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Aula_03_-_Projeto_de_texto_-_UNESP_2024

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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNESP 
Exasiu 
Prof. Fernando Andrade 
Aula 03 – Preparação e esboço 
Leitura: Mapa mental; Brainstorm; Esboço. 
. 
estretegiavestibulares.com.br vestibulares.estrategia.com 
EXTENSIVO 
2024 
Exasi
u 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 2 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO 4 
1. ATITUDE INICIAL 4 
1.1 Tema deste pdf: fake News, Big Techs e Manipulação de dados 5 
2 . A LEITURA E A ESCRITA 7 
2.1. Mapa Mental 10 
2.2. Como Fazer um Mapa Mental de Leitura 10 
2.2.1 Passo a Passo 14 
2.3 Exercícios 14 
3.FAZENDO UM MAPA MENTAL (UM ESQUEMA) DO ESBOÇO 18 
3.1 Primeira aproximação 20 
3.2 Ter ideias 21 
3.3 Expansão e Recolha 24 
4. PONDO ORDEM NO CAOS: GENERALIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO 26 
4.1 Escada argumentativa 28 
4.2 Fazendo um texto a partir do esquema 29 
5. ESBOÇO 34 
5.1 Advertência 35 
5.2 Como adquirir repertório? 36 
6. REDAÇÃO EXEMPLAR (ENEM) 36 
7. LINGUAGEM 41 
8. PROPOSTAS DE REDAÇÃO 44 
Proposta 1 44 
Proposta 2 46 
Proposta 3 49 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 3 
9. POSSIBILIDADES DE ENCAMINHAMENTO DAS PROPOSTAS 50 
Proposta 1 50 
Proposta 2 52 
Proposta 3 54 
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS 57 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 4 
Introdução 
Querido aluno, 
No pdf anterior, você entendeu a importância da interpretação do tema e da elaboração da tese, 
precisamos agora discutir o caminho das pedras para se chegar lá. 
Vale a pena repetir: a tese é importante, não comece um texto sem ela. Ela é a alma do seu 
texto, os alicerces da sua futura construção. Isso é tão importante que este livro digital basicamente 
representa uma parada no estudo da dissertação para discutir o que deve ser mais importante para 
você, vestibulando, que tem como alvo a nota dourada do 10: o momento de preparação da escrita do 
texto. 
Vamos discutir o que for necessário para que você elabore um ótimo esboço dissertativo. Para 
você entender como funciona a estrutura textual, começaremos pela análise de uma técnica de estudo: 
o mapa mental. Esse tipo de anotação de ideias principais permite resgatar a estrutura profunda do 
texto e compreender o movimento contrário: fazer um texto completo a partir de uma estrutura 
mínima. 
A seguir, iremos considerar como usar o mapa mental para fazer um brainstorm (tempestade 
mental ou processo de incitação criativa) e depois passaremos para a produção de um esboço. 
 
Boa aula, boa escrita e boa diversão. 
1. Atitude inicial 
 A escrita está tão presente na nossa vida que temos a impressão de que ela sempre existiu. 
Esquecemo-nos de que a escrita não é natural: ela foi inventada pelo homem. Durante milênios os povos 
viveram muito bem sem a escrita. A cultura desses povos era oral; em outras palavras, todas tradições e 
conhecimento dos povos estavam condicionados à memória coletiva. Os mais velhos eram os detentores 
dessa sabedoria tradicional. 
 Quando a escrita surgiu, ela não encerrou, de imediato, o reinado da tradição oral. Poucas pessoas 
sabiam ler e os livros eram poucos, pois tinham de ser copiados manualmente. A partir da invenção da 
imprensa por Gutenberg a situação começou a mudar de tal forma que, hoje, ser analfabeto significa estar 
sujeito à marginalização social. Mas de onde vem esse poder da escrita? 
 Alguns historiadores defendem que a invenção da escrita não foi um grande passo para 
humanidade, pelo menos não na proporção da descoberta da agricultura. O que mudou com a invenção 
da escrita? A escrita ou o domínio da linguagem simbólica conferia a seu conhecedor status e poder, ou 
seja, ela estaria associada à diferenciação social. As primeiras representações do que poderia ser uma 
linguagem escrita são em forma de desenhos. Acredita-se que o homem primitivo tinha uma relação 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 5 
mágica com a representação. Ao desenhar um animal, o homem primitivo acreditava capturar sua alma. 
Na verdade, esse caráter mágico da linguagem e, sobretudo, da escrita nunca abandonou de todo a 
comunicação. Os sacerdotes eram venerados porque conseguiam decifrar aquilo que parecia meros 
grafismos para a maioria do povo. As mensagens escritas eram restritas a ambientes sagrados ou a 
túmulos, como no antigo Egito. 
 Tempos depois surgiram os textos sagrados. Eram textos venerados não só por conterem a 
mensagem dos deuses, mas pela própria representação material, gráfica. Nesse sentido, o texto em si 
teria poderes mágicos. Na Idade Média, a Cabala judaica deu uma ideia desse caráter mágico do texto. 
Segundo a Cabala, os grafismos do texto sagrado conteriam não só a mensagem evidente, que poderia 
ser lida, mas outra mensagem que exigiria quase um processo de adivinhação a partir da simbologia das 
letras e números. 
 Na nossa sociedade tecnológica, perdemos um pouco dessa concepção mágica do texto. Mas ainda 
assim, algumas pessoas manifestam tal reverência quando abrem a Bíblia no Salmo 91, acreditando que 
o texto em si poderia ter alguma influência sobre a realidade, ou quando colecionadores mantêm um 
respeito quase religioso para com livros antigos, como se os seus grafismos pudessem conter um pouco 
da época. Esses casos de exceção só confirmam a regra. A escrita se tornou comum e seu poder se 
deslocou da magia das palavras, em si, para o significado das palavras. Consideramos as letras como meio 
para ter acesso ao conhecimento tecnológico que se torna cada vez mais necessário nas sociedades 
modernas. 
 Depois dessa viagem, que tal encarar a escrita como um poder mágico de organizar as ideias que 
você tem sobre o mundo? Veja, no momento em que escreve, você obriga o outro a enxergá-lo, ele 
para e lê a sua opinião, avalia a forma como você organizou os pensamentos. É pura magia. 
1.1 Tema deste pdf: fake News, Big Techs e Manipulação de dados 
 No pdf 08, sobre linguagem, discutimos um pouco sobre como o discurso construído socialmente 
nos dá uma representação da realidade. Agora, pense um pouco nessa ideia associada à questão das fake 
News. Não só porque essas informações falsas embaralham o jogo político, como também podem ter 
impacto nas relações sociais, familiares e até mesmo na saúde pública, como estamos vendo. 
 Além disso, as grandes companhias de tecnologia detêm o monopólio das redes sociais. Elas têm 
acesso privilegiado às informações pessoais, já que é inerente ao sistema o tráfico e armazenamento de 
dados pessoais. Um hacker pode, por exemplo, ter acesso às informações sobre um grupo enorme de 
pessoas e vender tais informações de forma criminosa. 
 Temas afins têm sido frequentes nos vestibulares: 
(FGV/ 2019) Teorias da conspiração ajudam o populismo de direita. 
(FUVEST/2020) O papel da ciência no mundo contemporâneo. 
(UEA/2019) A exposição de autores de comportamentos machistas na internet contribui para 
desestimular tais comportamentos? 
(Faculdade Albert Einstein) O papel da argumentação nas redes sociais em tempos em que a 
exposição intensa na web é uma constante. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 6 
 
 Reflita um pouco sobre essa questão. Como funciona a internet? Qual o seu potencial? Qual o 
papel da Big Techs? Como os dados são armazenados? O que são robôs? Como eles são utilizados e com 
quais finalidades? Qual a diferença entre fake News e notícias falsas como eram comuns antigamente? 
Como esse novo modo de processar informação impacta nossas vidas? 
 Observe que as propostas escolhidas para esses pdf dialogam com essas questões e trazem textos 
de apoio e comentários que ajudam a entender esse maravilhoso mundo novo. Esse é um tema “quente”, 
seja pela sua relevância e, portanto, pela possibilidade de ser o tema da proposta que você irá enfrentar, 
seja pelo fato de que discutir internet permite se apropriar de umasérie de subtemas que podem ser 
utilizados como argumentos em outros temas. 
 
Seção conexões 
 O que é verdade? Essa questão dá pano para manga, mas vamos restringi-la ao universo do 
conhecimento sobre o mundo. Do ponto de vista do senso comum e das aspirações da ciência, verdade seria 
uma espécie de adequação entre o que se diz sobre o mundo físico e o que ele eventualmente é. 
 O grande problema é que não sabemos se as coisas que afirmamos sobre o mundo refletem seu 
funcionamento, afinal, o universo é indiferente a nós. Bom seria se alguma força dissesse: “você tem razão 
quando diz isso, meu filho”. Então, ficamos assim, como cegos em tiroteio. A natureza se apresenta em toda 
a sua multiplicidade e mudança atirando para todos os lados, e nós ficamos procurando algum padrão para 
poder entendê-la. 
 Por que fiz um retrato tão pessimista em relação ao conhecimento? Pela experiência que nós, homens, 
tivemos com o pensamento mitológico. Quando entramos em contato com as explicações dos antigos, 
pensamos, como eles podiam imaginar uma coisa dessa do universo. Pois é, quem sabe se, daqui a 500 anos, 
nossos descendentes não dirão a mesma coisa? 
 A questão, então, é saber como podemos ter certeza de que a descrição que fazemos do mundo é 
adequada. E essa não é qualquer pergunta. Vale a vida da espécie. Pense, podemos fazer uma oferenda para 
os espíritos para expulsarem a pandemia, ou podemos vacinar as pessoas. Essas duas ações dependem de 
descrições diferentes da realidade. 
O que garante que a descrição que gerou a vacina seja mais bem vista do que a outra, baseada em 
forças sobrenaturais? O homem, no decorrer da história desenvolveu um método que lhe permitiu produzir 
descrições mais rigorosas, o científico. Mas não foi esse traço que entronizou a ciência como uma espécie de 
“verdade”de nossa época, e sim, sua eficiência. Sob a égide desse tipo de conhecimento, o homem conseguiu 
resolver muito mais problemas do que tinha conseguido durante os vários milênios anteriores. Basta pensar 
na medicina, os avanços são inegáveis. Então ficamos assim, não sabemos bem se a ciência quando elabora 
uma teoria sobre o mundo está produzindo um discurso adequado ao mundo, mas produz um saber que, 
quando aplicado, resulta em benefícios para a humanidade. 
E falando em ciência, falei novamente em “verdade”, mas não deveria. O que caracteriza a ciência 
pode até ser a procura pela verdade, mas muito mais importante é a dúvida em relação a isso. O que diferencia 
a ciência dos discursos explicativos que circulam por aí, desde os místicos-religiosos até os pseudocientíficos, 
é o fato de que os últimos se colocam como verdades inequívocas, sem um método rigoroso para 
estabelecimento da certeza. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 7 
 A ciência supõe que uma hipótese é provisória e pode ser questionada. Sendo assim, qualquer 
“verdade” só poderá ser aceita depois de passar por todos os protocolos de verificação possíveis e, mesmo 
assim, a conclusão será temporária, até que outra explicação surja. 
 
