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Qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio Research

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273Rev Bras Enferm [Internet]. 2017 mar-abr;70(2):273-81. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0201
PESQUISA
Hirla Vanessa Soares de AraújoI, Thaisa Remigio FigueirêdoI, Christefany Régia Braz CostaII, 
Maria Mariana Barros Melo da SilveiraIII, Rebeka Maria de Oliveira BeloIV, 
Simone Maria Muniz da Silva BezerraI
I Universidade de Pernambuco, Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças, 
Programa Associado de Pós-Graduação em Enfermagem. Recife-PE, Brasil. 
II Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, 
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental. Ribeirão Preto-SP, Brasil. 
III Universidade de Pernambuco, Faculdade de Ciências Médicas, 
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. Recife-PE, Brasil. 
IV Pronto-Socorro Cardiológico de Pernambuco, 
Programa de Residência Multiprofi ssional em Atenção Clínica Cardiovascular. Recife-PE, Brasil. 
Como citar este artigo:
Araújo HVS, Figueiredo TR, Costa CRB, Silveira MMBM, Belo RMO, Bezerra SMMS. 
Quality of life of patients who undergone myocardial revascularization surgery. 
Rev Bras Enferm [Internet]. 2017;70(2):257-64. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0201
Submissão: 31-05-2016 Aprovação: 27-09-2016
RESUMO
 Objetivo: avaliar a qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização. Método: estudo descritivo, 
transversal, com abordagem quantitativa realizado com 75 pacientes. Foi utilizado o questionário WHOQOL-Bref para avaliação 
da qualidade de vida (QV). Resultados: Pacientes apresentaram avaliação da QV regular, com necessidade de melhora em todos 
os domínios. Pacientes de baixa renda tiveram pior avaliação da QV no domínio meio ambiente (p=0,021), e os procedentes 
de Recife/região metropolitana, no domínio relações sociais (p=0,021). Pacientes tabagistas (p=0,047), diabéticos (p=0,002) 
e etilistas (p=0,035) apresentaram pior avaliação da QV no domínio físico. Pacientes renais apresentaram pior avaliação da QV 
nos domínios físico (P=0,037), psicológico (p=0,008), relações sociais (p=0,006) e no escore total (p=0,009). Conclusão: 
a melhoria da QV depende de um processo de mudança de comportamento individual e a participação dos profi ssionais de 
saúde é essencial para elaborar estratégias de abordagem desses pacientes, principalmente no tocante à educação em saúde. 
Descritores: Qualidade de Vida; Cirurgia Torácica; Doença das Coronárias; Doença Crônica; Enfermagem. 
ABSTRACT
Objective: to evaluate the quality of life of patients who underwent revascularization surgery. Method: a descriptive, cross-
sectional study, with quantitative approach carried out with 75 patients. The questionnaire WHOQOL-Bref was used to evaluate 
the quality of life (QOL). Results: patients’ QOL evaluation presented a moderate result, with need of improvement of all 
domains. Low income patients had the worst evaluation of QOL in the domain environment (p=0,021), and the ones from 
Recife/metropolitan area, in the domain social relationship (p=0,021). Smoker (p=0,047), diabetic (p=0,002) and alcohol 
consumption (p=0,035) patients presented the worst evaluation of the physical domain. Renal patients presented the worst 
evaluation of QOL in the physical (P=0,037), psychological (p=0,008), social relationship (p=0,006) domains and total score 
(p=0,009). Conclusion: the improvement of QOL depends on the individual’s process of behavioral change and the participation 
of health professionals is essential to formulate strategies to approach these patients, especially concerning health education. 
Descriptors: Quality of Life; Thoracic Surgery, Coronary Heart Disease; Chronic Disease; Nursing. 
Qualidade de vida de pacientes submetidos 
à cirurgia de revascularização do miocárdio
Quality of life of patients who undergone myocardial revascularization surgery 
La calidad de vida de los pacientes sometidos a cirugía de revascularización del miocardio
Rev Bras Enferm [Internet]. 2017 mar-abr;70(2):273-81. 274
Qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdioAraújo HVS, et al.
