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2 SÚMARIO 1. O BRASIL POLÍTICO: NAÇÃO E TERRITÓRIO 4 1.1 Conceito de nação e território 4 1.2 Nação e território brasileiros 4 QUESTÕES 11 GABARITO COMENTADO 16 2. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO 19 2.1 A República Federativa do Brasil 23 2.2 - O Sistema eleitoral brasileiro 24 2. 3 - Regionalização do território 27 QUESTÕES 29 GABARITO COMENTADO 33 3. DIVISÃO INTER-REGIONAL DO TRABALHO E DA PRODUÇÃO NO BRASIL 35 3.1 Os setores da economia 35 3.2 - Principais atividades econômicas nas regiões brasileiras atualmente 37 QUESTÕES 43 GABARITO COMENTADO 48 4. A ESTRUTURA URBANA BRASILEIRA E AS GRANDES METRÓPOLES 51 4.1 Espaço urbano brasileiro 51 4.2 Hierarquia Urbana 57 4.3 - Nova hierarquia urbana 58 4.4 - A rede urbana brasileira 60 4.5 - Problemas urbanos nas grandes metrópoles 64 QUESTÕES 66 GABARITO COMENTADO 71 5. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO NO BRASIL E MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS INTERNOS. 74 5.1 Distribuição da população pelo território nacional 77 5.2 População urbana e rural 79 3 5.3 Movimentos migratórios internos 79 QUESTÕES 82 GABARITO COMENTADO 86 6. INTEGRAÇÃO ENTRE INDUSTRIA E ESTRUTURA URBANA E SETOR AGRÍCOLA NO BRASIL 88 6.1 - Indústria no Brasil 88 QUESTÕES 97 GABARITO COMENTADO 102 7. REDE DE TRANSPORTE NO BRASIL: MODAIS E PRINCIPAIS INFRAESTRUTURAS 104 QUESTÕES 115 GABARITO COMENTADO 120 8. A INTEGRAÇÃO DO BRASIL AO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA 122 8.1 - Globalização 122 8.2 – As fases da Globalização 122 8.3 – As empresas transnacionais 124 8.4 - Globalização cultural 125 8.5 - Globalização no Brasil 125 8.6 - Processo histórico-econômico do Brasil 126 8.7 - Divisão internacional do trabalho 126 QUESTÕES 140 GABARITO COMENTADO 145 10. MACRODIVISÃO NATURAL DO ESPAÇO BRASILEIRO: BIOMAS, DOMÍNIOS E ECOSSISTEMAS 148 10.1 - Domínios morfoclimáticos do Brasil 148 10.2 - Impactos ambientais sobre os domínios morfoclimáticos do Brasil 154 10.3 - Os Biomas brasileiros 155 QUESTÕES 160 GABARITO COMENTADO 164 4 1. O BRASIL POLÍTICO: NAÇÃO E TERRITÓRIO 1.1 Conceito de nação e território Uma nação representa um agrupamento humano que possui características em comum como o idioma, práticas culturais e sociais, sentimento de pertencimento, entre outros que proporcionam coesão para um povo, produzindo unidade étnica e histórica. É muito importante ressaltar que nem toda nação possui território ou está organizada em um Estado. Dois ótimos exemplos: os Curdos, que são uma nação sem território que vivem historicamente em áreas do Irã, Iraque, Síria, Turquia e Armênia, reivindicando desde o início do século XX um território para a criação do estado do Curdistão; o estado espanhol, que possui uma diversidade de nações no mesmo território, como os catalães, os bascos e os galegos, que possuem forte movimento separatista. O território é uma área continental ou insular delimitada por fronteiras em que um Estado exerce a sua soberania e onde um povo desenvolve suas práticas culturais, sociais e econômicas. 1.2 Nação e território brasileiros A nação brasileira começou a se formar a partir da colonização desenvolvida pelos portugueses, pois foi esse processo histórico que possibilitou a consolidação da nacionalidade brasileira. É necessário salientar que o território brasileiro era ocupado por diversas nações indígenas antes da chegada dos europeus, em grupos tribais. Essa ocupação ainda não é totalmente conhecida arqueologicamente, estudos recentes indicam que já existiam povos na Amazônia há cerca de 3000 anos. Dessa forma, a nação brasileira começa a se formar a partir dos portugueses vindos com o objetivo de conquistar e ocupar, dos indígenas que tiveram contato com os conquistadores e dos povos africanos trazidos como mão de obra escrava. A miscigenação foi uma forte característica da formação do povo brasileiro, proporcionando características fenotípicas peculiares, possibilitando o surgimento de um povo completamente novo. Surgimos da confluência, do entrechoque e do caldeamento do invasor português com índios silvícolas e campineiros e com negros africanos, uns e outros aliciados como escravos. Nessa confluência, que se dá sob a regência dos portugueses, matrizes raciais díspares, tradições culturais distintas, formações sociais defasadas se enfrentam e se fundem para dar lugar a um povo novo, num novo modelo de estruturação societária. Novo porque surge como uma etnia nacional, diferenciada culturalmente de suas matrizes formadoras, fortemente mestiçada, dinamizada por uma cultura sincrética e singularizada pela redefinição de traços culturais delas oriundos. Também novo porque se vê a si mesmo e é visto como uma gente nova, um novo gênero humano diferente de quantos existam. Povo novo, ainda, porque é um novo modelo de estruturação societária, que inaugura uma forma singular de organização socioeconômica, fundada num tipo renovado de escravismo e numa servidão continuada ao mercado mundial. RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: A formação e o sentido do Brasil. Segunda edição. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 5 Ao longo da história outros povos, principalmente alemães, árabes, espanhóis, italianos e japoneses, também contribuíram para essa formação, produzindo outras variáveis étnicas-culturais e aprofundando sua complexidade. O território brasileiro possui uma extensão de 8.510.345,538 km², ocupando a quinta posição entre os maiores países do mundo, ficando atrás da Rússia, Canadá, China e Estados Unidos. É banhado pelo oceano atlântico em sua porção leste ao longo de 10.959 Km de sua costa, com 280 municípios distribuídos por 17 unidades da federação defrontantes com o mar. O mar territorial brasileiro é de 12 milhas náuticas (22,2 Km) a partir da costa, as 12 milhas náuticas seguintes formam a zona contígua, onde o país pode controlar o trânsito de navios de outros países, mas não o proibir. Uma fronteira de 200 milhas náuticas (370 Km) a partir da costa forma a Zona Econômica Exclusiva (ZEE), onde o Brasil tem direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não-vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a outras atividades com vistas à exploração e ao aproveitamento da zona para fins econômicos. Um bom exemplo de recurso explorado nessa área são as reservas de petróleo do pré-sal. Em 2004 o Brasil solicitou à ONU estender a sua soberania sobre a área de mar acima da plataforma continental para até 350 milhas náuticas (648 Km), conforme prevê as regras da Convenção dos Direitos do Mar das Nações Unidas, em vigor desde 1994 e da qual o Brasil é signatário. A plataforma continental é considerada internacionalmente uma extensão do solo do país, até o início da região abissal. No Brasil, a plataforma continental ultrapassa 200 milhas náuticas em grande parte do seu litoral. Caso ocorra a concessão, essa extensão de mais 150 milhas concede direitos sobre as riquezas do assoalho e do subsolo oceânico, incluindo os seres vivos do solo marítimo, porém sem exclusividade para a pesca de seres que nadam. 6 Faz fronteira com 10 dos 12 países da América do sul com extensão total de 16.884 Km. São 588 municípios localizados na faixa de fronteira distribuídos por 11 unidades da federação. Dois terços de toda a extensão da faixa de fronteira estão situadas na Região Norte, com destaque para os estados do Amazonas e do Acre. As regiões Sul e Centro-Oeste também têm terras situadas na área fronteiriça. Os estados do Sul são os que concentram a maior quantidade de municípios na faixa de fronteira, com 196 no Rio Grande do Sul, 139 no Paraná e 83 em Santa Catarina. 7 O país conta com uma enorme extensão latitudinal e longitudinal, podendoser classificado como um território equidistante, já que a longinquidade entre norte/sul e leste/oeste são similares. 1.1 Expansão territorial A ocupação e formação territorial brasileira foram fundamentalmente pautadas pelos tratados territoriais e ciclos econômicos, portanto é necessário compreender as relações políticas, econômicas e sociais ocorridas ao longo desse período. Esse processo de expansão territorial ocorreu seguindo a lógica da ocupação e apropriação de terras ao longo da evolução histórica do país. Para os portugueses representou a oportunidade de conquistar, povoar e explorar novas terras e para os povos indígenas representou uma contínua perda de territórios e genocídios. A lógica imperialista dos portugueses financiou expedições que conquistaram extensas áreas para além dos limites a que Portugal tinha direito, através de acordos, negociações e conflitos. Tratado de Tordesilhas - 1494 Documento assinado entre Espanha e Portugal, sob intermédio da Igreja Católica, que definiu a delimitação das posses coloniais por meio de um meridiano traçado no mapa localizado a 370 léguas de Cabo Verde. O território a oeste da linha 8 do tratado seria espanhol e a leste português Trinta anos após o desembarque em 1500, a coroa portuguesa logo mudou suas intenções políticas e econômicas em relação à nova colônia devido aos fatores a seguir: - Possibilidade de lucro com o desenvolvimento de atividades econômicas, frente à concorrência de outras nações; - Aumento da pressão estrangeira nas áreas litorâneas da colônia; - Busca por metais preciosos; - Povoamento e ocupação. A primeira expedição colonizadora ocorreu em 1531 sob o comando de Martim Afonso de Souza, onde foi fundada São Vicente (SP), a primeira vila do Brasil. A organização colonial se deu através das capitanias hereditárias a partir de 1534, onde o território foi fracionado em quinze territórios, todos banhados pelo mar, com medição entre 10 e 100 léguas (233 a 2330 Km²), cedidos aos capitães donatários, responsáveis por sua gestão. Com o transcorrer do tempo, os portugueses passaram a invadir o território espanhol, que não conseguia se defender dessas incursões efetivamente devido à vastidão dos seus domínios. A União Ibérica, que perdurou entre 1580 a 1640, foi muito significativo na formação do território brasileiro ao acabar com as fronteiras estabelecidas pelo Tratado de Tordesilhas. Proporcionou a ampliação dos limites territoriais tanto ao norte, com a conquista efetiva do Maranhão, quanto ao sul, expandindo a fronteira na região platina. Foi neste período que se inaugurou a expansão para o interior do território. As primeiras expedições dos bandeirantes foram estruturadas em 1580, em São Paulo, desenrolando-se por todo o período da dominação espanhola. A primeira grande bandeira com o objetivo de capturar e escravizar índios ocorreu em 1558, no sertão dos Carijós, levando à ocupação progressiva do interior do Brasil e à expansão da faixa litorânea ocupada pelos portugueses no início do século XVI. Neste período, entre outras, também ocorreram a conquista da Paraíba (1584), as guerras travadas contra os índios no norte da Bahia, atual Sergipe (1589), a bandeira a Goiás (1592), as primeiras investidas dos bandeirantes paulistas à região de Minas Gerais (1596) e a bandeira apresadora de índios na região do baixo Paraná (1604). O Tratado de Lisboa - 1681 Tratou da devolução da Colônia do Sacramento, ocupada pelos espanhóis no ano de sua fundação. O apoio da Inglaterra foi decisivo para Portugal conseguir essa vitória diplomática. A saída das forças espanholas só se dá efetivamente em 1683. No final do século XVII, a descoberta de ouro na região de Minas Gerais foi de grande importância para a expansão territorial e a nova organização administrativa da 9 colônia. Devido à afluência de populações em busca de riqueza, a crescente demanda por suprimentos na região de Minas levou o Brasil a se expandir para o Rio Grande, incentivando a criação de gado vários outros tipos de rebanhos. Na área de descoberta do ouro foram instituídas as capitanias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas. Uma intervenção mais concreta da coroa portuguesa na região de Minas Gerais ocorreu após a “guerra dos emboabas” em 1709, conflito entre bandeirantes paulistas e forasteiros em busca de ouro e pedras preciosas. Minas foi desmembrada da capitania do Rio de Janeiro, tendo sido criada a capitania de São Paulo, em substituição à de São Vicente, adquirida em 1710 pela Coroa. Além dela, outras foram compradas, como as de Pernambuco (1716) e Espírito Santo (1718), dando nova condição à administração portuguesa na colônia, mais presente e interiorizada. Primeiro Tratado de Utrecht – 1713 Firmado entre Portugal e França, estabeleceu as fronteiras portuguesas do norte do Brasil, reconhecendo o rio Oiapoque como limite natural entre a Guiana e a Capitania do Cabo do Norte. Segundo Tratado de Utrecht – 1715 Firmado entre Portugal e Espanha tratando da devolução da Colônia de Sacramento a Portugal pela segunda vez. Tratado de Madri – 1750 Reorientou as fronteiras entre as Américas Portuguesa e Espanhola, tornando nulo o Tratado de Tordesilhas. Foi usado o princípio “uti possidetis”, que considera a propriedade da terra para quem efetivamente a ocupa. Dessa forma, houve uma definição das fronteiras brasileiras, onde Portugal garantia o controle da maior parte da Bacia Amazônica, enquanto a Espanha controlava a maior parte da bacia do Prata. Tratado de Santo Ildefonso – 1777 Corroborou o Tratado de Madri e possibilitou a devolução da ilha de Santa Catarina a Portugal, enquanto a Colônia de Sacramento e a região dos Sete Povos ficaram para a Espanha. No final do século XVIII, Portugal enfrentou insurreições no Brasil que tinham como objetivo a separação da Metrópole. Exemplos disso foram as conjurações de Minas Gerais (1789), Rio de Janeiro (1794), Bahia (1798) e Pernambuco (1801). Tais movimentos verteram na independência do Brasil em 1822, entretanto esse processo não impactou o território brasileiro. O grande empecilho enfrentado pelo Império (1822-1889) foi o de manter e estabelecer a unidade territorial em meio aos inúmeros levantes locais. 10 Tratado de Badajoz – 1801 Firmado entre Espanha e Portugal, tratou da anexação definitiva dos Sete Povos das Missões ao território brasileiro. Com a declaração da República em 1889, as províncias do império foram transformadas em estados da República Federativa do Brasil. Tratado de Petrópolis – 1903 Proporcionou a incorporação do território do Acre ao Brasil, através de negociação liderada pelo Barão do Rio Branco com a Bolívia. Com o território adquirindo as proporções atuais, as transformações que ocorreram nas décadas seguintes foram internas, com o desmembramento de estados para a criação de novos e a transformação de territórios em estados. 11 QUESTÕES 1) CEBRASPE (CESPE) - Analista I (IPHAN)/Área 2/2018 Julgue o item a seguir, com relação aos traços gerais da organização e da formação do espaço geográfico brasileiro na época da incorporação do Brasil ao império português. Nesse período, a produção dos espaços geográficos teve por base a formação de sucessivas áreas de atração e repulsão. ( ) CERTO ( ) ERRADO 2) CEBRASPE (CESPE) - Analista I (IPHAN)/Área 2/2018 Julgue o item a seguir, com relação aos traços gerais da organização e da formação do espaço geográfico brasileiro na época da incorporação do Brasil ao império português. A mineração foi uma atividade urbanizadora, principalmente para efetivar uma maior integração espacial interna no litoral do Brasil. ( ) CERTO ( ) ERRADO 3) CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2017 No que se refere a fatores que contribuíram para a configuração do território da América portuguesa colonial, julgue o item a seguir. Pelo Tratadode Madri, de 1750, a Espanha aceitou a posse portuguesa do Mato Grosso, da Amazônia e da margem oriental do rio da Prata. ( ) CERTO ( ) ERRADO 4) CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2017 No que se refere a fatores que contribuíram para a configuração do território da América portuguesa colonial, julgue o item a seguir. Com o Tratado de Badajoz, de 1801, a posse da região dos Sete Povos, no oeste gaúcho, passou à Espanha, mas o território foi retomado pelos portugueses em 1816. ( ) CERTO ( ) ERRADO 12 5)CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2017 No que se refere a fatores que contribuíram para a configuração do território da América portuguesa colonial, julgue o item a seguir. A linha divisória entre Portugal e Espanha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas não abrangia o Pacífico, mas apenas o Atlântico. ( ) CERTO ( ) ERRADO 6) CEBRASPE (CESPE) - Analista Administrativo (ANTT)/Ciência Política/2013 No processo de colonização do Brasil, considerações políticas levaram a Coroa Portuguesa à convicção de que era necessário colonizar a nova terra, sendo que a expedição de Martin Afonso de Souza foi um marco dessa nova diretriz. Boris Fausto. Histórica Concisa do Brasil. São Paulo: Editora Edusp, 2012, p.18. A respeito desse período e da referida política, julgue o item seguinte. A união Ibérica, união das Coroas Portuguesa e Espanhola, provocou a não observância do tratado de Tordesilhas, o que permitiu a penetração de desbravadores portugueses no Brasil Central e na Amazônia Ocidental. ( ) CERTO ( ) ERRADO 7) CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2012 | Julgue (C ou E) o próximo item, relativo à formação histórica do território brasileiro. A formação histórica do território brasileiro iniciou-se com a assinatura do Tratado de Madri, que determinou, por meio da criação de uma linha imaginária, o primeiro limite territorial da colônia portuguesa nas Américas. ( ) CERTO ( ) ERRADO 8) CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2016 País de território misto, marcado a um só tempo pela continentalidade e maritimidade, o Brasil tem, na análise dos clássicos da teoria geopolítica relacionados ao poder naval (Mahan) e na da teoria do poder terrestre (Mackinder), importantes questões para a discussão de uma visão estratégica contemporânea, em um contexto em que há um importante aumento da estrutura política e econômica do país no cenário 13 mundial. Ronaldo Gomes Carmona. Geopolítica clássica e geopolítica brasileira contemporânea: Mahan e Mackinder e a “grande estratégia” do Brasil para o Século XXI. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2012 (com adaptações). Tendo como referência inicial o trecho do texto de Ronaldo G. Carmona, julgue o item seguinte, acerca de continentalidade, maritimidade e geopolítica brasileira no século XXI. A vasta extensão territorial do Brasil, que corresponde a 47% do território sul-americano, indica a necessidade de segurança das fronteiras com seus países vizinhos, de responsabilidade dos órgãos de segurança pública, da Secretaria da Receita Federal e das forças armadas. ( ) CERTO ( ) ERRADO 9) CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2016 País de território misto, marcado a um só tempo pela continentalidade e maritimidade, o Brasil tem, na análise dos clássicos da teoria geopolítica relacionados ao poder naval (Mahan) e na da teoria do poder terrestre (Mackinder), importantes questões para a discussão de uma visão estratégica contemporânea, em um contexto em que há um importante aumento da estrutura política e econômica do país no cenário mundial. Ronaldo Gomes Carmona. Geopolítica clássica e geopolítica brasileira contemporânea: Mahan e Mackinder e a “grande estratégia” do Brasil para o Século XXI. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2012 (com adaptações). Tendo como referência inicial o trecho do texto de Ronaldo G. Carmona, julgue o item seguinte, acerca de continentalidade, maritimidade e geopolítica brasileira no século XXI. O fato de o Brasil possuir um vasto litoral com importantes reservas de recursos naturais é, por si só, indicativo de que o país deve investir na força naval de defesa de seu território oceânico. ( ) CERTO ( ) ERRADO 10) CEBRASPE (CESPE) - Analista Ambiental (IBAMA)/Tema 1/ Licenciamento Ambiental/2013 No debate sobre a construção do Estado nacional brasileiro, parte-se do pressuposto de que esse processo se consolidou no cerne de uma valorização fragmentária de suas variantes estéticas, conformando uma controversa ideologia espacial de sentido identitário à nação. Progresso, modernização e integração 14 territorial emergem como palavras de ordem no elo entre a nação imaginada no Brasil Imperial e a nação tal como se concretiza ao longo do século XX, apesar do discurso e das ações em resgate à cultura síntese de brasilidade. Everaldo B. Costa e Júlio C. Suzuki. A ideologia espacial constitutiva do Estado nacional brasileiro. In: Anais do XII Colóquio Internacional de Geocrítica, Bogotá, 2012, p. 1 (com adaptações). Com relação aos assuntos abordados no texto acima, julgue o item seguinte. Cultura, identidade, território e política, que são elementos constituintes da nação, devem ser entendidos de forma individualizada: a interdependência entre esses elementos não caracteriza a essência do território e, ao mesmo tempo, impossibilita interpretá-lo, do plano material ao simbólico, no trânsito de elemento de domínio do Estado ao plano significante de empoderamento coletivo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 11) CEBRASPE (CESPE) - Oficial de Inteligência/Código 11/2004 A Amazônia foi alvo de diversos planos e projetos de desenvolvimento. Diante do papel assumido pela região nas últimas décadas, a visão do vazio populacional não vigora mais. Acerca desse assunto, julgue o seguinte item. Apesar de fazer limite com diversos países, a Amazônia brasileira goza de estabilidade e segurança em suas fronteiras com esses países. Contribui para essa segurança o maciço florestal, que constitui uma barreira natural à invasão e à ocupação. ( ) CERTO ( ) ERRADO 12) CEBRASPE (CESPE) - Analista I (IPHAN)/Área 2/2018 Julgue o item a seguir, com relação aos traços gerais da organização e da formação do espaço geográfico brasileiro na época da incorporação do Brasil ao império português. A mineração foi uma atividade urbanizadora, principalmente para efetivar uma maior integração espacial interna no litoral do Brasil. ( ) CERTO ( ) ERRADO 15 13) CEBRASPE (CESPE) - Soldado (CBM CE)/2014 A respeito da formação e configuração atual do território brasileiro, julgue o próximo item. Atualmente, o território brasileiro, do ponto de vista da integração, é mais articulado do que no século passado, dada a maior presença de redes urbanas em diferentes regiões. ( ) CERTO ( ) ERRADO 14) CEBRASPE (CESPE) - Analista Ministerial (MPE TO)/Especializado/ Geografia/2006 Nas últimas pesquisas, destacam-se mudanças no quadro demográfico brasileiro. Com referência às suas características e tendências observadas, julgue o item que se segue. Uma característica da população brasileira é a sua concentração espacial, devendo ser considerado, entretanto, sua atual tendência de redistribuição no território nacional. ( ) CERTO ( ) ERRADO 15) CEBRASPE (CESPE) - Analista de Controle Externo (TCE AC)/ Geografia/2006 Dinamicidade é uma característica importante do processo de formação territorial brasileiro. Acerca desse tema, julgue o item que se segue. Em função do processo de desenvolvimento industrial vivido pelo Brasil e seus fatores, as maiores metrópoles brasileiras encontram-se na regiãoSudeste. ( ) CERTO ( ) ERRADO 16 GABARITO COMENTADO 1. CERTO Refere-se aos diferentes ciclos econômicos que foram desenvolvidos na colônia, impulsionando a migração para as áreas de atração. 2. ERRADO A mineração foi uma atividade urbanizadora, principalmente para efetivar uma maior integração espacial interna no interior do Brasil, onde essa atividade foi desenvolvida efetivamente. 3. ERRADO O Tratado de Madri (1750) foi firmado após o fim da União Ibérica (1580-1640), representando o estabelecimento das novas fronteiras entre a América portuguesa e a espanhola. Ficou acordado que Portugal teria o controle sobre o território do atual Mato Grosso e da Amazônia, bem como da bacia do rio Amazonas e a Espanha ficaria com a colônia de Sacramento, localizada no atual território do Uruguai e garantindo o controle do estuário do Prata. 4. ERRADO O Tratado de Badajoz foi firmado em 1801 onde Portugal assinava com a Espanha o fechamento de seus portos para a Grã-Bretanha, restituição de algumas fortificações perdidas e estabelecia uma trégua entre os reinos. A região dos Sete Povos das Missões foi tomada por Portugal antes do reconhecimento do tratado, que posteriormente conferiu posse da região dos Sete Povos à Portugal. 5. CERTO O Tratado de Tordesilhas foi assinado em 1494 entre Espanha e Portugal, com o objetivo de estabelecer fronteiras coloniais desses reinos, regulando as áreas a serem dominadas no Oceano Atlântico. 17 6. CERTO A União Ibérica unificou os reinos e consequentemente promoveu uma flexibilização do Tratado de Tordesilhas, possibilitando o aprofundamento da ocupação portuguesa no interior do território. 7. ERRADO Na verdade, o primeiro limite territorial da colônia portuguesa nas Américas foi definido pelo Tratado de Tordesilhas, que deu início à formação histórica do território brasileiro. 8. CERTO Afirmativa correta, principalmente devido à extensão da fronteira terrestre do Brasil, que faz divisa com 10 dos 12 países da América do sul com extensão total de 16.884 Km. São 588 municípios localizados na faixa de fronteira distribuídos por 11 unidades da federação. 9. CERTO Existem importantes ecossistemas com grande biodiversidade no território oceânico brasileiro, que também é uma região de caráter militar estratégico. Dessa forma, o país deve investir pesado na força naval de defesa da sua Zona Costeira. 10. ERRADO Cultura, identidade, território e política, que são elementos constituintes da nação, devem ser entendidos de forma conjunta: a interdependência entre esses elementos caracteriza a essência do território e, ao mesmo tempo, possibilita interpretá-lo, do plano material ao simbólico, no trânsito de elemento de domínio do Estado ao plano significante de empoderamento coletivo. 11. ERRADO As fronteiras da Amazônia brasileira com outras nações são instáveis e com pouca segurança, tornando-as suscetíveis a atividades criminosas. O maciço florestal dificulta a fiscalização e o patrulhamento da região, colocando a soberania nacional 18 13. CERTO Atualmente, a maior presença de redes urbanas em diferentes regiões tornou o território brasileiro mais bem articulado, através das redes de transporte e comunicação. 14. CERTO A concentração espacial da população brasileira está relacionada com o contexto histórico de ocupação do território e com a urbanização promovida pelo processo de industrialização do país. Sua atual tendência de redistribuição no território nacional deve-se à desconcentração industrial. 15. CERTO O processo de desenvolvimento industrial vivido pelo Brasil iniciou-se na região sudeste e se polarizou ali durante muitas décadas, proporcionando a intensa metropolização da região. ameaçada. 12. ERRADO A mineração foi uma atividade urbanizadora, principalmente para efetivar uma maior integração espacial interna no interior do Brasil, nas áreas onde esse ciclo econômico ocorreu. 13. CERTO Atualmente, a maior presença de redes urbanas em diferentes regiões tornou o território brasileiro mais bem articulado, através das redes de transporte e comunicação. 14. CERTO A concentração espacial da população brasileira está relacionada com o contexto histórico de ocupação do território e com a urbanização promovida pelo processo de industrialização do país. Sua atual tendência de redistribuição no território nacional deve-se à desconcentração industrial. 15. CERTO O processo de desenvolvimento industrial vivido pelo Brasil iniciou-se na região sudeste e se polarizou ali durante muitas décadas, proporcionando a intensa metropolização da região. 19 2. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO A História do Brasil é dividida, de forma geral, em três períodos principais: Período Colonial, Período Imperial e Período Republicano. São períodos históricos que tem distintas organizações políticas e territoriais. Período Colonial O território do Brasil começou a ser colonizado de forma mais efetiva em razão da preocupação que Portugal passou a ter com as ameaças de invasões das terras brasileiras por outras nações, como viriam a ocorrer décadas depois. O primeiro sistema de ocupação e administração colonial foi o das Capitanias Hereditárias, que, posteriormente, foi regido pelo Governo Geral, que tinha o objetivo de organizar melhor a ocupação do território, bem como desenvolvê-lo. O período do Brasil Colonial estendeu-se até o início do século XIX, até o ano de 1808, momento em que a Família Real foge de Portugal e se refugia no Brasil, integrando-o ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Foi nesse período em que se desenvolveram importantes atividades para a economia e a sociedade açucareira e, depois, também em relação a economia e a sociedade mineradora. Dataram ainda do período Colonial as muitas Rebeliões Nativistas e Rebeliões Separatistas, merecendo destaque especial a Inconfidência Mineira. Período Imperial O Brasil Império (1822-1889) foi um período na história brasileira em que se deram grandes transformações políticas e econômicas. Dividido em três fases, o Primeiro Reinado (1822-1831), o Período Regencial (1831-1840) e o Segundo Reinado (1840-1889), concentrou também a formação de instituições importantes, que permanecem até os dias de hoje, como as Forças Armadas e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), além de projetos de infraestrutura fundamentais para o desenvolvimento econômico já no século XX e todo um imaginário político e simbólico sobre o Brasil enquanto nação. Ao contrário do que a historiografia tradicional apontou durante muitos anos, não se tratou de um período “pacífico”, de poucos conflitos, em comparação com os processos de independência e crises políticas dos vizinhos sul-americanos. Toda a formação do Brasil, enquanto nação autônima, cercou-se de um histórico de disputas violentas interna e externamente, sendo um dos exemplos mais mencionados a Guerra do Paraguai (1864-1870), que deixou marcas profundas no Brasil e seus vizinhos envolvidos, Paraguai, Argentina e Uruguai. O período imperial teve fim em 15 de novembro de 1889, com a Proclamação da República no Brasil. 20 Período Republicano A Proclamação da República se deu como resultado de um golpe militar que derrubou a monarquia luso-brasileira, que se enfraqueceu a partir do momento em que esse regime perdeu o apoio das elites econômicas do país. Isso aconteceu, principalmente, pela insatisfação de dois grupos muito importantes naquele momento: o Exército e a elite cafeeira paulista. Alguns estudiosos também levantam a hipótese de que o desgaste nas relações da monarquia com a Igreja e com a elite cafeeira do Vale do Paraíba foram fatores relevantes. O historiador Boris Fausto, no entanto, comenta que o papel desses grupos na Proclamação da República é muito pequeno, uma vez que não dispunham de grande força de transformação política no Brasil. A década de 1880vivenciou uma crise política crônica no país. No final desse período, a conspiração contra a monarquia ganhou força no Exército. Poucos dias antes do golpe que resultou na Proclamação da República, os conspiradores reuniram- se com o marechal Deodoro da Fonseca para convencê-lo a aderir ao golpe. Com a Proclamação da República, foi formado um governo provisório no qual o marechal Deodoro da Fonseca foi nomeado o presidente provisório. Algumas mudanças foram tomadas de imediato, como a mudança da Bandeira Nacional e a elaboração de uma nova Constituição, que foi promulgada em 1891. Com a Proclamação da República, importantes mudanças aconteceram na estrutura política do país: o Brasil tornou-se um país federalista, isto é, as províncias 21 (renomeadas agora de estados) passaram a ter mais autonomia em relação ao Governo Federal, e foi adotado o presidencialismo, como determinou a Constituição de 1891. A princípio o cargo de presidente tinha duração de quatro anos. O regime republicano brasileiro tem uma história centenária e, ao longo de sua existência e podemos dizer que existiram neste período seis diferentes repúblicas, cada qual com características distintas. Primeira República (1889-1930) A Primeira República, também chamada de República Velha ou República Oligárquica, teve como grandes características o clientelismo, o coronelismo e o mandonismo. O clientelismo pode ser definido por uma troca de favores em que alguém concede algo em troca de benefícios políticos. Já o coronelismo é definido pelo poder exercido pelos coronéis, grandes proprietários de terra, sobre a população, exigindo- lhe voto como forma de atender aos interesses da oligarquia. Por fim, o mandonismo é o controle que os grandes proprietários de terra exerciam sobre a população comum. Outras marcas desse período foram a Política do Café com Leite e a Política dos Governadores. Era Vargas (1930-1945) Nesse recorte do período republicamos, estão incluídos tanto a Segunda República (1930-1937) quanto a Terceira República ou Estado Novo (1937-1945). No caso da Era Vargas, algumas características importantes foram: a centralização do poder no Executivo, a política de massas de Vargas na questão trabalhista, o fortalecimento da propaganda política, sobretudo durante o Estado Novo, e a capacidade de negociação de Vargas, que conseguia conciliar grupos com interesses diversos em benefício próprio. No caso do Estado Novo, destacam-se ainda o autoritarismo do governo e a imposição de censura. Quarta República (1945-1964) No estudo da Quarta República, é muito complicado fazer a definição de características abrangentes a respeito de todo o período, uma vez que cada governo possuía interesses diversos e até mesmo uma plataforma ideológica distinta. De toda forma, muitos definem esse período como a fase do populismo na política brasileira. Essa definição, no entanto, tem sido vista com muitas ressalvas pelos historiadores porque a definição clássica de populismo não abarca todas as características políticas da Quarta República. De toda forma, a Quarta República pode ser caracterizada por ser um período minimamente democrático na história do nosso país. O número de eleitores cresceu consideravelmente por causa da Constituição 22 de 1946, que dava sufrágio universal para homens e mulheres maiores de 18 anos e alfabetizados. A vida partidária também cresceu de maneira considerável, e surgiram partidos de grande alcance nacional, como o PTB, PSD e UDN. Além disso, destaca-se também o crescimento das demandas populares, que apresentavam grandes exigências em torno de melhorias no sistema educacional do país, da realização da reforma agrária e de uma política econômica que trouxesse ganhos para o estilo de vida do trabalhador. Essa experiência democrática foi interrompida com o Golpe Militar de 1964. Ditadura Militar (1964-1985) A Ditadura Militar, como o nome já sugere, foi um período ditatorial em que o nosso país foi governado de maneira autoritária pelos militares. A ditadura ficou caracterizada pelo terrorismo de Estado, isto é, pelas ações de terror praticadas ou incentivadas pelo governo. Os grandes símbolos desse período foram os sequestros, a tortura e o assassinato de cidadãos por agentes governamentais ou por milícias apoiadas pelo governo. A ditadura também ficou marcada por uma política econômica que logo de início procurou combater os direitos dos trabalhadores. Sendo assim, os salários foram mantidos baixos, houve redução de direitos dos trabalhadores (como aconteceu quando o FGTS foi criado) e as greves eram duramente reprimidas. Por fim, os gastos astronômicos dos governos militares contribuíram para aumentar a dívida externa do Brasil e o crescimento da inflação. A censura e o autoritarismo também eram marcas fortes desse período, o que impedia um combate transparente à corrupção. Nova República (1985 à atualidade) Com o final da ditadura, foi iniciada uma nova fase democrática em nosso país: a Nova República. Foram marcas da democratização que o Brasil sofreu nesse período o crescimento da vida partidária e o aumento considerável do número de eleitores, já que 23 podem votar no Brasil todas as pessoas maiores de 16 anos, incluindo os analfabetos. Outro grande marco importante desse período foi a Constituição de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, que possui muitos artigos que garantem direitos sociais à população brasileira. Apesar disso, esse período também é passível de críticas, já que muitas áreas do país, como saúde e educação, seguem caóticas, e os grandes níveis de corrupção impedem o desenvolvimento do país. 2.1 A República Federativa do Brasil O Brasil é uma República Federativa formada pela União, por 26 Estados, pelo Distrito Federal e por 5.568 Municípios, constitui-se como um Estado democrático de direito. Esse sistema federal permite que o governo central represente as várias entidades territoriais que possuem interesses em comum: relações exteriores, defesa, comunicações, etc. Ao mesmo tempo, permite que essas entidades mantenham suas próprias identidades, leis e planos de ação. Os estados possuem autonomia política, desde que não vá no sentido contrário ao que está descrito na Constituição Federal. Em relação ao sistema de governo, é adotado no país o presidencialismo, onde o presidente da república eleito é o chefe do Poder Executivo e exerce a sua função auxiliado pelos Ministros de Estado e pelo Vice-Presidente. O mandato do Presidente da República é de 4 anos, admitindo-se a recondução para o mandato imediatamente subsequente uma única vez. As funções tanto de chefe de Estado como de chefe de Governo são exercidas pelo Presidente da República. O