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AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 1 Prof. Wagner Santos Aula 0 3 - Morfologia I Estrutura e processos de formação das palavras. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 2 Sumário INTRODUÇÃO 4 1 A PALAVRA E SEUS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 4 1.1 Estrutura das palavras 5 Raiz 6 Radical 6 Vogal temática 8 Tema 8 Afixos 9 Desinência 10 Vogais e consoantes de ligação 11 2 PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS 12 2.1 Derivação 13 Prefixação 13 Sufixação 14 Prefixação e sufixação 14 Derivação parassintética 15 Derivação imprópria 16 Derivação regressiva 17 2.2 Composição 18 Justaposição 18 Aglutinação 19 2.3 Onomatopeia 20 2.4 Abreviação (Redução) 20 2.5 Siglonimização 21 2.6 Hibridização 21 2.7 Combinação 22 3 EXERCÍCIOS 23 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 3 4 GABARITO 57 5 QUESTÕES RESOLVIDAS E COMENTADAS 58 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 117 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 4 Olá, bolas de fogo! Na aula de hoje, vamos adentrar no reino dos processos de formação de palavras. Falaremos, de forma mais específica, sobre como se formam as palavras em língua portuguesa de forma específica, ainda que tenhamos a repetição de processos em diversas línguas. É interessante notar que vamos nos aprofundar nos processos mais utilizados, com referência, claro, às demais formas menos cobradas de vocês. Preparados? Bora que só bora? Antes de adentrarmos no maravilhoso campo da estrutura que forma as palavras, precisamos falar um pouco acerca da parte da linguística que estuda os processos e a estrutura das palavras. De forma geral, temos na morfologia essa relação, sendo ela dividida em duas partes: Dessa forma, precisamos entender o que seria uma palavra, concorda? Se vamos analisar a relação estabelecida em sua formação, assim como os elementos envolvidos nesse processo, precisamos pensar claramente em uma relação de definição. Vamos lá? Palavra é uma unidade linguística que, na oralidade ou na escrita, apresenta clara significação própria. Além disso, ela existe isoladamente, ainda que não encaixada em um enunciado. Interessante essa definição. Digo isso, porque a ideia de “existir isoladamente e ter significação própria” é o que precisamos para a nossa relação de formação e estrutura. Não vamos nos aprofundar na relação de distinção entre palavras e vocábulo, porque isso dá muito pano pra manga, como costumam dizer por aí. Vamos nos focar, nesse momento, nos elementos que podem formar uma palavra, que aqui entenderemos como sinônimo de vocábulos. Para exemplificar essa ideia de palavras e o conceito que apresentamos, imaginemos o seguinte diálogo: ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 5 - Professor, me diga uma coisa? - Digo sim, claro! - Onde o senhor mora? - Brasília! Perceba que a palavra “Brasília” é utilizada de forma autônoma e contém informação que a faz ter significação clara. Assim, podemos realmente dizer que “Brasília” é uma palavra. Muito doido, não é mesmo? 1.1 Estrutura das palavras Gosto muito, quando vou tratar de estruturas de palavras, assim como quando vou falar sobre processos de formação, da comparação que o gramático Fernando Pestana usa para tornar imagética a relação de estrutura: Pestana apresenta a ideia de que a palavra é como um prédio, que apresenta uma “base” e outras partes que se ligam a essa base. É exatamente assim que devemos observar essa relação de estrutura: temos uma base sobre a qual construiremos novas palavras. Nesse ponto, entendemos como “partes” das palavras: • Radical; • Afixos: prefixos e sufixos; • Desinências (que trataremos na aula 06); • Vogal temática; e • Vogal/consoante de ligação. Essas partes da estrutura da palavra são chamadas de morfemas, que é, simplesmente, a menor parte de uma palavra que apresenta significado. São partes significativas de uma palavra e são utilizadas para a sua formação completa de significado. Vejamos o que encontramos em uma palavra como supermercadinho (pense nessa palavra com um valor depreciativo, a partir do uso do diminutivo): Note que, nessa palavra, conseguimos identificar três elementos constitutivos, os quais serão aprofundados a seguir. Esses elementos que estruturam a palavra podem ser divididos, segundo Cegalla (2008), em alguns tipos: • Elementos básicos e significativos – raiz, radical e tema. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 6 • Elementos modificadores – afixos, desinência e vogal temática. • Elementos de ligação – vogal de ligação e consoante de ligação Raiz Se pensarmos numa árvore, uma raiz é aquilo que fica na base, que sustenta a estrutura do tronco e da copa. Quando falamos de palavras, a raiz é o elemento originário e irredutível em que se concentra a significação das palavras (CEGALLA, 2008, p.91). A raiz tem a ver com a origem da palavra no sentido histórico. No português, o mais comum é que as palavras venham do latim ou do grego. Destacamos que essa identificação não se apresenta como produtiva nas questões dos vestibulares em geral. Colocamos a ideia de raiz para que vocês possam entender claramente que temos uma forma que concentra, em si, a significação básica da palavra no decorrer do tempo. É uma forma de estudo a qual chamamos de estudo diacrônico das palavras, em que analisamos essa relação de significação. Raiz amar-, do latim amarus = sabor adstringente, amargo. Palavras formadas com amar- têm significado ligado a “amargo” de algum modo. Ex.: amargo, amargor, amargurado, amaríssimo etc. Radical O radical é o elemento básico e significativo das palavras. (CEGALLA, 2008, p. 91). Aqui, pensa-se no aspecto gramatical prático, da língua portuguesa atual, sem levarmos em consideração a busca pela origem da palavra. É o momento sincrônico que nos interessa agora. Palavras que compartilham o mesmo radical fazem parte do mesmo campo lexical, ou seja, possuem significados conectados. Essa conexão ocorre claramente por meio de uma relação com o radical, que permanece exatamente para indicar essa construção derivada. Vejamos um exemplo dessa ocorrência. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 7 Notem que realmente todas as palavras apresentam a mesma origem de radical. São relações de substantivos e adjetivos que mantêm significação ligada à noção de mar. Inclusive, fiz questão de apresentar esse quadro organizado dessa forma, porque essa é a melhor forma de comparação e palavras para que tenhamos certeza do radical utilizado e da proximidade das palavras. Normalmente, em questões que trabalham com essa “decupagem” da palavra, você se perdem um pouco por conta dessa noção de radical. Assim, coloquem as palavras derivadas em uma lista e vejam o que se repete. Vamos tentar essa forma com palavras relacionadas àquele objeto mágico chamado livro? Note que, nesse quadro com as palavras relacionadas a Livro, temos uma repetição de “livr-“, comprovando que temos uma relaçãodele como radical. Perceba, ainda, que destaquei o “o” de livro de forma diferente das demais. É o que veremos ser a chamada vogal temática. Utilizamos o hífen logo depois de um radical ou relacionado aos afixos, para que entendamos que outro elemento será ali conectado. Assim, marcamos o prefixo “re-“ e o sufixo “-idade” para identificação como prefixo e sufixo, respectivamente. Vogal temática A vogal temática é uma vogal que se liga ao radical formando nomes e verbos. Como essa parte é essencial aos verbos, para que se compreenda em qual conjugação se encaixa o verbo, ela é usualmente ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 8 mais cobrada e estudada nessa classe. Contudo, veja como funciona nos nomes e nos verbos, de forma distinta. Tema O tema é formado pelo radical + vogal temática. É simples assim, professor? Sim, sim. Simples mesmo. Essa classificação, inclusive, é bem pouco cobrada de vocês, mas faço questão de apresentá-la, porque é simples e auxilia na compreensão da vogal temática, apresentada acima. Vejamos o exemplo seguir, relacionada com os verbos. Nesse tipo de construção, principalmente com os verbos regulares, temos constantemente a repetição do tema. Canta = cant + a O tema “canta” se liga ao -r para formar o verbo cantar. O verbo será flexionado mantendo o tema “canta” Ex.: Canta, cantava, cantara, cantarão etc. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 9 Afixos Afixos são elementos que se agregam aos radicais ou temas, formando palavras derivadas. Por apresentarem claro significado que se soma ao significado do radical, temos a necessidade de entender que temos um morfema em cada uma das representações de afixos. Note que a relação do afixo é sempre com o radical ou com o tema. Temos, então, com relação à posição que ocuparão a classificação desses afixos. Esses podem ser classificados da seguinte forma: Desinência A desinência é um elemento que se adiciona no fim das palavras para indicar sua flexão. Falaremos dela de forma mais profunda mais à frente, uma vez que não temos uma relação de formação de palavras com a entrada de uma delas em uma palavra. As desinências nominais indicam flexões de gênero (feminino e masculino) e número (singular e plural). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 10 É importantíssimo dizer uma coisa: No português, considera-se como desinência de gênero somente o morfema marcador de feminino. Como gramaticalmente reconhecem-se somente dois gêneros, temos a possibilidade de marcar somente um, ficando o outro como não marcado. Hoje, muito se discute, na sociedade, a necessidade de uma marcação de um gênero neutro, dado que teríamos possibilidade de construção da chamada linguagem não binária. Trataremos disso mais à frente, na aula em que falaremos sobre as flexões de gênero, não se preocupe. Explicaremos toda a polêmica envolvida no caso. As desinências verbais indicam flexões de número, pessoa, tempo e modo. Veja o exemplo: ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 11 Vogais e consoantes de ligação Em algumas palavras, é preciso que se adicione uma letra na estrutura por questões de sonoridade: sem esse elemento, a pronúncia seria mais difícil. Veja exemplos abaixo: ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 12 Chegamos ao que realmente importa quanto o assunto são as questões cobradas nos exames: os processos de formação de novas palavras em português. Perceba que a estrutura da palavra é essencial para que entendamos como ela foi formada, por isso iniciamos por esse conteúdo. Agora, porém, apresentaremos os processos utilizados, em português, para que tenhamos novas palavras. É claro que as análises dos processos de formação podem ser empregadas a vocábulos já existentes. Ou seja, podemos analisar palavras que não mais são neologismos para que possamos entender como ela foi formada à época. Perceba que as palavras surgem e são consideradas neologismos, como apresentaremos a seguir por meio da conceituação. Contudo, em um determinado momento, elas deixam de ser classificadas dessa forma, porque passama a pertencer definitivamente à língua portuguesa. Quando é que isso acontece? Isso acontece sempre que a palavra passa a pertencer aos dicionários considerados importantes na língua portuguesa, como o Aurélio e o Houaiss. Contudo, o tempo para que os neologismos passem a fazer parte dos dicionários varia de quatro a cinco anos, para que se tenha certeza de que aquela palavra “caiu no gosto popular”, ou seja, que ela passou realmente a ser utilizada com produtividade na língua. Para que nosso aproveitamento com relação à formação de palavras seja otimizado, é necessário que tenhamos alguns conceitos claros em nossa cabeça: Palavra primitiva é aquela que não surge de um processo de formação a partir de outra palavra. Ou seja, é uma palavra que não sofreu derivação. Por exemplo: cadáver, pedra, amigo. Palavra derivada é, como o nome indica, uma palavra que passa por um processo de derivação para ser formada, ou seja, vem de uma palavra primitiva da língua portuguesa. Por exemplo: imoral, florista, solar. Palavra simples é aquela que apresenta somente um radical, ou seja, é uma palavra que não passou por um processo de composição. Por exemplo: florista, beijo, sol. Palavra composta é aquela que apresenta mais de um radical, ou seja, aquela que passou por um processo de composição. Por exemplo: beija-flor, girassol, embora. Como você percebeu na conceituação acima, temos essencialmente dois processos de formação de palavras, que serão aprofundados a seguir: a derivação e a composição. Vamos a eles, bolas de fogo. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 13 2.1 Derivação O dicionário Aulete explica que o processo de derivação ocorre quando há a multiplicação e o reaproveitamento de uma palavra com acréscimo de sufixos e prefixos. Ou seja, em essência, para que tenhamos derivação, é necessária a relação de entrada de sufixos e prefixos. Contudo, como veremos, existem dois processos chamados de derivação em que não há essa relação. Ainda que isso seja um pouco incoerente, para o nosso objetivo aqui, vamos considerá-los como derivação: são eles a derivação imprópria e a derivação regressiva. Além desses dois processos, temos como derivação: prefixal, sufixal e parassintética. Bora que só bora para compreender esses processos. Já adianto que você deve levar em consideração os nomes para auxiliar na compreensão do processo. Eles nos dão pistas sobre como se dá a formação. Prefixação A prefixação ocorre quando temos o acréscimo de um prefixo a um radical. Ou seja, sempre que adicionamos um prefixo a um determinado radical, ou palavra primitiva, temos a relação de prefixação. Sufixação O processo de sufixação ocorre sempre que um prefixo é adicionado a um radical, construindo nova palavra a partir dessa adição de afixo. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 14 Prefixação e sufixação Nesse processo, temos a entrada não simultânea de umprefixo e de um sufixo em uma palavra. Recomendamos um teste simples para a identificação desse processo: retiramos um dos afixos e percebemos a existência da palavra. Caso a palavra exista, temos o processo de prefixação e sufixação, caso não exista após a retirada dos afixos, entendemos que haverá parassíntese, que apresentaremos a seguir. Vejamos alguns exemplos: Perceba que, em todos os vocábulos apresentados no exemplo anterior, as palavras, sem um dos afixos, existe: Valorização; Descortês/Cortesia; Infeliz/Felizmente; Alfabetização. Dessa forma, comprovamos no nosso teste para essa determinação. Reforço que somente a retirada de um dos afixos (prefixo ou sufixo) é suficiente para a determinação. Ainda que somente “valorização”, por exemplo, exista, temos a possibilidade de teste comprovada. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 15 Derivação parassintética A derivação parassintética é extremamente parecida com a derivação prefixal e sufixal. Nela, também temos a entrada de um prefixo e de um sufixo de forma dependente. Não podemos separar os dois afixos. Costumeiramente, dizemos que há a entra simultânea dos dois afixos. É um processo muito comum na formação de verbos, como veremos a seguir, e de seus derivados. Vejamos: Note que nosso teste, para esses casos, não consegue se aplicar: • Anoit e noitecer não existem. • Emagr e magrecer não existem. • Descamp e campado não existem. • Avermelh e vermelhado não existem. Dessa forma, nota-se que os dois afixos foram adicionados ao mesmo tempo ao radical, inviabilizando a possibilidade de retirada de um deles para a existência autônoma da palavra. Derivação imprópria Na derivação imprópria, apesar desse nome, temos uma construção interessante: uma palavra passa, em um determinado contexto, a funcionar em uma classe gramatical diferente da sua de origem. Ainda que apresente esse nome, você deve considerar que ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 16 Normalmente, essa forma de derivação ocorre por meio de uma relação de substantivação. Nesse caso, transformamos uma palavra de determinada classe gramatical em um substantivo, mas somente dentro daquele determinado contexto. Isso é essencial para a nossa classificação. Pense nisso. Além desse fato, temos a possibilidade de construção de substantivos com valor de adjetivos, a depender do contexto. Note que as duas palavras destacadas, judas e amar, são utilizadas, dentro do contexto, em classe diferente das originais. O substantivo está adjetivado no primeiro caso e, no segundo, o verbo está substantivado. Derivação regressiva Na derivação regressiva, também chamada de regressão, temos verbos que dão origem a substantivos que passam a ter uma relação de indicação de ação ou resultado de ação. Esse tipo de substantivo é chamado “deverbal” e, comumente, apresenta-se como um substantivo abstrato. São poucos os casos em que ocorre a formação de um substantivo concreto. É importante destacar que esse tipo de derivação envolve, necessariamente, a perda de elementos da palavra original, no caso o verbo. Ainda que precisemos adicionar alguma coisa para que o substantivo possa fazer sentido, consideramos a perda na palavra original. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 17 Vejamos alguns exemplos: É interessante notar que, em muitos casos em que utilizamos a linguagem informal, temos muitos casos de derivação regressiva. Fique atento a eles: Amassar => Amasso Agitar => Agito Apertar => Aperto 2.2 Composição A composição, como o próprio nome já indica, é um processo que envolve dois ou mais radicais. Nela, usamos palavras (sim, no plural) para a formação de novas palavras. São dois os processos de composição: justaposição e aglutinação. Justaposição Nesse processo, é interessante notar que colocaremos dois ou mais radicais sem que nenhum deles tenha perda de elementos estruturais e fonéticos. Isso quer dizer, literalmente, que juntamos dois radicais e eles permanecem incólumes (ilesos/inalterados), lindinhos da vida, do jeito que sempre foram. Vejamos: ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 18 Desses exemplos, é interessante destacar duas características importantes para você não se confundir: Podemos utilizar (com base no novo acordo ortográfico) hifens para formação das palavras por justaposição, como vimos em “abelha-rainha” e “guarda-chuva”. Contudo, é importante destacar que não somente palavras por composição utilizam hífen em sua construção. Por exemplo, ex- mulher é formada por derivação prefixal e utiliza tranquilamente o hífen. A palavra girassol é justaposição sim. O que ocorre, nesse caso, é a utilização de um fonema a mais para a manutenção de sons do radical utilizado. Como em português o S entre vogais, para ter som de S, precisa ser duplicado, por meio de um dígrafo, é necessário que dupliquemos o S. Além disso, destacamos um fato importante: pé de moleque é formado por justaposição de dois radicais (pé e moleque), sendo a preposição somente elemento de ligação. Não consideramos esses elementos como radicais. Note, ainda, que há expressões longas que valem por palavras, como em Maria vai com as outras, em que uma expressão passa a ter valor de uma só palavra, nesse caso, influenciável. Aglutinação Na aglutinação, temos a construção de palavras a partir de dois ou mais radicais que perdem elementos estruturais ou fonéticos. Nesse caso, diferente do que acontece com a justaposição, não poderemos ter o uso de hífen separando as palavras, exatamente porque temos uma relação de modificação de um ou mais dos radicais. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 19 Para diferenciar os dois processos eu sempre digo aos alunos para utilizarem duas palavras para lembrar cada um dos processos de formação. Para isso, eu sempre recomento o par de palavras hidroelétrica e hidrelétrica. Ainda que seja, sinônimas e possam ser utilizadas tranquilamente, as duas passam por processos de composição distintos, vejamos: Hidroelétrica é formada claramente por justaposição. Isso se justifica porque não temos alteração alguma em nenhum dos dois radicais empregados. Hidrelétrica é formada claramente por aglutinação. Isso se justifica porque temos alteração em um dos radicais, no caso, em “hidr-“. 2.3 Onomatopeia Nesse processo, são formados verbos, interjeições e substantivos a partir da imitação dos sons de seres animados ou inanimados (animais e objetos sem vida). É uma forma muito comum de formação de palavras. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 20 2.4 Abreviação (Redução) Nesse processo, temos uma relação direta com a dinâmica da vida moderna. Com a necessidade linguística de comunicação de forma mais rápida, mais ágil. Quando pensamos em linguagem virtual, essa relação se mostra ainda mais forte. Nesse processo, temos a redução acontecendo até certo ponto da palavra original. Para que ela seja válida realmente há necessidade de que a palavra reduzida mantenha o significado da palavra original, sem perdas de significação. Essas reduções muitas vezes vêm carregadas de aspectospreconceituosos, afetivos e pejorativos. Uma mesma palavra pode sofrer dois processos de formação. Imaginemos a palavra Zezinho. Zé vem de José, modificado por meio de redução, passando a Zé. Depois, temos sufixação para a transformação em Zezinho. 2.5 Siglonimização O processo de siglonimização relaciona-se diretamente com o uso das letras iniciais das palavras que formam uma expressão e essa sigla passa a representar o nome completo. É interessante destacar que a sigla representa o valor da expressão que foi transformada em sigla. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 21 Três casos devem ser considerados nesse tipo de processo. Atente-se a eles, inclusive, para a escrita das suas redações. As siglas com quatro ou mais letras, quando pode 1º - Siglas com duas ou três letras devem ser grafadas todas em maiúscula. 2º - Siglas com quatro ou mais letras que possam ser lidas como uma palavra, por exemplo, Detran. 3º - Em redações, não é necessário abrir as siglas mais conhecidas, porque elas valem pelo nome que representam. 2.6 Hibridização Nesse processo, temos a utilização de dois morfemas de origens distintas. Esse processo tem sido pouco cobrado nos últimos anos no vestibular, mas é interessante que vocês conheçam esse processo, exatamente porque ele pode aparecer de uma forma ou outra em sua prova. Vamos olhar alguns exemplos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 22 Você pode encontrar questões que envolvem palavras de origem inglesa “aportuguesadas”. Não se trata de um hibridismo, pois o fenômeno do aportuguesamento envolve submeter uma palavra estrangeira às regras gramaticais e ortográficas da língua portuguesa. Veja alguns exemplos: - Gang = Gangue - Tarot = Tarô - Cocktail = Coquetel - Drink = Drinque - Scan = Escanear 2.7 Combinação Ainda que quase nunca estudemos essa forma de construção de palavras, é clara a relação que temos com a construção de palavras a partir da junção de duas palavras. É uma forma de construção de palavras muito utilizada no contexto corriqueiro da sociedade, na informalidade. Vejamos alguns casos: 1. (UNICAMP/2018) O brasileiro João Guimarães Rosa e o irlandês James Joyce são autores reverenciados pela inventividade de sua linguagem literária, em que abundam neologismos. Muitas vezes, por essa razão, Guimarães Rosa e Joyce são citados como exemplos de autores "praticamente intraduzíveis". Mesmo sem ter lido os autores, é possível identificar alguns dos seus neologismos, pois são baseados em processos de formação de palavras comuns ao português e ao inglês. Entre os recursos comuns aos neologismos de Guimarães Rosa e de James Joyce, estão: ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 23 i. Onomatopeia (formação de uma palavra a partir de uma reprodução aproximada de um som natural, utilizando-se os recursos da língua); e ii. Derivação (formação de novas palavras pelo acréscimo de prefixos ou sufixos a palavras já existentes na língua). Os neologismos que aparecem nas opções abaixo foram extraídos de obras de Guimarães Rosa (GR) e James Joyce (JJ). Assinale a opção em que os processos (i) e (ii) estão presentes: a) Quinculinculim (GR, No Urubuquaquá, no Pinhém) e tattarrattat (JJ, Ulisses). b) Transtrazer (GR, Grande sertão: veredas) e monoideal (JJ, Ulisses). c) Rtststr (JJ, Ulisses) e quinculinculim (GR, No Urubuquaquá, no Pinhém). d) Tattarrattat (JJ, Ulisses) e inesquecer-se (GR, Ave, Palavra). 2. (ESPM/2018) Assinale o item em que o par de prefixos grifados não possua equivalência semântica: a) hipermercado / supermercado b) anfíbio / ambiguidade c) endovenoso / intramuscular d) diálogo / bienal e) periferia / circunferência 3. (ESPM/2016) Levando-se em conta os prefixos latinos e gregos grifados, assinale o par que não possui correspondência de significados: a) abuso / anencéfalo b) ambidestro / anfíbio c) bienal / dilema d) circumpolar / periferia e) contraveneno / antídoto 4. (UNESP/2017) Leia o excerto do livro Violência urbana, de Paulo Sérgio Pinheiro e Guilherme Assis de Almeida. De dia, ande na rua com cuidado, olhos bem abertos. Evite falar com estranhos. À noite, não saia para caminhar, principalmente se estiver sozinho e seu bairro for deserto. Quando estacionar, tranque bem as portas do carro [...]