o comum, o geral, o 
universal. 
Morrer de velhice é coisa que se vê raramente, singular e 
extraordinária e portanto menos natural do que qualquer outra. É a 
morte que nos espera ao fim da existência, e quanto mais longe de 
nós menos direito temos de a esperar. 
Michel de Montaigne, Ensaios. Editora 34. Trad. de Sérgio Milliet. 
*assinar: fixar, indicar. 
 
a) No texto, o autor retifica o que corriqueiramente se entende por 
“morte natural”? Justifique. 
 
b) A que palavra ou expressão se referem, respectivamente, os 
pronomes destacados no trecho “Vejo que os filósofos lhe assinam um 
limite bem menor do que o fazemos comumente”? 
 
5. (UERJ/RJ - 2018) Leia o fragmento a seguir e responda à questão. 
 
Morte e vida severina (auto de natal pernambucano) 
O retirante explica ao leitor quem é e a que vai 
 
– O meu nome é Severino, 
não tenho outro de pia. 
Como há muitos Severinos, 
que é santo de romaria, 
deram então de me chamar 
Severino de Maria; 
como há muitos Severinos 
com mães chamadas Maria, 
fiquei sendo o da Maria 
do finado Zacarias. 
Mas isso ainda diz pouco: 
há muitos na freguesia, 
por causa de um coronel 
que se chamou Zacarias 
e que foi o mais antigo 
senhor desta sesmaria. 
Como então dizer quem fala 
ora a Vossas Senhorias? 
Vejamos: é o Severino 
da Maria do Zacarias, 
lá da serra da Costela, 
limites da Paraíba. 
Mas isso ainda diz pouco: 
se ao menos mais cinco havia 
com nome de Severino 
filhos de tantas Marias 
mulheres de outros tantos, 
já finados, Zacarias, 
vivendo na mesma serra 
magra e ossuda em que eu vivia. 
Somos muitos Severinos 
iguais em tudo na vida: 
na mesma cabeça grande 
que a custo é que se equilibra, 
no mesmo ventre crescido 
sobre as mesmas pernas finas, 
e iguais também porque o sangue 
que usamos tem pouca tinta. 
E se somos Severinos 
iguais em tudo na vida, 
morremos de morte igual, 
mesma morte severina: 
que é a morte de que se morre 
de velhice antes dos trinta, 
de emboscada antes dos vinte, 
de fome um pouco por dia 
(de fraqueza e de doença 
é que a morte severina 
ataca em qualquer idade, 
e até gente não nascida). 
 
(JOÃO CABRAL DE MELO NETO - Morte e vida severina e outros poemas em voz 
alta. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.) 
 
Leia o fragmento a seguir e responda à questão. 
O meu nome é Severino, 
não tenho outro de pia. (l. 2-3) 
 
E se somos Severinos 
iguais em tudo na vida, 
morremos de morte igual, 
mesma morte severina: (l. 40-43) 
 
No poema, o autor lança mão da mudança de classe de palavras como 
recurso expressivo da criação poética. 
 
Com base nisso, indique a classe gramatical das palavras 
sublinhadas, na ordem em que aparecem. 
Em seguida, explique o sentido que o termo severina assume na 
expressão “morte severina”, tendo em vista a representação que se 
faz do retirante. 
 
6. (UERJ/RJ - 2018) Leia o texto a seguir e responda à questão. 
 
Ao oferecer-se para ajudar o cego, o homem que depois 
roubou o carro não tinha em mira, nesse momento preciso, qualquer 
intenção malévola, muito pelo contrário, o que ele fez não foi mais que 
obedecer àqueles sentimentos de generosidade e altruísmo que são, 
como toda a gente sabe, duas das melhores características do género 
humano, podendo ser encontradas até em criminosos bem mais 
 