 
 
2 . A Leitura e a Escrita 
 Um dos conselhos dados para qualquer aluno que deseja 
escrever bem é: leia bastante. Isso parece óbvio demais para ficar 
batendo nessa tecla, não é? Bom, não vou repetir isso, senão ficarei 
parecendo mãe que gosta de martelar o que já se sabe. 
Neste capítulo, a ideia é fazer você entender a estrutura da 
escrita, porque se você souber ler estruturalmente um texto, você 
entenderá melhor como deve ser a construção textual. Dois lados da 
mesma moeda. 
 Primeiramente, é importante destacar que a leitura não é algo tão fácil como se imagina. Em 
2016, uma reportagem do UOL destacava que “no Brasil, apenas 8% têm plenas condições de 
compreender e se expressar” 1. O leitor pleno, segundo o Instituto Paulo Montenegro, é aquele que: 
 
 
 
 Observe que a última habilidade é a mesma que se exige de alguém que saiba escrever com 
competência. 
Talvez não percebamos a situação crítica em que nos encontramos no quesito leitura, pois vivemos 
em uma sociedade na qual estamos em contato com textos o tempo todo, basta acessar as mensagens 
 
1 Disponível em https://educacao.uol.com.br/noticias/2016/02/29/no-brasil-apenas-8-escapam-do-analfabetismo-
funcional.htm?cmpid=copiaecola, acessado em 04.07.2019. 
 
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https://educacao.uol.com.br/noticias/2016/02/29/no-brasil-apenas-8-escapam-do-analfabetismo-funcional.htm?cmpid=copiaecola
https://educacao.uol.com.br/noticias/2016/02/29/no-brasil-apenas-8-escapam-do-analfabetismo-funcional.htm?cmpid=copiaecola
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 8 
do WhatsApp. Mas, nesse caso, trata-se de leitura curta e circunstancial. Ler um texto longo, em que as 
informações vão sendo concatenadas até a construção de ideias mais complexas, não é trabalho fácil. 
Mas onde está o problema? Para chegar ao problema, é preciso entender o que é exigido na leitura 
do texto escrito. 
Segundo o professor J.R. Whitaker Penteado2, a leitura é um processo que “compreende seis 
atividades distintas, a saber: 
1ª- O reconhecimento dos vocábulos; 
2ª- A interpretação do pensamento do autor; 
3ª- A associação das ideias do autor com as ideias do leitor, levando este à compreensão; 
4ª-A retenção dessas ideias; 
5ª- A capacidade de reprodução dessas ideias, sempre que for necessário. “ 
Quanto ao item um, nenhuma novidade e, normalmente, é o que um analfabeto funcional 
consegue fazer. A segunda atividade já é mais complicada e tem a ver com a terceira. Tomemos a frase 
da filósofa Simone de Beauvoir (1908-1986): “Ninguém nasce mulher, torna-se”. 
Qualquer pessoa minimamente alfabetizada pode entender cada palavra, entretanto, a expressão 
requer mais do leitor. A pensadora era feminista, ou seja, isso significa que um leitor que não levasse em 
conta esse contexto ou que não tivesse outras referências do feminismo, faria uma associação precária 
entre as suas ideias e as ideias da autora, interpretando mal a intenção da escritora. 
 Só para se ter uma ideia, em 1993, no dia em que se comemorava o Dia Internacional da Mulher, 
os ônibus de São Paulo circularam com um cartaz com esses dizeres da filósofa. As interpretações foram 
diversas. Um motorista de ônibus dizia que não tinha entendido, porque na sua terra quem nascia mulher, 
morria mulher. Um rapaz achou que a frase era uma “sem-vergonhice”. Outro afirmou que a frase era 
boba, porque todo mundo nascia criança. 
 Na época, a Folha de São Paulo fez uma reportagem sobre o fato, e o jornalista, ao entrevistar os 
usuários, chegou a um balanço assustador: somente um dos dez entrevistados entendia claramente a 
frase do cartaz (paráfrase da matéria publicada em 9 de março de 1993). 
 Faltou referência aos leitores, ou seja, faltaram mais leituras complexas que pudessem dar o 
repertório necessário para a compreensão da frase. 
 A quarta atividade se refere aos textos mais longos. Na leitura, temos que colher uma ideia em 
uma frase e associá-la à seguinte, e, assim, sucessivamente. Se esquecermos aquilo que foi dito nas linhas 
anteriores, não entenderemos o texto. Por isso, fala-se em capacidade de retenção. Principalmente em 
textos mais difíceis, o leitor tem que fazer duas atividades ao mesmo tempo, (1) colher novas informações 
e (2) associar a novidade ao que já foi lido. Esse processo leva a uma constante reelaboração da 
 
2² Disponível em https://nossoid.wordpress.com/2017/05/28/escala-de-proficiencia-do-inaf-voce-e-os-20/, acessado 
em 04.07.2019. 
 PENTEADO, J.R. Whitaker. A técnica da Comunicação Humana. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 8ª edição, 1982. 
https://nossoid.wordpress.com/2017/05/28/escala-de-proficiencia-do-inaf-voce-e-os-20/
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 9 
compreensão do que se lê, fazendo da leitura uma espécie de construção. 
 Tome como exemplo esse texto dado pelaFUVEST como questão de interpretação: 
 
(Fuvest/2004)) 
O OLHAR TAMBÉM PRECISA APRENDER A ENXERGAR 
Há uma historinha adorável, contada por Eduardo Galeano, escritor uruguaio, que diz que um pai, morador 
lá do interior do país, levou seu filho até a beira do mar. O menino nunca tinha visto aquela massa de água 
infinita. Os dois pararam sobre um morro. O menino, segurando a mão do pai, disse a ele: "Pai, me ajuda 
a olhar". Pode parecer uma espécie de fantasia, mas deve ser a exata verdade, representando a sensação 
de faltarem não só palavras, mas também capacidade para entender o que é que estava se passando ali. 
Agora imagine o que se passa quando qualquer um de nós para diante de uma grande obra de arte visual: 
como olhar para aquilo e construir seu sentido na nossa percepção? Só com auxílio mesmo. Não quer dizer 
que a gente não se emocione apenas por ser exposto a um clássico absoluto, um Picasso ou um Niemeyer 
ou um Caravaggio. Quer dizer apenas que a gente pode ver melhor se entender a lógica da criação. 
(Luís Augusto Fischer, Folha de S. Paulo) 
 
 Ao começar a ler, o leitor vai se deliciando com a narrativa do menino e vai se perguntando qual a 
finalidade do escritor em lhe contar essa história. Quando o menino pede, “pai, me ajuda a olhar”, as 
possibilidades temáticas são variadas: o texto pode enveredar pelo tema do amor paterno; da 
necessidade de ajuda para desenvolvimento da criança; do olhar como aprendizado etc. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 10 
Quando acaba de ler a frase seguinte, o leitor é obrigado a 
reelaborar a ideia anterior, pois o escritor restringe a interpretação do 
fato ao mencionar que faltam palavras e capacidade para entender o 
que se passa. Porém, o tema só se define no próximo parágrafo, quando 
Galeano introduz o tema da arte. 
 A observação desse entrelaçamento de temas e como se dá o 
progresso temático é o que define o bom leitor e o BOM ESCRITOR. O 
desafio desta aula é entender como um texto está estruturado para, em 
seguida, elaborar um projeto ou esboço de texto que apresente essas 
qualidades. 
Há uma ferramenta extremamente eficaz para dissecar um 
texto, o mapa mental. Aliás, por conta dessa qualidade, o mapa mental é um gênero muito apropriado 
para seus estudos. Ao fazer um mapa mental de um tópico, você estará exercitando sua capacidade de 
escrita e de elaboração de estrutura de pensamento. 
2.1. Mapa Mental 
Mapa mental é um gênero textual 
desenvolvido pelo inglês Tony Buzan (1942-2019) com 
a finalidade de organizar a informação de forma muito 
próxima à maneira como o nosso cérebro absorveu os 
dados. Grosso modo, parece um “esquemão” que 
serve para organizar, memorizar e analisar ideias. 
Pode ser usado como resumo de aula presencial, 
leitura de livro, anotação de palestra etc. 
Na verdade, o uso do mapa mental vai além do 
processo de aprendizado, serve também como 
organizador de brainstorm (processo criativo baseado 
na livre associação) de tarefas a serem realizadas, de 
orçamento, de projetos etc. 
Ele se baseia na apresentação gráfica das relações que vamos fazendo na nossa mente em relação 
a determinado tema. As setas, as cores diferentes, os balões ou outros recursos gráficos devem registrar 
a forma como o cérebro vai concatenando dados. Por esse motivo, o mapa mental tem um traço bastante 
pessoal e intransferível. 
Inicialmente, vamos discutir o mapa mental como forma de leitura de um texto. 
2.2. Como Fazer um Mapa Mental de Leitura 
Um texto representa um produto final de reflexão e de sinapses entre ideias. A tarefa do leitor é 
perceber como o escritor estruturou essas relações. 
 Considere o tema abaixo e preste muita atenção a ele. Trata-se de um tema possível no vestibular. 
A viralização do senso comum 
Fo
n
te
: 
P
ix
a
b
ay
 