INTRODUÇÃO
Dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) 
demonstram que as doenças cardiovasculares representam a 
principal causa de mortalidade e incapacidade no Brasil e no 
mundo. No Brasil, a Doença Arterial Coronariana (DAC) foi res-
ponsável pela ocorrência de mais de 100 mil óbitos em 2011(1). 
Vários fatores de risco estão associados ao curso da DAC, 
apresentando-se de forma significativa em todas as popula-
ções, como tabagismo, etilismo, pressão arterial elevada, hi-
percolesterolemia, obesidade e sedentarismo, além da baixa 
ingesta de frutas e verduras(2). 
Dentre as doenças cardiovasculares (DCV), a DAC repre-
senta a causa mais comum de isquemia do músculo cardí-
aco e pode se manifestar de diferentes formas, variando de 
uma angina do peito até o infarto agudo do miocárdio (IAM). 
Como tratamento, a cirurgia de revascularização do miocár-
dio (CRM) é indicada para pacientes com angina instável e 
para os que apresentam elevado grau de obstrução das artérias 
coronárias. A CRM visa a melhorar a qualidade de vida (QV) 
dos pacientes, aliviar os sintomas de angina, reestabelecer a 
capacidade física, além de aumentar a sobrevida − sobretudo 
de pacientes de maior risco cardiovascular(3). 
O impacto da QV relacionada às DCV tem sido objeto de 
estudo considerado relevante, pois, além de avaliarem os re-
sultados terapêuticos, geram hipóteses e reflexões que con-
dicionam a ampliação do enfoque das pesquisas sobre QV(4). 
Intervenções nos fatores de risco para DAC, como mudan-
ças nos hábitos de vida, e procedimentos cirúrgicos podem 
interferir no estado emocional, físico e social dos pacientes 
e em sua QV como um todo. Estudos recentes sobre QV têm 
sido realizados em pacientes portadores de várias condições 
mórbidas, objetivando verificar as diferentes medidas terapêu-
ticas destinadas a melhorar as condições clínicas e também a 
QV dos pacientes(5). 
O conceito de QV é polissêmico e a OMS, em 1995(6), a 
definiu como “a percepção do indivíduo sobre sua posição na 
vida, no contexto cultural e no sistema de valores em que vive 
e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e com-
plicações”. A qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) 
pode ser definida como o valor atribuído à duração da vida 
quando modificada pela percepção de limitações físicas, 
psicológicas, funções sociais e oportunidades influenciadas 
pela doença, tratamento e outros agravos(7). 
O paciente é a melhor fonte de informação sobre sua QV, 
a qual é medida e definida de acordo com a doença. Sua me-
lhoria, sob perspectiva da área da saúde, passou a ser um dos 
resultados esperados, tanto nas práticas assistenciais quanto 
nas políticas públicas(8). 
A QV é uma questão de importância e que preocupa os 
profissionais de enfermagem. Essa questão requer desses pro-
fissionais uma avaliação fidedigna que os permitam avaliar o 
impacto de um procedimento cirúrgico cardíaco sobre a vida 
do paciente, bem como oferecer subsídios baseados na per-
cepção geral do próprio indivíduo sobre seu estado de saúde. 
Diante do exposto, o objetivo da pesquisa foi avaliar a QV de 
pacientes submetidos à CRM(9). 
MÉTODO
Aspectos éticos
De acordo com o estabelecido na Resolução nº 466/2012(10), 
sobre pesquisas envolvendo seres humanos, este estudo foi 
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa na Área da Saúde 
da Universidade de Pernambuco, mediante submissão na Pla-
taforma Brasil. 
Desenho, local do estudo e período
Trata-se de um estudo transversal de caráter exploratório 
com abordagem quantitativa. O estudo foi realizado no am-
bulatório de cirurgia cardíaca do Pronto-Socorro Cardiológico 
de Pernambuco Professor Luiz Tavares (Procape), referência 
para as regiões Norte e Nordeste em cardiologia, onde se re-
aliza uma interface de políticas públicas de alta relevância na 
saúde e na educação. A coleta se procedeu nos dias agenda-
dos para consulta ambulatorial,através de entrevistas indivi-
duais de junho a outubro de 2015. 
