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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNESP 
Prof. Fernando Andrade 
Aula 01 – Epistemologia II 
Ceticismo; Filosofia medieval; Renascimento; Galileu; Bacon; 
Hume; Descartes, Kant e Hegel. 
estretegiavestibulares.com.br vestibulares.estrategia.com 
EXTENSIVO 
2024 
Exasi
u 
t.me/CursosDesignTelegramhub
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
2 
 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO 5 
1. A TEORIA DO CONHECIMENTO NA ERA DA FÉ 5 
1.1. O “Milagre” do Cristianismo 6 
1.2. Santo Agostinho (354 d.C - 430 d.C.) e o Papel da Razão 7 
1.3. São Tomás de Aquino (1225-1274 d.C) e a Escolástica 11 
1.4 Questões de fixação 15 
1.5 Quadro sinóptico 20 
2. RENASCIMENTO 20 
2.1 Características do Renascimento 22 
2.2 A filosofia no auge do Renascimento 22 
2.3 Galileu Galilei 23 
3. A NOVA ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO: O MÉTODO 24 
3.1 Francis Bacon 25 
3.2 Questões de fixação 27 
3.3 Quadro sinóptico 32 
Renascimento 32 
Idade Média 32 
ANTROPOCENTRISMO: as discussões intelectuais têm como foco as necessidades 
humanas 32 
TEOCENTRISMO: as discussões intelectuais giravam em torno dos dogmas e das 
questões divinas 32 
RACIONALISMO: a racionalidade e a experimentação valem como princípio de verdade
 32 
RACIONALISMO SUBMETIDO À FÉ: a racionalidade tem limites 32 
SABER ATIVO: conhecer para alterar o mundo 32 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
3 
SABER CONTEMPLATIVO 32 
HELIOCENTRISMO 32 
GEOCENTRISMO 32 
MATEMÁTICA APLICADA; RACIOCÍNIO INDUTIVO 32 
MATEMÁTICA CONTEMPLATIVA; RACIOCÍNIO DEDUTIVO. 32 
4. DESCARTES: UM MÉTODO PARA CHAMAR DE SEU 33 
4.1 Descartes: o homem... 34 
4.2 Descartes: a dúvida 34 
4.3 Descartes: a certeza 36 
4.4 Descartes: o cotigo 37 
4.5 Descartes: Deus 37 
4.6 Finalmente o método 38 
4.7 Do que mais você precisa saber 40 
4.8 Questões de fixação 40 
4.9 Quadro sinóptico 45 
5. O EMPIRISMO 45 
5.1 John Locke 46 
5.2 David Hume 47 
5.3 Questões de fixação 50 
6. ILUMINISMO E KANT 54 
6.1 Kant 55 
6.1.1 A priori & A posteriori 56 
6.1.2 O tribunal da razão 59 
6.1.3 Revolução copernicada 61 
6.1.4 Razão, Esclarecimento e maioridade 62 
6.2 Questões de Fixação 62 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
4 
6.3 Quadro sinóptico 66 
7. A RACIONALIDADE DO “NÃO” 66 
7.1 Hegel 67 
7.2 Marx 72 
7.3 Questões de Fixação 73 
7.4 Quadro Sinóptico 76 
8. QUESTÕES 77 
8.1 Gabarito 94 
9. QUESTÕES RESOLVIDAS E COMENTADAS 94 
10. VERSÕES DE AULAS 121 
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS 121 
12. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 122 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
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Apresentação 
Prezado filósofo, 
 Seja bem-vindo à segunda aula de Filosofia. 
 Na aula anterior, passamos pela teoria do conhecimento na Antiguidade, fomos até Sócrates, 
Platão e Aristóteles. Agora a brincadeira vai ficar mais séria. Vamos passear pelos grandes autores dos 
séculos seguintes, que desenvolvem sistemas mais densos. 
 Vamos começar pela filosofia cristã, aquela que domina durante toda a idade Média. Depois de 
1500, o racionalismo torna-se uma obsessão entre o Renascimento e o Iluminismo. A ciência nascente 
necessitava de apoio e, na filosofia, muitos entusiastas da nova forma de conhecimento fizeram um 
enorme esforço para certificar-se de que o novo conhecimento seria mais seguro do que tinha sido até 
então. 
 Só para relembrar, a programação é a seguinte: 
Filosofia medieval: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. Filosofia no Renascimento. Filosofia 
Moderna: Descartes, Hume e Kant. Noções Gerais do Iluminismo segundo Kant. A racionalidade na 
História: Hegel e Marx. 
 “Bora lá”? 
 A viagem vai ser boa. Obrigado pela sua companhia e confiança. Pode estar certo de que será 
recompensado. 
1. A Teoria do Conhecimento na Era da Fé 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No pdf anterior, tínhamos deixado a filosofia no mundo da dúvida, terminamos com nada menos 
do que o ceticismo! Na dúvida, a nossa dama, a filosofia, sempre se sentiu à vontade, pois como você 
deve ter percebido, o questionamento é a própria alma dessa área do conhecimento. Mas eis que nossa 
Só pare um pouco para pensar: Filosofia e religião são 
inimigas? É possível a conciliação? 
 
Ao final desse tópico, responda: 
Qual a relação entre fé e razão para Agostinho? Deus 
poderia ser fonte do mal? O que é o mal? 
Qual a relação entre fé e razão para São Tomás de 
Aquino? Como ele explicaria as oposições entre ciência 
e fé? 
O que é escolástica? 
 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
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protagonista terá que enfrentar novos tempos, nos quais enfrentará o desafio de conviver com ideias 
dogmáticas próprias do pensamento religioso. 
1.1. O “Milagre” do Cristianismo 
 A história é conhecida e, portanto, posso passar por esses capítulos do pensamento bem 
rapidamente. A Grécia sucumbe ao Império Macedônio que, por sua vez, será anexado por um Império 
ainda maior e mais importante, o Romano. 
 Como diz o ditado, os conquistadores no plano militar serão os 
conquistados no plano do pensamento. Roma será a herdeira da 
cultura grega de tal forma que quando nos referirmos aos valores 
clássicos, acrescentaremos o adjetivo greco-romano. 
 Mas enquanto o Império se expandia, surgiu de forma bastante 
tímida um líder desprezível do ponto de vista dos romanos, nascido 
numa província esquecida: era Jesus de Nazaré, da província da Judeia. 
Os romanos não tinham qualquer admiração por aquele povo. Jamais 
alguém poderia imaginar que uma pessoa nascida nesse lugar seria tão 
importante para o futuro do Império. 
 A mensagem ética do líder religioso, Cristo, era até simples, “Amai ao 
próximo como a ti mesmo e a Deus sobre todas as coisas”. Ele 
arrebanhou alguns discípulos que perceberam a novidade da pregação. 
Um deles merece especial consideração, um apóstolo tardio, chamado 
Paulo de Tarso, pois foi chave para o que aconteceu com a fé cristã. 
 Paulo era judeu com cidadania romana, conhecia filosofia grega. Viveu no momento da decadência 
e descrédito da religião pagã oficial de Roma. Teve a oportunidade, portanto, de divulgar entre os 
romanos a nova fé, mas para isso, ele teria que adaptá-la às exigências do pensamento romano. Paulo, 
portanto, vai construindo uma teologia que deve ser provada pela razão. Esse movimento será 
fundamental para uma grande fusão jamais imaginada: a racionalidade terá lugar de destaque dentro da 
teologia cristã. 
 Nos séculos seguintes, os escravos e as pessoas mais humildes abraçaram a nova fé, devido à 
mensagem salvacionista que exaltava os mais humildes. Mas também personagens importantes da elite 
romana começaram a reconhecer na teologia sistematizada pelas mãos de Paulo uma coerência difícil de 
contradizer. Esse movimento do pensamento preparou o movimento político. A partir do século IV a. C, o 
impensável se realiza. O Cristianismo se torna a religião do Estado. A Igreja se institucionaliza, sem deixar 
de lado a filosofia. 
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1.2. Santo Agostinho (354 d.C - 430 d.C.) e o Papel da Razão 
 Esse momento definitivo em que a fé cristã ganha espaço diante do paganismo pode ser muito 
bem representado por Santo Agostinho. Inicialmente, um pagão típico de sua época, depois se converte 
e passa a estabelecer as bases da convivência entre fé e filosofia. Wilheim Wischedel, escrevendo a 
respeito do pensador, capta-lhe a instigantefigura: 
Qualquer um que, sendo contemporâneo de Agostinho, o 
tivesse conhecido quando jovem, jamais suporia que aquele 
mundano pudesse tornar-se um dos Padres da Igreja e, talvez, 
o maior do Ocidente. O jovem Agostinho causa a forte 
impressão de deixar-se levar como prazer pelas distrações do 
mundo... quando segue para Cartago a fim de estudar 
retórica... faz amizade com um grupo de estudantes rebeldes, 
que se denominam os “revolucionários”, se bem fosse 
cuidadoso o bastante para não participar de seus assaltos 
noturnos a passantes indefesos. Ativo mesmo ele é, contudo, 
como autor de peças teatrais e em múltiplos casos amorosos, 
com os quais desperdiça seus dias e noites. Mesmo quando 
chega a condições de vida mais ordeiras, ao lecionar retórica 
em Cartago e em Roma... Agostinho continua conduzindo 
uma vida nada louvável. Mora com uma concubina.” 
(Wischedel, 1999, p. 87) 
 Em Cartago, ele começa a se interessar por Filosofia e interessa-se pela fé maniqueísta. Lê outros 
autores, como Plotino, filósofo neoplatônico, mas percebe que nada realmente é capaz de suprir sua 
inquietação existencial. Depois de flertar com vários sistemas religiosos ou filosóficos e vários casos 
amoroso, ele se rende à racionalidade da mensagem de Cristo. 
 
 
 Essa experiência de Agostinho deixou profundas marcas na sua produção teológica e filosófica. 
Veja, ele não foi educado na religião cristã, aderiu a ela por força dos argumentos lógicos que encontrava 
no sistema teológico ainda em formação. 
 Nesse sentido, o filósofo defendeu que a razão não se opunha à religião, mas antes era o guia que 
levava o fiel até a porta de entrada da fé. Diante de tantas ideias diferentes e de tantas religiões em 
Santo Agostinho é um dos mais importantes representantes da PATRÍSTICA
Nome dado ao sistema teológico filosófico criado pelos primeiros padres da
Igreja; a Patrística engloba o esforço inicial de justificar a fé pela razão. Os
primeiros padres faziam textos de elogio à nova crença, sempre demonstrando a
racionalidade do sistema.
Razão e fé
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
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conflito, a racionalidade poderia discernir qual era a mais coerente, aproximar-se de Deus por essa via 
para, finalmente, receber a graça divina que leva o fiel à fé. O postulado importante de Agostinho é o de 
que não há contradição entre fé e razão, mas uma é condição para outra, ele diz que a razão é ancilla 
theologiae, serva da teologia. 
 
 O filósofo viva em um momento paradoxal e conturbado do Império Romano. A conversão de 
Roma ao Catolicismo deveria, pela lógica, ter barrado o processo de decadência, mas não era isso o que 
se observava. Roma estava sendo ameaçada pelos bárbaros pagãos. Como explicar essa aparente 
contradição? Ora, a ideia de Platão servia muito bem para justificar esse descompasso. 
 Há dois mundos, um celestial, o equivalente ao mundo das ideias de Platão, no qual a perfeição 
predomina; e a há o mundo sensível, mundo da corrupção, cuja metáfora cristã é o vale das lágrimas. A 
teoria platônica serve, inclusive, para responder a uma pergunta que inquietava o espírito dos cristãos 
daquela época em virtude do que pregavam os maquineus. Para eles, Deus seria fonte do bem e do mal. 
 A argumentação desse grupo considerado herético se sustentava em premissas bastante simples 
e convincentes: 
 
 O Platonismo permite uma resposta clara a isso: o Bem, o Belo e o Justo ser originam de Deus. O 
mal está presente no mundo das sombras porque ele é corrupção, ou seja, ele é “não ser”. Por exemplo, 
o que é a ira? Falta de amor. O que a iniquidade? Falta de justiça. O que avareza? Falta de generosidade 
etc. Inclusive o próprio homem, por existir e ser a semelhança de Deus, é sumamente bom. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Platonismo 
Tudo se origina de Deus 
O mal faz parte de tudo o que foi criado 
Logo, o mal se origina de Deus. 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
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 Tente seguir a mesma lógica platônica. 
 Relembrando. Para Platão, todos já estivemos no mundo perfeito, trazemos a ideia de perfeição 
dentro de nós e precisamos seguir um caminho de ascensão da alma para chegarmos à iluminação da 
verdade e para isso devemos abandonar as ilusões do mundo em que vivemos, representado pelas 
sombras. Para Agostinho, Deus nos dotou de uma alma semelhante à dos seres espirituais, dotada do 
que há de melhor e mais belo, cuja existência só pode ser boa, pois é produto divino. Contudo, ela está 
sujeita à corrupção devido ao pecado original. 
Essa alma vive na escuridão. Quem poderá tirá-la da escuridão? Deus, mas somente se o fiel 
desejar isso. O indivíduo deve se chegar a Ele para receber a graça que ilumina o seu interior. Veja a 
semelhança com a teoria da reminiscência! O Bem já está dentro de cada um de nós. 
 
 
 
 
 
 
 Pelo contrário, Deus deu ao homem algo que não deu a nenhum outro ser, a não ser aos anjos: o 
livre-arbítrio, ou seja, a possibilidade de escolher. Isso é o que torna o homem semelhante aos seres 
espirituais. Nesse caso, o homem recebeu o que há de mais precioso na relação com o divino. O problema 
é que ele escolheu, na figura de Adão, o caminho da corrupção. 
 Seus descendentes têm a oportunidade de fazer o caminho de volta. São chamados a escolher 
entre o bem e o mal. Pela razão podem escolher a Santa Madre Igreja e , ao fazer isso, recebem a graça 
e passam pelo processo de iluminação que leva o fiel de volta ao bem. 
 
 Agostinho é um dos primeiros filósofos a discutir algo que será caro à filosofia: o tema da 
liberdade. Até o autor cristão, a liberdade não era exatamente um problema filosófico. Mas você deve 
ter reparado que o autor faz do livre-arbítrio a pedra de toque da sua filosofia de salvação. Pela livre 
vontade do homem, é possível entender que o castigo eterno do inferno não é um mal promovido por 
Deus, mas é o justo castigo de quem escolheu a corrupção. Pela primeira vez, a liberdade é vista como 
um valor acima de qualquer outro. 
 Contudo, não se deixe enganar. Ela é bastante limitada. Não se trata de uma liberdade que é 
exercida a cada momento e em vários períodos da vida. O verdadeiro livre-arbítrio é exercido uma vez na 
vida do indivíduo, quando ele faz a escolha pela graça divina. Ao receber a iluminação, ele é coagido pelo 
bem a agir da melhor maneira possível, daí não há mais escolhas, porque sendo um fiel iluminado não há 
como ele deixar se comportar seguindo os preceitos da divindade. 
O problema do livre-arbítrio 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
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 Claro que, nesse ponto, você deve ter percebido uma contradição, que em filosofia, chamamos 
de aporia. Há liberdade leva o fiel à ação não livre. Responderia o filósofo, que o bem é em si a liberdade 
de viver da forma mais plena possível. 
 
 Agostinho e o cristianismo moldam nossa forma moderna de encarar o mundo. Primeiro, 
introduzem a noção de liberdade, cara ao ocidente, justamente porque tem sua origem cultural no 
cristianismo. Em segundo lugar, o indivíduo passa ser figura central do pensamento. Todas as religiões, 
até o surgimento do Cristianismo, eram sociais, ou seja, o pertencimento a elas dependia da nascimento 
em dada cultura, como acontece até hoje com os judeus, nascer de ascendência judaica é o primeiro 
pressuposto para pertencer ao judaísmo. Jesus pregava uma salvação pessoal, o indivíduo poderia ser 
grego, romano ou bárbaro, que isso não faria diferença. 
 A única coisa que importa, na tradição crista, é a relação entre o fiel e Deus, e essa relação é muito 
particular e pessoal. A vivência externa, da aparência e inserida no jogo social, tem pouca valia. O reino 
de Deus não faz parte deste mundo, e o fiel não deve somente evitar o adultério, por exemplo, ele nãodeve ter nem mesmo o desejo de cometê-lo. Ora, quem sabe sobre o desejo pecaminosos? Somente a 
própria pessoa. O cristianismo introduz um escrutínio de si desconhecido na Antiguidade. 
 A interioridade, a subjetividade, os desejos passam a ser matéria de reflexão da filosofia. Não é à 
toa que o texto mais importante de Agostinho se chame Confissões. 
 
 Segue um fragmento da argumentação de Agostinho sobre o mal como não ser. 
O mal 
Vi claramente que todas as coisas boas podem, entretanto, se corromper, e não se poderiam corromper 
se fossem sumamente boas, nem tampouco se não fossem boas. Se fossem absolutamente boas seriam 
incorruptíveis, e se não houvesse nada de bom nelas, não poderiam se corromper. Com efeito, a 
corrupção é nociva e se não reduzisse o bem não seria nociva. Portanto, ou a corrupção não prejudica em 
nada, o que não é admissível, ou todas as coisas que se corrompem são privadas de algum bem; quanto 
a isso não há dúvidas. Mas se fossem privadas de todo o Bem, deixariam completamente de existir. Se 
existissem e não pudessem ser alteradas, seriam melhores porque permaneceriam incorruptíveis. O que 
seria mais monstruoso do que afirmar que as coisas se tornariam melhores ao perderem todo o Bem? Por 
isso, se privadas de todo o Bem, deixariam totalmente de existir. Portanto, enquanto existem, são boas. 
Portanto, todas as coisas que existem são boas, e o Mal que eu procurava não é uma substância, pois se 
fosse substância seria um bem. Na verdade, ou seria uma substância incorruptível e então seria um grande 
bem, ou seria corruptível e, neste caso, a menos que fosse boa, não poderia se corromper. Percebi, 
portanto, e isto pareceu-me evidente, que criastes todas as coisas boas e não existe nenhuma substância 
que Vós não criastes. E porque não criastes todas as coisas iguais, todas as coisas individualmente são 
boas, e em conjunto são muito boas, pois Deus viu que tudo que havia feito era muito bom (Gênesis, 
1,31). 
A subjetividade
Deixa o filósofo falar...
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
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(Trecho da obra Confissões de Agostinho, in Marcondes, D. "Textos Básicos de Filosofia". Rio de Janeiro: 
Zahar Editor Ltda, 2007). 
 
1.3. São Tomás de Aquino (1225-1274 d.C) e a Escolástica 
 De nosso travesso Santo Agostinho até o nosso grande estudioso 
São Tomás de Aquino, decorreram quase 800 anos em que muita água 
teológica passou pela ponte da Idade Média. O ímpeto da Patrística de 
conciliar filosofia e cristianismo e de estabelecer dogmas que devem ser 
aceitos por toda comunidade cristã leva à formação de grupos de padres 
que se reúnem para discutir determinadas questões espirituais. Esse 
embrião gerará as primeiras universidades europeias. 
 Dentro desse contexto, surge o circunspecto e grande homem 
Tomás. Corpulento, conta-se que foi feito um corte circular na sua cela 
para que ele pudesse sentar-se e estudar. Era quieto, chamado de boi 
mudo, circunspecto. Essa quietude do homem revelava uma inquietação 
intelectual do porte da sua compleição física. A Suma Teológica tem uma 
tal magnitude que frequentemente se diz que um mortal não poderia 
estudá-la durante toda uma vida, tal a quantidade de temas e a profundidade das informações. 
 
"eu creio para compreender e compreendo para crer melhor” (intellige 
ut credas, crede ut intelligas) significa que compreendendo aquilo em 
que se deve crer, cremos, e, crendo, podemos compreender aquilo em 
que cremos. Se por um lado, é preciso partir da fé, por outro, é dever de 
quem crê, buscar inteligir aquilo em que crê, pois o fim último do 
Homem não é crer, mas conhecer!
• Frase famosa
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
12 
 
 
 São Tomás de Aquino faz algo surpreendente para sua época. Lança as bases sobre as quais o 
Renascimento irá florescer. O filósofo partia do pressuposto de que, sendo Deus perfeito, sua 
racionalidade deveria se exprimir na natureza. Logo, não poderia haver em hipótese nenhuma 
contradição entre fé e razão. Mas o que dizer dos dogmas da Igreja como, por exemplo, a Santíssima 
Trindade, que coloca em xeque a regra lógica da não contradição? 
 Nesse caso, postula Tomás, deve-se entender que fé e religião são campos distintos que seguem 
lógicas próprias. A teologia não deve tentar desvendar o mundo físico, assim como os critérios para 
estudar a natureza não devem ser utilizados para avaliar ou julgar a fé. A religião se baseia na crença e na 
fé; o conhecimento na observação e na lógica. Óbvio que, em alguns momentos, haverá embate entre 
esses dois domínios, situação em que a fé tem primazia. 
 De onde o filósofo tirou essa ideia de racionalidade? 
 
 Na época de São Tomás, há uma redescoberta de Aristóteles. Isso explica muita coisa. O estagirita 
propunha observar a realidade para captar a forma das coisas. Você deve se lembrar de que o filósofo 
grego sistematizou o conhecimento em várias áreas. São Tomás tentará fazer uma síntese quase 
impossível entre fé e razão aristotélica. O filósofo cristão tentará adaptar Aristóteles a cada ideia cristã. 
Um exemplo é o da alma. Para São Tomás, a alma se identifica com a forma de Aristóteles e o corpo, com 
a matéria. 
 Em relação à história do pensamento, vale destacar a importância de São Tomás para o 
Renascimento. Ao separar razão e fé, dizendo que cada uma dessas faculdades tem sua área específica, 
ele permitiu que a ciência se desenvolvesse no ocidente. Nas questões da religião, a fé predomina; nas 
questões do mundo físico; a razão predomina. 
São Tomás de Aquino é um dos mais importantes representantes da Escolástica
Nome dado ao conjuntos dos conteúdos teológico, filosófico e científico
sistematizados para serem ensinados nas nascentes universidades. O
conhecimento era validado pela erudição e pela autoridade da tradição mesmo
no campo da ciência. O ensino valia-se da dialética, os estudantes tinham que
aprender a argumentar valendo-se do sistema de tese, antítese e síntese. A
razão não poderia se sobressair quando houvesse conflito entre fé e
conhecimento, sobretudo em relação àquilo que pudesse abalar a fé.
Razão e Fé
Aristotelismo 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
13 
 
 
 
Considere o seguinte exemplo de conciliação entre fé e razão. 
 
 Como conciliar essas perspectivas opostas? São Tomás explica a aparente incoerência. Pode ter 
criado o universo desde sempre, e sob a perspectiva da bíblia, a criação da terra se dá em um momento. 
 Outro exemplo digno de nota é como São Tomás de Aquino sistematiza as 5 provas da existência 
de Deus. 
Exemplos de harmonia entre fé e razão 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
14 
 
 
 
 A teoria do conhecimento para São Tomás é muito próxima da teoria de Aristóteles. O filósofo 
cristão valoriza o contato sensorial com a realidade. Ele supõe a seguinte escala de aquisição do 
conhecimento. 
 
Motor Imóvel (movimento): se há movimento, deve haver algo que deu 
origem ao movimento, Deus.
Causa Primeira ou Eficiente (existência): Se existimos é porque alguém nos 
criou, é preciso um primeiro ser que não foi criado por ninguém e criou a 
todos.
Ser necessário e ser contingente: Todos os seres que conhecemos são 
contingentes, ou seja, seres fugazes. Ora, o universo não se pode fundar na 
fugacidade total. Há um ser não fugaz, necessário.
Perfeição: Percebe-se que há graus de perfeição nas coisas, se um objeto pode 
ser sempre mais perfeito, há que se chegar a um ser que não admite mais 
nada. Um ser total.
Inteligência ordenadora: O universo é ordenado. A ordem tem autoria. Então, 
a ordenação que observamos tem autoria de Deus. 
Teória do conhecimento 
Quidade: Objeto 
sensível, objeto 
particular captado 
pelos sentidosPhantasma:
Imagem produzida 
na mente pelo 
objeto 
Espécie inteligível 
(conceito): processo 
intelectual 
abstrativo efetuado 
sobre o phantasma. 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
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1.4 Questões de fixação 
1. (Unesp 2016) 
Não posso dizer o que a alma é com expressões materiais, e posso afirmar que não tem qualquer tipo de 
dimensão, não é longa ou larga, ou dotada de força física, e não tem coisa alguma que entre na 
composição dos corpos, como medida e tamanho. Se lhe parece que a alma poderia ser um nada, porque 
não apresenta dimensões do corpo, entenderá que justamente por isso ela deve ser tida em maior 
consideração, pois é superior às coisas materiais exatamente por isso, porque não é matéria. É certo que 
uma árvore é menos significativa que a noção de justiça. Diria que a justiça não é coisa real, mas um nada? 
Por conseguinte, se a justiça não tem dimensões materiais, nem por isso dizemos que é nada. E a alma 
ainda parece ser nada por não ter extensão material? 
(Santo Agostinho. Sobre a potencialidade da alma, 2015. Adaptado.) 
 
No texto de Santo Agostinho, a prova da existência da alma 
a) desempenha um papel primordialmente retórico, desprovido de pretensões objetivas. 
b) antecipa o empirismo moderno ao valorizar a experiência como origem das ideias. 
c) serviu como argumento antiteológico mobilizado contra o pensamento escolástico. 
d) é fundamentada no argumento metafísico da primazia da substância imaterial. 
e) é acompanhada de pressupostos relativistas no campo da ética e da moralidade. 
 
2. (Enem 2015 2ª aplicação) 
Se os nossos adversários, que admitem a existência de uma natureza não criada por Deus, o Sumo Bem, 
quisessem admitir que essas considerações estão certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias, como 
a de atribuir a Deus tanto a autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele fonte suprema da 
Bondade, nunca poderia ter criado aquilo que é contrário à sua natureza. 
AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005 (adaptado). 
 
 Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do mal porque 
a) o surgimento do mal é anterior à existência de Deus. 
b) o mal, enquanto princípio ontológico, independe de Deus. 
c) Deus apenas transforma a matéria, que é, por natureza, má. 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
16 
d) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, o mal. 
e) Deus se limita a administrar a dialética existente entre o bem e o mal. 
 
3. (Enem 1999) 
Considere os textos abaixo. 
(...) de modo particular, quero encorajar os crentes empenhados no campo da filosofia para que 
iluminem os diversos âmbitos da atividade humana, graças ao exercício de uma razão que se torna mais 
segura e perspicaz com o apoio que recebe da fé. 
(Papa João Paulo II. Carta Encíclica Fides et Ratio aos bispos da igreja católica sobre as relações entre fé 
e razão, 1998) 
As verdades da razão natural não contradizem as verdades da fé cristã. 
(São Tomás de Aquino-pensador medieval) 
Refletindo sobre os textos, pode-se concluir que 
a) a encíclica papal está em contradição com o pensamento de São Tomás de Aquino, refletindo a 
diferença de épocas. 
b) a encíclica papal procura complementar São Tomás de Aquino, pois este colocava a razão natural 
acima da fé. 
c) a Igreja medieval valorizava a razão mais do que a encíclica de João Paulo II. 
d) o pensamento teológico teve sua importância na Idade Média, mas, em nossos dias, não tem relação 
com o pensamento filosófico. 
e) tanto a encíclica papal como a frase de São Tomás de Aquino procuram conciliar os pensamentos 
sobre fé e razão. 
 
 
 
1.D 
2.D 
3.E 
 
Gabarito 
Questões comentadas 
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17 
 
1. (Unesp 2016) 
Não posso dizer o que a alma é com expressões materiais, e posso afirmar que não tem qualquer tipo de 
dimensão, não é longa ou larga, ou dotada de força física, e não tem coisa alguma que entre na 
composição dos corpos, como medida e tamanho. Se lhe parece que a alma poderia ser um nada, 
porque não apresenta dimensões do corpo, entenderá que justamente por isso ela deve ser tida em 
maior consideração, pois é superior às coisas materiais exatamente por isso, porque não é matéria. É 
certo que uma árvore é menos significativa que a noção de justiça. Diria que a justiça não é coisa real, 
mas um nada? Por conseguinte, se a justiça não tem dimensões materiais, nem por isso dizemos que é 
nada. E a alma ainda parece ser nada por não ter extensão material? 
(Santo Agostinho. Sobre a potencialidade da alma, 2015. Adaptado.) 
 
No texto de Santo Agostinho, a prova da existência da alma 
a) desempenha um papel primordialmente retórico, desprovido de pretensões objetivas. 
b) antecipa o empirismo moderno ao valorizar a experiência como origem das ideias. 
c) serviu como argumento antiteológico mobilizado contra o pensamento escolástico. 
d) é fundamentada no argumento metafísico da primazia da substância imaterial. 
e) é acompanhada de pressupostos relativistas no campo da ética e da moralidade. 
 
Comentário: 
Alternativa a, falsa. “Retórica” significa um discurso bonito sem necessidade de se adequar ao que é 
verdadeiro, note que Santo Agostinho acredita que a ideia de alma é uma verdade. 
Alternativa b, falsa. A definição de “empirismo” está na própria alternativa, significa valorizar a 
experiência; para isso ser verdadeiro, Santo Agostinho deveria provar o que diz sobre a alma a partir da 
observação dos fenômenos físicos, algo impossível. 
Alternativa c, falsa. Essa é uma doutrina teológica, logo é absurdo dizer que se trata de um argumento 
antiteológico. 
Alternativa d, verdadeira. O argumento dele se baseia na doutrina da alma e no Idealismo de Platão; a 
alma para o pensador é aquilo que não pode ser visto, mas é a parte mais substancial do homem. 
Alternativa e, falsa. Ele faz uma discussão sobre a alma, e não sobre ética ou moralidade. 
Gabarito: D 
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18 
2. (Enem 2015 2ª aplicação) 
Se os nossos adversários, que admitem a existência de uma natureza não criada por Deus, o Sumo Bem, 
quisessem admitir que essas considerações estão certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias, como a 
de atribuir a Deus tanto a autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele fonte suprema da Bondade, 
nunca poderia ter criado aquilo que é contrário à sua natureza. 
AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005 (adaptado). 
 Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do mal porque 
a) o surgimento do mal é anterior à existência de Deus. 
b) o mal, enquanto princípio ontológico, independe de Deus. 
c) Deus apenas transforma a matéria, que é, por natureza, má. 
d) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, o mal. 
e) Deus se limita a administrar a dialética existente entre o bem e o mal. 
Comentário. 
Alternativa "a" está incorreta. Agostinho afirma que há alguns que “admitem a existência de uma 
natureza não criada por Deus”, ou seja, o mal; contudo, ele discorda dessas pessoas. Portanto, para 
Agostinho o mal não é anterior a Deus. 
Alternativa "b" está incorreta. Ele não discute, nesse fragmento, se o mal tem ou não tem essência. Se 
ele discutisse isso, estaria discutindo o princípio ontológico do mal, qual o traço que define seu ser. 
Alternativa "c" está incorreta. O texto não discute a relação entre Deus e natureza. De qualquer forma, se 
a natureza é má e Deus criou a natureza, então Ele seria mau, e Agostinho não concorda com essa ideia. 
Alternativa "d" está correta. O que se afirma nessa alternativa pode ser conferidono seguinte trecho 
“sendo Ele fonte suprema da Bondade, nunca poderia ter criado aquilo que é contrário à sua natureza”. 
Alternativa "e" está incorreta. O texto não fala em dialética, muito menos Deus é visto como 
manuseando o mal. 
Gabarito: D 
3. (Enem 1999) 
Considere os textos abaixo. 
(...) de modo particular, quero encorajar os crentes empenhados no campo da filosofia para que iluminem 
os diversos âmbitos da atividade humana, graças ao exercício de uma razão que se torna mais segura e 
perspicaz com o apoio que recebe da fé. 
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19 
(Papa João Paulo II. Carta Encíclica Fides et Ratio aos bispos da igreja católica sobre as relações entre fé 
e razão, 1998) 
As verdades da razão natural não contradizem as verdades da fé cristã. 
(São Tomás de Aquino-pensador medieval) 
Refletindo sobre os textos, pode-se concluir que 
a) a encíclica papal está em contradição com o pensamento de São Tomás de Aquino, refletindo a 
diferença de épocas. 
b) a encíclica papal procura complementar São Tomás de Aquino, pois este colocava a razão natural 
acima da fé. 
c) a Igreja medieval valorizava a razão mais do que a encíclica de João Paulo II. 
d) o pensamento teológico teve sua importância na Idade Média, mas, em nossos dias, não tem relação 
com o pensamento filosófico. 
e) tanto a encíclica papal como a frase de São Tomás de Aquino procuram conciliar os pensamentos 
sobre fé e razão. 
Comentário. 
Alternativa "a" está incorreta. O papa afirma que a razão se torna mais segura se seguir a fé, ideia similar 
à de São Tomás de Aquino. 
Alternativa "b" está incorreta. São Tomás não colocava a razão natural acima da fé, apenas dizia que a 
razão e a fé tinha campos separados. 
Alternativa "c" está incorreta. A Igreja medieval, no geral, seguia o pressuposto de que a razão era serva 
da fé, ou seja, jamais propôs a razão acima da fé. 
Alternativa "d" está incorreta. A frase do papa indica que o pensamento teológico, pelo menos no âmbito 
do Catolicismo, ainda leva em consideração o pensamento filosófico. 
Alternativa "e" está correta. O papa deixa claro que razão e fé devem estar juntas e a afirmação de São 
Tomás de Aquino se dá em um contexto de defesa da razão diante da fé. O pensador defendia que não 
havia conflito entre fé e razão. 
Gabarito: E 
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20 
1.5 Quadro sinóptico 
 
 
2. Renascimento 
 
 
 
 
 
 
 
Ao final deste tópico (2) e do próximo (3), responda: 
Como o Renascimento mudou o campo do 
conhecimento? 
Quais são as bases da ciência nascente, fundadas por 
Galileu? 
Qual a importância do método para o conhecimento? 
Segundo Bacon, quais são os inimigos da ciência? 
 
