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FR EN TE 2 59AULA 26 Monumentos literários de Machado de Assis: Quincas Borba e Dom Casmurro Exercícios de sala 1 Fuvest 2020 E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et Tartufe? Ai, amiga minha, a resposta é na- turalmente a mesma, – também ela comia bem, dormia largo e fofo, – coisas que, aliás, não impedem que uma pessoa ame, quando quer amar. Se esta última reflexão é o motivo secreto da vossa pergunta, deixai que vos diga que sois muito indiscreta, e que eu não me quero se- não com dissimulados. Repito, comia bem, dormia largo e fofo. Chegara ao fim da comissão das Alagoas, com elogios da imprensa; a Atalaia chamou-lhe “o anjo da consolação”. E não se pense que este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse; ao contrário, resumindo em So- fia toda a ação da caridade, podia mortificar as novas amigas, e fazer-lhe perder em um dia o trabalho de lon- gos meses. Assim se explica o artigo que a mesma folha trouxe no número seguinte, nomeando, particularizando e glorificando as outras comissárias – “estrelas de primei- ra grandeza”. Machado de Assis, Quincas Borba. No excerto, o autor recorre à intertextualidade, dialo- gando com a comédia de Molière, Tartufo (1664), cuja personagem central é um impostor da fé. Tal é a fama da peça que o nome próprio se incorporou ao vo- cabulário, inclusive em português, como substantivo comum, para designar o “indivíduo hipócrita” ou o “fal- so devoto”. No contexto maior do romance, sugere-se que a tartufice a se cola à imagem da leitora, indiscreta quanto aos amores alheios. b é ação isolada de Sofia, arrivista social e benemé- rita fingida. C diz respeito ao filósofo Quincas Borba, o que expli- ca o título do livro. d se produz na imprensa, apesar de esta se esquivar da eloquência vazia. e se estende à sociedade, na qual o cinismo é o trun- fo dos fortes. Texto para as questões 2 e 3. É interessante notar como, em Machado de Assis, se aliavam e se irmanavam a superioridade de espírito, a maior liberdade interior e um marcado convencionalismo. Dois termos que se repelem, pensador e burocrata, são os que melhor o exprimem. Entre Memórias póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, a vida nacional passara pe- las profundas modificações da Abolição e da República. — Que pensa de tudo isso Machado de Assis? inda- gava Eça de Queirós. À queda da Monarquia, disse Machado no seu ga- binete de burocrata, diante da conveniência de tirar da parede o retrato do imperador: — Entrou aqui por uma portaria, só sairá por outra portaria. Era o que tinha a dizer aos republicanos, atônitos com esse acatamento ao ato de um regime findo. Lúcia Miguel Pereira. Machado de Assis. 6. ed. rev., Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1988, p. 208. (Adapt.). 2 PUC-Campinas 2017 O lado específico de “marcado con- -vencionalismo”, atribuído a Machado de Assis nesse texto, representa-se na seguinte passagem: a “ Dois termos que se repelem, pensador e burocrata.” b “Entrou aqui por uma portaria, só sairá por outra portaria.” C “profundas modificações da Abolição e da República”. d “a maior liberdade interior.” e “a superioridade de espírito.” 3 PUC-Campinas 2017 Nos romances maduros de Ma- chado de Assis, de que são exemplos Memórias póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, e diante das profundas modificações que foram a Abolição e a República, o narrador machadiano: a costuma discorrer longamente em apoio a essas duas transformações históricas. b mostra-se inteiramente avesso a ambas, por serem contrárias às suas convicções. C mantém-se um tanto distante, pois sua crítica atua mais incisivamente pela ironia sutil. d constitui, juntamente com o eu poético de Castro Al- ves, o duo mais combativo das letras do século XIX. e posiciona-se com grande energia, abraçando os mais altos ideais do positivismo que predominava na época”. Língua Portuguesa • Livro 2 • Frente 2 • Capítulo 7 I. Leia as páginas de 204 a 211. II. Faça o exercício proposto 32. III. Faça os exercícios complementares de 31 a 33. Guia de estudos MED_2021_L2_POR_F2_LA.INDD / 15-12-2020 (19:25) / EXT.DIAGRAMACAO.03 / PROVA FINAL MED_2021_L2_POR_F2_LA.INDD / 15-12-2020 (19:25) / EXT.DIAGRAMACAO.03 / PROVA FINAL Língua Portuguesa AULA 27 Naturalismo: o olhar científico sobre as relações humanas60 FRENTE 2 Fig. 8 Honoré Daumier, A revolta, óleo sobre tela, c. 1848, The Phillips Collection, Washington, Estados Unidos. y O naturalismo emergiu como uma subdivisão do Realismo, pois ambos se fundamentam nos mes- mos princípios artísticos, filosóficos e científicos. O Naturalismo também se apresentava como uma reação contra o excesso de espiritualização do Romantismo. y A visão naturalista revelava a paixão da elite intelectual da época pelas ideias evolucionistas e pelo darwinis- mo. O ser humano passava a ser visto integrado ao ambiente natural, e a sociedade era encarada como um organismo formado por células que funcionavam harmoniosamente, obedecendo a leis biológicas do nascimento à morte. y No Brasil, o ano inaugural da estética naturalista foi 1881, com o romance O mulato, de Aluísio Azevedo. y A literatura da época, tanto na Europa quanto no Brasil, era influenciada pelos seguintes cientistas e pensa- dores: Karl Marx, Friedrich Engels, Charles Darwin, Auguste Comte e Hippolyte Taine. y A escola naturalista se organiza a partir dos seguintes princípios: descrição objetiva da realidade; olhar so- bre o presente; observação, análise e reflexão; busca pela verdade; racionalidade; denúncias sociais; crítica a instituições como Igreja e família; verossimilhança. A esses aspectos, soma-se a busca pela análise científi- ca da existência humana. y Émile Zola foi o precursor do romance naturalista eu- ropeu, com o romance experimental Thérèse Raquin, de 1868, cujo enredo ilustra o postulado darwinista sobre a natureza do ser humano. AULA 27 Naturalismo: o olhar científico sobre as relações humanas H on or é D au m ie r/W eb G al le ry o f A rt (D om ín io p úb lic o) MED_2021_L2_POR_F2_LA.INDD / 15-12-2020 (19:25) / EXT.DIAGRAMACAO.03 / PROVA FINAL MED_2021_L2_POR_F2_LA.INDD / 15-12-2020 (19:25) / EXT.DIAGRAMACAO.03 / PROVA FINAL
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