. De madrugada, não pare em sinal vermelho. Se for assaltado, não reaja – entregue tudo. É provável que você já esteja exausto de ler e ouvir várias dessas recomendações. Faz tempo que a ideia de integrar uma comunidade e sentir-se confiante e seguro por ser parte de um coletivo deixou de ser um sentimento comum aos habitantes das grandes cidades brasileiras. As noções de ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 24 segurança e de vida comunitária foram substituídas pelo sentimento de insegurança e pelo isolamento que o medo impõe. O outro deixa de ser visto como parceiro ou parceira em potencial; o desconhecido é encarado como ameaça. O sentimento de insegurança transforma e desfigura a vida em nossas cidades. De lugares de encontro, troca, comunidade, participação coletiva, as moradias e os espaços públicos transformam- se em palco do horror, do pânico e do medo. A violência urbana subverte e desvirtua a função das cidades, drena recursos públicos já escassos, ceifa vidas – especialmente as dos jovens e dos mais pobres –, dilacera famílias, modificando nossas existências dramaticamente para pior. De potenciais cidadãos, passamos a ser consumidores do medo. O que fazer diante desse quadro de insegurança e pânico, denunciado diariamente pelos jornais e alardeado pela mídia eletrônica? Qual tarefa impõe-se aos cidadãos, na democracia e no Estado de direito? (Violência urbana, 2003.) As palavras do texto cujos prefixos traduzem ideia de negação são a) “desvirtua” e “transforma”. b) “evite” e “isolamento”. c) “desfigura” e “ameaça”. d) “desconhecido” e “insegurança”. e) “subverte” e “dilacera”. 5. (IFBA/2017) Leia o fragmento, abaixo, extraído do poema “Quilombos”, do poeta baiano José Carlos Limeira. “Te vejo meu povo feliz Teu sonho querendo sentir Se Palmares ainda vivesse Pra Palmares teria que ir Você já pensou se Domingos Jorge Velho e sua malta Não houvessem tido tanta sorte? Já pensou naquele país da Serra da Barriga? Sei que talvez não, É difícil imaginar uma terra (...) Onde não fosse possível ver Criancinhas De dez, oito, seis anos ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 25 Voltando às quatro da manhã Depois de vender chicletes e o último resquício de dignidade Nos cruzamentos da cidade. (...) Por menos que conte a história Não te esqueço meu povo Se Palmares não vive mais Faremos Palmares de novo.” LIMEIRA, José Carlos; SEMOG, Éle. Atabaques. Rio de Janeiro: Ed. dos Autores, 1983. Do ponto de vista morfológico, na estrutura da palavra “Criancinhas” (l. 13) apresenta-se: a) uma desinência verbal que indica quantidade. b) um prefixo que tem sentido de medida. c) um sufixo de valor diminutivo. d) um sufixo que forma substantivo por meio do verbo. e) uma composição por aglutinação. 6. (IFPE/2017) BRINQUEDO VIRA FEBRE ENTRE CRIANÇAS E ADOLESCENTESRIO – A cena se repete na porta das escolas da cidade: um grupo de adolescentes conversa, nas mãos, algo colorido girando chama a atenção. É o hand spinner, brinquedo que é a nova moda entre os jovens. Segundo a coluna "Gente Boa", a febre pela peça, que possui um círculo no centro e, ao colocar os dedos nas pontas, com um movimento rápido, é possível girá-lo cada vez mais rápido, foi tão grande que o Colégio Santo Inácio teria proibido o brinquedo na escola. Segundo o Colégio Santo Inácio, tudo não passou de um mal-entendido: nenhum brinquedo é proibido na escola. O que aconteceu foi uma recomendação para que os alunos não usassem durante a aula, já que os estudantes estavam se distraindo. Perto dali, no Leblon, o Colégio Santo Agostinho passa pelo mesmo problema. O hand spinner foi criado no início da década de 90 com o objetivo de auxiliar no relaxamento e aumentar a concentração. Ele era recomendado para crianças com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e autismo. Mas a internet foi tomada por vídeos e fotos do brinquedo e viralizou. O professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF) e especialista em psiquiatria infantil, Jairo Werner, destaca não conhecer estudos que comprovem a eficácia do hand spinner. “Isso virou uma grande moda, tenho pacientes que estão usando, não por recomendação minha, mas por conta própria. É um aparelho que fornece um alívio momentâneo da ansiedade, porque algumas pessoas, em especial as crianças, têm muita energia para extravasar. Tudo pode ser usado para o bem ou para o mal, limite é sempre necessário” — explica Werner. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 26 Disponível em: <https://oglobo.globo.com/rio/hand-spinner-de-febre-entre- osadolescentes-pesadelo-dos-colegios-21447838>. Acesso: 18 jun. 2017 (adaptado). A palavra “mal-entendido”, na primeira linha do segundo parágrafo do texto, foi escrita com hífen em respeito ao que prescreve o último acordo ortográfico assinado pelos países de língua portuguesa. Entretanto, o referido acordo nem sempre determina a utilização do hífen quando “mal” funciona como prefixo. Sabendo disso, assinale a única alternativa em que se faz obrigatório o uso do hífen com o supracitado prefixo. a) Mal-criado. b) Mal-amada. c) Mal-sucedido. d) Mal-cheiroso. e) Mal-visto. 7. (URGS/2017) Muita gente que ouve a expressão “políticas linguísticas” pela primeira vez pensa em algo solene, formal, oficial, em leis e portarias, em autoridades oficiais, e pode ficar se perguntando o que seriam leis sobre línguas. De fato, há leis sobre línguas, mas as políticas linguísticas também podem ser menos formais– e nem passar por leis propriamente ditas. Em quase todos os casos, figuram no cotidiano, pois envolvem não só a gestão da linguagem, mas também as práticas de linguagem, e as crenças e valores que circulam a respeito delas. Tome, por exemplo, a situação do cidadão das classes confortáveis brasileiras, que quer que a escola ensine a norma culta da língua portuguesa. Ele folga em saber que se vai exigir isso dos candidatos às vagas para o ensino superior, mas nem sempre observa ou exige o mesmo padrão culto, por exemplo, na ata de condomínio, que ele aprova como está, desapegada da ortografia e das regras de concordância verbais e nominais preconizadas pela gramática normativa. Ele acha ótimo que a escola dos filhos faça baterias de exercícios para fixar as normas ortográficas, mas pouco se incomoda com os problemas de redação nos enunciados das tarefas dirigidas às crianças ou nos textos de comunicação da escola dirigidos à comunidade escolar. Essas são políticas linguísticas. Afinal, onde há gente, há grupos de pessoas que falam línguas. Em cada um desses grupos, há decisões, tácitas ou explícitas, sobre como proceder, sobre o que é aceitável ou não, e por aí afora. Vamos chamar essas escolhas – assim como as discussões que levam até elas e as ações que delas resultam – de políticas. Esses grupos, pequenos ou grandes, de pessoas tratam com outros grupos, que por sua vez usam línguas e têm as suas políticas internas. Vivendo imersos em linguagem e tendo constantemente que lidar com outros indivíduos e outros grupos mediante o uso da linguagem, não surpreende que os recursos de linguagem lá pelas tantas se tornem, eles próprios, tema de política e objetos de políticas explícitas. Como esses recursos podem ou devem se apresentar? Que funções eles podem ou devem ter? Quem pode ou deve ter acesso a eles? Muito do que fazemos, portanto, diz respeito às políticas linguísticas. Adaptado de: GARCEZ, P. M.; SCHULZ, L. Do que tratam as políticas linguísticas. ReVEL, v. 14, n. 26, 2016. Assinale a alternativa em que o prefixo des atribui à forma a que se agrega o mesmo sentido que atribui à desapegada. a) Desdenhada. b) Designada. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 27 c) Desabrochada. d) Destrambelhada. e) Desabitada. 8. (UNIPÊ/2017) A atuação do profissional médico caracteriza, historicamente, ação que desafia o conhecimento. É muito fácil perceber isso em apanhado retrospectivo da história da Medicina. Da observação empírica ao conhecimento científico institucionalizado da Medicina, esses desafios se estendem além da esfera do conhecimento, para abranger, cada vez mais, também outros no campo institucional e, por fim, nas sociedades democráticas contemporâneas, aqueles exigidos pelo Estado de Direito. Se, um dia, já se fez cirurgia sem anestésicos, sem técnicas de esterilização e assepsia, no mundo de hoje, isso seria inconcebível, inaceitável e juridicamente passível de punição. O ato médico caracteriza-se principalmente pela natureza intervencionista, ou seja, há a “intenção de intervir”, cientificamente justificada em um diagnóstico que embasa o “porquê intervir” e da mesma forma estabelece o “como intervir”. Intervir do ponto de vista médico significa alterar de um estado inicial indesejável para um estado final previsivelmente almejado. E esse estado final almejado é estabelecido não pelo médico ou pelo paciente, mas pelo consenso científico. E toda a ação que se distanciar desses contornos necessitará de justificação adicional. Atente-se que, aqui, até mesmo a atitude passiva, ou seja, a não intervenção, é pautada pelo mesmo raciocínio: a atitude programada. Esses são pressupostos que constituem a essência para a elaboração do texto legal que regulamenta não apenas o ato médico, mas também o exercício profissional do médico em seu amplo contexto. Assim, o ato médico sempre será ação desafiando conhecimento! MURR, Leidimar Pereira. Ato médico: ação que desafia o conhecimento. Disponível em: <http://ojaleco.blogspot.com.br/2009/11/ato-medico-acaoque- desafia-o.html>. Acesso em: 4 abr. 2017. Adaptado. Os prefixos formadores das palavras derivadas “inconcebível” e “desafiando” traduzem, respectivamente, as ideias de a) introdução e transição. b) negação e ação contrária. c) intensidade e destruição. d) oposição e relação mútua. e) retrocesso e simultaneidade. 9. (UERJ/2016) O FUTURO ERA LINDO A informação seria livre. Todo o saber do mundo seria compartilhado, bem como a música, 2o cinema, a literatura e a ciência. O custo seria zero. O espaço seria infinito. A velocidade, 3estonteante. A solidariedade e a colaboração seriam os valores supremos. A criatividade, o único 4poder verdadeiro. O bem triunfaria sobre os males do capitalismo. O sistema de representação se tornaria obsoleto. Todos os seres humanos teriam oportunidades iguais em qualquer lugar do 6planeta. Todos seriam empreendedores e inventivos. Todos poderiam se expressarlivremente. 7Censura, nunca mais. As ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 28 fronteiras deixariam de existir. As distâncias se tornariam irrelevantes. O inimaginável seria possível. O sonho, qualquer sonho, poderia se tornar realidade. Livre, grátis, inovador, coletivo, palavras-chave do novo mundo que a internet inaugurou. Por anos esquecemos que a internet foi uma invenção militar, criada para manter o poder de quem já o tinha. Por anos fingimos que transformar produtos físicos em produtos virtuais era algo ecologicamente correto, esquecendo que a fabricação de computadores e celulares, com a obsolescência embutida em seu DNA, demanda o consumo de quantidades vexatórias de combustíveis fósseis, de produtos químicos e de água, sem falar no volume assombroso de lixo não reciclado em que resultam, incluindo lixo tóxico. Ninguém imaginou que o poder e o dinheiro se tornariam tão concentrados em megahipercorporações norte-americanas como o Google, que iriam destruir para sempre tantas indústrias e atividades em tão pouco tempo. Ninguém previu que os mesmos Estados Unidos, graças às maravilhas da internet sempre tão aberta e juvenil, se consolidariam como os maiores espiões do mundo, humilhando potências como a Alemanha e também o Brasil, impondo os métodos de sua inteligência militar sobre a população mundial, e guiando ao arrepio da justiça os bebês engenheiros nota dez em matemática mas ignorantes completos em matéria de ética, política e em boas maneiras. Ninguém previu a febre das notícias inventadas, a civilização de perfis falsos, as enxurradas de vírus, os arrastões de números de cartão de crédito, a empulhação dos resultados numéricos falseados por robôs ou gerados por trabalhadores mal pagos em países do terceiro mundo, o fim da privacidade, o terrorismo eletrônico, inclusive de Estado. Marion Strecker Adaptado de Folha de São Paulo, 29/07/2014. O termo megahipercorporações é formado por um processo que enfatiza o tamanho e o poder das corporações econômicas atuais. Essa ênfase é produzida pelo emprego de: a) sufixos de caráter aumentativo b) prefixos com sentido semelhante c) radicais de combinação obrigatória d) desinências de significado específico 10. (UFAM/2015) Há muito tempo, o homem sonha construir máquinas que possam livrá-lo das tarefas entediantes do dia a dia. Durante todo o século XX, os escritores de ficção científica estavam preocupados em criar histórias sobre robôs que serviam seus mestres em tudo, sem reclamar e sem se cansar. Essa era uma visão tentadora, mas, do ponto de vista tecnológico, até o final do século XX continuava a ser um sonho remoto, simplesmente porque não houve meios de construir essas máquinas. Que atrasados ainda somos! E, apesar da rejeição de muitos, essa perspectiva tem um quê de atraente. Alguns pesquisadores dos Estados Unidos, da Europa e do Japão continuam a perseguir, incansavelmente, o sonho de criar servidores robóticos multifuncionais, que possam fazer o trabalho pesado. A busca tem sido difícil e os progressos, lentos. No entanto, a partir do ano 2000, vêm sendo desenvolvidos robôs experimentais com considerável sofisticação. Muitos cientistas já se convenceram ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 29 de que essa tecnologia não é apenas possível, mas inevitável. Hoje em dia, a “era dos robôs” continua situada em algum lugar do futuro, mas está cada dia mais próxima. Sendo assim, daqui a alguns anos, não pegaremos numa vassoura que não seja através de um robô. Como dizia o escritor Oscar Wilde, a civilização precisa de escravos. Que os escravos sejam, então, as máquinas. Por isso, esses robôs têm que ser construídos, para que tenhamos um novo amanhecer em nossa vida, com um enlace entre homens e máquinas. (BALCH, Tucher. “As Maravilhosas máquinas inteligentes do futuro”. Texto adaptado.) Assinale a alternativa em que aquilo que se afirma de palavra tirada do texto NÃO está correto: a) “incansavelmente” possui os seguintes elementos mórficos: in (prefixo); cans (radical); ável (sufixo nominal); mente (sufixo adverbial) b) “estavam” possui os seguintes elementos mórficos: est (radical); a (vogal temática); va (desinência modo-temporal); m (desinência número-pessoal) c) “trabalho” é palavra formada por derivação imprópria. d) “amanhecer” é vocábulo formado por derivação parassintética. e) “enlace” é vocábulo formado por derivação regressiva. 11. (UFSCar/2013) O termo infeliz é formado pela combinação do prefixo de negação in- à base feliz. A alternativa em que a palavra também é formada com prefixo de negação é: a) desleal. b) ingerir. c) transportar. d) eufônico. e) decair. 12. (UFPR/2014) Brazuca é um nome triste, mas não por ser com ‘z’ A escolha do nome da bola que a Adidas lançará para a Copa do Mundo de 2014 foi feita por votação na internet a partir de uma 2 lista tríplice. Com 77.8% das preferências, Brazuca derrotou Bossa Nova e Carnavalesca. Como quase todos os analistas da língua que estão de plantão esta semana, lamentei a notícia (considerava Bossa Nova o menos ruim de três nomes fracos), mas por motivos diversos. Não é a grafia com z que me incomoda, mas a palavra em si. Convém explicar. Sim, é verdade que todos os dicionários e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), da Academia Brasileira de Letras, registram apenas brasuca, com s. Afinal, a palavra não é derivada de Brasil, brasileiro? Eis toda a base para a argumentação dos que implicaram com a grafia. Uma argumentação que deixa de levar em conta dois fatos singelos. A forma brazuca é muito mais usada na vida real. Uma pesquisa no Google traz mais de milhões de páginas, contra pouco mais de um décimo disso para brasuca. Pode-se defender a tese de que a preferência popular não é suficiente para alterar a grafia de um termo vernáculo, mas atenção: ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 30 estamos falando de palavra informal, brincalhona, recente. Brazuca é uma gíria, e as gírias, como todas as criações populares, têm a mania de escolher como serão conhecidas. Ainda que não fosse assim, o batismo da bola da Copa do Mundo é um ato de branding, ramo do marketing que tem regras próprias, entre elas a de privilegiar formas gráficas fortes – e nesse mundo a letra z goza de grande prestígio. Naturalmente, a correspondência com a grafia “Brazil” numa marca destinada a ter circulação internacional também deve ter sido considerada um trunfo por seus criadores. Se não é a grafia, o que sobra para criticar em Brazuca, a bola? Sua carga cultural idiota, só isso. O fato de que, brazuca ou brasuca, a palavra é um sinônimo tolo de brasileiro. O termo nasceu em Portugal com tom depreciativo (o sufixo “-uca”, o mesmo de mixuruca, deixa isso claro), numa espécie de contraponto ao nosso “portuga”. Até aí, tudo bem: a própria palavra brasileiro tinha uso pejora antes de ser assumida em espírito de desafio pelos nativos desta terra. O problema é que, ao ser adotado por aqui, brazuca/brasuca virou um clichê patriótico viscoso, folclórico e carregado de autocomplacência, primo da malemolência, da ginga e da incrível musicalidade de muitos inzoneiros* que habita este gigante adormecido. É por isso que Brazuca é bola fora – e Brasuca não seria melhor. (Sérgio Rodrigues, 04/09/2012, <http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/curiosidades-etimologicas>.) *Inzoneiro: Adj. Bras. Pop. 1. Mexeriqueiro, intrigante, mentiroso. 2. Sonso, manhoso. (Dicionário Aurélio) A partir do texto, considere as seguintesafirmativas: 1. As palavras mixuruca, muvuca e maluca confirmam a afirmação que o autor faz sobre o sufixo – uca. 2. O autor rechaça tanto brazuca quanto brasuca, por serem formas associadas a um patriotismo caricato. 3. Para o autor, o gigante adormecido tem qualidades que não podem ser comprometidas pela escolha de um nome com erro de grafia. Assinale a alternativa correta. a) Somente a afirmativa 2 é verdadeira. b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. e) As afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. 13. (FGV/2013) Satélite Fim de tarde. No céu plúmbeo ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 31 A Lua baça Paira Muito cosmograficamente Satélite. Desmetaforizada, Desmitificada, Despojada do velho segredo de melancolia, Não é agora o golfão de cismas, O astro dos loucos e dos enamorados, Mas tão somente Satélite. Ah Lua deste fim de tarde, Demissionária de atribuições românticas, Sem show para as disponibilidades sentimentais! Fatigado de mais-valia, gosto de ti, assim: Coisa em si, – Satélite. Manuel Bandeira No contexto do poema de Manuel Bandeira, sobre os termos “Desmetaforizada”, “Desmitificada” e “Despojada”, só NÃO é correto afirmar: a) configuram uma gradação descendente, do ponto de vista rítmico. b) desenvolvem uma ideia já presente no advérbio de modo, usado na primeira estrofe. c) contêm um prefixo que intensifica a noção contida no radical. d) podem ser entendidos como expressões que traduzem ideia de causa. e) opõem-se, quanto ao sentido, à expressão “disponibilidades sentimentais”. 14. (FGV/2012) Sua excelência [O ministro] vinha absorvido e tangido por uma chusma de sentimentos atinentes a si mesmo que quase lhe falavam a um tempo na consciência: orgulho, força, valor, satisfação própria etc. etc. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 32 Não havia um negativo, não havia nele uma dúvida; todo ele estava embriagado de certeza de seu valor intrínseco, das suas qualidades extraordinárias e excepcionais de condutor dos povos. A respeitosa atitude de todos e a deferência universal que o cercavam, reafirmadas tão eloquentemente naquele banquete, eram nada mais, nada menos que o sinal da convicção dos povos de ser ele o resumo do país, vendo nele o solucionador das suas dificuldades presentes e o agente eficaz do seu futuro e constante progresso. Na sua ação repousavam as pequenas esperanças dos humildes e as desmarcadas ambições dos ricos. Era tal o seu inebriamento que chegou a esquecer as coisas feias do seu ofício... Ele se julgava, e só o que lhe parecia grande entrava nesse julgamento. As obscuras determinações das coisas, acertadamente, haviam-no erguido até ali, e mais alto levá-lo-iam, visto que, só ele, ele só e unicamente, seria capaz de fazer o país chegar ao destino que os antecedentes dele impunham. (Lima Barreto. Os bruzundangas. Porto Alegre: L&PM, 1998, pp. 15-6) A palavra que apresenta, em sua formação, um prefixo e um sufixo formador de adjetivo é: a) esperanças. b) sentimentos. c) unicamente. d) respeitosas. e) extraordinárias. 15. (UNIRG/2012) A construção do título do livro "Sagarana" foi inventada pelo próprio autor e provém da junção de a) 'saga‘ que quer dizer "em busca de", e 'rana‘ que significa uma "feição universalizante" do épico. b) 'saga‘ palavra lúdica que se origina dos rapsodos gregos, e 'rana‘ nas canções de gesta medievais. c) 'saga‘ origina-se do mito poético que situa a narrativa entre o real e o mágico, e 'rana‘ que alude ao ápice da existência. d) 'saga‘ radical de origem germânica que significa "criação verbal a serviço do épico", e ‘rana’, do sufixo da língua indígena tupi, que significa "à maneira de". 16. (UFRJ/2005) Em relação à palavra "bioética", é possível verificar, em seu processo de formação, a presença de a) prefixo (bio) + radical (ética). b) radical (bio) + radical (ética). c) radical (bio) + sufixo (-ético). d) prefixo (bio) + radical (ét-) + sufixo (-ica). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 33 e) radical (bioét) + sufixo (-ica). 17. (Insper/2012) Leia a tirinha a seguir. Os mesmos processos de formação dos termos em negrito aparecem, respectivamente, em: a) anoitecer, votação, inútil, violação e tristemente; b) retenção, suavidade, desmatamento, infelizmente e firmamento; c) enlatado, ajuda, remissão, dignidade e abolição; d) reação, geração, abstenção, lição e afrontamento; e) magreza, medidor, firmamento, dignidade e violação. 18. (UNESP/2021) Para a formação do neologismo “vivimento”, o narrador recorreu ao mesmo processo de formação de palavras observado em a) “desemendo”. b) “velhice”. c) “denúncia”. d) “reverte”. e) “adiante”. 19. (UECE/2019) Algumas palavras da língua portuguesa são formadas a partir da combinação de morfemas. Sobre esse aspecto, atente para as seguintes afirmações: I. O sufixo inha do vocábulo garrafinha indica diminutivo e o processo de formação dessa palavra se chama derivação sufixal. II. Os prefixos re e des dos vocábulos reutilizar e desligar indicam, respectivamente, repetição de uma ação e negação, e o processo de formação dessas palavras se chama derivação prefixal. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 34 III. O prefixo ex do vocábulo extratos significa que algo está fora e o processo de formação dessa palavra é denominado derivação prefixal. Estão corretas as assertivas contidas em a) I e II apenas. b) I e III apenas. c) II e III apenas. d) I, II e III. 20. (Unicentro/2017) O animal satisfeito dorme Mário Sérgio Cortella O sempre surpreendente Guimarães Rosa dizia: “o animal satisfeito dorme”. Por trás dessa aparente obviedade está um dos mais fundos alertas contra o risco de cairmos na monotonia existencial, na redundância afetiva e na indigência intelectual. O que o escritor tão bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia vital toda vez que se sente plenamente confortável com a maneira como as coisas já estão, rendendo-se à sedução do repouso e imobilizando-se na acomodação. A advertência é preciosa: não esquecer que a satisfação conclui, encerra, termina; a satisfação não deixa margem para a continuidade, para o prosseguimento, para a persistência, para o desdobramento. A satisfação acalma, limita, amortece. Por isso, quando alguém diz “fiquei muito satisfeito com você” ou “estou muito satisfeita com teu trabalho”, é assustador. O que se quer dizer com isso? Que nada mais de mim se deseja? Que o ponto atual é meu limite e, portanto, minha possibilidade? Que de mim nada mais além se pode esperar? Que está bom como está? Assim seria apavorante; passaria a ideia de que desse jeito já basta. Ora, o agradável é quando alguém diz: “teu trabalho (ou carinho, ou comida, ou aula, ou texto, ou música etc.) é bom, fiquei muito insatisfeito e, portanto, quero mais, quero continuar, quero conhecer outras coisas. Um bom filme não é exatamente aquele que, quando termina, ficamos insatisfeitos, parados, olhando, quietos, para a tela, enquanto passam os letreiros, desejando que não cesse? Um bom livro não é aquele que, quando encerramos a leitura, o deixamos um pouco apoiado no colo, absortose distantes, pensando que não poderia terminar? Uma boa festa, um bom jogo, um bom passeio, uma boa cerimônia não é aquela que queremos que se prolongue? Com a vida de cada um e de cada uma também tem de ser assim; afinal de contas, não nascemos prontos e acabados. Ainda bem, pois estar satisfeito consigo mesmo é considerar-se terminado e constrangido ao possível da condição do momento. Quando crianças (só as crianças?), muitas vezes, diante da tensão provocada por algum desafio que exigia esforço (estudar, treinar, EMAGRECER etc.) ficávamos preocupados e irritados, sonhando e pensando: por que a gente já não nasce pronto, sabendo todas as coisas? Bela e ingênua perspectiva. É fundamental não nascermos sabendo e nem prontos; o ser que nasce sabendo não terá novidades, só reiterações. Somos seres de insatisfação e precisamos ter nisso alguma dose de ambição; ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 35 todavia, ambição é diferente de ganância, dado que o ambicioso quer mais e melhor, enquanto que o ganancioso quer só para si próprio. Nascer sabendo é uma limitação porque obriga a apenas repetir e, nunca, a criar, inovar, refazer, modificar. Quanto mais se nasce pronto, mais refém do que já se sabe e, portanto, do passado; aprender sempre é o que mais impede que nos tornemos prisioneiros de situações que, por serem inéditas, não saberíamos enfrentar. Diante dessa realidade, é absurdo acreditar na ideia de que uma pessoa, quanto mais vive, mais velha fica; para que alguém quanto mais vivesse mais velho ficasse, teria de ter nascido pronto e ir se gastando… Isso não ocorre com gente, e sim com fogão, sapato, geladeira. Gente não nasce pronta e vai se gastando; gente nasce não-pronta, e vai se fazendo. Eu, no ano que estamos, sou a minha mais nova edição (revista e, às vezes, um pouco ampliada); o mais velho de mim (se é o tempo a medida) está no meu passado e não no presente. Demora um pouco para entender tudo isso; aliás, como falou o mesmo Guimarães, “não convém fazer escândalo de começo; só aos poucos é que o escuro é claro”… Excerto do livro “Não nascemos prontos! – provocações filosóficas”. De Mário Sérgio Cortella. Disponível em:<http://www.contioutra.com/o-animal-satisfeito-dorme-texto-de-mario-sergio-cortella/> Sobre os processos de formação de palavras que compõem o texto 01, assinale a única alternativa correta. a) A palavra “estudar” é formada por derivação prefixal e sufixal. b) A palavra “emagrecer” é formada por derivação parassintética. c) A palavra “gastando” é formada por derivação prefixal. d) A forma verbal “vive” é formada por derivação imprópria. e) A palavra “surpreendente” é formada por composição por justaposição. 