Fo
n
te
: 
P
ix
a
b
ay
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 11 
Por Michel Carvalho da Silva em 21/08/2015 na edição 864 
 Quem já recebeu alguma mensagem via WhatsApp informando que o governo vai confiscar a 
caderneta de poupança ou que o Congresso vai votar um projeto que acaba com o 13º salário? Outro 
conteúdo falso que “viralizou” no Facebook nos últimos tempos se refere ao auxílio-reclusão, que seria 
pago diretamente ao criminoso, ou, ainda, que o benefício se multiplicava conforme o número de filhos 
do preso ou da presa. 
 Muitas mensagens circulam pela internet e nem sempre são verdadeiras. Mas como pode o 
cidadão comum distinguir, num volume pulverizado de informação, entre aquela confiável, verídica e 
relevante, e aquela errônea, imprecisa e falsa? É evidente que essa questão está relacionada ao nível de 
empoderamento do indivíduo, o qual varia de acordo com o grau de instrução, a consciência política e os 
hábitos midiáticos de cada um. 
 Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Pew Research Center mostra que cresceu, nos últimos 
dois anos, a influência das redes sociais na tarefa de manter os cidadãos informados. Os sites de notícias, 
antes tradicionais fontes de informação, foram descritos no estudo como fontes secundárias na hora de 
saber sobre um assunto ou acontecimento. 
 As redes sociais podem impulsionar o engajamento cívico devido à sua flexibilidade ao permitir 
aos usuários acessar informações sob demanda, receber notícias de maneira instantânea, aprender sobre 
diversos temas, personalizar conteúdo de acordo com seus interesses e aprofundar a discussão em torno 
de assuntos mais complexos. 
 Acesso à informação é um direito 
 No entanto, o potencial da internet para ampliar o grau de informação do indivíduo ainda é 
limitado por fatores como o desinteresse da coletividade ou a inabilidade das pessoas em assimilar 
grandes volumes de dados e relacionar fatos. Daí a importância de uma educação que subsidie o cidadão 
a entender a burocracia governamental e o funcionamento do sistema político (conhecimento das regras 
gerais, familiaridades com as estatísticas e as plataformas de governo). Só uma pessoa que reúna essas 
competências poderá acompanhar e fiscalizar as políticas públicas implementadas pelos agentes públicos. 
 A desinformação, fruto da imprecisão, da mentira ou do ruído informacional contribui para a 
ignorância das pessoas e inviabiliza o debate democrático. Aliás, é preocupante quando observamos que 
uma informação é manipulada, simplesmente com o propósito de causar pânico ou revolta, com vistas a 
beneficiar um segmento político. Não podemos nos esquecer, também, do triste episódio, ocorrido no 
ano passado, no Guarujá, em que uma mulher foi espancada até a morte após boato espalhado em rede 
social que a acusava de sequestro e bruxaria. 
 Diante disso, é preciso verificar se a informação veiculada é de uma fonte confiável, como sites 
institucionais, páginas de jornais conhecidos e blogues de profissionais respeitados. Também é 
importante pesquisar se mais de uma fonte publicou a notícia, isso denota maior credibilidade à 
mensagem. Outro aspecto relevante é identificar se o conteúdo divulgado não é oriundo de um site de 
notícias falsas ou de conteúdo exclusivamente humorístico, como o Sensacionalista. 
Michel Carvalho da Silva é jornalista, professor e mestre em Ciências da Comunicação 
(Disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br/redes-sociais/a-viralizacao-do-senso-comum/, 
acessado em 09.07.2019) 
http://observatoriodaimprensa.com.br/redes-sociais/a-viralizacao-do-senso-comum/
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 12 
 Este seria um possível mapa mental do texto acima. 
 
 
 
 
 Observe que todas as setas saem do círculo central, o qual contém o tema que estrutura todas as 
informações, “mensagens falsas”. A partir daí, saem os subtemas, que desenvolverão a tese de que o 
acesso à informação verdadeira é um direito do cidadão. Mas o que o mapa mental revela, sobretudo, é 
como as ideias se relacionam no texto. 
 Primeira coisa importante a se ressaltar é que as ideias mais importantessão expressas por 
substantivos ou verbos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Como 
identificar? 
Grau de 
Instrução 
Hábitos 
Midiáticos 
Cresceu a 
influência 
redes 
sociais 
Redes sociais 
Mensagens Falsas 
✓ Flexibilidade 
✓ Diversidade 
temas 
✓ Personalização 
✓ Aprofundamen
to discussões 
Engajamento 
cívico Limitação 
✓ Desinteresse 
por informação 
✓ Inabilidade de 
assimilar 
informações 
Desinformação 
✓ Imprecisão 
✓ Mentira 
✓ Ruído 
informacional 
 
O que fazer? 
-Verificação de fonte 
-Considerar várias fontes 
 
Problema: 
Informação é direito 
Cidadania 
Politização 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 13 
 No primeiro parágrafo, basicamente, o autor faz uma introdução bonitinha para atrair o leitor. Não 
há nada de significativo nesse primeiro parágrafo, a não ser a ênfase no que é o tema central. 
Observe que todas as setas saem do círculo central, o qual contém o tema que estrutura todas as 
informações, “mensagens falsas”. A partir daí, saem os subtemas, que desenvolverão a tese de que o 
acesso à informação verdadeira é um direito do cidadão. Mas o que o mapa mental revela, sobretudo, é 
como as ideias se relacionam no texto. 
 É importante ressaltar que as ideias mais importantes são expressas por substantivos ou verbos. 
 No primeiro parágrafo, basicamente, o autor faz uma introdução bonitinha para atrair o leitor. Não 
há nada de significativo nesse primeiro parágrafo, a não ser a ênfase no que é o tema central. 
 No segundo parágrafo, o autor acrescenta alguns temas importantes. Reveja o parágrafo: 
 
“Muitas mensagens circulam pela internet 
e nem sempre elas são verdadeiras. Mas como 
pode o cidadão comum distinguir, num volume 
pulverizado de informação, entre aquela 
confiável, verídica e relevante, e aquela errônea, 
imprecisa e falsa? É evidente que essa questão 
está relacionada ao nível de empoderamento do 
indivíduo, que varia de acordo com o grau de 
instrução, a consciência política e os hábitos 
midiáticos de cada um.” 
 
A primeira oração coloca o problema, a 
segunda faz uma pergunta (“como pode o cidadão comum distinguir...?”). Na resposta à pergunta, deve 
haver algo significativo para o desenvolvimento do texto. O que reter desse parágrafo? “Empoderamento 
do indivíduo” é uma expressão que diz pouco, melhor assinalar “grau de instrução”, “consciência política” 
e “hábitos midiáticos”. 
Escolhi apenas dois, “grau de instrução” e “hábitos midiáticos”. Porém, se simplesmente jogasse 
os termos no mapa mental, não seria possível fazer a conexão, portanto, usei a pergunta “Como identificar 
mensagens falsas?” para dar sentido às duas respostas a essa pergunta. 
Esse é um dos caminhos de argumentação, cada percurso argumentativo foi assinalado com uma 
cor (entre laranja e rosa). Como o autor não continuou a desenvolver esse caminho, o outro subtema que 
ele introduz me leva à outra seta e à outra trilha argumentativa. Ele agora passa a explorar a relevância 
das novas mídias: cresceu o número de pessoas que acessam as redes sociais à procura de informação. 
Enquanto esse tema for desenvolvido, com relações de causas e consequências, eu uso as mesmas cores 
e continuo a acrescentar balões e setas ao mesmo veio argumentativo. 
Pegou qual é o método? 
 
Fo
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ix
ab
ay
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 14 
2.2.1 Passo a Passo 
 
 
 
2.3 Exercícios 
 
 No vestibular do meio do ano de 2019, a FATEC propôs o seguinte tema: “Tecnologia e Informação: 
como transformar opinião em conhecimento?” Tratava-se de um tema afim do apresentado acima. A 
banca oferecia um texto que analisava o fenômeno de transformação de opiniões em verdades. A seguir, 
você encontrará os textos da coletânea, sendo um dissertativo e outro figurativo, uma charge. Faça o 
mapa mental de ambos. 
Comece pelo tema central e tenha em mente qual a tese do autor.
Se for possível, perceba quantas ramificações terá seu mapa mental. 
Cada critério de argumentação configura uma ramificação: em um 
parágrafo ele fala das causas, no outro das consequências, no outro faz 
uma comparação etc.
Faça as sub-ramificações que devem desenvolver os subtemas 
centrais.
Utilize cores diferentes e balões com formatos variados que permitem 
dar sentidos diferentes às ramificações.
Lembre-se de que as palavras inscritas nos balões devem ser as mais 
importantes de um parágrafo, não podem ser substantivos vagos, 
indeterminados. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 15 
No caso do primeiro texto, você deve fazer como já exemplificado: leia cuidadosamente cada 
parágrafo, circule as palavras-chave, comece a construção do mapa mental a partir do tema central e, 
depois, faça as ramificações. 
No caso do cartum, você deve perceber qual o tema central, depois dividir em “antes” e “depois” 
e começar a fazer as ramificações a partir das suas observações. 
 