População ou amostra e critérios de inclusão e exclusão
A amostra foi por conveniência composta por todos os 
indivíduos que atendessem aos critérios de inclusão. Para 
delimitação da amostra foi realizado um cálculo através da 
equação de cálculo do tamanho amostral para médias. Para 
tal, utilizou-se um erro α de 5%, que corresponde à diferença 
Hirla Vanessa Soares de Araújo E-mail: hirlavs.araujo@gmail.comAUTOR CORRESPONDENTE
RESUMEN
Objetivo: evaluar la calidad de vida de los pacientes sometidos a cirugía de revascularización. Método: estudio descriptivo, 
transversal, con abordaje cuantitativo llevado a cabo con 75 pacientes. Se empleó el cuestionario WHOQOL-Bref para evaluar la 
calidad de vida (CV). Resultados: Los pacientes tuvieron CV regular, necesitando mejoras en todos los dominios. Los pacientes de 
baja renta presentaron peores índices de CV en el dominio medioambiental (p=0,021), así como presentaron los provenientes de la 
ciudad de Recife y región en el dominio relaciones sociales (p=0,021). Los pacientes fumadores (p=0,047), diabéticos (p=0,002) 
y de la clase alta (p=0,035) tuvieron peores valores de CV en el dominio físico. Los pacientes con problemas renales presentaron 
peores índices de CV en los dominios físico (p=0,037), psicológico (p=0,008), relaciones sociales (p=0,006) y en el puntaje total 
(p=0,009). Conclusión: para mejorar la CV hay que cambiar la conducta individual, y es muy importante la participación de los 
profesionales de salud en la planificación de estrategias de abordaje a estos pacientes, en especial en la educación en salud. 
Descriptores: Calidad de Vida; Cirugía Torácica; Enfermedad Coronaria; Enfermedad Crónica; Enfermería.
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Qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdioAraújo HVS, et al.
entre o valor estimado pela pesquisa e o verdadeiro valor; um 
nível de confiança de 95%, que é a probabilidade de que o 
erro amostral efetivo seja menor do que o erro amostral admi-
tido pela pesquisa. 
A amostra foi corrigida para uma população finita, totali-
zando 75 pacientes. O desvio padrão utilizado foi de 20,35, 
considerando como referência uma publicação recente e ava-
liando, através do mesmo instrumento, a QV de pacientes no 
pós-operatório de cirurgia cardíaca(11). 
Fizeram parte da pesquisa os participantes que atenderam 
aos seguintes critérios de inclusão: ser paciente acompanhado 
no ambulatório do Procape, ter idade igual ou superior a 18 
anos e que tenha se submetido à CRM. Foram excluídos pa-
cientes com déficits neurológicos ou problemas de saúde que 
inviabilizassem a coleta de dados. 
Protocolo do estudo
Foram utilizados dois instrumentos para a coleta dos da-
dos. O primeiro foi um questionário semiestruturado de per-
guntas objetivas para a caracterização dos dados sociais, de-
mográficos, econômicos e clínicos. 
O segundo instrumento foi o World Health Organization 
Quality of Life – Bref (WHOQOL-Bref), aplicado de forma in-
dividualizada por meio da leitura com o paciente. Trata-se de 
um questionário com perguntas objetivas sobre a QV nos do-
mínios físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. 
Esse questionário é a versão abreviada do instrumento de QV da 
OMS, World Health Organization Quality of Life – 100 (WHO-
QOL-100), traduzido para a língua portuguesa, no Brasil, e para 
mais de vinte idiomas. Trata-se de um questionário genérico, 
curto, de fácil administração e compreensão, no formato de 26 
questões, validado e adaptado culturalmente para a população 
brasileira de acordo com metodologia internacional e aceita 
pelo grupo de estudos multicêntricos da OMS no Brasil(12). 
As perguntas 1 e 2 do questionário são sobre a QV geral. 