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empedernidos do que este, simples 1ladrãozeco de automóveis sem 
esperança de avanço na carreira, explorado pelos verdadeiros donos 
do negócio, que esses é que se vão aproveitando das necessidades 
de quem é pobre. (...) Foi só quando já estava perto da casa do cego 
que a ideia se lhe apresentou com toda a naturalidade (...). Os 
cépticos acerca da natureza humana, que são muitos e teimosos, vêm 
sustentando que se é certo que a ocasião nem sempre faz o ladrão, 
também é certo que o ajuda muito. 2Quanto a nós, permitir-nos-emos 
pensar que se o cego tivesse aceitado o segundo oferecimento do 
afinal falso samaritano, naquele derradeiro instante em que a bondade 
ainda poderia ter prevalecido, referimo-nos o oferecimento de lhe ficar 
a fazer companhia enquanto a mulher não chegasse, quem sabe se o 
efeito da responsabilidade moral resultante da confiança assim 
outorgada não teria inibido a tentação criminosa e feito vir ao de cima 
o que de luminoso e nobre sempre será possível encontrar mesmo 
nas almas mais perdidas. 
JOSÉ SARAMAGO - Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Cia das Letras, 1995. 
 
O narrador de Ensaio sobre a cegueira emite uma opinião sobre o 
homem que roubou o carro ao chamá-lo de ladrãozeco (ref. 1). 
 
Considerando os diferentes tipos de narrador, classifique o do 
romance de José Saramago. Em seguida, indique o processo de 
formação da palavra ladrãozeco e aponte o morfema responsável pela 
avaliação depreciativa que se faz do ladrão. 
 
 7. (FUVEST/SP - 2019) Leia os textos. 
 
Texto I 
Devo acrescentar que Marx nunca poderia ter suposto que o 
capitalismo preparava o caminho para a libertação humana se tivesse 
olhado sua história do ponto de vista das mulheres. Essa história 
ensina que, mesmo quando os homens alcançaram certo grau de 
liberdade formal, as mulheres sempre foram tratadas como seres 
socialmente inferiores, exploradas de modo similar às formas de 
escravidão. “Mulheres”, então, no contexto deste livro, significa não 
somente uma história oculta que necessita se fazer visível, mas 
também uma forma particular de exploração e, portanto, uma 
perspectiva especial a partir da qual se deve reconsiderar a história 
das relações capitalistas. 
FEDERICI, Silvia, Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. S.l.: 
Elefante, 2017. 
 
Texto II 
Em todasas épocas sociais, o tempo necessário para 
produzir osmeios de subsistência interessou necessariamente aos 
homens, embora de modo desigual, de acordo com o estádio de 
desenvolvimento da civilização. 
MARX, Karl, O capital. São Paulo: Boitempo, 2017. 
 
a) Existe diferença de sentido no emprego da palavra “homens” em 
cada um dos textos? Justifique. 
 
b) Explique o uso das aspas em “’Mulheres’”, no texto I. 
 
8. (UNESP/SP - 2019) Leia o poema de Manuel Bandeira (1886-1968) 
para responder à(s) questão(ões) a seguir. 
 
Poema tirado de uma notícia de jornal 
 
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da 
Babilônia num barracão sem número. 
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro 
Bebeu 
Cantou 
Dançou 
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. 
(Libertinagem & Estrela da manhã, 1993.) 
 a) Em que verso se verifica um desvio em relação à norma-padrão da 
língua escrita (mas recorrente na língua oral)? Reescreva o verso, 
corrigindo esse desvio. 
 
b) Cite duas características, uma de natureza temática e outra de 
natureza formal, que afastam esse poema da tradição parnasiano-
simbolista. 
 
9. (UERJ/RJ - 2019) O fragmento de texto apresentado foi retirado do 
romance O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós.* 
FRAGMENTO V 
 
Mas Amaro, radiante de se achar ali, numa praça de Lisboa, 
em conversação íntima com um estadista ilustre, perguntou ainda, 
pondo nas palavras uma ansiedade de conservador assustado: 
– E crê Vossa Excelência que essas ideias de república, de 
materialismo, se possam espalhar entre nós? 
O conde riu: e dizia, caminhando entre os dois padres, até 
quase junto das grades que cercam a estátua de Luís de Camões: 
– Não lhes dê isso cuidado, meus senhores, não lhes dê isso 
cuidado! É possível que haja aí um ou dois esturrados que se 
queixem, digam tolices sobre a decadência de Portugal, e que 
estamos num marasmo, e que vamos caindo no embrutecimento, e 
que isto assim não pode durar dez anos etc., etc. Baboseiras!... 
Tinha-se encostado quase às grades da estátua, e tomando 
uma atitude de confiança: 
– A verdade, meus senhores, é que os estrangeiros invejam-
nos... E o que vou a dizer não é para lisonjear a Vossas Senhorias: 
1mas enquanto neste país houver sacerdotes respeitáveis como 
Vossas Senhorias, Portugal há-de manter com dignidade o seu lugar 
na Europa! Porque a fé, meus senhores, é a base da ordem! 
– Sem dúvida, senhor conde, sem dúvida, disseram com 
força os dois sacerdotes. 
(CAPÍTULO XXV) 
* Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2000. 
 