 Parcialmente, você tem razão, corujinha desconfiada. Trata-se de um treino de leitura atenta, mas 
você vai ter que fazer um “esquemão” e essa aula é sobre projetos de texto. Nesse primeiro momento, 
você vai fazer um esquema de textos já feitos, mas, depois, você fará um esquema das suas ideias, o que 
o ajudará a construir o texto. Pode confiar, e “bora” fazer o exercício, até porque essas ideias sobre o 
fenômeno de fake news são matéria quentíssima em relação aos temas redacionais. 
Q.1 
Faça um mapa mental sobre o texto abaixo. 
TEXTO I 
 
Na era digital, a opinião predomina sobre a ação. Passamos a viver no reino das opiniões: todos 
têm alguma opinião formada sobre tudo e se sentem na obrigação de opinar sobre qualquer 
coisa. Esse fenômeno é consequência direta da hiperconectividade e, em particular, do modelo 
de negócios das empresas detentoras de redes sociais: a venda de dados de usuários para 
marketing. A fim de obter um perfil completo e apurado de cada usuário, é preciso estimulá-lo a 
revelar suas preferências sobre o maior número possível de temas. 
[...] 
Com isso, tudo se tornou opinião em uma arena na qual não existem hierarquias. A análise política 
de um especialista equivale à opinião de qualquer pessoa que nunca abriu um livro sobre política. 
Trata-se de uma perversão do direito à liberdade de expressão: muito embora cada um tenha o 
direito de opinar sobre o que quiser e uma opinião não se sobreponha à outra, nem tudo é da 
ordem da opinião. Análises, pesquisas e evidências são de outra esfera. Não se questiona o 
resultado de uma pesquisa científica dizendo simplesmente que não se concorda com ela, mas 
analisando sua metodologia ou apresentando uma pesquisa sobre o mesmo tema que possa 
colocar em xeque as conclusões. 
Na era do Facebook, entretanto, é como se isso não fosse necessário, pois basta concordar 
ou discordar, clicar like ou dislike. A ação, o trabalho, a especialidade, tudo perde lugar para a 
opinião. No reino da opinião não existe mais espaço para a autoridade. No perfil do papa no 
 Mas esse exercício é de leitura, o que tem a ver com redação? 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 16 
Twitter, os internautas brasileiros se sentem no direito de contradizer as análises teológicas dele. 
As redes sociais tornam o dono de botequim um especialista em exegese bíblica do mesmo 
quilate que o chefe da Igreja Católica. 
 
<https://tinyurl.com/yxovqcqz> Acesso em: 20.06.2019. Adaptado (material usado na 
prova de Redação da FATEC/2019, vestibular do meio do ano) 
 
 
Q.2 
Faça um mapa mental sobre o texto abaixo. 
 
<https://tinyurl.com/ya42xtrr> Acesso em: 20.06.2019. Original colorido. 
 
 
 
 
 
Gabarito: parâmetros da escrita 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 17 
 
Questão 
01 
Comentário. 
Um mapa mental é bastante individualizado, mas as ideias principais não. Abaixo, fiz um 
resumo escrito dos pontos mais importantes e destaquei as palavras que são mais 
relevantes. Essaspalavras ou seus sinônimos deveriam estar no seu mapa mental. As 
ramificações dependem da hierarquia que você fez das informações na sua mente. 
O texto trazia a tese logo na primeira oração: “na era digital, a opinião predomina sobre a 
ação”. As ideias contidas nele davam a noção do tamanho do problema. Num primeiro 
momento, o autor destacava a causa de vivermos numa época em que a opinião se tornou 
a rainha do mundo: a hiperconectividade. 
Tal necessidade de conexão, na verdade, é estimulada pelas empresas detentoras de 
redes sociais como uma estratégia para conseguir informações que valem ouro para o 
Marketing, as quais consistem em dados sobre gostos pessoais dos usuários. Esse estímulo 
e a falta de uma instância que limite a circulação de informações falsas levam à 
desierarquização do conhecimento, ou seja, qualquer informação ou opinião na internet 
parece ter o mesmo valor. Afirmações baseadas em evidências que demandam estudo e 
cuidado passam a ter o mesmo estatuto de opiniões baseadas no gosto pessoal e na 
análise superficial. 
 
 
Questão 
02 
Comentário. 
A charge cujo título é “Mundo Avesso” figurativiza esse processo de inversão de valores, 
dando uma ideia do perigo que isso representa. O tema é sobre informação e o balão 
principal deveria ter essa palavra ao centro. No primeiro quadrinho, um professor dirige-
se aos alunos dizendo que vai instruí-los a partir de uma fonte de água única, um 
bebedouro. A água, metáfora de informação, é direcionada por um cano e oferecida na 
medida em que pode ser absorvida pelos alunos. Como se observa no canto do cartum, 
isso era o que acontecia “antes”, antigamente. 
No segundo quadro, a água, que era pouca e direcionada, toma todo o céu como uma 
nuvem preta que produz a enxurrada de informação. Nesse novo ambiente, o professor 
está perdido, os alunos, um tanto quanto desesperados, pedem que o professor os ajude 
a nadar, enquanto um dos meninos, encantado com essa onda informacional, fica 
deslumbrado com o fato de poder acreditar inclusive que a terra é plana. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 18 
 
 
3.Fazendo um mapa mental (um esquema) do esboço 
 
 Agora, a brincadeira é outra. Vamos supor que você se depare a proposta da UNIFESP abaixo 
transcrita, 
Inicialmente, você deve criar ideias, depois, rabiscar suas ideias no papel e, por fim, criar um 
roteiro de escrita (mapa mental). 
 
UNIFESP/2018 
Texto 1 
Apenas reproduzimos nas redes sociais o que somos na vida off-line. Mas hoje se convencionou 
que tudo é culpa da tecnologia. A previsão é sempre de um futuro sombrio, em que as pessoas não se 
relacionam, não se falam, não se encontram. 
Falava-se a mesma coisa da TV. Para os pessimistas há sempre uma praga tecnológica mais atual. 
Os saudosistas olham para o passado e acham que a vida era mais vida lá atrás. 
Não é melhor nem pior. É apenas diferente. Só temos que nos adaptar. As redes sociais podem, 
sim, nos dar uma falsa impressão de convivência cumprida. Corremos o risco de viver as relações de 
forma superficial. Sabemos da vida alheia, rimos das mesmas piadas, mandamos coraçõezinhos, 
distribuímos likes. E, então, voltamos para nossa vida ocupada. 
Não dou conta de responder a todos os e-mails, inox do Facebook, mensagens de WhatsApp. 
Fico na intenção. Não é egoísmo. É falta de habilidade em ser onipresente em todas as plataformas. 
Nunca estivemos tão em contato mesmo à distância. As redes sociais têm o poder de estreitar 
laços e desvendar afinidades até com desconhecidos. 
(Marilis Pereira Jorge. “As redes sociais têm o poder de estreitar laços”. Folha de S.Paulo, 19.02.2015. Adaptado.) 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 19 
 
Texto 2 
Não podemos supor que as redes sociais tragam somente meras mudanças de costumes, porque 
seu peso, associado ao desenvolvimento da informática, é semelhante à introdução da imprensa, da 
máquina a vapor ou da industrialização na dinâmica do nosso mundo. As redes sociais provocam 
mudanças de fundo no modo como as nossas relações ocorrem, intervindo significativamente no nosso 
comportamento social e político. Isso merece a nossa atenção, pois acredito que uma característica das 
redes sociais é, por mais contraditório que pareça, a implantação do isolamento como padrão para as 
relações humanas. 
Ao participar das redes sociais acreditamos ter muitos amigos à nossa volta, ser populares, estar 
ligados a todos os acontecimentos e participando efetivamente de tudo. Isso é uma verdade, mas 
também uma ilusão, porque essas conexões são superficiais e instáveis. Os contatos se formam e se 
desfazem com imensa rapidez; os vínculos estabelecidos são voláteis e atrelados a interesses 
momentâneos. Além disso, as relações cultivadas nas redes sociais se baseiam na virtualidade, portanto, 
no distanciamento físico entre as pessoas. 
A opinião do outro é apenas a oportunidade para se expressar a sua própria. O outro parece 
importar, mas de fato não importa. Importam apenas a própria posição e a autoexposição. Daí a 
constante informação sobre as viagens, os pensamentos, as emoções, as atividades de alguém. É preciso 
estar em cena e sempre. Há nisso um evidente desenvolvimento do narcisismo e, consequentemente, 
do reforço do distanciamento entre as pessoas. 
(Dulce Critelli. “A ilusão das redes sociais”. www.cartaeducacao.com.br, 07.11.2013. Adaptado.) 
 
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, 
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: 
As redes sociais estreitam os laços entre as pessoas ou as tornam egoístas? 
 
Você abriu a prova, procurou em negrito o tema e o encontrou. E agora? 
 Você deve começar a elaborar o esboço. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 20 
3.1 Primeira aproximação 
 
 
 
Ao final desse primeiro contato, você deve ter clareza sobre o tamanho do problema. O primeiro 
caminho segue céu de brigadeiro. Você já conhece a questão. 
O que nos interessa é o caminho espinhoso: você tem poucas referências. . Se inicialmente, você 
tinha poucas ideias sobre a questão, vale a pena fazer rapidamente um pequeno parágrafo, ao lado dos 
textos de apoios, com as informações tiradas da coletânea. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que posso usar: 
-Apenas reproduzimos nas redes sociais 
o que somos na vida off-line. 
-Tinham falado a mesma coisa da 
televisão. 
 -A redes sociais só dão vazão ao nosso 
egoísmo 
-As redes sociais podem dar ideia de 
uma falso estreitamento social. 
Não tem dados. 
 
Elas estreitam laços, mas isso torna evidente 
nosso egoístmo 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Perceba que você tem aí, núcleos argumentativos, ou seja, subtemas em forma de pequenas 
ideias que podem servir como argumento. Lógico, que ainda estão no limbo, pois você ainda não decidiu 
qual posição tomar. 
 
 Agora, você vai ter que procurar mais ideias. 
 
 
3.2 Ter ideias 
 
 Depois de entender a proposta, é hora de rabiscar uma folha em branco. 
 