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21 
 
 
Contudo esse caso de amor entre fé e razão 
estava com os dias contados. Não necessariamente por 
causa de discussões abstratas restritas a monastérios e 
universidades, mas devido às mudanças materiais pelas 
quais passava a Europa. O comércio floresce na região, 
outra classe social torna-se um ator social importante, o 
burguês, e novas necessidades surgem, demandando 
respostas criativas e técnicas para situações como a das 
navegações. 
 Dos séculos XIV ao XVI, toda uma nova cultura é criada no velho continente: novas artes, novos 
conhecimentos, novos métodos de abordar o real. 
 Para explicar da maneira mais precisa, nada como um historiador. Nesse caso, permito-me com a 
concessão do professor Marco Túlio repetir as informações que estão no material dele de história. 
 
Vimos que a Baixa Idade Média foi marcada pelo surgimento das 
universidades e da classe dos intelectuais, acompanhando o florescimento do 
comércio e das cidades. Esses centros de educação eram espaços dominados pela 
Igreja, refletindo, portanto, os valores da sociedade feudal. A carreira 
universitária limitava-se a três percursos: direito, medicina e teologia. 
Contudo, a partir do século XIV alguns indivíduos que ficariam conhecidos 
como humanistas buscaram a diversificação dos conhecimentos transmitidos 
nas universidades, incluindo áreas como poesia, filosofia, história, matemática e a eloquência – uma 
combinação da retórica e a filosofia. A partir do contato com obras da Antiguidade Clássica, os 
humanistas defendiam o rompimento com o pensamento medieval em nome de uma nova cultura, 
que valorizasse o Homem e suas potencialidades. Esse esforço comum de artistas, literatos, cientistas 
e inventores é chamado de Renascimento, termo criado pelos próprios homens do período. 
 
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22 
2.1 Características do Renascimento 
Entre as principais características do movimento renascentista, podemos destacar as seguintes: 
❖ Antropocentrismo → Trata-se de tomar o “Homem como centro”, isto é, valorizar suas 
potencialidades artísticas, literárias, científicas e inventivas. Esse valor se opõe ao teocentrismo 
(Deus como centro) da Idade Média, quando tudo era explicado como resultado da vontade divina. 
Mas atenção: isso não significa que os humanistas eram ateus ou tomavam a Igreja como 
adversária, apenas buscam alcançar o conhecimento por vias distintas de suas explicações 
dogmáticas. 
❖ Classicismo → Retomada de valores, técnicas e saberes da cultura greco-romana. Os 
renascentistas não buscavam copiar o legado da Antiguidade, mas apenas se inspirar para a 
criação de uma nova cultura europeia. 
❖ Racionalismo → Esforço de conhecer o mundo a partir do pensamento racional. Sem se contentar 
com as explicações dogmáticas da Igreja, o Homem renascentista buscou explicar o mundo a partir 
da lógica e de métodos científicos. 
❖ Individualismo → Refletindo os valores da burguesia que surgia naquele momento, os 
renascentistas buscaram o reconhecimento das suas habilidades, fossem elas políticas, artísticas 
ou comerciais. É neste período que os quadros passam a ser assinados pelos seus autores, o que 
expressava não somente um estilo pessoal das obras, mas também um valor de mercado atingido 
por eles. 
❖ Hedonismo → Desfrutar os prazeres sensoriais é algo buscado pelos homens do Renascimento, o 
que se opõe à vida limitada ao sofrimento e a contrição1 do período medieval. Valoriza-se o belo, 
ao mesmo tempo em que se relevava os pecados da gula e da luxúria. 
❖ Naturalismo → Muitos humanistas buscaram compreender a natureza a partir da observação e 
experimentação, o que permitiu avanços em áreas como a medicina, astronomia e nas artes. 
 
2.2 A filosofia no auge do Renascimento 
Esse momento da história europeia foi extremamente produtivo para as artes e para a ciência. 
Galileu estabeleceu os moldes do que será a ciência, mas tudo isso ocorre à revelia da nossa querida 
Filosofia. Essa dama antiga do conhecimento humano simplesmente observou os acontecimentos, 
esperando momentos mais propícios para deglutir tudo o que ocorrera. 
 Para se ter uma ideia do que estou dizendo, basta mencionar que um dos grandes nomes da 
Filosofia, Marsílio Ficino (1433-1499), era um neoplatonista. Há certamente dois grandes nomes, mas 
que não estão associados à Teoria do Conhecimento: Nicolau Maquiavel (1469-1527) e Michel Eyquem 
de Montaigne (1533-1592). 
 O primeiro ousou pensar a política de forma totalmente diferente. O segundo reeditou o ceticismo 
antigo em nova roupagem. Montaigne foi um pensador ético fenomenal. Escreveu um texto 
fragmentário chamado Ensaios, no qual falava a respeito de tudo, “até mesmo sobre uma mosca”. Fez 
digressões e mudou de assuntos ao sabor de seus interesses muitas vezes bastante mundanos. O seu 
lema era “sou eu mesmo a matéria de meu livro”. Escreveu sobre os índios americanoscom a mesma 
 
1 Arrependimento perante Deus pelos pecados cometidos. 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
23 
facilidade com que confessava a tristeza de não ser dotado de um sexo que atendesse adequadamente 
às mulheres. Trouxe a filosofia do céu para a terra, no sentido de usar a filosofia para assuntos cotidianos. 
Mas de qualquer forma, ele apenas esbarrou na teoria do conhecimento, que precisava se ajustar às 
grandes novidades vindas, sobretudo, da ciência. 
Você deve ter percebido que a filosofia ficou a reboque desse movimento. Quem de fato vai 
revolucionar o conhecimento será um dos primeiros físicos modernos, Galileu Galilei (1564-1642 d.C). 
2.3 Galileu Galilei 
 Antes de mais nada, vamos para o básico desse senhor que ousou descobrir mais do que devia. É 
sabido seu grande pecado, que demorou séculos para ser perdoado pela Igreja. Ele aperfeiçoa lentes e 
faz um telescópio com o qual começa a observar as estrelas. Contraria Aristóteles em relação ao que o 
pensador havia falado sobre a lua e começa a questionar seriamente o geocentrismo. Valendo-se da 
observação da realidade, de instrumentos e de cálculos matemáticos, ele revolucionou o conhecimento 
e colocou novas questões para a Teoria do Conhecimento que só seriam sistematizadas mais tarde. Mas 
o que havia de tão subversivo nessa forma de conhecer do italiano? 
 
 
 
 
Abandonou o argumento de autoridade, do senso 
comum e desprezou a tradição. 
O experimento deve ser programado, organizado 
com o objetivo de confirmar uma hipótese.
Usou a matemática como instrumento do 
conhecimento.. 
Há dois livros: um sagrado e outro da natureza, a 
fé não pode interferir na leitura da natureza.
Deixa o físico falar...
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
24 
 Segue um trecho da carta de Galileu a Castelli, o físico manifesta sua concepção em relação a 
oposição ciência versus religião. 
 
Eu creio que a autoridade da Sagrada Escritura tem apenas o objetivo de persuadir os homens acerca do 
que seja necessário para a sua salvação e que, por ultrapassar a razão humana, não poderia tornar-se 
credível por qualquer outra ciência ou meios que não pelo Espírito Santo 20. Contudo, não creio que Deus, 
que nos facultou sentidos, linguagem e intelecto, pretendesse ultrapassar o seu uso e dar-nos, por outros 
meios de informação, aquilo que poderemos obter através deles. Isto aplica-se especialmente àquelas 
ciências acerca das quais só podemos ler referências muito escassas na Sagrada Escritura, como é, em 
particular, a situação da Astronomia, dado que nem os nomes de todos os planetas constam da Escritura… 
A Sagrada Escritura e a Natureza derivam ambas da Palavra divina, a primeira como ditada pelo Espírito 
Santo, a segunda como a executante mais obediente das ordens de Deus. De modo a adaptar-se à 
compreensão das pessoas, a Escritura tem de apresentar certas coisas de modo diverso da verdade 
absoluta, na aparência e em relação aos significados das palavras…. Assim, a Escritura, pode conter 
proposições que pareçam contrárias à verdade, se forem interpretadas em sentido literalista. 
Vasconcelos, J. C. (jan/jun de 2011). UMA LEITURA PARA O SÉCULO XXI da Carta de Galileu a Castelli. 
IDEAÇÃO . 
 
3. A nova organização do conhecimento: o método 
E no princípio Aristóteles criou o Organon, e o Organon criou o conhecimento. Este poderia ser o 
início mais sistematizado da história da Teoria do Conhecimento. Mas o que é esse tal de Organon? É o 
nome dado à reunião de textos sobre lógica do pensador grego. A palavra significa “instrumento”, pois 
era o meio pelo qual alguém poderia alcançar a verdade, já que estaria apto para conduzir bem o 
raciocínio. 
 Só que isso já não bastava para os novos tempos. A lógica aristotélica não impediu o 
desenvolvimento de um tipo de conhecimento baseado na tradição, típico da Idade Média e se mostrou 
estéril para a elaboração de técnicas que permitissem avançar no conhecimento do mundo. Na verdade, 
a união entre racionalismo antigo e teologia acabou redundando na Escolástica. Vale a pena lembrar o 
que isso significa. 
 A Escolástica desenvolveu-se por volta do século XI, quando as primeiras universidades foram 
formadas na Europa. Havia necessidade de sistematizar o conhecimento que os primeiros pais da Igreja 
elaboraram para dar base à prática católica. Nessa sistematização, a filosofia ganhou ares de 
conhecimento científico. A incorporação de Aristóteles na reflexão dos escolásticos deu um caráter 
"científico" à nova teologia. O maior expoente foi São Tomás de Aquino. 
 Essa forma de ciência baseava-se na tradição e no método dedutivo. Por conta disso, durante 
quase dois séculos, não se produziu conhecimento significativo. O Renascimento comercial precisava de 
outras matrizes de conhecimento. O mundo que se descortinava era bastante diferente daquele que os 
livros desenhavam. 
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25 
 Surgiram pensadores maravilhosos, homens que mudaram a face da Europa: Copérnico, Galileu, 
Colombo, Paracelso etc. Não se apoiavam nos instrumentos do passado para suas grandes contribuições 
para a humanidade. Era preciso um novo Organon... 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.1 Francis Bacon 
 
Bacon não é exatamente o que você está pensando... 
Francis Bacon ou Primeiro Visconde de Alban (1561-1626) foi um 
político, filósofo, cientista que se notabilizou por se tornar um 
grande defensor da ciência, tanto que para alguns ele seria um dos 
fundadores da ciência moderna. 
Entusiasta da nova forma de abordagem 
da realidade, esse inglês percebeu que 
seria preciso um novo instrumento, e, 
sendo assim, ele escreveu essa obra pretensiosa chamada Novo Organon. O 
inglês considerou a necessidade de se valer de exemplos negativos para poder 
confirmar uma nova teoria. De qualquer maneira, ele deixava explícito que a 
“nova onda” em relação ao conhecimento seria a aceitação da experiência. Por 
esse motivo, ele figura sempre ao lado dos grandes empiristas ingleses (autores 
que consideram a experiência determinante para o conhecimento). 
 Contudo, ele será lembrado muito mais pela campanha na qual se 
lançou contra as amarras que impediam o conhecimento científico de avançar. Já que na religião, a 
idolatria era um dos maiores pecados, o pensador valeu-se desse vocabulário para livrar os homens das 
imagens que os impediam de ver a realidade tal como ela era. Ele chamou os obstáculos para o 
conhecimento de ídolos. E ele enumerou 4 deles. 
Fi
gu
ra
 1
: P
ix
ab
ay
 
Fi
gu
ra
 2
: S
h
u
tt
er
st
o
ck
 
Mas qual foi a novidade que esses cientistas introduziram que revolucionou o 
conhecimento? 
- A experimentação, o empirismo, a observação da realidade; 
- O uso da matemática aplicada para a explicação dos fenômenos; 
- A aceitação da indução no lugar da dedução. 
Fi
gu
ra
 : 
P
ix
ab
ay
 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
26 
 
 Como você pode perceber, o nosso querido Bacon, ficou muito mais conhecido pelo seu esforço 
de proteger o novo tipo de conhecimento nascente do que por criar realmente o Novo Organon. Ao 
combater todo tipo de preconceito e de ideias do senso comum, ele deixava claro que era preciso que o 
campo do conhecimento fosse neutro, livre, no qual as pessoas pudessem expor opiniões inovadores sem 
medo. 
 Há ainda um outro detalhe pelo qual Bacon se tornaria muito importante dentro da história da 
Filosofia. É dele a expressão: 
 
 
 A conclusão advém do seguinte raciocínio: 
Ídolos do Fórum
• Opiniões que têm o origem no mal uso da palavra; a ciência define
muito bem os termos dos quais vai se utilizar para evitar má
compreensão.
Ídolos da Tribo
• Referem-se às ideias que adotamospor conveniência; pois nos são
mais favoráveis. Surgem da tendência de preferirmos aderir a
explicações mais simples, evitando análises mais trabalhosas. Além
disso, taís ídolos nos permitem viver em harmonia com os nossos
pares.
Ídolos da caverna 
• Essa ideia Bacon recortou e colou de Platão mesmo. Tratam-se das
opiniões que desenvolvemos por confiar no s sentidos e nas ideias
que deduzimos deles; tais ídolos nos levam a uma postura
arrogante diante daquilo em que acreditamos.
Ídolos do teatro
• O teatro é o lugar onde somos simplesmente espectadores
passivos; os ídolos do teatro referem-se às opiniões que adotamos
por serem expressas por autoridades que nos impõem
determinados pontos de vista.F
ig
u
ra
s:
 P
ix
ab
ay
 
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27 
 
 
 
3.2 Questões de fixação 
1. (Unesp 2016) 
Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto humano e nele se acham implantados não somente 
o obstruem a ponto de ser difícil o acesso da verdade, como, mesmo depois de superados, poderão 
ressurgir como obstáculo à própria instauração das ciências, a não ser que os homens, já precavidos 
contra eles, se cuidem o mais que possam. O homem se inclina a ter por verdade o que prefere. Em vista 
disso, rejeita as dificuldades, levado pela impaciência da investigação; rejeita os princípios da natureza, 
em favor da superstição; rejeita a luz da experiência, em favor da arrogância e do orgulho, evitando 
parecer se ocupar de coisas vis e efêmeras; rejeita paradoxos, por respeito a opiniões vulgares. Enfim, 
inúmeras são as fórmulas pelas quais o sentimento, quase sempre imperceptivelmente, se insinua e afeta 
o intelecto. 
(Francis Bacon. Novum Organum [publicado originalmente em 1620],1999. Adaptado.) 
 
Na história da filosofia ocidental, o texto de Bacon preconiza 
a) um pensamento científico racional afastado de paixões e preconceitos. 
b) uma crítica à hegemonia do paradigma cartesiano no âmbito científico. 
c) a defesa do inatismo das ideias contra os pressupostos da filosofia empirista. 
d) a valorização romântica de aspectos sentimentais e intuitivos do pensamento. 
e) uma crítica de caráter ético voltada contra a frieza do trabalho científico. 
 
2. (Enem 2014) 
Método 
O conhecimento 
científico deve 
ter como base 
seu próprio 
método 
Descoberta
Descobrem-se 
leis que 
permitem 
interferir nos 
processos 
naturais
Tecnologia 
Criam-se meios 
para fazer coisas 
novas, que não 
poderiam ser 
feitas de outro 
jeito. 
Lema 
Saber 
= 
Poder 
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28 
A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que continuamente se abre perante nossos olhos (isto, 
é o universo),que não se pode compreender antes de entender a língua e conhecer os caracteres com os 
quais está escrito. Ele está escrito em linguagem matemática , os caracteres são triângulos, 
circunferências e outras figuras geométricas sem cujo meios é impossível entender humanamente as 
palavras ;sem eles , vagamos perdidos dentro de um escuro labirinto . 
 
GALILEI,G .O ensaio . Os pensadores. São Paulo: abril cultura 1978 
No contexto da revolução cientifica do século XVII, assumir a posição de Galilei significava defender a : 
a) continuidade do vínculo entre ciência e fé dominante na idade média. 
b) necessidade de o estudo linguístico ser acompanhado do exame matemático. 
c)oposição da nova física quantitativa aos pressupostos da filosofia escolástica. 
d) importância da independência da investigação cientifica pretendida pela Igreja. 
e) inadequação da matemática para elaborar uma explicação racional da natureza. 
 
3. (Enem 2012 2ª aplicação) 
Assentado, portanto, que a Escritura, em muitas passagens, não apenas admite, mas necessita de 
exposições diferentes do significado aparente das palavras, parece-me que, nas discussões naturais, 
deveria ser deixada em último lugar. 
GALILEI, G. Carta a Dom Benedetto Castelli. In: Ciência e fé: cartas de Galileu sobre o acordo do sistema 
copernicano com a Bíblia. São Paulo: Unesp, 2009 (adaptado). 
O texto, extraído da carta escrita por Galileu (1564-1642) cerca de trinta anos antes de sua condenação 
pelo Tribunal do Santo Ofício, discute a relação entre ciência e fé, problemática cara no século XVII. A 
declaração de Galileu defende que 
a) a bíblia, por registrar literalmente a palavra divina, apresenta a verdade dos fatos naturais, tornando-
se guia para a ciência. 
b) o significado aparente daquilo que é lido acerca da natureza na bíblia constitui uma referência primeira. 
c) as diferentes exposições quanto ao significado das palavras bíblicas devem evitar confrontos com os 
dogmas da Igreja. 
d) a bíblia deve receber uma interpretação literal porque, desse modo, não será desviada a verdade 
natural. 
e) os intérpretes precisam propor, para as passagens bíblicas, sentidos que ultrapassem o significado 
imediato das palavras. 
 
 
 
1.A 
2.C 
Gabarito 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
29 
3.E 
 
 
1. (Unesp 2016) 
Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto humano e nele se acham implantados não somente 
o obstruem a ponto de ser difícil o acesso da verdade, como, mesmo depois de superados, poderão 
ressurgir como obstáculo à própria instauração das ciências, a não ser que os homens, já precavidos 
contra eles, se cuidem o mais que possam. O homem se inclina a ter por verdade o que prefere. Em vista 
disso, rejeita as dificuldades, levado pela impaciência da investigação; rejeita os princípios da natureza, 
em favor da superstição; rejeita a luz da experiência, em favor da arrogância e do orgulho, evitando 
parecer se ocupar de coisas vis e efêmeras; rejeita paradoxos, por respeito a opiniões vulgares. Enfim, 
inúmeras são as fórmulas pelas quais o sentimento, quase sempre imperceptivelmente, se insinua e afeta 
o intelecto. 
(Francis Bacon. Novum Organum [publicado originalmente em 1620],1999. Adaptado.) 
 
Na história da filosofia ocidental, o texto de Bacon preconiza 
a) um pensamento científico racional afastado de paixões e preconceitos. 
b) uma crítica à hegemonia do paradigma cartesiano no âmbito científico. 
c) a defesa do inatismo das ideias contra os pressupostos da filosofia empirista. 
d) a valorização romântica de aspectos sentimentais e intuitivos do pensamento. 
e) uma crítica de caráter ético voltada contra a frieza do trabalho científico. 
Comentário. 
Essa questão traz um trecho bem interessante do Novo Organum de Francis Bacon. No último período 
do texto, o autor afirma que “inúmeras são as fórmulas pelas quais o sentimento, quase sempre 
imperceptivelmente, se insinua e afeta o intelecto.” Percebeu o que ele contrapõe ao discurso da ciência? 
O sentimento. O que ele quer dizer com isso? Que para fazer ciência é preciso fazer um esforço para 
afastar todos as nossas vontades e desejos. Era muito mais confortável acreditar que a terra era o centro 
do universo. Isso dava especialidade ao ser humano. Ora, para poder chegar à verdade, Galileu teve que 
deixar de lado aquilo que lhe era agradável. 
Alternativa a, verdadeira. Bacon pretende, com seu texto, demolir os obstáculos que impedem o 
desenvolvimento da ciência, investe contra os 4 ídolos que se referem aos vários tipos de preconceitos. 
Alternativa b, falsa. Descartes é posterior a Bacon, portanto, ele não poderia estar criticando a teoria 
cartesiana. 
Alternativa c, falsa. Inatismo refere-se à ideia de que a verdade já está inata na nossa mentes, o primeiro 
inatista foi Platão. Bacon defende o empirismo, ou seja, o método de observar a realidade e daí deduzir 
a ideia. 
Alternativa d, falsa. No último período fica claro que o pensador não defende o sentimento. 
Alternativa e, falsa. Nessetrecho, ele discute a ciência, não a ética. 
Questões comentadas 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
30 
Gabarito: A 
2. (Enem 2014) 
A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que continuamente se abre perante nossos olhos (isto, 
é o universo),que não se pode compreender antes de entender a língua e conhecer os caracteres com os 
quais está escrito. Ele está escrito em linguagem matemática , os caracteres são triângulos, 
circunferências e outras figuras geométricas sem cujo meios é impossível entender humanamente as 
palavras ;sem eles , vagamos perdidos dentro de um escuro labirinto. 
 
GALILEI,G .O ensaio . Os pensadores. São Paulo: abril cultura 1978 
No contexto da revolução cientifica do século XVII, assumir a posição de Galilei significava defender a : 
a) continuidade do vínculo entre ciência e fé dominante na idade média. 
b) necessidade de o estudo linguístico ser acompanhado do exame matemático. 
c)oposição da nova física quantitativa aos pressupostos da filosofia escolástica. 
d) importância da independência da investigação cientifica pretendida pela Igreja. 
e) inadequação da matemática para elaborar uma explicação racional da natureza. 
Comentário. 
Alternativa "a" está incorreta. Galileu é representante do Renascimento, movimento cultural que 
promoveu uma cisão entre fé e ciência. 
Alternativa "b" está incorreta. O texto usa a palavra “língua” de forma metafórica. Galileu está dizendo que 
a linguagem da natureza é matemática, e é preciso compreendê-la. Em lugar algum, ele diz que se deve 
proceder a um estudo linguístico. 
Alternativa "c" está correta. A física de Galileu baseava-se em uma matemática aplicada. Na filosofia 
escolástica, a matemática era um exercício de contemplação e devia-se considerar a física dedutiva de 
Aristóteles. O uso que Galileu deu à matemática opôs a nova física à antiga. 
Alternativa "d" está incorreta. Uma parte da Igreja até defendia a separação entre ciência e fé, mas não 
defenderia de forma alguma a independência da ciência em relação à fé. 
Alternativa "e" está incorreta. O autor deixa claro que acredita na matemática como linguagem suficiente 
para explicar o universo. 
Gabarito: C 
 
3. (Enem 2012 2ª aplicação) 
Assentado, portanto, que a Escritura, em muitas passagens, não apenas admite, mas necessita de 
exposições diferentes do significado aparente das palavras, parece-me que, nas discussões naturais, 
deveria ser deixada em último lugar. 
GALILEI, G. Carta a Dom Benedetto Castelli. In: Ciência e fé: cartas de Galileu sobre o acordo do sistema 
copernicano com a Bíblia. São Paulo: Unesp, 2009 (adaptado). 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
31 
O texto, extraído da carta escrita por Galileu (1564-1642) cerca de trinta anos antes de sua condenação 
pelo Tribunal do Santo Ofício, discute a relação entre ciência e fé, problemática cara no século XVII. A 
declaração de Galileu defende que 
a) a bíblia, por registrar literalmente a palavra divina, apresenta a verdade dos fatos naturais, tornando-
se guia para a ciência. 
b) o significado aparente daquilo que é lido acerca da natureza na bíblia constitui uma referência primeira. 
c) as diferentes exposições quanto ao significado das palavras bíblicas devem evitar confrontos com os 
dogmas da Igreja. 
d) a bíblia deve receber uma interpretação literal porque, desse modo, não será desviada a verdade 
natural. 
e) os intérpretes precisam propor, para as passagens bíblicas, sentidos que ultrapassem o significado 
imediato das palavras. 
Comentário. Esta questão requer cuidado. O fragmento apresentado pela banca é muito interessante 
para discutir a ideia de Galileu. O cientista queria mostrar que para o mundo físico a bíblia não deveria ser 
a autoridade. No entanto, a banca apresentou alternativas que tinham a ver com a interpretação do texto 
e não com o contexto filosófico. 
 
Alternativa "a" está incorreta. O texto diz que a bíblia admite exposições diferentes “do significado 
aparente das palavras”, ou seja, ela não registra “literalmente a palavra divina”. 
Alternativa "b" está incorreta. Galileu afirma que, em relação ao mundo natural, a bíblia deveria ser 
“deixada em último lugar”, ou seja, ela não deveria ser a primeira referência para quem quisesse conhecer 
o mundo físico. 
Alternativa "c" está incorreta. A interpretação dessa alternativa depende mais do contexto do que aquilo 
que se lê no fragmento. São justamente as diferentes interpretações sobre o significado das palavras na 
bíblia que levam ao confronto entre os fiéis. 
Alternativa "d" está incorreta. O texto deixa claro que a bíblia admite interpretações variadas, ou seja, 
não seria possível fazer uma leitura literal de um texto que, muitas vezes, expressa-se de modo figurado. 
Alternativa "e" está correta. Se a bíblia admite interpretações diversas, o intérprete deve estar preparado 
para fazer uma leitura figurada de algumas passagens da bíblia. 
Gabarito: E 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
32 
3.3 Quadro sinóptico 
Renascimento Idade Média 
ANTROPOCENTRISMO: as discussões 
intelectuais têm como foco as necessidades 
humanas 
TEOCENTRISMO: as discussões intelectuais giravam 
em torno dos dogmas e das questões divinas 
RACIONALISMO: a racionalidade e a 
experimentação valem como princípio de 
verdade 
RACIONALISMO SUBMETIDO À FÉ: a racionalidade 
tem limites 
SABER ATIVO: conhecer para alterar o 
mundo 
SABER CONTEMPLATIVO 
HELIOCENTRISMO GEOCENTRISMO 
MATEMÁTICA APLICADA; RACIOCÍNIO 
INDUTIVO 
MATEMÁTICA CONTEMPLATIVA; RACIOCÍNIO 
DEDUTIVO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física Moderna 
Matematização 
Indução 
Observação da natureza 
 
Galileu 
Saber é poder 
Procura de novo método 
Defesa da ciência 
Ruptura com a tradição 
Bacon 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
33 
4. Descartes: um método para chamar de seu 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Já estamos adentrando o século XVI, muita coisa “rolou” nos 3 séculos anteriores 
que mudaram a cultura europeia e que compõem aquilo que chamamos 
Renascimento. Essa mudança do pensamento foi muito radical e precisava ser 
sistematizada, se não, continuariam a ocorrer situações como as que levaram a 
excomunhão de Galileu Galilei em 1636. Era preciso que, na própria filosofia, 
houvesse alguém que pudesse lançar os fundamentos do que poderia ser chamado 
de “pensamento moderno”. 
 
 
 Poxa, boa pergunta, corujinha ligada! Vou responder com uma questão, que tal? 
 Dentro desse contexto, Descartes “é o cara”. Ele foi o responsável por expressar filosoficamente 
de forma mais clara o rompimento com o pensamento anterior e lançou as bases para o cientificismo 
possível que viria a se desenvolver nos séculos seguintes. Na verdade, conseguiu expressar em um sistema 
filosófico o caldo cultural da sua época. Percebeu que mudanças radicais estavam em andamento e 
precisavam ser sistematizadas. 
 A grande questão que pairava sobre as cabeças dos pensadores do século XVI era: como garantir 
que aquele novo jeito de conhecer a realidade, aquela forma de pesquisar a physis inaugurada por Galileu, 
não seria também uma ilusão? Ora, tanto o mito quanto a tradição calcada na Bíblia eram formas de 
explicar a realidade, e, contudo, mostraram-se insuficientes ou produziram opiniões que não se 
Mas o que é pensamento moderno?
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gu
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 3
 
 
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Para pensar: 
Você brigaria por uma certeza? Seria possível viver sem 
certezas? 
 
Ao final desse tópico, você deve responder as seguintes 
questões: 
O que é dúvida hiperbólica? Qual sua finalidade? 
O que é cogito? Qual sua importância na filosofia? 
O que é mecanicismo? O que ele tem a vercom a dualidade 
corpo/mente? 
 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
34 
adequavam à realidade. Vamos à pergunta que não queria calar: o que diferencia a ciência da tradição? 
O método. Descartes tentou explicitar que método era esse. 
 Antes que você se assuste diante de um problema que para você é fácil de 
resolver, lembre-se de que a ciência estava nascendo e os cientistas estavam 
experimentando formas de produzir conhecimento instintivamente, não tinham ainda 
chegado naquilo que para nós é até pueril, o método científico. Demandou muito tempo 
e discussão para que esse método pudesse ser assim definido como chegou para nós. 
 Descartes foi o pensador que deu uma boa formulação do que seria o novo 
método. Então comecemos pelo nascimento do método. 
4.1 Descartes: o homem... 
"É preferível ter os olhos fechados, sem nunca tentar abri-los, do que viver sem filosofar". 
 
 René Descartes (1596 – 1650) nasceu em Haye, França. Estudou no colégio jesuíta no castelo de 
La Fleche. Depois cursou Direito na Universidade de Poitiers. Essa experiência o deixou frustrado. 
Percebeu que o conhecimento adquirido não tinha aplicabilidade. Criticou a filosofia escolástica, a que 
era ensinada nas universidades e que derivava do esforço de 
pensadores como São Tomás de Aquino de conciliar filosofia e razão. 
Ante os conhecimentos dúbios como os da retórica ou mesmo os da 
filosofia antiga, o pensador francês defendia que a matemática era 
a única área do conhecimento humano de cujos resultados não se 
poderia duvidar. Não foi à toa, portanto, que ele se tornou 
matemático. Com 22 anos, época em que começou a formular as 
bases da geometria analítica, rompeu com a filosofia aristotélica e 
propôs uma ciência unitária e universal. 
Cansado das eternas discussões teóricas, alistou-se no exército de Maurício de Nassau em 1617, chegando 
a participar da Guerra dos Trinta Anos. Entre 1629 e 1649, viveu na Holanda. Sentiu na pele a oposição às 
novas ideias. Tinha em mente publicar uma obra em defesa do heliocentrismo, quando soube da 
condenação de Galileu pela inquisição. Desistiu de publicar seu “Tratado do Mundo”. Em 1641, publicou 
“Meditações Sobre a Filosofia Primeira”. Dois anos depois aparecem as primeiras reações ao seu 
pensamento, o cartesianismo foi condenado pela Universidade de Ultrecht. 
A partir de 1644, Descartes começa a se corresponder com a rainha Cristina da Suécia, fato que o leva a 
aceitar o convite para ira para Estocolmo, onde falece devido a uma pneumonia. 
4.2 Descartes: a dúvida 
Descartes elegeu a matemática como forma perfeita de conhecimento. Mas como passar da 
matemática, um conhecimento puramente teorético e abstrato, para a realidade física e, 
principalmente, humana, na qual múltiplas variáveis compõem um problema? 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
35 
Ele parte da constatação de que os homens sempre acreditam que têm razão e de que a capacidade de 
raciocinar é uma das habilidades mais bem distribuídas entre os homens. Então, por que, 
frequentemente, eles falham nas suas opiniões? Por que chegam a conclusões enganosas? O primeiro 
passo para começar a pensar bem seria se desfazer de todas as opiniões que parecem nos dar certezas. 
Bacon tinha classificado 4 ídolos, que representavam motivos de erro e que deveriam ser demolidos. 
Descartes vai mais longe. 
Em Meditações Sobre a Filosofia Primeira, Descartes expõe uma experiência um tanto quanto estranha. 
Vestido com um roupão, de frente para uma lareira, num chalé, como um perfeito vadio que podia se 
dar ao luxo de ficar sem fazer nada, ele resolve fazer uma introspecção doida tentando duvidar de tudo 
e arranjando argumento para tanto. Seu desafio, dele para ele mesmo, era: tentar achar algo do qual 
ele não pudesse duvidar. Seu instrumento: dúvida hiperbólica ou dúvida metódica. 
 