21. (Unicentro/2018) Para responder à questão, considere a tira abaixo. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 36 Na interação verbal entre Susanita e Mafalda, o humor é desencadeado pelo neologismo INVEJÓLOGO, criado para designar a futura especialidade médica do “filho da D. Susanita”. O processo de formação dessa palavra indica a) a invariabilidade imanente da língua. b) a fragilidade da língua colocada em risco de deterioração. c) o dinamismo da língua na criação de novas palavras. d) a impossibilidade de a língua se adaptar ao contexto social dos falantes. e) a inadequação do uso do radical grego para indicar a nova profissão. 22. (UFT/2018) Opinião não é argumento Aqui está uma história que pode ser verdadeira no contexto atual do Brasil. Um jovem professor de Filosofia, instruindo seus alunos à Filosofia da Religião, introduz, à maneira que a Filosofia opera há séculos, argumentos favoráveis e contrários à existência de Deus. Um dos alunos se queixa, para o diretor e também nas onipresentes redes sociais, de que suas crenças religiosas estão sendo atacadas. “Eu tenho direito às minhas crenças”. O diretor concorda com o aluno e força o professor a desistir de ensinar Filosofia da Religião. Mas o que é exatamente um “direito às minhas crenças”? [...] O direito à crença, nesse caso, poderia ser visto como o “direito evidencial”. Alguém tem um direito evidencial à sua crença se estiver disposto a fornecer evidências apropriadas em apoio a ela. Mas o que o estudante e o diretor estão reivindicando e promovendo não parece ser esse direito, pois isso implicaria precisamente a necessidade de pôr as evidencias à prova. Parece que o estudante está reivindicando outra coisa, um certo “direito moral” à sua crença, como avaliado pelo filósofo americano Joel Feinberg, que trabalhou temas da Ética, Teoria da Ação e Filosofia Política. O estudante está afirmando que tem o direito moral de acreditar no que quiser, mesmo em crenças falsas. Muitas pessoas acham que, se têm um direito moral a uma crença, todo mundo tem o dever de não as privar dessa crença, o que envolve não criticá-la, não mostrar que é ilógica ou que lhe falta apoio evidencial. O problema é que essa é uma maneira cada vez mais comum de pensar sobre o direito de acreditar. E as grandes perdedoras são a liberdade de expressão e a democracia. [...] A defesa de uma crença está restrita ao uso de métodos que pertence ao espaço das razões – argumentação e persuasão, em vez de força. Você tem o direito de avançar sua crença na arena pública usando os mesmos métodos de que seus oponentes dispõem para dissuadi-lo. O pior acontece quando crenças se materializam em opinião, e são usadas como substitutas de argumentos, quando o “Eu tenho direito às minhas crenças” se transforma em “Eu tenho direito à minha opinião”. Crenças e opiniões não são argumentos. Mais precisamente, crenças diferem de opinião, que diferem de fatos, que diferem de argumentos. Um fato é algo que pode ser comprovado verdadeiro. Por exemplo, é um fato que Júpiter é o maior planeta do sistema solar tanto em diâmetro quanto em massa. Esse fato pode ser provado pela observação ou pela consulta a uma fonte fidedigna. Uma crença é uma ideia ou convicção que alguém aceita como verdade, como “passar debaixo de uma escada dá azar”. Isso certamente não pode ser provado (ou pelo menos nunca foi). Mas a pessoa ainda pode manter sua crença, como vimos, se não pelo “direito evidencial”, apelando para o ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 37 “direito moral”. Ou ainda, pelo mesmo “direito moral”, deixar de acreditar no que ela própria pensa ser evidência, como no caso do famoso dito (atribuído a Sancho Pança): “Não creio em bruxas, ainda que existam”. [...] Fonte: CARNIELLI, Walter. Página Aberta. In: Revista Veja. Edição 2578, ano 51, nº 16. São Paulo: Editora Abril, 2018, p. 64 (fragmento adaptado). Quanto aos aspectos gramaticais, negritados no texto, analise as afirmativas. I. Em: “ilógica”, ocorre derivação prefixal, ou seja, à palavra lógica acrescentou-se o prefixo “i-”, indicando negação. II. Em: “certamente”, o sufixo adverbial “-mente” é acrescentado à forma feminina do adjetivo, para exprimir circunstância de modo. III. Em: “direito evidencial”, o elemento “evidencial” formou-se por derivação sufixal, resultando em um adjetivo. IV. Em: “persuasão”, o sufixo “-ão” indica a noção de aumentativo. Assinale a alternativa CORRETA. a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. b) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. c) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas. d) Todas as afirmativas estão corretas. 23. (UFC/2019) Ocorre derivação imprópria no termo destacado em: a) “fascinava-a como prodígio mecânico que era”.b) “avistou aquele pano branco tremulando”. c) “quão indiferentes passam entre si”. d) “a fim de que o objeto não chegasse sibilante como um projétil”. e) “a menina teve a impressão de que ele levava saudades”. 24. (UEMA/2020) Leia o texto que segue para responder à questão. Manuel Bandeira, autor de Libertinagem (1930), insere-se na primeira Geração do Modernismo no Brasil. Sua obra, também influenciada por sua história de vida, rompeu com os padrões rígidos ditados pela produção anterior ao Modernismo. Ocupa lugar de relevância na produção poética brasileira no séc. XX, sendo um dos poetas conhecidos e estudados na contemporaneidade. Especificamente, Libertinagem acompanha o ideário do grupo modernista da Semana de 22. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 38 Lenda brasileira A moita buliu. Bentinho Jararaca levou a arma à cara: o que saiu do mato foi o Veado Branco! Bentinho ficou pregado no chão. Quis puxar o gatilho e não pôde. - Deus me perdoe! Mas o Cussaruim veio vindo, veio vindo, parou junto do caçador e começou a comer devagarinho o cano da espingarda. BANDEIRA, M. Libertinagem. 2 ed. São Paulo: Global, 2013. O termo “Cussaruim” é uma sinonímia para “diabo”, realizada a partir da aproximação com “coisa- ruim” ou “cousa ruim”, expressões populares de certas regiões do Brasil. No processo formativo de “Cussaruim”, tem-se a a) conversão da categoria adjetiva da palavra em substantivo. b) prefixação com total modificação do sentido primitivo da palavra. c) aglutinação de dois termos com perda da autonomia fonética de um deles. d) junção de termos de origens distintas para formação de vocábulo inusitado. e) abreviação de partes das duas palavras, mantendo o significado primitivo das palavras. 25. (FGV-SP/2019.2) Dizem todos, e os poetas juram e tresjuram, que o verdadeiro amor é o primeiro; temos estudado a matéria, e acreditamos hoje que não há que fiar em poetas: chegamos por nossas investigações à conclusão de que o verdadeiro amor, ou são todos ou é um só, e neste caso não é o primeiro, é o último. O último é que é o verdadeiro, porque é o único que não muda. As leitoras que não concordarem com esta doutrina convençam-me do contrário, se são disso capazes. Isto tudo vem para dizermos que Maria-Regalada tinha um verdadeiro amor ao major Vidigal; o major pagava-lho na mesma moeda. Ora, D. Maria era uma das camaradas mais do coração de Maria- Regalada. Eis aí porque falando dela D. Maria e a comadre se mostraram tão esperançadas a respeito da sorte do Leonardo. Já naquele tempo (e dizem que é defeito do nosso) o empenho, o compadresco eram uma mola real de todo o movimento social. Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. O prefixo que entra na formação do verbo “tresjuram” expressa ideia de a) precisão. b) intensificação. c) contradição. d) atenuação. e) negação. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 39 26. (UNEMAT/2019.2) Cabelo Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada Quem disse que cabelo não sente Quem disse que cabelo não gosta de pente Cabelo quando cresce é tempo Cabelo embaraçado é vento Cabelo vem lá de dentro Cabelo é como pensamento Quem pensa que cabelo é mato Quem pensa que cabelo é pasto Cabelo com orgulho é crina Cilindros de espessura fina Cabelo quer ficar pra cima Laquê, fixador, gomalina Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada Quem quer a força de Sansão Quem quer a juba de leão Cabelo pode ser cortado Cabelo pode ser comprido Cabelo pode ser trançado Cabelo pode ser tingido Aparado ou escovado Descolorido, descabelado Cabelo pode ser bonito Cruzado, seco ou molhado. Disponível em: https://w w w .letras.mus.br/arnaldo-antunes/91446/. Acesso em: mar. 2019. A letra da canção “Cabelo”, de Jorge Benjor e Arnaldo Antunes, apresenta alguns versos com palavras cognatas. No texto, são cognatas as palavras: a) sente; gosta; cresce; pensa. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 40 b) tempo; vento; dentro; pensamento. c) cabelo; cabeleira; cabeluda; descabelada. d) aparado; escovado; descolorido; cruzado. e) cortado; cumprido; traçado; tingido. 27. (UnB/2017) [1] Há aproximadamente mil anos, no auge do Renascimento islâmico, três irmãos em Bagdá projetaram um dispositivo que era um órgão automatizado. Eles o chamaram [4] “o instrumento que toca sozinho”. O instrumento era basicamente uma caixa de música gigante. O órgão podia ser treinado para tocar várias músicas usando instruções [7] codificadas por meio de pinos colocados em um cilindro giratório. Para a máquina tocar uma música diferente, era só trocar um cilindro por outro com uma codificação diferente. [10] Esse foi o primeiro instrumento desse tipo. Ele era programável. Conceitualmente, esse foi um imenso salto adiante. Toda a ideia de hardware e de software se tornou [13] possível com essa invenção. Esse conceito incrivelmente poderoso não veio para nós na forma de um instrumento de guerra, de conquista ou de uma necessidade. De forma alguma, [16] ele veio do estranho prazer de ver uma máquina tocar música. De fato, a ideia de máquinas programáveis foi mantida viva exclusivamente pela música por aproximadamente setecentos [19] anos. Existe uma longa lista de ideias e de tecnologias transformadoras que vieram de brincadeiras: os museus [22] públicos, a borracha, a teoria das probabilidades, o negócio de seguros e muito mais. A necessidade nem sempre é a mãe da invenção. Um estado de espírito lúdico é fundamentalmente [25] exploratório e busca novas possibilidades no mundo ao seu redor. Devido a essa busca, muitas experiências que começaram como simples prazer e diversão, por fim, [28] resultaram em grandes avanços. Stephen Johnson. O paraíso lúdico por trás das grandes invenções. Internet: <www.ted.com>. Tomando como base o fragmento de texto acima, julgue o item. A palavra “busca” (l.26) é formada pelo mesmo processo de derivação a partir do qual se forma a palavra a) “programável” (l.11). b) “invenção” (l.13). c) “conquista” (l.15). d) “necessidade” (l.15). Textos para as questões de 28 a 31. Texto I ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 41 Texto II Sem merenda: quando férias escolares significam fome no Brasil "Me corta o coração eles quererem um pão e eu não ter. Já coloquei os meninos na escola pra isso mesmo, por causa da merenda. Um pouquinho de arroz sempre alguém me dá, mas nas férias complica", afirma Alessandra, que, desempregada, coleta latinhas na favela de Paraisópolis, em São Paulo, onde mora. [...] O drama de Alessandra não é incomum. As férias escolares, quando muitas crianças deixam de ter o acesso diário à merenda, intensificam a vulnerabilidade social de muitas famílias em todo o país. Embora variem em conteúdo e qualidade (às vezes, são apenas bolacha ou pão, em outras, são refeições completas de arroz, feijão, legumes e carne), as merendas ocupam função importante no dia a dia de certos alunos. Para essas crianças, nos períodos sem aulas é que a fome, uma ameaça ao longo de todo ano, torna-se uma realidade a ser enfrentada. [...] Embora não haja estudos nacionais que indiquem o tamanho da insegurança alimentar durante o período de férias escolares, uma sériede indicadores comprova a evolução da pobreza no país e o modo como ela incide sobre as crianças. De acordo com a Fundação Abrinq, que fez cálculos, a partir de dados do IBGE, 9 milhões de brasileiros entre zero e 14 anos do Brasil vivem em situação de extrema pobreza. O Sistema de ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 42 Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde (Sisvan) identificou, no ano retrasado, 207 mil crianças menores de cinco anos com desnutrição grave no Brasil. A mais recente pesquisa de Segurança Alimentar do IBGE, de 2013, apontava que uma a cada cinco famílias brasileiras tinha restrições alimentares ou preocupação com a possibilidade de não ter dinheiro para pagar comida. Se a pesquisa fosse feita hoje, a família da faxineira Marinalva Maria de Paula, de 57 anos, se enquadraria nessa condição. Com uma renda de R$ 360,00 mensais para três adultos e uma criança, ela se vê cotidianamente frente a decisões dramáticas: "Se eu pagar a prestação do apartamento ou a conta de água, não temos o que comer''. [...] O fenômeno que acontece na casa da faxineira já havia sido identificado pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) em 2008, quando um terço dos titulares do Bolsa Família declaravam em pesquisa que a alimentação da família piorava durante as férias escolares. [...] Marinalva não consegue emprego formal há quatro anos. Ela está muito longe de atingir a renda mínima familiar, estimada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em R$ 4.214,62, para suprir sem carências as necessidades com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência dos quatro integrantes da casa. O valor, calculado em julho, equivale a aproximadamente quatro vezes o salário- mínimo atual, de R$ 998,00. Fonte: IDOETA, Paula Adamo; SANCHES, Mariana. In: BBC News Brasil. 15 jul. 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48953335. Acesso em: 09 agost. 2019. (texto adaptado). 28. (UFT/2020/Tarde) Sobre os vocábulos: "incomum" e "insegurança", presentes no texto II, analise as afirmativas. I. Nos vocábulos, o prefixo "in-" denota sentido de negação. II. Os vocábulos passaram por derivação parassintética, com a anexação concomitante de afixos aos substantivos. III. Os vocábulos são formados pelo processo de derivação, ou seja, quando se obtém uma palavra nova (derivada), pela anexação de afixos à palavra primitiva. IV. Na formação dos vocábulos, ambos sofreram alterações em sua estrutura pelos prefixos, provocadas pelo fenômeno da assimilação. Assinale a alternativa CORRETA. a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. b) Apenas as afirmativas I e III estão corretas. c) Apenas as afirmativas II e III estão corretas d) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas. 29. (Inédita – Professor Wagner Santos) A palavra “desperdiçado” (Texto I) é formada pelo mesmo princípio formativo de: a) Embora. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 43 b) Emagrecimento. c) Beijo. d) Inconstitucional. e) Desclonagem. 30. (Inédita – Professor Wagner Santos) Tendo em mente que a palavra “merenda” é derivada do verbo “merecer”, do latim merere, seu processo de formação deve ser classificado como a) derivação prefixal. b) abreviação. c) derivação sufixal. d) derivação imprópria. e) derivação regressiva. 31. (Inédita – Professor Wagner Santos) O verbo “enquadrar” – que significa “ser colocado em quadro”, ou seja, ser colocado em um determinado contexto – não apresenta a mesma forma de formação da apresentada em a) envernizar. b) anoitecer. c) fototoxidade. d) abençoar. e) engaiolar. 32. (Unifor/2003) A série em que todas as palavras têm o mesmo radical é a) idoso – idôneo - ídolo b) doméstico - domicílio - domesticar c) popular - pluvioso - público d) senil - semelhante – senhor 33. (Unicamp/2020) Leia o texto a seguir e responda à questão. O telejornalismo é um dos principais produtos televisivos. Sejam as notícias boas ou ruins, ele precisa garantir uma experiência esteticamente agradável para o espectador. Em suma, ser um “infotenimento”, para atrair prestígio, anunciante e rentabilidade. Porém, a atmosfera pesada do início do ano baixou nos telejornais: Brumadinho, jovens atletas mortos no incêndio do CT do Flamengo, notícias diárias de feminicídios, de valentões armados matando em brigas de trânsito e supermercados. Conjunções adversativas e adjuntos adverbiais já não dão mais conta de neutralizar o tsunami de ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 44 tragédias e violência, e de amenizar as más notícias para garantir o “infotenimento”. No jornal, é apresentada matéria sobre uma mulher brutalmente espancada, internada com diversas fraturas no rosto. Em frente ao hospital, uma repórter fala: “mas a boa notícia é que ela saiu da UTI e não precisará mais de cirurgia reparadora na face...”. Agora, repórteres repetem a expressão “a boa notícia é que...”, buscando alguma brecha de esperança no “outro lado” das más notícias. (Adaptado de Wilson R. V. Ferreira, Globo adota “a boa notícia é que...” para tentar se salvar do baixo astral nacional. Disponível em https://cinegnose. Blogs pot.com/2019/02/globo-adotaboa-noticia-e-quepara.html. Acessado em 01/03 /2019.) Para se referir a matérias jornalísticas televisivas que informam e, ao mesmo tempo, entretêm os espectadores, o autor cria um neologismo por meio de a) derivação prefixal. b) composição por justaposição. c) composição por aglutinação. d) derivação imprópria. 34. (PUC-PR/Verão 2020) Leia o texto que segue e responda à questão. O que você faz à noite, fora do trabalho, pode ter uma influência positiva em sua carreira. Pelo menos é o que concluiu uma pesquisa realizada por professores da Austrália, da China e de Hong Kong, publicada na revista científica Journal of Applied Psychology. Durante dez dias, os estudiosos mapearam os hábitos de 183 funcionários chineses de diferentes empresas e ocupações. Os participantes precisavam responder, três vezes ao dia, como se sentiam em relação a seu trabalho. Os dados indicaram que os que mantinham hobbies noturnos mostravam-se mais proativos no dia seguinte. Já os que cumpriam obrigações domésticas ou levavam tarefas do escritório para casa sentiam-se mais enfadados. O resultado não é sem razão. “Quando você faz algo que gosta, está adquirindo conhecimento e experiências para se tornar um profissional melhor. São aprendizados para a vida como um todo”, afirma Nélio Bilate, consultor de desenvolvimento humano e organizacional. Disponível em: https://exame.abril.com.br/carreira/diga-me-seu-hobby-que-direi-o-quanto-produz-notrabalho/. Acesso em: 10/08/2019. Sobre a formação de algumas palavras do texto, leia as afirmativas a seguir e assinale V para as verdadeiras e F para as falsas. ( ) “Desenvolvimento” e “enfadados” são vocábulos formados por derivação parassintética. ( ) Os sufixos de “participantes”, “consultor” e “chineses” expressam o mesmo valor semântico. ( ) Os substantivos “pesquisa” e “trabalho” formaram-se por derivação regressiva a partir de verbos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 45 ( ) “Científica”, “conhecimento” e “estudiosos” são adjetivos formados por sufixação. Assinale a alternativa que completa CORRETAMENTEos parênteses, de cima para baixo. a) F – F – V – F. b) F – V – V – V. c) V – V – F – V. d) V – V – F – F. e) V – F – F – V A partir do texto a seguir, faça o que se pede nas questões de 35 a 37. Leia o texto para responder à questão. O leitor encontra, neste belo número da Revista Katálysis, um panorama rico, denso e qualificado do que vem ocorrendo no mundo do trabalho hoje, com seus traços de “continuidade” e “descontinuidade”, num período em que o capitalismo aprofundou ainda mais as penalizações que está impondo ao universo laborativo, onde o “novo” e o “velho” se (re)configuram a partir da nova Divisão Internacional do Trabalho (DIT), que se reestruturou nas últimas décadas. [...] Se a Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX, legou-nos um enorme processo de “desantropomorfização do trabalho” (Lukács); se o século XX pode ser caracterizado pelo que Braverman definiu como sendo a “era da degradação do trabalho”, as últimas décadas do século passado e os inícios do atual vêm presenciando a generalização de “outras formas e modalidades de precarização”, [...] aquela responsável pela geração do cybertariado (Ursula Huws), uma nova força de trabalho global que mescla intensamente “informatização” com “informalização”.[...] As consequências são fortes: nesta fase de desmanche, estamos presenciando o derretimento dos poucos laços de sociabilidade, [...] sem presenciarmos uma ampliação da vida dotada de sentido, nem “dentro” e nem “fora” do trabalho. A vida se consolida, cada vez mais, como sendo desprovida de sentido no trabalho e, por outro lado, estranhada e fetichizada* também “fora” do trabalho, exaurindo- se no mundo sublimado do consumo (virtual ou real), ou na labuta incansável pelas qualificações de todo tipo, que são incentivadas como antídoto [...] para não perder o emprego daqueles que o têm. É por isso que estamos presenciando uma desconstrução sem precedentes do trabalho em toda a era moderna, ampliando os diversos modos de ser da precarização e do desemprego estrutural. Resta para a “classe-que-vive-do-trabalho” oscilar, ao modo dos pêndulos, entre a busca de qualquer “labor” e a vivência do desemprego. Este número especial da Revista Katálysis, dedicado às novas configurações do trabalho na sociedade capitalista, é uma contribuição efetiva para a linhagem crítica, atualizada e original, tanto pelos temas selecionados, quanto pela qualidade e competência dos colaboradores presentes, ajudando a descortinar tantos elementos que configuram a “nova morfologia do trabalho”, seus dilemas e desafios. Ricardo Antunes, Editorial da Revista Katálysis, n.2, 2009. https://tinyurl.com/y6nchqmr Acesso em: 19.10.2019. Adaptado. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 46 *fetichizar: ação de admirar exageradamente, irrestritamente, incondicionalmente uma pessoa ou coisa. 35. (FATEC/2020.1) Os termos “continuidade”, “desconstrução” e “desmanche” são palavras constituídas por diferentes processos de formação de palavras. Assinale a alternativa cujas palavras são formadas, respectivamente, pelos mesmos processos dos vocábulos apresentados no enunciado. a) Idade, endeusar e venda. b) Vivência, rememoração e renúncia. c) Morosidade, entardecer e aguardente. d) Idealismo, vivenciamento e desmantelar. e) Porosidade, descontinuamente e remontar. 36. (Inédita – Professor Wagner Santos) O vocábulo “desantropomorfização”, encontrado no texto em questão, é formado por prefixação e sufixação. A análise correta de significados é encontrada em: a) O prefixo “des-“ apresenta, no contexto, uma relação de negação do restante da palavra. b) O sufixo “-ização” é, nesse caso em específico, formador de adjetivo aplicado somente a humanos. c) A palavra, com relação à sua formação, passa a significar, no contexto, o abandono da humanidade da sociedade. d) O radical da palavra é “antrop-“ e guarda, em si, a significação de “homem”, no sentido humano. 37. (Inédita – Professor Wagner Santos) No texto, as palavras “informatização” e “informalização” devem ser entendidas como a) de sentidos diferentes, apesar do mesmo processo de formação de palavras. b) de mesmo significado, dado que apresentam mesmo processo de formação. c) complementares, quanto ao sentido, no contexto apresentado no texto. d) neologismos criados pelo autor para comprovar a tese apresentada no texto. e) antônimos formados para marcar a incoerência do momento abordado no texto. 38. (FGV-SP/2019 – Economia – Tarde) Leia o texto para responder à questão. O sertanejo, assoberbado de reveses, dobra-se, afinal. Passa, certo dia, à sua porta, a primeira turma de “retirantes”. Vê-a, assombrado, atravessar o terreiro, miseranda, desaparecendo adiante numa nuvem de poeira, na curva do caminho... No outro dia, outra. E outras. É o sertão que se esvazia. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 47 Não resiste mais. Amatula-se num daqueles bandos, que lá se vão caminho em fora, debruando de ossadas as veredas, e lá se vai ele no êxodo penosíssimo para a costa, para as serras distantes, para quaisquer lugares onde o não mate o elemento primordial da vida. Atinge-os. Salva-se. Passam-se meses. Acaba-se o flagelo. Ei-lo de volta. Vence-o saudade do sertão. Remigra. E torna feliz, revigorado, cantando; esquecido de infortúnios, buscando as mesmas horas passageiras da ventura perdidiça e instável, os mesmos dias longos de transes e provações demoradas. (Euclides da Cunha. Os Sertões) Considere as passagens: • Vê-a, assombrado, atravessar o terreiro, miseranda, desaparecendo adiante numa nuvem de poeira... (2° parágrafo); • Remigra. E torna feliz, revigorado, cantando... (5° parágrafo). Nos vocábulos destacados, os prefixos expressam, respectivamente, sentidos de a) negação, retorno e reforço. b) ausência, repetição e recuo. c) afastamento, recuo e intensidade. d) repetição, retrocesso e repetição. e) excesso, repetição e oposição. 39. (UnB/2019) Os nem-nem: dois em cada 10 jovens brasileiros não estudam nem trabalham Uma pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revela que 23% (dois em cada dez) dos jovens brasileiros não estudam nem trabalham: são os chamados jovens nem-nem. A maior parte desse grupo são [5] mulheres de baixa renda. O número corresponde a um dos maiores percentuais de jovens nessa situação entre nove países da América Latina e do Caribe. Outros 49% dos jovens se dedicam exclusivamente a estudo ou capacitação, 13% só trabalham e 15% trabalham e estudam ao mesmo [10] tempo. Internet: www.economia.uol.com.br (com adaptações). O termo “nem-nem”, presente no título do texto, é formado por meio da a) atribuição de novo significado a palavra composta já dicionarizada. b) derivação de vocábulo a partir da inserção de sufixo ao segundo termo. c) inclusão de palavra de outra língua no vocabulário da língua portuguesa. d) combinação de palavras já existentes na língua portuguesa. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 48 40. (Unit-SE/2019.1 Medicina) Sobre os elementos linguísticos que compõem o provérbio, está incorreto o que se afirma em a) A partícula “A” determina o substantivo “persistência”, e o artigo “o” substantiva o adjetivo “impossível”. b) As palavras “persistência” e “impossível” são acentuadas por serem paroxítonas terminadas, respectivamente, em -ia, ditongo crescente, e em -l. c) As expressões “A persistência” e “o impossível” exercem diferentes funções sintáticas, emboratenham como núcleos termos flexionados no mesmo número e gênero. d) A forma verbal “realiza” expressa uma ação contínua, pertence a um verbo regular da primeira conjugação, que recebe a classificação de transitivo direto. e) O vocábulo “impossível”, formado por derivação prefixal, no contexto frásico em análise, também passa a fazer parte do grupo dos chamados derivados impróprios. 41. (EN/2019) Assinale a opção cujo termo destacado exemplifica o mesmo processo de formação de palavras observado em: “Há também os grandes clássicos, os romances que todos amamos e queremos ter ao alcance da mão.” a) Ler, sem dúvida, é uma atividade prazerosa e de estorço intelectual. b) Os estudantes apreciaram o vídeo com entrevistas de antigos escritores. c) Seria lamentável, realmente, a morte dos livros impressos em papel. d) Um livro escolar de boa qualidade consegue esclarecer as dúvidas dos estudantes. e) Acreditamos que a leitura de um bom livro seja um dos melhores passatempos. 42. (Unifesp/2019) Pela extensão e por não ser necessário à resolução da questão, o texto utilizado foi suprimido do material. Derivação regressiva: formação de palavras novas pela redução de uma palavra já existente. A redução se faz mediante supressão de elementos terminais (sufixos, desinências). (Celso Pedro Luft. Gramática resumida, 2004.) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 49 Constitui exemplo de palavra formada pelo processo de derivação regressiva o termo sublinhado em: a) “Sabia-se confusamente que a doida tinha sido moça igual às outras no seu tempo remoto” b) “E a boca inflamada, soltando xingamentos, pragas, numa voz rouca.” c) “Os três garotos desceram manhã cedo, para o banho e a pega de passarinho.” d) “A doida habitava um chalé no centro do jardim maltratado.” e) “O sentimento de que a doida carregava uma culpa, que sua própria doidice era uma falta grave” 43. (PUC/PR/2018) Leia a seguir. Pergunta: Estou fazendo reeducação alimentar e incluí na minha dieta um suco detox, de limão com salsa. Qual sua opinião sobre os sucos detox? Resposta: Os sucos são cheios de nutrientes, vitaminas e minerais. Mas não existe nenhum artigo científico que prove que um suco pode desintoxicar o corpo. Nosso organismo tem mecanismos para eliminar eventuais toxinas. O fígado é um órgão extremamente eficiente para realizar essa função. O melhor mesmo você sabe: movimento físico regular. O resto é ter equilíbrio em tudo, até na hora de beber seu suco natural (e não detox). Disponível em: https://epoca.globo.com/saude/marcio-atalla/noticia/2017/04/os-sucos-detoxfuncionam.html. Acesso em: 20/02/2018. A formação de palavras em nossa língua aciona vários mecanismos a que todo falante nativo tem acesso, mesmo sem perceber. Sobre esses processos e os elementos envolvidos nele em relação às palavras destacadas no texto anterior, assinale a alternativa CORRETA. a) O sufixo presente em “alimentar” é responsável pela formação de verbos de primeira conjugação a partir de substantivos concretos. b) A palavra “resto” foi formada por derivação regressiva a partir do verbo “restar”, processo muito produtivo em nossa língua na formação de substantivos abstratos. c) Podemos encontrar em “extremamente” um sufixo formador de advérbios de modo a partir de substantivos sempre flexionados no gênero feminino. d) Os prefixos presentes em “reeducação” e “desintoxicar” compartilham a mesma carga semântica, embora tenham passado por mudanças ortográfica e fonéticas. e) O processo de formação das palavras “nutrientes” e “eventuais” chama-se sufixação e, nesse caso, criou adjetivos a partir de substantivos comuns. 44. (FCMSCSP/2018) Leia o texto de Oliver Sacks para responder à questão. No meu tempo de estudante de medicina na Londres dos anos 1950, vi no Hospital de Middlesex muitos pacientes com delírio, estados de flutuação da consciência causados, às vezes, por ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 50 infecções com febre alta ou por problemas como insuficiência dos rins ou do fígado, doença pulmonar ou diabetes mal controlado; todas essas condições podem produzir mudanças drásticas na química do sangue. Alguns pacientes deliravam em consequência de medicação, especialmente os que recebiam morfina ou outros opiáceos para aliviar a dor. Os pacientes com delírio estavam quase sempre nas alas médicas ou cirúrgicas, e não nas neurológicas ou psiquiátricas, pois em geral o delírio indica um problema médico, uma consequência de algo que afeta o corpo como um todo, inclusive o cérebro, e desaparece assim que o problema médico é sanado. É possível que a idade, mesmo com um funcionamento intelectual pleno, aumente o risco de alucinação ou delírio em resposta a problemas médicos e medicação, ainda mais com a polifarmácia tão frequentemente praticada na medicina atual. Como trabalho em vários lares para idosos, de vez em quando vejo pacientes tratados com muitas medicações, as quais podem interagir umas com as outras de modos complexos, e, não raro, empurrar o paciente para o delírio. (A mente assombrada, 2013. Adaptado.) “as quais podem interagir umas com as outras de modos complexos” (2° parágrafo) A palavra “interagir” é formada com um prefixo. Há um prefixo com o mesmo significado na palavra: a) insegurança. b) entrelinha. c) intransigência. d) enterro. e) integral. 45. (UFGD/2018) Leia o seguinte excerto. E bastava batesse no campo o pio de uma perdiz magoada, ou viesse do mato a lália lamúria dos tucanos, para o jumento mudar de rota, pendendo à esquerda ou se empescoçando para a direita; e, por via de um gavião casaco-de-couro cruzar-lhe à frente, já ele estacava, em concentrado prazo de irresolução. ROSA, João Guimarães. A hora e a vez de Augusto Matraga. In: ___ Sagarana. 38. Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. Pp. 339-386. Assinale a alternativa que contém palavra formada pelo mesmo processo de formação do verbo “empescoçar”. a) Casaco-de-couro. b) Globalização. c) Abalizar. d) Praguejar. e) Farmacologia. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 51 46. (UFGD/2017) Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs! E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais ... Se o velho arqueja, se no chão resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais e mais... Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martírios embrutece, Cantando, geme e ri! No entanto o capitão manda a manobra E após fitando o céu que se desdobra Tão puro sobre o mar Diz do fumo entre os densos nevoeiros: “Vibrai rijo o chicote, marinheiros! ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 52 Fazei-os mais dançar!” E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais... Qual num sonho dantesco as sombras voam! Gritos, ais, maldições, precesressoam! E ri-se Satanás!... ALVES, Castro. Navio Negreiro. Editora Virtual Books Online M&M Editores Ltda: 2000. (Canto IV) Assinale a alternativa em que todas as palavras são formadas por derivação sufixal: a) dantesco, embrutecer, enlouquecer. b) dantesco, nevoeiro, marinheiro. c) embrutecer, enlouquecer, avermelhar. d) desdobrar, ressoar, delirar. e) fantástico, irônico, enlouquecer. 47. (FGV-SP/2017.2) Facebookracia É isso mesmo que você leu: “Facebookracia”. Assim como democracia quer dizer “poder do povo” e plutocracia quer dizer “poder dos ricos”, a palavra Facebookracia é o poder controlado pelo Facebook. Não é bem um regime ou um sistema político, não é uma forma de governo estabelecida numa Constituição, como acontece com o parlamentarismo ou o presidencialismo. A Facebookracia vai se instalando aos poucos, de maneira mais ou menos informal, até que, quando a gente olha, já tomou conta dos processos pelos quais os eleitores tomam decisões. A Facebookracia é a democracia entregue à lógica das redes sociais. Em sua exuberância cibernética até parece democracia, mas é uma deformação da democracia. O termo Facebookracia não é original, embora ainda seja pouco difundido. Buscando na internet, a gente não o encontra em português, mas ele já aparece em outras línguas (Facebookcracy, por exemplo). Eugênio Bucci, Época, 28/11/2016. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 53 Por ser composta de radicais de línguas diferentes, a palavra “Facebookracia” é um exemplo de hibridismo, da mesma forma que o termo sublinhado na seguinte frase: a) Na sentença, o juiz optou por uma decisão monocrática. b) Há países que são regidos por governos teocráticos. c) Reclama-se muito das exigências burocráticas para se abrir uma empresa no Brasil. d) Para os gregos, aristocracia era o governo exercido pelos melhores cidadãos da pólis. e) O poder exercido por anciãos era chamado de gerontocracia. 48. (IFRR/2017.1) Para responder à questão, considere o poema Ave Roraima da poetisa Eli Macuxi: Ave Roraima Ave Roraima que canta Feito pássaro mítico. No peito de quem se encanta Por seus líricos fascínios Correm rios, cores quentes Queimam lavrados ardentes Choram guaribas no cio. Mesmo quem vem do asfalto Do barulho e da poeira Quando vê é roraimeira Pretoneubereliakin... Ave Roraima que canta Amor que chega e suplanta Todos males em mim! Sabe-se que as palavras podem apresentar diferentes elementos em suas estruturas e são formadas por alguns processos básicos que, articulados, ampliam o léxico da língua portuguesa. Considerando essa reflexão, o seu conhecimento sobre Estrutura e Formação de Palavras, e tomando como referência o poema lido, assinale a alternativa correta: a) A palavra roraimeira é um exemplo de derivação parassintética, tendo em vista sua formação consistir em acréscimo simultâneo de um prefixo e um sufixo. b) Em mítico ocorre o processo de composição por aglutinação, haja vista a palavra de origem ser mito. c) Pretoneubereliakin é um exemplo de composição por justaposição, pois não há alteração fonética ou gráfica das palavras. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 54 d) Encanta é uma palavra formada pelo processo de hibridismo. e) Líricos é uma palavra derivada de lira pelo processo de redução ou abreviação vocabular. 49. (Unicamp/2017) Do ponto de vista da norma culta, é correto afirmar que “coisarˮ é a) uma palavra resultante da atribuição do sentido conotativo de um verbo qualquer ao substantivo “coisaˮ. b) uma palavra resultante do processo de sufixação que transforma o substantivo “coisaˮ no verbo “coisarˮ. c) uma palavra que, graças a seu sentido universal, pode ser usada em substituição a todo e qualquer verbo não lembrado. d) uma palavra que resulta da transformação do substantivo “coisaˮ em verbo “coisarˮ, reiterando um esquecimento. 50. (UFPR/2014) A palavra “reaça” é formada a partir de “reacionário”. Esse é um processo de formação de palavras atualmente muito produtivo no português coloquial. Observe as correspondências abaixo e aponte quais são formações feitas pelo mesmo processo. 1. Net a partir de internet. 2. Profissa a partir de profissional. 3 Dinheirama a partir de dinheiro. 4. Vestiba a partir de vestibular ou vestibulando. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 55 São formadas pelo mesmo processo que “reaça”: a) 1 e 2 apenas. b) 1 e 3 apenas. c) 2, 3 e 4 apenas. d) 2 e 4 apenas. 1. D 18. B 2. D 19. A 3. A 20. B 4. D 21. C 5. C 22. B 6. B 23. D 7. B 24. C 8. B 25. B 9. B 26. C 10. C 27. C 11. A 28. B 12. B 29. B 13. C 30. E 14. E 31. C 15. D 32. B 16. B 33. C 35. B 36. D 37. A 38. A 39. D 40. C 41. A 42. C 43. B 44. B 45. C 46. B 47. C 48. C 49. B 50. D 17. E 34. A ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 56 1. (UNICAMP/2018) O brasileiro João Guimarães Rosa e o irlandês James Joyce são autores reverenciados pela inventividade de sua linguagem literária, em que abundam neologismos. Muitas vezes, por essa razão, Guimarães Rosa e Joyce são citados como exemplos de autores “praticamente intraduzíveis”. Mesmo sem ter lido os autores, é possível identificar alguns dos seus neologismos, pois são baseados em processos de formação de palavras comuns ao português e ao inglês. Entre os recursos comuns aos neologismos de Guimarães Rosa e de James Joyce, estão: i. Onomatopeia (formação de uma palavra a partir de uma reprodução aproximada de um som natural, utilizando-se os recursos da língua); e ii. Derivação (formação de novas palavras pelo acréscimo de prefixos ou sufixos a palavras já existentes na língua). Os neologismos que aparecem nas opções abaixo foram extraídos de obras de Guimarães Rosa (GR) e James Joyce (JJ). Assinale a opção em que os processos (i) e (ii) estão presentes: a) Quinculinculim (GR, No Urubuquaquá, no Pinhém) e tattarrattat (JJ, Ulisses). b) Transtrazer (GR, Grande sertão: veredas) e monoideal (JJ, Ulisses). c) Rtststr (JJ, Ulisses) e quinculinculim (GR, No Urubuquaquá, no Pinhém). d) Tattarrattat (JJ, Ulisses) e inesquecer-se (GR, Ave, Palavra). Comentários Alternativa A – incorreta. “Tattarrattat” não é derivado a partir de nenhuma palavra existente. Alternativa B – incorreta. “Transtrazer” é o processo número (ii) e não (i): derivação a partir da inclusão do prefixo “trans-“ ao verbo “trazer”. Alternativa C – incorreta. ”Quinculinculim” não é derivado a partir de nenhuma palavra existente. Alternativa D – correta – gabarito. A palavra “tattarrattat” imita o som de batidas na porta, sendo, portanto, uma onotopeia; já “inesquecer-se” é formada por derivação prefixal, da união do prefixo “In-“ com o verbo pronominal “esquecer-se”. Gabarito: D 2. (ESPM/2018) Assinale o item em que o par de prefixos grifados não possua equivalência semântica: a) hipermercado / supermercado b) anfíbio / ambiguidade c) endovenoso / intramuscular ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 57 d) diálogo / bienal e) periferia / circunferência Comentários Cuidado: está sendo pedido os termos que NÃO apresentamequivalência semântica. Alternativa A – incorreta. O prefixo hiper- significa ‘acima; sobre; por cima, muito’: hiperativo, hipertenso, hipertexto; ao passo que “super-“ denoa ‘sobre; além de; por cima; demais’; ocorre no vern. Com as acp. De: 1) ‘posição acima de’: superposição, superumeral; 2) ‘abundância, excesso’: superaquecimento, superlotar; ver sobre-. De acordo com o dicionário Houaiss, eles têm significado igual. Alternativa B – incorreta. Tanto “anfi-“ quanto “ambi-“ transmitem ideia de duplicidade. Alternativa C – incorreta. “Endo” e “intra” transmitem ideia de interioridade (localidade). Alternativa D – correta – gabarito. “Per-“ dá ideia de cruzamento, através de, ao passo que circunferência denota ao redor de. Atenção: são parecidos, mas não iguais. Gabarito: D 3. (ESPM/2016) Levando-se em conta os prefixos latinos e gregos grifados, assinale o par que não possui correspondência de significados: a) abuso / anencéfalo b) ambidestro / anfíbio c) bienal / dilema d) circumpolar / periferia e) contraveneno / antídoto Comentários Alternativa A: correta – gabarito. De origem latina, o prefixo ab- indica separação, afastamento; já o prefixo an-, de origem grega, indica negação. Alternativa B: incorreta. Tanto ambi- quanto anfi- indicam duplicidade. Alternativa C: incorreta. Tanto bi- quanto di- indicam duplicidade. Alternativa D: incorreta. Tanto circum- quanto peri- indicam posição em torno de algo. Alternativa E: incorreta. Tanto contra- quanto anti- indicam oposição. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 58 Gabarito: A 4. (UNESP/2017) Leia o excerto do livro Violência urbana, de Paulo Sérgio Pinheiro e Guilherme Assis de Almeida. De dia, ande na rua com cuidado, olhos bem abertos. Evite falar com estranhos. À noite, não saia para caminhar, principalmente se estiver sozinho e seu bairro for deserto. Quando estacionar, tranque bem as portas do carro [...]. De madrugada, não pare em sinal vermelho. Se for assaltado, não reaja – entregue tudo. É provável que você já esteja exausto de ler e ouvir várias dessas recomendações. Faz tempo que a ideia de integrar uma comunidade e sentir-se confiante e seguro por ser parte de um coletivo deixou de ser um sentimento comum aos habitantes das grandes cidades brasileiras. As noções de segurança e de vida comunitária foram substituídas pelo sentimento de insegurança e pelo isolamento que o medo impõe. O outro deixa de ser visto como parceiro ou parceira em potencial; o desconhecido é encarado como ameaça. O sentimento de insegurança transforma e desfigura a vida em nossas cidades. De lugares de encontro, troca, comunidade, participação coletiva, as moradias e os espaços públicos transformam- se em palco do horror, do pânico e do medo. A violência urbana subverte e desvirtua a função das cidades, drena recursos públicos já escassos, ceifa vidas – especialmente as dos jovens e dos mais pobres –, dilacera famílias, modificando nossas existências dramaticamente para pior. De potenciais cidadãos, passamos a ser consumidores do medo. O que fazer diante desse quadro de insegurança e pânico, denunciado diariamente pelos jornais e alardeado pela mídia eletrônica? Qual tarefa impõese aos cidadãos, na democracia e no Estado de direito? (Violência urbana, 2003.) As palavras do texto cujos prefixos traduzem ideia de negação são a) “desvirtua” e “transforma”. b) “evite” e “isolamento”. c) “desfigura” e “ameaça”. d) “desconhecido” e “insegurança”. e) “subverte” e “dilacera”. Comentários Alternativa A: incorreta. Em “desvirtua” sim, mas em “transforma” não: “trans-“ dá ideia de superação, de transposição de limites, de mudança, de alteração. Alternativa B: incorreta. Em “evite” não há prefixo. Alternativa C: incorreta. Em “ameaça” não há prefixo. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 59 Alternativa D: correta – gabarito. Tanto “des-“ quanto “in-“ nesse caso transmitem ideia semântica de negação, oposição, privação. Alternativa E: incorreta. Em ambos há prefixos, mas “sub-“ transmite ideia de inferioridade e “di” de divisão, repartição. Gabarito: D 5. (IFBA/2017) Leia o fragmento, abaixo, extraído do poema “Quilombos”, do poeta baiano José Carlos Limeira. “Te vejo meu povo feliz Teu sonho querendo sentir Se Palmares ainda vivesse Pra Palmares teria que ir Você já pensou se Domingos Jorge Velho e sua malta Não houvessem tido tanta sorte? Já pensou naquele país da Serra da Barriga? Sei que talvez não, É difícil imaginar uma terra (...) Onde não fosse possível ver Criancinhas De dez, oito, seis anos Voltando às quatro da manhã Depois de vender chicletes e o último resquício de dignidade Nos cruzamentos da cidade. (...) Por menos que conte a história Não te esqueço meu povo Se Palmares não vive mais Faremos Palmares de novo.” LIMEIRA, José Carlos; SEMOG, Éle. Atabaques. Rio de Janeiro: Ed. Dos Autores, 1983. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 60 Do ponto de vista morfológico, na estrutura da palavra “Criancinhas” (l. 13) apresenta-se: a) uma desinência verbal que indica quantidade. b) um prefixo que tem sentido de medida. c) um sufixo de valor diminutivo. d) um sufixo que forma substantivo por meio do verbo. e) uma composição por aglutinação. Comentários Alternativa A: incorreta. Não se trata de desinência verbal, pois não é verbo. “Criança” é substantivo; logo, a desinência é nominal. Alternativa B: incorreta. Não é prefixo, mas sim sufixo. Alternativa C: correta – gabarito. A palavra “criancinhas” é formada pelo substantivo “criança”, pelo sufixo de valor diminutivo “-inha” e flexão de gênero plural marcado pelo “s”. Alternativa D: incorreta. É sufixo, mas “criança” é substantivo e não verbo. Alternativa E: incorreta. Segundo a teoria, na aglutinação, unem-se as palavras suprimindo um ou mais de seus elementos fonéticos. Isso significa que na aglutinação há perda de algum som. No caso, não há junção de palavras, a palavra é uma só (criança), adicionada de sufixo. Gabarito: C 6. (IFPE/2017) BRINQUEDO VIRA FEBRE ENTRE CRIANÇAS E ADOLESCENTES RIO – A cena se repete na porta das escolas da cidade: um grupo de adolescentes conversa, nas mãos, algo colorido girando chama a atenção. É o hand spinner, brinquedo que é a nova moda entre os jovens. Segundo a coluna “Gente Boa”, a febre pela peça, que possui um círculo no centro e, ao colocar os dedos nas pontas, com um movimento rápido, é possível girá-lo cada vez mais rápido, foi tão grande que o Colégio Santo Inácio teria proibido o brinquedo na escola. Segundo o Colégio Santo Inácio, tudo não passou de um mal-entendido: nenhum brinquedo é proibido na escola. O que aconteceu foi uma recomendação para que os alunos não usassem durante a aula, já que os estudantes estavam se distraindo. Perto dali, no Leblon, o Colégio Santo Agostinho passa pelo mesmo problema. O hand spinner foi criado no início da década de 90 com o objetivo de auxiliar no relaxamento e aumentar a concentração. Ele era recomendado para crianças com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e autismo. Mas a internet foi tomada por vídeos e fotos do brinquedo e viralizou. O professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF) e especialista em psiquiatria infantil, Jairo Werner, destaca não conhecer estudos que comprovem a eficácia do hand ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT)AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 61 spinner. “Isso virou uma grande moda, tenho pacientes que estão usando, não por recomendação minha, mas por conta própria. É um aparelho que fornece um alívio momentâneo da ansiedade, porque algumas pessoas, em especial as crianças, têm muita energia para extravasar. Tudo pode ser usado para o bem ou para o mal, limite é sempre necessário” — explica Werner. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/rio/hand-spinner-de-febre-entre-os-adolescentes-pesadelo-doscolegios- 21447838>. Acesso: 18 jun. 2017 (adaptado). A palavra “mal-entendido”, na primeira linha do segundo parágrafo do texto, foi escrita com hífen em respeito ao que prescreve o último acordo ortográfico assinado pelos países de língua portuguesa. Entretanto, o referido acordo nem sempre determina a utilização do hífen quando “mal” funciona como prefixo. Sabendo disso, assinale a única alternativa em que se faz obrigatório o uso do hífen com o supracitado prefixo. a) Mal-criado. b) Mal-amada. c) Mal-sucedido. d) Mal-cheiroso. e) Mal-visto. Comentários Alternativa A: incorreta. O termo subsequente começa com consoante e, portanto, não precisa haver hífen obrigatório. Alternativa B: correta – gabarito. “Mal” em Língua Portuguesa é advérbio. Geralmente, um advérbio pode ser utilizado como prefixo. Por exemplo, o uso de “não” à frente de algumas palavras. No caso, a obrigatoriedade se dá, porque o segundo termo começa com vogal, de forma que a letra “l” junto à letra “a” requer obrigatoriamente a inclusão do hífen. Alternativa C: incorreta. O termo subsequente começa com consoante e, portanto, não precisa haver hífen obrigatório. Alternativa D: incorreta. O termo subsequente começa com consoante e, portanto, não precisa haver hífen obrigatório. Alternativa E: incorreta. O termo subsequente começa com consoante e, portanto, não precisa haver hífen obrigatório. Atenção: ainda iremos estudar de maneira mais aprofundada o Novo Acordo Ortográfico, não se preocupem. Gabarito: B ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 62 7. (URGS/2017) Muita gente que ouve a expressão “políticas linguísticas” pela primeira vez pensa em algo solene, formal, oficial, em leis e portarias, em autoridades oficiais, e pode ficar se perguntando o que seriam leis sobre línguas. De fato, há leis sobre línguas, mas as políticas linguísticas também podem ser menos formais– e nem passar por leis propriamente ditas. Em quase todos os casos, figuram no cotidiano, pois envolvem não só a gestão da linguagem, mas também as práticas de linguagem, e as crenças e valores que circulam a respeito delas. Tome, por exemplo, a situação do cidadão das classes confortáveis brasileiras, que quer que a escola ensine a norma culta da língua portuguesa. Ele folga em saber que se vai exigir isso dos candidatos às vagas para o ensino superior, mas nem sempre observa ou exige o mesmo padrão culto, por exemplo, na ata de condomínio, que ele aprova como está, desapegada da ortografia e das regras de concordância verbais e nominais preconizadas pela gramática normativa. Ele acha ótimo que a escola dos filhos faça baterias de exercícios para fixar as normas ortográficas, mas pouco se incomoda com os problemas de redação nos enunciados das tarefas dirigidas às crianças ou nos textos de comunicação da escola dirigidos à comunidade escolar. Essas são políticas linguísticas. Afinal, onde há gente, há grupos de pessoas que falam línguas. Em cada um desses grupos, há decisões, tácitas ou explícitas, sobre como proceder, sobre o que é aceitável ou não, e por aí afora. Vamos chamar essas escolhas – assim como as discussões que levam até elas e as ações que delas resultam – de políticas. Esses grupos, pequenos ou grandes, de pessoas tratam com outros grupos, que por sua vez usam línguas e têm as suas políticas internas. Vivendo imersos em linguagem e tendo constantemente que lidar com outros indivíduos e outros grupos mediante o uso da linguagem, não surpreende que os recursos de linguagem lá pelas tantas se tornem, eles próprios, tema de política e objetos de políticas explícitas. Como esses recursos podem ou devem se apresentar? Que funções eles podem ou devem ter? Quem pode ou deve ter acesso a eles? Muito do que fazemos, portanto, diz respeito às políticas linguísticas. Adaptado de: GARCEZ, P. M.; SCHULZ, L. Do que tratam as políticas linguísticas. ReVEL, v. 14, n. 26, 2016. Assinale a alternativa em que o prefixo “des” atribui à forma a que se agrega o mesmo sentido que atribui à desapegada. a) Desdenhada. b) Designada. c) Desabrochada. d) Destrambelhada. e) Desabitada. Comentários Alternativa A: incorreta. O prefixo “des-” é parte do radical das palavras. Alternativa B: incorreta – gabarito. O prefixo “des-” é parte do radical das palavras. Alternativa C: incorreta. O prefixo “des” indica “movimento de cima para baixo”. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 63 Alternativa D: incorreta. O prefixo “des-” é parte do radical das palavras. Alternativa E: correta. O prefixo “des” também indica contrário: “desabitado” é o local sem habitante. Gabarito: E 8. (UNIPÊ/2017) A atuação do profissional médico caracteriza, historicamente, ação que desafia o conhecimento. É muito fácil perceber isso em apanhado retrospectivo da história da Medicina. Da observação empírica ao conhecimento científico institucionalizado da Medicina, esses desafios se estendem além da esfera do conhecimento, para abranger, cada vez mais, também outros no campo institucional e, por fim, nas sociedades democráticas contemporâneas, aqueles exigidos pelo Estado de Direito. Se, um dia, já se fez cirurgia sem anestésicos, sem técnicas de esterilização e assepsia, no mundo de hoje, isso seria inconcebível, inaceitável e juridicamente passível de punição. O ato médico caracteriza-se principalmente pela natureza intervencionista, ou seja, há a “intenção de intervir”, cientificamente justificada em um diagnóstico que embasa o “porquê intervir” e da mesma forma estabelece o “como intervir”. Intervir do ponto de vista médico significa alterar de um estado inicial indesejável para um estado final previsivelmente almejado. E esse estado final almejado é estabelecido não pelo médico ou pelo paciente, mas pelo consenso científico. E toda a ação que se distanciar desses contornos necessitará de justificação adicional. Atente-se que, aqui, até mesmo a atitude passiva, ou seja, a não intervenção, é pautada pelo mesmo raciocínio: a atitude programada. Esses são pressupostos que constituem a essência para a elaboração do texto legal que regulamenta não apenas o ato médico, mas também o exercício profissional do médico em seu amplo contexto. Assim, o ato médico sempre será ação desafiando conhecimento! MURR, Leidimar Pereira. Ato médico: ação que desafia o conhecimento. Disponível em: <http://ojaleco.blogspot.com.br/2009/11/ato-medico-acaoque- desafia-o.html>. Acesso em: 4 abr. 2017. Adaptado. Os prefixos formadores das palavras derivadas “inconcebível” e “desafiando” traduzem, respectivamente, as ideias de a) introdução e transição. b) negação e ação contrária. c) intensidade e destruição. d) oposição e relação mútua. e) retrocesso e simultaneidade. Comentários Alternativa A: incorreta. O prefixo “in-“ ao “concebível”, que significa plausível, indica privação, negação. E “desafiar” não é necessariamente antônimo de “afiar”. Alternativa B: correta – gabarito. Ambos transmitem ideias parecidas, mas não totalmente iguais. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT)AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 64 Alternativa C: incorreta. Não indica intensidade, mas sim negação. Alternativa D: incorreta. Até pode denotar oposição o primeiro, mas não relação mútua o segundo. Alternativa E: incorreta. Não são prefixos que transmitem ideia semântica temporal. Gabarito: B 9. (UERJ/2016) O FUTURO ERA LINDO A informação seria livre. Todo o saber do mundo seria compartilhado, bem como a música, 2º cinema, a literatura e a ciência. O custo seria zero. O espaço seria infinito. A velocidade, 3estonteante. A solidariedade e a colaboração seriam os valores supremos. A criatividade, o único 4poder verdadeiro. O bem triunfaria sobre os males do capitalismo. O sistema de representação se tornaria obsoleto. Todos os seres humanos teriam oportunidades iguais em qualquer lugar do 6planeta. Todos seriam empreendedores e inventivos. Todos poderiam se expressar livremente. 7Censura, nunca mais. As fronteiras deixariam de existir. As distâncias se tornariam irrelevantes. O inimaginável seria possível. O sonho, qualquer sonho, poderia se tornar realidade. Livre, grátis, inovador, coletivo, palavras-chave do novo mundo que a internet inaugurou. Por anos esquecemos que a internet foi uma invenção militar, criada para manter o poder de quem já o tinha. Por anos fingimos que transformar produtos físicos em produtos virtuais era algo ecologicamente correto, esquecendo que a fabricação de computadores e celulares, com a obsolescência embutida em seu DNA, demanda o consumo de quantidades vexatórias de combustíveis fósseis, de produtos químicos e de água, sem falar no volume assombroso de lixo não reciclado em que resultam, incluindo lixo tóxico. Ninguém imaginou que o poder e o dinheiro se tornariam tão concentrados em megahipercorporações norte-americanas como o Google, que iriam destruir para sempre tantas indústrias e atividades em tão pouco tempo. Ninguém previu que os mesmos Estados Unidos, graças às maravilhas da internet sempre tão aberta e juvenil, se consolidariam como os maiores espiões do mundo, humilhando potências como a Alemanha e também o Brasil, impondo os métodos de sua inteligência militar sobre a população mundial, e guiando ao arrepio da justiça os bebês engenheiros nota dez em matemática mas ignorantes completos em matéria de ética, política e em boas maneiras. Ninguém previu a febre das notícias inventadas, a civilização de perfis falsos, as enxurradas de vírus, os arrastões de números de cartão de crédito, a empulhação dos resultados numéricos falseados por robôs ou gerados por trabalhadores mal pagos em países do terceiro mundo, o fim da privacidade, o terrorismo eletrônico, inclusive de Estado. Marion Strecker Adaptado de Folha de São Paulo, 29/07/2014. O termo megahipercorporações é formado por um processo que enfatiza o tamanho e o poder das corporações econômicas atuais. Essa ênfase é produzida pelo emprego de: a) sufixos de caráter aumentativo b) prefixos com sentido semelhante ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 65 c) radicais de combinação obrigatória d) desinências de significado específico Comentários Alternativa A: incorreta. No caso são prefixos, não sufixos. Alternativa B: correta – gabarito. O termo “megahipercorporações” é formado pelos prefixos de origem grega “mega-“ e “hiper-“ que expressam noção semântica de grande quantidade, enfatizando o tamanho e o poder das corporações econômicas atuais. Alternativa C: incorreta. No caso não são radicais (parte integrante da palavra), mas sim prefixos. Alternativa D: incorreta. Desinências ocorrem ao final das palavras, ao passo que o prefixo no início. Gabarito: B 10. (UFAM/2015) Há muito tempo, o homem sonha construir máquinas que possam livrá-lo das tarefas entediantes do dia a dia. Durante todo o século XX, os escritores de ficção científica estavam preocupados em criar histórias sobre robôs que serviam seus mestres em tudo, sem reclamar e sem se cansar. Essa era uma visão tentadora, mas, do ponto de vista tecnológico, até o final do século XX continuava a ser um sonho remoto, simplesmente porque não houve meios de construir essas máquinas. Que atrasados ainda somos! E, apesar da rejeição de muitos, essa perspectiva tem um quê de atraente. Alguns pesquisadores dos Estados Unidos, da Europa e do Japão continuam a perseguir, incansavelmente, o sonho de criar servidores robóticos multifuncionais, que possam fazer o trabalho pesado. A busca tem sido difícil e os progressos, lentos. No entanto, a partir do ano 2000, vêm sendo desenvolvidos robôs experimentais com considerável sofisticação. Muitos cientistas já se convenceram de que essa tecnologia não é apenas possível, mas inevitável. Hoje em dia, a “era dos robôs” continua situada em algum lugar do futuro, mas está cada dia mais próxima. Sendo assim, daqui a alguns anos, não pegaremos numa vassoura que não seja através de um robô. Como dizia o escritor Oscar Wilde, a civilização precisa de escravos. Que os escravos sejam, então, as máquinas. Por isso, esses robôs têm que ser construídos, para que tenhamos um novo amanhecer em nossa vida, com um enlace entre homens e máquinas. (BALCH, Tucher. “As Maravilhosas máquinas inteligentes do futuro”. Texto adaptado.) Assinale a alternativa em que aquilo que se afirma de palavra tirada do texto NÃO está correto: a) “incansavelmente” possui os seguintes elementos mórficos: in (prefixo); cans (radical); ável (sufixo nominal); mente (sufixo adverbial) b) “estavam” possui os seguintes elementos mórficos: est (radical); a (vogal temática); va (desinência modo-temporal); m (desinência número-pessoal) c) “trabalho” é palavra formada por derivação imprópria. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 66 d) “amanhecer” é vocábulo formado por derivação parassintética. e) “enlace” é vocábulo formado por derivação regressiva. Comentários Alternativa A: incorreta. Lembrando que é possível haver juntos na mesma palavra dois sufixos. No caso, é um advérbio de modo. Alternativa B: incorreta. O tempo no caso é pretérito imperfeito e a conjugação está na terceira pessoa do plural. Alternativa C: correta – gabarito. Segundo vimos na teoria, a derivação imprópria ocorre quando não se adiciona nenhum elemento, mas há mudança na classe da palavra. No caso, “trabalho” é um substantivo o qual não sofreu processo de formação de palavras. Alternativa D: incorreta. No caso, tanto a prefixação de “a” quanto a sufixação de “-ecer”. Alternativa E: incorreta. Segundo a teoria, derivação regressiva é quando a terminação do verbo é substituída por uma vogal, criando um substantivo. No caso, “laçar” se transformou em “lace”, adicionado do prefixo “en-“. Gabarito: C 11. (UFSCar/2013) O termo infeliz é formado pela combinação do prefixo de negação in- à base feliz. A alternativa em que a palavra também é formada com prefixo de negação é: a) desleal. b) ingerir. c) transportar. d) eufônico. e) decair. Comentários Alternativa A: correta – gabarito. No caso, “des-“ também indica negação, oposição, privação. Alternativa B: incorreta. Atenção: “in-“ pode indicar negação; porém, aqui, ele é utilizado no sentido de interioridade (localidade). Alternativa C: incorreta. “Trans-“ significa ir além, superar, alterar, mudar. Alternativa D: incorreta. “Eu-“ é um prefixo grego que significa “bem”. Logo, “eufônico” denota soar bem. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 67 Alternativa E: incorreta. Cuidado: A formação de “decair” provémda união de uma preposição a um verbo. Gabarito: A 12. (UFPR/2014) Brazuca é um nome triste, mas não por ser com ‘z’ A escolha do nome da bola que a Adidas lançará para a Copa do Mundo de 2014 foi feita por votação na internet a partir de uma 2 lista tríplice. Com 77.8% das preferências, Brazuca derrotou Bossa Nova e Carnavalesca. Como quase todos os analistas da língua que estão de plantão esta semana, lamentei a notícia (considerava Bossa Nova o menos ruim de três nomes fracos), mas por motivos diversos. Não é a grafia com z que me incomoda, mas a palavra em si. Convém explicar. Sim, é verdade que todos os dicionários e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), da Academia Brasileira de Letras, registram apenas brasuca, com s. Afinal, a palavra não é derivada de Brasil, brasileiro? Eis toda a base para a argumentação dos que implicaram com a grafia. Uma argumentação que deixa de levar em conta dois fatos singelos. A forma brazuca é muito mais usada na vida real. Uma pesquisa no Google traz mais de milhões de páginas, contra pouco mais de um décimo disso para brasuca. Pode-se defender a tese de que a preferência popular não é suficiente para alterar a grafia de um termo vernáculo, mas atenção: estamos falando de palavra informal, brincalhona, recente. Brazuca é uma gíria, e as gírias, como todas as criações populares, têm a mania de escolher como serão conhecidas. Ainda que não fosse assim, o batismo da bola da Copa do Mundo é um ato de branding, ramo do marketing que tem regras próprias, entre elas a de privilegiar formas gráficas fortes – e nesse mundo a letra z goza de grande prestígio. Naturalmente, a correspondência com a grafia “Brazil” numa marca destinada a ter circulação internacional também deve ter sido considerada um trunfo por seus criadores. Se não é a grafia, o que sobra para criticar em Brazuca, a bola? Sua carga cultural idiota, só isso. O fato de que, brazuca ou brasuca, a palavra é um sinônimo tolo de brasileiro. O termo nasceu em Portugal com tom depreciativo (o sufixo “-uca”, o mesmo de mixuruca, deixa isso claro), numa espécie de contraponto ao nosso “portuga”. Até aí, tudo bem: a própria palavra brasileiro tinha uso pejora antes de ser assumida em espírito de desafio pelos nativos desta terra. O problema é que, ao ser adotado por aqui, brazuca/brasuca virou um clichê patriótico viscoso, folclórico e carregado de autocomplacência, primo da malemolência, da ginga e da incrível musicalidade de muitos inzoneiros* que habita este gigante adormecido. É por isso que Brazuca é bola fora – e Brasuca não seria melhor. (Sérgio Rodrigues, 04/09/2012, <http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/curiosidades-etimologicas>.) *Inzoneiro: Adj. Bras. Pop. 1. Mexeriqueiro, intrigante, mentiroso. 2. Sonso, manhoso. (Dicionário Aurélio) A partir do texto, considere as seguintes afirmativas: 1. As palavras mixuruca, muvuca e maluca confirmam a afirmação que o autor faz sobre o sufixo – uca. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 68 2. O autor rechaça tanto brazuca quanto brasuca, por serem formas associadas a um patriotismo caricato. 3. Para o autor, o gigante adormecido tem qualidades que não podem ser comprometidas pela escolha de um nome com erro de grafia. Assinale a alternativa correta. a) Somente a afirmativa 2 é verdadeira. b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. e) As afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. Comentários Afirmação I: correta. No caso, o processo de formação de palavras é a sufixação. Afirmação II: correta. Trata-se de uma questão de Interpretação de Texto. Isso pode ser verificado em expressões como “Sua carga cultural idiota, só isso”, “sinônimo tolo de brasileiro” e “clichê patriótico viscoso, folclórico e carregado de autocomplacência” por exemplo. Afirmação III: incorreta. Trata-se de uma questão de Interpretação de Texto. O gigante adormecido seria algo positivo, mas inzoneiro, que habita nele, não (vide nota de rodapé). Ambos os termos seriam ruins, não pelo erro de grafia, mas porque eles representariam o brasileiro enquanto tipo tolo, ou seja, não seriam termos dignos, de acordo com o autor. Gabarito: B 13. (FGV/2013) Satélite Fim de tarde. No céu plúmbeo A Lua baça Paira Muito cosmograficamente Satélite. Desmetaforizada, Desmitificada, Despojada do velho segredo de melancolia, Não é agora o golfão de cismas, O astro dos loucos e dos enamorados, ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 69 Mas tão somente Satélite. Ah Lua deste fim de tarde, Demissionária de atribuições românticas, Sem show para as disponibilidades sentimentais! Fatigado de mais-valia, gosto de ti, assim: Coisa em si, – Satélite. Manuel Bandeira No contexto do poema de Manuel Bandeira, sobre os termos “Desmetaforizada”, “Desmitificada” e “Despojada”, só NÃO é correto afirmar: a) configuram uma gradação descendente, do ponto de vista rítmico. b) desenvolvem uma ideia já presente no advérbio de modo, usado na primeira estrofe. c) contêm um prefixo que intensifica a noção contida no radical. d) podem ser entendidos como expressões que traduzem ideia de causa. e) opõem-se, quanto ao sentido, à expressão “disponibilidades sentimentais”. Comentários Alternativa A: incorreta. Até porque as palavras vão se tornando menores. Alternativa B: incorreta. No caso, “cosmograficamente”, relativo à maneira do universo. Alternativa C: correta – gabarito. Trata-se de um prefixo que transmite ideia de negação e não intensificação. Alternativa D: incorreta. “Causa” porque consistem em adjetivos derivados de verbo no particípio. Logo, essas palavras transmitem uma qualidade, qualidade esta que pode ser de causa no contexto. Alternativa E: incorreta. Cuidado: são prefixos de negação, oposição, mas “disponibilidades sentimentais” condiz com o processo de desmetaforização, desmitificação e despojamento no caso. Gabarito: C 14. (FGV/2012) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 70 Sua excelência [O ministro] vinha absorvido e tangido por uma chusma de sentimentos atinentes a si mesmo que quase lhe falavam a um tempo na consciência: orgulho, força, valor, satisfação própria etc. etc. Não havia um negativo, não havia nele uma dúvida; todo ele estava embriagado de certeza de seu valor intrínseco, das suas qualidades extraordinárias e excepcionais de condutor dos povos. A respeitosa atitude de todos e a deferência universal que o cercavam, reafirmadas tão eloquentemente naquele banquete, eram nada mais, nada menos que o sinal da convicção dos povos de ser ele o resumo do país, vendo nele o solucionador das suas dificuldades presentes e o agente eficaz do seu futuro e constante progresso. Na sua ação repousavam as pequenas esperanças dos humildes e as desmarcadas ambições dos ricos. Era tal o seu inebriamento que chegou a esquecer as coisas feias do seu ofício... Ele se julgava, e só o que lhe parecia grande entrava nesse julgamento. As obscuras determinações das coisas, acertadamente, haviam-no erguido até ali, e mais alto levá- lo-iam, visto que, só ele, ele só e unicamente, seria capaz de fazer o país chegar ao destino que os antecedentes dele impunham. (Lima Barreto. Os bruzundangas. Porto Alegre: L&PM, 1998, pp. 15-6) A palavra que apresenta, em sua formação, um prefixo e um sufixo formador de adjetivo é: a) esperanças. b) sentimentos.c) unicamente. d) respeitosas. e) extraordinárias. Comentários Alternativa A: incorreta. No caso, há só o sufixo “-ança”, sendo a palavra derivada do verbo “esperar”. Sequer é um adjetivo, mas sim um substantivo. Alternativa B: incorreta. Não é um adjetivo, mas sim um substantivo. Alternativa C: incorreta. Há apenas sufixo designador de advérbio de modo: “-mente”. Alternativa D: incorreta. Trata-se de um adjetivo, mas não há prefixação. Alternativa E: correta – gabarito. No caso, o prefixo é “extra-“, o sufixo “-árias” e consiste num adjetivo. Gabarito: E ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 71 15. (UNIRG/2012) A construção do título do livro “Sagarana” foi inventada pelo próprio autor e provém da junção de a) ‘saga‘ que quer dizer “em busca de”, e ‘rana‘ que significa uma “feição universalizante” do épico. b) ‘saga‘ palavra lúdica que se origina dos rapsodos gregos, e ‘rana‘ nas canções de gesta medievais. c) ‘saga‘ origina-se do mito poético que situa a narrativa entre o real e o mágico, e ‘rana‘ que alude ao ápice da existência. d) ‘saga‘ radical de origem germânica que significa “criação verbal a serviço do épico”, e rana, do sufixo da língua indígena tupi, que significa “à maneira de”. Comentários Alternativa A: incorreta. É o contrário: a alusão ao épico é estabelecida em relação ao primeiro termo. No caso, não seria difícil discernir que “saga” se trata de um gênero textual. Alternativa B: incorreta. Não são gregos, mas sim nórdicos. Na Grécia, havia epopeia. Alternativa C: incorreta. Em relação ao primeiro termo, até pode ser, mas o segundo já deveria ser mais generalizante. Alternativa D: correta – gabarito. Segundo o Dicionário Etimológico (CUNHA, 2010, p. 575), “saga” é a designação comum às narrativas em prosa, históricas ou lendárias, nórdicas, redigidas sobretudo na Islândia nos sécs. XIII e XIV. Por outro lado, conforme o Dicionário Informal, “Rana” é um vocábulo do tupi-guarani que significa: “semelhante; parecido com; imitado; falso”. Gabarito: D 16. (UFRJ/2005) Em relação à palavra “bioética”, é possível verificar, em seu processo de formação, a presença de a) prefixo (bio) + radical (ética). b) radical (bio) + radical (ética). c) radical (bio) + sufixo (-ético). d) prefixo (bio) + radical (ét-) + sufixo (-ica). e) radical (bioét) + sufixo (-ica). Comentários Alternativa A: incorreta. “Ética” não é o radical, mas sim a palavra que serve de base. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 72 Alternativa B: correta – gabarito. Cuidado: no caso, “bio” não é prefixo, pois sua constituição é parte integrante da palavra. Alternativa C: incorreta. “Ética” não é sufixo. Alternativa D: incorreta. “-Ica” não é sufixo. Alternativa E: incorreta. A palavra foi desmembrada incorretamente. Gabarito: B 17. (Insper/2012) Leia a tirinha a seguir. Os mesmos processos de formação dos termos em negrito aparecem, respectivamente, em: a) anoitecer, votação, inútil, violação e tristemente; b) retenção, suavidade, desmatamento, infelizmente e firmamento; c) enlatado, ajuda, remissão, dignidade e abolição; d) reação, geração, abstenção, lição e afrontamento; e) magreza, medidor, firmamento, dignidade e violação. Comentários: As palavras em destaque na tira são todas formadas por sufixação. Dessa forma, necessitamos de uma alternativa com todas por sufixação também. Alternativa A: incorreta. As palavras são formadas da seguinte forma: “anoitecer” é formada por parassíntese (a + manh+ ecer); “votação” é formada por sufixação (vot + ação); “inútil” é palavra primitiva; “violação” é formada por sufixação (viol + ação); e “tristemente” é formada por sufixação (triste + mente). Alternativa B: incorreta. As palavras são formadas da seguinte forma: “retenção” é formada por sufixação (reten + ção); “suavidade” é formada por sufixação (suav + idade); “desmatamento” é formada ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 73 por parassíntese (des + mata + mento); “infelizmente” é formado por prefixação e sufixação (in + feliz + mente); e “firmamento” é formada por sufixação (firma + mento). Alternativa C: incorreta. As palavras são formadas da seguinte forma: “enlatado” é formada por parassíntese (en + lat + ado); ajuda é formada por derivação regressiva, do verbo “ajudar”; “remissão” é palavra primitiva; “dignidade” é formada por sufixação (dign + idade); e “abolição” é formada por sufixação (aboli + ção). Alternativa D: incorreta. Nessa alternativa, as palavras: “reação” é formada por prefixação (re + ação); “geração e abstenção” são formadas por sufixação (ger + ação; Abste + n + ção); “lição” é uma palavra primitiva; e “afrontamento” é formada por parassíntese (a + fronta + mento). Alternativa E: correta. Todas as palavras nessa alternativa são construídas por sufixação. (Magr + eza; Medi + dor; Firma + mento; Dign + idade; e Viol + ação). Da mesma forma temos a formação das palavras na tirinha. Gabarito: E 18. (UNESP/2021) Para a formação do neologismo “vivimento”, o narrador recorreu ao mesmo processo de formação de palavras observado em a) “desemendo”. b) “velhice”. c) “denúncia”. d) “reverte”. e) “adiante”. Comentários Alternativa A: incorreta. A palavra “desemendo” é formada por prefixação, dado que adiciona-se o prefixo “des-“ ao gerúndio “emendo”, proveniente do verbo “emendar”. Como veremos a seguir, “vivimento” é formada por sufixação. Alternativa B: correta. A palavra “vivimento” é construída a partir do processo de sufixação. Temos a ideia de “viver” somada ao sufixo “-mento”, com o “i” servindo de vogal de ligação. Dessa forma, “velhice” é formada pelo mesmo processo de sufixação, dado que ao radical “velh-“ soma-se o sufixo “- ice”. Alternativa C: incorreta. A palavra “denúncia” é formada por derivação regressiva, dado que é proveniente do verbo “denunciar”. A palavra “vivimento”, como vimos, é formada por sufixação. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 74 Alternativa D: incorreta. A palavra “reverte” é uma conjugação verbal de “reverter”. As conjugações verbais não são consideradas no escopo dos processos de formação de palavras, dado que temos a entrada de desinências e não de afixos. Alternativa E: incorreta. A palavra “adiante” é uma palavra formada por derivação regressiva, dado que temos sua origem no verbo “adiantar”. Gabarito: B 19. (UECE/2019) Algumas palavras da língua portuguesa são formadas a partir da combinação de morfemas. Sobre esse aspecto, atente para as seguintes afirmações: I. O sufixo inha do vocábulo garrafinha indica diminutivo e o processo de formação dessa palavra se chama derivação sufixal. II. Os prefixos re e des dos vocábulos reutilizar e desligar indicam, respectivamente, repetição de uma ação e negação, e o processo de formação dessas palavras se chama derivação prefixal. III. O prefixo ex do vocábulo extratos significa que algo está fora e o processo de formação dessa palavra é denominado derivação prefixal. Estão corretas as assertivas contidas em a) I e II apenas. b) I e III apenas. c) II e III apenas. d) I, II e III. Comentários Afirmativa I: correta. O sufixo “-inha”, extremamente produtivo no português, apresenta uma relação direta com a formação do diminutivo que, dependendo do contexto, não necessariamente relaciona-se com o tamanho dos elementos,podendo ser pejorativo, por exemplo. Nesse caso, como temos a entrada de um sufixo, o processo realmente deve ser compreendido como sufixação. Sempre interessante lembrar que os nomes dos processos nos auxiliam na compreensão dos próprios processos. Afirmativa II: correta. O prefixo “re-“, em “reutilizar” indica realmente a repetição da utilização. Nesse caso, temos utilizar novamente, por isso o valor de repetição indicado. No caso do prefixo “des-“, em “desligar”, apresenta a ideia contrária a ligar, por isso, é entendido como negação. Como só há entrada de prefixo nesses casos, temos prefixação nos dois. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 75 Afirmativa III: incorreta. A palavra “extrato” é considerada uma palavra primitiva. Nesse caso, não temos processo de formação nela. O plural, como já dissemos, é uma formação gramatical e não deve ser confundida com a construção de uma nova palavra, uma vez que se modifica, somente, a quantidade de elementos nomeados com o plural. Gabarito: A 20. (Unicentro/2017) O animal satisfeito dorme Mário Sérgio Cortella O sempre surpreendente Guimarães Rosa dizia: “o animal satisfeito dorme”. Por trás dessa aparente obviedade está um dos mais fundos alertas contra o risco de cairmos na monotonia existencial, na redundância afetiva e na indigência intelectual. O que o escritor tão bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia vital toda vez que se sente plenamente confortável com a maneira como as coisas já estão, rendendo-se à sedução do repouso e imobilizando-se na acomodação. A advertência é preciosa: não esquecer que a satisfação conclui, encerra, termina; a satisfação não deixa margem para a continuidade, para o prosseguimento, para a persistência, para o desdobramento. A satisfação acalma, limita, amortece. Por isso, quando alguém diz “fiquei muito satisfeito com você” ou “estou muito satisfeita com teu trabalho”, é assustador. O que se quer dizer com isso? Que nada mais de mim se deseja? Que o ponto atual é meu limite e, portanto, minha possibilidade? Que de mim nada mais além se pode esperar? Que está bom como está? Assim seria apavorante; passaria a ideia de que desse jeito já basta. Ora, o agradável é quando alguém diz: “teu trabalho (ou carinho, ou comida, ou aula, ou texto, ou música etc.) é bom, fiquei muito insatisfeito e, portanto, quero mais, quero continuar, quero conhecer outras coisas. Um bom filme não é exatamente aquele que, quando termina, ficamos insatisfeitos, parados, olhando, quietos, para a tela, enquanto passam os letreiros, desejando que não cesse? Um bom livro não é aquele que, quando encerramos a leitura, o deixamos um pouco apoiado no colo, absortos e distantes, pensando que não poderia terminar? Uma boa festa, um bom jogo, um bom passeio, uma boa cerimônia não é aquela que queremos que se prolongue? Com a vida de cada um e de cada uma também tem de ser assim; afinal de contas, não nascemos prontos e acabados. Ainda bem, pois estar satisfeito consigo mesmo é considerarse terminado e constrangido ao possível da condição do momento. Quando crianças (só as crianças?), muitas vezes, diante da tensão provocada por algum desafio que exigia esforço (estudar, treinar, EMAGRECER etc.) ficávamos preocupados e irritados, sonhando e pensando: por que a gente já não nasce pronto, sabendo todas as coisas? Bela e ingênua perspectiva. É fundamental não nascermos sabendo e nem prontos; o ser que nasce sabendo não terá novidades, só reiterações. Somos seres de insatisfação e precisamos ter nisso alguma dose de ambição; todavia, ambição é diferente de ganância, dado que o ambicioso quer mais e melhor, enquanto que o ganancioso quer só para si próprio. Nascer sabendo é uma limitação porque obriga a apenas repetir e, nunca, a criar, inovar, refazer, modificar. Quanto mais se nasce pronto, mais refém do que já se sabe e, portanto, do passado; aprender ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 76 sempre é o que mais impede que nos tornemos prisioneiros de situações que, por serem inéditas, não saberíamos enfrentar. Diante dessa realidade, é absurdo acreditar na ideia de que uma pessoa, quanto mais vive, mais velha fica; para que alguém quanto mais vivesse mais velho ficasse, teria de ter nascido pronto e ir se gastando… Isso não ocorre com gente, e sim com fogão, sapato, geladeira. Gente não nasce pronta e vai se gastando; gente nasce não-pronta, e vai se fazendo. Eu, no ano que estamos, sou a minha mais nova edição (revista e, às vezes, um pouco ampliada); o mais velho de mim (se é o tempo a medida) está no meu passado e não no presente. Demora um pouco para entender tudo isso; aliás, como falou o mesmo Guimarães, “não convém fazer escândalo de começo; só aos poucos é que o escuro é claro”… Excerto do livro “Não nascemos prontos! – provocações filosóficas”. De Mário Sérgio Cortella. Disponível em:<http://www.contioutra.com/o-animal-satisfeito-dorme-texto-de-mario-sergio-cortella/> Sobre os processos de formação de palavras que compõem o texto 01, assinale a única alternativa correta. a) A palavra “estudar” é formada por derivação prefixal e sufixal. b) A palavra “emagrecer” é formada por derivação parassintética. c) A palavra “gastando” é formada por derivação prefixal. d) A forma verbal “vive” é formada por derivação imprópria. e) A palavra “surpreendente” é formada por composição por justaposição. Comentários Alternativa A: incorreta. O verbo “estudar” é uma palavra primitiva, que dá origem, por exemplo, a “estudo”, por meio de derivação regressiva; e “estudante”, por meio de derivação sufixal. Não temos formação alguma envolvida na construção de significados desse verbo. Logo, a alternativa está incorreta. Alternativa B: correta. O verbo “emagrecer” é formado por derivação parassintética, uma vez que temos a entrada simultânea do prefixo “em-“ e do sufixo “-ecer” no radical “magr”. É interessante notar que a palavra “magrecer” não existe, assim como a construção “emagr”, por meio de nosso teste apresentado anteriormente. Alternativa C: incorreta. A palavra “gastando”, dependendo da visão, poderia ser formada por sufixação, dado que temos a desinência “-ndo”, formadora de gerúndios, é acrescentada ao tema “gasta”. Contudo, não consideramos formações verbais como processos de derivação, dado que é uma relação sintática. De qualquer forma, não temos nenhum prefixo sendo acrescentado ao verbo. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 77 Alternativa D: incorreta. A forma verbal “vive” é uma conjugação do verbo e, dessa forma, não está empregada em outra classe que não a de verbo. Logo, não há nenhuma forma de derivação imprópria nesse caso. Alternativa E: incorreta. A palavra “surpreendente” é formada por derivação sufixal, uma vez que há entrada de sufixo “-ente” ao radical “surpreend-“. Essa palavra é originada no verbo “surpreender”. Gabarito: B 21. (Unicentro/2018) Para responder à questão, considere a tira abaixo. Na interação verbal entre Susanita e Mafalda, o humor é desencadeado pelo neologismo INVEJÓLOGO, criado para designar a futura especialidade médica do “filho da D. Susanita”. O processo de formação dessa palavra indica a) a invariabilidade imanente da língua. b) a fragilidade da língua colocada em risco de deterioração. c) o dinamismo da língua na criação de novas palavras. d) a impossibilidade de a língua se adaptar ao contexto social dos falantes. e) a inadequação do uso do radical grego para indicar a nova profissão. ComentáriosAlternativa A: incorreta. A criação de uma palavra demonstra claramente que temos variabilidade imanente na língua e não uma noção de invariabilidade. Se tivéssemos a língua como invariável, não criaríamos palavras. Alternativa B: incorreta. Os processos de formação de palavras em contextos específicos de uso da linguagem não é uma demonstração de fragilidade da língua, pelo contrário. O que temos é exatamente a noção de que a língua, como processo social, se adapta às necessidades comunicativas. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 78 Alternativa C: correta. A possibilidade de se criar uma palavra para atender à necessidade comunicativa é uma das ferramentas mais produtivas da língua. Assim, a criação da palavra “invejólogo”, por parte de Susanita, comprova a ideia de que a língua é dinâmica e atende às necessidades dos falantes. Alternativa D: incorreta. A criação da palavra “invejólogo” aponta exatamente para o oposto da afirmação apresentada. Na realidade, a possibilidade de criação de palavras em um determinado contexto é extremamente produtiva na língua, sempre construindo a ideia de que a língua atende às nossas necessidades e não o contrário. Alternativa E: incorreta. A tirinha apresenta a ideia de que a formação e criação de novas palavras atende a necessidades momentâneas de comunicação. Dessa forma, não temos nenhuma relação com a inadequação do radical grego com relação à formação dessa palavra. É interessante notar que a palavra surge no contexto e pronto, sem a ideia de entrar para a língua. Gabarito: C 22. (UFT/2018) Opinião não é argumento Aqui está uma história que pode ser verdadeira no contexto atual do Brasil. Um jovem professor de Filosofia, instruindo seus alunos à Filosofia da Religião, introduz, à maneira que a Filosofia opera há séculos, argumentos favoráveis e contrários à existência de Deus. Um dos alunos se queixa, para o diretor e também nas onipresentes redes sociais, de que suas crenças religiosas estão sendo atacadas. “Eu tenho direito às minhas crenças”. O diretor concorda com o aluno e força o professor a desistir de ensinar Filosofia da Religião. Mas o que é exatamente um “direito às minhas crenças”? [...] O direito à crença, nesse caso, poderia ser visto como o “direito evidencial”. Alguém tem um direito evidencial à sua crença se estiver disposto a fornecer evidências apropriadas em apoio a ela. Mas o que o estudante e o diretor estão reivindicando e promovendo não parece ser esse direito, pois isso implicaria precisamente a necessidade de pôr as evidencias à prova. Parece que o estudante está reivindicando outra coisa, um certo “direito moral” à sua crença, como avaliado pelo filósofo americano Joel Feinberg, que trabalhou temas da Ética, Teoria da Ação e Filosofia Política. O estudante está afirmando que tem o direito moral de acreditar no que quiser, mesmo em crenças falsas. Muitas pessoas acham que, se têm um direito moral a uma crença, todo mundo tem o dever de não as privar dessa crença, o que envolve não criticá-la, não mostrar que é ilógica ou que lhe falta apoio evidencial. O problema é que essa é uma maneira cada vez mais comum de pensar sobre o direito de acreditar. E as grandes perdedoras são a liberdade de expressão e a democracia. [...] A defesa de uma crença está restrita ao uso de métodos que pertence ao espaço das razões – argumentação e persuasão, em vez de força. Você tem o direito de avançar sua crença na arena pública usando os mesmos métodos de que seus oponentes dispõem para dissuadi-lo. O pior acontece quando crenças se materializam em opinião, e são usadas como substitutas de argumentos, quando o “Eu tenho direito às minhas crenças” se transforma em “Eu tenho direito à minha opinião”. Crenças e opiniões não são argumentos. Mais precisamente, crenças diferem de opinião, que diferem de fatos, que diferem de ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 79 argumentos. Um fato é algo que pode ser comprovado verdadeiro. Por exemplo, é um fato que Júpiter é o maior planeta do sistema solar tanto em diâmetro quanto em massa. Esse fato pode ser provado pela observação ou pela consulta a uma fonte fidedigna. Uma crença é uma ideia ou convicção que alguém aceita como verdade, como “passar debaixo de uma escada dá azar”. Isso certamente não pode ser provado (ou pelo menos nunca foi). Mas a pessoa ainda pode manter sua crença, como vimos, se não pelo “direito evidencial”, apelando para o “direito moral”. Ou ainda, pelo mesmo “direito moral”, deixar de acreditar no que ela própria pensa ser evidência, como no caso do famoso dito (atribuído a Sancho Pança): “Não creio em bruxas, ainda que existam”. [...] Fonte: CARNIELLI, Walter. Página Aberta. In: Revista Veja. Edição 2578, ano 51, nº 16. São Paulo: Editora Abril, 2018, p. 64 (fragmento adaptado). Quanto aos aspectos gramaticais, negritados no texto, analise as afirmativas. I. Em: “ilógica”, ocorre derivação prefixal, ou seja, à palavra lógica acrescentou-se o prefixo “i”, indicando negação. II. Em: “certamente”, o sufixo adverbial “-mente” é acrescentado à forma feminina do adjetivo, para exprimir circunstância de modo. III. Em: “direito evidencial”, o elemento “evidencial” formou-se por derivação sufixal, resultando em um adjetivo. IV. Em: “persuasão”, o sufixo “-ão” indica a noção de aumentativo. Assinale a alternativa CORRETA. a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. b) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. c) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas. d) Todas as afirmativas estão corretas. Comentários Afirmativa I: correta. A formação de “ilógica” está analisada, na afirmação, de forma correta. Afirmativa II: correta. A formação dos advérbios de modo terminados em “-mente” funciona da seguinte forma: passa-se o adjetivo para o feminino e insere-se o sufixo “-mente”, por exemplo, com “rápido”, que formará “rapidamente”. Dessa forma, temos uma formação sufixal em “certamente”. Afirmativa III: correta. O elemento “evidencial” é formado pela inserção do prefixo “-al” ao radical “evidenci-“, fundamentado no substantivo “evidência”. Perceba que temos o uso desse mesmo radical em “evidenciar”. “Evidência”, por sua vez, é formada por derivação regressiva. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 80 Afirmativa IV: incorreta. O sufixo encontrado em “persuasão” é classificado, nessa palavra, como um sufixo formador de substantivos e não de aumentativo, como apresenta a afirmação. Gabarito: B 23. (UFC/2019) Ocorre derivação imprópria no termo destacado em: a) “fascinava-a como prodígio mecânico que era” (linhas 04-05). b) “avistou aquele pano branco tremulando” (linha 11). c) “quão indiferentes passam entre si” (linha 14). d) “a fim de que o objeto não chegasse sibilante como um projétil” (linhas 23-24). e) “a menina teve a impressão de que ele levava saudades” (linhas 30-31). Comentários Alternativa A: incorreta. A forma verbal “era” permanece funcionando como verbo dentro da oração subordinada adjetiva em que se encontra. Logo, nesse caso não temos formação por derivação imprópria. Alternativa B: incorreta. A forma nominal “tremulando”, um gerúndio, indica exatamente a forma como o “pano branco” está se comportando. Dessa forma, como indica a ação do pano, não temos modificação de classe do verbo em questão. Alternativa C: incorreta. O adjetivo “indiferentes” mantém-se com seu valor de adjetivo no trecho. Funciona, no caso, como um predicativo do sujeito, uma função sintática típica dos adjetivose dos substantivos. Alternativa D: correta. O adjetivo “sibilante”, nesse caso, está funcionando como um advérbio. Essa forma de utilização é extremamente comum em relações de uso da língua. É bastante comum que tenhamos utilização de adjetivos como forma adverbial. Alternativa E: incorreta. A palavra “saudades” funciona como objeto direto do verbo “levava”, funcionando como substantivo, sua classe de palavra. Gabarito: D 24. (UEMA/2020) Leia o texto que segue para responder à questão. Manuel Bandeira, autor de Libertinagem (1930), insere-se na primeira Geração do Modernismo no Brasil. Sua obra, também influenciada por sua história de vida, rompeu com os padrões rígidos ditados pela produção anterior ao Modernismo. Ocupa lugar de relevância na produção poética brasileira no séc. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 81 XX, sendo um dos poetas conhecidos e estudados na contemporaneidade. Especificamente, Libertinagem acompanha o ideário do grupo modernista da Semana de 22. Lenda brasileira A moita buliu. Bentinho Jararaca levou a arma à cara: o que saiu do mato foi o Veado Branco! Bentinho ficou pregado no chão. Quis puxar o gatilho e não pôde. - Deus me perdoe! Mas o Cussaruim veio vindo, veio vindo, parou junto do caçador e começou a comer devagarinho o cano da espingarda. BANDEIRA, M. Libertinagem. 2 ed. São Paulo: Global, 2013. O termo “Cussaruim” é uma sinonímia para “diabo”, realizada a partir da aproximação com “coisa-ruim” ou “cousa ruim”, expressões populares de certas regiões do Brasil. No processo formativo de “Cussaruim”, tem-se a a) conversão da categoria adjetiva da palavra em substantivo. b) prefixação com total modificação do sentido primitivo da palavra. c) aglutinação de dois termos com perda da autonomia fonética de um deles. d) junção de termos de origens distintas para formação de vocábulo inusitado. e) abreviação de partes das duas palavras, mantendo o significado primitivo das palavras. Comentários Alternativa A: incorreta. No caso dessa palavra, percebe-se a junção entre as palavras “coisa” e “ruim”, com modificação fonética clara do elemento “coisa”. A ideia de conversão de palavra é uma relação de derivação imprópria. Perceba que se forma uma nova palavra e não uma relação de modificação de palavra já existente com relação à classe. Alternativa B: incorreta. No caso dessa palavra, percebe-se a junção entre as palavras “coisa” e “ruim”, com modificação fonética clara do elemento “coisa”. Não há nenhum prefixo sendo acrescentado em nenhuma das palavras. Alternativa C: correta. No caso dessa palavra, percebe-se a junção entre as palavras “coisa” e “ruim”, com modificação fonética clara do elemento “coisa”. Essa relação é chamada de composição por aglutinação, dada a modificação fonética encontrada na nova palavra. Alternativa D: incorreta. No caso dessa palavra, percebe-se a junção entre as palavras “coisa” e “ruim”, com modificação fonética clara do elemento “coisa”. Não há, portanto, junção de termos de origens distintas. Essa noção seria possível no hibridismo, quando utilizamos elementos de origens linguísticas distintas. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 82 Alternativa E: incorreta. No caso dessa palavra, percebe-se a junção entre as palavras “coisa” e “ruim”, com modificação fonética clara do elemento “coisa”. Dessa forma, não podemos afirmar que há relação de abreviação de partes de duas palavras, mas duas palavras colocadas juntas. Gabarito: C 25. (FGV-SP/2019.2) Dizem todos, e os poetas juram e tresjuram, que o verdadeiro amor é o primeiro; temos estudado a matéria, e acreditamos hoje que não há que fiar em poetas: chegamos por nossas investigações à conclusão de que o verdadeiro amor, ou são todos ou é um só, e neste caso não é o primeiro, é o último. O último é que é o verdadeiro, porque é o único que não muda. As leitoras que não concordarem com esta doutrina convençam-me do contrário, se são disso capazes. Isto tudo vem para dizermos que Maria-Regalada tinha um verdadeiro amor ao major Vidigal; o major pagava-lho na mesma moeda. Ora, D. Maria era uma das camaradas mais do coração de Maria- Regalada. Eis aí porque falando dela D. Maria e a comadre se mostraram tão esperançadas a respeito da sorte do Leonardo. Já naquele tempo (e dizem que é defeito do nosso) o empenho, o compadresco eram uma mola real de todo o movimento social. Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. O prefixo que entra na formação do verbo “tresjuram” expressa ideia de a) precisão. b) intensificação. c) contradição. d) atenuação. e) negação. Comentários A palavra “tresjuram” tem uma relação muito clara de intensificação. É interessante notar que o prefixo “três-“ pode ser entendido exatamente como uma noção numérica que intensifica a ideia de jurar. Na realidade, o que temos é a noção de que se jura em quantidade. Não é um simples juramento, mas uma relação intensificada de juramento. Gabarito: B 26. (UNEMAT/2019.2) Cabelo Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 83 Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada Quem disse que cabelo não sente Quem disse que cabelo não gosta de pente Cabelo quando cresce é tempo Cabelo embaraçado é vento Cabelo vem lá de dentro Cabelo é como pensamento Quem pensa que cabelo é mato Quem pensa que cabelo é pasto Cabelo com orgulho é crina Cilindros de espessura fina Cabelo quer ficar pra cima Laquê, fixador, gomalina Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada Quem quer a força de Sansão Quem quer a juba de leão Cabelo pode ser cortado Cabelo pode ser comprido Cabelo pode ser trançado Cabelo pode ser tingido Aparado ou escovado Descolorido, descabelado Cabelo pode ser bonito Cruzado, seco ou molhado. Disponível em: https://www.letras.mus.br/arnaldo-antunes/91446/. Acesso em: mar. 2019. A letra da canção “Cabelo”, de Jorge Benjor e Arnaldo Antunes, apresenta alguns versos com palavras cognatas. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 84 No texto, são cognatas as palavras: a) sente; gosta; cresce; pensa. b) tempo; vento; dentro; pensamento. c) cabelo; cabeleira; cabeluda; descabelada. d) aparado; escovado; descolorido; cruzado. e) cortado; cumprido; traçado; tingido. Comentários O conceito de palavras cognatas é extremamente importante para entendermos essa questão. Segundo Cegalla, a ideia de “cognatas” está relacionada às palavras que surgem da mesma palavra, ou seja, as que apresentam o mesmo radical (inclusive, é sempre interessante lembrar dos famosinhos “falsos cognatos” que encontramos em línguas de origem latina, por exemplo, que atrapalham em alguns momentos o uso de outra língua). Tendo esse conceito em vista, é interessante perceber que somente na letra C temos realmente palavras com mesma origem. Nesse caso, a resposta estava praticamente clara no texto motivador, não é mesmo? Contudo, sempre faça a análise completa das alternativas. Gabarito: C 27. (UnB/2017) [1] Há aproximadamente mil anos, no auge do Renascimento islâmico, três irmãos em Bagdá projetaram um dispositivo que era um órgão automatizado. Eles o chamaram [4] “o instrumento que toca sozinho”. O instrumento era basicamente uma caixa de música gigante. O órgão podia ser treinadopara tocar várias músicas usando instruções [7] codificadas por meio de pinos colocados em um cilindro giratório. Para a máquina tocar uma música diferente, era só trocar um cilindro por outro com uma codificação diferente. [10] Esse foi o primeiro instrumento desse tipo. Ele era programável. Conceitualmente, esse foi um imenso salto adiante. Toda a ideia de hardware e de software se tornou [13] possível com essa invenção. Esse conceito incrivelmente poderoso não veio para nós na forma de um instrumento de guerra, de conquista ou de uma necessidade. De forma alguma, [16] ele veio do estranho prazer de ver uma máquina tocar música. De fato, a ideia de máquinas programáveis foi mantida viva exclusivamente pela música por aproximadamente setecentos [19] anos. Existe uma longa lista de ideias e de tecnologias transformadoras que vieram de brincadeiras: os museus [22] públicos, a borracha, a teoria das probabilidades, o negócio de seguros e muito mais. A necessidade nem sempre é a mãe da invenção. Um estado de espírito lúdico é fundamentalmente [25] exploratório e busca novas possibilidades no mundo ao seu redor. Devido a essa busca, muitas experiências que começaram como simples prazer e diversão, por fim, [28] resultaram em grandes avanços. Stephen Johnson. O paraíso lúdico por trás das grandes invenções. Internet: <www.ted.com>. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 85 Tomando como base o fragmento de texto acima, julgue o item. A palavra “busca” (l.26) é formada pelo mesmo processo de derivação a partir do qual se forma a palavra a) “programável” (l.11). b) “invenção” (l.13). c) “conquista” (l.15). d) “necessidade” (l.15). Comentários Alternativa A: incorreta. A palavra “busca” é formada pela chamada derivação regressiva, em que, como vimos, são retirados elementos de um verbo para formar um substantivo. Como “busca” vem de “buscar”, temos regressiva. No caso de “programável”, temos uma relação de sufixação, uma vez que há a entrada do sufixo “vel” ao tema “programa”, com indicação de que se forma um adjetivo. Alternativa B: incorreta. A palavra “invenção” é formada por sufixação, com a entrada do sufixo “- ção” ao radical “inven-“. Ainda que a palavra “inventar” possa ser entendida como a origem desse substantivo, não é por meio da regressiva que a formação ocorre, mas por sufixação. Alternativa C: correta. A palavra “conquista”, assim como a palavra “busca” é formada pelo chamado processo de “derivação regressiva”. Como explicado na alternativa A, esse processo relaciona verbo e substantivo. No caso de “conquista”, temos a relação clara com o verbo “conquistar”, que perde elemento e forma o substantivo. Alternativa D: incorreta. A palavra “necessidade” é forma pelo processo de sufixação, uma vez que temos a entrada de um sufixo, “-idade”, em um radical “necess-“. Perceba que o sufixo “-idade” não temos nenhuma relação com a ideia de “etária”, como em alguns momentos vocês pensam. É um sufixo que serve para formar substantivos muito produtivo na língua portuguesa. Gabarito: C Textos para as questões de 28 a 31. Texto I ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 86 Texto II Sem merenda: quando férias escolares significam fome no Brasil “Me corta o coração eles quererem um pão e eu não ter. Já coloquei os meninos na escola pra isso mesmo, por causa da merenda. Um pouquinho de arroz sempre alguém me dá, mas nas férias complica”, afirma Alessandra, que, desempregada, coleta latinhas na favela de Paraisópolis, em São Paulo, onde mora. [...] O drama de Alessandra não é incomum. As férias escolares, quando muitas crianças deixam de ter o acesso diário à merenda, intensificam a vulnerabilidade social de muitas famílias em todo o país. Embora variem em conteúdo e qualidade (às vezes, são apenas bolacha ou pão, em outras, são refeições completas de arroz, feijão, legumes e carne), as merendas ocupam função importante no dia a dia de certos alunos. Para essas crianças, nos períodos sem aulas é que a fome, uma ameaça ao longo de todo ano, torna-se uma realidade a ser enfrentada. [...] Embora não haja estudos nacionais que indiquem o tamanho da insegurança alimentar durante o período de férias escolares, uma série de indicadores comprova a evolução da pobreza no país e o modo como ela incide sobre as crianças. De acordo com a Fundação Abrinq, que fez cálculos, a partir de dados do IBGE, 9 milhões de brasileiros entre zero e 14 anos do Brasil vivem em situação de extrema pobreza. O Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde (Sisvan) identificou, no ano retrasado, 207 mil crianças menores de cinco anos com desnutrição grave no Brasil. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 87 A mais recente pesquisa de Segurança Alimentar do IBGE, de 2013, apontava que uma a cada cinco famílias brasileiras tinha restrições alimentares ou preocupação com a possibilidade de não ter dinheiro para pagar comida. Se a pesquisa fosse feita hoje, a família da faxineira Marinalva Maria de Paula, de 57 anos, se enquadraria nessa condição. Com uma renda de R$ 360,00 mensais para três adultos e uma criança, ela se vê cotidianamente frente a decisões dramáticas: “Se eu pagar a prestação do apartamento ou a conta de água, não temos o que comer’’. [...] O fenômeno que acontece na casa da faxineira já havia sido identificado pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) em 2008, quando um terço dos titulares do Bolsa Família declaravam em pesquisa que a alimentação da família piorava durante as férias escolares. [...] Marinalva não consegue emprego formal há quatro anos. Ela está muito longe de atingir a renda mínima familiar, estimada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em R$ 4.214,62, para suprir sem carências as necessidades com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência dos quatro integrantes da casa. O valor, calculado em julho, equivale a aproximadamente quatro vezes o salário-mínimo atual, de R$ 998,00. Fonte: IDOETA, Paula Adamo; SANCHES, Mariana. In: BBC News Brasil. 15 jul. 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48953335. Acesso em: 09 agost. 2019. (texto adaptado). 28. (UFT/2020/Tarde) Sobre os vocábulos: “incomum” e “insegurança”, presentes no texto II, analise as afirmativas. e. Nos vocábulos, o prefixo “in-“ denota sentido de negação. II. Os vocábulos passaram por derivação parassintética, com a anexação concomitante de afixos aos substantivos. III. Os vocábulos são formados pelo processo de derivação, ou seja, quando se obtém uma palavra nova (derivada), pela anexação de afixos à palavra primitiva. IV. Na formação dos vocábulos, ambos sofreram alterações em sua estrutura pelos prefixos, provocadas pelo fenômeno da assimilação. Assinale a alternativa CORRETA. a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. b) Apenas as afirmativas I e III estão corretas. c) Apenas as afirmativas II e III estão corretas d) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas. Comentários ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 88 Afirmativa I: correta. O prefixo “in-“, nos dois casos, indica realmente negação. Essa leitura é clara quando pensamos que “incomum” deve ser entendido como algo não comum, que foge àquilo que é entendido como comum. Da mesma forma, em “insegurança”, temos a inexistênciada segurança. Afirmativa II: incorreta. No caso de “insegurança”, temos a formação ocorrendo por prefixação e sufixação e não parassíntese. Há entrada do prefixo “in-“ e do sufixo “-ança”, ambos adicionados ao radical “segur-“. Note que, mais uma vez, nosso teste de retirada funcionou. Em “incomum”, por sua vez, temos o processo de prefixação. Afirmativa III: correta. Os dois vocábulos são formados, realmente, por derivação, uma vez que o primeiro é prefixação e sufixação e o segundo prefixação. Esses são processos em que se adicionam afixos a um radical. Afirmativa IV: incorreta. Ainda que tenhamos realmente a entrada de prefixos nas duas palavras, não ocorre por assimilação. A assimilação é um processo fonético em que temos a modificação fonética de um elemento por proximidade a outro som, como ocorre, por exemplo, em “chamam-no”, forma correta de construção de “chamam-lo”. Nesse caso, a nasalidade do “m” obriga a transformação do L em N. Note que, em nenhuma das palavras, ocorre esse processo. Gabarito: B 29. (Inédita – Professor Wagner Santos) A palavra “desperdiçado” (Texto I) é formada pelo mesmo princípio formativo de: a) Embora. b) Emagrecimento. c) Beijo. d) Inconstitucional. e) Desclonagem. Comentários Alternativa A: incorreta. A palavra “embora”, em contextos como “Vou embora daqui agora”, é formada por composição por aglutinação, uma vez que temos uma relação de origem em “em boa hora”. Dessa forma, não é o mesmo processo de formação do encontrado em “desperdiçado”. Alternativa B: correta. A palavra “emagrecimento”, assim como “desperdiçado”, é formada por derivação parassintética. Perceba que “magrecimento” ou “emagrec” não apresentam existência autônoma. Nunca se esqueça do nosso teste de existência das palavras sem os afixos. Alternativa C: incorreta. A palavra “beijo” é formada a partir do verbo “beijar”, com perda de elemento no original e modificação somente fonética em “beijo”. Dessa forma, temos uma construção claramente de derivação regressiva. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 89 Alternativa D: incorreta. A palavra “inconstitucional” é uma construção formada por derivação prefixal e sufixal. Perceba que temos o prefixo “in-“, o radical “constitu-“ (de constituição) e o sufixo “- cional”. Como podemos ter a palavra “constitucional”, em nosso teste, percebemos que não é uma formação parassintética, como em “desperdiçado”. Alternativa E: incorreta. A palavra “desclonagem” é uma construção formada por derivação prefixal e sufixal. Perceba que temos o prefixo “des-“, o radical “clon-“ e o sufixo “agem”. Como podemos ter a palavra “clonagem”, em nosso teste, percebemos que não é uma formação parassintética, como em “desperdiçado”. Gabarito: B 30. (Inédita – Professor Wagner Santos) Tendo em mente que a palavra “merenda” é derivada do verbo “merecer”, do latim merere, seu processo de formação deve ser classificado como a) derivação prefixal. b) abreviação. c) derivação sufixal. d) derivação imprópria. e) derivação regressiva. Comentários O substantivo “merenda”, por ter se originado do verbo “merecer”, com alteração para sua construção, é formado por sufixação (também chamada de “derivação sufixal”). Isso fica claro pelo fato de termos o sufixo “-nda”, que forma substantivos, sendo acrescido ao radical “mere-“. É interessante notar que é do substantivo merenda que passaremos a ter o verbo “merendar”, considerado, durante muito tempo, um uso coloquial e não recomendado da língua. Inclusive, há regiões do país em que esse verbo é utilizado em lugar de jantar com muita, mas muita produtividade. Na Bahia, por exemplo, é verbo corrente e facilmente compreendido. Gabarito: E 31. (Inédita – Professor Wagner Santos) O verbo “enquadrar” – que significa “ser colocado em quadro”, ou seja, ser colocado em um determinado contexto – não apresenta a mesma forma de formação da apresentada em a) envernizar. b) anoitecer. c) fototoxidade. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 90 d) abençoar. e) engaiolar. Comentários Alternativa A: incorreta. O verbo “envernizar”, assim como “enquadrar”, é formado por derivação parassintética, como demonstra nosso teste maroto de retirada de afixos para certificar-se do processo. Alternativa B: incorreta. O verbo “anoitecer”, assim como “enquadrar”, é formado por derivação parassintética, como demonstra nosso teste maroto de retirada de afixos para certificar-se do processo. Alternativa C: correta. A palavra “fototoxidade” é formada por derivação prefixal e sufixal, dado que o prefixo “foto” foi adicionado, assim como o sufixo “idade”, ao radical “tox”. Em nosso teste, quando retiramos o prefixo “foto”, a palavra “toxidade” apresenta-se como uma palavra autônoma. Logo, temos uma relação de prefixação e sufixação e não de parassíntese. Alternativa D: incorreta. O verbo “abençoar”, assim como “enquadrar”, é formado por derivação parassintética, como demonstra nosso teste maroto de retirada de afixos para certificar-se do processo. Alternativa E: incorreta. O verbo “engaiolar”, assim como “enquadrar”, é formado por derivação parassintética, como demonstra nosso teste maroto de retirada de afixos para certificar-se do processo. Gabarito: C 32. (Unifor/2003) A série em que todas as palavras têm o mesmo radical é a) idoso – idôneo – ídolo b) doméstico – domicílio – domesticar c) popular – pluvioso – público d) senil – semelhante – senhor Comentários Mais uma questão em que temos a análise de palavras cognatas. Perceba que somente na letra B temos as palavras formadas a partir do mesmo radical. Dessa forma, temos a seguinte análise das palavras: • Doméstico: radical “dom” e sufixo “-éstico”. • Domicílio: radical “dom” e sufixo “-icílio” • Domesticar: radical “dom” e sufixo “-esticar”. Todas as palavras estão relacionadas com “casa”. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 91 Gabarito: B 33. (Unicamp/2020) Leia o texto a seguir e responda à questão. O telejornalismo é um dos principais produtos televisivos. Sejam as notícias boas ou ruins, ele precisa garantir uma experiência esteticamente agradável para o espectador. Em suma, ser um “infotenimento”, para atrair prestígio, anunciante e rentabilidade. Porém, a atmosfera pesada do início do ano baixou nos telejornais: Brumadinho, jovens atletas mortos no incêndio do CT do Flamengo, notícias diárias de feminicídios, de valentões armados matando em brigas de trânsito e supermercados. Conjunções adversativas e adjuntos adverbiais já não dão mais conta de neutralizar o tsunami de tragédias e violência, e de amenizar as más notícias para garantir o “infotenimento”. No jornal, é apresentada matéria sobre uma mulher brutalmente espancada, internada com diversas fraturas no rosto. Em frente ao hospital, uma repórter fala: “mas a boa notícia é que ela saiu da UTI e não precisará mais de cirurgia reparadora na face...”. Agora, repórteres repetem a expressão “a boa notícia é que...”, buscando alguma brecha de esperança no “outro lado” das más notícias. (Adaptado de Wilson R. V. Ferreira, Globo adota “a boa notícia é que...” para tentar se salvar do baixo astral nacional. Disponível em https://cinegnose. Blogs pot.com/2019/02/globo-adotaboa-noticia-e-que-para.html. Acessado em 01/03 /2019.) Para se referir a matérias jornalísticas televisivas que informam e, ao mesmo tempo, entretêm os espectadores, o autor cria um neologismo por meio de a) derivação prefixal. b) composição por justaposição.c) composição por aglutinação. d) derivação imprópria. Comentários Alternativa A: incorreta. A palavra “infotenimento” é formada, como analisado na alternativa C, por meio de aglutinação, uma relação de composição e não de derivação. Alternativa B: incorreta. A palavra “infotenimento” é formada, como analisado na alternativa C, por meio de aglutinação. Não temos uma relação de justaposição porque há alteração fonética em, ao menos, um dos radicais. Não se esqueçam de que temos justaposição quando somente colocamos juntos dois radicais, sem qualquer forma de alteração fonética. Alternativa C: correta. A palavra “infotenimento” une as palavras “informação” e “entretenimento”. Como usa dois radicais, temos um processo de formação por composição, com modificação fonética nos dois radicais (ainda que só precisemos de alteração em um só para termos aglutinação). Dessa forma, temos a construção de uma composição por aglutinação. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 92 Alternativa D: incorreta. A palavra “infotenimento” é formada, como analisado na alternativa C, por meio de aglutinação, uma relação de composição e não de derivação. Gabarito: C 34. (PUC-PR/Verão 2020) Leia o texto que segue e responda à questão. O que você faz à noite, fora do trabalho, pode ter uma influência positiva em sua carreira. Pelo menos é o que concluiu uma pesquisa realizada por professores da Austrália, da China e de Hong Kong, publicada na revista científica Journal of Applied Psychology. Durante dez dias, os estudiosos mapearam os hábitos de 183 funcionários chineses de diferentes empresas e ocupações. Os participantes precisavam responder, três vezes ao dia, como se sentiam em relação a seu trabalho. Os dados indicaram que os que mantinham hobbies noturnos mostravam-se mais proativos no dia seguinte. Já os que cumpriam obrigações domésticas ou levavam tarefas do escritório para casa sentiam-se mais enfadados. O resultado não é sem razão. “Quando você faz algo que gosta, está adquirindo conhecimento e experiências para se tornar um profissional melhor. São aprendizados para a vida como um todo”, afirma Nélio Bilate, consultor de desenvolvimento humano e organizacional. Disponível em: https://exame.abril.com.br/carreira/diga-me-seu-hobby-que-direi-o-quanto-produz-notrabalho/. Acesso em: 10/08/2019. Sobre a formação de algumas palavras do texto, leia as afirmativas a seguir e assinale V para as verdadeiras e F para as falsas. ( ) “Desenvolvimento” e “enfadados” são vocábulos formados por derivação parassintética. ( ) Os sufixos de “participantes”, “consultor” e “chineses” expressam o mesmo valor semântico. ( ) Os substantivos “pesquisa” e “trabalho” formaram-se por derivação regressiva a partir de verbos. ( ) “Científica”, “conhecimento” e “estudiosos” são adjetivos formados por sufixação. Assinale a alternativa que completa CORRETAMENTE os parênteses, de cima para baixo. a) F – F – V – F. b) F – V – V – V. c) V – V – F – V. d) V – V – F – F. e) V – F – F – V ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 93 Comentários Alternativa I: falsa. Ainda que “enfadados” seja formado por parassíntese, “desenvolvimento” é formado por derivação sufixal. Alternativa II: falsa. Nesse caso, temos o prefixo “-ntes” como formador de substantivo com valor de agente. O prefixo “-or” é considerado um formador de profissão. Por fim, o prefixo “-eses” é formador de elemento pátrio. Dessa forma, temos três valores diferentes, diferente do que se afirma na questão. Alternativa III: verdadeira. “Pesquisa” é formada a partir do verbo “pesquisar” que, com perda de elemento, dá origem ao substantivo. Derivação regressiva, nesse caso. O mesmo ocorre com relação a “trabalho”, oriunda do verbo “trabalhar”. Sempre é importante destacar que não temos problema com a troca do “a” pelo “o” como vogal temática do substantivo. Alternativa IV: falsa. Ainda que todos os vocábulos sejam formados por sufixação, o erro da alternativa está na classificação da classe de palavra a que pertenceriam. Não temos, no caso, todos os vocábulos como adjetivos. Somente “científica” e “estudiosos” são classificados dessa forma. “Desenvolvimento” é um substantivo. Gabarito: A A partir do texto a seguir, faça o que se pede nas questões de 35 a 37. Leia o texto para responder à questão. O leitor encontra, neste belo número da Revista Katálysis, um panorama rico, denso e qualificado do que vem ocorrendo no mundo do trabalho hoje, com seus traços de “continuidade” e “descontinuidade”, num período em que o capitalismo aprofundou ainda mais as penalizações que está impondo ao universo laborativo, onde o “novo” e o “velho” se (re)configuram a partir da nova Divisão Internacional do Trabalho (DIT), que se reestruturou nas últimas décadas. [...] Se a Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX, legou-nos um enorme processo de “desantropomorfização do trabalho” (Lukács); se o século XX pode ser caracterizado pelo que Braverman definiu como sendo a “era da degradação do trabalho”, as últimas décadas do século passado e os inícios do atual vêm presenciando a generalização de “outras formas e modalidades de precarização”, [...] aquela responsável pela geração do cybertariado (Ursula Huws), uma nova força de trabalho global que mescla intensamente “informatização” com “informalização”.[...] As consequências são fortes: nesta fase de desmanche, estamos presenciando o derretimento dos poucos laços de sociabilidade, [...] sem presenciarmos uma ampliação da vida dotada de sentido, nem “dentro” e nem “fora” do trabalho. A vida se consolida, cada vez mais, como sendo desprovida de sentido no trabalho e, por outro lado, estranhada e fetichizada* também “fora” do trabalho, exaurindo-se no mundo sublimado do consumo (virtual ou real), ou na labuta incansável pelas qualificações de todo tipo, que são incentivadas como antídoto [...] para não perder o emprego daqueles que o têm. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 94 É por isso que estamos presenciando uma desconstrução sem precedentes do trabalho em toda a era moderna, ampliando os diversos modos de ser da precarização e do desemprego estrutural. Resta para a “classe-que-vive-do-trabalho” oscilar, ao modo dos pêndulos, entre a busca de qualquer “labor” e a vivência do desemprego. Este número especial da Revista Katálysis, dedicado às novas configurações do trabalho na sociedade capitalista, é uma contribuição efetiva para a linhagem crítica, atualizada e original, tanto pelos temas selecionados, quanto pela qualidade e competência dos colaboradores presentes, ajudando a descortinar tantos elementos que configuram a “nova morfologia do trabalho”, seus dilemas e desafios. Ricardo Antunes, Editorial da Revista Katálysis, n.2, 2009. https://tinyurl.com/y6nchqmr Acesso em: 19.10.2019. Adaptado. *fetichizar: ação de admirar exageradamente, irrestritamente, incondicionalmente uma pessoa ou coisa. 35. (FATEC/2020.1) Os termos “continuidade”, “desconstrução” e “desmanche” são palavras constituídas por diferentes processos de formação de palavras. Assinale a alternativa cujas palavras são formadas, respectivamente, pelos mesmos processos dos vocábulos apresentados no enunciado. a) Idade, endeusar e venda. b) Vivência, rememoração e renúncia. c) Morosidade, entardecer e aguardente. d) Idealismo, vivenciamento e desmantelar. e) Porosidade, descontinuamente e remontar. Comentários Os vocábulos em destaque na questão são formados pelos seguintesprocessos: • Continuidade: é formado pelo processo de derivação sufixal, com a entrada do sufixo “- idade”. Mesmo processo de “vivência” (B). • Desconstrução: é formado pelo processo de prefixação e sufixação. São acrescidos ao radical o prefixo “des-“ e o sufixo “-ção”. Como a palavra “construção” existe, temos nosso teste funcionando para determinação de prefixação e sufixação. Mesmo processo de “rememoração” (B). • Desmanche: é formado pelo processo de derivação regressiva. Nesse caso, é advindo do verbo “desmanchar”. O mesmo encontramos em “renúncia” (B), advindo do verbo “renunciar”. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 95 Gabarito: B 36. (Inédita – Professor Wagner Santos) O vocábulo “desantropomorfização”, encontrado no texto em questão, é formado por prefixação e sufixação. A análise correta de significados é encontrada em: a) O prefixo “des-“ apresenta, no contexto, uma relação de negação do restante da palavra. b) O sufixo “-ização” é, nesse caso em específico, formador de adjetivo aplicado somente a humanos. c) A palavra, com relação à sua formação, passa a significar, no contexto, o abandono da humanidade da sociedade. d) O radical da palavra é “antrop-“ e guarda, em si, a significação de “homem”, no sentido humano. Comentários Alternativa A: incorreta. Nesse caso, ainda que o prefixo “des-“ possa funcionar como um prefixo de negação, no contexto passa a significar a ideia de “construir de uma outra forma”. Ainda que pensemos com relação à negação, o que temos é uma noção de retrocesso, no contexto. Alternativa B: incorreta. O sufixo em questão é considerado um formador de substantivos e não de adjetivos. Dessa forma, essa alternativa está incorreta. Alternativa C: incorreta. No texto, a palavra em destaque tem relação com o fato do trabalho perder sua condição de desempenhado por seres humanos, passando à mecanização e ao uso da tecnologia em substituição ao homem. Alternativa D: correta. O radical da palavra é, como indicado, “antrop-“, que designa a ideia de “homem” no sentido de ser humano e não no sentido de gênero. A alternativa, então se mostra como verdadeira. Gabarito: D 37. (Inédita – Professor Wagner Santos) No texto, as palavras “informatização” e “informalização” devem ser entendidas como a) de sentidos diferentes, apesar do mesmo processo de formação de palavras. b) de mesmo significado, dado que apresentam mesmo processo de formação. c) complementares, quanto ao sentido, no contexto apresentado no texto. d) neologismos criados pelo autor para comprovar a tese apresentada no texto. e) antônimos formados para marcar a incoerência do momento abordado no texto. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 96 Comentários Alternativa A: correta. As duas palavras são formadas por derivação sufixal, contudo, como apresenta a alternativa, não se aproximam quando ao significado, uma vez que em “informatização” significa utilizar informática para o trabalho. Por outro lado, em “informalização”, temos a relação de tornar o trabalho algo informal. Alternativa B: incorreta. As palavras não apresentam os mesmos significados, como indicado na alternativa. Os sentidos estão relacionados com informática e informal, respectivamente. Alternativa C: incorreta. As palavras apresentam significados diferentes e não devem ser entendidas como formando uma complementariedade para as ideias do texto. Perceba que são palavras que se encaixam na argumentação do autor. Alternativa D: incorreta. Os dois elementos não são neologismos criados pelo autor. Ainda que tenham relação direta com os argumentos utilizados para defesa da tese, não podemos entendê-las como neologismos. Alternativa E: incorreta. As duas palavras em questão não são opostas. Dessa forma, ainda que tenhamos palavras de sentidos distintos, não podemos classificá-las como opostas quanto ao sentido. Gabarito: A 38. (FGV-SP/2019 – Economia – Tarde) Leia o texto para responder à questão. O sertanejo, assoberbado de reveses, dobra-se, afinal. Passa, certo dia, à sua porta, a primeira turma de “retirantes”. Vê-a, assombrado, atravessar o terreiro, miseranda, desaparecendo adiante numa nuvem de poeira, na curva do caminho... No outro dia, outra. E outras. É o sertão que se esvazia. Não resiste mais. Amatula-se num daqueles bandos, que lá se vão caminho em fora, debruando de ossadas as veredas, e lá se vai ele no êxodo penosíssimo para a costa, para as serras distantes, para quaisquer lugares onde o não mate o elemento primordial da vida. Atinge-os. Salva-se. Passam-se meses. Acaba-se o flagelo. Ei-lo de volta. Vence-o saudade do sertão. Remigra. E torna feliz, revigorado, cantando; esquecido de infortúnios, buscando as mesmas horas passageiras da ventura perdidiça e instável, os mesmos dias longos de transes e provações demoradas. (Euclides da Cunha. Os Sertões) Considere as passagens: • Vê-a, assombrado, atravessar o terreiro, miseranda, desaparecendo adiante numa nuvem de poeira... (2° parágrafo); • Remigra. E torna feliz, revigorado, cantando... (5° parágrafo). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 97 Nos vocábulos destacados, os prefixos expressam, respectivamente, sentidos de a) negação, retorno e reforço. b) ausência, repetição e recuo. c) afastamento, recuo e intensidade. d) repetição, retrocesso e repetição. e) excesso, repetição e oposição. Comentários Os prefixos das palavras destacadas devem ser analisados da seguinte forma: • Desaparecendo: o prefixo “des-“ apresenta o valor de algo que deixou de aparecer, ou seja, algo que não mais aparece. Dessa forma, temos a construção de significado de negação trazida por esse prefixo. • Remigra: essa é a palavra pega para essa questão. Como “remigrar” pode parecer a ideia de migrar novamente, precisamos do contexto para que entendamos o valor do “re-“. A ideia apresentada, no contexto, é a de que o sertanejo retorna à sua terra. • Revigorado: por fim, o prefixo “re-“ apresenta a ideia de um vigor reforçado. Novamente pode parecer que temos a leitura de uma palavra com valor de repetição. Contudo, a ideia de reforço se apresenta mais clara, dado que o vigor é reforçado em quem se apresenta revigorado. Gabarito: A 39. (UnB/2019) Os nem-nem: dois em cada 10 jovens brasileiros não estudam nem trabalham Uma pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revela que 23% (dois em cada dez) dos jovens brasileiros não estudam nem trabalham: são os chamados jovens nem-nem. A maior parte desse grupo são [5] mulheres de baixa renda. O número corresponde a um dos maiores percentuais de jovens nessa situação entre nove países da América Latina e do Caribe. Outros 49% dos jovens se dedicam exclusivamente a estudo ou capacitação, 13% só trabalham e 15% trabalham e estudam ao mesmo [10] tempo. Internet: www.economia.uol.com.br (com adaptações). O termo “nem-nem”, presente no título do texto, é formado por meio da ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 98 a) atribuição de novo significado a palavra composta já dicionarizada. b) derivação de vocábulo a partir da inserção de sufixo ao segundo termo. c) inclusão de palavra de outra língua no vocabulário da língua portuguesa. d) combinação de palavras já existentes na língua portuguesa. Comentários Alternativa A: incorreta. A palavra é um neologismo e não uma palavra composta quejá exista na língua portuguesa. É interessante notar que a noção de dicionarização está relacionada diretamente à aceitação da palavra como parte da língua. Alternativa B: incorreta. Nesse caso, duplicamos a palavra para que tenhamos um significado novo. Não podemos entender a formação por sufixação, uma vez que a palavra é simplesmente repetida. Alternativa C: incorreta. Não temos relação de estrangeirismo nessa construção, uma vez que “nem” é uma palavra do português. Alternativa D: incorreta. A palavra de “nem-nem” é formada a partir de uma relação clara de repetição da palavra “nem”, com a construção de significado interessante de duas negações, relacionadas com a ideia de que não trabalham, nem estudam. Gabarito: D 40. (Unit-SE/2019.1 Medicina) Sobre os elementos linguísticos que compõem o provérbio, está incorreto o que se afirma em a) A partícula “A” determina o substantivo “persistência”, e o artigo “o” substantiva o adjetivo “impossível”. b) As palavras “persistência” e “impossível” são acentuadas por serem paroxítonas terminadas, respectivamente, em -ia, ditongo crescente, e em -l. c) As expressões “A persistência” e “o impossível” exercem diferentes funções sintáticas, embora tenham como núcleos termos flexionados no mesmo número e gênero. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 99 d) A forma verbal “realiza” expressa uma ação contínua, pertence a um verbo regular da primeira conjugação, que recebe a classificação de transitivo direto. e) O vocábulo “impossível”, formado por derivação prefixal, no contexto frásico em análise, também passa a fazer parte do grupo dos chamados derivados impróprios. Comentários Alternativa A: incorreta. O substantivo “persistência” é feminino, como indica o artigo que o precede. Nesse caso, não há substantivação, dado que é um substantivo. Por outro lado, a colocação do artigo diante do adjetivo “impossível” indica que ele está sendo usado como um objeto direto. Alternativa B: incorreta. As regras de acentuação das duas palavras estão corretas. São duas paroxítonas acentuadas pelo que aponta a alterantiva. Alternativa C: correta. Ainda que os dois realmente tenham funções sintáticas diferentes, seus núcleos apresentam-se em gêneros diferentes, dado que “persistência” é uma palavra feminina, enquanto “impossível” é flexionado no masculino, dada a marca de artigo apresentada. A persistência é o sujeito da expressão verbal realiza, que seleciona, como objeto direto, o impossível. Alternativa D: incorreta. A forma verbal em questão faz parte da conjugação do verbo “realizar”, primeira conjugação e, no texto, realmente indica uma ação repetida com frequência. É interessante notar que o verbo é classificado como transitivo direto. Alternativa E: incorreta. A palavra “impossível” é realmente formada por derivação prefixal. Como está substantivada pelo artigo, como visto na alternativa A, passa a ser um vocábulo com derivação imprópria dentro do contexto. Gabarito: C 41. (EN/2019) Assinale a opção cujo termo destacado exemplifica o mesmo processo de formação de palavras observado em: “Há também os grandes clássicos, os romances que todos amamos e queremos ter ao alcance da mão.” a) Ler, sem dúvida, é uma atividade prazerosa e de estorço intelectual. b) Os estudantes apreciaram o vídeo com entrevistas de antigos escritores. c) Seria lamentável, realmente, a morte dos livros impressos em papel. d) Um livro escolar de boa qualidade consegue esclarecer as dúvidas dos estudantes. e) Acreditamos que a leitura de um bom livro seja um dos melhores passatempos. Comentários ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 100 Alternativa A: correta. O verbo “ler” é um verbo que se apresenta em forma substantivada, dado que se apresenta como o sujeito da forma verbal “é”. Normalmente, essa substantivação ocorre por meio da inserção de um artigo diante de si. Contudo, como desempenha função de sujeito, uma função substantiva, podemos entender que há modificação de classe dentro do contexto. Alternativa B: incorreta. A palavra “vídeo” é um substantivo, e está sendo usada como substantivo no contexto, sem passar por processo de derivação imprópria, como ocorre com “clássicos” no enunciado da questão. Alternativa C: incorreta. A palavra “morte” é um substantivo, e está sendo usada como substantivo no contexto, sem passar por processo de derivação imprópria, como ocorre com “clássicos” no enunciado da questão. Alternativa D: incorreta. O verbo esclarecer é formado por parassíntese e no contexto não se apresenta em outra classe, como ocorre com a palavra “clássicos” do enunciado. “Consegue esclarecer” é uma locução verbal e não contém redução. Alternativa E: incorreta. A palavra passatempos é formada pelo processo de justaposição e não por derivação imprópria, como acontece com “clássicos”, no enunciado da questão. Gabarito: A 42. (Unifesp/2019) Pela extensão e por não ser necessário à resolução da questão, o texto utilizado foi suprimido do material. Derivação regressiva: formação de palavras novas pela redução de uma palavra já existente. A redução se faz mediante supressão de elementos terminais (sufixos, desinências). (Celso Pedro Luft. Gramática resumida, 2004.) Constitui exemplo de palavra formada pelo processo de derivação regressiva o termo sublinhado em: a) “Sabia-se confusamente que a doida tinha sido moça igual às outras no seu tempo remoto” b) “E a boca inflamada, soltando xingamentos, pragas, numa voz rouca.” c) “Os três garotos desceram manhã cedo, para o banho e a pega de passarinho.” d) “A doida habitava um chalé no centro do jardim maltratado.” e) “O sentimento de que a doida carregava uma culpa, que sua própria doidice era uma falta grave” Comentários ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 101 Alternativa A: incorreta. Nesse caso, temos um substantivo classificado como primitivo. A mudança de gênero não indica que temos derivação. Não é derivada do verbo “moçar”, que, por incrível que pareça, existe. Alternativa B: incorreta. Nesse caso, temos um substantivo classificado como primitivo. Nada indica que temos derivação. Alternativa C: correta. O substantivo “pega” é formado claramente por derivação regressiva, uma vez que temos uma relação clara entre o verbo “pegar”, que perde elementos para a formação do substantivo “pega”. Inclusive, faz todo o sentido o uso dos adolescentes com relação a “dar uns pegas”. Há explicação lógica para o uso. Alternativa D: incorreta. Nesse caso, temos um substantivo classificado como primitivo. Nada indica que temos derivação. Alternativa E: incorreta. Nesse caso, temos um substantivo classificado como primitivo. Nada indica que temos derivação. Gabarito: C 43. (PUC/PR/2018) Leia a seguir. Pergunta: Estou fazendo reeducação alimentar e incluí na minha dieta um suco detox, de limão com salsa. Qual sua opinião sobre os sucos detox? Resposta: Os sucos são cheios de nutrientes, vitaminas e minerais. Mas não existe nenhum artigo científico que prove que um suco pode desintoxicar o corpo. Nosso organismo tem mecanismos para eliminar eventuais toxinas. O fígado é um órgão extremamente eficiente para realizar essa função. O melhor mesmo você sabe: movimento físico regular. O resto é ter equilíbrio em tudo, até na hora de beber seu suco natural (e não detox). Disponível em: https://epoca.globo.com/saude/marcio-atalla/noticia/2017/04/os-sucos-detox-funcionam.html. Acesso em: 20/02/2018. A formação de palavras emnossa língua aciona vários mecanismos a que todo falante nativo tem acesso, mesmo sem perceber. Sobre esses processos e os elementos envolvidos nele em relação às palavras destacadas no texto anterior, assinale a alternativa CORRETA. a) O sufixo presente em “alimentar” é responsável pela formação de verbos de primeira conjugação a partir de substantivos concretos. b) A palavra “resto” foi formada por derivação regressiva a partir do verbo “restar”, processo muito produtivo em nossa língua na formação de substantivos abstratos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 102 c) Podemos encontrar em “extremamente” um sufixo formador de advérbios de modo a partir de substantivos sempre flexionados no gênero feminino. d) Os prefixos presentes em “reeducação” e “desintoxicar” compartilham a mesma carga semântica, embora tenham passado por mudanças ortográfica e fonéticas. e) O processo de formação das palavras “nutrientes” e “eventuais” chama-se sufixação e, nesse caso, criou adjetivos a partir de substantivos comuns. Comentários Alternativa A: incorreta. “Ar” não é considerado um sufixo, mas uma desinência formadora de verbos de primeira conjugação no infinitivo. Nesse caso, temos uma relação de formação de palavra, mas sem ser por derivação. Alternativa B: correta. A palavra “resto” realmente é formada a partir de derivação regressiva, ainda que com a modificação do “a” pelo “o”, que não atrapalha a relação dessa formação. Alternativa C: incorreta. Ainda que o sufixo seja formador, realmente, de advérbios de modo, essa formação não se dá com o substantivo feminino, mas com o adjetivo feminino e a adição do sufixo “- mente”. Alternativa D: incorreta. O prefixo “re-“, de reeducação, apresenta a noção de “reforço” ou de retificação do ato de sermos educados. No caso de “des-“, em desintoxicar, temos relação clara com a noção de negação, no caso, “desintoxicar” é deixar de ser intoxicado. Logo, não temos o mesmo valor nos dois afixos. Alternativa E: incorreta. Somente o substantivo “eventuais” é formado a partir de um substantivo, no caso, evento. “Nutrientes” é formado a partir do verbo “nutrir”. Os dois vocábulos são formados por sufixação realmente. Gabarito: B 44. (FCMSCSP/2018) Leia o texto de Oliver Sacks para responder à questão. No meu tempo de estudante de medicina na Londres dos anos 1950, vi no Hospital de Middlesex muitos pacientes com delírio, estados de flutuação da consciência causados, às vezes, por infecções com febre alta ou por problemas como insuficiência dos rins ou do fígado, doença pulmonar ou diabetes mal controlado; todas essas condições podem produzir mudanças drásticas na química do sangue. Alguns pacientes deliravam em consequência de medicação, especialmente os que recebiam morfina ou outros opiáceos para aliviar a dor. Os pacientes com delírio estavam quase sempre nas alas médicas ou cirúrgicas, e não nas neurológicas ou psiquiátricas, pois em geral o delírio indica um problema médico, uma consequência de algo que afeta o corpo como um todo, inclusive o cérebro, e desaparece assim que o problema médico é sanado. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 103 É possível que a idade, mesmo com um funcionamento intelectual pleno, aumente o risco de alucinação ou delírio em resposta a problemas médicos e medicação, ainda mais com a polifarmácia tão frequentemente praticada na medicina atual. Como trabalho em vários lares para idosos, de vez em quando vejo pacientes tratados com muitas medicações, as quais podem interagir umas com as outras de modos complexos, e, não raro, empurrar o paciente para o delírio. (A mente assombrada, 2013. Adaptado.) “as quais podem interagir umas com as outras de modos complexos” (2° parágrafo) A palavra “interagir” é formada com um prefixo. Há um prefixo com o mesmo significado na palavra: a) insegurança. b) entrelinha. c) intransigência. d) enterro. e) integral. Comentários Alternativa A: incorreta. O prefixo “in-“ tem valor de negação, uma vez que “insegurança” tem a leitura de ausência de segurança. Em “interagir”, o prefixo significa entre, dando noção de ação entre elementos. Alternativa B: correta. O prefixo “in-“, em “interagir”, apresenta a ideia de relação entre elementos. Interagir é agir em conjunto, entre dois ou mais elementos. Dessa forma, o prefixo “entre”, encontrado em “entrelinha” funciona com o mesmo valor semântico. Alternativa C: incorreta. O prefixo “in-“ tem valor de negação, uma vez que “insegurança” tem a leitura de ausência de segurança. Em “intransigência”, o prefixo significa entre, dando noção de ação entre elementos. Alternativa D: incorreta. O prefixo “en-“, em “enterrar” tema significação de “dentro”, dado que a palavra significa “colocar na terra”, inserir dentro da terra um determinado elemento. Alternativa E: incorreta. A palavra “integral” é uma palavra que não apresenta prefixo para ser analisado. Gabarito: B ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 104 45. (UFGD/2018) Leia o seguinte excerto. E bastava batesse no campo o pio de uma perdiz magoada, ou viesse do mato a lália lamúria dos tucanos, para o jumento mudar de rota, pendendo à esquerda ou se empescoçando para a direita; e, por via de um gavião casaco-de-couro cruzar-lhe à frente, já ele estacava, em concentrado prazo de irresolução. ROSA, João Guimarães. A hora e a vez de Augusto Matraga. In: ___ Sagarana. 38. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. Pp. 339-386. Assinale a alternativa que contém palavra formada pelo mesmo processo de formação do verbo “empescoçar”. a) Casaco-de-couro. b) Globalização. c) Abalizar. d) Praguejar. e) Farmacologia. Comentários Alternativa A: incorreta. A palavra “casaco-de-couro” é formada por composição por justaposição, uma vez que colocamos dois radicais juntos sem que tenhamos alteração fonética em nenhum deles. Alternativa B: incorreta. A palavra “globalização” é formada por derivação sufixal. Não temos, portanto, a formação parassintética da palavra “empescoçar”. Alternativa C: incorreta. Tanto a palavra “empescoçar” quanto a palavra “abalizar” são formadas por derivação parassintética, uma vez que a retirada de qualquer um dos afixos não gera palavra com significação autônoma. Alternativa D: incorreta. A palavra “praguejar” é formada por derivação sufixal, uma vez que temos a entrada de um sufixo “-ejar”, formador de verbos. Perceba que, diferente da questão anterior, não é o “-ar” que forma o verbo, mas o sufixo inteiro. Alternativa E: incorreta. A palavra “farmacologia” é formada por aglutinação, dado que temos dois radicais: “farmaco“ e “logia”. Nesse caso, teríamos a significação de “o estudo da farmácia”, ou seja, estudo do uso dos remédios. Gabarito: C 46. (UFGD/2017) Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 105 Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs! E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais ... Se o velho arqueja, se no chão resvala, Ouvem-segritos... o chicote estala. E voam mais e mais... Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martírios embrutece, Cantando, geme e ri! No entanto o capitão manda a manobra E após fitando o céu que se desdobra Tão puro sobre o mar Diz do fumo entre os densos nevoeiros: “Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Fazei-os mais dançar!” E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais... Qual num sonho dantesco as sombras voam! Gritos, ais, maldições, preces ressoam! E ri-se Satanás!... ALVES, Castro. Navio Negreiro. Editora Virtual Books Online M&M Editores Ltda: 2000. (Canto IV) Assinale a alternativa em que todas as palavras são formadas por derivação sufixal: a) dantesco, embrutecer, enlouquecer. b) dantesco, nevoeiro, marinheiro. c) embrutecer, enlouquecer, avermelhar. d) desdobrar, ressoar, delirar. e) fantástico, irônico, enlouquecer. Comentários Alternativa A: incorreta. Ainda que “dantesco”, como veremos a seguir, seja formada por sufixação, “embrutecer e enlouquecer” são formadas pelo processo de derivação parassintética. Alternativa B: correta. Em “dantesco”, adiciona-se o sufixo “-esco” ao radical “Dant”; em “nevoeiro”, temos o sufixo “-eiro” adicionado a “nevo”; e em “marinheiro”, temos o sufixo “eiró” adicionado ao radical “marinh-“. Todas são formadas por derivação sufixal. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 106 Alternativa C: incorreta. As três palavras dessa alternativa são formadas por parassíntese, dado que, a retirada de qualquer um dos afixos não gera palavra com existência autônoma. Alternativa D: incorreta. As palavras “desdobrar e ressoar” são formadas por prefixação, enquanto “delirar” é uma palavra primitiva, que dá origem, por exemplo, a “delírio”. Alternativa E: incorreta. As palavras “fantástico” e “irônico” são formadas por sufixação, enquanto “enlouquecer” é formada por derivação parassintética. Gabarito: B 47. (FGV-SP/2017.2) Facebookracia É isso mesmo que você leu: “Facebookracia”. Assim como democracia quer dizer “poder do povo” e plutocracia quer dizer “poder dos ricos”, a palavra Facebookracia é o poder controlado pelo Facebook. Não é bem um regime ou um sistema político, não é uma forma de governo estabelecida numa Constituição, como acontece com o parlamentarismo ou o presidencialismo. A Facebookracia vai se instalando aos poucos, de maneira mais ou menos informal, até que, quando a gente olha, já tomou conta dos processos pelos quais os eleitores tomam decisões. A Facebookracia é a democracia entregue à lógica das redes sociais. Em sua exuberância cibernética até parece democracia, mas é uma deformação da democracia. O termo Facebookracia não é original, embora ainda seja pouco difundido. Buscando na internet, a gente não o encontra em português, mas ele já aparece em outras línguas (Facebookcracy, por exemplo). Eugênio Bucci, Época, 28/11/2016. Por ser composta de radicais de línguas diferentes, a palavra “Facebookracia” é um exemp lo de hibridismo, da mesma forma que o termo sublinhado na seguinte frase: a) Na sentença, o juiz optou por uma decisão monocrática. b) Há países que são regidos por governos teocráticos. c) Reclama-se muito das exigências burocráticas para se abrir uma empresa no Brasil. d) Para os gregos, aristocracia era o governo exercido pelos melhores cidadãos da pólis. e) O poder exercido por anciãos era chamado de gerontocracia. Comentários ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 107 Alternativa A: incorreta. Os dois elementos utilizados são provenientes do grego. Logo, não temos hibridismo. Alternativa B: incorreta. Os dois elementos utilizados são provenientes do grego. Logo, não temos hibridismo. Alternativa C: correta. A palavra “buro” é de origem latina e “cracia” é de origem grega, fazendo com que tenhamos uma relação de hibridismo, como em “Facebookracia”. Alternativa D: incorreta. Os dois elementos utilizados são provenientes do grego. Logo, não temos hibridismo. Alternativa E: incorreta. Os dois elementos utilizados são provenientes do grego. Logo, não temos hibridismo. Gabarito: C 48. (IFRR/2017.1) Para responder à questão, considere o poema Ave Roraima da poetisa Eli Macuxi: Ave Roraima Ave Roraima que canta Feito pássaro mítico. No peito de quem se encanta Por seus líricos fascínios Correm rios, cores quentes Queimam lavrados ardentes Choram guaribas no cio. Mesmo quem vem do asfalto Do barulho e da poeira Quando vê é roraimeira Pretoneubereliakin... Ave Roraima que canta Amor que chega e suplanta Todos males em mim! Sabe-se que as palavras podem apresentar diferentes elementos em suas estruturas e são formadas por alguns processos básicos que, articulados, ampliam o léxico da língua portuguesa. Considerando essa reflexão, o seu conhecimento sobre Estrutura e Formação de Palavras, e tomando como referência o poema lido, assinale a alternativa correta: a) A palavra roraimeira é um exemplo de derivação parassintética, tendo em vista sua formação consistir em acréscimo simultâneo de um prefixo e um sufixo. b) Em mítico ocorre o processo de composição por aglutinação, haja vista a palavra de origem ser mito. c) Pretoneubereliakin é um exemplo de composição por justaposição, pois não há alteração fonética ou gráfica das palavras. d) Encanta é uma palavra formada pelo processo de hibridismo. e) Líricos é uma palavra derivada de lira pelo processo de redução ou abreviação vocabular. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 108 Comentários Alternativa A: incorreta. A palavra “roraimeira” é formada pelo processo de sufixação, com a entrada do sufixo “-eira” em “Roraima”. Alternativa B: incorreta. A palavra “mítico” sofre o mesmo processo de “lírico”, da letra E. Os dois são claramente formados por sufixação. Alternativa C: correta. A palavra Pretoneubereliakin realmente é formada por justaposição, uma vez que são unidos os elementos: Preto Neuber Eliakin, nome artístico do artista “Eliakin Rufino”. Alternativa D: incorreta. A palavra “encanta” é formada por derivação regressiva do verbo “encantar”. Alternativa E: incorreta. A palavra “líricos” realmente advém de “lira”. Contudo, é uma formação de sufixação e não de redução. Para a redução, seria necessário a perda de parte da palavra e não o acréscimo. Gabarito: C 49. (Unicamp/2017) Do ponto de vista da norma culta, é correto afirmar que “coisarˮ é a) uma palavra resultante da atribuição do sentido conotativo de um verbo qualquer ao substantivo “coisaˮ. b) uma palavra resultante do processo de sufixação que transforma o substantivo “coisaˮ no verbo “coisarˮ. c) uma palavra que, graças a seu sentido universal, pode ser usada em substituição a todo e qualquer verbo não lembrado. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 109 d) uma palavra que resulta da transformação do substantivo “coisaˮ em verbo “coisarˮ, reiterando um esquecimento. Comentários O verbo “coisar” apresenta a capacidade de substituir qualquer outra construção, segundo o texto. Note que a definição está presenta na imagem que acompanha essa questão. É uma construção regional, muito utilizada no Nordeste do Brasil. Podemos usar para qualquer elemento: porexemplo, “Ele foi lá e coisou o carro”, com sentido de estragou ou bateu. É realmente um verbo universal. Gabarito: B 50. (UFPR/2014) A palavra “reaça” é formada a partir de “reacionário”. Esse é um processo de formação de palavras atualmente muito produtivo no português coloquial. Observe as correspondências abaixo e aponte quais são formações feitas pelo mesmo processo. 1. Net a partir de internet. 2. Profissa a partir de profissional. 3 Dinheirama a partir de dinheiro. 4. Vestiba a partir de vestibular ou vestibulando. São formadas pelo mesmo processo que “reaça”: a) 1 e 2 apenas. b) 1 e 3 apenas. c) 2, 3 e 4 apenas. d) 2 e 4 apenas. e) 1, 2 e 4 apenas. Comentários: A afirmativa 1 está incorreta, porque “reaça” é formada a partir da redução, utilizandose o início da palavra. Internet utiliza-se da terminação da palavra. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gramática e Interpretação de Textos (GIT) AULA 03 – Estrutura e processos de formação de palavras 110 A afirmativa 2 está correta, porque, como reação é formado somente pelo início da palavra “reacionário”, a palavra “profissa” consegue ser formado pelo mesmo processo de redução. Contudo, nesse processo, temos uma relação clara de formação igual à de “reaça”. A afirmativa 3 está incorreta, porque “dinheirama” é uma construção de acréscimo de um sufixo que, no coloquial, indica grande quantidade de dinheiro. Não é o mesmo processo de redução encontrado em “reaça”. A afirmativa 4 está correta, porque, como reação é formado somente pelo início da palavra “reacionário”, a palavra “vestiba” consegue ser formado pelo mesmo processo de redução. Contudo, nesse processo, temos uma relação clara de formação igual à de “reaça”. Gabarito: D Na próxima aula, começaremos a analisar as primeiras classes morfológicas, as variáveis. Essa parte é extremamente importante para as nossas aulas de sintaxe, principalmente porque temos muitos vestibulares cobrando morfossintaxe nos últimos tempos. Preparem-se, bolas de fogo! Bora que só bora e um excelente estudo para vocês! Professor Wagner @wagnerliteratura Santos @profwagnersantos Folha de versão: 15/01/2022