Além dessas, o instrumento tem 24 facetas (questões), as quais 
compõem os quatro domínios de avaliação. As respostas se-
guem uma escala do tipo Likert (1 a 5, quanto maior a pontu-
ação melhor a QV). Os escores das facetas e domínios foram 
calculados para uma escala de 0 a 100, na qual quanto mais 
próximo o valor for de 100, melhor será a avaliação da QV. 
Análise dos resultados e estatística
As variáveis foram analisadas de forma descritiva e foram 
processadas e analisadas com o uso do software IBM SPSS na 
versão 20. 0. Utilizou-se o teste t-Student e adotou-se p<0,05. 
RESULTADOS
Com relação aos dados sociodemográficos, a idade variou 
de 39 a 85 anos, com uma média de 64,96, sendo que 73,3% 
apresentam idade igual ou superior a 60 anos; 41,3% são pro-
cedentes da cidade do Recife e 37,3% são da região metropo-
litana do Recife. Em relação ao sexo não houve diferença sig-
nificativa, sendo 50,7% do sexo feminino. No tocante à raça/
etnia, 42,7% declararam-se brancos, 48% pardos e 9,3% ne-
gros. A maioria dos participantes da pesquisa é casada (56%), 
apresenta baixo nível de escolaridade (72%,) e baixa renda 
(62,7%) − até um salário mínimo. Em relação à ocupação, 
89,3% não apresentam atividade laboral. 
Em relação aos aspectos clínicos (Tabela 2), 100% são 
hipertensos, 44% são diabéticos, 12% apresentam alguma 
patologia a nível renal, 98,7% afirmaram não ser tabagistas, 
94,7% disseram não fazer uso de bebida alcoólica, 96% apre-
sentam dislipidemia e 73,3% são sedentários. No que diz res-
peito ao número de medicações, 72% fazem uso de até seis 
medicações diariamente. 
Tabela 1 − Caracterização dos participantes de acordo com 
as variáveis sociodemográficas (N=75), Recife, 
Pernambuco, Brasil, 2015
Variáveis n %
Procedência
Recife 31 41,3
Região metropolitana 28 37,3
Interior 16 21,4
Idade
≥60 anos 55 73,3
Menor que 60 anos 20 26,7
Sexo
Masculino 37 49,3
Feminino 38 50,7
Etnia
Branco 32 42,7
Pardo 36 48
Negro 7 9,3
Estado Civil
Solteiro 15 20
Casado 42 56
Viúvo 11 14,7
Divorciado 7 9,3
Escolaridade
Até 9 anos 54 72
>9 anos 21 28
Renda
Até 1 salários 47 62,7
1-2 salários 16 21,3
>2 salários 12 16
Ocupação
Sem atividade laboral 67 89,3
Com atividade laboral 8 10,7
Nota: *Renda mensal baseada no valor atual (R$ 880,00) do salário mínimo na 
moeda vigente (Real). 
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Qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdioAraújo HVS, et al.
A Tabela 3 traz os resultados da média e desvio padrão dos 
domínios físico, psicológico, relações sociais, meio ambiente 
e da autoavaliação da QV pelos pacientes. 
Em relação ao escore das facetas numa escala de 0 a 100 
do WHOQOL-Bref, os resultados obtidos que correspon-
dem ao domínio físico são: dor e desconforto (34,67); ener-
gia e fadiga (50,00); sono e repouso (58,33); mobilidade 
(54,67); atividades da vida cotidiana (51,00); dependência 
de medicação ou de tratamentos (65,33); e capacidade para 
o trabalho (47,33). Quanto ao domínio psicológico, as face-
tas correspondentes são: sentimentos positivos (51,00); pen-
sar, aprender, memória e concentração (60,00); autoestima 
(68,67); imagem corporal e aparência (75,67); sentimentos 
negativos (34,67); e espiritualidade/religião/crenças pesso-
ais (64,67). 