Observe as conjunções sublinhadas no trecho citado (1) e em sua 
reescritura (2): 
 
(1) mas enquanto neste país houver sacerdotes respeitáveis como 
Vossas Senhorias, Portugal há-de manter com dignidade o seu lugar 
na Europa! Porque a fé, meus senhores, é a base da ordem! (ref. 1) 
 
(2) mas quando neste país houver sacerdotes respeitáveis como 
Vossas Senhorias, Portugal há-de manter com dignidade o seu lugar 
na Europa! Porque a fé, meus senhores, é a base da ordem! 
 
Apresente a diferença de sentido entre os dois enunciados, a partir do 
uso de cada conjunção. 
 
Explique, também, o efeito de sentido produzido pelo emprego da 
conjunção enquanto, considerando a conduta do padre Amaro e do 
cónego Dias ao longo da narrativa. 
 
10. (UFU/MG - 2018) Leia o texto e responda à questão a seguir. 
 
As interrupções frequentes e o tom quase irônico dos 
congressistas deixavam claro que estávamos assistindo ao mais bem 
produzido “puxão de orelha” da história da internet. A imagem do 
jovem empresário acuado, sendo constrangido perante os 
“representantes do povo”, é poderosa: algo está sendo feito. 
O prazer quase sádico que se sente com a reprimenda é 
justificável: em sua saga para tornar o mundo mais “aberto e 
conectado”, o Facebook já errou muito. Com os erros, costumam vir 
as desculpas e, com elas, algumas mudanças. O que não muda é o 
modelo de negócios da empresa que, graças à coleta massiva de 
dados de usuários, pode oferecer sofisticadas ferramentas de 
direcionamento de anúncios, serviço esse que é responsável por 
grande parte de sua invejável receita de US$ 40,6 bilhões, só em 
2017. 
 
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O que parece não ter ficado claro é que Zuckerberg não 
construiu tudo isso sozinho. O Facebook só existe – e continuará 
existindo – da forma como ele é porque o Congresso dos EUA nunca 
implementou um modelo regulatório que protegesse satisfatoriamente 
a privacidade dos usuários de internet. Sempre que surgiram 
propostas nesse sentido, elas foram sumariamente rechaçadas. 
 
ANTONIALLI, Dennys. Audiencias de Zuckerberg no Congresso dos EUA 
foram teatro de cúmplices. O Estado de S. Paulo. 12 abr. 2018. Disponível 
em: <https://goo.gl/RP447U>. Acesso em: 12 abr. 2018. 
 
Considerando-se o emprego das aspas no texto, discorra sobre a 
opinião do autor com relação aos temas abaixo. Indique outros 
elementos, retirados do texto, que justifiquem sua resposta. 
 
a) Facebook. 
 
b) Congresso norte-americano. 
 
11. (UERJ/RJ - 2018) Leia o texto e responda à questão a seguir. 
 