 
 
 
 
 
 
Primeiro argumento, o dos sentidos. Muitas vezes, ao basear-se nos sentidos, o indivíduo se engana. 
Ao olhar para um navio ao longe, temos a ideia de que se trata de uma embarcação pequena e, quando 
ela se aproxima, percebemos que se trata de um objeto de grandes proporções. Quando colocamos a 
mão na água quente e depois a colocamos na água morna, percebemos a última como extremamente 
quente. Quando estamos doentes, nossa percepção da realidade se altera. 
Esses argumentos todos poderiam mostrar para Descartes que, aquilo que ele estava percebendo pelos 
sentidos, claridade, calor, cheiro etc, poderiam não corresponder à realidade. Mas, ele poderia duvidar 
de estar ali, naquele local? 
 Segundo argumento, o dos sonhos. Sim, era possível que ele 
não estivesse no chalé ao lado da lareira. Afinal, quando alguém 
sonha, tem a impressão de estar em algum lugar quando na realidade 
não está. Alguém poderia contra-argumentar dizendo que um sonho 
não dura, mas novamente, bastaria lembrar que enquanto sonhamos 
o tempo é outro. É possível, portanto, que o sujeito se engane em 
relação ao lugar que ele ocupa no espaço. Contudo, ele jamais se 
enganaria de utilizasse seu pensamento racional, ou quando fizesse 
uma conta de somar, por exemplo. Será? 
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Que argumentos eu teria para 
poder duvidar de que eu esteja 
aqui ao pé da lareira? 
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36 
 Terceiro argumento, o do deus enganador. 
 Esse parece ser o argumento mais “viajante” do filósofo. Mas, 
na verdade, isso não era novidade. Na Idade Média, discutia-se 
se Deus era bom ou não. O argumento utilizado para dizer que 
Deus seria mau levava em consideração o seguinte raciocínio: 
✓ Deus é um ser perfeito sem limitações 
✓ Ser obrigado a ser sempre bom seria uma limitação 
✓ Para ser Deus, a divindade deve poder ser boa e má quando 
quisesse. 
 Qual o problema relacionado à bondade ou maldade de Deus? Um Deus mau seria caprichoso, ou 
seja, ele introduziria o caos no mundo, impossibilitando qualquer teoria sobre a realidade. Imagine um 
deus que desejasse se divertir com a humanidade fazendo-a acreditar que 2+2=4 quando na verdade é 
igual a 5? 
 
Veja bem, corujinha desconcertada, Descartes está demonstrando qual é o primeiro passo para o 
desenvolvimento do método: DESCONFIE, DUVIDE!!! 
 Mesmo que você não tenha motivos para duvidar de uma opinião, invente uma dúvida e tente 
derrubar a certeza. Olhe para todas as teses possíveis em relação a um fenômeno. Crie objeções. Se você 
não conseguir derrubar as objeções de forma metódica, a probabilidade de acertar será considerável. 
4.3 Descartes: a certeza 
 Você deve estar se perguntando aonde Descartes chegou com essa viagem toda. Ele chegou à 
famosa frase: “Penso, logo existo”. Antes de interpretar a frase, observe a argumentação que leva a essa 
conclusão. Ele poderia se enganar em relação aos sentidos, em relação ao lugar que ele ocupava no 
mundo e em relação aos pensamentos matemáticos, mas jamais poderia se enganar em relação ao 
pensamento. Seria impossível acreditar que estava pensando quando na verdade era outra pessoa que 
estava pensando fazendo-o imaginar que o processo especulativo era dele. 
 O conteúdo do pensamento poderia ser falso, como muitas vezes é, ele poderia pensar que vacas 
voam, mas não poderia negar que estaria pensando ao pensar isso. 
 
Mas isso não tem o menor sentido...
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4.4 Descartes: o cotigo 
 Cogito é uma palavra latina para designar a frase inteira,” Cogito ergo sum” cuja tradução é “penso, 
logo existo”. A finalidade dessa certeza para Descartes seria a de estabelecer uma ideia indubitável sobre 
aqual seria possível construir o edifício do novo conhecimento. 
 Contudo, há um problema. Essa certeza por si não garante quase nada. Ela garante que o indivíduo 
existe, mas não garante que aquilo que ele pensa pode ser verdadeiro. Então o francês passa a considerar 
alguns conteúdos que estão no pensamento para avaliar se há algum que pode também fornecer uma 
verdade indubitável. 
Ele chega à ideia de Deus. Mas antes uma pausa para fixar essa parte importante da filosofia cartesiana. 
“Bora” para mais um exercício. 
4.5 Descartes: Deus 
 De todos os conteúdos mentais, um deles merece a atenção de Descartes: Deus. O conteúdo 
dessa ideia pode ser definido como ser perfeito. Ora, a perfeição não pode ser uma ideia aprendida 
empiricamente. Nunca encontramos na natureza algo que seja perfeito. Sendo assim, trata-se de uma 
ideia inata em nossa mente (nascemos com ela) e, por isso, quando falamos em perfeição com alguém, 
essa outra pessoa entende a que nos referimos. 
 Daí segue-se outra consequência. Entre um ser existente 
e um não existente, a perfeição exigiria a existência. Não se 
poderia conceber um ser perfeito que não exista. Logo, Deus 
existe. E mais, sendo perfeito, ele não pode ser um gênio 
maligno, pois mal é ausência e imperfeição. Deus torna-se muito 
importante para Descartes, pois ele garantiria a ordem da 
natureza. 
 Com um único argumento (um pouco estranho para 
nós), Descartes restabelece Deus e o mundo. Ou seja, o sujeito 
pensante que só poderia ter certeza de sua existência, agora já 
pode ir além de si e, inclusive, postular a existência do real e 
formular ideias que possam ser verdadeiras em relação ao 
mundo. A garantia é Deus. 
 
 Pois é, corujinha cética, parece que está querendo converter alguém, não é? Mas a ideia é outra. 
Ele quer ter a certeza de que a procura pelo conhecimento vale a pena e é possível. Pense na seguinte 
analogia. Você chega em casa e encontra suas roupas organizadas na gaveta do seu armário. Isso indica 
que houve alguém com algum critério que garantiu que você encontrasse as coisas organizadas. Conhecer 
Ele está falando de ciência ou religião?
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38 
a realidade da sua gaveta significaria decodificar esse critério. As pilhas foram organizadas por cores? Por 
tipos de roupa? Por frequência de uso? 
 Agora pense na gaveta como sendo o universo. Se ele apresenta padrões, é porque deve ter sido 
organizado por uma mente matemática. Isso garante que outro ser pensante, que participa da 
racionalidade, possa ter certeza de que não vai perder tempo olhando para a gaveta tentando encontrar 
alguma ordem, quando na realidade os objetos ali estão organizados devido a uma simples sacudidela no 
armário. 
 A conclusão é a seguinte: Deus racional existe, por isso é possível conhecer racionalmente a 
realidade. 
4.6 Finalmente o método 
 Toda essa experiência de Descartes permitiu que 
ele estabelecesse o método para se chegar à verdade. Ele 
se inspirou no método geométrico que é dedutivo. Vamos 
recapitular. 
 Ele se isolou para começar suas meditações, depois 
duvidou de tudo, chegou a uma hipótese (cogito), a partir 
daí encontrou uma ideia clara e distinta na sua mente, o 
que lhe permitiu reconstituir toda a cadeia de explicação. 
 Ele expôs o seu método da seguinte forma: 
✓ Aceitar somente como verdadeiro o que for claro e distinto (utilizar a dúvida hiperbólica como 
uma espécie de ácido para eliminar o que pode ser duvidado e deixar só o indubitável como 
matéria de estudo). 
✓ Dividir o que vai ser estudado, resolvendo cada parte isoladamente (análise). 
✓ Integrar as partes estudadas (síntese). 
✓ Enumerar o processo revisando o que foi feito. 
É incrível como esse método se aproxima da matemática. Veja, se você está diante de uma equação, o 
que você deve fazer? Separar cada uma das partes, resolvê-las individualmente, depois fazer a operação 
com os resultados parciais a que você chegou e fazer a operação final. Depois de resolvida, você deve 
rever para ter certeza de que não se perdeu no caminho. 
 
 Ora, esse método era restrito à matemática. A novidade de Descartes, corujinha atenta, é que ele 
trouxe o método para as outras áreas do conhecimento. Pense um pouco na medicina. Como se faz 
ciência nessa área? Primeiro se divide o corpo em partes, estuda-se cada parte e acredita-se que daí é 
possível entender o funcionamento do corpo humano como um todo. 
Ué, se esse é o método da matemática, por que é tão incrível?
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39 
 Essa ideia de que a realidade pode ser decomposta em partes chama-se mecanicismo. Parte-se do 
pressuposto de que o universo funciona como um relógio e, para entender como ele funciona, deve-se 
decompor cada engrenagem e estudá-la. 
Atenção: você deve ter percebido que o método cartesiano não traduz ainda o método científico. Falta-
lhe o empirismo, a experimentação. O pensador francês acreditava que se aprendêssemos a bem conduzir 
o raciocínio, seria possível encontrar verdades universais. O método científico tem alguns traços da 
proposta cartesiana: dúvida, análise, síntese etc, mas inclui a experiência, o que o diferencia ligeiramente 
do método cartesiano. 
 
 O método faz com que o indivíduo do conhecimento seja ao mesmo tempo particular e universal. 
Se alguém pensa da forma apropriada seguindo os passos sugeridos, ele deve chegar a verdades que, por 
serem claras e distintas, devem ter validade para todos em qualquer lugar do planeta (universalidade) . 
 Esse “eu” do cogito, o “eu” do conhecimento, deve ser desprovido de vontades e desejos, deve 
ser marcado pela capacidade do uso da razão que, em última análise, é comum a todos os humanos. Você 
deixa de lado suas particularidades, vontades, desejos e impulsos. Até mesmo as vontades fisiológicas 
nessa experiência. Na escola, por exemplo, onde os sujeitos do pensamento são formados, os alunos 
devem aprender a controlar o sono, a hora de ir ao banheiro a vontade. 
 Uma grande crítica feita a Descartes decorre disso. Ele estabelece uma primazia do pensamento 
racional em detrimento do mundo material. 
 De certa forma, ele expressa algo que será incorporado na cultura e servirá de justificação para 
qualquer barbárie. A racionalidade passa a servir como critério de julgamento. Os animais podem ser 
mortos, pois não são indivíduos do cogito. A mesma ideia vale para os loucos, que até pouco tempo atrás 
poderiam ser encarcerados e expulsos do convívio humano, pois não participariam do mundo do 
pensamento. 
 
 Descartes, portanto, retoma a distinção presente na definição de homem como animal racional, 
ou seja, como tendo duas essências e as radicaliza. A parte corporal do homem segue as regras do 
mundo físico, trata-se da res extensa, ou coisa extensa. Já a substância pensante é a res cogitans (coisa 
pensante). 
 Como ficou claro, para o pensador francês, a parte pensante do homem é sua essência superior e 
deve ser inclusive preservada da contaminação do corpo no que diz respeito à formulação de opiniões. 
 O corpo é fonte das imagens (imaginação) que permitem à alma experimentar sentimentos e 
desejos. A res cogitans deve controlar esses impulsos que poderiam de alguma forma prejudicar a 
atividade intelectual. No tratado chamado As paixões da alma, de 1649, Descartes afirma que é possível 
avaliar a força da alma pelas vitórias infringidas às paixões. A virtude, para o pensador, decorre da 
submissão dos desejos à razão. 
O método e o indivíduo
Dualidade corpo-mente
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40 
 
4.7 Do que mais você precisa saber 
 Descartes é racionalista,isso significa que ele valoriza a razão (capacidade de encadear ideias 
segundo procedimentos pré-determinados que lembram o cálculo matemático). Ele estipulou o seguinte 
critério de verdade: aquilo que for pensado de forma clara e distinta deve ser verdadeiro. O racionalismo 
levou o filósofo a postular que haveria um tronco comum para o conhecimento humano, a Mathesis 
Universalis. 
▪ Mathesis Universalis é a ciência capaz de explicar tudo o que diz respeito à quantidade e à ordem. 
Tal ciência deveria partir das matemáticas teóricas, que fornecem um modelo de como processar 
as informações. Trata-se de um método universal, pois nascemos com a matemática como ideia. 
▪ Inatismo e outras ideias. Para o filósofo, o espírito humano abriga três tipos de ideias: Ideias 
adventícias (aquelas que vem de fora para dentro), ou seja, aquelas que se originam em nossas 
sensações; as ideias fictícias, aquelas que criamos através da fantasia; e as ideias inatas, as ideias 
com as quais nascemos : matemática, a ideia do infinito, a ideia da perfeição etc. Elas seriam “a 
assinatura do Criador no nosso espírito”. 
▪ Muitos acusaram Descartes de ceticismo, já que sua dúvida hiperbólica partia do princípio de que 
era possível duvidar de tudo. Contudo, para o pensador francês, a dúvida tem caráter 
instrumental. Deve-se duvidar até encontrar algo indubitável. Para o cético, a dúvida nunca para, 
aliás ela é estimulada como remédio contra o dogmatismo e como forma de aprender a aceitar a 
indefinição própria da realidade. 
4.8 Questões de fixação 
1. (Ufsj 2012) 
Ao analisar o cogito ergo sum – penso, logo existo, de René Descartes, conclui-se que 
a) o pensamento é algo mais certo que a própria matéria corporal. 
b) a subjetividade científica só pode ser pensada a partir da aceitação de uma relação empírica fundada 
em valores concretos. 
c) o eu cartesiano é uma ideia emblemática e representativa da ética que insurgia já no século XVI. 
d) Descartes consegue infirmar todos os sistemas científicos e filosóficos ao lançar a dúvida sistemático-
indutiva respaldada pelas ideias iluministas e métodos incipientes da revolução científica. 
2. (Unesp 2017) 
Todas as vezes que mantenho minha vontade dentro dos limites do meu conhecimento, de tal maneira 
que ela não formule juízo algum a não ser a respeito das coisas que lhe são claras e distintamente 
representadas pelo entendimento, não pode acontecer que eu me equivoque; pois toda concepção clara 
e distinta é, com certeza, alguma coisa de real e de positivo, e, assim, não pode se originar do nada, mas 
deve ter obrigatoriamente Deus como seu autor; Deus que, sendo perfeito, não pode ser causa de 
equívoco algum; e, por conseguinte, é necessário concluir que uma tal concepção ou um tal juízo é 
verdadeiro. 
René Descartes. Vida e Obra. Os pensadores, 2000. 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
41 
 
Sobre o racionalismo cartesiano, é correto afirmar que 
a) sua concepção sobre a existência de Deus exerceu grande influência na renovação religiosa da época. 
b) sua valorização da clareza e distinção do conhecimento científico baseou-se no irracionalismo. 
c) desenvolveu as bases racionais para a crítica do mecanicismo como método de conhecimento. 
d) formulou conceitos filosóficos fortemente contrários ao heliocentrismo defendido por Galileu. 
e) se tratou de um pensamento responsável pela fundamentação do método científico moderno. 
 
3. (UFU 2011) 
Na obra Discurso sobre o método, René Descartes propôs um novo método de investigação 
baseado em quatro regras fundamentais, inspiradas na geometria: evidência, análise, síntese, 
controle. 
 
Assinale a alternativa que contenha corretamente a descrição das regras de análise e síntese. 
 a) A regra da análise orienta a enumerar todos os elementos analisados; a regra da síntese orienta 
decompor o problema em seus elementos últimos, ou mais simples. 
b) A regra da análise orienta a decompor cada problema em seus elementos últimos ou mais 
simples; a regra da síntese orienta ir dos objetos mais simples aos mais complexos. 
c) A regra da análise orienta a remontar dos objetos mais simples até os mais complexos; a regra 
da síntese orienta prosseguir dos objetos mais complexos aos mais simples. 
d) A regra da síntese orienta a acolher como verdadeiro apenas aquilo que é evidente; a regra 
da análise orienta descartar o que é evidente e só orientar-se, firmemente, pela opinião. 
 
4. (Unesp 2018) 
 De um lado, dizem os materialistas, a mente é um processo material ou físico, um produto do 
funcionamento cerebral. De outro lado, de acordo com as visões não materialistas, a mente é algo 
diferente do cérebro, podendo existir além dele. Ambas as posições estão enraizadas em uma longa 
tradição filosófica, que remonta pelo menos à Grécia Antiga. Assim, enquanto Demócrito defendia a ideia 
de que tudo é composto de átomos e todo pensamento é causado por seus movimentos físicos, Platão 
insistia que o intelecto humano é imaterial e que a alma sobrevive à morte do corpo. 
(Alexander Moreira-Almeida e Saulo de F. Araujo. “O cérebro produz a mente?: um levantamento da 
opinião de psiquiatras”. www.archivespsy.com, 2015.) 
A partir das informações e das relações presentes no texto, conclui-se que 
a) a hipótese da independência da mente em relação ao cérebro teve origem no método científico. 
b) a dualidade entre mente e cérebro foi conceituada por Descartes como separação entre pensamento e 
extensão. 
c) o pensamento de Santo Agostinho se baseou em hipóteses empiristas análogas às do materialismo. 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
42 
d) os argumentos materialistas resgatam a metafísica platônica, favorecendo hipóteses de natureza 
espiritualista. 
e) o progresso da neurociência estabeleceu provas objetivas para resolver um debate originalmente 
filosófico. 
 
 
2.A 
3.E 
4.B 
5.B 
 
 
 
1. (Ufsj 2012) 
Ao analisar o cogito ergo sum – penso, logo existo, de René Descartes, conclui-se que 
a) o pensamento é algo mais certo que a própria matéria corporal. 
b) a subjetividade científica só pode ser pensada a partir da aceitação de uma relação empírica fundada 
em valores concretos. 
c) o eu cartesiano é uma ideia emblemática e representativa da ética que insurgia já no século XVI. 
d) Descartes consegue infirmar todos os sistemas científicos e filosóficos ao lançar a dúvida sistemático-
indutiva respaldada pelas ideias iluministas e métodos incipientes da revolução científica. 
Comentário. 
Alternativa a, verdadeira. Ao chegar ao “penso, logo existo”, o filósofo não prova a existência pelo corpo, 
mas pela pura dedução. O cogito é importante na medida em que manifesta a primazia do pensamento 
sobre a materialidade. 
Alternativa b, falsa. A ciência não é subjetiva, ela é objetiva. 
Alternativa c, falsa. Descartes, nessa formulação, discute a fundamentação do conhecimento e não da 
ética. 
Alternativa e, falsa. Descartes é um filósofo anterior ao Iluminismo. Ele não “infirma” (anula) os sistemas 
científicos. 
Gabarito: A 
2. (Unesp 2017) 
Todas as vezes que mantenho minha vontade dentro dos limites do meu conhecimento, de tal maneira 
que ela não formule juízo algum a não ser a respeito das coisas que lhe são claras e distintamente 
representadas pelo entendimento, não pode acontecer que eu me equivoque; pois toda concepção clara 
Gabarito 
Questões comentadas 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
43 
e distinta é, com certeza, alguma coisa de real e de positivo, e, assim, não pode se originar do nada, mas 
deve ter obrigatoriamente Deus como seu autor; Deus que, sendo perfeito, não pode ser causa de 
equívoco algum; e, por conseguinte, é necessário concluirque uma tal concepção ou um tal juízo é 
verdadeiro. 
René Descartes. Vida e Obra. Os pensadores, 2000. 
 
Sobre o racionalismo cartesiano, é correto afirmar que 
a) sua concepção sobre a existência de Deus exerceu grande influência na renovação religiosa da época. 
b) sua valorização da clareza e distinção do conhecimento científico baseou-se no irracionalismo. 
c) desenvolveu as bases racionais para a crítica do mecanicismo como método de conhecimento. 
d) formulou conceitos filosóficos fortemente contrários ao heliocentrismo defendido por Galileu. 
e) se tratou de um pensamento responsável pela fundamentação do método científico moderno. 
Comentário. 
Alternativa a, falsa. A discussão sobre Deus em Descartes tem finalidade epistemológica e não teológica. 
Alternativa b, falsa. Descartes é considerado um dos grandes filósofos racionalistas. 
Alternativa c, falsa. Descartes desenvolve uma filosofia que defendia a reconhecimento da realidade a 
partir de causas e consequências, portanto, mecanicista. 
Alternativa d, falsa. Descartes pensou inclusive em editar um tratado que defendia o heliocentrismo. 
Alternativa e, verdadeira. Descartes, ao postular a existência de Deus, estabelece que os equívocos 
podem ser evitados através da boa condução do raciocínio. Além disso, a referência ao método claro e 
distinto fornece as bases para a ciência. 
Gabarito: E 
3. (UFU 2011) 
Na obra Discurso sobre o método, René Descartes propôs um novo método de investigação 
baseado em quatro regras fundamentais, inspiradas na geometria: evidência, análise, síntese, 
controle. 
 
Assinale a alternativa que contenha corretamente a descrição das regras de análise e síntese. 
 a) A regra da análise orienta a enumerar todos os elementos analisados; a regra da síntese orienta 
decompor o problema em seus elementos últimos, ou mais simples. 
b) A regra da análise orienta a decompor cada problema em seus elementos últimos ou mais 
simples; a regra da síntese orienta ir dos objetos mais simples aos mais complexos. 
c) A regra da análise orienta a remontar dos objetos mais simples até os mais complexos; a regra 
da síntese orienta prosseguir dos objetos mais complexos aos mais simples. 
d) A regra da síntese orienta a acolher como verdadeiro apenas aquilo que é evidente; a regra 
da análise orienta descartar o que é evidente e só orientar-se, firmemente, pela opinião. 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
44 
Comentário. 
Essa questão não deveria apresentar dificuldade, pois basta entender o significado das palavras. 
“Análise” significa dividir e “síntese”, juntar. 
Alternativa a, falsa. É o contrário do que diz o enunciado: “análise” significa decompor. 
Alternativa b, verdadeira. Na análise, devem-se separar os elementos constitutivos do que está 
sendo estudado e, na síntese, deve-se recompô-los. 
Alternativa c, falsa. “Remontar os objetos do mais simples até o mais complexo” é uma ação 
própria da síntese e não da análise. 
Alternativa e, falsa. O pressuposto dessa alternativa não se refere nem à análise nem à síntese. 
Antes de começar o processo de conhecimento, o indivíduo deve tomar cuidado para acolher 
como verdadeiro somente o que é claro e distinto. 
Gabarito: B 
4. (Unesp 2018) 
 De um lado, dizem os materialistas, a mente é um processo material ou físico, um produto do 
funcionamento cerebral. De outro lado, de acordo com as visões não materialistas, a mente é algo 
diferente do cérebro, podendo existir além dele. Ambas as posições estão enraizadas em uma longa 
tradição filosófica, que remonta pelo menos à Grécia Antiga. Assim, enquanto Demócrito defendia a ideia 
de que tudo é composto de átomos e todo pensamento é causado por seus movimentos físicos, Platão 
insistia que o intelecto humano é imaterial e que a alma sobrevive à morte do corpo. (Alexander Moreira-
Almeida e Saulo de F. Araujo. “O cérebro produz a mente?: um levantamento da opinião de psiquiatras”. 
www.archivespsy.com, 2015.) 
A partir das informações e das relações presentes no texto, conclui-se que 
a) a hipótese da independência da mente em relação ao cérebro teve origem no método científico. 
b) a dualidade entre mente e cérebro foi conceituada por Descartes como separação entre pensamento e 
extensão. 
c) o pensamento de Santo Agostinho se baseou em hipóteses empiristas análogas às do materialismo. 
d) os argumentos materialistas resgatam a metafísica platônica, favorecendo hipóteses de natureza 
espiritualista. 
e) o progresso da neurociência estabeleceu provas objetivas para resolver um debate originalmente 
filosófico. 
Comentário. 
Alternativa a, falsa. Segundo o texto essa divisão entre corpo e alma “remonta pelo menos à Grécia 
Antiga.” 
Alternativa b, verdadeira. Para Descartes, o homem é composto de res cogitans (coisa pensante) e res 
extensa (coisa extensa). 
Alternativa c, falsa. Santo Agostinho baseava-se em Platão, que era idealista, não empirista. 
Alternativa d, falsa. A metafísica platônica´, que discutia o conhecimento como proveniente da alma, não 
tinha nada de materialista (ou seja, não apelava a causas físicas para a apreensão da verdade). 
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Alternativa e, falsa. A neurociência estabeleceu provas de como se dão alguns processos mentais, mas 
ainda não resolveu o abismo que existe entre os processos físicos e mecânicos do cérebro e o pensamento 
com toda sua complexidade. 
Gabarito: B 
4.9 Quadro sinóptico 
 Descartes: 
Dúvida hiperbólica: duvidar para destruir opiniões, deve ser exagerada. 
Cogito: “Penso, logo existo”, o indivíduo racional e pensante é a base do conhecimento. 
Método: Um percurso a ser adotado para não errar ao construir o pensamento, tem 4 passos – duvidar, 
analisar, fazer a síntese e depois conferir o processo. 
Parâmetro de verdade: aquilo que for claro e distinto deverá ser verdadeiro. 
Vocabulário da filosofia: 
Ceticismo: concepção filosófica que pressupõe a impossibilidade do conhecimento e, portanto, 
vale-se da dúvida em relação a qualquer afirmação de verdade. 
Racionalismo: qualquer doutrina que privilegia os processos argumentativos racionais em 
detrimento da experiência. 
 
 
5. O empirismo 
 
 
 
 
 
 
 
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Para pensar: 
Você aprenderia alguma coisa se não fosse à escola e só 
aprendesse por experiência? 
 
Ao final desse tópico, você deve responder as seguintes 
questões: 
O que é empirismo? 
Qual a ideia de Locke sobre a forma de conhecimento? 
Explique a ideia de Hume que desvincula causa e 
consequência. 
Qual é a concepção do “eu” de Hume? 
 
 
 
 
 
 
 
 
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46 
Olhando o material de matemática, alguém desavisado pode encontrar questões como a seguinte: “Maria 
tem 5 blusas e 2 calças”. De quantas maneiras diferentes ela pode se vestir?” Primeiramente, é de bom 
senso nem se questionar por que Maria gostaria de usar todas as possibilidades, afinal, algumas delas, 
sem dúvida, representariam um atentado contra o bom gosto. 
 Passando dessa crítica, pode-se perceber que há duas maneiras de se revolver a questão. Fazendo 
um cálculo fatorial ou fazendo a combinação na prática, experimentar uma a uma das possibilidades e ir 
contando. O primeiro método é racionalista; o segundo, empirista. Descartes acreditava no primeiro. Por 
sua experiência matemática, ele acreditava que o racionalismo da matemática poderia se estender para 
outras esferas. 
 Contudo, sua concepção encontra resistência da própria “empíria”, palavra que significa 
“acontecimentos conhecidos através da experiência”. Os avanços da ciência já em sua época não 
dispensavam a empiria em alguma medida. Por conta disso, váriosfilósofos se opuseram ao racionalismo 
exagerado de Descartes, sobretudo os ingleses. 
 Surge na “ilha”, como os europeus costumavam chamar a Inglaterra, uma tradição de filósofos que 
duvidavam de qualquer tipo de inatismo, acreditando que a mente humana elabora teorias a partir da 
vivência no mundo. Os dois mais importantes são David Hume e John Locke. 
5.1 John Locke 
 John Locke (1632- 1704) ficou conhecido como “pai do Liberalismo” e foi um dos fundadores do 
empirismo moderno. Em Ensaio acerca do Entendimento Humano, ele discorre sobre sua teoria de como 
se dá o conhecimento humano. 
 Observando as crianças, o pensador verificou o óbvio: há um processo lento e demorado para que 
o indivíduo acabe por apreender o pensamento racional. O indivíduo que não for introduzido por um 
professor nas artes matemáticas não será capaz de desenvolver raciocínios desse porte. 
 Além disso, o contato que os Ingleses tinham com a colônias mostrou claramente que havia um 
cultural entre os povos: havia tribos de pessoas que viviam nuas, povos que desconheciam a abismo 
matemática mais elaborada; populações que se alimentavam de maneira bem peculiar etc . Ora, se as 
pessoas tivessem ideias inatas, as culturas não poderiam diferir tanto assim. 
 A conclusão do inglês é clara: não temos nenhuma 
ideia na mente quando nascemos. Somos como uma folha 
em branco esperando ser preenchida, hoje diríamos, somos 
uma tela com um prompt de computador piscando 
esperando que alguma informação nos seja dada para que 
daí possamos assimilar o dado inserido. 
 Quem insere os dados? O mundo à nossa volta, as 
experiências pelas quais passamos, nossos parentes e 
pessoas próximas etc. Ele não nega que haja habilidades impressas nas nossas mentes, como a habilidade 
de falar, mas elas não têm conteúdo, são apenas isso, habilidades que precisam do mundo externo e das 
sensações para que o indivíduo se desenvolva. 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
47 
 A máxima dele é... 
 
 
 
Como se dá o conhecimento? 
“Os passos pelos quais a mente alcança várias verdades. Os sentidos inicialmente tratam com 
ideias particulares, preenchendo o gabinete ainda vazio, e a mente se familiariza gradativamente com 
algumas delas, depositando-as na memória e designando-as por nomes. Mais tarde, a mente, 
prosseguindo em sua marcha, vai abstraindo-as, apreendendo gradualmente o uso dos nomes gerais. Por 
este meio, a mente vai se enriquecendo com ideias e linguagem, materiais com que exercita sua faculdade 
discursiva”. 
 
5.2 David Hume 
 Mas o mais radical e impressionante pensador empirista, sem dúvida nenhuma, foi David Hume 
(1711-1776). Apesar de se colocar no polo oposto ao de Descartes, a vida desse pensador tem alguns 
pontos de contato com a trajetória do seu rival. Nasceu na Escócia e, assim como o francês, ficou 
inconformado com o fato de que não era possível estabelecer com precisão a verdade em relação à 
realidade. E ele tinha apenas 18 anos. 
 Teve um colapso nervoso e experimentou uma vida mais prática, trabalhou numa importadora de 
açúcar. Voltou às suas preocupações intelectuais quando se mudou para La Fléche e, 1734, onde escreveu 
o Tratado da natureza humana. Em 1763, foi nomeado embaixador em Paris, onde conheceu Jean-
Jacques Rousseau. 
 
 O filósofo escocês vai além de Locke, pois parte da análise das ideias que encontramos na mente. 
Há dois tipos de pensamento: aqueles relacionados aos sentidos e os que são ideias. O primeiro é 
imediato; o segundo tem como origem impressões de segunda mão desgastadas pelo tempo e sem a força 
de impacto que uma sensação corporal produz. 
 
 Vamos ao exemplo, corujinha abstrata. Se você leva uma porrada, a sensação que você sente na 
hora é bastante e forte e capaz de tomar todo seu pensamento, nesse caso trata-se de uma impressão. 
O soco foi impresso na sua percepção mental de forma imediata. Quando anos depois, você se lembrar 
do tal soco, ele será somente uma ideia e não será capaz de provocar as mesmas reações da primeira vez. 
Uma ideia é uma cópia fraca de uma impressão. Se você não tiver a experiência anterior, não poderá 
Ideias e impressões
Não entendi nada...
 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
48 
estabelecer qualquer conhecimento sobre o mundo. Por exemplo, um cego, como nunca teve a impressão 
do azul, não poderá ter a ideia de “azul”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Já que estamos falando de soco, esse argumento já é um primeiro golpe na teoria de Descartes, 
afinal o pensador francês acreditava que as ideias geradas na mente seriam mais verdadeiras do que 
aquilo que seria experimentado como real. Primeiro round. 
 Mas o ataque a Hume não para por aí. 
 
 A ideia como lembrança ainda tem algo de verdadeiro, afinal é uma impressão de algo vivido. 
Contudo, o conhecimento humano se apoia na relação entre ideias. No momento em que vejo um 
ferimento (seja como impressão, seja como ideia) e escolho um outro fato (um soco) como causa do 
que aconteceu, eu estou ligando duas ideias. O que me permite juntar essas duas ideias? Absolutamente 
nada. No ferimento, não está inscrito o soco, afinal, um ferimento pode ter como causa uma série de 
outros fatores. No soco não está inscrito o ferimento. Essa junção é arbitrária.... 
 
 Calma, corujinha alucinada. Sei que você vai dizer que alguém viu o que aconteceu, ou que um 
tipo de ferimento daquele só poderia ser produzido por um soco. Bom, se você argumentou valendo-se 
da visão, então teríamos alguém que olhando junta os dois fenômenos. Mas não é possível que o indivíduo 
que viu tenha se enganado? 
Causa e Consequência
Como assim....você tá louco?
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Impressão 
 
Ideia 
 
 
 
 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
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 Agora, se você argumentasse dizendo que aquele tipo de ferimento só poderia ser provocado por 
um soco, é porque você está apelando para o HÁBITO. É porque vimos um fenômeno ocorrer um zilhão 
de vezes que induzimos que ele vai ocorrer de novo. 
 Tome como exemplo o 
aprendizado de uma criança 
muito pequena. Como ela 
ainda não tem repertório 
para explicar a realidade, ela 
não é capaz de prever o que 
irá acontecer e se comporta 
de forma imprudente. Basta 
observar uma criança num 
berço, brincando de jogar as 
coisas e dando risada quando 
um objeto cai, como se aquilo fosse algo muito incrível. 
 Digamos que o ser humano é uma espécie um tanto estranha que, quando observa um fenômeno, 
tenta associar outro fenômeno ao primeiro, criando associações próprias, mas não justificadas pela 
realidade. Como podemos ter certeza de que as associações que fazemos entre causa e consequências 
são verdadeiras? Para Hume, não podemos ter essa certeza. 
Explicamos fatos, generalizamos observações particulares e efetuamos previsões. A base de tudo isso é 
crer que o mundo se comporta de forma regular. Há uma crença na uniformidade da natureza que é 
somente isso mesmo, uma crença. 
 Segundo round. As ideias são impressões fracas e as associações que fazemos entre elas não são 
justificáveis, fazemos induções baseando-nos no hábito. 
 Mas Hume ainda guardava o golpe de misericórdia. 
 