Executivo age junto ao Poder Legislativo ao participar da elaboração das leis e sancionando ou vetando projetos. Em situações de urgência, o Executivo adota medidas provisórias e propõe emendas à Constituição, projetos de leis complementares e ordinárias e leis delegadas. Em caso de impedimento ou caso o cargo se torne vago, o Vice-Presidente da República assume. O Vice-Presidente deve auxiliar o Presidente sempre que for convocado para realizar missões especiais. Já os ministros auxiliam o Presidente na direção superior da administração federal. No Executivo Estadual, o chefe supremo é o governador do estado. Ele tem sob seu comando secretários e auxiliares diretos. O governador representa sua Unidade Federativa junto ao Estado brasileiro e aos demais estados. Além disso, o governador coordena as relações jurídicas, políticas e administrativas de seu estado e defende sua autonomia. O chefe do Poder Executivo Municipal é o prefeito. Ele precisa ter, no mínimo, 18 anos de idade e é eleito para exercer um mandato de quatro anos. O prefeito possui atribuições políticas e administrativas, que se expressam no planejamento de atividades, obras e serviços municipais. O prefeito pode apresentar, sancionar, promulgar evetar proposições e projetos de lei. Todo ano, o Executivo Municipal elabora a proposta orçamentária, que é submetida à Câmara dos Vereadores. De acordo com a Constituição Federal e as constituições estaduais, os 24 municípios gozam de autonomia. Todo município é regido por uma Lei Orgânica, aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal. 2.2 - O Sistema eleitoral brasileiro Um sistema eleitoral tem a incumbência de organizar eleições e converter os votos em mandatos políticos, que serão exercidos com legitimidade devido à assimilação eficiente, segura e imparcial da vontade popular democraticamente manifestada. Também é função do sistema eleitoral o estabelecimento dos meios para que os diversos grupos sociais sejam representados e as relações entre representantes e representados se fortaleçam. Importante lembrar que um sistema eleitoral pode ser alterado de acordo com o contexto histórico, político e social. É essencial o entendimento dos sistemas eleitorais em um regime democrático como no Brasil. De acordo com a Constituição Federal de 1988, são utilizados no Brasil os sistemas majoritário e proporcional. Sistema majoritário: vence a eleição o candidato que obtiver a maioria absoluta (metade dos votos dos integrantes do corpo eleitoral mais um voto) dos votos. e a relativa ou simples (candidato que alcançar o maior número de votos em relação aos seus concorrentes). Esse sistema é utilizado para escolha de representantes do Senado Federal e do Poder Executivo, como presidente da República, governadores de estado e prefeitos de municípios, todos com os seus respectivos vices. Para garantir a obtenção dessa maioria num sistema pluripartidário, a eleição para representantes do Executivo se realiza em dois turnos. O primeiro disputado pela totalidade dos candidatos, e o segundo disputado apenas pelos dois candidatos mais bem colocados no primeiro pleito. O segundo turno só se realiza caso nenhum candidato atinja a maioria absoluta no primeiro turno da eleição Sistema proporcional: a representação se dá na mesma proporção da preferência do eleitorado pelos partidos políticos. Tal espécie é capaz de refletir os diversos pensamentos e tendências existentes no meio social, já que possibilita a eleição de quase, se não todos, os partidos políticos, observadas as suas representatividades. Pode ocorrer de duas formas: lista aberta ou lista fechada. O de lista aberta, utilizado no Brasil, é aquele em que os eleitores escolhem diretamente seus candidatos. Já o de lista fechada é aquele em que o eleitor vota apenas no partido político, e este se 25 encarrega de selecionar, por uma votação de lista, os candidatos que efetivamente ocuparão os mandatos eletivos. Plebiscitos e referendos São consultas ao povo para decidir sobre matéria de relevância para a nação em questões de natureza constitucional, legislativa ou administrativa. Plebiscito: convocado antes da criação do ato legislativo ou administrativo que trate do assunto em pauta. Referendo: convocado posteriormente, cabendo ao povo ratificar ou rejeitar a proposta. Processo eleitoral no Brasil É organizado pela Justiça Eleitoral (JE), em nível municipal, estadual e federal. Na esfera federal, a JE possui como órgão máximo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A Justiça Eleitoral organiza, fiscaliza e realiza as eleições regulamentando o processo eleitoral, examinando as contas de partidos e candidatos em campanhas, controlando o cumprimento da legislação pertinente em período eleitoral e julgando os processos relacionados com as eleições. Urna eletrônica: microcomputador de uso específico para eleições, composto por dois terminais - o terminal do mesário, onde o eleitor é identificado e autorizado a votar e o terminal do eleitor, onde é registrado numericamente o voto Partidos Políticos Entidade formada pela livre associação de pessoas, com uma ideologia em 26 comum, cujas finalidades são assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e defender os direitos humanos fundamentais. Cada filiado encontra-se ligado a outro por princípios filosóficos, sociais e doutrinários, os quais promete respeitar, constituindo esses pressupostos a lealdade partidária. Os partidos, em um contexto democrático, são importantes ferramentas para identificar o que pode se esperar de um candidato ou de um governo. Nem todos têm o conhecimento ou o tempo necessário para realizar as pesquisas e construir uma opinião acurada sobre o comportamento de um político eleito. O partido, enquanto agremiação que professa valores, ideologias e propostas ao público, serve também como meio de facilitar ao eleitorado o contato e a formação de preferências em relação à política. Atualmente o Brasil possui 33 partidos registrados no TSE. 27 2. 3 - Regionalização do território Regionalizar significa subdividir um território em duas ou mais áreas, estabelecendo assim regiões com base em critérios que considerem características históricas, culturais e socioeconômicas, que proporcionam um caráter de individualidade à região, diferenciando-se das demais. É necessário ressaltar que as regiões não são inalteráveis. Devido ao dinamismo político, social, econômico e ambiental do espaço geográfico, ocorrem mudanças nas características do território e os seus limites e mesmo suas especificidades podem se modificar, podendo gerar novas regionalizações. O órgão responsável pela elaboração regionalização oficial do território brasileiro é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa divisão tem, entre outras finalidades, a acúmulo e a divulgação de dados estatísticos que facilitem o planejamento, a integração nacional e a redução das desigualdades entre as regiões do Brasil. 28 Os complexos regionais A regionalização por complexos regionais nos ajuda a entender a divisão inter- regional do trabalho no país, porém não é oficial. São as regionalizações por regiões geoeconômicas e segundo o meio técnico-científico e informacional. Em 1964, o geógrafo Pedro Pinchas Geiger elaborou uma proposta de regionalização baseada nos aspectos geoeconômicos, relacionados ao processo histórico de formação do território brasileiro, levando em consideração, especialmente, os efeitos da industrialização. Essa regionalização proporciona a compreensão das relações sociais e políticas do país, pois associa os espaços de acordo com suas semelhanças econômicas, históricas e culturais. De acordo com Geiger, são três as regiões geoeconômicas: Amazônia, Centro- Sul e Nordeste. Os complexos regionais não se limitam apenas às fronteiras entre os Estados, diferente da proposta pelo IBGE, portanto, um estado pode pertencer a mais de uma região. A região geoeconômica Amazônia é a maior delas e a que possui o menor número de habitantes do país. Na economia, predominam o extrativismo animal, vegetal e mineral. Destacam-se também o polo petroquímico da Petrobras e a Zona Franca de Manaus. A região geoeconômica Centro-Sul é a que possui a economia mais poderosa do país. O Centro-Sul é o principal destino de migrantes de diversos pontos do país e onde se encontra cerca de 70% de toda a população brasileira. Possui a economia mais diversificada, baseada na agricultura de exportação e, principalmente, na indústria. A região geoeconômica do Nordeste é historicamente a mais antiga do Brasil. É também a mais pobre das regiões, e a que apresenta alguns dos mais graves problemas sociais. Nas últimas décadas, estão ocorrendo mudanças estruturais nas atividades produtivas dessa região. Muitas indústrias que saíram do Sudeste escolheram essa região graças aos incentivos governamentais, como descontos ou isenção nos impostos. Além disso, vêm surgindo grandes polos de desenvolvimento fomentados pelo Estado, como Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). A partir do conceito de “meio técnico científico informacional”,os geógrafos Milton Santos e Maria Laura Silveira propuseram outra regionalização do espaço, considerando o princípio de que as técnicas, as informações e os capitais distribuem-se desigualmente pelo território brasileiro, determinando quatro regiões. A Região Amazônica caracteriza-se por baixas densidades demográficas e técnicas. A Região Nordeste foi a primeira a ser povoada, apresentando agricultura menos mecanizada que a Região 29 QUESTÕES 1. CEBRASPE (CESPE) - Analista de Gestão de Resíduos Sólidos (SLU DF)/ Geografia/2019 Nenhum conceito é neutro, e qualquer criação de região, mesmo que não tenha uma evidência empírica no nosso espaço de vivência e que esteja vinculada mais diretamente a dilemas de ordem teórica, não é mera representação/generalização enquanto instrumento (necessário) para o entendimento do mundo; é também criação de realidades — e, assim, de alguma forma, instrumento de poder, pois novos conceitos também carregam, sempre, ainda que tantas vezes de forma velada, a força de produzir (outras) verdades. Rogério Haesbaert. Regional-global: dilemas da região e da regionalização na geografia contemporânea. Rio de Janeiro: Bertrand, 2010, p. 183 (com adaptações). Com referência ao assunto do fragmento de texto apresentado, julgue o seguinte item, considerando concepções epistemológicas para os conceitos de região e regionalização. A regionalização brasileira em regiões geoeconômicas seguiu o critério de delimitação de fronteiras estatais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dividindo-se o Brasil em três macrorregiões. ( ) CERTO ( ) ERRADO 2. CEBRASPE (CESPE) - Professor de Educação Básica (SEDF)/Geografia/2017 Com relação aos processos de regionalização no Brasil e no mundo, julgue o item subsequente. Na década de 40 do século XX, quando se estabeleceram as primeiras divisões regionais oficiais, o sudoeste industrial exercia amplo domínio sobre as demais regiões do Brasil. ( ) CERTO ( ) ERRADO Centro-Oeste, onde a agricultura é intensamente produtiva e moderna. Por fim, a Região Concentrada é a mais povoada, industrializada e conta com melhor infraestrutura de transporte, comércio, reunindo os principais meios técnicos e concentrando as finanças do país. 30 3. CEBRASPE (CESPE) - Professor de Educação Básica (SEDF)/Geografia/2017 No atual período histórico, caracterizado pela forte internacionalização do modo de produção capitalista, importantes transformações de ordem técnica, política e econômica têm promovido intensa reestruturação produtiva e regional do Brasil e do mundo. A intensificação do poder das empresas transnacionais sobre o espaço mundial é uma dessas manifestações. Iná Elias de Castro. Política pública e conflito no espaço urbano. In: GEOgraphia, ano 18, n.º 36, 2016 (com adaptações). Considerando esse texto, julgue o item a seguir. A divisão regional do Brasil em cinco macrorregiões de planejamento é uma referência para o ensino de geografia atualmente. Entretanto, para a compreensão das dinâmicas atuais de uso e reorganização do território nacional, é necessário abordar as novas regionalizações, como a divisão por complexos regionais (Amazônia, Nordeste e Centro-Sul) e a divisão em quatro regiões (Concentrada, Centro-Oeste, Amazônia e Nordeste). ( ) CERTO ( ) ERRADO 4. CEBRASPE (CESPE) - Soldado (PM CE)/2012 Várias foram as propostas de alteração no quadro territorial das unidades da Federação desde o período colonial. A mais conhecida é a da mudança da capital nacional para o interior, efetivada em 1960 com a inauguração de Brasília e a instauração do novo Distrito Federal. Considerando esse assunto e aspectos a ele relacionados, julgue o item a seguir, acerca do território brasileiro e sua atual estrutura político- administrativa. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) delimitou as regiões geográficas, dividindo-as, por exemplo, em mesorregiões, que se subdividem microrregiões. ( ) CERTO ( ) ERRADO 5. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2016 No ano em que ocorreu, a campanha das Diretas Já mobilizou milhares de pessoas, mas, naquele mesmo ano, a mobilização foi logo frustrada, retardando-se com isso o avanço da democracia representativa. Em seguida, assistiu-se no país à nova mobilização da sociedade, agora voltada para a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Ou, melhor dizendo, de um Congresso Constituinte. Aí, até a redação final e aprovação da Constituição de 1988, de tudo se discutiu. A Constituição 31 resultante, apesar de tudo, representou o marco de um novo período da história do Brasil contemporâneo. Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: Senac São Paulo, 2008, p. 872 (com adaptações). Considerando a abrangência histórica do período a que o texto anterior se refere, julgue o item que se segue. Talvez movidos pelo sentido de repulsa ao autoritarismo do qual o país acabara de sair, em processo semelhante ao que conduziu os trabalhos constituintes de 1946, os congressistas que elaboraram a Carta de 1988 enfatizaram a defesa das liberdades públicas, mas praticamente passaram ao largo dos direitos e garantias individuais e coletivos, possivelmente por terem seguido à risca texto preliminar produzido por uma comissão de juristas nomeada pelo presidente da República. ( ) CERTO ( ) ERRADO 6. CEBRASPE (CESPE) - Especialista em Desenvolvimento Humano e Social (SEGER ES)/2011 A transição do regime militar ao poder civil foi longa e difícil, culminando na eleição indireta de Tancredo Neves. Os primeiros anos da Nova República foram marcados pela crise econômica e pelos trabalhos constituintes, dos quais resultou a Constituição Federal de 1988. Depois de sucessivas tentativas fracassadas, o Plano Real, de 1994, conseguiu controlar o alto índice de inflação, dar valor à moeda e estabilizar a economia. A regularidade do calendário eleitoral, com os eleitores indo às urnas a cada dois anos, atesta o crescente amadurecimento da democracia política no Brasil. Considerando essas informações, julgue o item a seguir, relativo à história do Brasil contemporâneo. A Constituição Federal de 1988 é o marco jurídico-político da nova ordem democrática implantada no país, cuja principal característica é a defesa da cidadania. ( ) CERTO ( ) ERRADO 7. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2016 País de território misto, marcado a um só tempo pela continentalidade e maritimidade, o Brasil tem, na análise dos clássicos da teoria geopolítica relacionados ao poder naval (Mahan) e na da teoria do poder terrestre (Mackinder), importantes questões para a discussão de uma visão estratégica contemporânea, em um contexto 32 em que há um importante aumento da estrutura política e econômica do país no cenário mundial. Ronaldo Gomes Carmona. Geopolítica clássica e geopolítica brasileira contemporânea: Mahan e Mackinder e a “grande estratégia” do Brasil para o Século XXI. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2012 (com adaptações). Tendo como referência inicial o trecho do texto de Ronaldo G. Carmona, julgue o item seguinte, acerca de continentalidade, maritimidade e geopolítica brasileira no século XXI. A vasta extensão territorial do Brasil, que corresponde a 47% do território sul-americano, indica a necessidade de segurança das fronteiras com seus países vizinhos, de responsabilidade dos órgãos de segurança pública, da Secretaria da Receita Federal e das forças armadas. ( ) CERTO ( ) ERRADO 8. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2016 O fato de o Brasil possuir um vasto litoral com importantes reservas de recursos naturais é, por si só, indicativo de que o país deve investir na força naval de defesa de seu território oceânico.( ) CERTO ( ) ERRADO 9. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2016 A Política de Defesa Nacional destaca a importância do controle e defesa dos chamados ativos estratégicos do Brasil: fontes de água doce e de energia, biodiversidade, imensas reservas de recursos naturais e extensas áreas a serem incorporadas ao sistema produtivo nacional. ( ) CERTO ( ) ERRADO 10. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2004 A Amazônia que você aprendeu na escola não existe mais. Hoje, você procura uma aldeia de índios e encontra uma fábrica ou uma fazenda moderna. Onde só tinha mato 10 anos atrás, agora você pode ser atropelado. A partir das ideias do texto acima, julgue o seguinte item. A instabilidade política na Amazônia internacional impulsionou projetos voltados 33 para a segurança da faixa de fronteiras na Amazônia brasileira. ( ) CERTO ( ) ERRADO GABARITO COMENTADO 1. ERRADO O geógrafo brasileiro Pedro Pinchas Geiger desenvolveu a regionalização do território brasileiro em regiões Geoeconômicas em 1967, baseando-se no processo histórico de formação do território os nos efeitos da industrialização, definindo três regiões: Amazônia, Centro-Sul e Nordeste. 2. ERRADO A região sudoeste não existia na primeira divisão regional oficial do Brasil, proposta pelo IBGE em 1942. 3. CERTO Essas novas regionalizações proporcionam uma melhor análise do desenvolvimento econômico do Brasil, além de permitir um estudo mais aprofundado das causas da desigualdade social no país. 4. CERTO O IBGE trabalha com a noção de mesorregiões e microrregiões para compreender melhor as dinâmicas sociais em torno de espaços mais específicos, possibilitando a observação das transformações sociais e produtivas ocorridas nessas áreas. 5. ERRADO A Constituição de 1988 foi inclusiva em relação aos direitos e garantias individuais e coletivas, consagrando-os, inclusive, como cláusulas pétreas, possibilitando uma grande expansão dos direitos individuais e coletivos. 6. CERTO 34 A Constituição Federal de 1988 foi a mais progressista já produzida, justamente devido aos anseios de uma sociedade que acabara de sair de uma ditadura militar. 