Ao oferecer-se para ajudar o cego, o homem que depois 
roubou o carro não tinha em mira, nesse momento preciso, qualquer 
intenção malévola, muito pelo contrário, o que ele fez não foi mais que 
obedecer àqueles sentimentos de generosidade e altruísmo que são, 
como toda a gente sabe, duas das melhores características do género 
humano, podendo ser encontradas até em criminosos bem mais 
empedernidos do que este, simples 1ladrãozeco de automóveis sem 
esperança de avanço na carreira, explorado pelos verdadeiros donos 
do negócio, que esses é que se vão aproveitando das necessidades 
de quem é pobre. (...) Foi só quando já estava perto da casa do cego 
que a ideia se lhe apresentou com toda a naturalidade (...). Os 
cépticos acerca da natureza humana, que são muitos e teimosos, vêm 
sustentando que se é certo que a ocasião nem sempre faz o ladrão, 
também é certo que o ajuda muito. 2Quanto a nós, permitir-nos-emos 
pensar que se o cego tivesse aceitado o segundo oferecimento do 
afinal falso samaritano, naquele derradeiro instante em que a bondade 
ainda poderia ter prevalecido, referimo-nos o oferecimento de lhe ficar 
a fazer companhia enquanto a mulher não chegasse, quem sabe se o 
efeito da responsabilidade moral resultante da confiança assim 
outorgada não teria inibido a tentação criminosa e feito vir ao de cima 
o que de luminoso e nobre sempre será possível encontrar mesmo 
nas almas mais perdidas. 
 
JOSÉ SARAMAGO Ensaio sobre a cegueira. São Paulo:Cia das Letras, 1995. 
 
Observe a mudança de posição do advérbio afinal nos enunciados a 
seguir: 
 
1) Quanto a nós, permitir-nos-emos pensar que se o cego tivesse 
aceitado o segundo oferecimento do afinal falso samaritano, (ref. 
2) 
 
2) Quanto a nós, permitir-nos-emos pensar que se o cego tivesse 
aceitado afinal o segundo oferecimento do falso samaritano. 
 
Explique a diferença de sentido entre os enunciados, a partir da 
posição do advérbio. Justifique, ainda, a opção pela primeira 
construção, tendo em vista a sequência dos acontecimentos. 
 
12. (UNESP/SP - 2018) Leia o poema de Murilo Mendes (1901-1975) 
para responder à(s) questão(ões) a seguir. 
 
O pastor pianista 
 
Soltaram os pianos na planície deserta 
Onde as sombras dos pássaros vêm beber. 
Eu sou o pastor pianista, 
Vejo ao longe com alegria meus pianos 
Recortarem os vultos monumentais 
Contra a lua. 
 
Acompanhado pelas rosas migradoras 
1Apascento os pianos: gritam 
E transmitem o antigo clamor do homem 
 
Que reclamando a contemplação, 
Sonha e provoca a harmonia, 
Trabalha mesmo à força, 
E pelo vento nas folhagens, 
Pelos planetas, pelo andar das mulheres, 
Pelo amor e seus contrastes, 
Comunica-se com os deuses. 
(As metamorfoses, 2015.) 
1apascentar: vigiar no pasto;pastorear. 
 
a) Na segunda estrofe, verifica-se a personificação dos pianos. Que 
outro elemento também é personificado nessa estrofe? Justifique sua 
resposta. 
 
b) Quem é o sujeito do verbo “comunica-se” (3ª estrofe)? Justifique 
sua resposta. 
 
13. (FGV/SP - 2017) Leia o texto. 
 
(...) expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês 
de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns 
sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca 
de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. 
Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. 
Acresce que chovia – peneirava uma chuvinha miúda, triste e 
constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da 
última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu 
à beira de minha cova: – “Vós, que o conhecestes, meus senhores, 
vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a 
perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado 
a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens 
escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor 
crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso 
é um sublime louvor ao nosso ilustre finado”. 
Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices 
que lhe deixei. E foi assim que cheguei à cláusula dos meus dias; foi 
assim que me encaminhei para o undiscovered country de Hamlet, 
sem as ânsias nem as dúvidas do moço príncipe, mas pausado e 
trôpego como quem se retira tarde do espetáculo. Tarde e aborrecido. 
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas. 
 
a) Identifique uma expressão do texto por meio da qual o narrador 
manifesta sua ironia. Justifique. 
 
b) Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo 
que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos 
mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. 
Reescreva esse trecho, fazendo as modificações necessárias, de 
acordo com as seguintes instruções: 
- substitua “vós” por “vocês”; 
- mantenha os verbos no mesmo modo e tempo; 
- substitua as palavras sublinhadas por sinônimos adequados ao 
contexto.

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