O "eu"
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
50 
 Lembre-se de que toda a filosofia de Descartes se sustentava no “penso, logo existo”. O filósofo 
francês acreditava que o homem, sendo um composto (res cogitans e res extensa), seria marcado por uma 
parte variável, suas emoções, e outra invariável, sua razão. Cada indivíduo tem uma reação diferente 
diante de um fenômeno como a morte de alguém, por exemplo, uns choram, outros clamam sua dor,outros ficam indiferentes etc . Mas diante de 2+2= 4, todos chegam a um 
acordo. O sujeito que pensa manifesta uma unidade garantida pela 
organização do pensamento. 
 Pois é, Hume vai acabar com essa ilusão. 
 Vamos analisar o sujeito. Supondo que ele acorde com muito sono, e 
alguém o insulte. A preguiça, a desatenção e a lentidão dos sentidos o levam 
a ignorar o insulto. Suponha que o insulto seja vivenciado antes do almoço. 
Nosso indivíduo está irritado porque está com fome; está com um calor dos 
diabos e ele acabou de descobrir que não tem saldo no banco... e aí vem o 
insulto. A reação seria a mesma? 
 Óbvio que não. Por quê? O indivíduo não é o mesmo? O que seria ser 
o mesmo? Hume constata que o indivíduo é um feixe de sensações. Não há 
nenhuma sensação que possa ser permanente e nos definir. 
 Como você percebeu, parece que o grande Descartes ficou no chão. Algo bastante perigoso para 
a nova forma de conhecimento que precisava andar pelas próprias pernas. Esse questionamento 
bastante consistente encontrará em Kant e no Iluminismo uma resposta. 
 A verificar nos próximos capítulos. 
 
5.3 Questões de fixação 
1. (Enem 2012) 
TEXTO I 
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar 
inteiramente em quem já nos enganou uma vez. 
DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979. 
TEXTO II 
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum 
significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível 
atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita. 
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado). 
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 1
3
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2
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
51 
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação 
dos excertos permite assumir que Descartes e Hume 
a) defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo. 
b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica. 
c) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento. 
d) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos. 
e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento. 
 
2. (Enem 2013 2ª aplicação) 
O contrário de um fato qualquer é sempre possível, pois, além de jamais implicar uma contradição, o 
espírito o concebe com a mesma facilidade e distinção como se ele estivesse em completo acordo com a 
realidade. Que o Sol não nascerá amanhã é tão inteligível e não implica mais contradição do que a 
afirmação de que ele nascerá. Podemos em vão, todavia, tentar demonstrar sua falsidade de maneira 
absolutamente precisa. Se ela fosse demonstrativamente falsa, implicaria uma contradição e o espírito 
nunca poderia concebê-la distintamente, assim como não pode conceber que 1 + 1 seja diferente de 2. 
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 1999 (adaptado). 
O filósofo escocês David Hume refere-se a fatos, ou seja, a eventos espaço-temporais, que acontecem 
no mundo. Com relação ao conhecimento referente a tais eventos, Hume considera que os fenômenos 
a) acontecem de forma inquestionável, ao serem apreensíveis pela razão humana. 
b) ocorrem de maneira necessária, permitindo um saber próximo ao de estilo matemático. 
c) propiciam segurança ao observador, por se basearem em dados que os tornam incontestáveis. 
d) devem ter seus resultados previstos por duas modalidades de provas, com conclusões idênticas. 
e) exigem previsões obtidas por raciocínio, distinto do conhecimento baseado em cálculo abstrato. 
 
 
1.E 
2.E 
 
 
Gabarito 
Questões comentadas 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
52 
1. (Enem 2012) 
TEXTO I 
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar 
inteiramente em quem já nos enganou uma vez. 
DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979. 
TEXTO II 
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum 
significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível 
atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita. 
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado). 
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação 
dos excertos permite assumir que Descartes e Hume 
a) defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo. 
b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica. 
c) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento. 
d) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos. 
e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento. 
Comentário. 
Alternativa a, falsa. Descartes declara explicitamente que experimentou os sentidos como enganosos. 
Alternativa b, falsa. Hume deixa claro que sempre que tiver uma ideia, precisa apelar para uma sensação, 
ou seja, ele desconfia da ideia. 
Alternativa c, falsa. Criticismo significa que somente se deve aceitar alguma ideia como verdadeira se for 
adotado algum tipo de critério de julgamento. No fragmento de Descartes, só há uma desconfiança em 
relação aos sentidos, ele não faz análise disso para estabelecer algum critério de verdade nesse trecho. 
Alternativa d, falsa. Essa discussão não está no texto, e, no caso de Descartes, ela é falsa, pois ele acredita 
que a verdade é possível. 
Alternativa e, verdadeira. Descartes acredita que os sentidos atrapalham o conhecimento; Hume acha 
que só temos a experiência, mais nada. Ou seja, cada um dá um lugar diferente para o papel da 
experiência. 
Gabarito: E 
2. (Enem 2013 2ª aplicação) 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
53 
O contrário de um fato qualquer é sempre possível, pois, além de jamais implicar uma contradição, o 
espírito o concebe com a mesma facilidade e distinção como se ele estivesse em completo acordo com a 
realidade. Que o Sol não nascerá amanhã é tão inteligível e não implica mais contradição do que a 
afirmação de que ele nascerá. Podemos em vão, todavia, tentar demonstrar sua falsidade de maneira 
absolutamente precisa. Se ela fosse demonstrativamente falsa, implicaria uma contradição e o espírito 
nunca poderia concebê-la distintamente, assim como não pode conceber que 1 + 1 seja diferente de 2. 
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 1999 (adaptado). 
O filósofo escocês David Hume refere-se a fatos, ou seja, a eventos espaço-temporais, que acontecem no 
mundo. Com relação ao conhecimento referente a tais eventos, Hume considera que os fenômenos 
a) acontecem de forma inquestionável, ao serem apreensíveis pela razão humana. 
b) ocorrem de maneira necessária, permitindo um saber próximo ao de estilo matemático. 
c) propiciam segurança ao observador, por se basearem em dados que os tornam incontestáveis. 
d) devem ter seus resultados previstos por duas modalidades de provas, com conclusões idênticas. 
e) exigem previsões obtidas por raciocínio, distinto do conhecimento baseado em cálculo abstrato. 
Comentário. 
Alternativa "a" está incorreta. Hume afirma que a razão humana tanto afirma que o sol nascerá amanhã, 
quanto o contrário disso;ou seja, os fenômenos ocorrem, de fato, de forma inquestionável, mas isso não 
se deve a “serem apreensíveis pela razão humana”. 
Alternativa "b" está incorreta. Isso se verifica no trecho que diz que o sol poderia e não poderia nascer 
amanhã, ou seja, os fenômenos não ocorrem de maneira necessária. 
Alternativa "c" está incorreta. Se não se pode dizer que o sol nascerá amanhã, pois essa afirmação pode 
se confirmar ou não, então os fenômenos não “propiciam segurança ao observador”. 
Alternativa "d" está incorreta. O autor não menciona duas modalidades de provas para um fenômeno 
natural. 
Alternativa "e" está correta. O fenômeno é incerto, pois pode ou não pode ocorrer. Amanhã o sol pode 
ser destruído ou pode ocorrer um eclipse. Mesmo assim, o observador tenta fazer previsões pelo seu 
raciocínio, infelizmente, esse tipo de raciocínio não é como uma soma matemática que dá ao indivíduo 
certeza absoluta. 
Gabarito: E 
 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
54 
5.4 Quadro sinóptico
 
6. Iluminismo e Kant 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Para pensar: 
Se cada um tem a sua experiência pessoal e particular do 
mundo, é possível elaborar explicações que valem para todos 
(universalismo)? 
 
Ao final desse tópico, você deve responder as seguintes 
questões: 
O que é a priori e a posteriori? 
Qual seria o limite da razão? 
O que significa idealismo transcendental? 
O que é criticismo kantiano? 
Como a ideia de maioridade/menoridade se relaciona com o 
Iluminismo? 
 
 
 
 
 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
55 
 Chegamos ao apogeu da filosofia que se apoiava na 
racionalidade. O século XVIII ficou conhecido como o século 
das luzes. Os filósofos retomaram a alegoria já bastante 
utilizada, baseada na oposição entre luz e escuridão, entre 
ideias claras e obscurantismo, entre verdade e ilusão. 
 A Reforma e Contrarreforma deixaram suas marcas na cultura 
europeia. O banho de sangue religioso que se derramou sobre 
o solo da Europa deixou claro que a religião não era um guia 
confiável para ter como paradigma quando se considera o futuro da humanidade. 
 Os pensadores desse século, apoiados na burguesia, já próxima de conquistar o poder político, 
voltam-se contra todas as práticas sociais e políticas que se fundavam em algum tipo de tradição. Somente 
práticas sustentadas em premissas racionalmente justificáveis poderiam ser aceitas. Observa-se, 
portanto, uma efervescência filosófica e cultural baseada no criticismo. 
 A principal fonte de autoridade e legitimidade era a razão, que postulava liberdade, igualdade e 
tolerância. Os iluministas criticaram a monarquia absoluta, a os dogmas religiosos e a união entre Igreja 
e Estado. O lema que traduz melhor esse movimento é Sapere aude (ousar conhecer). 
 Vários importantes filósofos deixaram grandes contribuições para o pensamento, mas sobretudo 
dentro da filosofia política e ética. São conhecidas as ideias revolucionárias de Rousseau, reformadoras 
como as de Montesquieu, entre outras. 
 Toda essa movimentação do pensamento desemboca em dois grandes fatos históricos: a 
independência dos EUA e a Revolução Francesa. A última deixou um gosto amargo na boca e na 
consciência de quem acreditava no Iluminismo e na razão. Quer dizer que toda aquela discussão sobre 
liberdade e racionalidade terminariam assim, num terror banhado a sangue de guilhotina? Era preciso 
salvar a razão, tanto dos argumentos eficazes de Hume, quanto da experiência empírica revolucionária, 
diante da qual, a razão se transformou no seu contrário. Nosso super-herói da vez será um alemão 
sistemático e com uma vida até sem graça, mas que mudou a filosofia: Immanuel Kant. 
6.1 Kant 
 Para começar essa seção mais animado, vou fazer um trocadilho lamentável: Kant e os males 
filosóficos espante. 
 Immanuel Kant (1724-1804) nasceu em Könisberg, Alemanha, ou seja, um pouco distante tanto do 
empirismo inglês quanto do racionalismo francês. Sua origem era modesta, filho de pais artesãos. 
Estudou na Universidade da cidade natal e em 1770 foi nomeado professor dessa mesma instituição. 
Publicou sua grande obra, Crítica da Razão Pura, quando tinha mais de 50 anos. 
 Mas qual foi a grande contribuição desse autor? Ele conseguiu conciliar as duas vertentes da 
epistemologia (racionalismo e empirismo) e de quebra ainda mapeou os limites da razão. 
 
O desafio 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
56 
 Kant, na introdução de a Crítica da Razão Pura afirma que Hume o despertou de seu longo sono 
dogmático. Isso significa que o autor, até ler Hume, encarava o racionalismo como uma verdade absoluta 
e fora de questionamento. Quando leu o texto do filósofo escocês, ele percebeu que aquela visão do 
conhecimento era um dogma, uma crença, nada mais que isso, a não ser que pudesse realmente ser 
justificada. Isso exigiria uma nova análise do processo de conhecimento. 
 Qual era a objeção mesmo? Hume diria que as relações estabelecidas mentalmente são arbitrárias 
e que somente a experiência tem caráter de verdade. Se Hume tem razão em várias de suas 
argumentações, Descartes também tem. Não é possível pensar a realidade dessa maneira tão caótica. 
 Então, o alemão deve ter raciocinado “basta não negar nenhuma das opções e tentar perceber o 
processo do conhecimento a partir tanto do empirismo quanto do racionalismo”. 
6.1.1 A priori & A posteriori 
 O filósofo de Könisberg tenta responder essa questão na sua grande obra Crítica da Razão Pura. 
Nome estranho, o que ele queria como isso? A obra propõe fazer uma análise da racionalidade pura, ou 
seja, sem analisar os seus conteúdos, mas discutindo como funciona nossa capacidade de conhecer. 
 Ele parte de uma constatação simples, mas cheia de consequências: 
“Não se pode duvidar de que todos os nossos conhecimentos começam com a experiência, porque, com 
efeito, como haveria de exercitar-se a faculdade de se conhecer, se não fosse pelos objetos que, excitando 
os nossos sentidos, de uma parte, produzem por si mesmos representações, e de outra parte, impulsionam 
a nossa inteligência a compará-los entre si, a reuni-los ou separá-los, e deste modo à elaboração da 
matéria informe das impressões sensíveis para esse conhecimento das coisas que se denomina 
experiência?” 
 Nesse trecho, o filósofo de certa forma revisa as duas formas de conhecer. “Com certeza” nossos 
conhecimentos começam com a experiência, mas isso não significa que o processo pare aí. Tendo as 
representações vindas das sensações, nossa razão as compara e produz outras ideias. Teríamos, portanto 
dois momentos. 
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57 
 
 Qual dos processos ocorre primeiro (a priori)? Aparentemente, o empírico, pelo menos é isso que 
responderia Hume ou Locke. Mas vamos supor que pudéssemos captar as cores, as formas, o cheiro, o 
tato e o som do objeto observado, mas a mente não fosse capaz de reunir essas sensações que chegam 
por canais diferentes do corpo. O que aconteceria? Não haveria percepção da realidade. 
 Há um trabalho mental constante e 
bastante intenso em simplesmente observar 
um objeto qualquer sem formular qualquer 
juízo a respeito dele. Só para exemplificar, 
lembre-se de que a imagem que você vê 
quando abre os olhos chega ao fundo do olho 
invertida. Sua mente faz todo o trabalho de 
“desinverter” a imagem que você tem do 
mundo externo. Isso significa que é preciso que uma máquina extremamente poderosa (sua mente) já 
esteja presente em potência dentro de você para que, no momento em que o primeiro raio de luz atravesse 
seu olho, sua mente comece a funcionar. 
 Em resumo,primeiro temos em potência a capacidade de fazer sucessivas sínteses, ou junções. 
Vemos um passarinho, porque nossa mente é capaz de, ao receber a imagem, o cheiro, o som, juntar tudo 
isso num objeto. 
 Para entender melhor, podemos comparar nossa mente com um computador. Assim como nós 
temos 5 sentidos, o computador tem seus equipamentos periféricos que captam as informações do mundo 
externo. Ele pode estar desligado, mas em potência seu hardware está lá esperando o primeiro click para 
começar a funcionar. Se você tiver um computador somente com periféricos, mas sem CPU, ele não vai 
funcionar. As sensações sem o trabalho de reuni-las não redundariam em absolutamente nada. 
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 Agora já, podemos definir melhor o a priori (o que vem primeiro) e o a posteriori (o que acontece 
depois, posteriormente). Os empiristas se deixavam enganar pelas aparências. Em primeiro lugar, cada 
indivíduo tem sua capacidade mental de fazer sínteses em estado bruto. Essa capacidade “é ligada” 
quando o indivíduo recebe o primeiro input através de alguma de suas sensações. 
 
 
 
 
 Isso realmente não teria importância nenhuma se ele não tivesse analisado o conteúdo do a 
priori. Quais são os conteúdos da nossa mente, aquilo que é inato a ela? 
 
 O a priori é aquela capacidade que temos de organizar os dados fornecidos pelos 5 sentidos. Isso 
significa que nossa forma de organização dos dados da realidade não pode ser, ela mesma, sensorial. 
Trata-se de uma estrutura mental. Supondo que você veja a cor marrom de um pássaro e ouça o seu 
canto, esses dados da sensação entram na sua mente e ela tenta dar um sentido a isso organizando essa 
cor de forma espacial, entendendo que ela faz parte de um corpo tridimensional. Depois a mente acopla 
os sons emitidos ao objeto representado (o pássaro), mas agora esse dado, o som, é organizado não de 
forma espacial, mas em unidades sonoras que se sucedem, ou seja, entende o som como uma sucessão 
temporal. 
 Observa-se, então, que todos os dados que recebemos do mundo são processados, juntados, 
comparados somente quando organizados no tempo e no espaço. 
 
 Boa observação, corujinha filósofa. Kant diria que do ponto de vista empírico, eles não existem. 
Cadê o cheiro do tempo, a cor do tempo, o som do tempo, o tato do tempo e o sabor do tempo? A mesma 
pergunta poderia ser feita em relação à noção abstrata de espaço. 
 O tempo não tem materialidade. Sei que você, corujinha perplexa, diria: “Lógico que podemos ver 
o tempo, afinal quando eu pego uma foto antiga e comparo com uma tirada no presente, eu vejo que o 
tempo passou. É verdade que você pode concluir que o tempo passou, mas essa conclusão não é tirada 
das sensações aqui e agora, não é algo imediato. A percepção do tempo é racional, você compara o 
presente com o passado e percebe que algo mudou. 
E qual a importância disso?
Os conteúdos do a priori 
Então tempo e espaço são coisas mentais, não existem?
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59 
 E se a mente não receber nenhum dado das sensações, que impressões ela teria? Como o espaço 
e o tempo puros se manifestariam na mente? Vejamos. O tempo pode ser representado de que maneira? 
Como pontos sequenciais que se seguem, uma após o outro. O tempo puro aparece na mente como 
álgebra. Diante dessa conclusão, você já deve ter sacado que o espaço puro aparece na mente como 
geometria. 
6.1.2 O tribunal da razão 
 A mente é uma máquina potente de sínteses cada vez mais complexas, e pode-se dizer que é 
viciada nesse jogo. Num primeiro momento, ela junta os dados das sensações, formando uma 
representação. Depois, ela junta, por comparações, uma representação com outra, depois classifica essas 
representações e imagina consequências dessas representações de forma cada vez ampla, fazendo isso 
sem parar. 
 Esse processo é o único meio de conhecermos a realidade, mas ele apresenta desafios e perigos. A 
mente humana pode fazer associações totalmente fora da realidade. Por exemplo, podemos considerar 
duas imagens, a de um pássaro e a de seus dois pés, e chegar à conclusão de que um pássaro voa porque 
tem dois pés. A razão não pode ser deixada livre. 
 
 
 
 
 Essa é uma forma um tanto quanto complexa para justificar o nascente método científico. O 
cientista deve sempre se apoiar nas observações empíricas e num método racional (muito próximo daquele 
proposto por Descartes) para chegar a conclusões mais próximas da realidade. 
 Um exemplo dessa forma perigosa de raciocinar pode ser observado nas discussões teológicas. A 
ideia de Deus não é irracional. Ela parte da dedução de que tudo deve ter uma origem e a de que um ser 
deve ter originado tudo, se não, a cadeia de causa e consequência não teria fim. Veja que se trata de um 
raciocínio sem experimentação dos sentidos. Kant não condena a religião, simplesmente lembra que 
- os dados das sensações sem 
sistematizá-los racionalmente
- os raciocínios sem levar em 
consideração a vivência empírica
A razão produzirá 
monstros 
Fonte: Pixabay 
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devemos ter cuidado com todo tipo de raciocínio que não pode se apoiar nesses dois pilares: experiência 
e razão. 
Fazendo conexões 
 Essa gravura foi produzida por um dos mais geniais pintores 
da História da Arte, Francisco Goya (1746-1828). Na imagem, um 
homem dorme, enquanto a coruja, símbolo da filosofia e da 
sabedoria, parece tentar acordá-lo. Ao fundo, como contraponto da 
coruja, surgem os morcegos. A frase escrita na mesa sobre a qual 
o homem se debruça é clara: “O sono da razão produz monstros”. 
 Filosoficamente, pode-se interpretar a gravura de duas 
formas. 
-Cada vez que os homens deixam de se valer da racionalidade para 
analisar o mundo em que vivem, eles produzem catástrofes 
humanas, como a vivenciada por Goya quando da invasão 
napoleônica na Espanha. 
-Mas pode significar também que, se o pensamento não for bem 
conduzido, se a racionalidade não considerar a priori e a 
posteriori, os homens produzirão ideias falsas sobre a realidade. O 
cochilo da razão é tão prejudicial quanto a liderança de homens que 
se pautam pelo dogmatismo das crenças. 
Kant, com certeza, concordaria com as duas interpretações dadas 
a esse quadro. Até parece que Goya o pintou a partir das ideias do 
filósofo alemão. 
 
 Kant coloca no centro do conhecimento o próprio homem. O sujeito do conhecimento tem suas 
categorias de pensar (tempo, espaço e síntese) e as utiliza para conhecer o mundo. Não sabemos se esses 
critérios realmente existem no mundo externo, mas paciência, é o que nós temos para nos guiar no mundo 
físico. 
 Isso significa que pode haver mais dimensões do que conseguimos conceber (outras formas 
espaciais) ou um tempo que se organiza de outra forma. Nunca poderemos perceber a realidade de outra 
maneira. Nossa razão é extremamente limitada para conhecer a realidade. Um extraterrestre 
provavelmente não teria a mesma percepção que temos do real. 
 Nesse sentido é que se costuma dizer que, a partir de Kant, a filosofia deixou a pretensão de tentar 
conhecer as coisas em si e passou a se fixar nos fenômenos. Etimologicamente, fenômeno vem do grego 
e significa “aquilo que me parece aos olhos”. Fazemos teorias sobre as representações que temos do 
mundo, mas não sobre as coisas do mundo em si. Nunca saberemos o que elas são. 
 
Limites da razão 
 Figura 14: Gravura de Goya., “O sono 
da razão produz monstros” 
 
 
 
 
 
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6.1.3 Revolução copernicada 
 Retomemos o que eu disse no começo do outro tópico. Kant 
coloca no centrodo conhecimento o próprio homem. Quem estava 
no centro antes? O objeto. Aliás, essa é a impressão que temos 
segundo o senso comum. Quando olhamos para um objeto, temos a 
impressão de que ele está lá fora nos esperando, para que nós, pelo 
nosso olhar, possamos captá-lo, trazê-lo para dentro do 
pensamento. 
 Ao perceber que é o homem com suas categorias que se 
dirige para o objeto e o 
enquadra, Kant propõe uma inversão. As regularidades, aquilo que 
permite ao homem conhecer o real, não estão nos objetos, mas no 
próprio homem. O ser humano é que dá sentido e especialidade às 
coisas que estão a sua volta. 
 Podemos comparar o processo do conhecimento como um 
cego que procura saber qual o formato de uma maçã esculpida 
numa massa de modelar. Quando ele tateia o objeto, ele o altera. 
Assim, os homens, ao olhar os objetos para conhecê-los e utilizar 
categorias próprias do seu pensamento, deformam os próprios 
objetos. 
 Mas por que revolução copernicana? Você deve estar se perguntando. Copérnico tirou a terra do 
centro do universo, o que diminui a pretensão do homem de achar que ele era o centro e umbigo do 
universo. Kant também tira algo do centro, o objeto. Mas ao fazer isso, ele não dá especialidade ao 
homem, pois colocando no centro do conhecimento as categorias da mente humana, ele mostra muito 
claramente que o homem é limitado, pois jamais conhecerá o objeto em si. Copérnico e Kant dão um golpe 
nas pretensões de superioridade do homem. 
 Agora já podemos definir a que tradição Kant se filia. Bem, ele diria que a nenhuma, ele não é 
empirista, ele não é racionalista. Ele diria que se filia ao... 
 
 
 
 
 Idealismo, pois o ser humano faz representações da realidade, cria ideias segundo critérios 
subjetivos. Contudo, essa subjetividade não é extremamente particular. Todos os indivíduos são dotados 
do mesmo a priori e a posteriori. Portanto, apesar do conhecimento ser uma atividade de um indivíduo, 
o que ele usa para conhecer “transcende”, pois é o que está também na mente de seus pares. 
 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
62 
 
 
CRITICISMO KANTIANO 
Na ciência e no conhecimento: verificar constantemente se as afirmações com presunção a critério de 
verdade foram estabelecidas segundo critérios de racionalização (tempo, espaço) e com possibilidade de 
comprovação empírica. 
No comportamento: pautar-se por valores considerados genuínos depois de questionamento e 
racionalização, não se deixar levar somente pela autoridade dos outros; comportamento autônomo. 
6.1.4 Razão, Esclarecimento e maioridade 
Depois dessa viagem pela epistemologia mais consistente, agora podemos nos voltar para as 
consequências sociais da filosofia Kantiana. O filósofo alemão admirava o Iluminismo francês, foi 
entusiasta da física e de Newton e tinha plena confiança na capacidade racional do homem. 
Viu com tristeza e apreensão o resultado da Revolução Francesa. O racionalismo pode se tornar barbárie. 
Daí, mais do que nunca, as ideias de Kant fazem todo sentido. A razão não poderia ser deixada solta para 
ocupar o lugar da religião, a não ser que os próprios pensadores ficassem atentos aos riscos da razão em 
criar monstros. Kant aponta com precisão essa única saída. 
A razão é limitada, mas seria a única maneira de não nos deixar arrastar por ideias da tradição desprovidas 
de adequação ao real e servindo a propósitos de manipuladores de plantão. Kant sonhava com um mundo 
no qual todas as pessoas poderiam exercer a sua racionalidade e, dessa maneira, não precisariam de 
tutores morais, políticos ou culturais. A isso, ele denominava “Aufklärung (Esclarecimento). De certa 
forma, é uma maneira de diferenciar Iluminismo, como momento histórico na história do pensamento, 
do processo de autoconsciência proporcionado pelo uso da razão. 
A maioridade kantiana se relaciona ao conceito de autonomia. A palavra deriva de “auto” que significa 
“próprio” e “nomos”, lei. O sujeito autônomo é aquele que pode racionalmente avaliar as ideias éticas 
que lhe são oferecidas e escolher a melhor forma de agir, ou seja, dar a lei para si mesmo, dispensando 
o Estado e outras instituições que se valem da coerção para que o indivíduo se comporte de maneira 
sociável. 
Para conseguir essa autonomia, existem alguns requisitos: 
✓ Livrar-se da covardia, preguiça e comodismo (ousar saber); 
✓ Exercer a liberdade; 
✓ Não aceitar a tradição a não ser que tenha passado pelo crivo da razão; 
✓ Ser crítico das ideias apresentadas. 
6.2 Questões de Fixação 
1.(Enem 2013) 
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63 
Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém todas as tentativas 
para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse 
pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, 
admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento. 
 
KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado). 
 
O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. 
Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que 
a) assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento. 
b) defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo. 
c) revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica. 
d) apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos objetos. 
e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant. 
 
2. (Enem 2012) 
Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a 
incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio 
culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de 
decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu 
próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais 
uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição 
estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida. 
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado). 
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto 
filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa 
a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade. 
b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas. 
c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma. 
d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento. 
e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão. 
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1.A 
2.A 
 
 
1.(Enem 2013) 
Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém todas as tentativas 
para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse 
pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, 
admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento. 
KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado). 
 
O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revoluçãocopernicana na filosofia. 
Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que 
a) assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento. 
b) defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo. 
c) revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica. 
d) apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos objetos. 
e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant. 
Comentário. 
Alternativa a, verdadeira. No fragmento, fica claro que há duas posições contraditórias: antes “nosso 
conhecimento se devia regular pelos objetos”, mas deve-se admitir que “os objetos se deveriam regular 
pelo nosso conhecimento”, 
Alternativa b, falsa. Ao dizer que o conhecimento deveria se regular “pelo nosso conhecimento”, o autor 
acredita que o conhecimento é possível, ideia negada pela alternativa. 
Alternativa c, falsa. No enunciado, a Banca ressalta que se deve assinar a alternativa que discute o 
confronto entre “duas posições filosóficas”, essa alternativa não expressa nenhum confronto. 
Gabarito 
Questões comentadas 
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65 
Alternativa d, falsa. Nessa alternativa também não se apresenta qualquer conflito; destaca-se apenas 
uma posição da “primazia das ideias em relação aos objetos”. 
Alternativa e, falsa. Elas são contrárias e se refutam, é verdade; mas Kant recusa uma das posições e 
aceita a última, os objetos devem se regular pelo nosso conhecimento. 
Gabarito: A 
 
2. (Enem 2012) 
Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a 
incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio 
culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de 
decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu 
próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais 
uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição 
estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida. 
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado). 
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto 
filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa 
a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade. 
b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas. 
c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma. 
d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento. 
e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão. 
Comentário. 
Alternativa "a" está correta. A definição inicial “Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade” 
já dá a dica de que essa resposta é a verdadeira, se o Esclarecimento é saída da menoridade, ele é 
expressão da maioridade, definida no texto como fazer bom uso do entendimento sem a direção de outra 
pessoa, ou seja, o indivíduo deve ser autônomo. 
Alternativa "b" está incorreta. O texto exalta o entendimento e a razão e não os submete às verdades 
eternas que nem chega a discutir. 
Alternativa "c" está incorreta. O autor não discute as verdades matemáticas. 
Alternativa "d" está incorreta. O autor destaca a capacidade de se pensar por conta própria, não discute 
a relação entre o homem e a religião. 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
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Alternativa "e" está incorreta. Ideologias são formas coletivas de pensar. Kant destaca a capacidade 
individual de tomar decisões tendo como referência a própria capacidade racional de julgar. 
Gabarito: A 
 6.3 Quadro sinóptico 
 
7. A racionalidade do “não” 
 
 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
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 Até o final do século XVIII, o racionalismo e o empirismo dominavam as discussões epistemológicas 
perpassados pelo avanço da ciência. Mesmo o empirismo se pautava pela coerência de defender algum 
método racional para se considerar a realidade, exceção feita a alguns empíricos radicais como Hume. 
 Tal coerência era expressa pela frase aparentemente um tanto quanto besta, mas que tinha servido 
de base para o conhecimento até então: o que é, é; o que não é, não é. Já discutimos isso antes, corujinha 
confusa. A frase significa que aquilo que for dúbio não pode ser conhecido. Para alguns, principalmente 
para os idealistas, a frase alcança dimensões mais amplas, o que for contraditório não existe. As sensações 
percebem a realidade como contraditórias. A razão e a ciência devem extrair da aparente confusão do 
mundo dos fenômenos explicações unívocas, leis, que não aceitam o contraditório. 
 Nós vimos que os irracionalistas já tinham questionado a razão e sua forma de tentar apreender a 
realidade de forma linear. Mas um outro filósofo, Hegel, irá admitir a premissa de que a racionalidade deve 
ser capaz de apreender aquilo que é ambíguo, sem deixar de ser racional. Ele irá introduzirá o “não” como 
operador racional. Por conta disso, sua filosofia expressará esse desafio que se desdobrará no século XX. 
7.1 Hegel 
 Hegel é considerado o “obscuro”, e, na verdade, a obra do alemão apresenta grandes desafios aos 
intérpretes. Por conta disso, os Vestibulares raramente cobram conhecimentos específicos sobre o autor. 
Para pensar: 
A realidade é paradoxal e múltipla. As explicações lineares do 
real são capazes de abarcar o que se vive? 
 
Ao final desse tópico, você deve responder as seguintes 
questões: 
O que é dialética Hegeliana? 
Qual o papel que Hegel dá à história? 
Como Marx inverte o modelo hegeliano? 
 
 
 
 
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Poderíamos pular essa parte, mas creio que se fizéssemos isso, você teria dificuldade em compreender os 
desdobramentos da filosofia do conhecimento no século seguinte. 
 O que nos interessa nas ideias de Hegel são 3 coisas: a dialética, o processo 
histórico e a função da negação para o conhecimento. 
 Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) foi um filósofo que se recusava 
a reconhecer os limites da razão. Acreditava que seria possível ao homem 
chegar ao conhecimento absoluto, ou ao espírito absoluto, já que 
conhecimento não tem materialidade. 
 Teve uma trajetória sem grandes sobressaltos. Foi preceptor de jovens de 
família rica, tendo se habilitado como docente em Jena (1801). Foi diretor de 
jornal entre 1807 e 1808. Tornou-se diretor de um ginásio, depois professor 
universitário em Heidelberg até ser chamado para lecionar em Berlim. Uma 
das suas maiores obras é a Fenomenologia do Espírito (1807), que, para 
alguns, seria um “grande romance” da história do pensamento. Isso quando se consegue desvendar o 
seu escrito, pois o autor adota o estilo dialético de sucessivas negações. 
 Então comecemos pela advertência. Para chegarmos direto ao ponto que interessa, 
didaticamente falando, vou ter que deturpar muito algumas ideias de Hegel, principalmente para 
explicar o tal do espírito absoluto, mas não se preocupe que você não precisará saber com precisão o 
que isso significa. Que o filósofo me perdoe! Tudo em nome da didática... Bora lá. 
 
 “Uma breve história mítica do Espírito Absoluto” segundo o professor Fernando. 
Era uma vez o Espirito Absoluto, a racionalidadepura, parada lá no nada, sem fazer também coisa 
nenhuma. 
 
 
 
 
 
 
Então, Ele percebeu que poderia haver o universo material.... 
Eu sou o Espírito Absoluto, a 
Racionalidade Pura, não tenho 
materialidade. Eu tenho o infinito no 
meus olhos e um projeto nas minhas 
mãos... 
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E o Espirito Absoluto resolveu encarnar na materialidade das coisas, misturou-se cuidadosamente na 
materialidade do mundo. 
 
Foi assim que a história do universo começou. 
 
 
 
 Ok, corujinha insatisfeita, vou tentar de outro jeito. 
 
 A história agora começa, quando essa racionalidade chamada Espirito Absoluto se encarna na 
materialidade que é física. Começa nesse momento, a emocionante história de um espirito que vai 
provocando mudanças até chegar ao seu desvelamento. 
 Num primeiro momento do universo, o mundo material era só gás, mas daí se transformou no seu 
contrário, os elementos ficaram pesados e formaram planetas. Num planeta como a Terra, os elementos 
pesados formaram um mais sutil... a água (de novo, o contrário dos materiais pesados). Ali, átomos 
formaram moléculas e surgiu a primeira molécula replicante e depois o primeiro ser vivo (o contrário da 
natureza inerte). 
Não tem outro jeito de explicar isso, não?
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Eu sou o universo, a 
materialidade, mas estou 
tão desamparado, sem saber 
para onde ir... 
Agora estamos juntos 
e eu vou te conduzir. 
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 Mas, o pobre do Espirito Absoluto, ainda nem sequer podia ver a si mesmo! Foi então que o 
primeiro animal com olhos surgiu na Terra. Isso ainda era pouco. Era preciso que surgisse a consciência... 
E daí surgiu o homem. Melhor dizendo, os homens. Foi nesse ponto que o Espírito Absoluto começou a 
se revelar para si mesmo. 
 Através dos homens, começou a saga do conhecimento. Por várias tentativas e erros, os homens 
foram saindo da dependência da materialidade, criaram as artes, criaram a ciência, o conhecimento e 
começaram a viver uma vida em que o espirito (as ideias) são mais importantes do que o mundo material. 
Chegará o dia em que o homem terá perfeito acesso ao conhecimento absoluto das coisas. Nesse dia, o 
mundo da materialidade e da racionalidade estarão juntos pelas mãos do homem.... 
 