O que posso usar: 
- As redes sociais provocam mudanças, 
intervindo significativamente no nosso 
comportamento social e político 
-Parece que temos muitos amigos, mas 
isso é uma ilusão. 
 -Relações baseadas no distanciamento 
O outro parece importar, mas de fato não 
importa. Importam apenas a própria 
posição e a autoexposição. 
-Exemplos 
informação sobre as viagens, os 
pensamentos, as emoções, as atividades de 
alguém. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 22 
 Antes de ir para o pensamento livre sobre o tema, reconheça os núcleos argumentativos da 
própria coletânea e, se possível, lembre-se de frases do senso comum. Como isso ficaria no caso de 
tema acima? 
 
 
 
 Bom, depois de secar essa fonte, agora, você terá que buscar dentro de você novos caminhos e 
repertórios. Seria bom um pouco de tempestade mental.Esse termo, Brainstorming, foi utilizado pelo 
publicitário Alex Osborn (1888-1966) para nomear um método criativo necessário para que uma equipe 
de trabalho pudesse desenvolver campanhas que não trilhassem os caminhos do que seria óbvio. A 
tradução em português seria algo como tempestade mental. 
 A proposta de Osborn era voltada para o trabalho em 
grupo. Contudo, podemos fazer adaptações para a 
elaboração de uma dissertação, já que se trata de um texto 
que exige uma certa criatividade. Fiz algumas adaptações. 
 A finalidade do Brainstorming em uma redação é 
evitar que você fique apenas com uma ideia na cabeça e que 
faça um texto pobre ou redundante, aquele em que você 
fica “enchendo linguiça”. 
 Vamos aos passos considerando a proposta da 
UNIFESP. 
 
 Considere os termos da proposta, separando cada um e associando a eles definições. O que são 
“redes sociais”? Quais são os tipos de laços que o homem pode desenvolver? O que significa “egoísmo”? 
 Redes sociais. Nome que damos às plataformas que nos permitem conectar a outras pessoas. 
Nesse sentido, podemos formar grandes redes de conexão com pessoas que já passaram por nossas 
vidas ou ainda conhecer outra que por acaso podemos encontrar nesse ambiente em que os usuários são 
muitos e estão dispostos a interagir. 
Fragmente a Proposta 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 23 
 Tipos de laços. Há vários tipos de laços sociais: parentesco, amizade, coleguismo e encontros 
fortuitos. As redes sociais podem atender a todos. Claro que vai depender do usuário o tipo de relação 
que ele quer estabelecer. 
 Egoísmo. O homem tende a preservar a si mesmo e ter uma percepção aumentada sobre seu 
valor. Isso é importante para sua sobrevivência psíquica. A admiração das pessoas é uma forma de alguém 
justificar o amor que tem por si próprio. 
 
 Agora, é um momento de um pouco de diversão com palavras aleatórias. A criatividade é um 
bichinho que vive solto. Coloque no centro de uma folha em branco duas ou três palavras importantes 
para o tema. A partir daí, faça uma livre associação com todas as palavras que surgirem na sua cabeça, 
até as palavras “proibidas”, não se reprima. 
Uma palavra puxa a outra e nos leva a ter pensamentos mais complexos. Carlos Drummond dizia 
“Penetra surdamente no reino das palavras./ 
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.” Podemos fazer uma adaptação, “penetra no universo do 
vocabulário do seu tema, lá estará seu texto esperando que a ligação entre os vocábulos o faça nascer. 
Para exemplificar, deixei no quadro abaixo a meu puxa-palavras sobre a questão relaciona a 
tipos de laços. 
 
 
 Observe que esse jogo é igual curva de rio, pega muita ideia tranqueira, mas algumas não. Essa 
ideia de “ligar de madrugada” talvez ajude a entender a diferença entre laços pessoais e laços via 
internet. Na rede, dificilmente podermos contar com alguém para quem podemos ligar de madrugada. 
Será que isso ajuda? Talvez. Agora, a gente só está puxando ideias. 
 
 
 Force-se a pensar fora do pensamento linear que você começou a trilhar. Há algumas técnicas: 
✓ Combine ideias. Você poderia associar a internet à capitalismo? À sociedade líquida? À sociedade 
tecnológica? 
✓ Analogia. O uso de internet pode ser associado à uma espécie de torre de babel? Uma torre em 
que todos se encontravam e que por falarem línguas diferentes houve incompreensão? 
✓ Inversão. Imagine se o normal fosse justamente tudo ser virtual e algumas pessoas mantivessem 
a relação pessoal. Alguma coisa seria estranha? 
✓ Exagero. E se todos só se relacionassem por internet? 
Puxe Palavras 
Pensamento Lateral 
Relação, amigo, inimigo, bons colegas, ajuda, lição de casa, traíra, fotos, empréstimo, ligar de 
madrugada, trocar informações, palavras de ajuda, fofoca, intromissão... 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 24 
 
 Agora é aquele momento em que você tendo rabiscado a folha começa a fazer uma espécie de 
planilha de contabilidade, anotando os repertórios e já pensando se eles levariam você a pensar 
positivamente o negativamente à questão. Nesse caso, você já deve ir pensando na relação entre as 
ideias. 
 Agora, você vai se perguntar sobre o que aprendeu em história, geografia, filosofia e sociologia; 
sobre alguma notícias de jornal; sobre conceitos sociológicos ou filosóficos que poderiam ajudar a 
pensar na questão. 
 
3.3 Expansão e Recolha 
 O Brainstorm é ponto de partida um pouco brincalhão, para você ir cada vez mais chegando às 
matérias-primas de uma dissertação que são as ideias e os repertórios. Tudo isso deve começar a compor 
na sua mente uma espécie de unidade. Ao pensar nas ideias concretas (fatos, exemplos, estatísticas, 
circunstâncias), considere como isso poderia ser traduzido em termos abstratos e que posição relacional 
esse argumento ocuparia no desenvolvimento do texto. Trata-se de uma causa? Uma consequência? 
Dados que ajudem a expor melhor a questão? 
 Esse é um processo dinâmico. Por exemplo, alguém que tivesses feito o brainstorm acima poderia 
ter pensado que as relações virtuais se ligam ao mundo líquido em que as pessoas não tem contato mais 
intenso com as outras (associação entre tema e ideia) e isso se dá porque entramos e saímos desse mundo 
ao clicar o dispositivo e, muitas vezes, tendo que atender às necessidades do trabalho, que é real e não 
virtual, quem nunca parou uma conversa porque tinha que dar um telefonema urgente (comprovação por 
exemplo). Essa ideia poderia servir como um subtópico para provar que dificilmente as redes sociais 
estimulam relações sociais mais profundas, pois estão associadas ao entretenimento. 
 Veja, nesse processo, liga-se associação de ideia, prova concreta e subtema argumentativo que 
dá motivo para se dizer que as redes sociais estimulam relações superficiais. 
 Ela pode ter pensado primeiro na formulação abstrata que podemos chamar de subtese para 
depois procurar uma prova concreta. Esse movimento é feito de forma caótica e simultânea. 
 O esquema seria mais ou menos o seguinte. 
Enumeração de repertórios concretos e ideias
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AULA 03 – ESBOÇO 25 
 
Sistematizando: 
✓ Coloque o tema no centro da folha. 
✓ Olhe para a folha com as palavras que você rabiscou. Procure aglutiná-las a partir de alguma lógica 
em comum: algumas se referem às causas, outras, às consequências, outras podem ser usadas para 
criar uma analogia ou comparação etc. 
✓ Use a lógica da organização por categoria para fazer as grandes ramificações. Por exemplo, ao falar 
sobre causas do uso da internet para as relações sociais, você pode considerar a causa histórica, a 
psicológica, a econômica. 
✓ Desenvolva cada ramificação e, quando possível, indique exemplos, fatos etc. 
✓ Feita a primeira versão desse primeiro esboço, elimine as ideias que são muito difíceis de 
desenvolver ou as que não são adequadas à sua tese. 
✓ Se precisar, volte ao estágio do brainstorming e deixe “chover” ideias no seu texto. 
✓ Ao final do processo, você deve ter material para produzir uma tese completa, aquela que indica 
para você qual caminho seguir no texto, 
Observação: esse é uma espécie de pré-esboço. Olhando para as ideias que você conseguiu provocar, 
agora, você deve organizá-las de maneira que possam ir se estruturando de maneira que você veja 
claramente como serão as partes do texto. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 26 
 
4. Pondo ordem no caos: Generalização e Organização 
 Esse processo ainda parece caótico e será, se você não tiver uma visão do todo. A tese é o seu guia, 
e você entender que é ela que vai determinar os argumentos que vão ficar e que vão ser deixados de lado. 
No momento da composição do grande esquema e do esboço da sua redação, você deve levar em 
consideração a lógica dissertativa que inclui o jogo entre generalização e particularização. 
 A dissertação se organiza a partirda linguagem generalizante e a usamos quando queremos expor 
ou defender uma ideia ou, ainda, quando queremos interpretar um fato. Como generalizamos? Primeiro 
observamos os fenômenos, depois os organizamos por semelhança e daí, através de um exercício mental, 
fazemos afirmações que incluem tanto os fatos observados como aqueles que venham a ocorrer. 
 Esse processo mental é constante. Você avalia sua experiência em relação ao mundo, generaliza e 
apresenta sua crença de que aquilo que afirma ocorre agora e ocorrerá no futuro. 
 
 
Quando você diz que todo político é ladrão significa que, pela experiência, já constatou isso e dá 
a entender que não espera uma mudança no futuro próximo. Ou seja, a generalização típica do 
pensamento dissertativo é conjuntiva (você está sempre falando de conjunto de pessoas, ações e 
circunstâncias) e projetiva (há uma tentativa de prever as consequências e julgar), daí o risco que envolve 
uma afirmação generalizante. Você acaba por reunir elementos e fazer afirmações que podem ser 
desmentidas pela realidade. 
Por exemplo, considere a afirmação “todo engarrafamento ocorre devido à falta de planejamento 
urbano”, ela é verdadeira? E Brasília? A cidade tem problemas de mobilidade urbana e foi planejada! 
Nesse caso, a contraprova dada deveria levá-lo a elaborar novamente sua afirmação incluindo, agora, o 
argumento contrário, algo parecido com “todo engarrafamento ocorre devido a dois fatores: falta de 
planejamento urbano e aumento da frota de veículos de passeio”. 
 