7. CERTO Esta vasta extensão das fronteiras terrestres do Brasil necessita de maior responsabilidade dos órgãos de segurança pública, da Secretaria da Receita Federal e das forças armadas, no intuito de garantir a soberania nacional e controlar o crime organizado. Porém, para que isso ocorra, é necessário investimentos maciços. 8. CERTO O país deve investir na força naval de defesa de seu território oceânico, principalmente devido às riquezas minerais existentes na plataforma oceânica brasileira, como a camada de petróleo do pré-sal. 9. CERTO É de extrema importância uma Política de Defesa Nacional com o controle e proteção dos ativos estratégicos citados na questão, devido às importantes reservas de recursos naturais e biodiversidade do país. 10. CERTO Os projetos voltados para a segurança da faixa de fronteiras na Amazônia brasileira foram desenvolvidos pelo governo brasileiro com o objetivo de povoamento e desenvolvimento econômico, visando uma efetiva ocupação para garantir a soberania nessa faixa de fronteira. 35 3. DIVISÃO INTER-REGIONAL DO TRABALHO E DA PRODUÇÃO NO BRASIL 3.1 Os setores da economia Para entender um tema tão complexo quanto é a economia, precisamos definir conceitos para que possamos de forma mais didática entender as diferenças entre as diversas atividades e processos que compõe um sistema econômico. Um destes conceitos diz respeito ao que chamamos setores da economia. Os setores da economia podem ser entendidos como grandes áreas ou segmentos em que se dividem as atividades econômicas desenvolvidas pelas empresas e pela sociedade. Essa diferenciação é feita por meio de três setores, os quais agregam empresas, negócios e postos de trabalhos semelhantes em sua forma de execução e/ou em seu propósito final. Essa forma de divisão da produção econômica de um determinado nível territorial é muito útil para se conhecer o perfil socioeconômico daquele espaço (que pode ser um país, estado ou município) e até mesmo para a elaboração de políticas públicas voltadas para a geração de empregos, de recuperação econômica e de desenvolvimento, por exemplo. Por meio da setorização das atividades econômicas, é possível identificar onde está alocada a mão de obra de um território e compreender a composição do seu Produto Interno Bruto (PIB) com base na produção econômica ou entender a divisão inter-regional do trabalho e da produção no Brasil. O setor primário da economia é aquele formado pelas atividades que extraem matéria-prima diretamente da natureza, trabalhando, assim, com recursos naturais ou produtos primários. Temos, com isso, os seguintes ramos produtivos que compõem esse segmento: agricultura, pecuária, pesca, extrativismo mineral e extrativismo vegetal. Considera-se também que o processo de embalagem e transferência de mercadorias originárias desse setor, para o mercado ou para as indústrias processadoras, faça parte do setor primário. Destaca-se, ainda, que é oriunda desse setor grande parte dos produtos utilizados como matéria-prima nas indústrias de transformação. O setor secundário da economia envolve as distintas atividades industriais praticados em diversos ramos e localidades. A maior parcela das indústrias que compõem esse segmento se utiliza das matérias-primas fornecidas pelo setor primário. Integram o secundário as indústrias de bens de consumo, de bens de produção ou de base, e as indústrias extrativas. 36 Em suma, pode-se dizer que o setor secundário é formado por fábricas dedicadas à produção nas seguintes áreas: automobilística, naval e aeronáutica; metalúrgica e siderúrgica; têxtil; alimentícia e de bebidas; papel e celulose; química e petroquímica; maquinários; construção civil; equipamentos eletrônicos e de informática, entre outras. Podemos conceituar o setor terciário da economia como aquele que reúne todas as atividades referentes aos serviços prestados por empresas e pessoas, incluindo também o comércio. Esse segmento é bem mais abrangente do que os dois descritos anteriormente, e abarca os mais diversos tipos de profissionais, sejam prestadores formais de serviços, sejam trabalhadores informais. Entre os profissionais que fazem parte deste setor podem ser citados professores, pesquisadores, advogados, comerciantes, mecânicos, agentes de viagem e turismo, vendedores, atendentes, motoristas, garçons, atendentes de telemarketing, desenvolvedores, profissionais do entretenimento e cultura, e muitos outros que atuam prestando algum tipo de serviço para um consumidor direto. Compõe também setor terciário da economia a administração pública e todos os serviços inerentes à esta esfera, como saúde, educação, defesa e limpeza urbana, entre outros. Além disso, não podemos nos esquecer de que turismo, finanças, transportes e o ramo imobiliário são também pertencentes ao terceiro setor da economia. O terciário é hoje o principal segmento econômico quando se trata da economia em escala mundial e também em escala nacional, levando em consideração uma análise pormenorizada do PIB e da composição da mão de obra em diversos países. O setor terciário responde na atualidade por cerca de 60% do PIB mundial e absorve metade da mão de obra total. 37 No Brasil, o setor terciário é responsável por quase três quartos da economia. Excetuando-se a administração pública, educação, defesa e saúde, o IBGE mostra que esse segmento responde por 55,61% da composição do PIB nacional. A prevalência desse setor caracteriza o que se convencionou chamar de terciarização da economia, processo que se dá em escala global. 3.2 - Principaisatividades econômicas nas regiões brasileiras atualmente Região Sudeste O processo de industrialização no Brasil tem seu auge nos anos 1950, sendo iniciada de forma ainda tímida, décadas antes, na região Sudeste. Esse auge atingiu, principalmente, essa região de forma positiva, pois era nela que estavam as melhores condições em infraestrutura para a instalação de fábricas e aglomerados industriais, além do acúmulo de capital propiciado pela produção cafeeira no século anterior. Nos estados da região Sudeste do Brasil existe hoje um grande parque industrial, principalmente em São Paulo, na região metropolitana (região do ABC Paulista — Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano, cidades industriais), e no Rio de Janeiro, com a indústria petrolífera. Na região também existem importantes recursos minerais, como o ferro e o manganês, encontrados em Minas Gerais, no Quadrilátero Ferrífero. Esses minerais são exportados para o mundo todo via Porto de Tubarão, no Espírito Santo. Petróleo, cana-de-açúcar e sal marinho também são importantes recursos para a economia da região. Hoje o estado do Rio de Janeiro é o maior produtor de petróleo do país, seguido pelo Espírito Santo, e o segundo maior de sal, atrás do Rio 38 Grande do Norte. O estado de São Paulo possui o maior cultivo de cana do país, sendo destaque internacional, pois o Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, atrás dos Estados Unidos. Região Sul Na região Sul do Brasil, existem atividades de destaque em vários setores econômicos brasileiros. Por ser uma região bem desenvolvida no aspecto tecnológico e industrial, são muito comuns áreas em que esses dois aspectos se unem, como na criação de animais em larga escala. A região Sul se destaca e é líder na criação de suínos e aves no Brasil, tendo os maiores rebanhos nas duas categorias, de acordo com o Sistema IBGE de Recuperação Automática (Sidra). As condições climáticas da região, de clima mais ameno, assim como o solo fértil favorecem a agricultura, com destaque para a produção de milho no Paraná, de maçãs no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, além do cultivo da uva, que é marcante no nordeste rio-grandense. Já as atividades industriais estão em geral relacionadas à produção de matéria-prima, como têxteis, lacticínios, frigoríficos, grãos etc. O estado mais industrializado é o Rio Grande do Sul, com grandes complexos industriais na região metropolitana de Porto Alegre. 39 Região Nordeste Na região Nordeste, primeira região a ser ocupada no território brasileiro, o destaque econômico fica para a Zona da Mata, que corresponde às áreas litorâneas, desde o Rio Grande do Norte até o sul da Bahia. Essa sub-região possui a maior concentração de pessoas, tendo o maior número de grandes cidades e de metrópoles, como Salvador e Recife. Dentre as atividades econômicas de destaque, é possível citar o turismo, os centros comerciais e feiras de comércio (como a de Caruaru/PE), a produção de petróleo (tanto em terra quanto mar, na plataforma continental), a produção de sal marinho (Rio Grande do Norte) e as atividades industriais, com destaque para o polo industrial de Camaçari, no litoral baiano. Destaca-se também a produção de cacau na Bahia, responsável por mais de 60% da produção dessa fruta no Brasil. 40 Região Centro-Oeste Já nos estados do Centro-Oeste, destaca-se o estado do Mato Grosso (MT), que conta com a forte presença pecuarista na economia. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2018, o Brasil contava com 213.523.056 cabeças de gado bovino. Desse total, 73.838.400 localizavam-se no Centro-Oeste, sendo mais de 30 milhões só no Mato Grosso. No geral, a criação é intensiva e extensiva, ou seja, há presença de tecnologia e gado confinado, como há criação do gado solto. Geralmente, a pecuária extensiva é praticada nas áreas do Pantanal mato-grossense, sendo a pecuária intensiva bastante comum em Goiás e no Mato Grosso do Sul. O cultivo de soja também é importante atividade, principalmente no Mato Grosso, estado brasileiro que é o maior produtor nacional deste grão. Segundo a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), na safra 2021 a área plantada de soja no estado seria superior a 10 milhões de hectares, com produção de mais de 35 milhões de toneladas do grão. As indústrias estão presentes, principalmente, em Goiás e no sul de Mato Grosso do Sul devido à proximidade com o Sudeste. No estado goiano, podemos destacar três grandes centros industriais da região: Anápolis, com o Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia); Aparecida de Goiânia, que possui o Distrito Agroindustrial de Aparecida de Goiânia (Daiag); e a capital Goiânia, com importantes indústrias do ramo farmacêutico e de bebidas. 41 Região Norte Na região Norte do Brasil, o Estado teve papel indutor criando órgãos governamentais responsáveis pelo seu estímulo econômico na década de 1960. Dentre eles podemos destacar a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). A Zona Franca corresponde a um grande polo industrial, idealizado em 1967 e localizado em Manaus, que abriga grandes multinacionais, propiciando um enorme desenvolvimento industrial e geração de empregos para a região. Esse polo de desenvolvimento regional concentra três tipos de atividades: comercial, agropecuária e industrial (a mais forte de todas). De acordo com a Suframa, existem mais de 600 indústrias no polo e uma geração de mais de 500 mil empregos, diretos e indiretos. As áreas de produção industrial que se destacam são: eletroeletrônicos, motocicletas e química. 42 Imagem: principais setores industriais no Brasil. 43 QUESTÕES 1.CEBRASPE (CESPE) - Professor (Pref São Cristóvão)/Geografia/ Educação Básica/2019 A invenção e a difusão das máquinas e a elaboração de formas de organização mais complexas permitiram outros usos do território. Novas geografias desenham-se, sobretudo a partir da utilização de prolongamentos não apenas do corpo do homem, mas do próprio território, constituindo verdadeiras próteses. O período técnico testemunha a emergência do espaço da industrialização e da mecanização agrícola. São as lógicas e os tempos humanos impondo-se à natureza, situações em que as possibilidades técnicas presentes denotam os conflitos resultantes da emergência de sucessivos meios geográficos. Milton Santos e María Laura Silveira. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 7.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 31 (com adaptações). A respeito da dinâmica socioeconômica do território brasileiro, julgue o item que se segue. A espacialidade industrial brasileira concentrou-se na região Sudeste devido à infraestrutura regional, que havia sido implantada desde o século XIX com a produção de café iniciada nesse período. ( ) CERTO ( ) ERRADO 2.CEBRASPE (CESPE) - Oficial de Inteligência/Área 1/2018 Julgue o próximo item, relativo à industrialização e à integração do Brasil ao processo de internacionalização da economia. Com a desconcentração da indústria paulista, as principais regiões metropolitanas nordestinas (Salvador, Recife, Fortaleza e São Luís) tornaram-se novas aglomerações industriais, devido a algumas condições básicas: situação geográfica adequada para a implantação de indústrias em razão da proximidade de rotas de comércio internacional; e aumento do número de empregos industriais diretos e indiretos com mão de obra barata e qualificada. ( ) CERTO ( ) ERRADO 3.CEBRASPE (CESPE) - Oficial de Inteligência/Área 1/2018 Julgue o próximo item, relativo à industrialização e à integração do Brasil ao processo de internacionalização da economia. O Brasil, potência regional na economia do mundo, integra redes de produção e consumo em escala global, principalmentenos setores de produção de soja, minério de ferro, óleos brutos de petróleo, automóveis de passageiros e açúcar de cana bruto. 44 ( ) CERTO ( ) ERRADO 4. CEBRASPE (CESPE) - Agente de Inteligência/2018 Com referência à divisão inter-regional do trabalho e da produção no Brasil, julgue o item a seguir. A Zona Franca de Manaus é uma concentração industrial que, apesar de distar dos grandes centros urbanos e consumidores do centro-sul do país, se articula a praticamente todo o território nacional, ilustrando o processo de privatização do território por meio do uso privado de recursos públicos. ( ) CERTO ( ) ERRADO 5. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2012 O Brasil, que sempre se caracterizou pela existência, em uma região ou em outra, de fronteira de povoamento, viu, com o processo de industrialização do campo, o aparecimento de fronteiras de modernização nas quais se verificaram profundas transformações socioespaciais. Ambos os tipos de fronteira suscitam novos centros de comercialização e beneficiamento de produção agrícola, de distribuição varejista e prestação de serviços ou, em muitos casos, de centros que já nascem como reservatórios de uma força de trabalho temporária. R. L. Corrêa. Estudos sobre a rede urbana. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2006, p. 323 (com adaptações). A partir das informações apresentadas no texto acima, julgue (C ou E) o item seguinte. A implantação, na região amazônica, de atividades industriais e agrárias exploradas por empresas públicas e privadas exemplifica o processo de desenvolvimento descrito no texto. ( ) CERTO ( ) ERRADO 6. CEBRASPE (CESPE) - Agente de Inteligência/2008 A distribuição espacial da indústria no Brasil tem passado por transformações em decorrência da evolução das infraestruturas de transporte e comunicação. Acerca dessa dinâmica instaurada, julgue o próximo item. O Estado contribuiu para o processo em curso de descentralização da produção industrial no território brasileiro por meio de políticas de desenvolvimento regional, 45 como, por exemplo, disponibilizando energia. ( ) CERTO ( ) ERRADO 7. CEBRASPE (CESPE) - Agente de Inteligência/2008 A distribuição espacial da indústria no Brasil tem passado por transformações em decorrência da evolução das infraestruturas de transporte e comunicação. Acerca dessa dinâmica instaurada, julgue o próximo item. Uma das consequências da desconcentração espacial da indústria no Brasil foi a aceleração do crescimento das metrópoles nacionais, o que promoveu as invasões urbanas e a criação de periferias nas cidades. ( ) CERTO ( ) ERRADO 8. CEBRASPE (CESPE) - Oficial de Inteligência/2008 Ainda em meados do século XX, o Brasil era composto de manchas de adensamento econômico isoladas entre si e orientadas para o mercado exterior, o que revelava sua feição espacial herdada de um processo de ocupação que deixou marcas diferenciadas no extenso território nacional, conforme se desdobravam, com grande descontinuidade temporal e geográfica, os diversos ciclos econômicos voltados para a exportação. IBGE. Brasil em números, v. 14, 2006, p. 45 (com adaptações). Acerca da organização do espaço brasileiro e das atividades econômicas desenvolvidas no território nacional, julgue o item subsequente. Sobre a “feição espacial herdada de um processo de ocupação”, a industrialização promoveu a desconexão entre as regiões brasileiras, acentuando a supremacia econômica do Sudeste. ( ) CERTO ( ) ERRADO 9. CEBRASPE (CESPE) - Oficial de Inteligência/2008 Com relação ao processo de modernização agrícola brasileira e suas implicações, julgue o item subsequente. O desenvolvimento agrícola ocorrido no Brasil coloca-o como provedor de bens primários para o mercado mundial, já que o país apresenta incipiente nível de industrialização. ( ) CERTO ( ) ERRADO 46 10. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2008 A análise da dinâmica da modernização da agricultura brasileira é importante para o entendimento da sociedade do Brasil contemporâneo. A esse respeito, julgue (C ou E) o item subsequente. O fato de as indústrias deixarem de se concentrar no sudeste do Brasil tem relação com o processo de modernização da agricultura brasileira. ( ) CERTO ( ) ERRADO 11. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2008 O padrão locacional da indústria ao longo da industrialização brasileira foi centrípeto, concêntrico e hierárquico, seguindo a tendência de industrialização das economias capitalistas avançadas em explorar vantagens de escala da concentração espacial. Lemos et al. A organização territorial da indústria no Brasil. IPEA, 2005. Com relação às indústrias no Brasil, julgue (C ou E) o item seguinte. A industrialização brasileira conheceu um processo de dispersão que, por ter ocorrido de forma ordenada, evitou a metropolização dos novos centros industriais. ( ) CERTO ( ) ERRADO 12. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2008 O padrão locacional da indústria ao longo da industrialização brasileira foi centrípeto, concêntrico e hierárquico, seguindo a tendência de industrialização das economias capitalistas avançadas em explorar vantagens de escala da concentração espacial. Lemos et al. A organização territorial da indústria no Brasil. IPEA, 2005. Com relação às indústrias no Brasil, julgue (C ou E) o item seguinte. O desenvolvimento da indústria e da agroindústria resultou na diferenciação e especialização do espaço regional brasileiro por meio da criação de novas estruturas produtivas, como observado na Amazônia brasileira. ( ) CERTO ( ) ERRADO 47 13. CEBRASPE (CESPE) - Oficial de Inteligência/Código 11/2004 No final do século XX, a economia capitalista mundializada produziu uma segmentação geoeconômica atestada na formação de blocos econômicos. O quadro atual é resultado de vários desdobramentos não só econômicos, mas sociais e culturais. Nesse contexto, julgue o item subsequente. Os principais produtos de exportação (commodities) do Brasil são insumo básico para vários ramos industriais, como é o aço, razão por que as barreiras protecionistas não constituem problema para o comércio exterior brasileiro. ( ) CERTO ( ) ERRADO 14. CEBRASPE (CESPE) - Analista I (IPHAN)/Área 2/2018 A dimensão continental do Brasil; a unidade territorial construída na sua formação econômica e política sobre uma grande diversidade social; a grande heterogeneidade de sua economia; o tempo histórico diferenciado da formação, consolidação e declínio ou transformação dessas economias regionais, com a constituição do “arquipélago regional” que foi posteriormente articulado e integrado, propiciam o surgimento de agudas “questões regionais”, que requerem estudos que busquem compreender a lógica do desenvolvimento e das relações entre essas várias economias espaciais que constituem uma só economia nacional. L. G. Neto e C. A. A. Brandão. Formação econômica do Brasil e a questão regional. Internet: <www.ufpa.br> (com adaptações). Tendo como referência o texto precedente, julgue o item seguinte, a respeito de questões regionais e dos contrastes delas derivados. O vale do São Francisco se destaca por seu potencial econômico, sendo reconhecido como um grande produtor de frutas do país. ( ) CERTO ( ) ERRADO 15. CEBRASPE (CESPE) - Analista Legislativo (CAM DEP)/Consultor Legislativo/Área X/2002 Pela primeira vez na história humana, a maioria das populações no mundo vive em cidades. No Brasil, como em outros países, o fenômeno da urbanização reveste-se de características particulares. A respeito desse assunto, julgue o item seguinte. Frutoda modernização e da industrialização vividas pelo país nas últimas décadas, a urbanização diminuiu as disparidades socioeconômicas do espaço intraurbano e levou ao aumento das disparidades entre as regiões brasileiras. ( ) CERTO ( ) ERRADO 48 GABARITO COMENTADO 1. CERTO. A economia cafeeira tornou-se o motor da economia nacional na segunda metade do século XIX, proporcionando a estruturação econômica, política, logística e social do estado de São Paulo, possibilitando acúmulo de capitais. A crise de 1929 afetou os grandes cafeicultores, e a saída foi o investimento na industrialização. As novas indústrias que surgiram nesse período (Era Vargas) estabeleceram-se principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro, criando uma concentração industrial. 2. ERRADO. Realmente ocorreu o aumento do número de empregos industriais diretos e indiretos com mão de obra barata, porém caracterizada como não qualificada. Em relação às principais regiões metropolitanas nordestinas, foram mesmo favorecidas pela desconcentração da indústria de São Paulo e diversas empresas acabaram se estabelecendo nessas cidades. A situação geográfica adequada para a implantação de indústrias em razão da proximidade de rotas de comércio internacional contribuiu para esse processo, juntamente com os incentivos fiscais oferecidos pelos governos. 3. CERTO. O Brasil aparece no mercado internacional como grande exportador de commodities agrícolas e minerais, óleos brutos de petróleo e automóveis de passageiros, fazendo do país uma potência regional na economia do mundo. 4. CERTO. A Zona Franca de Manaus é realmente uma concentração industrial que, apesar de distar dos grandes centros urbanos e consumidores do centro-sul do país, se articula a praticamente todo o território nacional, cumprindo os objetivos traçados na sua criação, que eram fomentar o desenvolvimento regional na Amazônia, garantir a soberania nacional, promover a interiorização do país e interligar a região Norte as demais porções do território nacional. O estabelecimento de fábricas na região representa o processo de privatização do território por meio do uso privado de recursos públicos, já que o poder público criou as bases para o desenvolvimento. 5.CERTO A criação da SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) e da Zona Franca de Manaus possibilitaram as bases para o desenvolvimento econômico da região, como descrito no texto, através da dinamização da economia. 6. CERTO 49 Entre os incentivos fiscais e as melhorias de infraestrutura que as políticas de desenvolvimento regional realizadas pelo Estado promoveram, uma das mais importantes é a disponibilização de energia, contribuindo para a redistribuição espacial da indústria no território brasileiro. 7. ERRADO Foram as cidades médias que passaram pelo aumento da urbanização como uma das consequências da desconcentração espacial da indústria no Brasil. No caso das metrópoles nacionais, o processo descrito na questão ocorreu justamente pela urbanização acelerada pela industrialização e pelo êxodo rural, gerando os problemas destacados. 8. ERRADA Na verdade, foi o contrário, a industrialização promoveu a conexão entre as regiões brasileiras, diminuindo a supremacia econômica do Sudeste. A Busca por vantagens econômicas e maximização dos lucros em outros estados e regiões juntamente com as políticas de incentivos fiscais de estados e municípios e obras de melhoria da infraestrutura gerou essa desconcentração industrial, tornando as regiões mais interligadas. 9. ERRADO A industrialização do Brasil não é incipiente como afirma a questão. O país possui uma importante indústria tecnológica e uma boa participação da indústria no PIB nacional, mesmo que venha apresentando constante desindustrialização. 10.CERTO A agricultura moderna no Brasil contribuiu para o desenvolvimento de regiões do interior, principalmente através da agroindústria. Essa dinamização da economia ligada ao agronegócio contribuiu para a desconcentração industrial do Sudeste. 11.ERRADO A desconcentração da indústria brasileira ocorreu de forma desordenada e não evitou a metropolização dos novos centros industriais. As novas regiões industriais passaram pela metropolização devido aos fluxos demográficos gerados pela oferta de trabalho. 12. CERTO As estruturas produtivas da indústria e a agroindústria brasileira desenvolveram- se segundo a vocação econômica de cada região. Em relação à Amazônia especificamente, a criação da Zona Franca de Manaus proporcionou na mesma área três importantes setores econômicos: comercial, industrial e agropecuário. 50 13. ERRADO O Brasil destaca-se no cenário mundial como um grande exportador de commodities, e enfrenta barreiras protecionistas de nações mais desenvolvidas, como os EUA e países da União Europeia, que sobretaxam produtos brasileiros para favorecer sua economia interna. 14. CERTO Realmente o vale do São Francisco é um dos maiores polos produtores de frutas do Brasil, beneficiando-se de projetos de irrigação na região. 13. ERRADO A urbanização proporcionou o aumento das disparidades socioeconômicas no espaço intraurbano, pois grande parte das populações migrantes não são absorvidas pelo mercado de trabalho, aumentando a desigualdade social. Por outro lado, houve uma redução das disparidades entre as regiões brasileiras devido ao processo de desconcentração industrial que proporcionou a urbanização de outras regiões e seu crescimento econômico. 51 4. A ESTRUTURA URBANA BRASILEIRA E AS GRANDES METRÓPOLES 4.1 Espaço urbano brasileiro Existe uma ideia vigente entre os brasileiros, de que o processo de desenvolvimento dos primeiros núcleos urbanos no Brasil somente aconteceu de forma posterior a ocupação do espaço rural brasileiro. Ou seja, teriam os portugueses priorizado a ocupação e a exploração de áreas rurais em detrimento das áreas urbanas. Entretanto, apesar de sermos marcados por uma economia agrária e exportadora, percebemos que a formação de núcleos urbanos foi o primeiro modelo de ocupação do espaço colonial. Essa característica está ligada a função que as cidades tinham no processo de dominação territorial implantado pelos lusitanos. A cidade servia como um centro irradiador da cultura europeia, ao mesmo tempo que deveriam oferecer o suporte necessário para que se pudesse orientar o controle dos territórios explorados no espaço colonial brasileiro. Importante perceber que os primeiros núcleos urbanos no Brasil se concentraram nas regiões litorâneas. Isso está relacionado com a ligação entre colônia e metrópole e visava facilitar as trocas comerciais entre o território colonial brasileiro e o Velho Mundo. Com o passar do tempo, pela ação dos jesuítas e pela intensa procura pelos metais preciosos, cidades passaram a se estabelecer pelo interior do território. Diferentemente dos espanhóis, que nos países vizinhos buscavam reproduzir os meios de ocupação do espaço da metrópole na colônia, os portugueses adotaram um processo de constituição urbana com pouca ou nenhuma intervenção metropolitana. Com isso, percebemos que nossas cidades mais antigas, construídas no período colonial, obedecem ao relevo natural, constituindo nas cidades coloniais formas e traçados desordenados, que se estendiam de acordo com as necessidades imediatas de uso do espaço. Contrastando com a imagem da desordem espacial, devemos destacar que 52 as cidades desse período reuniam as instituições que tinham por função garantir o estabelecimento dos interesses metropolitanos. As igrejas, as fortificações de defesa, os centros administrativos e os redutos militares ocupavam uma posição de destaque, pois reafirmavam a presença e o domínio lusitano sobre o novo território frente a possíveis invasores. No século XVIII, vemos que o espaço colonial brasileiro já contava com algumas cidades importantes, com muitos habitantes,para os padrões da época. Neste momento, cidades como Salvador e Rio de Janeiro já abrigavam populações superiores à faixa dos 40.000 habitantes. Na região Nordeste, centros urbanos como São Luís e Recife ultrapassavam a marca dos 20.000 moradores. A desordem que caracteriza os centros urbanos do período colonial explica muito das péssimas condições de higiene da época e tem relação com outros problemas urbanos da atualidade, como por exemplo o problema das moradias precárias. Na imagem abaixo, podemos observar as habitações coletivas que eram comuns nas cidades nesta época, conhecidas como cortiços. Ali, dezenas de famílias de amontoavam em um espaço reduzido, onde era comum a falta de circulação de ar, o acúmulo de lixo e a proliferação de doenças. Embora as cidades coloniais tenham existido e se constituído como importantes centros no período colonial, a maior parte da população brasileira ainda vivia no campo. O processo de urbanização brasileira se desenvolveu de forma mais consistente a partir da segunda metade do século XIX, com o início gradativo da industrialização no país. Entretanto, foi só após a década de 1930 que a constituição e desenvolvimento do setor industrial foi se tornando mais intenso e a urbanização das regiões brasileiras foi se dando de forma mais consistente. Na segunda metade do século XX observou-se um intenso deslocamento da 53 população brasileira das áreas rurais para as grandes cidades, processo conhecido como êxodo rural. Este intenso deslocamento se dá por várias razões, ocasionado principalmente pela inserção do maquinário e de tecnologias nas atividades produtivas no meio rural, o que gerou um maior desemprego no campo e uma grande leva de migrantes em direção às grandes cidades do Brasil. No mapa a seguir é possível observar que os fluxos mais intensos de deslocamento de população se deram com entre os estados do Nordeste do Brasil rumo aos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde se localizavam a maior parte das indústrias que emergiam naquele momento. A década de 1970 marca o período em que o Brasil, pela primeira vez em sua história, passa a ter uma população majoritariamente urbana, ou seja, a maior parte dos habitantes vivia nas áreas urbanas. Atualmente, mais de 80% dos habitantes do Brasil residem em cidades, sendo a maior parte desses em grandes centros urbanos, tais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e outras. Afinal, além de um acelerado êxodo rural, a urbanização brasileira contou com um intensivo processo de metropolização — a concentração das populações nas grandes metrópoles. 54 No gráfico acima, é possível perceber que, apesar do processo de urbanização ter acontecido no país de forma geral, ou seja, com impactos em todo o Brasil, a taxa de urbanização é diferente nas 5 regiões brasileiras. A região Sudeste apresenta-se como a região brasileira mais urbanizada, com 93% de pessoas residentes em áreas urbanas, enquanto na região Nordeste, 73% vivem nas cidades enquanto 27% ainda residem em áreas rurais. O grande deslocamento rumo às grandes cidades, fez com que as cidades vizinhas também crescessem, contribuindo para a formação das metrópoles. Esse foi um dos motivos responsáveis pela desigualdade tanto em tamanho das cidades e número de habitantes quanto em níveis de avanço econômico e ofertas de infraestrutura no espaço urbano brasileiro. A região Sudeste, dessa forma, abrange a maior parte dos habitantes e possui as maiores taxas de urbanização, com destaque para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, que contam com mais de 90% de seus habitantes vivendo em cidades. O mapa abaixo destaca a capitais brasileiras, evidenciando aquelas onde se concentram a maior parte da população brasileira, notadamente Rio de Janeiro e São Paulo. É possível observar também, o grande crescimento da população das cidades brasileiras desde o ano de 1872, quando nossa maior cidade possuía menos de 275 mil habitantes, até o ano 2000, quando nossa maior cidade, São Paulo, já reunia mais de 10 milhões de habitantes. 55 Por outro lado, a região Norte e algumas áreas da região Nordeste apresentam números modestos nesse sentido. Os estados menos urbanizados do Brasil são Pará, Maranhão e Piauí, enquanto outros apresentam números pouco maiores, mas com índices populacionais baixos, o que torna suas cidades menores em termos demográficos, a exemplo do Acre e de Roraima. Outro exemplo de estado com pouca população e com elevada urbanização é Goiás, graças à grande quantidade de pessoas habitando a região metropolitana de Goiânia e o entorno do Distrito Federal. Assim como os dois estados do Sudeste acima mencionados, o território goiano é cerca de 90% composto por populações urbanas, mas o seu número total de habitantes é de apenas seis milhões e meio de pessoas aproximadamente, bem menos do que a capital paulista, que, sozinha, ultrapassa os doze milhões. A densidade populacional mais elevada na região Sudeste deve-se às heranças econômicas e estruturais herdadas dos ciclos produtivos anteriores, principalmente o período cafeeiro da história econômica brasileira. Por esse motivo, é nessa região que se encontram as duas únicas cidades globais do país, São Paulo e Rio de Janeiro, que, juntas, formam uma megalópole, ponto de intensa aglomeração urbana com níveis internacionais de alcance produtivo. Atrás das duas cidades globais em termos de hierarquia urbana estão as metrópoles nacionais, responsáveis por estabelecer articulações intensivas com praticamente todo o território nacional. São elas: Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Brasília e outras. Em um degrau abaixo na hierarquia urbana há também as metrópoles regionais, com destaque para Campinas, Cuiabá, São Luiz, entre outras. 56 57 Após os longos ciclos de urbanização, êxodo rural e metropolização vistos ao longo do século XX, o início do século XXI, sobretudo nessa segunda década, marca um gradativo processo de descentralização, com o crescimento das metrópoles de médio porte e a desmetropolização — quando as cidades médias passam a receber uma maior carga de investimentos, indústrias, empregos e habitantes. Ao mesmo tempo, é errado pensar que as grandes metrópoles do país perderam a importância, pelo contrário, suas estruturas seguem modernizando-se e, de cidades industriais, elas lentamente vão se tornando centros burocráticos, concentrando a maior parte das sedes das grandes empresas nacionais e internacionais e neste contexto, continuam sendo os centros econômicos mais importantes do país. 4.2 Hierarquia Urbana A hierarquia urbana é a maneira como as cidades organizam-se dentro de uma escala de subordinação. Na prática, isso se dá quando vilas e cidades menores subordinam-se às cidades médias, e estas se subordinam às cidades grandes. Por meio da hierarquia urbana, pode-se conhecer a importância de uma cidade e a sua relação de subordinação ou grau de influência sobre as outras cidades que estão à sua volta. Essa teoria não é elaborada apenas pela extensão territorial da cidade ou pelo seu número de habitantes que ali residem, mas fundamentalmente pela quantidade, qualidade e variedade de bens e serviços oferecidos neste espaço urbano. Quanto maior e mais diversificado o setor econômico e de serviços, maior é a sua importância no processo produtivo e maior é a sua colocação na escala de hierarquia urbana. A ideia de hierarquia urbana na atualidade está intrinsicamente vinculada ao conceito de rede urbana, que é a rede de relações econômicas, sociais e culturais que integram as cidades. 58 4.3 - Nova hierarquia urbana O esquema clássico da hierarquia urbana sofreu alterações no decorrer das últimas décadas. A principal razão é a transformação das cidades e a evolução dos meios de comunicação e transportes, que são resultados do processo de Globalização. Dessa forma, o processo de subordinação não segue mais uma escalacontínua. Em diversas situações, os habitantes de cidades menores direcionam-se diretamente a centros urbanos como metrópoles regionais ou nacionais para adquirir bens ou serviços. Essa nova realidade é fruto da flexibilização e popularização dos meios de transporte, que permitem às pessoas escolher os locais para onde querem se deslocar para adquirir os produtos dos quais necessitam, não ficando subordinadas ao centro urbano mais próximo. A hierarquia urbana é composta por estruturas categorizadas na seguinte classificação: Metrópole: cidade de maior porte que se caracteriza pelo poder de atração e influência que exerce sobre um expressivo número de cidades do seu entorno. É o centro mais importante da rede urbana, por isso, seu nível de influência pode ser classificado como regional ou nacional: Metrópole nacional: grande centro urbano, com variedade de serviços e influência sobre os centros regionais, capitais regionais e as metrópoles regionais. Metrópole regional: cidade que exerce grande influência em seu próprio estado ou no contexto regional. Geralmente, apresenta mais de um milhão de habitantes e grande concentração de pessoas. Centros regionais: são cidades médias que exercem influência em âmbito regional ou local. Podem ser ou não uma capital de estado. Normalmente são referência no desenvolvimento da produção de bens e serviços para as cidades de seu entorno e estabelecem vínculo mais próximo com as metrópoles nacionais; 59 Cidade local: cidade de pequeno porte em que sua população, muitas vezes, recorre aos centros urbanos maiores para ter acesso a bens ou serviços que não são ali oferecidos; Vila: pequeno aglomerado urbano que não foi alcançou a condição de cidade. A grande maioria dos bens e serviços não é oferecida. Necessita recorrer frequentemente a centros urbanos maiores para ter suas necessidades atendidas. 