 
 
 Gostou da história? 
 
 
 Bom, corujinha realista, lembre-se de que essa é a minha versão. 
 Na verdade, o filósofo alemão não perdeu tempo postulando a origem do Espírito Absoluto. Para 
Hegel, há uma racionalidade que move o universo, ela está além do que percebemos como real e se 
manifesta no movimento. E outro dado importante: nós fazemos parte desse Espírito Absoluto. Nesse 
ponto Hegel, está se opondo a Kant. Não somos nós que damos sentido às coisas, elas têm sentido porque 
há uma Racionalidade absoluta movendo o cosmo. 
Que viagem...O que tem de importante nessa historinha?
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 O papel do homem é entender esse sentido. Só que a racionalidade se revela aos poucos e no 
decorrer da história. Aquilo que os homens vão elaborando como conhecimento é a exteriorização do 
Espírito Absoluto. Ele é subjacente ao que o homem percebe como real. No decorrer da história, através 
de idas e vindas, o homem foi produzindo um repertório incrível de conhecimento que tira a racionalidade 
bruta, incrustada na materialidade das coisas, do seu “esconderijo” para torná-la evidente através do 
pensamento. 
 Ideias principais de Hegel: 
• O Espírito Absoluto (Racionalidade Pura) é o que anima as transformações do mundo; 
• O real é racional, o racional é real; 
• A realidade se manifesta enquanto processo, a verdade está na história e se revela na história. 
 O Espírito Absoluto (ou a racionalidade total) está presente na natureza (razão objetiva) e na 
história dos homens, na medida em que a racionalidade vai sendo revelada a eles (razão subjetiva). 
 O mais importante disso tudo: Hegel valoriza a história, o processo, ou seja, a mudança. Ora, o 
que é mudança? O devir, o deixar de ser, a alteração do objeto ou da circunstância que se coloca para 
nós. E a alteração só pode ocorrer pela destruição do que está aí. Para haver uma borboleta é preciso que 
a lagarta seja destruída, ou melhor, que a lagarta desapareça ao mesmo tempo que seja integrada na 
nova forma. Para que o homem adulto se realize é preciso que a criança deixe de existir fisicamente e 
passe a existir somente como referência no interior do indivíduo. 
 O que Hegel está querendo dizer? Que a realidade, sendo dinâmica, inclui sua negação. O “não” 
não é um nada, o “não” realiza transformações. Qual é o resultado disso na teoria do conhecimento? O 
conhecimento não pode mais ignorar a dinâmica do real, não pode mais se dar ao luxo de apegar-se a 
um método linear, incapaz de abarcar a negatividade das coisas. 
 Nesse ponto que Hegel deu novo significado a uma forma de conhecimento utilizada na 
Antiguidade: a dialética. Sócrates, você deve se lembrar, fazia as pessoas negarem suas próprias 
afirmações, levando-as à contradição. Na lógica hegeliana, o negativo deve ser frequentemente pensado, 
não como instrumento para se pensar melhor, mas acreditando que só postulando o negativo do próprio 
sistema é que se pode entender a realidade, porque a realidade em si é contraditória. 
 Uma versão simplificadora, mas bastante prática para entender um pouco melhor esse método, 
geralmente é apresentada a partir da partição em três estágios do real: a tese, a antítese e a síntese. 
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 Repito, para Hegel, não se trata apenas de um método lógico, discursivo, mas da essência própria 
da realidade, cujo tecido é a contradição. Voltemos à lagarta. Esse estágio seria a tese; a pupa é a 
destruição da lagarta e a borboleta é a síntese dos estágios anteriores. Se você não entendeu, vamos 
pegar um exemplo de História. Marx interpreta da seguinte maneira a passagem da sociedade nobre para 
a passagem da sociedade burguesa: 
Tese: sociedade nobre com os estamentos, incluindo aí o burguês. 
Antítese: o burguês, cujo interesse no capital comercial é a negação da riqueza fundiária. 
Síntese: Sociedade burguesa que integra a posse da terra de uma outra forma. Contudo, nessa síntese já 
se observa a sua antítese: o operariado. 
 E por falar em Marx, depois da questão comentada, vamos fazer uma breve consideração do autor. 
7.2 Marx 
 Acho que não preciso grandes apresentações desse pensador. Para uns trata-se de um santo, para 
outros, da própria encarnação do diabo. Marx foi sociólogo, agitador político, jornalista, filósofo etc. O 
nosso interesse nele é bastante restrito, pois estamos seguindo o fio da meada da Teoria do 
Conhecimento. Portanto, nem vou discorrer sobre seus 
conceitos relacionados ao Capitalismo. 
 Antes de passarmos ao que interessa, vamos à biografia 
rápida do autor. Karl Marx nasceu em 1818, na Alemanha e 
morreu em 1883 na Inglaterra. A morte longe da sua pátria já 
nos diz algo da sua movimentada vida. Estudou nas 
universidades de Bonn e Berlim, aproximando-se dos jovens 
hegelianos. Começou a escrever para um jornal radical que 
circulava em Colônia. Mudou-se para Paris, onde publicou 
artigos em jornais operários. Por conta da sua atividade 
Tese: corresponde ao conceito inicial 
Antítese: corresponde a destruição do conceito pelo 
próprio movimento das coisas 
Síntese: a integração na ideia atual dos estágios 
anteriores
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política e crítica, exilou-se na Inglaterra em 1849. Foi ativista político e tornou-se integrante da Associação 
Internacional dos Trabalhadores. 
 Por que há tanto rancor contra esse filósofo? Ele foi um ferrenho crítico do Capitalismo e ousou 
estudar profundamente como funciona o capital, além, é claro de promover a revolução que iria derrubar 
o Capitalismo. 
 Mas as contribuições dele são inegáveis. Marx parte do modelo de Hegel para colocá-lo de “ponta 
cabeça”. Para o filósofo da dialética, o Espírito Absoluto determinava o desenvolvimento material dos 
homens. Na medida em que as civilizações desenvolvem formas novas de conhecimento, elas passam a 
modificar a realidade material. 
 Para Marx, ocorre o inverso. Dado o desafio da sobrevivência, os homens se reúnem para fazer 
frente à penúria e à escassez. No embate entre os homens e a natureza e entre eles próprios, surge o 
pensamento para justificar os modos de produção e as relações de exploração, típicas da divisão do 
trabalho. Não são as ideias que produzem o que é material; é a materialidade (a economia) que produz 
ideias. 
 Ele demonstra claramente que o Capitalismo se reproduz e, nesse processo, ele precisa de 
inovações que atendam a fome de ampliação de mercado. Essa força própria do sistema é que insufla o 
conhecimento. A ciência, portanto, é resultado das forças produtivas ao mesmo tempo que as 
revoluciona. 
7.3 Questões de Fixação 
1.(Ufu 2013) 
A dialética de Hegel 
a) envolve duas etapas, formadas por opostos encontrados na natureza (dia-noite, claro-escuro, frio-
calor). 
b) é incapaz de explicar o movimento e a mudança verificados tanto no mundo quanto no pensamento. 
c) é interna nas coisas objetivas, que só podem crescer e perecer em virtude de contradições presentes 
nelas. 
d) é um método (procedimento) a ser aplicado ao objeto de estudo do pesquisador. 
 
2. (UFU/ 2018/2) 
Segundo Karl Marx (1818-1883), “não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser 
social que, inversamente, determina a sua consciência”. 
Contribuição à crítica da economia política.São Paulo: M. Fontes, 1977. p. 23. 
 
Essa citação sintetiza o pensamento filosófico, político, histórico e econômico desse pensador, que se 
convencionou chamar de 
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a) Liberalismo de esquerda. 
b) Idealismo dialético. 
c) Atomismo econômico. 
d) Materialismo histórico. 
 
 
1.C 
2.D 
 
 
 
1.(Ufu 2013) 
A dialética de Hegel 
a) envolve duas etapas, formadas por opostos encontrados na natureza (dia-noite, claro-escuro, frio-
calor). 
b) é incapaz de explicar o movimento e a mudança verificados tanto no mundo quanto no pensamento. 
c) é interna nas coisas objetivas, que só podem crescer e perecer em virtude de contradições presentes 
nelas. 
d) é um método (procedimento) a ser aplicado ao objeto de estudo do pesquisador. 
Comentário. 
Alternativa a, falsa. A dialética supõe três momentos e não dois. 
Alternativa b, falsa. A antítese é negação do momento primeiro vindo a transformá-lo, aliás, Hegel fez 
essa formulação justamente para dar conta do movimento e da mudança. 
Alternativa c, verdadeira. “Coisas objetivas” referem-se ao mundo como o vemos. A dialética como 
forma do Espirito Absoluto está presente no próprio objeto, ele já traz em si o elemento de sua 
negação, já que o objeto, assim como a realidade, é contraditório. 
Alternativa d, falsa. Não se trata somente de um método. Se “o real é racional”, então a dialética está na 
própria realidade. Falar de método significa adota um instrumento para alcançar a verdade. O 
instrumento não está no objeto estudado. 
Gabarito: C 
2. (UFU/ 2018/2) 
Gabarito 
Questões comentadas 
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Segundo Karl Marx (1818-1883), “não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser 
social que, inversamente, determina a sua consciência”. 
Contribuição à crítica da economia política.São Paulo: M. Fontes, 1977. p. 23. 
 
Essa citação sintetiza o pensamento filosófico, político, histórico e econômico desse pensador, que se 
convencionou chamar de 
a) Liberalismo de esquerda. 
b) Idealismo dialético. 
c)Atomismo econômico. 
d) Materialismo histórico. 
Comentário. 
Com essa aula rápida, não seria possível que você dominasse todos os conceitos de Marx, mas seria 
possível responder à questão tendo algum conhecimento do pensador. 
Alternativa a, falsa. Marx era socialista e se opunha ao Liberalismo, fosse de direita ou de esquerda, de 
qualquer forma o fragmento refere-se à consciência e não à política. 
Alternativa b, falsa. Idealismo seria uma palavra apropriada para a filosofia de Hegel, que supõe a primazia 
do Espírito ou das ideias, Marx propõe a hegemonia da produção material e do trabalho. 
Alternativa c, falsa. Marx no fragmento não fala de economia; além disso, não é claro o que significaria 
“atomismo econômico”. 
Alternativa d, verdadeira. Esse é o trecho que restou e, você poderia assinalá-lo mesmo que não soubesse 
o que seria “materialismo histórico”, pois as outras alternativas não são opções válidas. Mas vamos à 
explicação do conceito. Na frase, Marx expressa a inversão que ele fez da filosofia hegeliana. Ele não 
considera a consciência ou a ideia como o motor da história, mas o ser social, aquele que entra em relação 
com os outros para poder vencer a natureza e tirar dela a sua subsistência. Por isso se fala em 
“materialismo”, pois a preocupação com as coisas materiais é que faz com que ele desenvolva religião, 
ciência e técnica. Como o trabalho muda devido às alterações nas relações entre os homens, pode-se 
dizer que é “histórico”. 
Gabarito: D 
 
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7.4 Quadro Sinóptico 
 
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8. Questões 
 
 
 
1. (Unesp 2018) 
Não é verdade que estão ainda cheios de velhice espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia Deus antes 
de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e nada realizava”, dizem eles, “por que não ficou sempre assim 
no decurso dos séculos, abstendo-se, como antes, de toda ação? Se existiu em Deus um novo movimento, 
uma vontade nova para dar o ser a criaturas que nunca antes criara, como pode haver verdadeira 
eternidade, se n’Ele aparece uma vontade que antes não existia?” 
AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Abril Cultural, 1984. 
A questão da eternidade, tal como abordada pelo autor, é um exemplo da reflexão filosófica sobre a(s) 
a) essência da ética cristã. 
b) natureza universal da tradição. 
c) certezas inabaláveis da experiência. 
d) abrangência da compreensão humana. 
e) interpretações da realidade circundante. 
 
2. (Unesp 2019) 
 
De fato, não é porque o homem pode usar a vontade livre para pecar que se deve supor que Deus a 
concedeu para isso. Há, portanto, uma razão pela qual Deus deu ao homem esta característica, pois sem 
ela não poderia viver e agir corretamente. Pode-se compreender, então, que ela foi concedida ao homem 
para esse fim, considerando-se que se um homem a usa para pecar, recairão sobre ele as punições divinas. 
Questões UNESP
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
78 
Ora, isso seria injusto se a vontade livre tivesse sido dada ao homem não apenas para agir corretamente, 
mas também para pecar. Na verdade, por que deveria ser punido aquele que usasse sua vontade para o 
fim para o qual ela lhe foi dada? 
AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos básicos de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 
2008. 
Nesse texto,o filósofo cristão Agostinho de Hipona sustenta que a punição divina tem como 
fundamento o 
a) A desvio da postura celibatária. 
b) insuficiência da autonomia moral. 
c) afastamento das ações de desapego. 
d) distanciamento das práticas de sacrifício. 
e) violação dos preceitos do Velho Testamento. 
 
 
3. (Unesp 2018) 
Desde que tenhamos compreendido o significado da palavra “Deus”, sabemos, de imediato, que Deus 
existe. Com efeito, essa palavra designa uma coisa de tal ordem que não podemos conceber nada que lhe 
seja maior. Ora, o que existe na realidade e no pensamento é maior do que o que existe apenas no 
pensamento. Donde se segue que o objeto designado pela palavra “Deus”, que existe no pensamento, 
desde que se entenda essa palavra, também existe na realidade. Por conseguinte, a existência de Deus é 
evidente. 
TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. Rio de Janeiro: Loyola, 2002. 
O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás de Aquino caracterizada por 
a) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos. 
b) sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé. 
c) explicar as virtudes teologais pela demonstração. 
d) flexibilizar a interpretação oficial dos textos sagrados. 
e) justificar pragmaticamente crença livre de dogmas. 
 
4. (Unesp Final de 2017) 
A grande síntese da ciência moderna, estabelecendo as leis físicas do movimento por meio de equações 
matemáticas e respondendo a todas as questões surgidas com a cosmologia de Copérnico, foi obra de 
Isaac Newton. Com ela, a física adquiriu um caráter de previsibilidade capaz de impressionar o homem 
moderno. A evolução do pensamento científico, iniciada por Galileu e Descartes, em direção à concepção 
de uma natureza descrita por leis matemáticas chegava, assim, a seu grande desabrochar. 
(Claudio M. Porto e Maria Beatriz D. S. M. Porto. “A evolução do pensamento cosmológico e o 
nascimento da ciência moderna”. In: Revista brasileira de ensino de física, vol. 30, no 4, 2008. 
Adaptado.) 
 
A base da grande síntese newtoniana foi, de certa forma, preparada pelo humanismo renascentista, que 
(A) estabelece uma perspectiva dualista da realidade, fundamentada na filosofia grega. 
(B) restringe o entendimento da natureza, tornando-a objeto de investigação somente da física. 
(C) recupera teorias da Antiguidade para explicar a natureza, com ênfase em uma perspectiva 
mitológica. 
(D) resgata o racionalismo da Antiguidade, valorizando o homem no debate científico. 
(E) mantém o quadro geral de conhecimentos teológicos, tais como os utilizados durante a Idade Média. 
 
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5.UNESP 2019 
Galileu tornou-se o criador da física moderna quando anunciou as leis fundamentais do movimento. 
Formulando tais princípios, ele estruturou todo o conhecimento científico da natureza e abalou os 
alicerces que fundamentavam a concepção medieval do mundo. Destruiu a ideia de que o mundo 
possui uma estrutura finita, hierarquicamente ordenada e substituiu-a pela visão de um universo 
aberto, infinito. Pôs de lado o finalismo aristotélico e escolástico, segundo o qual tudo aquilo que 
ocorre na natureza ocorre para cumprir desígnios superiores; e mostrou que a natureza é 
fundamentalmente um conjunto de fenômenos mecânicos. 
 
(𝗝𝗼𝘀𝗲 𝗔𝗺𝗲𝗿𝗶𝗰𝗼 𝗠. 𝗣𝗲𝘀𝘀𝗮𝗻𝗵𝗮. , Galileu Galilei 𝟮𝟬𝟬𝟬. 𝗔𝗱𝗮𝗽𝘁𝗮𝗱𝗼.) 
 
A importância da obra de Galileu para o surgimento da ciência moderna justifica-se porque seu 
pensamento 
(A) resgatou uma concepção medieval de mundo. 
(B) baseou-se em uma visão teológica sobre a natureza. 
(C) fundamentou-se em conceitos metafísicos. 
(D) fundou as bases para o desenvolvimento da alquimia. 
(E) atribuiu regularidade matemática aos fenômenos naturais. 
 
6.UNESP 2018 
Posto que as qualidades que impressionam nossos sentidos estão nas próprias coisas, é claro que as 
ideias produzidas na mente entram pelos sentidos. O entendimento não tem o poder de inventar ou 
formar uma única ideia simples na mente que não tenha sido recebida pelos sentidos. Gostaria que 
alguém tentasse imaginar um gosto que jamais impressionou seu paladar, ou tentasse formar a 
ideia de um aroma que nunca cheirou. Quando puder fazer isso, concluirei também que um cego 
tem ideias das cores, e um surdo, noções reais dos diversos sons. 
 
(John Locke. Ensaio acerca do entendimento humano, 1991. Adaptado.) 
 
De acordo com o filósofo, todo conhecimento origina-se 
 
(A) da reminiscência de ideias originalmente transcendentes. 
(B) da combinação de ideias metafísicas e empíricas. 
(C) de categorias a priori existentes na mente humana. 
(D) da experiência com os objetos reais e empíricos. 
(E) de uma relação dialética do espírito humano com o mundo. 
 
7.UNESP 2018 
Nada acusa mais uma extrema fraqueza de espírito do que não conhecer qual é a infelicidade de um 
homem sem Deus; nada marca mais uma má disposição do coração do que não desejar a verdade 
das promessas eternas; nada é mais covarde do que fazer-se de bravo contra Deus. Deixem então 
essas impiedades para aqueles que são bastante mal nascidos para ser verdadeiramente capazes 
disso. Reconheçam enfim que não há senão duas espécies de pessoas a quem se possam chamar 
razoáveis: ou os que servem a Deus de todo o coração porque o conhecem ou os que o buscam de 
todo o coração porque não o conhecem. 
 
(Blaise Pascal. Pensamentos, 2015. Adaptado.) 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
80 
 
O pensamento desse filósofo é nitidamente influenciado por uma ótica 
(A) científica. 
(B) ateísta. 
(C) antropocêntrica. 
(D) materialista. 
(E) teológica. 
 
 
8.UNESP 2017 
O alvo dos ataques extremistas é o Iluminismo. E a melhor defesa é o próprio Iluminismo. “Por mais que 
seus valores estejam sendo atacados por elementos como os fundamentalistas americanos e o 
islamismo radical, isto é, pela religião organizada, o Iluminismo continua sendo a força intelectual e 
cultural dominante no Ocidente. O Iluminismo continua oferecendo uma arma contra o fanatismo”. 
Estas palavras do historiador britânico Anthony Pagden chegam em um momento em que algumas 
forças insistem em dinamitar a herança do Século das Luzes. “O Iluminismo é um projeto importante e 
em incessante evolução. Proporciona uma imagem de um mundo capaz tanto de alcançar certo grau de 
universalidade quanto de libertar- -se das restrições do tipo de normas morais oferecidas pelas 
comunidades religiosas e suas análogas ideologias laicas: o comunismo, o fascismo e, agora, inclusive, o 
comunitarismo”, afirma Pagden. 
 
(Winston Manrique Sabogal. “‘O Iluminismo continua oferecendo uma arma contra o fanatismo’”. 
www.unisinos.br. Adaptado.) 
 
No texto, o Iluminismo é entendido como 
(A) um impulso intelectual propagador de ideologias políticas e religiosas contrárias à hegemonia 
do Ocidente. 
(B) um movimento filosófico e intelectual de valorização da razão, da liberdade e da autonomia, 
restrito ao século XVIII. 
(C) uma tendência de pensamento legitimadora do domínio colonialista e imperialista exercido 
pelas nações europeias. 
(D) um projeto intelectual eurocêntrico baseado em imagens de mundo dotadas de universalidade 
teológica 
(E) uma experiência intelectual racional e emancipadora, de origem europeia, porém passível de 
universalização. 
 
9.UNESP 2013 
A modernidade não pertence a cultura nenhuma, mas surge sempre CONTRA uma cultura particular, 
como uma fenda, uma fissura no tecido desta. Assim, na Europa, a modernidade não surge como um 
desenvolvimento da cultura cristã, mas como uma crítica a esta , feita por indivíduos como Copérnico, 
Montaigne, Bruno, Descartes, indivíduos que, na medida em que a criticavam, já dela se separavam, já 
dela se desenraizavam. A crítica faz parte da razão que, não pertencendo a cultura particular nenhuma, 
está em princípio disponível a todos os sereshumanos e culturas. Entendida desse modo, a 
modernidade não consiste numa etapa da história da Europa ou do mundo, mas numa postura crítica 
ante a cultura, postura que é capaz de surgir em diferentes momentos e regiões do mundo, como na 
Atenas de Péricles, na Índia do imperador Ashoka ou no Brasil de hoje. 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
81 
 
(𝗔𝗻𝘁𝗼𝗻𝗶𝗼 𝗖𝗶𝗰𝗲𝗿𝗼. 𝗥𝗲𝘀𝗲𝗻𝗵𝗮 𝘀𝗼𝗯𝗿𝗲 𝗼 𝗹𝗶𝘃𝗿𝗼 “𝗢 𝗥𝗼𝘂𝗯𝗼 𝗱𝗮 𝗛𝗶𝘀𝘁𝗼𝗿𝗶𝗮”. Atenas de Péricles, 𝟬𝟭.𝟭𝟭.𝟮𝟬𝟬𝟴. 
𝗔𝗱𝗮𝗽𝘁𝗮𝗱𝗼.) 
 
Com a leitura do texto, a modernidade pode ser entendida como 
(A) uma tendência filosófica especificamente europeia e ocidental de crítica cultural e religiosa. 
(B) uma tendência oposta a diversas formas de desenvolvimento da autonomia individual. 
(C) um conjunto de princípios morais absolutos, dotados de fundamentação teológica e cristã. 
(D) um movimento amplo de propagação da crítica racional a diversas formas de preconceito. 
(E) um movimento filosófico desconectado dos princípios racionais do iluminismo europeu. 
 
 
10. (Enem 2020) 
 
Adão, ainda que supuséssemos que suas faculdades racionais fossem inteiramente perfeitas desde o 
início, não poderia ter inferido da fluidez e transparência da água que ela o sufocaria, nem da 
luminosidade e calor do fogo que este poderia consumi-lo. Nenhum objeto jamais revela, pelas 
qualidades que aparecem aos sentidos, nem as causas que o produziram, nem os efeitos que dele 
provirão, e tampouco nossa razão é capaz de extrair, sem auxilio da experiência, qualquer conclusão 
referente à existência efetiva de coisas ou questões de fato. 
 
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento humano São Paulo: Unesp. 2003. 
 
Segundo o autor, qual é a origem do conhecimento humano? 
A )A potência inata da mente. 
B )A revelação da inspiração divina. 
C )O estudo das tradições filosóficas. 
D )A vivência dos fenômenos do mundo. 
E )O desenvolvimento do raciocínio abstrato. 
 
 
11. (Enem 2019) 
TEXTO I 
 
Os segredos da natureza se revelam mais sob a tortura dos experimentos do que no seu curso natural. 
 
BACON, F. Novum Organum, 1620. In: HADOT, P. O véu de Ísis: ensaio sobre a história da ideia de 
natureza. São Paulo: Loyola, 2006. 
 
TEXTO II 
 
O ser humano, totalmente desintegrado do todo, não percebe mais as relações de equilíbrio da 
natureza. Age de forma totalmente desarmônica sobre o ambiente, causando grandes desequilíbrios 
ambientais. 
Questões Enem
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
82 
 
GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Campinas: Papirus, 1995. 
 
Os textos indicam uma relação da sociedade diante da natureza caracterizada pela. 
A)objetificação do espaço físico. 
B)retomada do modelo criacionista. 
C)recuperação do legado ancestral. 
D)infalibilidade do método científico. 
E)formação da cosmovisão holística. 
 
12. (Enem/ 2018) 
 
Quando analisamos nossos pensamentos ou ideias, por mais complexos e sublimes que sejam, sempre 
descobrimos que se resolvem em ideias simples que são cópias de uma sensação ou sentimento 
anterior. Mesmo as ideias que, à primeira vista, parecem mais afastadas dessa origem mostram, a um 
exame mais atento, ser derivadas dela. 
 
HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973. 
 
Depreende-se deste excerto da obra de Hume que o conhecimento tem a sua gênese na. 
A)convicção inata. 
B)dimensão apriorística. 
C)elaboração do intelecto. 
D)percepção dos sentidos. 
E)realidade trascendental. 
 
13. (Enem 2016) 
O século XVIII é, por diversas razões, um século diferenciado. Razão e experimentação se aliavam no que 
se acreditava ser o verdadeiro caminho para o estabelecimento do conhecimento científico, por tanto 
tempo almejado. O fato, a análise e a indução passavam a ser parceiros fundamentais da razão. É ainda 
no século XVIII que o homem começa a tomar consciência de sua situação na história. 
 
ODALIA, N. In: PINSKY, J.; PINSKY, C. B. História da cidadania. São Paulo: Contexto,2003. 
 
No ambiente cultural do Antigo Regime, a discussão filosófica mencionada no texto tinha como uma de 
suas características a. 
A) aproximação entre inovação e saberes antigos. 
B) conciliação entre revelação e metafísica platônica. 
C)vinculação entre escolástica e práticas de pesquisa. 
D)separação entre teologia e fundamentalismo religioso. 
E) contraposição entre clericalismo e liberdade de pensamento. 
 
14. (Enem 2016 3ª aplicação) 
Enquanto o pensamento de Santo Agostinho representa o desenvolvimento de uma filosofia cristã 
inspirada em Platão, o pensamento de São Tomás reabilita a filosofia de Aristóteles – até então vista sob 
suspeita pela Igreja –, mostrando ser possível desenvolver uma leitura de Aristóteles compatível com a 
doutrina cristã. O aristotelismo de São Tomás abriu caminho para o estudo da obra aristotélica e para a 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
83 
legitimação do interesse pelas ciências naturais, um dos principais motivos do interesse por Aristóteles 
nesse período. 
MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. 
 
A Igreja Católica por muito tempo impediu a divulgação da obra de Aristóteles pelo fato de a obra 
aristotélica 
a) valorizar a investigação científica, contrariando certos dogmas religiosos. 
b) declarar a inexistência de Deus, colocando em dúvida toda a moral religiosa. 
c) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de outras instituições religiosas. 
d) evocar pensamentos de religiões orientais, minando a expansão do cristianismo. 
e) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos antirreligiosos, seguindo sua teoria política. 
 
15. (Enem 2015) 
Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja 
diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados pelo impulso dos 
ventos contrários, não chegaria ao fim de destino, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; 
ora, tem o homem um fim, para o qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os 
homens de modos diversos em vista do fim, o que a própria diversidade dos esforços e ações humanas 
comprova. Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim. 
 
AQUINO. T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de São Tomás de 
Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado). 
 
No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de 
a) refrear os movimentos religiosos contestatórios. 
b) promover a atuação da sociedade civil na vida política. 
c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum. 
d) reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística. 
e) dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual. 
 
16. (Enem 2019 PPL) 
A ciência ativa rompe com a separação antiga entre a ciência (episteme), o saber teórico, e a técnica 
(techne), o saber aplicado, integrando ciência e técnica. Do ponto de vista da ideia de ciência, a valorização 
da observação e do método experimental opõe a ciência ativa à ciência contemplativa dos antigos; assim 
também, a utilização da matemática como linguagem da física, proposta por Galileu sob inspiração 
platônica e pitagórica, e contrária à concepção aristotélica. 
 
MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 2008 (adaptado). 
 
Nesse contexto, a ciência encontra seu novo fundamento na 
a) utilização da prova para confirmação empírica. 
b) apropriação do senso comum como inspiração. 
c) reintrodução dos princípios da metafísica clássica. 
d) construção do método em separado dos fenômenos. 
e) consolidação da independência entre conhecimentoe prática. 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
84 
 
17. (Enem Libras 2017) 
 
Galileu, que detinha uma verdade científica importante, abjurou-a com a maior facilidade, quando ela lhe 
pôs a vida em perigo. Em um certo sentido, ele fez bem. Essa verdade valia-lhe a fogueira. Se for a Terra 
ou o Sol que gira em torno um do outro é algo profundamente irrelevante. Resumindo as coisas, é um 
problema fútil. Em compensação, vejo que muitas pessoas morrem por achar que a vida não vale a pena 
ser vivida. Vejo outras que se fazem matar pelas ideias ou ilusões que lhes proporcionam uma razão de 
viver (o que se chama de razão de viver é, ao mesmo tempo, uma excelente razão de morrer). Julgo, 
portanto, que o sentido da vida é a questão mais decisiva de todas. E como responder a isso? 
CAMUS, A. O mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo. Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado). 
 
O texto apresenta uma questão fundamental, na perspectiva da filosofia contemporânea, que consiste 
na reflexão sobre vínculos entre a realidade concreta e a 
a) condição da existência no mundo. 
b) abrangência dos valores religiosos. 
c) percepção da experiência no tempo. 
d) transitoriedade das paixões humanas. 
e) insuficiência do conhecimento empírico. 
 
18. (Enem 2019) 
TEXTO I 
Os segredos da natureza se revelam mais sob a tortura dos experimentos do que no seu curso natural. 
BACON, F. Novum Organum, 1620. In: HADOT, P. O véu de Ísis: ensaio sobre a história da ideia de 
natureza. São Paulo: Loyola, 2006. 
 TEXTO II 
O ser humano, totalmente desintegrado do todo, não percebe mais as relações de equilíbrio da 
natureza. Age de forma totalmente desarmônica sobre o ambiente, causando grandes desequilíbrios 
ambientais. 
GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Campinas: Papirus, 1995. 
 Os textos indicam uma relação da sociedade diante da natureza caracterizada pela 
a) objetificação do espaço físico. 
b) retomada do modelo criacionista. 
c) recuperação do legado ancestral. 
d) infalibilidade do método científico 
e) formação da cosmovisão holística 
 
19. (Enem 2013) 
Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta foi 
proposta pela primeira vez no início da Modernidade, como expectativa de que o homem poderia dominar 
a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como 
Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero 
imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e 
culturalmente. 
CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques, Scientiae Studia. São Paulo, v. 2 n. 4, 
2004 (adaptado). 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
85 
Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência 
como uma forma de saber que almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a 
investigação científica consiste em 
a) expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes. 
b) oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia. 
c) ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso. 
d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos. 
e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos debates acadêmicos. 
 
20. (Enem 2013) 
TEXTO I 
 Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões 
como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser 
senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de 
todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber 
firme e inabalável. 
 
DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado). 
 
TEXTO II 
É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o 
espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma 
gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente 
varridas por essa mesma dúvida. 
 
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado). 
 
A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do 
conhecimento, deve-se 
a) retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade. 
b) questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções. 
c) investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos. 
d) buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados. 
e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados. 
 
21. (Enem 2014) 
É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o 
espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma 
gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente 
varridas por essa mesma dúvida. 
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado). 
Apesar de questionar os conceitos da tradição, a dúvida radical da filosofia cartesiana tem caráter positivo 
por contribuir para o a): 
a) dissolução do saber científico. 
b) recuperação dos antigos juízos. 
c) exaltação do pensamento clássico. 
d) surgimento do conhecimento inabalável. 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
86 
e) fortalecimento dos preconceitos religiosos. 
 
22. (Enem 2016 2ª aplicação) 
Pode-se admitir que a experiência passada dá somente uma informação direta e segura sobre 
determinados objetos em determinados períodos do tempo, dos quais ela teve conhecimento. Todavia, 
é esta a principal questão sobre a qual gostaria de insistir: por que esta experiência tem de ser estendida 
a tempos futuros e a outros objetos que, pelo que sabemos, unicamente são similares em aparência. O 
pão que outrora comi alimentou-me, isto é, um corpo dotado de tais qualidades sensíveis estava, a este 
tempo, dotado de tais poderes desconhecidos. Mas, segue-se daí que este outro pão deve também 
alimentar-me como ocorreu na outra vez, e que qualidades sensíveis semelhantes devem sempre ser 
acompanhadas de poderes ocultos semelhantes? A consequência não parece de nenhum modo 
necessária. 
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995. 
O problema descrito no texto tem como consequência a 
a) universalidade do conjunto das proposições de observação. 
b) normatividade das teorias científicas que se valem da experiência. 
c) dificuldade de se fundamentar as leis científicas em bases empíricas. 
d) inviabilidade de se considerar a experiência na construção da ciência. 
e) correspondência entre afirmações singulares e afirmações universais. 
 