No tocante ao domínio relações sociais, as facetas que o 
correspondem são: relações pessoais (72,00); suporte (apoio) 
(67,67); e atividade sexual (51,33). Quanto ao domínio meio 
ambiente, as facetas correspondentes são: segurança física e 
proteção (55,00); ambiente no lar (68,33); recursos financei-
ros (37,67); cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e 
qualidade (57,00); oportunidades de adquirir novas informa-
ções e habilidades (57,67); participação em, e oportunidades 
de recreação/lazer (42,67); ambiente físico: (poluição/ruído/
trânsito/clima) (65,00); e transporte (50,00). 
Em algumas facetas, as pontuações não estão dispostas em 
uma direção positiva (dor e desconforto, sentimentos negati-
vos e dependência de medicações/tratamentos para sua vida 
diária), o que significa que para estas, escores maisaltos não 
denotam uma melhor QV. Assim sendo, esses escores precisa-
ram ser invertidos de forma que valores mais altos refletissem 
melhor avaliação da QV. 
Em relação ao escore por domínios, o psicológico apresen-
tou o melhor resultado (64,22) seguido pelos domínios das 
relações sociais (63,67), do meio ambiente (54,17) e físico 
(51,62). O escore total foi de 57,44. Esses resultados revelam 
que todos os domínios apresentam resultados para os quais a 
QV precisa melhorar. 
A Tabela 4 mostra os resultados da avaliação da QV em 
função das variáveis sociodemográficas e clínicas. Os dados 
com significância estatística apresentaram p<0,005.
Em relação às variáveis sociodemográficas, pacientes pro-
cedentes de Recife/região metropolitana apresentaram pior 
avaliação no domínio relações sociais (p=0,021) e pacien-
tes de baixa renda tiveram pior avaliação no domínio meio 
ambiente (p=0,021). Já em relação às variáveis clínicas, tive-
ram pior avaliação no domínio físico os pacientes diabéticos 
(p=0,002), tabagistas (p=0,047) e os etilistas (p=0,035).
Já os pacientes com doença renal tiveram pior avaliação da 
QV nos domínios físico (p=0,037), no psicológico (p=0,008) 
e relações sociais (p=0,006), além do escore total da avaliação 
(p=0,009). 
Tabela 2 − Caracterização dos participantes de acordo com os 
antecedentes pessoais (N=75), Recife, Pernambuco, 
Brasil, 2015
Variáveis n %
Hipertensos 75 100
Diabéticos 33 44
Não diabéticos 42 56
Com doença renal 9 12
Sem doença renal 66 88
Tabagistas 1 1,3
Não tabagistas 74 98,7
Etilistas 4 5,3
Não etilistas 71 94,7
Com dislipidemia 72 96
Sem dislipidemia 3 4
Sedentários 55 73,3
Não sedentários 20 26,7
Medicações em uso
Até 6 medicações 54 72
>6 medicações 21 28
Tabela 3 − Distribuição da média e desvio padrão da avaliação da qualidade de vida nos domínios físico, psicológico, relações 
sociais e meio ambiente (N=75), Recife, Pernambuco, Brasil, 2015
Domínio Média Desvio padrão
Coeficiente 
de variação
Valor 
mínimo
Valor 
máximo Amplitude
Físico 12,26 3,34 27,20 5,71 19,43 13,71
Psicológico 14,28 3,13 21,95 6,67 20,00 13,33
Relações sociais 14,19 2,92 20,59 5,33 20,00 14,67
Meio ambiente 12,67 2,59 20,43 7,00 20,00 13,00
Autoavaliação da qualidade de vida 13,79 3,30 23,92 6,00 20,00 14,00
Total 13,19 2,55 19,33 7,23 19,85 12,62
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Rev Bras Enferm [Internet]. 2017 mar-abr;70(2):273-81. 278
Qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdioAraújo HVS, et al.
DISCUSSÃO
Os resultados apontam uma população predominante pro-
cedente da região metropolitana do Recife, idosa, de baixa 
escolaridade e baixa renda. Não houve diferença significativa 
entre o número de homens e mulheres participantes da pes-
quisa, e uma grande parcela não exerce nenhuma atividade 
laboral, destacando-se os aposentados e pensionistas. 