Experiência
Generalização
Previsão
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 Mesmo assim, haverá sempre uma suspeita de que a generalização que fizemos é indevida, 
principalmente quando tivermos que lidar com temas extremamente complexos. Surge então a 
necessidade de convencer o outro de que a generalização feita, se não é verdadeira, é, no mínimo, 
defensável. Como fazer isso? 
Podemos comparar as regras de uma discussão verbal ou textual com as regras de uma partida de 
futebol. Mesmo um torcedor fanático reconhece que seu time perdeu se o jogo ocorreu segundo os 
regulamentos reconhecidos por todos de antemão. Quando começamos uma discussão, temos 
consciência das regras lógicas e linguísticas que pautam o jogo discursivo; sendo assim, podemos não 
gostar, mas temos de reconhecer quando um argumento é bem apresentado. 
 Obviamente, torna-se necessário conhecer as regras que pautam os argumentos, pois para provar 
algo não basta ter algumas ideias e apresentá-las de qualquer jeito. As informações, para serem 
entendidas como argumentos, devem ser organizadas de uma determinada forma, geralmente, 
reforçando a ideia central, o que confere unidade ao texto. 
Na argumentação, as sequências textuais 
se alteram. Não se utiliza apenas a linguagem 
abstrata e generalizante, mas outros tipos de 
texto: descritivo, narrativo etc. Ao falar de 
engarrafamento de forma geral, você precisaria 
explorar o que ocorre em uma cidade em 
particular, apontar estatísticas, fazer uma 
comparação entre passado e presente, valendo-se 
de uma linguagem narrativa etc. 
 Em linhas gerais, isso é o que cabe saber 
por enquanto. Em Redação, a parte teórica serve para motivá-lo e para dar os parâmetros de produção 
Nova Tese, “todo engarrafamento ocorre devido a 
dois fatores: falta de planejamento urbano e 
aumento da frota de veículos de passeio”
Contraprova: 
Brasília
Tese: todo 
engarrafamento 
ocorre devido à 
falta de 
planejamento 
urbano
O trânsito em 
São Paulo é 
caótico, São 
Paulo não é 
planejada.
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 28 
de texto. Como argumentação é uma parte muito importante, o que demanda muito suor e lágrimas, 
vamos aprofundar o tema nas aulas 4 e 5. 
 
 
4.1 Escada argumentativa 
 Para entender melhor ainda esse jogo, e apresentar para você o que é realmente um texto bem 
desenvolvido, tenha em mente que uma boa redação sobe e desce a escada argumentativa. A proposta 
dada invariavelmente parte de um tema generalizante, abstrato. 
 O que se espera do candidato? Que ele saiba analisar esse tema a partir do vínculo desse tema a 
outros conceitos que o expliquem. Mas isso não basta, seria preciso também mostrar como isso ocorre 
na realidade. 
 
 Nesse sentido, aquele exercício do brainstorm é muito importante: que outras ideias você poderia 
associar ao tema dado que pudesse efetivamente torná-lo mais claro? E, depois, que tipo de repertório 
provaria isso. 
 Veja um exemplo, retomando o tema das redes sociais e o egoísmo. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 29 
 
 
 O ideal é que o escritor possa subir ou descer conforma a necessidade e o domínio desses tópicos. 
O grau mais elevado é o tema, “redes sociais e egoísmo”. A partir dele, pode-se pensar no conceito 
relações líquidas, que ainda é algo bastante abstrato. Ele exige uma explicação e concretude. Ou seja, 
você vai descendo essa escada até conseguir provar para o seu leitor essa relação. Acho que agora, você 
consegue entender porque o repertório não pode ser pensado sozinho. 
 O argumento seguinte, deve ter a mesma estrutura. 
 Mas e se você não dominar todos os itens dessa escada? Ora, você sobe ou desce de acordo com 
suas pena. Supondo que você não saiba nada sobre relações líquidas, você pode fazer uma ponte entre o 
tema, necessidade de compensação e a prova concreta de pessoas que procuram outras para apreciá-las. 
 
 
 
 
4.2 Fazendo um texto a partir do esquema 
 Bom, agora chegamos à hora da diversão. Que tal fazer um texto com um mapa mental nas mãos? 
Na internet, as 
pessoas procuram 
outras que possam 
apreciá-las sem que 
haja concorrência. 
Necessidade
de compensação 
Redes sociais e 
egoísmo
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 30 
 
 Não é bem assim, corujinha redatora. Veja que o mapa mental traz ideias, não traz a tese. Aquilo 
que você vai defender deve direcionar esse mapa, o qual apenas organizou as ideias que alguém teve. 
Vamos lá, retomando a pergunta do tema: “Qual a responsabilidade política de quem divulga fake news?” 
podemos imaginar algumas respostas e teses possíveis: 
✓ O indivíduo, como um cidadão que compartilha informações públicas, deve ser responsabilizado 
pelas escolhas erradas feitas na política. 
✓ O indivíduo não pode ser responsabilizado, já que ele é manipulado pelos dados de pessoas que 
usam todos os recursos virtuais para atender a interesses particulares. 
✓ O indivíduo deve ser parcialmente responsabilizado, já que ele poderia verificar as informações 
políticas a que ele tem acesso. 
 Essas teses se concentram na questão da responsabilidade do indivíduo, porém, um texto que 
dialogue bem com o tema deve considerar o perigo político de uma escolha equivocada, ou seja, em 
algum ponto do seu texto você deve considerar a importância da política. 
 Bem, antes de começar a escrever você vai precisar de repertório. Então “bora” considerar 
algumas ideias e referências relacionadas ao tema: política, algoritmo, bolha, robôs e um estudo de caso: 
as eleições americanas. 
 
 Considerando a origem grega da palavra, o termo significa administração da cidade (polis). O 
aspecto mais importante da palavra para o entendimento da proposta tem a ver com a relação entre o 
governante e o governado nas sociedades democráticas. Os políticos são escolhidos e são pressionados 
pela opinião pública. Em contrapartida, os governantes definem as ações 
que serão tomadas, o que, invariavelmente, irá prejudicar um grupo e 
beneficiar outro. 
 Pense em uma coisa simples: a ampliação de uma avenida. O 
empreendimento deverá proporcionar maior fluidez, os imóveis na região 
serão valorizados, mas quem for desapropriado será prejudicado. Não há 
ação administrativa que não produza efeitos contraditórios. Qual o 
parâmetro para a escolha, então? O que for melhor para a maioria. O que 
pode ocorrer de condenável?Alguém se apropriar do governo para 
conseguir alguma ação administrativa que beneficie o seu grupo. 
 Considere o exemplo clássico. No começo da República, os 
cafeicultores tomaram o Estado. Nesse período, o país privilegiou essa classe em detrimento dos 
interesses da maioria, de tal maneira que foi preciso uma revolução (a de 1930, que empossou Getúlio 
Vargas) para que os interesses dos industriais também fossem atendidos. 
Política
Fo
n
te
: P
ix
ab
ay
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 31 
 
Refere-se a um tipo de equação que consegue selecionar determinadas regularidades num sistema 
complexo. Na internet, essa modelagem estatística traça perfis a partir dos acessos dos usuários. Os 
grandes provedores, as redes sociais e as plataformas virtuais se valem de algoritmos para reconhecer os 
gostos dos usuários e oferecer essas informações a empresas de Marketing que usam os dados conforme 
o interesse de quem compra tal serviço. 
 
 O uso do algoritmo acaba fazendo com que o servidor 
sempre ofereça informações as quais o usuário já está 
predisposto a aceitar, ele não entra em contato com o 
contraditório, além de desenvolver a ilusão de que todo 
mundo pensa como ele. 
Por exemplo, suponha que um usuário do Google 
acesse com frequência matérias relacionadas ao feminismo 
na rede, um algoritmo registrará essa preferência. Numa 
outra pesquisa sobre qualquer tema que esse indivíduo fizer, 
sites relacionados indiretamente ao feminismo serão 
indicados como resposta à sua pesquisa. 
 
 
“Os robôs são programas que postam coisas automaticamente. Têm um 
repertório de contas falsas, que são operadas por uma máquina, 
normalmente com o intuito de fazer trending topics (lista em tempo 
real das palavras mais postadas). Você cria uma hashtag que está 
bombando por meio de uma ação falsa, e não porque as pessoas estão 
falando.” 
(Disponível em https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/o-
que-e-um-robo-na-web-e-como-ele-pode-influenciar-o-debate-nas-
redes-especialistas-explicam.ghtml, acessado em 10.07.2019) 
 
 No caso das eleições americanas, dois fatos diferentes, porém, complementares, ajudaram a 
eleger o presidente Trump. Nos dois casos, o uso da tecnologia de informação estava no centro das 
práticas de manipulação do eleitor. 
 O caso da Rússia 
Algoritmo
Bolha
Robôs
Eleições americanas
Fo
n
te
: P
ix
ab
ay
 
Fo
n
te
: P
ix
ab
ay
 
https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/o-que-e-um-robo-na-web-e-como-ele-pode-influenciar-o-debate-nas-redes-especialistas-explicam.ghtml
https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/o-que-e-um-robo-na-web-e-como-ele-pode-influenciar-o-debate-nas-redes-especialistas-explicam.ghtml
https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/o-que-e-um-robo-na-web-e-como-ele-pode-influenciar-o-debate-nas-redes-especialistas-explicam.ghtml
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 32 
 Dentro do jogo da política internacional, o presidente Wladimir Putin acreditava que a eleição de 
Trump atenderia melhor aos interesses dos russos e, por 
isso, resolveu influenciar a eleição americana. Segundo a 
BBC Brasil on line, “o relatório divulgado pelos serviços de 
inteligência dos Estados Unidos não traz provas concretas 
sobre o papel de Putin na campanha contra Hillary Clinton, 
mas afirma que as ações da Rússia incluíram: 
- Hackear e-mails de contas do Comitê Nacional Democrata 
e de membros da alta cúpula do partido; 
- Usar intermediários como WikiLeaks, DCLeaks.com e Guccifer 2.0 para publicar informações adquiridas 
no hackeamento; 
- Usar propaganda financiada pelo Estado e pagar usuários de mídia sociais ou "trolls" para fazer 
comentários desagradáveis sobre Hillary.” 
(Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-38525951, acessado em 11.07.2019) 
 O caso da Analytica 
 A empresa Cambridge Analytica foi contratada pelos responsáveis pela campanha de Donald 
Trump. O trabalho dela era traçar um perfil dos eleitores e sugerir ações de marketing eleitoral para 
conseguir a adesão, sobretudo de indecisos. Para tanto, a empresa se valeu de um software de perguntas 
e respostas que rendiam bônus para o usuário. A pessoa deveria, em troca, permitir que o programa 
tivesse acesso à sua conta pessoal do Facebook. Valendo-se de uma brecha no sistema de segurança do 
Facebook, o aplicativo captava informações da lista de amigos da pessoa que participava desse processo. 
Acredita-se que 50 milhões de pessoas tiveram seus dados utilizados sem consentimento pela Analytica. 
 De posse desses dados, a empresa começou a mapear os eleitores, determinando zonas em que 
havia simpatizantes, indecisos e contrários a Trump. A partir daí, valendo-se de propagandas pagas no 
Google ou no YouTube, a empresa direcionou propagandas eleitorais e informações conforme o perfil do 
eleitor. 
 