23. (Enem 2014 / 3ª Aplicação) 
Numa época de revisão geral, em que valores são contestados, reavaliados, substituídos e muitas vezes 
recriados, a crítica tem papel preponderante. Essa, de fato, é uma das principais características das Luzes, 
que, recusando as verdades ditadas por autoridades, submetem tudo ao crivo da crítica. 
KANT, I. O julgamento da razão. In: ABRÃO, B. S. (Org.) História da Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 1999. 
 
O Iluminismo tece críticas aos valores estabelecidos sob a rubrica da autoridade e, nesse sentido, propõe 
a) a defesa do pensamento dos enciclopedistas que,com seus escritos, mantinham o ideário religioso. 
b) o estímulo da visão reducionista do humanismo, permeada pela defesa de isenção em questões 
políticas e sociais. 
c) a consolidação de uma visão moral e filosófica pautada em valores condizentes com a centralização 
política. 
d) a manutenção dos princípios da metafísica, dando vastas esperanças de emancipação para a 
humanidade. 
e) o incentivo do saber, eliminando superstições e avançando na dimensão da cidadania e da ciência. 
 
 
24. Para responder à próxima questão, leia os dois textos abaixo. 
 
Texto I 
O renascimento científico deve ser compreendido, portanto, como a expressão da nova ordem burguesa. 
Os inventos e descobertas são inseparáveis da ciência, já que, para o desenvolvimento da indústria, a 
burguesia necessitava de uma ciência que investigasse as forças da natureza para, dominando-as, usá-las 
em seu benefício. 
Questões autorais 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
87 
A ciência não é mais a serva da teologia, deixa de ser um saber contemplativo, formal e finalista, para que, 
indissoluvelmente ligada à técnica, possa servir à nova classe. 
(Aranha, M. L. Arruda & Marins, M.H.Pires. Filosofando. São Paulo: Editora Ática: 1993, 2ª edição.) 
 
Texto II 
Você deve, antes de tudo, observar que a técnica concerne aos meios e não aos fins. Quero dizer que ela 
é uma espécie de instrumento que se põe a serviço de todos os tipos de objetivos, mas que ela mesma 
não os escolhe: é essencialmente a mesma técnica que servirá ao pianista para tocar tão bem o clássico 
quanto o jazz, a música antiga ou moderna, mas saber que obras ele vai escolher para interpretar não 
provém absolutamente de competência técnica. 
(Ferry, Luc. Aprender a Viver: filosofia para os novos tempos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2006). 
A partir da leitura dos dois textos é possível depreender que... 
a) A razão técnica poderia ser encarada como o mais elevado grau de realização da razão, 
proporcionando uma vida plena para o homem. 
b) A ciência ligada à técnica nivelou todas as ações humanas: de tocar piano a produzir mercadorias 
industriais. 
c) A capacidade de desenvolver técnicas de domínio da natureza é inquestionável, mas deve-se 
determinar para qual finalidade. 
d) A ciência moderna era inferior pois estava associada somente à contemplação, a ciência moderna 
ultrapassou esse patamar ao desenvolver tanto os meios quanto os fins. 
e) A ciência tecnicista, por não escolher as finalidades, desenvolveu-se de forma desinteressada, sem 
estar atrelada a qualquer grupo social. 
25. 
 
Para responder à próxima questão, observe o fragmento abaixo de René Descartes (1596-1650). 
 
“Mas, como um homem que caminha sozinho e nas trevas, decidi avançar tão lentamente e ser tão 
circunspecto em tudo que, se progredia muito pouco, evitava pelo menos cair. Não quis sequer começar 
rejeitando completamente qualquer das opiniões que se infiltraram outrora em minha crença sem terem 
sido introduzidas pela razão antes de empregar bastante tempo no projeto e na obra que empreendia na 
busca do verdadeiro método para chegar ao conhecimento de todas as coisas de que o meu espírito fosse 
capaz. 
(...) 
O primeiro era não tomar jamais coisa alguma por verdadeira a não ser que a conhecesse evidentemente 
como tal: quer dizer, evitar cautelosamente a precipitação e a prevenção; e só incluir em meus juízos o 
que se me apresentasse ao espírito de modo tão claro e nítido que não estivesse como colocá-lo em dúvida. 
“ 
(Descartes, René. Discurso do método. In: Marcondes, Danilo. Textos básicos de Filosofia. Rio de 
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2000, p. 82. ) 
Esse excerto de Descartes marca definitivamente o rompimento com a filosofia medieval. O que nesse 
fragmento pode ser considerado antimedieval? 
 
a) A ideia de que o período em que ele vivia era de trevas; 
b) A utilização do empirismo em contraposição ao pensamento fantasioso e sem rigor do período 
medieval; 
c) A revolta de Descartes em relação à ideia corrente no pensamento medieval de que a filosofia 
deveria ser a serva da teologia; 
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d) A determinação de não aceitar mais “verdades inquestionáveis”, a não ser que fossem provadas 
como indubitáveis pela razão; 
e) O antropocentrismo expresso no trecho “homem que caminha sozinho e nas trevas” em oposição 
à valorização excessiva de Deus e da Igreja da era medieval. 
 
 
Tendo o texto como referente julgue os itens 26 a 28 como corretos ou errados e faça o que é pedido 
no item 29. 
 
A grande construção do pensamento de Descartes se apresentou à cultura europeia como um sistema. E 
é esta, na verdade, uma das razões do seu sucesso extraordinário. Tal sistema se apresentava como 
fundado na razão; excluía definitivamente qualquer recurso a formas de ocultismo e de vitalismo, 
parecendo capaz de conectar ao mesmo tempo (de um modo diferente daquele que havia sido realizado 
pela Escolástica na Idade Média) a ciência da natureza, a filosofia natural e a religião; propiciava, enfim, 
em uma época cheia de incertezas que se relacionavam com as grandes viradas intelectuais, um quadro 
coerente, harmonioso e completo do mundo 
A penetração e a difusão do pensamento de Descartes foram lentas e difíceis; acompanhadas por 
acirradas polêmicas. Após ser banida das universidades de Utrecht e Leida já durante a década de 
quarenta, a filosofia de Descartes foi condenada em todos os Países Baixos por um edito do Sinodo de 
Dordrecht em 1656. Também a Igreja Católica em 1663 colocava no Index os escritos de Descartes. Na 
Itália o pensamento de Descartes se apresentou junto com o gassendismo e o baconismo, bem como 
com a herança conceitual de Telésio, Campanella e Galilei. Tommaso Cornelio “mandou trazer para 
Nápoles as obras de Renato dele Carte” (Descartes), Leonardo de Cápua, na sua obra Parere sulla 
nettezza delia medicina. (Parecer sobre a incerteza da medicina - n.d.t.) (1681), teoriza em torno da 
necessária conjunção da ciência cartesiana e galileana. Michelangelo Fardella de Trápani ensina a 
filosofia de Descartes em Pádua entre 1693-1709. 
ROSSI, Paolo. O nascimento da ciência moderna na Europa. Bauru; SP : EDUSC, 2001. Fragmento. 
 
 
26. Muitas das ideias de Descartes não eram novidade no círculo filosófico, mas a sistematização das 
ideias, a oposição à tradição e formulação de um método dão a esse pensador um lugar de destaque na 
filosofia. 
 
27. “A penetração e a difusão do pensamento de Descartes foram lentas e difíceis”, pois Descartes criou 
um sistema com várias aporias (paradoxo ou impasse). 
 
28. No texto, ao se afirmar que “Descartes se apresentou junto com o gassendismo e o baconismo, bem 
como com a herança conceitual de Telésio, Campanella e Galilei”, depreende-se que o filósofo francês 
estava sendo colocado no rol dos Renascentistas que provocaram uma mudança no pensamento europeu. 
 
29. No texto, a afirmação “tal sistema se apresentava como fundado na razão; excluía definitivamente 
qualquer recurso a formas de ocultismo e de vitalismo” significa que 
A- Descartes não discutiu qualquer pressuposto metafísico. 
B- A filosofia cartesiana parte de deduções evidentes. 
C- Descartes era agnóstico e ateu. 
D – Descartes expunha suas ideias sem ocultar nada e com muita vitalidade. 
 
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89 
30. Kant na Crítica da razão pura defende a tese de que os juízos produzidos pela razão têm duas fontes 
– a sensações e o conhecimento a priori (noção abstrata de tempo e espaço). Qualquer dado da realidade 
que não puder ser captado por uma dessas habilidades não será reconhecido. Qual consequência pode-
se deduzir dessa constatação? 
a) O empirismo é a única maneira de se conhecer o real. 
b) A mente humanaé capaz de conhecer qualquer coisa de forma progressiva. 
c) A lógica e a abstração a partir de ideias inatas nos fornecem pressupostos de verdade. 
d) Devemos aprender a aceitar nossas limitações epistemológicas ao mesmo tempo em que tentamos 
transcendê-las. 
e) Quem é mais inteligente continua mais inteligente. 
 
31. 
“Até agora se supôs que todo nosso conhecimento deveria regular-se pelos objetos; porém, todas as 
tentativas de, mediante conceitos, estabelecer algo “a priori” sobre os mesmos, através do que 
ampliaria o nosso conhecimento, fracassaram sob essa pressuposição.” 
(Kant, I. Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p.12 (adaptado) 
 
Assinale a alternativa que apresenta uma dedução coerente como o que Kant afirma. 
a) Apesar de tudo, não temos outra alternativa, se não regular nosso conhecimento pelos objetos. 
b) Não há possiblidade de regular nossos conhecimentos de nenhuma forma. 
c) É preciso partir de outro paradigma para se estabelecer o parâmetro para o conhecimento. 
d) Somente algo “a posteriori” permite considerar uma forma segura de se conhecer. 
e) Não é possível conhecer nada a partir de pressuposições. 
 
32.O termo “Metafísica” para Kant significa um conhecimento não-empírico ou racional. Combinando 
com o conceito de costumes, que designa todo o conjunto de leis ou regras de conduta que normatizam 
a ação humana, Kant chega ao conceito de Metafísica dos Costumes, que é o estudo de leis que regulam 
a conduta humana sob um ponto de vista essencialmente racional e não contaminado pela empiria. 
(Disponível emhttps://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-77/um-estudo-sobre-a-fundamentacao-
da-metafisica-dos-costumes-a-luz-de-immanuel-kant/ , acessado em 04.12.2019) 
Kant escreveu A Metafísica dos Costumes. Trata-se de um tratado sobre questões morais. No fragmento 
acima, o autor explica o significado dos termos envolvidos. Segundo o texto, o título expressa 
a) uma concepção racionalista que desconsidera a realidade empírica da moral como fonte de critérios 
para o bem agir. 
b) Uma concepção empirista na medida em que se serve de contraexemplos do cotidiano para propor 
um conjunto de virtudes a serem adotadas pelos indivíduos. 
c) Uma concepção transcendental que leva em consideração os parâmetros religiosos que puderem ser 
ratificados pela razão. 
d) Uma concepção idealista que supõe um conjunto de regras perfeitas capazes de normatizarem a ação 
humana. 
e) Uma concepção realista da moral, ele supõe que pratica e racionalização são igualmente importantes 
para a reflexão ética. 
 
33. 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
90 
“Tudo o que recebi, até presentemente, como o mais verdadeiro e seguro, aprendi-o dos sentidos ou 
pelos sentidos: ora, experimentei algumas vezes que esses sentidos eram enganosos, e é de prudência 
nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou alguma vez.” 
(DESCARTES, R. Meditações. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Coleção Os Pensadores). ______. 
Meditações Metafísicas. São Paulo: Martins Fontes, 2005.) 
 Nesse fragmento, Descartes 
a) revela seu ceticismo em relação ao conhecimento. 
b) expressa a importância que dá aos sentidos. 
c) mostra-se cético em relação aos sentidos. 
d) destaca a importância dos sentidos no conhecimento. 
e) considera a prudência como fundamental para acreditar no que os sentidos revelam. 
 
 
 
 
 
34. (UEL 2009) 
De há muito observara que, quanto aos costumes, é necessário às vezes seguir opiniões, que sabemos 
serem muito incertas, tal como se fossem indubitáveis [...]; mas, por desejar então ocupar-me somente 
com a pesquisa da verdade, pensei que era necessário agir exatamente ao contrário, e rejeitar como 
absolutamente falso tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se, após isso, não 
restaria algo em meu crédito, que fosse inteiramente indubitável [...] E, tendo notado que nada há no eu 
penso, logo existo, que me assegure de que digo a verdade, exceto que vejo muito claramente que, para 
pensar, é preciso existir, julguei poder tomar como regra geral que as coisas que concebemos mui clara e 
mui distintamente são todas verdadeiras [...]. 
(DESCARTES, R. Discurso do Método. Quinta Parte. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 46-
47.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Descartes, é correto afirmar. 
a) A dúvida metódica permitiu a Descartes compreender que todas as ideias verdadeiras procedem, 
mediata ou imediatamente, das impressões de nossos sentidos e pela experiência. 
b) A clareza e a distinção das ideias verdadeiras representam apenas uma certeza subjetiva, além da qual, 
apesar da radicalização da dúvida metódica, não se consegue fundamentar a objetividade da certeza 
científica. 
c) Somente com o cogito, a concepção cartesiana das ideias claras e distintas, inatas ao espírito humano, 
garante definitivamente que o objeto pensado pelo sujeito é determinado pela realidade fora do 
pensamento. 
d) Do exercício da dúvida metódica, no itinerário cartesiano, a certeza subjetiva do cogito constitui a 
primeira verdade inabalável e, portanto, modelo das ideias claras e distintas. 
e)A dúvida cartesiana, convertida em método, rende-se ao ceticismo e demonstra a impossibilidade de 
qualquer certeza consistente e definitiva quanto à capacidade do intelecto de atingir a verdade. 
 
35.(Uel 2017) 
Leia os textos a seguir. 
 
Questões de outros vestibulares
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
91 
Exercita-te primeiro, caro amigo, e aprende o que é preciso conhecer para te iniciares na política; antes, 
não. Então, primeiro precisarás adquirir virtude, tu ou quem quer que se disponha a governar ou a 
administrar não só a sua pessoa e seus interesses particulares, como a cidade e as coisas a ela pertinentes. 
Assim, o que precisas alcançar não é o poder absoluto para fazeres o que bem entenderes contigo ou com 
a cidade, porém justiça e sabedoria. 
 
PLATÃO, O primeiro Alcebíades. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2004. p. 281-285. 
 
 
Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a 
incapacidade de fazer uso do seu entendimento sem a direção de outro indivíduo... Sapere Aude! Tem 
coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. 
KANT, I. Resposta à pergunta: que é ‘Esclarecimento’ (‘Aufklärung’). Trad. Floriano de Souza Fernandes, 
2. ed. Petrópolis: Vozes, 1985. p. 100-117. 
Tendo em vista a compreensão kantiana do Esclarecimento (Aufklärung) para a constituição de uma 
compreensão tipicamente moderna do humano, assinale a alternativa correta. 
a) Fazer uso do próprio entendimento implica a destruição da tradição, na medida em que o poder da 
tradição impede a liberdade do pensamento. 
b) A superação da condição de menoridade resulta do uso privado da razão, em que o indivíduo faz uso 
restrito do próprio entendimento. 
c) A saída da menoridade instaura uma situação duradoura, pois as verdadeiras conquistas do 
Esclarecimento se afiguram como irreversíveis. 
d) A menoridade é uma tendência decorrente da natureza humana, sendo, por esse motivo, superada no 
Esclarecimento, com muito esforço. 
e) A condição fundamental para o Esclarecimento é a liberdade, concebida como a possibilidade de se 
fazer uso público da razão. 
 
36.(Uel 2017) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o texto a seguir e responda à(s) questão(ões). 
 
O tempo nada mais é que a forma da nossa intuição interna. Se a condição particular da nossa 
sensibilidade lhe for suprimida, desaparecetambém o conceito de tempo, que não adere aos próprios 
objetos, mas apenas ao sujeito que os intui. 
KANT, I. Crítica da razão pura. Trad. Valério Rohden e Udo Baldur Moosburguer. 
São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 47. Coleção Os Pensadores. 
 
 
Com base nos conhecimentos sobre a concepção kantiana de tempo, assinale a alternativa correta. 
a) O tempo é uma condição a priori de todos os fenômenos em geral. 
b) O tempo é uma representação relativa subjacente às intuições. 
c) O tempo é um conceito discursivo, ou seja, um conceito universal. 
d) O tempo é um conceito empírico que pode ser abstraído de qualquer experiência. 
e) O tempo, concebido a partir da soma dos instantes, é infinito. 
 
37.(Uem 2018) As linhas iniciais do Discurso do Método, de Descartes, afirmam, primeiramente, que o 
bom senso ou razão “é a coisa mais bem partilhada do mundo” e, posteriormente, a modo de 
complemento, que “não é suficiente ter o espírito bom, mas aplicá-lo bem”. 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
92 
 
A propósito dessas frases e de conhecimentos sobre o racionalismo de Descartes, assinale a(s) 
alternativa(s) correta(s). 
01) O uso da razão por si só não garante a identificação da verdade. 
02) A razão não se estende à análise da moralidade, pois esta diz respeito aos costumes e aos sentimentos 
humanos. 
04) Diferentemente da tradição agostiniana e escolástica, a razão cartesiana não é marcada pelo pecado 
original. 
08) O bom uso da razão está vinculado a condições determinadas de sua aplicação. 
16) A razão bem conduzida pode se voltar para os assuntos da fé e da religião. 
Soma das questões corretas: 
 
 
38.(UENP 2019) Leia o texto a seguir. 
Nosso método [...] consiste no estabelecer os graus de certeza, determinar o alcance exato dos sentidos 
e rejeitar, na maior parte dos casos, o labor da mente, calcado muito de perto sobre aqueles, abrindo e 
promovendo, assim, a nova e certa via da mente, que, de resto, provém das próprias percepções sensíveis. 
[...] A reverência à Antiguidade, o respeito à autoridade de homens tidos como grandes mestres de 
filosofia e o geral conformismo para com o atual estádio do saber e das coisas descobertas também muito 
retardaram os homens na senda do progresso das ciências, mantendo-os como que encantados. 
(BACON, F. Novum Organum. São Paulo: Abril Cultural, 1973, pp. 11 e 57.) 22 / 24 
Sobre o conhecimento em Francis Bacon, assinale a alternativa correta. 
a) Para Francis Bacon, os ídolos são compreendidos como noções e conceitos verdadeiros que facilitam a 
apreensão da realidade. 
b) Francis Bacon adota a lógica aristotélica e seu ideal dedutivista como método de descoberta para a 
nova ciência desenvolvida no mundo moderno. 
c) Francis Bacon é classificado como um filósofo racionalista uma vez que rejeita a necessidade da 
experiência. 
d) Francis Bacon, como escolástico, declara que a ciência é um conhecimento especulativo e uma opinião 
a ser sustentada. 
e) Francis Bacon aprecia o saber instrumental da ciência que possibilita a dominação da natureza e a 
superação do saber contemplativo. 
 
39.Q. (Uel 2010) 
Observe a tira e leia o texto a seguir: 
Observe a tira e leia o texto a seguir: 
 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
93 
 
(Macanudo. Folha de S. Paulo. Ilustrada E 7, segunda-feira, 27 jul. 2009.) 
Mas há um enganador, não sei quem, sumamente poderoso, sumamente astucioso que, por indústria, 
sempre me engana. Não há dúvida, portanto, de que eu, eu sou, também, se me engana: que me engane 
o quanto possa, nunca poderá fazer, porém, que eu nada seja, enquanto eu pensar que sou algo. De sorte 
que, depois de ponderar e examinar cuidadosamente todas as coisas é preciso estabelecer, finalmente, 
que este enunciado eu, eu sou, eu, eu existo é necessariamente verdadeiro, todas as vezes que é por mim 
proferido ou concebido na mente. (DESCARTES, R. Meditações sobre Filosofia Primeira. Tradução, nota 
prévia e revisão de Fausto Castilho. Campinas: Unicamp, 2008, p. 25.) 
Com base na tira e no texto, sobre o cogito cartesiano, é correto afirmar: 
a) A existência decorre do ato de aparecer e se apresenta independente da essência constitutiva do ser. 
b) A existência é manifesta pelo ato de pensar que, ao trazer à mente a imagem da coisa pensada, assegura 
a sua realidade. 
c) A existência é concebida pelo ato originário e imaginativo do pensamento, o qual impede que a 
realidade seja mera ficção. 
d) a existência é a plenitude do ato de exteriorização dos objetos, cuja integridade é dada pela 
manifestação da sua aparência. 
e) A existência é a evidência revelada ao ser humano pelo ato próprio de pensar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
94 
8.1 Gabarito 
 
 
 
9. Questões resolvidas e comentadas 
 
1. (Unesp 2018) 
Não é verdade que estão ainda cheios de velhice espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia Deus antes 
de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e nada realizava”, dizem eles, “por que não ficou sempre assim 
no decurso dos séculos, abstendo-se, como antes, de toda ação? Se existiu em Deus um novo movimento, 
uma vontade nova para dar o ser a criaturas que nunca antes criara, como pode haver verdadeira 
eternidade, se n’Ele aparece uma vontade que antes não existia?” 
AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Abril Cultural, 1984. 
A questão da eternidade, tal como abordada pelo autor, é um exemplo da reflexão filosófica sobre a(s) 
a) essência da ética cristã. 
b) natureza universal da tradição. 
c) certezas inabaláveis da experiência. 
d) abrangência da compreensão humana. 
e) interpretações da realidade circundante. 
Comentário. 
Alternativa "a" está incorreta. O texto discute uma questão que não é ética, mas de lógica: por que Deus 
criou o mundo? É o mundo necessário? 
Alternativa "b" está incorreta. O texto gira em torno de uma pergunta para a qual a tradição, isto é a 
Bíblia, não dá resposta; logo, não se pode falar em “natureza universal da tradição”. 
Questões UNESP
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
95 
Alternativa "c" está incorreta. Saber o que Deus fazia antes do mundo é uma questão para a qual só se 
pode imaginar ou deduzir, ninguém poderia ter vivenciado isso, a não ser o próprio Deus. 
Alternativa "d" está correta. A pergunta que Agostinho faz demonstra que há questões para as quais não 
temos resposta, ou seja, o fragmento faz refletir sobre “a abrangência da compreensão humana”. 
Alternativa "e" está incorreta. O foco da reflexão é Deus e sua experiência antes da criação do mundo, 
ora, isso não tem a ver com a realidade circundante. 
Gabarito: D. 
 
2. (Unesp 2019) 
 
De fato, não é porque o homem pode usar a vontade livre para pecar que se deve supor que Deus a 
concedeu para isso. Há, portanto, uma razão pela qual Deus deu ao homem esta característica, pois sem 
ela não poderia viver e agir corretamente. Pode-se compreender, então, que ela foi concedida ao homem 
para esse fim, considerando-se que se um homem a usa para pecar, recairão sobre ele as punições divinas. 
Ora, isso seria injusto se a vontade livre tivesse sido dada ao homem não apenas para agir corretamente, 
mas também para pecar. Na verdade, por que deveria ser punido aquele que usasse sua vontade para o 
fim para o qual ela lhe foi dada? 
AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos básicos de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 
2008. 
Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona sustenta que a punição divina tem como 
fundamento o 
a) A desvio da postura celibatária. 
b) insuficiência da autonomia moral. 
c) afastamento das ações de desapego. 
d) distanciamento das práticas de sacrifício. 
e) violação dos preceitosdo Velho Testamento. 
Comentário. 
Alternativa "a" está incorreta. Como o próprio título revela, nesse texto, Agostinho discute o livre-arbítrio 
e não o celibato, aliás, não há menção sequer ao sexo. 
Alternativa "b" está correta. Segundo o autor, Deus deu ao homem o livre-arbítrio e a capacidade de 
escolher por conta própria (autonomia moral); ele pode usar mal essa autonomia e escolher o caminho 
do pecado, nesse caso, ele é culpado de usar de forma insuficiente o que Deus lhe deu. 
Alternativa "c" está incorreta. O texto não discute “desapego”. 
Alternativa "d" está incorreta. Não há no texto menção a práticas de sacrifício. 
Alternativa "e" está incorreta. Nesse fragmento, o autor não discute a noção de pecado, mas deve-se 
lembrar que Agostinho é cristão e considera o Novo Testamento como fonte de definição do que deve ser 
feito. 
Gabarito: B 
 
3. ( Unesp 2018) 
Desde que tenhamos compreendido o significado da palavra “Deus”, sabemos, de imediato, que Deus 
existe. Com efeito, essa palavra designa uma coisa de tal ordem que não podemos conceber nada que 
lhe seja maior. Ora, o que existe na realidade e no pensamento é maior do que o que existe apenas no 
pensamento. Donde se segue que o objeto designado pela palavra “Deus”, que existe no pensamento, 
desde que se entenda essa palavra, também existe na realidade. Por conseguinte, a existência de Deus é 
evidente. 
TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. Rio de Janeiro: Loyola, 2002. 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
96 
O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás de Aquino caracterizada por 
a) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos. 
b) sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé. 
c) explicar as virtudes teologais pela demonstração. 
d) flexibilizar a interpretação oficial dos textos sagrados. 
e) justificar pragmaticamente crença livre de dogmas. 
Comentário. 
Alternativa "a" está incorreta. “Ortodoxo” pode ser entendido como tradicional. Na religião, isso significa 
considerar os dogmas já discutidos no passado como certezas, ora, esse fragmento não discute um 
dogma, mas apresenta um raciocínio para provar a existência de Deus. 
Alternativa "b" está correta. Para provar a existência de Deus, São Tomás recorre a um silogismo. Parte 
da definição de Deus e deduz que tal definição só tem sentido se ela contiver a existência. Ora, esse é um 
procedimento racional para provar que a fé em Deus faz sentido. 
Alternativa "c" está incorreta. O texto não discute as virtudes teologais (fé, virtude e caridade). 
Alternativa "d" está incorreta. Não há menção a texto sagrado que deva ser interpretado; o autor discorre 
sobre o sentido da palavra Deus. 
Alternativa "e" está incorreta. “Pragmático” refere-se a uma abordagem realista, prática, o texto discute 
um conceito abstrato submetendo-o a raciocínio lógico. 
Gabarito: B 
4. (Unesp Final de 2017) 
A grande síntese da ciência moderna, estabelecendo as leis físicas do movimento por meio de equações 
matemáticas e respondendo a todas as questões surgidas com a cosmologia de Copérnico, foi obra de 
Isaac Newton. Com ela, a física adquiriu um caráter de previsibilidade capaz de impressionar o homem 
moderno. A evolução do pensamento científico, iniciada por Galileu e Descartes, em direção à concepção 
de uma natureza descrita por leis matemáticas chegava, assim, a seu grande desabrochar. 
(Claudio M. Porto e Maria Beatriz D. S. M. Porto. “A evolução do pensamento cosmológico e o 
nascimento da ciência moderna”. In: Revista brasileira de ensino de física, vol. 30, no 4, 2008. 
Adaptado.) 
 
A base da grande síntese newtoniana foi, de certa forma, preparada pelo humanismo renascentista, que 
(A) estabelece uma perspectiva dualista da realidade, fundamentada na filosofia grega. 
(B) restringe o entendimento da natureza, tornando-a objeto de investigação somente da física. 
(C) recupera teorias da Antiguidade para explicar a natureza, com ênfase em uma perspectiva 
mitológica. 
(D) resgata o racionalismo da Antiguidade, valorizando o homem no debate científico. 
(E) mantém o quadro geral de conhecimentos teológicos, tais como os utilizados durante a Idade Média. 
Comentário. 
Alternativa "a" está incorreta. O dualismo da filosofia grega refere-se à divisão entre ideia e materialidade 
do mundo, algo não discutido pela síntese newtoniana. 
Alternativa "b" está incorreta. O humanismo renascentista, como o nome já diz, incluiu uma visão 
antropocêntrica ao desenvolvimento da ciência, ou seja, ele não restringia o conhecimento. 
Alternativa "c" está incorreta. Tanto o Renascimento quanto a perspectiva newtoniana baseiam-se numa 
perspectiva experimental e não-mitológica do mundo. 
Alternativa "d" está correta. O termo humanismo refere-se justamente à valorização “do homem no 
debate científico” e isto ocorreu dentro da revalorização do racionalismo grego. 
Alternativa "e" está incorreta. A discussão científica, a partir do Renascimento, dispensa a discussão 
teológica. 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
97 
Gabarito: D 
 
5.UNESP 2019 
Galileu tornou-se o criador da física moderna quando anunciou as leis fundamentais do movimento. 
Formulando tais princípios, ele estruturou todo o conhecimento científico da natureza e abalou os 
alicerces que fundamentavam a concepção medieval do mundo. Destruiu a ideia de que o mundo 
possui uma estrutura finita, hierarquicamente ordenada e substituiu-a pela visão de um universo 
aberto, infinito. Pôs de lado o finalismo aristotélico e escolástico, segundo o qual tudo aquilo que 
ocorre na natureza ocorre para cumprir desígnios superiores; e mostrou que a natureza é 
fundamentalmente um conjunto de fenômenos mecânicos. 
 
(𝗝𝗼𝘀𝗲 𝗔𝗺𝗲𝗿𝗶𝗰𝗼 𝗠. 𝗣𝗲𝘀𝘀𝗮𝗻𝗵𝗮. , Galileu Galilei 𝟮𝟬𝟬𝟬. 𝗔𝗱𝗮𝗽𝘁𝗮𝗱𝗼.) 
 
A importância da obra de Galileu para o surgimento da ciência moderna justifica-se porque seu 
pensamento 
(A) resgatou uma concepção medieval de mundo. 
(B) baseou-se em uma visão teológica sobre a natureza. 
(C) fundamentou-se em conceitos metafísicos. 
(D) fundou as bases para o desenvolvimento da alquimia. 
(E) atribuiu regularidade matemática aos fenômenos naturais. 
 
 
 
Comentário 
Alternativa "a" está incorreta. Galileu dá os primeiros passos para o nascimento da ciência moderna, um 
deles é o rompimento com a Filosofia medieval, basta lembrar que ele entrou em choque com a Igreja . 
Alternativa "b" está incorreta. Galileu “pôs de lado o finalismo aristotélico”, ou seja, ele abandonou a 
ideia de um universo feito para a vontade de Deus. 
Alternativa "c" está incorreta. Galileu baseia-se na física, naquilo que pode ser observado, não em ideias 
baseadas em dogmas (metafísicas). 
Alternativa "d" está incorreta. A alquimia baseava-se em pressupostos metafísicos e mágicos, Galileu só 
chegou a conclusões que pudessem se basear em observações materiais da realidade. 
Alternativa "e" está correta. Galileu foi um dos primeiros pensadores a se valer da matemática de forma 
prática, ou seja, ele trouxe a matemática pura para o reino da natureza, aliás, é isso que dá início à 
ciência moderna. 
Gabarito: e 
 
 
 
6.UNESP 2018 
Posto que as qualidades que impressionam nossos sentidos estão nas próprias coisas, é claro que as 
ideias produzidas na mente entram pelos sentidos. O entendimento não tem o poder de inventar ou 
formar uma única ideia simples na mente que não tenha sido recebida pelos sentidos. Gostaria que 
alguém tentasse imaginar um gosto que jamais impressionou seu paladar, ou tentasse formar a 
ideia de um aroma que nunca cheirou. Quando puder fazer isso, concluirei também que um cego 
tem ideias das cores, e um surdo, noções reais dos diversos sons. 
 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
98 
(John Locke. Ensaio acerca do entendimento humano, 1991.Adaptado.) 
 
De acordo com o filósofo, todo conhecimento origina-se 
 
(A) da reminiscência de ideias originalmente transcendentes. 
(B) da combinação de ideias metafísicas e empíricas. 
(C) de categorias a priori existentes na mente humana. 
(D) da experiência com os objetos reais e empíricos. 
(E) de uma relação dialética do espírito humano com o mundo. 
 
Comentários 
Alternativa "a" está incorreta. Locke defende a tese de que todo conhecimento se origina nos sentidos e 
não nas ideias transcendentes ( ideias inatas). 
Alternativa "b" está incorreta. Ideias metafísicas são ideias transcendentes ou inatas, tese contra a qual 
Locke escreve seu Ensaio sobre o entendimento humano. 
Alternativa "c" está incorreta. Ele deixa claro que não há nada de a priori na mente. 
Alternativa "d" está correta. Os sentidos são a forma como o homem percebe sua relação com os 
objetos. Logo, o conhecimento decorre da experiência empírica. 
Alternativa "e" está incorreta. A ideia de ”espírito humano” supõe uma essência anterior ao próprio ato 
de conhecer, que Locke nega. Para ela, o conhecimento é material e envolve o sujeito e o objeto. 
Gabarito: C 
 
 
 
 
7.UNESP 2018 
Nada acusa mais uma extrema fraqueza de espírito do que não conhecer qual é a infelicidade de um 
homem sem Deus; nada marca mais uma má disposição do coração do que não desejar a verdade 
das promessas eternas; nada é mais covarde do que fazer-se de bravo contra Deus. Deixem então 
essas impiedades para aqueles que são bastante mal nascidos para ser verdadeiramente capazes 
disso. Reconheçam enfim que não há senão duas espécies de pessoas a quem se possam chamar 
razoáveis: ou os que servem a Deus de todo o coração porque o conhecem ou os que o buscam de 
todo o coração porque não o conhecem. 
 
(Blaise Pascal. Pensamentos, 2015. Adaptado.) 
 
O pensamento desse filósofo é nitidamente influenciado por uma ótica 
(A) científica. 
(B) ateísta. 
(C) antropocêntrica. 
(D) materialista. 
(E) teológica. 
 