Um estudo que avaliou a QV de 38 pacientes no pós-opera-
tório de cirurgia cardíaca apresenta dados que corroboram com 
essa pesquisa, em que a maioria dos pacientes era casada e apre-
sentava baixa escolaridade e baixa renda, entretanto, apenas me-
tade dos participantes recebia benefício financeiro do governo(11).
Os resultados da pesquisa e de outro estudo(11) possuem 
uma média de idade semelhantes à de outras que avaliam a 
QV de pacientes cardiopatas(13). Esse dado pode ser explicado 
pelo fato de as DCV se manifestarem principalmente em pes-
soas com idade mais avançada. 
Em relação à baixa escolaridade dos pacientes, estima-se que 
possa haver um grau considerável de comprometimento no en-
tendimento das orientações de saúde e de adesão ao tratamento 
medicamentoso que são repassados durante as consultas, resul-
tando em um fator de risco para a ocorrência de complicações 
cardiovasculares posteriores à cirurgia de revascularização. 
Ressalta-se que o nível educacional é reconhecido não 
apenas como uma expressãodas diferenças de acesso à infor-
mação e das perspectivas de se beneficiar com novos conhe-
cimentos, mas também tem grande importância como deter-
minante de saúde(14). 
No tocante à raça/etnia, grupos menos favorecidos, como 
a população negra, apresentam consequências de compli-
cações cardiovasculares mais frequentes e mortalidade mais 
elevada em decorrência da hipertensão arterial, além da parti-
cipação desproporcional no aumento verificado da carga das 
DCNT, consequentemente, em suas complicações(15). Entre-
tanto, considerando a grande miscigenação racial existente 
no Brasil e as características regionais da população, é difícil 
mensurar com exatidão a influência dessa variável(16). 
Em relação à renda, houve significância estatística entre 
essa variável e a avaliação da QV pelo instrumento utilizado 
para a pesquisa, em que os pacientes que tinham menor renda 
apresentaram uma pior avaliação da QV. Um estudo sobre 
repercussões quanto à adesão ao tratamento da hipertensão 
arterial(17) revelou que em relação ao desenvolvimento socio-
econômico, quanto menor seu nível, maior será a prevalência 
de fatores de risco para DCV. 
Já em relação à ocupação, a grande maioria dos participantes 
não exerce atividades laborais, o que pode ser justificado pela 
prevalência da idade avançada, que leva à aposentadoria, pela 
viuvez de mulheres, para as quais a única fonte de renda são as 
pensões, e o desemprego, ou ainda pela falta de oportunidades 
de trabalho ou limitações físicas impostas pela doença crônica. 
Os resultados relacionados às variáveis clínicas revelam 
que os pacientes apresentam comorbidades, onde a hiperten-
são arterial se fez presente em todos os participantes, além 
de outras que representam fatores de risco cardiovasculares 
importantes, como diabetes, a dislipidemia e o sedentarismo. 
Resultados semelhantes foram encontrados em um estudo so-
bre a adesão medicamentosa de 92 pacientes com DAC(18), sendo 
que a hipertensão se fez presente em todos os pacientes − além 
de 95,7% apresentarem dislipidemia, 75% eram sedentários. O 
fator de risco sedentarismo foi o único a se apresentar com valo-
res similares em estudos que avaliaram a QV de pacientes com 
doenças crônicas e submetidos à CRM, representando 71,19%(16).
Fatores de risco como a hipertensão podem influenciar na QV 
dos pacientes com DCV, na necessidade de mudanças nos hábi-
tos de vida e também no diagnóstico da doença, o qual provoca, 
aparentemente, a perda do silêncio do corpo e a lembrança da 
doença como fator de mortalidade. Ainda, a presença de diabetes 
associada implica aumento do risco cardiovascular (duas vezes 
maior do que em hipertensos não diabéticos) e pode despertar 
ou acelerar não só as lesões macrovasculares, como o acidente 
vascular encefálico, DAC ou doença arterial periférica(19). 