60 4.4 - A rede urbana brasileira A rede urbana brasileira está estruturada em duas dimensões: a hierarquia dos centros urbanos, dividida em cinco níveis; e as regiões de influência, identificadas pela ligação das Cidades de menor para as de maior hierarquia urbana. O elo final de cada rede são as Metrópoles, para onde convergem as vinculações de todas as Cidades presentes no Território Nacional. A unidade urbana é o conjunto formado por municípios e arranjos populacionais. Isto se deve ao fato de que a unidade funcional cidade pode vir a ser composta não apenas por um, mas por vários municípios que são indissociáveis como unidade urbana. Trata-se de municípios conurbados ou que possuem forte movimento pendular para estudo e trabalho, com tamanha integração que justifica considerá-los como um único nó da rede urbana. Desse modo, as cidades brasileiras foram classificadas, hierarquicamente, a partir das funções de gestão que exercem sobre outras cidades, considerando tanto seu papel de comando em atividades empresariais quanto de gestão pública, e, ainda, em função da sua atratividade para suprir bens e serviços para outras cidades. O alcance desse comando e atratividade no território corresponde à delimitação de sua área de influência, ou seja, quais cidades estão subordinadas a cada centralidade. Hierarquia dos centros urbanos Metrópoles - São os 15 principais centros urbanos, dos quais todas as Cidades existentes no País recebem influência direta, seja de uma ou mais Metrópoles simultaneamente. A região de influência dessas centralidades é ampla e cobre toda a extensão territorial do País, com áreas de sobreposição em determinados contatos. As Metrópoles se subdividem em três níveis: a) Grande Metrópole Nacional - o Arranjo Populacional de São Paulo/SP ocupa, isoladamente, a posição de maior hierarquia urbana do País, concentrando em seu Arranjo Populacional 21,5 milhões de habitantes em 2018 e 17,7% do Produto Interno Bruto - PIB nacional em 2016; b) Metrópole Nacional - os Arranjos Populacionais de Brasília/DF e Rio de Janeiro/RJ ocupam a segunda colocação hierárquica, também com forte presença nacional. O Arranjo Populacional de Brasília/DF contava, em 2018, com 3,9 milhões de habitantes, enquanto o do Rio de Janeiro/RJ somava 12,7 milhões na mesma data; c) Metrópole - os Arranjos Populacionais de Belém/ PA, Belo Horizonte/MG, Campinas/SP, Curitiba/PR, Florianópolis/SC, Fortaleza/CE, Goiânia/GO, Porto Alegre/ RS, Recife/PE, Salvador/BA, Vitória/ES e o Município de Manaus (AM) são as 12 Cidades identificadas como Metrópoles. A média populacional das Metrópoles é de 3 milhões de habitantes, sendo, a mais populosa, Belo Horizonte (MG) com 5,2 milhões e, as menos populosas, Florianópolis (SC) e Vitória (ES), com respectivamente 1,0 milhão e 1,8 milhão de pessoas residentes em seus Arranjos Populacionais em 2018. Campinas (SP) é a única Cidade que não é Capital Estadual a ser classificada como Metrópole. 61 Capitais Regionais - São os centros urbanos com alta concentração de atividades de gestão, mas com alcance menor em termos de região de influência em comparação com as Metrópoles. Ao todo, 97 Cidades foram classificadas como Capitais Regionais em todo o País, com três subdivisões: a) Capital Regional A - composta por nove Cidades, em geral Capitais Estaduais das Regiões Nordeste e Centro-Oeste com exceção do Arranjo Populacional de Ribeirão Preto/SP. Apresentam contingente populacional próximo entre si, variando de 800 mil a 1,4 milhão de habitantes em 2018. Todas se relacionam diretamente a Metrópoles; b) Capital Regional B - reúne 24 Cidades, geralmente, centralidades de referência no interior dos Estados, exceto pelas Capitais Estaduais Palmas/TO e Porto Velho (RO). Caracterizam-se por possuírem, em média, 530 mil habitantes, apenas com o Arranjo Populacional de São José dos Campos/SP em um patamar populacional superior (1,6 milhão de habitantes em 2018). São numerosas na Região Sul, onde se localizam 10 das 24 Capitais Regionais dessa categoria; c) Capital Regional C - possui 64 Cidades, dentre elas três Capitais Estaduais: os Municípios de Boa Vista (RR), Rio Branco (AC) e o Arranjo Populacional de Macapá/AP, todas pertencentes à Região Norte. As demais Cidades localizam-se, principalmente, na Região Sudeste, onde 30 das 64 Capitais Regionais C se encontram. A média nacional de população das Cidades dessa categoria é de 300 mil habitantes em 2018, sendo maior na Região Sudeste (360 mil) e menor na Região Sul (200 mil). Centros Sub-Regionais - Neste terceiro nível hierárquico, as 352 Cidades possuem atividades de gestão menos complexas, com áreas de influência de menor extensão que as das Capitais Regionais. São também Cidades de menor porte populacional, com média nacional de 85 mil habitantes, maiores na Região Sudeste (100 mil) e menores nas Regiões Sul e Centro-Oeste (75 mil). Este nível divide-se em dois grupos: a) Centro Sub-Regional A - composto por 96 Cidades presentes em maior número nas Regiões Sudeste, Sul e Nordeste, e média populacional de 120 mil habitantes; b) Centro Sub-Regional B - formado por 256 Cidades com grande participação das Regiões Sudeste e Nordeste, apresenta média nacional de 70 mil habitantes, maiores no Sudeste (85 mil) e menores no Sul (55 mil). Centros de Zona - As Cidades classificadas no quarto nível da hierarquia urbana caracterizam-se por menores níveis de atividades de gestão, polarizando um número inferior de Cidades vizinhas em virtude da atração direta da população por comércio e serviços baseada nas relações de proximidade. São 398 Cidades com média populacional de 30 mil habitantes, subdivididas em dois conjuntos: a) Centro de Zona A - formado por 147 Cidades com cerca de 40 mil pessoas, mais populosas na Região Norte (média de 60 mil habitantes) e menos populosas nas Regiões Sul e Centro-Oeste (ambas com média de pouco mais de 30 mil pessoas); e 62 b) Centro de Zona B - este subnível soma 251 Cidades. São de menor porte populacional que os Centros de ZonaA (média inferior a 25 mil habitantes), igualmente mais populosas na Região Norte (35 mil, em média) e menos populosas na Região Sul (onde perfazem 15 mil habitantes). Os Centros de Zona B são mais numerosos na Região Nordeste, onde localizam-se 100 das 251 Cidades nesta classificação. Centros Locais - O último nível hierárquico define-se pelas Cidades que exercem influência restrita aos seus próprios limites territoriais, podendo atrair alguma população moradora de outras Cidades para temas específicos, mas não sendo destino principal de nenhuma outra Cidade. Simultaneamente, os Centros Locais apresentam fraca centralidade em suas atividades empresariais e de gestão pública, geralmente tendo outros centros urbanos de maior hierarquia como referência para atividades cotidianas de compras e serviços de sua população, bem como acesso a atividades do poder público e dinâmica empresarial. São a maioria das Cidades do País, totalizando 4 037 centros urbanos. A média populacional dos Centros Locais é de apenas 12,5 mil habitantes, com maiores médias na Região Norte (quase 20 mil habitantes) e menores na Região Sul (7,5 mil pessoas em 2018). Essa diferença regional das médias demográficas repete o padrão apresentado pelos Centros de Zona, inclusive tendo também a Região Nordeste com o maior número Cidades neste nível hierárquico. Analisando o perfil regional de cada nível hierárquico, a maior parte das Metrópoles encontra-se na Região Sudeste, bem como os dois níveis seguintes (Capitais Regionais e Centros Sub-Regionais). Essa concentração ocorre tendo em vista que a Região Sudeste sedia grande parte das funções de gestão do País, bem como porção substancial da renda nacional. Essa renda, estando distribuída em diversas Cidades presentes na Região Sudeste, propicia a existência de mercados de nível intermediário para atender ao grande número de consumidores com renda mais elevada. Já os Centros de Zona e Centros Locais são mais numerosos na Região Nordeste, evidenciando a preponderância das relações de proximidade na organização da rede urbana dessa Região. A média da renda gerada tem níveis inferiores às da Região Sul e Sudeste e a viabilidade de manutenção de mercados intermediários é reduzida, devido ao menor poder de compra dos consumidores. 63 Regiões de influência No nível mais alto da hierarquia urbana encontram-se as 15 Metrópoles com suas respectivas regiões de influência, conectando as Cidades pertencentes a cada uma das redes urbanas. Há áreas de intersecção nas quais as Cidades recebem influência, simultaneamente, de duas ou mais Metrópoles. Ligações entre as Metrópoles A rede urbana brasileira se caracteriza por centros urbanos de menor hierarquia se ligando a centros maiores até convergirem nas 15 Metrópoles, que são nós terminais da articulação reticular. Também existem ligações entre as Metrópoles que não estão representadas na rede final, mas que existem e são hierárquicas em sua forma. As conexões entre as Metrópoles representam o agregado das ligações entre as atividades que geram fluxo. Essas atividades, localizadas em um conjunto n de Cidades, podem envolver hierarquia, como a sede de uma instituição pública e suas agências, mas também podem ser uma ligação entre iguais ou mesmo de complementares. Isso faz com que a ligação entre as Cidades não sejam, a priori, hierárquicas, porém, o resultado agregado das ligações do conjunto de atividades no conjunto de Cidades, evidencia a existência de centros urbanos de maior importância, onde há concentração dos fluxos, sendo possível, a partir de seu mapeamento, estabelecer uma hierarquia entre as Cidades. O mapa abaixo mostra as áreas de influência exercidas pelas metrópoles brasileiras, sejam elas de escala global, nacional ou regional. Neste contexto, é possível observar que as metrópoles globais como São Paulo e Rio de Janeiro exercem grande influência para além de suas fronteiras estaduais, o que dá mostra do seu grau de hierarquia urbana. 64 4.5 - Problemas urbanos nas grandes metrópoles O processo de urbanização no Brasil se intensificou a partir da década de 1950. As atividades industriais se ampliaram, trazendo cada vez mais os trabalhadores rurais para o trabalho nas cidades. Porém, este processo se deu sem um devido planejamento e teve como consequência vários problemas de ordem social. O inchaço das cidades, provocado pelo acúmulo de pessoas, e a falta de investimentos adequados em infraestrutura gera transtornos para a população urbana, principalmente aquela em situação econômica mais vulnerável. As grandes aglomerações urbanas brasileiras enfrentam diversos problemas, nos quais se destacam as questões ligadas à moradia, ao desemprego, à desigualdade social, a falta de acesso à saúde e à educação, à violência urbana e à exclusão social. O acesso à moradia digna, na qual estão presentes as condições de mínimos de infraestrutura (saneamento, asfalto, iluminação, etc.) não atinge todas as camadas da população brasileira. É cada vez mais comum o surgimento e ampliação de favelas desprovidas de serviços públicos. Outro agravante são as pessoas que não conseguem obter renda suficiente para ser destinada à habitação, e acabam utilizando as ruas da cidade como espaço de moradia. A educação oferecida pelo estado e precariamente cumprida gera vários transtornos, pois considerável parte das pessoas não conseguem obter qualificação profissional exigida por um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Disso decorre o aumento do desemprego e se ampliam as atividades do mercado informal. Os serviços públicos de saúde, apresentam problemas estruturais, que dificultam e até mesmo impedem um acesso pleno a um direito básico, com filas imensas e demoradas, ausência de aparelhos e medicamentos, pequeno número de funcionários, e um total desrespeito com o cidadão que necessita desse direito básico. Um dos problemas que mais preocupa a população atualmente é a violência 65 urbana, pois todos estão vulneráveis aos crimes que ocorrem, principalmente nas grandes cidades do Brasil. Diariamente têm-se notícias de assassinatos, assaltos, sequestros, agressões, e outros tipos de violência. Um dos maiores e mais graves problemas que acontecem nos países em desenvolvimento é a desigualdade social, e no Brasil não é diferente. Isso ocorre entre as Regiões, Estados, Cidades e Bairros, refletindo em aspectos como a qualidade de vida, educação, segurança, entre outros. Uma pequena parcela da população brasileira é muito rica, enquanto a maioria é pobre e excluída de qualquer direito social; o que é um reflexo da grande desigualdade na distribuição de renda. Imagem: um retrato revelando a desigualdade social na cidade de São Paulo. Políticas públicas devem ser desenvolvidas para proporcionar uma distribuição de renda mais igualitária, diminuindo a disparidade entre a população. Investimentos em serviços públicos se fazem necessários (educação, saúde, moradia, segurança, entre outros.) de forma que eleve a qualidade de vida e, principalmente, dignidade para os cidadãos brasileiros. 66 QUESTÕES 1. CEBRASPE (CESPE) - Policial Rodoviário Federal/2002 A década de 30 assinala o início da modernização brasileira. As circunstâncias que envolveram a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) também contribuíram para que a fisionomia do país fosse sendo alterada. Na segunda metade da década de 50, correspondendo aos “Anos JK”, aprofundou-se esse processo modernizador, além de se ter estimulado a sociedade brasileira a acreditar em sua capacidade de criar e de produzir. Ao aprofundamento das contradições e da crise política do início dos anos 60 correspondeu o golpe militar de 1964, inaugurando uma era que conheceu momentos de grande êxito econômico, em meio a um quadro geral de autoritarismo político, experiência que se esgotaria em cerca de vinte anos. Relativamente a esse quadro da evolução brasileira contemporânea, julgue oitem a seguir. Ao se constituir em centro dinâmico da economia brasileira, a partir da década de 30, a indústria criou um novo espaço geográfico, que rapidamente passou a concentrar a maior parte da população e da produção do país; daí ser possível associar industrialização com urbanização na moderna configuração do Brasil. ( ) Certo ( ) Errado 2. CEBRASPE (CESPE) - Policial Rodoviário Federal/2021 Com relação à estrutura urbana brasileira e às grandes metrópoles, julgue o item subsecutivo. As metrópoles brasileiras são arranjos populacionais acima de um milhão de habitantes que exercem influência direta sobre os demais níveis de cidades na rede urbana. ( ) Certo ( ) Errado 3. CEBRASPE (CESPE) - Policial Rodoviário Federal/2021 Com relação à estrutura urbana brasileira e às grandes metrópoles, julgue o item subsecutivo. Os arranjos populacionais de Campinas e Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, e de Uberlândia, em Minas Gerais, configuram-se como metrópoles em ascensão na rede urbana brasileira e encontram-se no primeiro nível da hierarquia urbana. ( ) Certo ( ) Errado 67 4. CEBRASPE (CESPE) - Soldado Policial Militar (PM AL)/2021 Acerca dos problemas sociais urbanos no Brasil e de seus desdobramentos socioeconômicos e socioespaciais, julgue o item a seguir. Para a qualidade de vida nas cidades brasileiras, aspectos econômicos são sempre mais importantes que o meio ambiente. ( ) Certo ( ) Errado 5. CEBRASPE (CESPE) - Professor (SEDUC AL)/Geografia/2021 A respeito da urbanização brasileira, julgue o item a seguir. O forte movimento de urbanização no Brasil se verificou a partir da Segunda Guerra mundial e foi acompanhado de forte crescimento demográfico, resultado de uma natalidade elevada e de uma mortalidade em queda, causadas principalmente pela aplicação de medidas sanitárias e pela melhora relativa nos padrões de vida, sobretudo nas cidades. ( ) Certo ( ) Errado 6. CEBRASPE (CESPE) - Professor (SEDUC AL)/Geografia/2021 A respeito da urbanização brasileira, julgue o item a seguir. O denominado meio técnico-científico-informacional, termo criado por Milton Santos, ocorreu exclusivamente nas áreas urbanas brasileiras, haja vista a necessidade de atendimento do seu mercado consumidor. ( ) Certo ( ) Errado 7. CEBRASPE (CESPE) - Analista de Gestão de Resíduos Sólidos (SLU DF)/ Geografia/2019 Com relação a planejamento territorial em ambientes urbanos, julgue o item subsecutivo. As cidades no Brasil, em suas diferentes escalas (metrópole, cidade média ou pequena), apresentam elementos de desigualdade que se expressam no território: a precarização da habitação e do saneamento básico contribui para a formação de periferias pobres, parcialmente integradas à dinâmica urbana. ( ) Certo ( ) Errado 8. CEBRASPE (CESPE) - 1º Tenente (PM MA)/Cirurgião-Dentista/2018 68 O vertiginoso processo de urbanização no Brasil deu origem, em poucas décadas, a centros urbanos de todo porte, que, espalhados pelo país, passaram a ordenar os fluxos de pessoas, mercadorias, informações e capitais no território brasileiro, configurando uma complexa rede geográfica de cidades. Com relação ao texto apresentado e aos múltiplos aspectos a ele relacionados, julgue o seguinte item. As cidades que apresentam maior grau de complexidade socioeconômica e polarizam todo o território brasileiro e parte da América do Sul são as metrópoles nacionais. ( ) Certo ( ) Errado 9. CEBRASPE (CESPE) - Agente de Inteligência/2018 Julgue o item subsequente, acerca da estrutura urbana brasileira e das grandes metrópoles nacionais. A organização do espaço urbano em áreas industriais, áreas de lazer, espaços públicos e locais de consumo, e a distribuição dos meios de transporte e dos serviços públicos de saúde e educação são determinadas pelo plano diretor de uso e ocupação do solo, o qual promove uma cidade mais igualitária e menos segregadora. ( ) Certo ( ) Errado 10. CEBRASPE (CESPE) - Agente de Inteligência/2018 Acerca da integração da indústria à estrutura urbana no Brasil, julgue o próximo item. A especialização das cidades acentua a divisão interurbana do trabalho; por isso, no estado de São Paulo, encontram-se cidades em que prevalecem empresas globais ligadas à produção de matérias-primas regionais, cidades especializadas em novas tecnologias, bem como cidades universitárias, locais onde as instituições de ensino superior direcionam o desenvolvimento local. ( ) Certo ( ) Errado 11. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2017 Julgue o item subsequente, a respeito da economia espacial brasileira ao longo dos séculos XX e XXI. As cidades médias têm apresentado, na atualidade, retração dos índices econômico e tecnológico em decorrência do poder de atração e concentração exercido pelas metrópoles nacionais e regionais. ( ) Certo ( ) Errado 69 12. CEBRASPE (CESPE) - Analista do Ministério Público da União/Perícia/ Geografia/2013 O termo urbanização refere-se tanto à constituição de formas espaciais específicas das sociedades humanas, caracterizadas pela concentração significativa das atividades e das populações em um espaço restrito, quanto à existência e à difusão de um sistema cultural específico, a cultura urbana. Manuel Castells. A questão urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983, 506, p. 24 (com adaptações). Tendo o texto acima como referência, julgue o item a seguir, em relação à urbanização, à metropolização e aos problemas ambientais urbanos no Brasil. A pobreza urbana tem características bem peculiares e se distingue da pobreza rural fundamentalmente no que se refere à utilização da mão de obra. ( ) Certo ( ) Errado 13. CEBRASPE (CESPE) - Analista de Infraestrutura (MPOG)/Área I/2012 (e mais 6 concursos) Sabe-se que, atualmente, mais da metade da população mundial vive nas cidades, o que é fator decisivo para a ampliação dos desafios sociais e ambientais, como a pobreza, a fome e as mudanças climáticas. No Brasil, o processo de urbanização da sociedade, impulsionado pela Segunda Guerra e pela industrialização que avança celeremente desde a Era Vargas, fez-se de forma rápida e não planejada. A despeito dos enormes problemas daí decorrentes, o certo é que o país chegou ao século XXI profundamente alterado, sobretudo quando confrontado com a realidade histórica que o caracterizou desde o período colonial. A respeito dessa situação, julgue o item que se segue. A urbanização do Brasil liga-se, em larga medida, ao forte movimento migratório que, especialmente a partir dos anos 50 do século passado, transferiu para as cidades milhões de pessoas que se viram impelidas a abandonar o campo. ( ) Certo ( ) Errado 14. CEBRASPE (CESPE) - Analista de Infraestrutura (MPOG)/Área I/2012 (e mais 6 concursos) Sabe-se que, atualmente, mais da metade da população mundial vive nas cidades, o que é fator decisivo para a ampliação dos desafios sociais e ambientais, como a pobreza, a fome e as mudanças climáticas. No Brasil, o processo de urbanização da sociedade, impulsionado pela Segunda Guerra e pela industrialização que avança celeremente desde a Era Vargas, fez-se de forma rápida e não planejada. A despeito dos enormes problemas daí decorrentes, o certo é que o país chegou ao século XXI profundamente alterado, sobretudo quando confrontado com a realidade histórica que o caracterizou desde o período colonial. A respeito dessa situação, julgue o item 70 que se segue. Com mais de 80% de sua população vivendo em cidades, o Brasil contemporâneo demanda políticas públicas para enfrentar problemas que cada vez mais se identificam com a realidade urbana, a exemplo da deficiência em habitação, saneamento,saúde e educação. ( ) Certo ( ) Errado 15. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2009 Rede urbana pode ser definida como um conjunto funcionalmente articulado que reflete e reforça as características sociais e econômicas de um território. Em cada região do mundo, a configuração da rede urbana apresenta especificidades. Com relação a redes urbanas no Brasil, julgue (C ou E) o item subsequente. Ainda hoje, verifica-se a polarização exercida pelas metrópoles Rio de Janeiro e São Paulo, por meio da concentração de indústrias e de serviços. ( ) Certo ( ) Errado 71 GABARITO COMENTADO 1. CERTO A industrialização foi o maior motor do processo de urbanização do Brasil, uma vez que proporcionou o crescimento das cidades através das ondas de migração e êxodo rural de populações em busca de trabalho na indústria, gerando um espantoso crescimento das cidades e promovendo a metropolização. 2. CERTO Uma metrópole ou região metropolitana representa o espaço urbano de dois ou mais municípios conurbados que estão interligados em região de influência com numerosa população. De acordo com o IBGE, as metrópoles brasileiras são arranjos populacionais acima de um milhão de habitantes que exercem influência direta sobre os demais níveis de cidades na rede urbana. 3. ERRADO De acordo com a classificação desenvolvida pelo IBGE, as cidades citadas são consideradas Metrópole (Campinas), capital regional A (Ribeirão Preto) e capital regional B (Uberlândia). A categoria metrópoles em ascensão não existe. 4. ERRADO A qualidade de vida nas cidades brasileiras depende do equilíbrio entre os aspectos econômicos, sociais e ambientais em conjunto. 5. CERTO A aplicação de medidas sanitárias e a melhora relativa nos padrões de vida, sobretudo nas cidades foram fatores essenciais para o aumento da expectativa de vida e da redução da mortalidade infantil, que aliados ao aumento das taxas de natalidade e fecundidade da população proporcionaram um forte crescimento demográfico. 6. ERRADO O meio técnico-científico-informacional também ocorreu nas áreas rurais brasileiras, uma vez que ocorreram profundas transformações advindas da revolução verde, que está totalmente associada a esse conceito criado pelo geógrafo Milton Santos. 7. CERTO Nos países industrializados periféricos, como o Brasil, apresentam elementos de desigualdade que se expressam no território como a precarização da habitação e do saneamento básico. A falta de planejamento urbano, o crescimento desordenado das cidades, a desigualdade social e presença ineficiente do estado geram esses e outros problemas. 72 8. ERRADO As cidades que apresentam maior grau de complexidade socioeconômica e polarizam todo o território brasileiro e parte da América do Sul são as metrópoles globais, que possuem influências nacionais e internacionais através do seu aparato institucional, tecnológico, político e econômico. No Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro são consideradas metrópoles globais. 9. ERRADO A organização do espaço urbano em áreas industriais, áreas de lazer, espaços públicos e locais de consumo, e a distribuição dos meios de transporte e dos serviços públicos de saúde e educação são realmente determinadas pelo plano diretor de uso e ocupação do solo, porém ele não garante uma cidade mais igualitária e menos segregadora, pois esse é um direito que passa por representantes políticos, instituições e sociedade civil alcançar. 10. CERTO As cidades possuem diferentes funções dentro dessa lógica de urbanização ocidental capitalista, de acordo com o contexto histórico do seu desenvolvimento socioeconômico. A divisão interurbana do trabalho é acentuada devido a essa especialização das cidades. 11. ERRADO O poder de atração que as metrópoles nacionais e regionais exercem sobre as cidades médias é enorme, devido ao seu poder econômico, tecnológico e comercial. Porém as cidades médias passam atualmente por elevado crescimento econômico, tecnológico e populacional devido ao processo de desconcentração industrial. 12. CERTO No meio urbano existem mais possibilidades de driblar o desemprego, através da informalidade, dos pequenos serviços temporários e mais recentemente com aplicativos de entrega. Já no meio rural, a diversidade de trabalhos é menor e geralmente resumem-se em trabalhos braçais em propriedades de terceiros. 13. CERTO O êxodo rural foi preponderante no processo de urbanização do Brasil. Ele foi estimulado pela repulsão da força de trabalho do campo e a atração dessa força de trabalho para as cidades. 14. CERTO Um país cada vez mais urbano necessita de políticas públicas voltadas para essa realidade, tais como habitação, mobilidade, saneamento, saúde, educação, emprego e lazer. 73 15. CERTO Por serem cidades globais, São Paulo e Rio de Janeiro, que na classificação do IBGE estão na categoria de Grande Metrópole Nacional e Metrópole Nacional respectivamente, exercem enorme influência e polarizam todo o território brasileiro. 74 5. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO NO BRASIL E MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS INTERNOS. O Brasil ocupa atualmente a sexta posição no ranking dos países mais populosos do mundo, já superando os 213 milhões de habitantes. De acordo com essa característica demográfica, o Brasil é considerado um país populoso, porém, devido ao seu extenso território, apesar de possuir uma enorme população somos um país pouco povoado, devido à baixa densidade demográfica em torno de 25 hab./Km². Densidade demográfica = População total ÷ área em Km² Nas últimas décadas o Brasil vem passando por uma queda do crescimento vegetativo (diferença entre as taxas de natalidade e de mortalidade) ao mesmo tempo em que a expectativa de vida vem aumentando. Esse cenário está proporcionando grandes alterações na estrutura etária da população: - Aumento da população economicamente ativa, que vai dos 15 aos 59 anos e da população idosa, que possui 60 anos ou mais. - Redução do percentual de jovens (0 a 14 anos). As pirâmides etárias abaixo evidenciam esse fenômeno demográfico: 75 A pirâmide etária é um gráfico que representa a população total de um território dividida por faixa etária e gênero. - Jovens (de 0 a 19 anos) - Adultos (de 20 a 59 anos) - Idosos (acima de 60 aos) Essa transformação na dinâmica demográfica brasileira está causando o envelhecimento da população, que vai aumentar nas próximas décadas. Nos últimos 20 anos, o idoso brasileiro teve a sua expectativa de sobrevida aumentada, reduziu o seu grau de deficiência física ou mental, passou a chefiar mais suas famílias e a viver menos na casa de parentes. Também passou a receber um rendimento médio mais elevado, o que levou a uma redução no seu grau de pobreza e indigência. Essas considerações levam à dificuldade de se pensar essa relação entre envelhecimento e dependência como produto de um único fator agindo continuamente. Esse é um fenômeno bastante complexo e sujeito à ação de vários fatores em interação. As aposentadorias desempenham um papel muito importante na renda dos idosos e essa importância cresce com a idade. Pode-se concluir que o grau de dependência dos indivíduos idosos é, em boa parte, determinado pela provisão de rendas por parte do Estado. Como uma parcela importante da renda familiar depende da renda do idoso, sugere-se que quando se reduzem ou se aumentam benefícios previdenciários, o Estado não está simplesmente atingindo indivíduos, mas uma fração razoável dos rendimentos de famílias inteiras. Enquanto apenas 8% da população brasileira era idosa em 1998, em 26% das famílias brasileiras podia-se encontrar pelo menos um idoso. CAMARANO, A. A. Envelhecimento da população brasileira: uma contribuição demográfica, Rio de Janeiro 2002 IPEA. 76 Dados demográficos do Brasil em 2021: - Taxa de natalidade (N° depessoas que nascem por 1000 habitantes durante 1 ano) = 13,79 Apresenta queda nas últimas décadas devido à disseminação de métodos contraceptivos, a inserção da mulher no mercado de trabalho, o aumento dos custos para criar um filho e à urbanização. - Taxa de mortalidade (N° de pessoas que morrem por 1000 habitantes durante 1 ano) = 6,61 Apresenta redução significativa nas últimas décadas devido aos avanços da medicina e da indústria farmacêutica, universalização do sistema público de saúde e melhorias no saneamento básico. - Mortalidade infantil (Crianças menores de 1 ano de idade que morrem por 1000 nascidos vivos durante o período de 1 ano) = 11,20 Enorme redução nas últimas décadas associada principalmente à expansão da vacinação (através do Programa Nacional de Imunizações) e de políticas públicas do SUS, além das medidas citadas em relação à taxa de mortalidade. - Taxa de fecundidade (Nº médio de filhos por mulher até o final de sua idade reprodutiva) = 1,76 Houve uma drástica redução a partir da década de 1970 devido aos fatores citados na taxa de natalidade. - Expectativa de Vida ao Nascer (Quantos anos, em média, espera-se que viva um recém-nascido) = 76,97 Além das medidas mostradas na descrição da redução da taxa de mortalidade também é preciso citar as melhorias a qualidade de vida dos idosos. 77 5.1 Distribuição da população pelo território nacional A população do Brasil está distribuída de forma bastante desigual pelo país. Ela concentra-se principalmente ao longo da faixa litorânea, sendo que, nessa área, é maciçamente urbanizada, aglomerando-se nas cidades. Essa característica gera enormes áreas do território com baixa densidade demográfica e também vazios demográficos. Essa distribuição desigual da população pelo território possui origens históricas, econômicas e geográficas. O Sudeste é a região mais populosa do país, cerca de 89 milhões de habitantes, onde só o estado de São Paulo tem mais de 46 milhões, sua região metropolitana 23 milhões e só a capital paulista mais de 12 milhões. As áreas menos povoadas são as regiões Norte e Centro- Oeste, cuja população combinada (cerca de 34 milhões de habitantes) é inferior ao estado de São Paulo. Todas as regiões têm grandes populações urbanas. O Nordeste possui oi maior contingente populacional na área rural, com aproximadamente 14,3 milhões de habitantes. 78 79 5.2 População urbana e rural De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2015, a maioria da população brasileira, representando 84,72% vive em áreas urbanas enquanto os outros 15,28% dos brasileiros vivem na zona rural. A região com maior proporção de população urbana é o Sudeste, com 93,14% da população vivendo em áreas urbanas. A proporção da população rural no Nordeste é a maior, com 26,88%. Nas décadas de 1970 e 1980, o êxodo rural foi intenso, devido à mecanização da produção agrícola e à concentração fundiária, repelindo populações rurais e levando-as a se deslocar para as cidades em busca de emprego na crescente demanda de mão de obra industrial. No entanto, hoje, a migração das áreas rurais para as urbanas continua, mas em menor quantidade. Mais recentemente, a diversificação econômica do meio rural, as reconfigurações espaciais habitacionais das cidades e a permeabilidade entre as áreas urbanas e rurais vem freando o processo. O acelerado processo de urbanização no Brasil, impulsionado pela industrialização, produziu o fenômeno da metropolização, que representa uma ocupação urbana que ultrapassa os limites das cidades. Dessa forma, esse processo proporcionou o desenvolvimento de grandes centros metropolitanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, entre outros. 5.3 Movimentos migratórios internos O termo migração refere-se à mobilidade espacial da população, um processo que ocorre desde os primórdios da humanidade. Significa mudar de país, estado, região, município e até mesmo de residência. Os fluxos migratórios acontecem por diversos fatores, sendo que os principais são econômicos, políticos, culturais e naturais. 80 Os tipos de migrações são classificados a partir de três aspectos: Como a migração foi feita - Migração espontânea: quando ela é planejada pelo indivíduo; - Migração forçada: quando o indivíduo se vê obrigado a migrar. Espaço de deslocamento Na migração interna temos duas categorias: - Migração inter-regional (de uma região para outra) - Migração intrarregional (dentro de uma mesma região) Tempo de permanência do migrante - Migração definitiva: ocorre quando a pessoa passa a residir permanentemente no local para o qual migrou; - Migração temporária: ocorre quando o migrante reside apenas por um período pré-determinado no lugar para qual migrou. Tipos de migração interna no Brasil: - Êxodo rural: transferência de populações rurais para o espaço urbano. - Êxodo urbano: transferência de populações urbanas para o espaço rural. - Migração urbano-urbano: transferência de populações de uma cidade para outra. - Migração sazonal: migração temporária onde o indivíduo sai de uma localidade em um período do ano e, posteriormente, volta alguns meses após. - Migração diária ou pendular: indivíduos que se deslocam de uma cidade para outra como o objetivo de trabalhar ou estudar. - Migração de retorno: quando o migrante volta para sua região de origem após viver em outra localidade. Ao longo da história, as migrações pelo território brasileiro ocorreram seguindo os ciclos econômicos que se desenvolveram em diferentes regiões. As primeiras migrações ocorreram das áreas do ciclo da cana-de-açúcar para o interior do território onde se desenvolvia uma economia agropecuária para abastecer as regiões açucareiras. Com o declínio do ciclo da cana-de-açúcar inicia-se o ciclo do ouro no século XVIII, com a descoberta do metal em Minas Gerais, provocando enorme fluxo 81 migratório para a região. O ciclo da borracha, desenvolvido na segunda metade do século XIX na região norte, tornou-se um atrativo para fluxo migratório intenso. Já o ciclo do café, entre o final do século XIX e início do século XX, e o posterior processo de industrialização da região impulsionado pela economia cafeeira redirecionou os fluxos migratórios para o sudeste, que ainda exerce enorme atratividade para migrantes. O fator de maior impacto nos fluxos migratórios do Brasil é a economia, onde o deslocamento acontece com os indivíduos buscando melhores condições de vida e trabalho. Em alguns casos esse movimento migratório pode ser influenciado por fatores naturais da região de origem, como a seca no sertão nordestino. Os principais fluxos migratórios no território brasileiro, durante décadas, se direcionavam para a região Sudeste, principalmente São Paulo, devido à grande industrialização da região. No entanto, as cidades não apresentavam uma oferta de empregos compatível à procura, nem a economia urbana crescia na mesma velocidade em que a migração. Como consequência disso temos números alarmantes de desemprego, subemprego e trabalhadores informais, que aliado à falta de investimentos e ao ineficaz planejamento urbano produz vastas áreas empobrecidas com pouca ou nenhuma infraestrutura. Esse fluxo vem diminuindo nos últimos anos devido ao surgimento de outras regiões de influência (principalmente a Centro-oeste) e à desconcentração industrial, juntamente com a migração de retorno, que ocorre essencialmente rumo à região nordeste. Também é possível observar a saída de população das metrópoles em direção às cidades médias em maior número que o contrário, principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. 