 
 
Q.1 Considere o mapa mental e faça um texto a partir do tema: Qual a responsabilidade política de 
quem divulga fake news? 
Fo
n
te
: P
ix
ab
ay
 
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-38525951
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 33 
 
Observe que os termos centrais estão nos quadrados do mapa. A dificuldade maior é escolher com que 
ramificação começar. De certa forma, isso depende da tese que você escolheu. Depois disso, vá ligando 
as palavras com verbos e conectivos como se estivesse ligando os pontos. Exemplo: O cidadão na 
sociedade democrática tem várias responsabilidades, dentre elas, podemos destacar: votar, acessar 
informações e compartilhar dados. 
 Não se esqueça de que você deve fazer um parágrafo de introdução ilustrativo. 
 
Questão 
01 
Comentário. 
Nesse comentário, você terá acesso a como ficaria uma redação a partir das coordenadas 
dadas pelo mapa mental. Note que essa é uma possibilidade dentre outras. O caráter desta 
resolução é meramente ilustrativo. 
Em 2014, uma mulher foi linchada até a morte no Guarujá. Motivo: ela teria assassinado uma 
criança em um ritual macabro. Essa foi a notícia que circulou pela internet e que estimulou 
populares ao ato bárbaro. Nesse caso, é evidente que cada um que acreditou nas fake news 
e compartilhou a notícia tem uma grande parcela de culpa. Algo parecido acontece na 
política. 
A política é o campo em que são tomadas as decisões que atingem a sociedade, podendo 
prejudicar alguns grupos e beneficiar outros. Uma política equivocada pode provocar mortes 
ou salvar vidas. Por isso, a escolha do governante passa a ter grande importância no sistema 
democrático e é alvo de grupos que desejam que seus interesses sejam atendidos em 
detrimento do que é melhor para a maioria. Isso tem dado espaço à disseminação de fake 
news. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 34 
Na última eleição presidencial nos EUA foi possível observar até que ponto o uso do aparato 
tecnológico amplificou o poder das fake news. Os apoiadores de Trump valeram-se do 
mapeamento do perfil dos eleitores para disparar informações falsas a respeito de sua rival, 
Hillary Clinton, por meio de robôs. Essas práticas mancharam o processo eleitoral. Sem esse 
aparato, o resultado poderia ter sido outro. 
O problema pode se tornar muito mais grave se esse aparato for usado para tomada de 
decisões importantes para o futuro: uso do arsenal militar, preservação ambiental, guerras 
tecnológicas etc. Cada vez que alguém recebe ou compartilha uma informação sem investigar 
sua veracidade, impede a compreensão do que realmente está acontecendo, o que abre 
espaço para aproveitadores de plantão. Um político míope prejudica o futuro de muitos. 
O indivíduo dentro desse contexto não pode se eximir de sua responsabilidade. No 
linchamento do Guarujá, cada indivíduo que repassou a mensagem assassina é 
corresponsável. Na política não é diferente. Cada pessoa que emite ou divulga fake news 
deve se sentir responsável pelo futuro comprometido da sociedade. 
 
Esse texto privilegiou a questãopolítica. A tese era de que há responsabilidade política 
no caso de o indivíduo divulgar fake news. A ramificação escolhida foi da política. O 
texto partiu da explicação de como a política funciona e de qual a sua importância, 
para, em seguida, mostrar a responsabilidade do indivíduo. Claro que o caminho 
poderia ser outro, até mesmo a tese poderia ter sido outra. 
 
 
5. Esboço 
 Depois que você rabiscou bastante sua folha em branco, hora de fazer um esboço mais claro do 
caminho que você vai seguir. Um esboço é um planejamento que inclui o processo de brainstorming, a 
elaboração da tese e a indicação dos argumentos que serão usados. Deve ser uma espécie de “mapa da 
mina”, no caso, da escrita, pois esse mapa vai sendo reelaborado conforme você vai escrevendo o texto. 
Funciona mais ou menos assim: tendo um plano de saída, você começa a escrever tentando seguir 
o planejamento, mas a escrita é marota e, às vezes, leva você para outros argumentos não previstos. Você 
não precisa reelaborar o esboço, ele foi um plano de saída, mas o caminho pode ser diferente. Ele garante 
que você tenha pensado em várias possibilidades de escrita do texto, mesmo que você descubra outras 
no processo. 
O que estou oferecendo a você é uma série de possibilidades de planejamento do texto. Você 
pode usar o brainstorming, o esboço de forma parcial ou o esboço mais completo. Experimente-os e utilize 
aquele que melhor se adequa ao seu tipo de planejamento. 
Somente não comece um texto como se o espírito de Machado de Assis tivesse incorporado em 
você. Não comece um texto sem planejamento. E esse planejamento não deve ser mental. Faça um 
rascunho escrito, pode ser rabiscado ou mais elaborado, sempre de acordo com as suas técnicas e 
predileções. 
A cara do esboço resumido deve ser algo parecido com o que se segue abaixo. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 35 
v 
 Um exemplo possível seria o seguinte. 
Tese: As redes sociais ampliam os laços superficiais entre as pessoas como forma de alimentar o 
egoísmo 
Argumento 1: A superficialidade é própria do caráter da rede que é virtual e 
estimula o distanciamento 
Argumento 2 : Mesmo assim, as pessoas se sentem bem por poder ter um 
pública que pode alimentar o narcisismo. 
 
 
5.1 Advertência 
 Tem ocorrido com frequência, por causa da popularidade dos esqueletos, estruturas de texto 
que parecem servir para qualquer tema, uma certa inversão no processo de criação do texto. 
 O natural é que o candidato pense no tema, faça o brainstorming chegue à tese, aos 
argumentos, e finalmente comece a procurar repertórios específicos para preencher o argumento 
de sustentação; ou pense nos repertórios (filmes, citações, fatos históricos etc) junto com o 
significado disso. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5.2 Como adquirir repertório? 
 Essa é uma pergunta comum, e eu diria, “não precisa, você já tem”. Impossível que um bom 
aluno que está se preparando para o vestibular não tenha uma quantidade enorme de conhecimentos 
transversais que possam ser usados em uma redação. Falta, na verdade, treino para resgate desse 
conhecimento e uso dele em outros momentos que não sejam os de responder o que se pede em 
provas conteudistas. 
 Mas vou responder com as famosas dicas, tão desejadas: 
 - Leia algo de algum jornal, durante a semana, e, se possível, veja as manchetes percebendo 
aquelas que podem se relacionar com violações de direitos. 
 - Observe em filosofia frases de pensadores sobre ética e política, entenda o significado. 
 - Estude sociologia, compreenda como se faz análise da sociedade. 
 - Valorize história e geografia. 
 Como se preparar para relacionar repertório e tema de redação? 
 Aqui vai a dica de alguns alunos. Conheço alguns que tem um caderno de anotações em que 
eles colocam o que é digno de nota e vinculam a um tema qualquer. Esboçam argumentos como um 
aprendiz de desenhista esboça desenhos a torto e a direito. 
 Ao estudar história, ao ler uma frase de um pensador, ao saber de uma notícia de impacto 
etc, pense: esse repertório poderia provar que tese, que argumento? Se possível escreva, já em forma 
de parágrafo. É um bom exercício. 
 
6. Redação exemplar (Enem) 
 
 Por fim, vale a pena considerar uma redação exemplar em que seja possível reconhecer o 
projeto de texto e o bom domínio da escada dissertativa. A redação escolhida é do Enem. Claro que 
esse pdf não está voltado para o exame do Ensino Médio, mas por dois motivos a redação exemplar 
apresentada aqui é de grande interesse. Primeiro, ela tem a ver com a temática deste pdf, 
manipulação da dados; segundo, porque a banca a comentou e a escolheu como modelo de texto 
que apresenta projeto de texto. 
 Vale a pena lembrar qual era a proposta. 
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de 
sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua 
Não fique pensando em citações, 
filmes e fatos históricos como se 
fossem cerejas para serem colocados 
no bolo, nem como partes que devem 
ser colocada a todo custo no texto. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 37 
portuguesa sobre o tema “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na 
internet”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, 
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa do seu ponto de 
vista. 
 