Vale a ressalva, em relação às variáveis clínicas, que após um 
evento cardíaco é necessária a implantação de medidas que vi-
sem não somente à adesão ao tratamento medicamentoso, mas 
também à modificação nos hábitos de vida, uma vez que a me-
lhor terapêutica é a prevenção, combatendo os fatores de risco(11). 
No tocante ao número de medicações, a quantidade repre-
senta valores altos, entretanto pode-se concluir que, indepen-
dentemente da quantidade de medicamentos, o controle do 
regime terapêutico é referido pelos pacientes. 
A adesão ao tratamento é fator primordial para redução 
das altas taxas de complicações cardiovasculares entre os pa-
cientes. É necessária uma avaliação sistemática do cuidado 
incluindo estratégias que reforcem a importância de aderir ao 
tratamento diante de um número alto de medicações(20). 
A avaliação da QV por meio do instrumento WHOQOL-
-Bref traz resultados com relação aos domínios físico, psi-
cológico, relações pessoais e meio ambiente. Os escores da 
avaliação da QV apresentaram valores relativamente baixos e 
o domínio com pior avaliação na QV foi o físico, o que pode 
ser decorrente da própria condição clínica dos participantes 
da pesquisa. Houve uma avaliação regular para a QV geral. 
Em um mesmo estudo(11), a média em todos os domínios apre-
sentaram valores superiores ao dessa pesquisa, sendo 62,9 para 
o domínio físico, 76,1 para o psicológico, 74,3 para relações so-
ciais, 69,2 para o meio ambiente. Para a avalição da QV total o 
resultado foi de 75, refletindo uma melhor avaliação para a QV. 
Em relação ao domínio físico, os resultados revelam que 
há necessidade de melhora. Houve significância estatística 
para os pacientes diabéticos, tabagistas e etilistas, os quais 
apresentaram pior avaliação da QV para esse domínio. Em 
um estudo sobre QV e fatores de risco para Doenças Crônicas 
Não Transmissíveis(20), em sua análise multivariada, os fatores 
de risco, como tabagismo, álcool e obesidade, permaneceram 
associados a uma pior avaliação da QV no aspecto físico. 
Considerando que os pacientes diabéticos também são hi-
pertensos, valores tensionais da pressão arterial ou seu con-
trole trazem benefícios na redução do risco cardiovascular e, 
consequentemente, diminuição da probabilidade de vir sofrer 
qualquer evento fatal ou não fatal(19). 
Ainda em relação a esses fatores, o tabagismo é o fator 
de risco modificável mais importante entre jovens e idosos e 
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Qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdioAraújo HVS, et al.
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representa a causa de morte prematura mais evitável. A nico-
tina aumenta a pressão arterial e leva a uma maior deposição 
de colesterol nos vasos sanguíneos(21). 
O álcool pode oferecer alguma forma de proteção contra der-
rame e doença coronariana em indivíduos com 45 anos ou mais, 
entretanto, em termos de mortalidade geral, os efeitos adversos 
da bebida prevalecem sobre qualquer proteção contra a DAC, 
até mesmo em população de alto risco. Uma questão importante 
quando se trata de hipertensos é o mecanismo rebote cardiovas-
cular após a repetida exposição ao álcool, além de ser um impor-
tante depressor do sistema nervoso central(21). 
Vários estudos(22) demonstram efeitos de programas de inter-
venção sobre o estilo de vida entre populações de alto risco, 
sendo que alguns mostram redução significativa na incidência 
de diabetes, outros demonstram efeitos benéficos de alterações 
no estilo de vida sobre o controle da pressão arterial. As inter-
venções sobre o estilo de vida parecem ser tão efetivas quanto o 
tratamento medicamentoso. Assim sendo, a mudança nos hábi-
tos de vida deve ser considerada o pilar das intervenções. 
O domínio relações sociais foi o que apresentou o segundo 
maior escore. O suporte social pode adquirir a função de ali-
viar o estresse em situações de crise, inibir o desenvolvimento 
de doenças e representar importante papel na recuperação de 
enfermidades já instaladas, sendo considerado como fator de 
proteção e, assim, constituir foco importante de intervenção 
junto a essa população específica(19). 
