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1www.aprovatotal.com.br JUDITH BUTLER GÊNERO E SEXO PARA JUDITH BUTLER Judith Butler é uma filósofa americana que se dedica aos estudos de gênero. Assumidamente homossexual, ela traz para o debate novas reflexões que vão além de considerar o sexo como algo biológico e o gênero como construído culturalmente. Aliás, originalidade é o que não falta a Butler, que longe de se prender a uma identidade única ( judica, lésbica, americana, filósofa etc.), prefere navegar entre todas. GÊNERO E SEXO PARA JUDITH BUTLER Butler identificou uma grande contradição na forma como as relações sexo e gênero são tradicionalmente vistas. Se o sexo é um dado natural e o gênero é visto a partir do mesmo, mas como um dado cultural, isto faz com que o gênero se transforme em um dado essencial do sujeito, o que é contraditório. Para a filósofa, tanto o sexo quanto o gênero são discursos (no sentido foucaultiano) construídos culturalmente. Para Butler, o problema reside em ter uma identidade de gênero que no fundo remete a uma ideia de naturalidade. Na medida em que se pensa o gênero como um dado natural (devido ao seu atrelamento à ideia dicotômica de sexo), está se tomando esses conceitos como verdade absoluta. Quando isso acontece, fecham- se as possibilidades para a pluralidade de gêneros, que é a ideia defendida por Judith Butler. IDENTIDADE DE GÊNERO ALÉM DA DICOTOMIA Para Judith Butler, a identidade de gênero vai além da dicotomia masculino/feminino. Na realidade, ela defende a ideia de pluralidade de gêneros, o que é coerente com a forma que ela entende a questão de gênero e sexo. 2 M ul he re s, R aç a e Fi lo so fia O CORPO É UMA MATÉRIA ORNAMENTADA PELA CULTURA Para Butler, a cultura acaba determinando a significação dos corpos. Portanto, ele é maleável, não literalmente, mas o discurso sobre o corpo é maleável de acordo com o ambiente social e cultural. Mas a filósofa foi ainda além e desenvolveu uma teoria original que enriqueceu os estudos sobre gênero. GÊNERO COMO ATO PERFORMATIVO De acordo com a filósofa, as identidades de gênero são determinadas em cada sociedade e contexto cultural através da imitação (ato performativo) do que é considerado masculino ou feminino. Evidentemente, isto pode mudar com o tempo e, em parte, também explica a pluralidade de gêneros. MICHEL FOUCAULT E A HETEROSSEXUALIDADE COMPULSÓRIA O filósofo Michel Foucault, que também era homossexual, também deu contribuições importantes para os estudos de gênero. Ele desconstruiu o conceito de heterossexualidade como um comportamento natural e, em vez disso, a denominou heterossexualidade compulsória, também chamada de heteronormatividade. A heteronormatividade ocorre quando a sociedade espera que as pessoas vistas como do sexo masculino ou do sexo feminino se comportem da maneira que é esperada delas, simplesmente porque isso é visto como “o certo”. Para realizar esse exercício de “arqueologia do saber”, Foucault vai até a Grécia antiga para estudar como os gregos antigos exerciam a sexualidade. 3www.aprovatotal.com.br M ul he re s, R aç a e Fi lo so fiaSegundo os estudos de Foucault, os gregos antigos tinham atração sexual pelo que era considerado Kalos (Belo), não importando se fosse homem ou mulher. O desejo sexual era o mesmo para os dois gêneros, sem existir uma diferenciação que fosse reproduzida pela sociedade. Por outro lado, a noção de “normalidade” é disseminada através de discursos sobre a “verdade da identidade”. Estes discursos são produzidos por instituições que possuem autoridade para definir quais comportamentos são ou não patológicos, ou seja, quais são aqueles que estão dentro ou fora da heteronormatividade. Há séculos atrás a Igreja Católica punia fisicamente a homossexualidade, chamada então de sodomia. Com o desenvolvimento da medicina e da psiquiatria, o comportamento que estivesse fora da heteronormatividade passou a ser visto também como uma patologia. E, na realidade, até os dias de hoje, o homossexualismo é visto como uma doença, haja vista as discussões em torno da chamada “cura gay”, que abalou a opinião pública brasileira nos anos recentes. CRÍTICAS AO FEMINISMO Por fim, Judith Butler tece críticas ao feminismo ao observar que o mesmo foi baseado numa certa concepção de mulher e, a partir da mesma, tenta validar uma condição feminina que se pretende universal. Essa visão ocidentalizante e totalizante de feminismo gera muitos problemas, pois não necessariamente o que é visto como opressivo por uma mulher ocidental dos Estados Unidos, será visto da mesma maneira por uma mulher do Oriente Médio. Mas ela não fala isso para deslegitimar o movimento feminista. Na realidade, o objetivo de Butler é fortalecê-lo. Apesar de, juntamente com Foucault, Judith Butler ter sido uma das idealizadoras da Teoria Queer, que recusa qualquer classificação de sexualidade, fugindo assim do determinismo e essencialismo, o que a filósofa busca é autonomia e liberdade para todos os sujeitos a partir do reconhecimento social. ANOTAÇÕES Através dos cursos
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