TEXTO I 
Às segundas-feiras pela manhã, os usuários de um serviço de música digital recebem uma lista 
personalizada de músicas que lhes permite descobrir novidades. Assim como os sistemas de outros 
aplicativos e redes sociais, este cérebro artificial consegue traçar um retrato automatizad o do gosto 
de seus assinantes e constrói uma máquina de sugestões que não costuma falhar. O sistema se baseia 
em um algoritmo cuja evolução e usos aplicados ao consumo cultural são infinitos. De fato, 
plataformas de transmissão de vídeo on-line começam a desenhar suas séries de sucesso rastreando 
o banco de dados gerado por todos os movimentos dos usuários para analisar o que os satisfaz. O 
algoritmo constrói assim um universo cultural adequado e complacente com o gosto do consumidor, 
que pode avançar até chegar sempre a lugares reconhecíveis. Dessa forma, a filtragem feita pelas 
redes sociais ou pelos sistemas de busca pode moldar nossa maneira de pensar. E esse é o problema 
principal: a ilusão da liberdade de escolha que muitas vezes é gerada pelos algorit mos. 
VERDÚ, Daniel. O gosto na era do algoritmo. Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 11 
jun. 2018 (adaptado). 
 
TEXTO II 
Nos sistemas dos gigantes da internet, a filtragem de dados é transferida para um exército de 
moderadores em empresas localizadas do Oriente Médio ao Sul da Ásia, que têm um papel 
importante no controle daquilo que deve ser eliminado da rede social, a partir de sinalizações dos 
usuários. Mas a informação é então processada por um algoritmo, que tem a decisão final. Os 
algoritmos são literais. Em poucas palavras, são uma opinião embrulhada em código. E estamos 
caminhando para um estágio em que é a máquina que decide qual notícia deve ou não ser lida. 
PEPE ESCOBAR. A silenciosa ditadura do algoritmo. Disponível em: https://outraspalavras.net. 
Acesso em: 5 jun. 2017 (adaptado). 
TEXTO III 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 38 
 
TEXTO IV 
Mudanças sutis nas informações às quais somos expostos podem transformar nosso 
comportamento. As redes têm selecionado as notícias sob titulos chamativos como “trending topics” 
ou critérios como “relevância”. Mas nós praticamente não sabemos como tudo isso é filtrado. 
Quanto mais informações relevantes tivermos nas pontas dos dedos, melhor equipados estamos 
para tomar decisões. No entanto, surgem algumas tensões fundamentais: entre aconveniência e a 
deliberação; entre o que o usuário deseja e o que é melhor para ele; entre a transparência e o lado 
comercial. Quanto mais os sistemas souberem sobre você em comparação ao que você sabe sobre 
eles, há mais riscos de suas escolhas se tornarem apenas uma série de reações a “cutucadas” 
invisíveis. O que está em jogo não é tanto a questão “homem versus máquina”, mas sim a disputa 
“decisão informada versus obediência influenciada”. 
CHATFIELD, Tom. Como a Internet influencia secretamente nossas escolhas. Disponível em: 
www.bbc.com. Acesso em: 3 jun. 2017 (adaptado). 
 
 Nova perspectiva de massa 
 Durante a primeira metade do século 20, os filósofos Adorno e 
Horkheimer estabeleceram o conceito de “Cultura de Massa”, esse é 
caracterizado pela padronização da arte, da cultura e do comportamento da 
sociedade. No conceito contemporâneo, há a seleção de informações que visam 
à manipulação do comportamento de usuários na internet que, por sua vez, 
prejudica a liberdade e o senso crítico. Dessa forma, as causas desse problema 
estão estabelecidas nas dimensões política e social. 
 Em primeiro plano, no panorama nacional, é perceptível que existem 
falhas no Estado quanto à divulgação de informações sobre a manipulação 
comportamental da população usuária de internet pelo controle de dados. É 
indubitável que uma pequena parcela da população possui conhecimento sobre 
Tese 
Ideia núcleo desse 
parágrafo: a causa 
para a 
manipulação é o 
desconhecimento 
de como isso se 
realiza. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 39 
a coleta de dados – localização, histórico de navegação, entre outros – por meio 
de “cookies”, por exemplo, utilizados por sites em geral. Dessa maneira, por esse 
problema não ser visto com importância, as esferas governamentais são omissas 
quanto à promoção de conhecimento sobre a coleta de dados e os riscos 
envolvidos nisso. Consequentemente, pelo desconhecimento, os indivíduos têm 
uma falsa sensação de escolha e autonomia ao utilizar a internet. 
 Outrossim, a manipulação comportamental de indivíduos na internet, 
pelo uso de seus dados, é causada por uma lógica de manutenção de poder de 
determinados grupos sobre outros. No livro, “A ordem do discurso”, Michel 
Foucault disserta sobre a teoria de que existem, na sociedade, poderes invisíveis 
e transitórios estabelecidos por meio da veiculação de informações que visam à 
hegemonia de um grupo. Desse modo, a utilização de dados de usuários da 
internet torna possível que determinados conteúdos escolhidos anteriormente 
cheguem a indivíduos específicos. Por sua vez, esses conteúdos, como 
promoções e notícias, tendem a atender aos interesses de empresas e esferas 
políticas. Logo, é legitimado esse controle sobre o poder de escolha da população 
na internet. 
 Torna-se evidente, portanto, que a manipulação do comportamento de 
usuários pelo controle de dados na internet prejudica e precisa ser combatido. 
Nesse sentido, o Estado deve dinamizar seus investimentos por meio de 
promoção de conteúdos que visem à informação da população a fim de prevenir 
as possíveis consequências do uso de dados na internet. Isso pode ocorrer por 
campanhas informativas, nas redes sociais e na televisão, promovidas pelo 
Ministérios da Ciência e Tecnologia. Adicionalmente, as mídias televisivas devem 
promover ficções engajadas sobre a influência no comportamento da população 
causada pela coelta de dados na internet. Assim, pelo conhecimento será 
possível superar a lógica idealizada pela Escola de Frankfurt e que persiste até 
os dias atuais. 
 Provavelmente, o autor do texto deve ter feito um esquema muito parecido com o abaixo 
Ideia núcleo desse 
parágrafo: a causa 
para a 
manipulação é 
manipulação do 
poder econômico 
e político. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 40 
 
 Observe os comentários do Inep. 
(...) Ficamos conhecendo, então, o projeto de texto do participante, que é 
mostrar como essa manipulação prejudica a liberdade e o senso crítico do 
usuário, e que as causas desse problema estão presentes nas esferas política e 
social. 
No segundo parágrafo, o participante se ocupa em demonstrar que o Estado 
falha em informar às pessoas acerca da manipulação do usuário na internet, e, 
por ser a coleta de dados um recurso pouco conhecido pela população, esse 
problema passa a ser visto como sem importância. Sendo assim, a falta de 
conhecimento geraria nos indivíduos uma falsa sensação de escolha e autonomia 
ao utilizar a internet. No terceiro parágrafo, como foi apontado na introdução, a 
discussão aborda as esferas política e social ao demonstrar que a manutenção 
da manipulação do comportamento do usuário visa manter a hegemonia de um 
grupo, representada, no caso, por empresas e esferas políticas. Por fim, há a 
conclusão de que a manipulação do usuário pelo controle de dados é prejudicial, 
e o participante aponta uma série de medidas que, se aplicadas, podem reverter 
esse problema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 41 
 
 Não é bem assim corujinha comparativa. O Enem pede um texto dissertativo como qualquer 
outro vestibular que exige a produção do um texto. Há duas diferenças básicas que tornam a redação 
no exame de ensino médio bastante particular: a exigência de proposta de intervenção e o tema-
problema que supõe uma tese já dada. Mas isso já deve ter ficado claro no primeiro pdf, em que 
mostrei a diferença entre Enem e sua banca. 
 
7. Linguagem 
 No pdf 08, já publicado, discuti a importância de se usar um vocabulário mais preciso. Chegou a 
hora de mostrar isso na prática. 
 Vamos começar pelos verbos genéricos. Há um conjuntinho dessas palavras bem ordinário que 
aparece na cabeça da gente quando estamos escrevendo, entre eles podemos destacar: o verbo dar, 
fazer e ter. Vamos para a prática. Abaixo você encontra algumas questões sobre o uso desses verbos. 
 
 
 
 
 
 
 
Q.1 
Considerando o verbo “dar”, associe a frase ao verbo equivalente que poderia substituí-lo 
com ganho de sentido. 
Frases 
1. Seria necessário dar uma solução para o problema dos imigrantes. 
2. Os moradores dos grandes condomínios não dão atenção aos problemas sociais. 
3. Os jornais deram noticias sobre o imigrante que foi salvo por um voluntário. 
4. O governo deu uma nova direção à questão da imigração. 
5. O número de imigrantes que chegaram à Espanha já deu mais de 8.000. 
Verbos 
A) Dedicar 
B) Perfazer 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 42 
C) Apresentar 
D) Publicar 
E) Imprimir. 
 
 
 
 
 
Q.2 
Considerando o verbo “fazer”, associe a frase ao verbo equivalente que poderia substituí-
lo com ganho de sentido. 
1. O sistema de imigração faz suas vítimas. 
2. Cidadãos éticos e responsáveis fazem uma nação mais solidária. 
3. O desemprego faz a pobreza. 
4. Enquanto não fizermos a nossa parte, o ódio e o desprezo pelo outro continuarão 
circulando na internet. 
Verbos 
A) Construir 
B) Produzir 
C) Criar 
D) Desempenhar 
 
 
 
Q.3 
 Considerando o verbo “ser”, associe a frase ao verbo equivalente que poderia substituí-
lo com ganho de sentido. 
1. Proporcionar melhores condições para os imigrantes é imprescindível 
2. O problema da segregação é a falta de percepção social. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – ESBOÇO 
 
AULA 03 – ESBOÇO 43 
3. A sensibilidade de perceber a pluralidade social é da geração mais jovem. 
4. Essa decisão é do âmbito institucional. 
Verbos 
A) Ocorrer 
B) Tornar-se 
C) Consistir 
D) Pertencer 
 
 
 
 
 
 
 
 
Q.4 
Considerando o verbo “ter”, associe a frase ao verbo equivalente que poderia substituí-lo 
com ganho de sentido. 
a) Todo imigrante tem direito à dignidade. 
b) Tinha de encontrar um espaço onde pudesse expor suas necessidades. 
c) A violência tem estreita relação com o falta de perspectiva. 
d) Os moradores da periferia não tem das

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