Pacientes procedentes da cidade do Recife e região metropo-
litana apresentaram pior avaliação da QV para esse domínio. O 
resultado encontrado pode ser justificado pelo fato de os pacien-
tes se encontrarem em um grande centro urbano (cujo transporte 
público não é um facilitador de mobilidade), e em situação de 
baixo nível socioeconômico e de baixa escolaridade, ou também 
por a maioria ser sedentária. Em um estudo de Aguiar e Farias(23)sobre QV de pacientes submetidos ao transplante cardíaco, os 
participantes tiveram uma melhor percepção no domínio rela-
ções sociais com dados significativos em relação à prática de ati-
vidade física, a qual aproxima pacientes de amigos e familiares, 
melhorando as relações sociais desses pacientes. 
Em relação ao domínio meio ambiente, pacientes com ren-
da de até um salário mínimo, apresentaram pior avaliação da 
QV para esse domínio. A faceta recursos financeiros contri-
buiu para a obtenção dessa avaliação, já que 84% apresenta-
ram renda inferior a dois salários mínimos. O fato de a maioria 
ser de idosos e aposentados/pensionistas também contribui 
para essa avaliação. Rendimentos frequentemente diminuídos 
são fatores socioeconômicos importantes na vida diária e QV, 
principalmente em idosos. A baixa renda também deve ser 
considerada quando se avalia o status clínico do paciente e 
uso de maior número de medicações(24). 
Em relação ao domínio psicológico, os pacientes revela-
ram ter melhor percepção da QV em relação a ele. Todas as 
facetas contribuíram para esse resultado, com exceção da fa-
ceta de sentimentos negativos. Os sentimentos negativos pro-
vocam alterações fisiológicas com impacto negativo no prog-
nóstico de DAC e podem influenciar diretamente na adesão 
ao tratamento que requer mudanças comportamentais(25). 
Pacientes que apresentam doença renal tiveram uma pior ava-
liação da QV nos domínios físico, psicológico e relações sociais, 
o que também contribuiu para uma pior avaliação da QV total. 
Dados de um estudo sobre a QV de pacientes com insuficiência 
renal corroboram com a pesquisa, revelando que pacientes renais 
têm menor impacto na QV em relação ao domínio meio ambien-
te. Em relação aos demais domínios, quanto maior o tempo da 
doença renal, maior comprometimento na QV dos pacientes(26). 
Limitações do estudo e contribuições para a área da en-
fermagem, saúde ou política pública
Este estudo apresenta limitações quanto ao tamanho da amos-
tra e ao curto período de tempo para a coleta dos dados. Assim, os 
resultados encontrados não devem ser generalizados, mas devem 
ser analisados na intenção de fundamentar as ações de assistência 
com o objetivo de melhorar a qualidade de vida desses pacientes. 
Diante disso, espera-se que este estudo motive outras pesquisas e 
discussões ampliando o conhecimento sobre a temática. 
CONCLUSÃO
Aos pacientes submetidos a CRM foram evidenciadas me-
nor pontuação nos domínios físico e ambiental e associação 
entre a presença de fatores de risco e comorbidades com pior 
avaliação da QV. 
As questões que envolvem a QV de pacientes no pós-operató-
rio de cirurgia cardíaca possibilitaram a reflexão sobre a real ne-
cessidade do paciente revascularizado em relação a sua condição 
de saúde, QV e satisfação pessoal, o que pode, diretamente, auxi-
liar os profissionais de saúde envolvidos no planejamento de rea-
bilitação, fornecendo, assim, subsídios para implantação de uma 
assistência voltada para as reais necessidades desses pacientes, 
com estratégias de educação em saúde, como forma de promover 
saúde e prevenir agravos eventuais. 
Compreender essa dimensão com o olhar além do óbvio 
das condições clínicas parece proporcionar melhor perspecti-
va em diferentes modos de pensar e atuar em saúde, conside-
rando as especificidades do ser humano. 
Rev Bras Enferm [Internet]. 2017 mar-abr;70(2):273-81. 280
Qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdioAraújo HVS, et al.
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