Comentários 
Alternativa "a" está incorreta. Pascal não apela para o método científico para falar sobre Deus, até 
porque um ser de tal porte não poderia ser explicado de forma empírica 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
99 
Alternativa "b" está incorreta. Pascal defende a existência de Deus. 
Alternativa "c" está incorreta. No texto, Deus passa a ser o centro da atenção humana, ou seja, é 
teocêntrico. 
Alternativa "d" está incorreta. Um texto materialista falaria de causas materiais; Deus é uma causa 
sobrenatural. 
 Alternativa "e" está correta. Percebe-se o quanto o autor reverência Deus, ao se ler: “nada marca mais 
uma má disposição do coração do que não desejar a verdade das promessas eternas; nada é mais 
covarde do que fazer-se de bravo contra Deus”. 
Gabarito: E 
 
 
8.UNESP 2017 
O alvo dos ataques extremistas é o Iluminismo. E a melhor defesa é o próprio Iluminismo. “Por mais que 
seus valores estejam sendo atacados por elementos como os fundamentalistas americanos e o 
islamismo radical, isto é, pela religião organizada, o Iluminismo continua sendo a força intelectual e 
cultural dominante no Ocidente. O Iluminismo continua oferecendo uma arma contra o fanatismo”. 
Estas palavras do historiador britânico Anthony Pagden chegam em um momento em que algumas 
forças insistem em dinamitar a herança do Século das Luzes. “O Iluminismo é um projeto importante e 
em incessante evolução. Proporciona uma imagem de um mundo capaz tanto de alcançar certo grau de 
universalidade quanto de libertar- -se das restrições do tipo de normas morais oferecidas pelas 
comunidades religiosas e suas análogas ideologias laicas: o comunismo, o fascismo e, agora, inclusive, o 
comunitarismo”, afirma Pagden. 
 
(Winston Manrique Sabogal. “‘O Iluminismo continua oferecendo uma arma contra o fanatismo’”. 
www.unisinos.br. Adaptado.) 
 
No texto, o Iluminismo é entendido como 
(A) um impulso intelectual propagador de ideologias políticas e religiosas contrárias à hegemonia 
do Ocidente. 
(B) um movimento filosófico e intelectual de valorização da razão, da liberdade e da autonomia, 
restrito ao século XVIII. 
(C) uma tendência de pensamento legitimadora do domínio colonialista e imperialista exercido 
pelas nações europeias. 
(D) um projeto intelectual eurocêntrico baseado em imagens de mundo dotadas de universalidade 
teológica 
(E) uma experiência intelectual racional e emancipadora, de origem europeia, porém passível de 
universalização. 
 
Comentários 
Alternativa "a" está incorreta. O Iluminismo é contra o fundamentalismo religioso, ou seja, não pode ser 
entendido como um impulso propagador de ideologias religiosas. 
Alternativa "b" está incorreta. A definição de Iluminismo no começo do texto procede, trata-se de um 
movimento filosófico de valorização da razão, mas, se estamos discutindo esse movimento ainda hoje, 
ele não está restrito ao século XVIII. 
Alternativa "c" está incorreta. O autor faz uma defesa do Iluminismo; dizer que ele é legitimador do 
colonialismo é fazer uma crítica; essa ideia não está no fragmento. 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – EPISTEMOLOGIA II 
 
 
AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
100 
Alternativa "d" está incorreta. É verdade que se trata de algo eurocêntrico, mas não é baseado em 
imagens dotadas de universalidade teológica, uma vez que o movimento propunha um ponto de vista 
laico da sociedade. 
Alternativa "e" está correta. O Iluminismo propunha o uso da razão, justificando direitos que devem 
valer para todos os homens, o que pode ser lido no seguinte trecho: “Proporciona uma imagem de um 
mundo capaz tanto de alcançar certo grau de universalidade quanto de libertar-se das restrições...” 
Gabarito: E 
 
 
9.UNESP 2013 
A modernidade não pertence a cultura nenhuma, mas surge sempre CONTRA uma cultura particular, 
como uma fenda, uma fissura no tecido desta. Assim, na Europa, a modernidade não surge como um 
desenvolvimento da cultura cristã, mas como uma crítica a esta , feita por indivíduos como Copérnico, 
Montaigne, Bruno, Descartes, indivíduos que, na medida em que a criticavam, já dela se separavam, já 
dela se desenraizavam. A crítica faz parte da razão que, não pertencendo a cultura particular nenhuma, 
está em princípio disponível a todos os seres humanos e culturas. Entendida desse modo, a 
modernidade não consiste numa etapa da história da Europa ou do mundo, mas numa postura crítica 
ante a cultura, postura que é capaz de surgir em diferentes momentos e regiões do mundo, como na 
Atenas de Péricles, na Índia do imperador Ashoka ou no Brasil de hoje. 
 
(𝗔𝗻𝘁𝗼𝗻𝗶𝗼 𝗖𝗶𝗰𝗲𝗿𝗼. 𝗥𝗲𝘀𝗲𝗻𝗵𝗮 𝘀𝗼𝗯𝗿𝗲 𝗼 𝗹𝗶𝘃𝗿𝗼 “𝗢 𝗥𝗼𝘂𝗯𝗼 𝗱𝗮 𝗛𝗶𝘀𝘁𝗼𝗿𝗶𝗮”. Atenas de Péricles, 𝟬𝟭.𝟭𝟭.𝟮𝟬𝟬𝟴. 
𝗔𝗱𝗮𝗽𝘁𝗮𝗱𝗼.) 
 
Com a leitura do texto, a modernidade pode ser entendida como 
(A) uma tendência filosófica especificamente europeia e ocidental de crítica cultural e religiosa. 
(B) uma tendência oposta a diversas formas de desenvolvimento da autonomia individual. 
(C) um conjunto de princípios morais absolutos, dotados de fundamentação teológica e cristã. 
(D) um movimento amplo de propagação da crítica racional a diversas formas de preconceito. 
(E) um movimento filosófico desconectado dos princípios racionais do iluminismo europeu. 
 
Comentários 
Alternativa "a" está correta. Com esse fragmento de Bacon, é possível responder. O autor deixa claro 
que a ciência deve rejeitar o senso comum de se inclinar para a verdade que se prefere, pautada pela 
superstição, pelo orgulho e arrogância, elementos associados à paixão ou preconceito. 
Alternativa "b" está incorreta. O paradigma de Descartes também supõe não aceitar a tradição e 
eliminar a paixão, ao lidar com o conhecimento. Nesse sentido, Bacon estaria concordando com 
Descartes. 
Alternativa "c" está incorreta. Bacon defendia a ciência renascentista baseada no empirismo, jamais 
defenderia o inatismo.Alternativa "d" está incorreta. O autor se coloca contra os aspectos sentimentais, o que se pode ler no 
final do fragmento, quando, criticando o homem comum com sua opinião, ele afirma “enfim, inúmeras 
são as fórmulas pelas quais o sentimento, quase sempre imperceptivelmente, se insinua e afeta o 
intelecto”. 
Alternativa "e" está incorreta. O autor está valorizando a frieza do trabalho científico, também 
conhecida como objetividade. 
Gabarito: A 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
101 
 
 
10. (Enem 2020) 
 
Adão, ainda que supuséssemos que suas faculdades racionais fossem inteiramente perfeitas desde o 
início, não poderia ter inferido da fluidez e transparência da água que ela o sufocaria, nem da 
luminosidade e calor do fogo que este poderia consumi-lo. Nenhum objeto jamais revela, pelas 
qualidades que aparecem aos sentidos, nem as causas que o produziram, nem os efeitos que dele 
provirão, e tampouco nossa razão é capaz de extrair, sem auxilio da experiência, qualquer conclusão 
referente à existência efetiva de coisas ou questões de fato. 
 
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento humano São Paulo: Unesp. 2003. 
 
Segundo o autor, qual é a origem do conhecimento humano? 
A)A potência inata da mente. 
B)A revelação da inspiração divina. 
C)O estudo das tradições filosóficas. 
D)A vivência dos fenômenos do mundo. 
E)O desenvolvimento do raciocínio abstrato. 
 
Comentário. 
 
Alternativa "a" está incorreta.Hume não acredita em ideias inatas. No texto, ele deixa claro que 
somente a experiência é responsável pelo conhecimento do que a água pode causar, por exemplo. 
Alternativa "b" está incorreta.O texto sequer menciona qualquer coisa relacionada ao divino. 
Alternativa "c" está incorreta. O autor menciona elementos da natureza sem referência a qualquer 
grande pensador do passado(tradição). 
Alternativa "d" está correta.Hume diz que somente a experiência, ou seja, a vivência pode dar 
conhecimento de que a água, por exemplo, pode causar afogamento. 
Alternativa "e" está incorreta. Para Hume, somente a experiência pode produzir conhecimento, o 
raciocínio abstrato é posterior às impressões fortes provocadas pelos fenômenos através dos sentidos. 
Gabarito: D 
 
 
11 (Enem 2019) 
TEXTO I 
 
Os segredos da natureza se revelam mais sob a tortura dos experimentos do que no seu curso natural. 
 
BACON, F. Novum Organum, 1620. In: HADOT, P. O véu de Ísis: ensaio sobre a história da ideia de 
natureza. São Paulo: Loyola, 2006. 
 
TEXTO II 
 
Questões ENEM 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
102 
O ser humano, totalmente desintegrado do todo, não percebe mais as relações de equilíbrio da 
natureza. Age de forma totalmente desarmônica sobre o ambiente, causando grandes desequilíbrios 
ambientais. 
 
GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Campinas: Papirus, 1995. 
 
Os textos indicam uma relação da sociedade diante da natureza caracterizada pela. 
A)objetificação do espaço físico. 
B)retomada do modelo criacionista. 
C)recuperação do legado ancestral. 
D)infalibilidade do método científico. 
E)formação da cosmovisão holística. 
 
Comentário. 
Alternativa "a" está correta. Bacon justifica a tortura da natureza sob os experimentos, ou seja, o uso do 
qualquer coisa da natureza para fins de conhecimento e instrumentalização; o segundo texto, ao falar 
sobre desarmonia provocada pelo homem, faz alusão a esse processo em que o homem põe e dispõe 
dos elementos da natureza. 
Alternativa "b" está incorreta. O modelo criacionista remete à discussão teológica; os textos não 
mencionam Deus nem tampouco a responsabilidade do homem ao lidar com natureza, criação divina. 
Alternativa "c" está incorreta. Bacon se refere à ciência nascente que rompe com o legado ancestral, 
com a tradição. 
Alternativa "d" está incorreta. Bacon não discute se o método científico é falho ou não, mas a 
capacidade de a ciência permitir “torturar a natureza”; o segundo texto indica apenas as consequências 
gerais do método, sem discutir sua infabilidade. 
Alternativa "e" está incorreta. “Cosmovisão holística” significa ter uma perspectiva integrada entre 
homem e natureza; acreditar que aquilo que se faz à natureza também produz efeitos no homem. A 
ciência instrumental age como se a natureza fosse uma fonte inesgotável de matéria a seu bel prazer 
sem qualquer consequência para o homem; ou seja, tem uma perspectiva objetivista e não holística. 
Gabarito: A 
 
12. (Enem/ 2018) 
 
Quando analisamos nossos pensamentos ou ideias, por mais complexos e sublimes que sejam, sempre 
descobrimos que se resolvem em ideias simples que são cópias de uma sensação ou sentimento 
anterior. Mesmo as ideias que, à primeira vista, parecem mais afastadas dessa origem mostram, a um 
exame mais atento, ser derivadas dela. 
 
HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973. 
 
Depreende-se deste excerto da obra de Hume que o conhecimento tem a sua gênese na. 
A)convicção inata. 
B)dimensão apriorística. 
C)elaboração do intelecto. 
D)percepção dos sentidos. 
E)realidade trascendental. 
Comentário. 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
103 
Alternativa "a" está incorreta. A convicção é uma ideia ou opinião e ela só pode surgir depois da 
experiência, da sensação, ou seja, a convicção não é fonte de conhecimento. 
Alternativa "b" está incorreta. A priori” significa que há algo antes na mente, ora, Hume está dizendo 
que a ideia brota do experiência no aqui e agora, não fala que há algum elemento anterior à 
experiência. 
Alternativa "c" está incorreta. Para Hume qualquer elaboração do intelecto significa um afastamento da 
origem que é a sensação. 
Alternativa "d" está correta. O texto deixa claro que, para Hume, quaisquer ideias “são cópias de uma 
sensação ou sentimento anterior”. 
Alternativa "e" está incorreta. Realidade transcendental significa uma realidade sobrenatural que não 
poderia ser percebida pelos sentidos, algo que o filósofo nega: “Quando analisamos nossos 
pensamentos ou ideias, por mais complexos e sublimes que sejam, sempre descobrimos que se 
resolvem em ideias simples que são cópias de uma sensação ou sentimento anterior.” 
 
Gabarito: D 
 
13. (Enem 2016) 
O século XVIII é, por diversas razões, um século diferenciado. Razão e experimentação se aliavam no que 
se acreditava ser o verdadeiro caminho para o estabelecimento do conhecimento científico, por tanto 
tempo almejado. O fato, a análise e a indução passavam a ser parceiros fundamentais da razão. É ainda 
no século XVIII que o homem começa a tomar consciência de sua situação na história. 
 
ODALIA, N. In: PINSKY, J.; PINSKY, C. B. História da cidadania. São Paulo: Contexto,2003. 
 
No ambiente cultural do Antigo Regime, a discussão filosófica mencionada no texto tinha como uma de 
suas características a. 
A) aproximação entre inovação e saberes antigos. 
B) conciliação entre revelação e metafísica platônica. 
C)vinculação entre escolástica e práticas de pesquisa. 
D)separação entre teologia e fundamentalismo religioso. 
E) contraposição entre clericalismo e liberdade de pensamento. 
Comentário. 
 
Alternativa "a" está incorreta. O Iluminismo representava uma ruptura com os saberes antigos e não 
uma aproximação. 
Alternativa "b" está incorreta. O termo “revelação” remete ao dogmatismo religioso, algo contrário ao 
espírito do Iluminismo. 
Alternativa "c" está incorreta. A escolástica é sinônimo de conhecimento medieval baseado na dedução; 
o Iluminismo se contrapõe a isso. 
Alternativa "d" está incorreta. Esse tipo de separação seria próprio do campo da religião, o Iluminismo é 
laico. 
Alternativa "e" está correta. O Iluminismo defende a liberdade de pensamento e, sendo assim, 
contrapõe-se ao clericalismo. 
Gabarito :E 
 
 
 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
104 
14. (Enem 2016 3ª aplicação) 
Enquanto o pensamento de Santo Agostinho representa o desenvolvimento de uma filosofia cristã 
inspirada em Platão, o pensamento de São Tomás reabilita a filosofia de Aristóteles – até então vista sob 
suspeita pela Igreja –, mostrando ser possível desenvolver uma leitura de Aristóteles compatível com a 
doutrina cristã. O aristotelismo de São Tomás abriu caminho para o estudo da obra aristotélica e para a 
legitimação do interesse pelas ciências naturais, um dos principais motivos do interesse por Aristóteles 
nesse período. 
MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. 
 
A Igreja Católica por muito tempo impediu a divulgação da obra de Aristóteles pelo fato de a obra 
aristotélica 
a) valorizar a investigação científica, contrariando certos dogmas religiosos. 
b) declarar a inexistência de Deus, colocando em dúvida toda a moral religiosa. 
c) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de outras instituições religiosas. 
d) evocar pensamentos de religiões orientais, minando a expansão do cristianismo. 
e) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos antirreligiosos, seguindo sua teoria política. 
 
Comentário. 
Alternativa "a" está correta. No próprio fragmento apresentado, o autor deixa claro que a obra de 
Aristóteles permitiu a São Tomás de Aquino legitimar o interesse pela ciência, ou seja, a leitura de 
Aristóteles “valoriza a investigação científica”. 
Alternativa "b" está incorreta. Aristóteles acredita no “motor imóvel” que poderia ser identificado com 
Deus, nesse sentido, não se pode dizer que ao ler Aristóteles alguém declararia a inexistência de Deus. 
Alternativa "c" está incorreta. Talvez a leitura de Aristóteles pudesse levar alguém a criticar a religião 
como um todo e não especificamente a Igreja Católica. 
Alternativa "d" está incorreta. Aristóteles não evoca religiões orientais e não se pode dizer que, se alguém 
lesse Aristóteles, essa pessoa começaria a defender tais crenças. 
Alternativa "e" está incorreta. A teoria política de Aristóteles apenas sistematiza os governos que existem 
e avalia qual seria melhor. Ou seja, tal teoria não teria como consequência “contribuir para o 
desenvolvimento de sentimentos antirreligiosos. 
Gabarito: A 
15. (Enem 2015) 
Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja 
diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados pelo impulso dos ventos 
contrários, não chegaria ao fim de destino, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem 
o homem um fim, para o qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de 
modos diversos em vista do fim, o que a própria diversidade dos esforços e ações humanas comprova. 
Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim. 
 
AQUINO. T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de São Tomás de 
Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado). 
 
No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de 
a) refrear os movimentos religiosos contestatórios. 
b) promover a atuação da sociedade civil na vida política. 
c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum. 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
105 
d) reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística. 
e) dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual. 
Comentário. 
Alternativa "A" está incorreta. A metáfora do navio deve ser entendida como direção política, o político 
deve conduzir o povo para o porto seguro, o bem comum. 
Alternativa "B" está incorreta. O autor está se referindo à atuação do governo na sociedade civil e não o 
contrário. 
Alternativa "C" está correta. São Tomás afirma: “é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja 
diretamente o devido fim.” Ou seja, ele acredita que um governante é capaz de unir a sociedade. 
Alternativa "D" está incorreta. O texto fala do governo e não de questões religiosas. 
Alternativa "E" está incorreta. No fragmento, ele discute a direção da cidade ou do Estado e não a relação 
entre Igreja e Estado. 
Gabarito: C 
 
16. (Enem 2019 PPL) 
A ciência ativa rompe com a separação antiga entre a ciência (episteme), o saber teórico, e a técnica 
(techne), o saber aplicado, integrando ciência e técnica. Do ponto de vista da ideia de ciência, a valorização 
da observação e do método experimental opõe a ciência ativa à ciência contemplativa dos antigos; assim 
também, a utilização da matemática como linguagem da física, proposta por Galileu sob inspiração 
platônica e pitagórica, e contrária à concepção aristotélica. 
 
MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 2008 (adaptado). 
 
Nesse contexto, a ciência encontra seu novo fundamento na 
a) utilização da prova para confirmação empírica. 
b) apropriação do senso comum como inspiração. 
c) reintrodução dos princípios da metafísica clássica. 
d) construção do método em separado dos fenômenos. 
e) consolidação da independência entre conhecimento e prática. 
Comentário. 
Alternativa "a" está correta. “Confirmação empírica” significa propor uma teoria que possa ser 
comprovada pela experiência, ideia que está expressa quando se afirma que a ciência moderna promove 
a” valorização da observação e do método experimental”. 
Alternativa "b" está incorreta. A ciência rejeita o senso comum em seu método. 
Alternativa "c" está incorreta. Reintroduzir a metafísica supõe permitir a abertura para noções 
sobrenaturais e até religiosas, algo que desconfiguraria a ciência como nós a entendemos. 
Alternativa "d" está incorreta. A ciência precisa da confirmação empírica, ou seja, da confirmação dos 
fenômenos. 
Alternativa "e" está incorreta. O texto deixa claro que, no método científico, conhecimento e prática são 
interdependentes no seguinte trecho: “A ciência ativa rompe com a separação antiga entre a ciência 
(episteme), o saber teórico, e a técnica (techne), o saber aplicado, integrando ciência e técnica.” 
Gabarito: A 
 
17. (Enem Libras 2017) 
 
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106 
Galileu, que detinha uma verdade científica importante, abjurou-a com a maior facilidade, quando ela lhe 
pôs a vida em perigo. Em um certo sentido, ele fez bem. Essa verdade valia-lhe a fogueira. Se for a Terra 
ou o Sol que gira em torno um do outro é algo profundamente irrelevante. Resumindo as coisas, é um 
problema fútil. Em compensação, vejo que muitas pessoas morrem por achar que a vida não vale a pena 
ser vivida. Vejo outras que se fazem matar pelas ideias ou ilusões que lhes proporcionam uma razão de 
viver (o que se chama de razão de viver é, ao mesmo tempo, uma excelente razão de morrer). Julgo, 
portanto, que o sentido da vida é a questão mais decisiva de todas. E como responder a isso? 
CAMUS, A. O mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo. Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado). 
 
O texto apresenta uma questão fundamental, na perspectiva da filosofia contemporânea, que consiste 
na reflexão sobre vínculos entre a realidade concreta e a 
a) condição da existência no mundo. 
b) abrangência dos valores religiosos. 
c) percepção da experiência no tempo. 
d) transitoriedade das paixões humanas. 
e) insuficiência do conhecimento empírico. 
Comentário. 
Alternativa "a" está correta. O texto de Camus é existencialista. Ele se aproveita da experiência de Galileu 
para mostrar que os indivíduos devem buscar uma motivação própria para viver, e discussão do sentido 
da vida é a essência da filosofia existencialista. 
Alternativa "b" está incorreta. Pode-se imaginar que Camus iria falar da oposição entre Galileu e a Igreja, 
mas o tema do textonão é esse, tanto que Camus diz que tanto fazia se era a terra que circulava ao redor 
do sol ou vice-versa. Sendo assim, a oposição daquilo que se destaca no texto não é realidade versus 
religião. 
Alternativa "c" está incorreta. No texto, o autor contrapõem Galileu às pessoas que vivem hoje, para 
chegar a conclusão de que para qualquer dessas pessoas o que importa é o sentido da vida, ou seja, esse 
elementos está além da experiência temporal. 
Alternativa "d" está incorreta. O texto não discute as paixões humanas. 
Alternativa "e" está incorreta. “Conhecimento empírico” significa conhecimento obtido pela observação 
da realidade e relacionado como o mundo físico. Camus discute a subjetividade. 
Gabarito: A 
 
18. (Enem 2019) 
TEXTO I 
Os segredos da natureza se revelam mais sob a tortura dos experimentos do que no seu curso natural. 
BACON, F. Novum Organum, 1620. In: HADOT, P. O véu de Ísis: ensaio sobre a história da ideia de 
natureza. São Paulo: Loyola, 2006. 
 TEXTO II 
O ser humano, totalmente desintegrado do todo, não percebe mais as relações de equilíbrio da 
natureza. Age de forma totalmente desarmônica sobre o ambiente, causando grandes desequilíbrios 
ambientais. 
GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Campinas: Papirus, 1995. 
 Os textos indicam uma relação da sociedade diante da natureza caracterizada pela 
a) objetificação do espaço físico. 
b) retomada do modelo criacionista. 
c) recuperação do legado ancestral. 
d) infalibilidade do método científico 
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107 
e) formação da cosmovisão holística 
Comentário. 
Alternativa "a" está correta. Bacon justifica a tortura da natureza sob os experimentos, ou seja, o uso do 
qualquer coisa da natureza para fins de conhecimento e instrumentalização; o segundo texto, ao falar 
sobre desarmonia provocada pelo homem, faz alusão a esse processo em que o homem põe e dispõe 
dos elementos da natureza. 
Alternativa "b" está incorreta. O modelo criacionista remete à discussão teológica; os textos não 
mencionam Deus nem tampouco a responsabilidade do homem ao lidar com natureza, criação divina. 
Alternativa "c" está incorreta. Bacon se refere à ciência nascente que rompe com o legado ancestral, com 
a tradição. 
Alternativa "d" está incorreta. Bacon não discute se o método científico é falho ou não, mas a capacidade 
de a ciência permitir “torturar a natureza”; o segundo texto indica apenas as consequências gerais do 
método, sem discutir sua infabilidade. 
Alternativa "e" está incorreta. “Cosmovisão holística” significa ter uma perspectiva integrada entre 
homem e natureza; acreditar que aquilo que se faz à natureza também produz efeitos no homem. A 
ciência instrumental age como se a natureza fosse uma fonte inesgotável de matéria a seu bel prazer sem 
qualquer consequência para o homem; ou seja, tem uma perspectiva objetivista e não holística. 
Gabarito: A 
19. (Enem 2013) 
Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta foi 
proposta pela primeira vez no início da Modernidade, como expectativa de que o homem poderia dominar 
a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como 
Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero 
imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e 
culturalmente. 
CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques, Scientiae Studia. São Paulo, v. 2 n. 4, 
2004 (adaptado). 
Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência 
como uma forma de saber que almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a 
investigação científica consiste em 
a) expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes. 
b) oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia. 
c) ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso. 
d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos. 
e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos debates acadêmicos. 
Comentário. 
Alternativa a, falsa. Segundo os autores a finalidade de Bacon e Descartes é prática e não simplesmente 
“resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes”. 
Alternativa b, falsa. A ciência não pretende dizer o que as coisas são (“a última palavra acerca das coisas 
que existem”), mas explicar os fenômenos relacionados aos objetos para poder controlá-los. 
Alternativa c, verdadeira. Tanto Bacon como Descartes acreditavam que o conhecimento metódico era a 
forma mais bem acabada da razão e poderia ser utilizado para analisar todo tipo de objeto que se oferece 
ao entendimento humano ( “servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso”). 
Alternativa d, falsa. Os dois autores não queriam “eliminar os discursos éticos”. 
Alternativa e, falsa. Eles não queriam só “explicar a dinâmica” dos fenômenos, eles queriam um 
conhecimento que permitisse o controle da natureza. 
Gabarito: C 
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108 
20. (Enem 2013) 
TEXTO I 
 Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões 
como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser 
senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de 
todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber 
firme e inabalável. 
 
DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado). 
 
TEXTO II 
É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o 
espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma 
gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente 
varridas por essa mesma dúvida. 
 
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado). 
 
A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do 
conhecimento, deve-se 
a) retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade. 
b) questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções. 
c) investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos. 
d) buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados. 
e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados. 
Comentário. 
Alternativa "a" está incorreta. Ao contrário de retomar “o método da tradição”, Descartes, no primeiro 
texto, afirma que precisava se desfazer “de todas as opiniões”. 
Alternativa "b" está correta. Descartes deixa claro que precisava duvidar do que recebera da tradição no 
primeiro texto e o segundo, de um comentador de Descartes, observa o caráter radical da dúvida 
cartesiana, ou seja, os dois textos valorizam o questionamento. 
Alternativa "c" está incorreta. Descartes está preocupado com as ideias que podem ser ditas verdadeiras 
ou falsas independentemente de os homens serem esclarecidos ou não. 
Alternativa "d" está incorreta. Não se trata de eliminar da memória saberes antigos, mas questionar aquilo 
que chega da tradição para encontrar uma novo alicerce para o conhecimento. Não é questão de 
memória, mas de método de abordagem da realidade. 
Alternativa "e" está incorreta. Encontrar ideias evidentes é a meta de Descartes, contudo, o enunciado 
deixa claro que a alternativa correta deveria ser aquela que manifestasseo meio para se alcançar isso, o 
meio é a dúvida. 
Gabarito: B 
21. (Enem 2014) 
É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o 
espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma 
gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente 
varridas por essa mesma dúvida. 
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado). 
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109 
Apesar de questionar os conceitos da tradição, a dúvida radical da filosofia cartesiana tem caráter positivo 
por contribuir para o a): 
a) dissolução do saber científico. 
b) recuperação dos antigos juízos. 
c) exaltação do pensamento clássico. 
d) surgimento do conhecimento inabalável. 
e) fortalecimento dos preconceitos religiosos. 
Comentário. 
Alternativa a, falsa. Descartes procurava uma base segura para o conhecimento. 
Alternativa b, falsa. Descartes criticava os juízos antigos, pois eles provocavam mais dúvidas do que 
certezas. 
Alternativa c, falsa. Descartes inaugura o pensamento moderno, sem conexão com o pensamento 
anterior, aliás, quando menciona um argumento da tradição, faz isso atribuindo outros sentidos aos 
velhos conceitos. 
Alternativa d, verdadeira. A dúvida para Descartes é um instrumento para se chegar à certeza. 
Alternativa e, falsa. Descartes estrava preocupado com a certificação do conhecimento e não com a 
afirmação da teologia. 
Gabarito: D 
 
22. (Enem 2016 2ª aplicação) 
Pode-se admitir que a experiência passada dá somente uma informação direta e segura sobre 
determinados objetos em determinados períodos do tempo, dos quais ela teve conhecimento. Todavia, 
é esta a principal questão sobre a qual gostaria de insistir: por que esta experiência tem de ser estendida 
a tempos futuros e a outros objetos que, pelo que sabemos, unicamente são similares em aparência. O 
pão que outrora comi alimentou-me, isto é, um corpo dotado de tais qualidades sensíveis estava, a este 
tempo, dotado de tais poderes desconhecidos. Mas, segue-se daí que este outro pão deve também 
alimentar-me como ocorreu na outra vez, e que qualidades sensíveis semelhantes devem sempre ser 
acompanhadas de poderes ocultos semelhantes? A consequência não parece de nenhum modo 
necessária. 
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995. 
O problema descrito no texto tem como consequência a 
a) universalidade do conjunto das proposições de observação. 
b) normatividade das teorias científicas que se valem da experiência. 
c) dificuldade de se fundamentar as leis científicas em bases empíricas. 
d) inviabilidade de se considerar a experiência na construção da ciência. 
e) correspondência entre afirmações singulares e afirmações universais. 
Comentário. 
Alternativa "A" está incorreta. Hume, no fragmento, questiona a universalidade. Universal seria dizer: 
“todo pão me alimenta”. Ele desconfia de que essa proposição seja verdadeira. Pode ser que exista, no 
futuro, um pão que não me alimente. 
Alternativa "B" está incorreta. Há um método, uma norma que ampara o conhecimento, Hume não está 
falando diretamente dessas normas, ele ataca o fundamento próprio do pensamento moderno que é a 
generalização das observações particulares. 
Alternativa "C" está correta. Hume apresenta um grande problema para fundamentar o conhecimento. 
Uma teoria é uma universalização de observações particulares. Se não temos certeza de que o mundo vai 
se comportar da mesma maneira no futuro, as teorias tornam-se problemáticas. 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
110 
Alternativa "D" está incorreta. Hume não está dizendo que a ciência é inviável, até porque ele não está 
se referindo somente à ciência, mas sim à forma arrogante que o ser humana tem de encarar o que ele 
estipula como verdade. Até se pode deduzir do que ele diz que, assim sendo, a ciência é inviável, mas não 
é isso que ele está destacando no texto. 
Alternativa "E" está incorreta. Ele mostra justamente o contrário. A experiência que temos em particular 
não pode ser universalizada, ou seja, não há correspondência perfeita entre experiência e conhecimento. 
Gabarito: C 
23. (Enem 2014 / 3ª Aplicação) 
Numa época de revisão geral, em que valores são contestados, reavaliados, substituídos e muitas vezes 
recriados, a crítica tem papel preponderante. Essa, de fato, é uma das principais características das Luzes, 
que, recusando as verdades ditadas por autoridades, submetem tudo ao crivo da crítica. 
KANT, I. O julgamento da razão. In: ABRÃO, B. S. (Org.) História da Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 1999. 
 
O Iluminismo tece críticas aos valores estabelecidos sob a rubrica da autoridade e, nesse sentido, propõe 
a) a defesa do pensamento dos enciclopedistas que, com seus escritos, mantinham o ideário religioso. 
b) o estímulo da visão reducionista do humanismo, permeada pela defesa de isenção em questões 
políticas e sociais. 
c) a consolidação de uma visão moral e filosófica pautada em valores condizentes com a centralização 
política. 
d) a manutenção dos princípios da metafísica, dando vastas esperanças de emancipação para a 
humanidade. 
e) o incentivo do saber, eliminando superstições e avançando na dimensão da cidadania e da ciência. 
Comentário. 
Alternativa "a" está incorreta. Os enciclopedistas não mantinham o ideário religioso, alguns eram 
anticlericalistas. 
Alternativa "b" está incorreta. Os iluministas eram humanistas, não reduziam a valorização do homem 
conquistada no Renascimento, além disso, propunham a discussão de questões políticas, não defendiam 
a isenção nesses temas. 
Alternativa "c" está incorreta. O Iluminismo reflete a perspectiva liberal que não condiz com a defesa da 
centralização política e com a Monarquia. 
Alternativa "d" está incorreta. O termo “princípios da metafísica”, no contexto do Iluminismo, significa 
“princípios religiosos”, que eram rechaçados pelos iluministas como base para a construção de uma nova 
sociedade. 
Alternativa "e" está correta. O texto deixa claro que o papel das Luzes é recusar “as verdades ditadas 
por autoridades, submetem tudo ao crivo da crítica”. 
Gabarito: E 
 
 
 
24. Para responder à próxima questão, leia os dois textos abaixo. 
 
Texto I 
O renascimento científico deve ser compreendido, portanto, como a expressão da nova ordem burguesa. 
Os inventos e descobertas são inseparáveis da ciência, já que, para o desenvolvimento da indústria, a 
Questões autorais 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
111 
burguesia necessitava de uma ciência que investigasse as forças da natureza para, dominando-as, usá-las 
em seu benefício. 
A ciência não é mais a serva da teologia, deixa de ser um saber contemplativo, formal e finalista, para que, 
indissoluvelmente ligada à técnica, possa servir à nova classe. 
(Aranha, M. L. Arruda & Marins, M.H.Pires. Filosofando. São Paulo: Editora Ática: 1993, 2ª edição.) 
 
Texto II 
Você deve, antes de tudo, observar que a técnica concerne aos meios e não aos fins. Quero dizer que ela 
é uma espécie de instrumento que se põe a serviço de todos os tipos de objetivos, mas que ela mesma 
não os escolhe: é essencialmente a mesma técnica que servirá ao pianista para tocar tão bem o clássico 
quanto o jazz, a música antiga ou moderna, mas saber que obras ele vai escolher para interpretar não 
provém absolutamente de competência técnica. 
(Ferry, Luc. Aprender a Viver: filosofia para os novos tempos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2006). 
A partir da leitura dos dois textos é possível depreender que... 
a) A razão técnica poderia ser encarada como o mais elevado grau de realização da razão, 
proporcionando uma vida plenapara o homem. 
b) A ciência ligada à técnica nivelou todas as ações humanas: de tocar piano a produzir mercadorias 
industriais. 
c) A capacidade de desenvolver técnicas de domínio da natureza é inquestionável, mas deve-se 
determinar para qual finalidade. 
d) A ciência moderna era inferior pois estava associada somente à contemplação, a ciência moderna 
ultrapassou esse patamar ao desenvolver tanto os meios quanto os fins. 
e) A ciência tecnicista, por não escolher as finalidades, desenvolveu-se de forma desinteressada, sem 
estar atrelada a qualquer grupo social. 
Comentário. 
Alternativa "a" está incorreta. Em nenhum dos textos, há elementos para se depreender isso. O primeiro 
destaca a importância da técnica para a burguesia; o segundo destaca que a técnica é simplesmente um 
meio. 
Alternativa "b" está incorreta. Os textos não falam de “nivelamento”. O segundo texto quer simplesmente 
destacar que a técnica é meio; óbvio que há diferença entre produzir uma mercadoria e tocar uma 
música. 
Alternativa "c" está correta. No primeiro fragmento, textualmente o autor afirma que a ciência deve 
investigar “as forças da natureza para, dominando-as, usá-las em seu benefício”. No caso do segundo 
texto, a premissa de que a técnica é somente meio para conquistar algo faz concluir (depreender) que há 
necessidade de se determinar as finalidades da técnica. 
Alternativa "d" está incorreta. O texto 2 deixa claro que a ciência moderna não desenvolveu os fins. 
Alternativa "e" está incorreta. O texto 1 deixa claro que o desenvolvimento da ciência estava atrelado à 
burguesia. 
Gabarito: C 
25. 
 
Para responder à próxima questão, observe o fragmento abaixo de René Descartes (1596-1650). 
 
“Mas, como um homem que caminha sozinho e nas trevas, decidi avançar tão lentamente e ser tão 
circunspecto em tudo que, se progredia muito pouco, evitava pelo menos cair. Não quis sequer começar 
rejeitando completamente qualquer das opiniões que se infiltraram outrora em minha crença sem terem 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
112 
sido introduzidas pela razão antes de empregar bastante tempo no projeto e na obra que empreendia na 
busca do verdadeiro método para chegar ao conhecimento de todas as coisas de que o meu espírito fosse 
capaz. 
(...) 
O primeiro era não tomar jamais coisa alguma por verdadeira a não ser que a conhecesse evidentemente 
como tal: quer dizer, evitar cautelosamente a precipitação e a prevenção; e só incluir em meus juízos o 
que se me apresentasse ao espírito de modo tão claro e nítido que não estivesse como colocá-lo em dúvida. 
“ 
(Descartes, René. Discurso do método. In: Marcondes, Danilo. Textos básicos de Filosofia. Rio de 
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2000, p. 82. ) 
Esse excerto de Descartes marca definitivamente o rompimento com a filosofia medieval. O que nesse 
fragmento pode ser considerado antimedieval? 
 
a) A ideia de que o período em que ele vivia era de trevas; 
b)A utilização do empirismo em contraposição ao pensamento fantasioso e sem rigor do período 
medieval; 
c)A revolta de Descartes em relação à ideia corrente no pensamento medieval de que a filosofia deveria 
ser a serva da teologia; 
d) A determinação de não aceitar mais “verdades inquestionáveis”, a não ser que fossem provadas como 
indubitáveis pela razão; 
e)O antropocentrismo expresso no trecho “homem que caminha sozinho e nas trevas” em oposição à 
valorização excessiva de Deus e da Igreja da era medieval. 
 
Comentário. 
Alternativa "a" está incorreta. No trecho em que ele menciona as trevas, Descartes não se refere ao 
período em que a sociedade está vivendo, mas à sua condição. 
Alternativa "b" está incorreta. Descarte não era empirista e nunca se referiu à Idade Média como período 
fantasioso. 
Alternativa "c" está incorreta. Descartes não discute nesse fragmento a relação entre teologia e filosofia. 
Alternativa "d" está correta. A Idade Média é reconhecida como período em que predomina o 
Teocentrismo, fundado em verdades revelados, ou seja, em verdades inquestionáveis. Descarte não 
aceita mais o dogmatismo próprio da Idade Média. 
Alternativa "e" está incorreta. A comparação entre o homem que caminha sozinho e sua situação tem 
caráter subjetivo e não de crítica à trajetória da própria sociedade, além disso, não se percebe na obra do 
autor uma crítica à “valorização excessiva de Deus”. 
Gabarito: D 
 
Tendo o texto como referente julgue os itens 26 a 28 e faça o que é pedido no item 29. 
 
A grande construção do pensamento de Descartes se apresentou à cultura europeia como um sistema. E 
é esta, na verdade, uma das razões do seu sucesso extraordinário. Tal sistema se apresentava como 
fundado na razão; excluía definitivamente qualquer recurso a formas de ocultismo e de vitalismo, 
parecendo capaz de conectar ao mesmo tempo (de um modo diferente daquele que havia sido realizado 
pela Escolástica na Idade Média) a ciência da natureza, a filosofia natural e a religião; propiciava, enfim, 
em uma época cheia de incertezas que se relacionavam com as grandes viradas intelectuais, um quadro 
coerente, harmonioso e completo do mundo 
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113 
A penetração e a difusão do pensamento de Descartes foram lentas e difíceis; acompanhadas por 
acirradas polêmicas. Após ser banida das universidades de Utrecht e Leida já durante a década de 
quarenta, a filosofia de Descartes foi condenada em todos os Países Baixos por um edito do Sinodo de 
Dordrecht em 1656. Também a Igreja Católica em 1663 colocava no Index os escritos de Descartes. Na 
Itália o pensamento de Descartes se apresentou junto com o gassendismo e o baconismo, bem como com 
a herança conceitual de Telésio, Campanella e Galilei. Tommaso Cornelio “mandou trazer para Nápoles 
as obras de Renato dele Carte” (Descartes), Leonardo de Cápua, na sua obra Parere sulla nettezza delia 
medicina. (Parecer sobre a incerteza da medicina - n.d.t.) (1681), teoriza em torno da necessária 
conjunção da ciência cartesiana e galileana. Michelangelo Fardella de Trápani ensina a filosofia de 
Descartes em Pádua entre 1693-1709. 
ROSSI, Paolo. O nascimento da ciência moderna na Europa. Bauru; SP : EDUSC, 2001. Fragmento. 
 
 
26. Muitas das ideias de Descartes não eram novidade no círculo filosófico, mas a sistematização das 
ideias, a oposição à tradição e formulação de um método dão a esse pensador um lugar de destaque na 
filosofia. 
Comentário. 
Correto. O texto menciona a sistematização como a grande contribuição de Descartes; as outras duas 
contribuições são bem conhecidas. Ele é o autor de um método que preconiza o método científico e 
começa suas especulações a partir da dúvida em relação à tradição. Apesar disso, muitas ideias que ele 
utiliza para apoiar suas teses foram tiradas da tradição escolástica como a prova da existência de Deus. 
 
27. “A penetração e a difusão do pensamento de Descartes foram lentas e difíceis”, pois Descartes criou 
um sistema com várias aporias (paradoxo ou impasse). 
Comentário. 
Errado. Como todo sistema filosófico, o autor acaba formulando explicações um pouco paradoxais como 
é a prova da existência de Deus no texto Meditações Metafísicas. Contudo, a difícil difusão do pensamento 
cartesiano se deveu ao fato de que suas ideias minavam os pressupostos do poder eclesiástico, como fica 
claro no texto de apoio. 
 
28. No texto, ao se afirmar que “Descartes se apresentou junto com o gassendismo e o baconismo, bem 
como com a herança conceitual de Telésio, Campanella e Galilei”, depreende-se que o filósofo francês 
estava sendo colocado no rol dos Renascentistas que provocaram uma mudança no pensamento europeu. 
Comentário. 
Correto. Os termos “gassendismo” e baconismo” fazem referência a Pierre Gassend (1592 -1655) e 
Francis Bacon (1561-1626), ambos são associados ao Renascimento. Essa informaçãonão é de 
conhecimento geral, mas é possível deduzir isso quando o texto menciona Campanella e Galilei, 
representantes máximos da mudança de paradigmas do conhecimento no Renascimento. 
 
29. No texto, a afirmação “tal sistema se apresentava como fundado na razão; excluía definitivamente 
qualquer recurso a formas de ocultismo e de vitalismo” significa que 
A- Descartes não discutiu qualquer pressuposto metafísico. 
B- A filosofia cartesiana parte de deduções evidentes. 
C- Descartes era agnóstico e ateu. 
D – Descartes expunha suas ideias sem ocultar nada e com muita vitalidade. 
Comentário. 
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114 
Alternativa "A" está incorreta. Descartes discute a existência de Deus em seus escritos, sem apelar, é 
claro, para as escrituras ou para provas “ocultas”. Ele parte de um raciocínio. Ou seja, ele discute sim 
pressupostos metafísicos. 
Alternativa "B" está correta. Descartes é racionalista e seu método se baseia em cadeias lógicas de 
argumentação. Para ele, aquilo que for pensado de forma clara e evidente será verdadeiro. 
Alternativa "C" está incorreta. Descartes defende a existência de Deus até como forma de justificar que o 
conhecimento verdadeiro é possível, portanto, ele não é ateu. 
Alternativa "D" está incorreta. Essa afirmação não diz muita coisa, apenas provoca confusão em relação 
aos termos “ocultismo” e “vitalismo”. Ele se distanciou do ocultismo, não porque não ocultava nada, mas 
porque não acreditava em forças ocultas, sobrenaturais, agindo sobre a realidade material das coisas. 
“Vitalismo” se refere a uma força vital, desconhecida, que age sobre o real. Ele também não acreditava 
nisso. 
Gabarito: B 
 
30. Kant na Crítica da razão pura defende a tese de que os juízos produzidos pela razão têm duas fontes 
– a sensações e o conhecimento a priori (noção abstrata de tempo e espaço). Qualquer dado da realidade 
que não puder ser captado por uma dessas habilidades não será reconhecido. Qual consequência pode-
se deduzir dessa constatação? 
a) O empirismo é a única maneira de se conhecer o real. 
b) A mente humana é capaz de conhecer qualquer coisa de forma progressiva. 
c) A lógica e a abstração a partir de ideias inatas nos fornecem pressupostos de verdade. 
d) Devemos aprender a aceitar nossas limitações epistemológicas ao mesmo tempo em que tentamos 
transcendê-las. 
e) Quem é mais inteligente continua mais inteligente. 
Comentário. 
Alternativa "A" está incorreta. O empirismo se refere aos dados das sensações, ele é importante, mas 
precisa-se do conhecimento a priori, ou seja, a experiência não é a única maneira de se conhecer o real. 
Alternativa "B" está incorreta. A mente humana só pode conhecer o que for captado pelas sensações no 
tempo e espaço; qualquer outra dimensão escapa à capacidade humana de conhecer, ou seja, a mente 
humana não é capaz de conhecer qualquer coisa. 
Alternativa "C" está incorreta. A lógica pode até fornecer um método mais seguro de conhecer a 
realidade, mas precisamos também das sensações. 
Alternativa "D" está correta. Nossa mente só conhece o mundo dessa forma (por meio das sensações e 
do a priori, ela é limitada, o que não nos impede de tentar entender o mundo apesar de nossas limitações. 
Alternativa "E" está incorreta. Kant não discutia a questão da inteligência do ponto de vista particular, 
mas como se dava a capacidade de qualquer ser humano de se valer do raciocínio. 
Gabarito: D 
31 
“Até agora se supôs que todo nosso conhecimento deveria regular-se pelos objetos; porém, todas as 
tentativas de, mediante conceitos, estabelecer algo “a priori” sobre os mesmos, através do que ampliaria 
o nosso conhecimento, fracassaram sob essa pressuposição.” 
(Kant, I. Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p.12 (adaptado) 
 
Assinale a alternativa que apresenta uma dedução coerente como o que Kant afirma. 
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115 
a) Apesar de tudo, não temos outra alternativa, se não regular nosso conhecimento pelos objetos. 
b) Não há possiblidade de regular nossos conhecimentos de nenhuma forma. 
c) É preciso partir de outro paradigma para se estabelecer o parâmetro para o conhecimento. 
d) Somente algo “a posteriori” permite considerar uma forma segura de se conhecer. 
e) Não é possível conhecer nada a partir de pressuposições. 
Comentário. 
Alternativa "A" está incorreta. O autor deixa claro que as tentativas de “regular-se pelos objetos” 
fracassaram. 
Alternativa "B" está incorreta. O “até agora” indica que, no passado, houve erro, mas nada leva a crer 
que o autor tenha desistido de encontrar parâmetros para o conhecimento. 
Alternativa "C" está correta. Ele demonstra que o paradigma do passado era falso, decorre disso a 
necessidade de fundar outro parâmetro. 
Alternativa "D" está incorreta. Não é porque o conceito “a priori” estivesse errado que um “a posteriori “ 
estaria certo, pois, na verdade, poderia haver outro conceito “a priori” mais adequado. 
Alternativa "E" está incorreta. O autor fala de uma pressuposição e não de toda e qualquer pressuposição. 
Gabarito: C 
 
32. 
O termo “Metafísica” para Kant significa um conhecimento não-empírico ou racional. Combinando com o 
conceito de costumes, que designa todo o conjunto de leis ou regras de conduta que normatizam a ação 
humana, Kant chega ao conceito de Metafísica dos Costumes, que é o estudo de leis que regulam a 
conduta humana sob um ponto de vista essencialmente racional e não contaminado pela empiria. 
(Disponível emhttps://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-77/um-estudo-sobre-a-fundamentacao-
da-metafisica-dos-costumes-a-luz-de-immanuel-kant/ , acessado em 04.12.2019) 
Kant escreveu A Metafísica dos Costumes. Trata-se de um tratado sobre questões morais. No fragmento 
acima, o autor explica o significado dos termos envolvidos. Segundo o texto, o título expressa 
a) uma concepção racionalista que desconsidera a realidade empírica da moral como fonte de critérios 
para o bem agir. 
b) Uma concepção empirista na medida em que se serve de contraexemplos do cotidiano para propor um 
conjunto de virtudes a serem adotadas pelos indivíduos. 
c) Uma concepção transcendental que leva em consideração os parâmetros religiosos que puderem ser 
ratificados pela razão. 
d) Uma concepção idealista que supõe um conjunto de regras perfeitas capazes de normatizarem a ação 
humana. 
e) Uma concepção realista da moral, ele supõe que pratica e racionalização são igualmente importantes 
para a reflexão ética. 
Comentário. 
Alternativa "a" está correta. Na final do fragmento, o autor diz explicitamente que a Metafísica dos 
Costumes é o estudo das leis que regulam o comportamento do ponto de vista “essencialmente racional”. 
Alternativa "b" está incorreta. No começo do texto, diz-se explicitamente, que “Metafísica” para Kant se 
traduz em um conhecimento “não-empírico”. 
Alternativa "c" está incorreta. Kant não leva em consideração os parâmetros religiosos na análise do 
comportamento ético. 
Alternativa "d" está incorreta. Essa concepção é platônica. Kant chega a um imperativo geral, não 
estabelece regras precisas. 
Alternativa "e" está incorreta. Kant desqualifica a prática e tem razão, pois os preceitos éticos são muito 
variados se considerarmos as diferentes culturas, ou seja, a prática não é um guia confiável. 
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116 
Gabarito: A 
 
33. 
“Tudo o que recebi, até presentemente, como o mais verdadeiro e seguro, aprendi-o dos sentidos ou 
pelossentidos: ora, experimentei algumas vezes que esses sentidos eram enganosos, e é de prudência 
nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou alguma vez.” 
(DESCARTES, R. Meditações. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Coleção Os Pensadores). ______. 
Meditações Metafísicas. São Paulo: Martins Fontes, 2005.) 
 Nesse fragmento, Descartes 
a) revela seu ceticismo em relação ao conhecimento. 
b) expressa a importância que dá aos sentidos. 
c) mostra-se cético em relação aos sentidos. 
d) destaca a importância dos sentidos no conhecimento. 
e) considera a prudência como fundamental para acreditar no que os sentidos revelam. 
Comentário. 
Alternativa "A" está incorreta. Descartes manifesta ceticismo (dúvida) em relação às certezas dos 
sentidos, não duvida da possibilidade de conhecimento. 
Alternativa "B" está incorreta. Pelo contrário, Descartes deixa muito claro que ele desconfia dos sentidos. 
Alternativa "C" está correta. Ele tem dúvidas de que os sentidos possam ser porto seguro para o 
conhecimento. 
Alternativa "D" está incorreta. Descartes, na verdade, deixa claro que os sentidos atrapalham o 
conhecimento, pois não se pode confiar neles. 
Alternativa "E" está incorreta. O autor fala que a prudência deve fazer o indivíduo rejeitar os sentidos 
como fonte de certeza. 
Gabarito: C 
 
 
 
34. (UEL 2009) 
De há muito observara que, quanto aos costumes, é necessário às vezes seguir opiniões, que sabemos 
serem muito incertas, tal como se fossem indubitáveis [...]; mas, por desejar então ocupar-me somente 
com a pesquisa da verdade, pensei que era necessário agir exatamente ao contrário, e rejeitar como 
absolutamente falso tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se, após isso, não 
restaria algo em meu crédito, que fosse inteiramente indubitável [...] E, tendo notado que nada há no eu 
penso, logo existo, que me assegure de que digo a verdade, exceto que vejo muito claramente que, para 
pensar, é preciso existir, julguei poder tomar como regra geral que as coisas que concebemos mui clara e 
mui distintamente são todas verdadeiras [...]. 
(DESCARTES, R. Discurso do Método. Quinta Parte. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 46-
47.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Descartes, é correto afirmar. 
a) A dúvida metódica permitiu a Descartes compreender que todas as ideias verdadeiras procedem, 
mediata ou imediatamente, das impressões de nossos sentidos e pela experiência. 
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117 
b) A clareza e a distinção das ideias verdadeiras representam apenas uma certeza subjetiva, além da qual, 
apesar da radicalização da dúvida metódica, não se consegue fundamentar a objetividade da certeza 
científica. 
c) Somente com o cogito, a concepção cartesiana das ideias claras e distintas, inatas ao espírito humano, 
garante definitivamente que o objeto pensado pelo sujeito é determinado pela realidade fora do 
pensamento. 
d) Do exercício da dúvida metódica, no itinerário cartesiano, a certeza subjetiva do cogito constitui a 
primeira verdade inabalável e, portanto, modelo das ideias claras e distintas. 
e)A dúvida cartesiana, convertida em método, rende-se ao ceticismo e demonstra a impossibilidade de 
qualquer certeza consistente e definitiva quanto à capacidade do intelecto de atingir a verdade. 
Comentário. 
Alternativa a, falsa. Para se chegar ao cogito (“penso, logo existo”), Descartes teve que abstrair das 
sensações. 
Alternativa b, falsa. A clareza e a distinção são para Descartes os critérios de verdade objetiva, ou seja, algo 
que deve ser reconhecido por toda pessoa que use bem o seu raciocínio. 
Alternativa c, falsa. O cogito não garante “que o objeto pensado pelo sujeito é determinado pela realidade 
fora do pensamento”, garante que aquilo que o sujeito pensar sobre o objeto deve ser verdadeiro. 
Alternativa d, verdadeira. Descartes, ao chegar ao “penso, logo existo”, estabelece a primeira ideia 
indubitável sobre a qual se pode edificar todo o conhecimento humano. 
Alternativa e, falsa. O cético não chega à verdade nenhuma, Descartes usa a dúvida somente como 
instrumento; ao chegar ao cogito ele para de duvidar. 
Gabarito: D 
 
35.(Uel 2017) 
Leia os textos a seguir. 
 
Exercita-te primeiro, caro amigo, e aprende o que é preciso conhecer para te iniciares na política; antes, 
não. Então, primeiro precisarás adquirir virtude, tu ou quem quer que se disponha a governar ou a 
administrar não só a sua pessoa e seus interesses particulares, como a cidade e as coisas a ela pertinentes. 
Assim, o que precisas alcançar não é o poder absoluto para fazeres o que bem entenderes contigo ou com 
a cidade, porém justiça e sabedoria. 
 
PLATÃO, O primeiro Alcebíades. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2004. p. 281-285. 
 
 
Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a 
incapacidade de fazer uso do seu entendimento sem a direção de outro indivíduo... Sapere Aude! Tem 
coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. 
KANT, I. Resposta à pergunta: que é ‘Esclarecimento’ (‘Aufklärung’). Trad. Floriano de Souza Fernandes, 
2. ed. Petrópolis: Vozes, 1985. p. 100-117. 
Tendo em vista a compreensão kantiana do Esclarecimento (Aufklärung) para a constituição de uma 
compreensão tipicamente moderna do humano, assinale a alternativa correta. 
a) Fazer uso do próprio entendimento implica a destruição da tradição, na medida em que o poder da 
tradição impede a liberdade do pensamento. 
b) A superação da condição de menoridade resulta do uso privado da razão, em que o indivíduo faz uso 
restrito do próprio entendimento. 
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AULA 01– EPISTEMOLOGIA II 
 
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c) A saída da menoridade instaura uma situação duradoura, pois as verdadeiras conquistas do 
Esclarecimento se afiguram como irreversíveis. 
d) A menoridade é uma tendência decorrente da natureza humana, sendo, por esse motivo, superada no 
Esclarecimento, com muito esforço. 
e) A condição fundamental para o Esclarecimento é a liberdade, concebida como a possibilidade de se 
fazer uso público da razão. 
 
Comentário. 
Alternativa a, falsa. A destruição da tradição é uma das possíveis consequências da autonomia, mas o 
texto não expressa isso e até mesmo Kant teve muito cuidado para não extrair essa consequência de 
forma acintosa nos seus textos. 
Alternativa b, falsa. O uso privado da razão é uma das possibilidades, mas isso não exclui o uso público da 
razão que, aliás, é o objetivo final de Kant: a universalização da razão. 
Alternativa c, falsa. Kant mostrou que a racionalidade deve ser sempre criticada e observada (tribunal da 
razão), a maioridade é uma condição que exige atenção constante. 
Alternativa d, falsa. Faz parte da natureza humana a racionalidade não a minoridade. 
Alternativa e, verdadeira. Se não houver algum tipo de liberdade, o indivíduo não poderá fazer uso da 
razão. 
Gabarito: E 
36.(Uel 2017) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o texto a seguir e responda à(s) questão(ões). 
 
O tempo nada mais é que a forma da nossa intuição interna. Se a condição particular da nossa 
sensibilidade lhe for suprimida, desaparece também o conceito de tempo, que não adere aos próprios 
objetos, mas apenas ao sujeito que os intui. 
KANT, I. Crítica da razão pura. Trad. Valério Rohden e Udo Baldur Moosburguer. 
São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 47. Coleção Os Pensadores. 
 
 
Com base nos conhecimentos sobre a concepção kantiana de tempo, assinale a alternativa correta. 
a) O tempo é uma condição a priori de todos os fenômenos em geral. 
b) O tempo é uma representação relativa subjacente às intuições. 
c) O tempo é um conceito discursivo, ou seja, um conceito universal. 
d) O tempo é um conceito empírico que podeser abstraído de qualquer experiência. 
e) O tempo, concebido a partir da soma dos instantes, é infinito. 
Comentário. 
Alternativa a, verdadeira. Para Kant, os conteúdos do a priori são tempo e espaço. 
Alternativa b, falsa. O tempo estrutura nossa recepção dos sentidos, algo anterior às nossas intuições, 
mas presente no momento da intuição. 
Alternativa c, falsa. O tempo é percebido pelo ser humano, não é somente algo discursivo. 
Alternativa d, falsa. Nenhum dos cinco sentidos é capaz de captar o tempo. 
Alternativa e, falsa. Na verdade, ocorre o contrário, o tempo se não for associado a algo sensível pode 
ser intuído como a priori puro, ou seja, a soma dos instantes que forma a representação da álgebra na 
matemática. Essa forma de concepção do tempo é derivada da representação temporal dentro de nós. 
Gabarito: A 
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37.Q. (Uem 2018) As linhas iniciais do Discurso do Método, de Descartes, afirmam, primeiramente, que 
o bom senso ou razão “é a coisa mais bem partilhada do mundo” e, posteriormente, a modo de 
complemento, que “não é suficiente ter o espírito bom, mas aplicá-lo bem”. 
 
A propósito dessas frases e de conhecimentos sobre o racionalismo de Descartes, assinale a(s) 
alternativa(s) correta(s). 
01) O uso da razão por si só não garante a identificação da verdade. 
02) A razão não se estende à análise da moralidade, pois esta diz respeito aos costumes e aos 
sentimentos humanos. 
04) Diferentemente da tradição agostiniana e escolástica, a razão cartesiana não é marcada pelo pecado 
original. 
08) O bom uso da razão está vinculado a condições determinadas de sua aplicação. 
16) A razão bem conduzida pode se voltar para os assuntos da fé e da religião. 
Soma das questões corretas: 
 
Comentário. 
Afirmação com valor 01 está correta. O texto deixa claro que só possuir a razão não é suficiente, é preciso 
aplicá-la bem. 
Afirmação com valor 02 está incorreta. Para Descartes, a razão também agiria sobre as paixões, pois 
poderia constranger a vontade a ser racional. 
Afirmação com valor 04 está correta. Para a Escolástica, o homem foi prejudicado pelo pecado original 
que obscureceu sua capacidade cognitiva; Descartes deixa claro que a razão está presente em todos os 
homens e é capaz de ser uma forma de bem conduzir o espírito. 
Afirmação com valor 08 está correta. O vínculo entre razão e sua aplicabilidade está textualmente 
expresso no fragmento, quando Descartes afirma que não basta ter a razão, mas saber aplicá-la. 
Afirmação com valor 16 está incorreta. O interesse de Descartes não era Teológico. 
Gabarito: 01+04+08=13 
 
38.(UENP 2019) Leia o texto a seguir. 
Nosso método [...] consiste no estabelecer os graus de certeza, determinar o alcance exato dos sentidos 
e rejeitar, na maior parte dos casos, o labor da mente, calcado muito de perto sobre aqueles, abrindo e 
promovendo, assim, a nova e certa via da mente, que, de resto, provém das próprias percepções sensíveis. 
[...] A reverência à Antiguidade, o respeito à autoridade de homens tidos como grandes mestres de 
filosofia e o geral conformismo para com o atual estádio do saber e das coisas descobertas também muito 
retardaram os homens na senda do progresso das ciências, mantendo-os como que encantados. 
(BACON, F. Novum Organum. São Paulo: Abril Cultural, 1973, pp. 11 e 57.) 22 / 24 
Sobre o conhecimento em Francis Bacon, assinale a alternativa correta. 
a) Para Francis Bacon, os ídolos são compreendidos como noções e conceitos verdadeiros que facilitam a 
apreensão da realidade. 
b) Francis Bacon adota a lógica aristotélica e seu ideal dedutivista como método de descoberta para a 
nova ciência desenvolvida no mundo moderno. 
c) Francis Bacon é classificado como um filósofo racionalista uma vez que rejeita a necessidade da 
experiência. 
d) Francis Bacon, como escolástico, declara que a ciência é um conhecimento especulativo e uma opinião 
a ser sustentada. 
e) Francis Bacon aprecia o saber instrumental da ciência que possibilita a dominação da natureza e a 
superação do saber contemplativo. 
 
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Comentário. 
Alternativa "a" está incorreta. A própria palavra “ídolo” já permite compreender que essa alternativa está 
errada. Ídolos no sentido religioso são imagens ilusórias da divindade; para Bacon haveria imagens e ideias 
enganosas que não permitiriam às pessoas se aproximar do conhecimento. 
Alternativa "b" está incorreta. Bacon é associado à ruptura com a ciência da antiguidade, portanto, seria 
incoerente que ele seguisse o ideal aristotélico. Ele privilegia a indução e não a dedução. 
Alternativa "c" está incorreta. O empirismo de Bacon fica evidente no seguinte trecho do fragmento 
dado: “a nova e certa via da mente... provém das próprias percepções sensíveis.” 
Alternativa "d" está incorreta. Bacon não é escolástico (ciência medieval que mistura filosofia à teologia), 
acha que a ciência deve ser empírica e não especulativa e não acredita que ciência é uma opinião, mas 
um método que pode levar à verdade. 
Alternativa "e" está correta. É de Francis Bacon a famosa frase: saber é poder, ou seja, ele foi um dos 
primeiros a perceber claramente que o conhecimento tinha um valor instrumental de permitir o controle 
da natureza. 
Gabarito: E 
 
39.Q. (Uel 2010) 
Observe a tira e leia o texto a seguir: 
Observe a tira e leia o texto a seguir: 
 (Macanudo. 
Folha de S. Paulo. Ilustrada E 7, segunda-feira, 27 jul. 2009.) 
Mas há um enganador, não sei quem, sumamente poderoso, sumamente astucioso que, por indústria, 
sempre me engana. Não há dúvida, portanto, de que eu, eu sou, também, se me engana: que me engane 
o quanto possa, nunca poderá fazer, porém, que eu nada seja, enquanto eu pensar que sou algo. De sorte 
que, depois de ponderar e examinar cuidadosamente todas as coisas é preciso estabelecer, finalmente, 
que este enunciado eu, eu sou, eu, eu existo é necessariamente verdadeiro, todas as vezes que é por mim 
proferido ou concebido na mente. (DESCARTES, R. Meditações sobre Filosofia Primeira. Tradução, nota 
prévia e revisão de Fausto Castilho. Campinas: Unicamp, 2008, p. 25.) 
Com base na tira e no texto, sobre o cogito cartesiano, é correto afirmar: 
a) A existência decorre do ato de aparecer e se apresenta independente da essência constitutiva do ser. 
b) A existência é manifesta pelo ato de pensar que, ao trazer à mente a imagem da coisa pensada, assegura 
a sua realidade. 
c) A existência é concebida pelo ato originário e imaginativo do pensamento, o qual impede que a 
realidade seja mera ficção. 
d) a existência é a plenitude do ato de exteriorização dos objetos, cuja integridade é dada pela 
manifestação da sua aparência. 
e) A existência é a evidência revelada ao ser humano pelo ato próprio de pensar. 
Comentário. 
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Alternativa a, falsa. O ato de parecer seria considerado por Descartes como uma enganação, pois não 
revela a essência, alvo da procura do filósofo. 
Alternativa b, falsa. No cogito, o indivíduo chega à conclusão de que ele existe independentemente do 
objeto pensado que pode ser inclusive falso. 
Alternativa c, falsa. A existência não é provada pela imaginação, mas pela constatação através de um 
raciocínio rigoroso. 
Alternativa d, falsa. A existência do “eu “ é percebida pela interiorização do sujeito. Foi só depois que 
Descartes meditou sobre a possibilidade da dúvida, que ele chegou à conclusão de sua existência. Além 
disso, a realidade é confirmada pelo raciocínio que ele tece e não por um processo no qual o objeto se 
mostra ao indivíduo (exteriorização dos objetos). 
Alternativa e, verdadeira. Foi só depois de um processo de meditação, metodologicamenteencaminhado 
e pautando-se por raciocínios lógicos, que Descartes pôde concluir o “penso, logo existo”. 
Gabarito : E 
 
10. Versões de aulas 
 
 
 
Caro aluno! Para garantir que o curso esteja atualizado, sempre que alguma mudança no conteúdo 
for necessária, uma nova versão da aula será disponibilizada. 
 
11. Considerações finais 
 
Corujinha esperta, 
 Finalizamos nossa segunda aula de filosofia. Viajamos pela filosofia Medieval e Moderna, no que 
diz respeito as questões relacionadas à teoria do conhecimento ou da ciência. 
 No próximo pdf, consideraremos os caminhos da filosofia contemporânea. Até o século XIX, o 
racionalismo ia indo muito bem, obrigado. Mas então, os pensadores começaram a notar que aquele 
elogio rasgado à nossa querida razão estava se aproximando perigosamente de um outro dogmatismo, 
sobretudo em relação à ciência. Como termina essa novela? Bom, acompanhe os próximos capítulos no 
pdf 02. 
 
Conte comigo nessa caminhada. Estarei à disposição no Fórum de Dúvidas. Apreciarei muito suas 
sugestões, críticas e comentários, o Fórum é o canal aberto para essa relação pessoal do aprendizado. O 
importante é que você tenha apoio para um estudo aprofundado 
O esforço é seu, o material e apoio deixe com a gente. 
Bom estudo 
Espero você na próxima aula. 
 
Fernando Andrade 
 
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Professor Fernando Andrade 
 
 
 
 
 
 
Blog de crônicas : 
 
 
 
https://www.outrasvias.com/ 
 
 
Versão Data Modificações 
1 22/04/2023 Primeira Versão 
 
 
 
 
12. Referência Bibliográfica 
 
ARANHA, Maria L. A. & MARTINS, Maria H. P. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Ed. 
Moderna, 1993, 2ª edição. 
 
Chauí, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2000. 
 
@filosofia.do.portuga Redaçao e Filosofia 
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https://www.outrasvias.com/

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