82 QUESTÕES 1) CEBRASPE (CESPE) - Soldado Militar (PM MA)/Combatente/2018 Julgueo seguinte item, relativo à população do Brasil e aos movimentos migratórios internos dessa população. O perfil demográfico dos brasileiros tem-se alterado com o aumento da média de idade da população, um dos fatores da crise previdenciária atual. ( ) CERTO ( ) ERRADO 2) CEBRASPE (CESPE) - Oficial de Inteligência/Área 1/2018 Acerca dos movimentos migratórios internos, da estrutura etária da população brasileira e da evolução de seu crescimento no século XX, julgue o item a seguir. O baixo crescimento vegetativo da população brasileira verificado nos últimos três censos demográficos indica a diminuição do ritmo de migrações no país e o início de longo ciclo de estagnação. Centros urbanos de atração de migrantes, como Brasília, Manaus e São Paulo, diminuíram drasticamente o ritmo de crescimento econômico, justificando assim a queda do fluxo migratório de entrada e o aumento da saída de população. ( ) CERTO ( ) ERRADO 3) CEBRASPE (CESPE) - Oficial de Inteligência/Área 1/2018 Acerca dos movimentos migratórios internos, da estrutura etária da população brasileira e da evolução de seu crescimento no século XX, julgue o item a seguir. A dinâmica da estrutura etária da população brasileira tende ao equilíbrio quanto à quantidade de crianças, jovens, adultos e idosos: a população de idosos com maior expectativa de vida cresce tanto quanto a população em idade infantil e jovem. ( ) CERTO ( ) ERRADO 4) CEBRASPE (CESPE) - Oficial de Inteligência/Área 1/2018 Acerca dos movimentos migratórios internos, da estrutura etária da população brasileira e da evolução de seu crescimento no século XX, julgue o item a seguir. Fundamentados no aumento da expectativa de vida, que resulta em crescimento das despesas com aposentadorias, serviços de saúde e assistência social, setores da sociedade brasileira defendem a necessidade de reforma do sistema previdenciário nacional. ( ) CERTO ( ) ERRADO 83 5) CEBRASPE (CESPE) - Soldado Policial Militar (PM AL)/Combatente/2017 Julgue o próximo item, relativo a aspectos populacionais e urbanos do Brasil. O Brasil passa por um processo de transição demográfica que exige a implantação de políticas públicas voltadas às demandas da população de jovens e adultos, como forma de minimizar prejuízos econômicos para o país e problemas urbanos e sociais, como o aumento da violência. ( ) CERTO ( ) ERRADO 6) CEBRASPE (CESPE) - Analista Legislativo (CAM DEP)/Área XI/Consultor Legislativo/2014 A respeito da geografia humana e econômica brasileira entre o século XX e a primeira década do século XXI, julgue o item a seguir. Em uma faixa territorial com largura de cerca de 100 km, contígua a todo o litoral brasileiro, encontra-se o maior contingente populacional do país sediado em metrópoles, resultante da migração ocorrida, após 1980, dos núcleos de povoamento do interior vinculados à indústria. ( ) CERTO ( ) ERRADO 7) CEBRASPE (CESPE) - Programa Brasília Sem Fronteiras (SECTI DF)/ Universitários (UNI)/2014 No que diz respeito à população brasileira, julgue o seguinte item. A população brasileira continua crescendo, contudo, em ritmo menor que no século XX, tendo aumentado o contingente populacional de idosos. ( ) CERTO ( ) ERRADO 8) CEBRASPE (CESPE) - Soldado (PM CE)/2012 Julgue o item que se segue, acerca de aspectos econômicos e populacionais do Brasil. O fato de o Brasil possuir mais de cinco mil municípios faz que ele seja considerado um país eminentemente urbano; a despeito desse fato, entretanto, a população brasileira se distribui de modo equilibrado entre campo e cidade. ( ) CERTO ( ) ERRADO 9) CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2004 Diversos mapas temáticos do território brasileiro geralmente apresentam fortes 84 contrastes inter e intra-regionais. Acerca dessas disparidades e das tendências de mudança, julgue o item a seguir. Do ponto de vista social, os índices de mortalidade infantil, de esperança de vida e de saneamento básico são similares entre as diversas regiões brasileiras, embora ocorram discrepâncias na comparação entre a população rural e a urbana do país. ( ) CERTO ( ) ERRADO 10) CEBRASPE (CESPE) - Analista Legislativo (CAM DEP)/Consultor Legislativo/Área X/2002 Pela primeira vez na história humana, a maioria das populações no mundo vive em cidades. No Brasil, como em outros países, o fenômeno da urbanização reveste-se de características particulares. A respeito desse assunto, julgue o item seguinte. As taxas decrescentes de natalidade verificadas nos últimos censos confirmam a tendência de diminuição da população urbana no Brasil. ( ) CERTO ( ) ERRADO 11) CEBRASPE (CESPE) - Soldado Militar (PM MA)/Combatente/2018 Julgue o seguinte item, relativo à população do Brasil e aos movimentos migratórios internos dessa população. Os atuais fluxos migratórios no território brasileiro são motivados basicamente pela busca de melhores condições de vida nas cidades médias e nas capitais das regiões Sudeste e Sul do Brasil. ( ) CERTO ( ) ERRADO 12) CEBRASPE (CESPE) - Analista de Infraestrutura (MPOG)/Área I/2012 (e mais 6 concursos) Sabe-se que, atualmente, mais da metade da população mundial vive nas cidades, o que é fator decisivo para a ampliação dos desafios sociais e ambientais, como a pobreza, a fome e as mudanças climáticas. No Brasil, o processo de urbanização da sociedade, impulsionado pela Segunda Guerra e pela industrialização que avança celeremente desde a Era Vargas, fez-se de forma rápida e não planejada. A despeito dos enormes problemas daí decorrentes, o certo é que o país chegou ao século XXI profundamente alterado, sobretudo quando confrontado com a realidade histórica que o caracterizou desde o período colonial. A respeito dessa situação, julgue o item que se segue. Atualmente, está em marcha um processo de desconcentração econômica que se dissemina pelo país afora, o que acarreta mudanças significativas na participação das diversas regiões na composição do produto interno bruto brasileiro e no próprio 85 fluxo migratório. ( ) CERTO ( ) ERRADO 13) CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2011 Julgue (C ou E) o item que se segue, relativo à região Nordeste do Brasil. Durante o ciclo de produção da borracha na região amazônica, centenas de milhares de nordestinos transferiram-se para aquela região, em grande medida, em consequência de anos de grande seca no Nordeste. ( ) CERTO ( ) ERRADO 14) CEBRASPE (CESPE) - Guarda Municipal (Pref Ipojuca)/2009 Migrações são movimentos ou deslocamentos de uma população de um lugar para outro, podendo ser internas e externas. A mudança do campo para a cidade é a mais importante migração interna e acontece em todo o mundo. No Brasil, a migração do campo para a cidade é chamada de êxodo rural, pois se trata de um movimento que ocorreu em grande escala e com muita intensidade. As regiões Norte e Centro-Oeste são as que registraram o maior crescimento populacional nas últimas décadas, em grande parte como resultado do movimento migratório em tal direção. Igor Moreira. Construindo o espaço brasileiro. São Paulo: Ática, 2003, p. 27-30 (com adaptações). Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a abrangência do seu tema em face da realidade brasileira, julgue o item subsequente. O único fator que explica o êxodo rural no Brasil é a atração exercida pelas cidades sobre os habitantes do campo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 15) CEBRASPE (CESPE) - Soldado (PM ES)/Combatente/2007 Responsável por cerca de 33% do produto interno bruto (PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos brasileiros, o agronegócio conta no Brasil com o climafavorável à energia solar abundante e a boa disponibilidade de água para a sua produtividade. IBGE. Brasil em números. 2005 (com adaptações). Tendo o texto acima como referência inicial, julgue o item a seguir. A migração do campo para a cidade tem prejudicado o crescimento do agronegócio no país, pois força o trabalhador rural a se engajar em outros setores da economia. ( ) CERTO ( ) ERRADO 86 GABARITO COMENTADO 1. CERTO A queda da taxa de natalidade e o aumento da expectativa de vida da população proporcionam um maior incremento de idosos na população à médio e longo prazo, gerando aumento dos gastos com a previdência social, que são mantidos pela População Economicamente Ativa, que tende a se reduzir nas próximas décadas. Aliado a esse processo, o desemprego e o trabalho informal contribuem para um possível rombo na previdência e a necessidade de reforma. 2. ERRADO Realmente tem ocorrido a diminuição do crescimento vegetativo da população brasileira nos últimos anos, mas esses valores obtidos nos últimos três censos demográficos ainda são elevados. Já a diminuição do ritmo de migrações no país está relacionada com o crescimento absoluto e não vegetativo. A desconcentração industrial promove novas áreas de atração migratória no país, promovendo a redução do fluxo para metrópoles como São Paulo. 3. ERRADO O processo de envelhecimento da população brasileira vai promover o desequilíbrio quanto à quantidade de crianças, jovens, adultos e idosos. 4. CERTO O processo de envelhecimento da população brasileira vai promover a redução da população economicamente ativa do país nas próximas décadas, proporcionando o consequente aumento do número de beneficiários frente à redução do número de contribuintes da previdência, podendo gerar um cenário em que seria necessário o desenvolvimento de uma reforma previdenciária. 5. CERTO A pirâmide etária brasileira e suas tendências futuras mostram que ocorrerá a transição demográfica no país, onde há o equilíbrio entre as taxas de natalidade, mortalidade, e o envelhecimento da população. Dessa forma é necessário o desenvolvimento de políticas públicas específicas para essa característica demográfica da nação, que por ter um grande contingente em idade produtiva poderia passar por um crescimento econômico. 6. ERRADO Foi o contexto histórico de formação territorial do Brasil que foi primordial para ocupação e adensamento demográfico ao longo da faixa litorânea do país, porém a migração para abastecer as indústrias após 1980 foi destinada principalmente à metrópole de São Paulo, época em que a ocupação do território brasileiro na faixa 87 litorânea e entorno já tinha sido consolidada. 7. CERTO A população brasileira continua crescendo, contudo, em ritmo menor que no século XX, devido às quedas das taxas de natalidade e fecundidade nas últimas décadas. 8. ERRADO O fato de o Brasil possuir mais de cinco mil municípios não faz com que este seja um pressuposto que permita considerá-lo um país eminentemente urbano e a população brasileira se distribui de modo desigual entre campo e cidade, onde cerca de 84% da população brasileira reside no espaço urbano (CENSO 2010, IBGE) 9. ERRADO As taxas decrescentes de natalidade verificadas nos últimos censos não representam a tendência de diminuição da população urbana no Brasil, uma vez que a população total continua crescendo em um ritmo menor e a concentração populacional em áreas urbanas continua. 10. ERRADO Os atuais fluxos migratórios no território brasileiro são motivados pelo inchaço da malha urbana e por problemas como a favelização, o déficit habitacional e a saturação do mercado de trabalho, gerando a migração de retorno. 11. CERTO A desconcentração industrial gerou a redistribuição das atividades industriais pelo Brasil, promovendo novas áreas atrativas para migrantes vindos de outros locais, dinamizando, assim, o fluxo migratório do país. 12. CERTO As secas que atingiram a região Nordeste no final do século XIX levaram centenas de milhares de nordestinos a migrar rumo à região norte do país em busca de trabalho no ciclo da borracha, e consequentemente participaram da colonização e ocupação da região. 13. ERRADO A grande concentração de terras, a mecanização das atividades agrícolas e as péssimas condições de trabalho e remuneração também foram fatores que contribuíram para o êxodo rural no Brasil. A migração do campo para a cidade foi consequência direta do agronegócio, portanto não prejudicou o seu crescimento. 88 6. INTEGRAÇÃO ENTRE INDUSTRIA E ESTRUTURA URBANA E SETOR AGRÍCOLA NO BRASIL 6.1 - Indústria no Brasil O chamado “Espaço Industrial Brasileiro”, como na maior parte dos lugares do mundo, seguiu as características gerais do processo de industrialização das sociedades a partir do modo de produção capitalista. O processo de criação e instalação de indústrias em um território literalmente produz o espaço, transformando-o, impondo a ele novas formas, novas lógicas e novos significados. O processo de industrialização contribui, principalmente, para a intensa e rápida urbanização do território, bem como para as concentrações econômica, populacional, de infraestrutura e de investimentos financeiros. No Brasil, o processo de industrialização começou de forma mais organizada, enquanto política de Estado, a partir da década de 1930, quando a dependência econômica nas exportações de matérias-primas, com destaque para o café, levou a economia do país a ruir diante da Crise de 1929. Tal proposição intensificou-se com o chamado Plano de Metas, na década de 1950, e acarretou para uma ampliação da produção industrial brasileira. Imagem: A presença de indústria no Brasil iniciou-se em 1930 e intensificou-se a partir de 1950 No entanto, o processo de industrialização ocorreu de forma concentrada, principalmente, na região Sudeste do Brasil, com o predomínio da cidade de São Paulo, em função de sua posição geográfica estratégica e da herança econômica e estrutural. Esta herança se deu em virtude da produção cafeeira, que conferiram a essa cidade uma ligação via ferrovias com o Oeste do estado e também com o Porto de Santos. Além disso, a partir da década de 1950, diversas empresas do ramo automobilístico se estabeleceram na região, o que foi fundamental para a concentração do parque industrial brasileiro na capital paulista e em sua região metropolitana. Estes fatores foram responsáveis por uma rápida e precária urbanização destas áreas, bem como pela explosão de movimentos migratórios advindos das diferentes regiões do Brasil buscando empregos no novo e pujante centro industrial. Como consequência desses processos, houve uma grande explosão populacional da região Sudeste, principalmente de suas grandes cidades. Em 1872, 89 São Paulo tinha cerca de 32 mil habitantes e era a décima maior cidade brasileira; em 1950 já superava os 2 milhões de habitantes; no ano de 2000, ao final do século XX, já se tornara a maior metrópole do país e a quarta maior do mundo, com mais de 20 milhões de habitantes, contando a cidade e sua região metropolitana, e 11 milhões, contando apenas a capital. Na década de 1970, a produção industrial das empresas na capital paulista e de seu entorno representava quase a metade de toda a produção industrial nacional, o que revela a grande concentração industrial existente até ali. Todavia, a partir da década de 1980 em diante, houve esforços governamentais no sentido de proporcionar uma desconcentração industrial do país, criando outras centralidades, fato que só se efetivou claramente a partir da década de 1990. Apesar disso, as áreas industriais de São Paulo não se desfizeram e o estado continuou na liderança nacional industrial, muito em virtude de sua modernização e ampliação de seu aparato tecnológico e industrial. Desconcentração industrial e Guerra Fiscal Com a promulgação da Constituição Federal de1988, algumas mudanças se deram no momento em que as Unidades Federativas brasileiras (estados) ganharam maior autonomia em relação à política de implantação de impostos e de gerência de seu território. Um dos resultados disso foi a instauração de uma disputa que ficou conhecida como “Guerra Fiscal”, em que as unidades da federação passaram a “brigar” pela presença das indústrias em seus espaços, oferecendo todo tipo de benefícios para as empresas. Tal preocupação dava-se no fato de que a instalação de indústrias em um dado local ampliava a geração de empregos, estimulava o comércio e angariava investimentos para obras de infraestrutura. Assim, prefeituras e estados se veem obrigados a ceder terrenos e oferecer todo tipo de incentivo fiscal para que se conquiste a instalação de grandes empresas em seus estados e municípios. Diante disso, observa-se atualmente o crescimento dos polos industriais em outras regiões do Brasil, bem como sua dispersão pelo país, o que vem resultando no processo de desmetropolização das grandes cidades, que mesmo registrando crescimentos populacionais, não vêm atraindo mais a mesma quantidade de pessoas de outras regiões como anteriormente. 90 Em oposição, observamos o crescimento das chamadas cidades médias, que se caracterizam por ter uma população entre 100 e 500 mil habitantes e por não se encontrarem em regiões metropolitanas. Tais cidades vêm se tornando verdadeiros atrativos para indústrias que buscam menos prejuízos financeiros com transporte (em razão dos congestionamentos das grandes cidades), além de impostos menores, terrenos mais baratos e força de trabalho menos articulada, o que favorece a implantação de salários mais baixos gerando um menor custo para a empresa. Outro fato que contribui para esse processo de desmetropolização das atividades industriais é a estruturação da malha rodoviária do Brasil, diferentemente do que havia no período de instalação das indústrias brasileiras, na primeira metade do século XX. Atualmente é mais fácil – também em função da Revolução Técnico- Científica – a dispersão de produtos e serviços para dentro e para fora do território, de forma que a estratégia de localização da indústria no espaço diminuiu em importância relativa. Toda essa dinâmica vem favorecendo o crescimento das cidades médias que oferecem boa qualidade de vida aos funcionários e menores custos para as empresas. Apesar disso, é importante frisar que não é possível dizer que as metrópoles irão reduzir suas populações nos próximos anos, até porque as cidades médias e pequenas já demonstraram não ser capazes de absorver toda a mão de obra presente nas grandes cidades. A tendência que vem se revelando é que elas também passem a apresentar problemas urbanos, sociais, ambientais e de mobilidade. 6.2 - O setor do Agronegócio e sua importância econômica O agronegócio, que também pode ser chamado de agrobusiness (agronegócios em inglês), corresponde ao conjunto de atividades produtivas que estão diretamente ligadas à produção e subprodução de itens derivados da agricultura e pecuária. Quando falamos em agronegócio muitas pessoas associam o setor somente aos produtos in natura, como soja, café, leite, milho. No entanto esse segmento produtivo é muito mais abrangente, pois existe um grande número de atividades participantes nesse processo. O agronegócio deve ser entendido como um processo que envolve diversos atores. Por exemplo, na produção agropecuária intensiva são utilizadas uma série de tecnologias e biotecnologias para alcançar níveis elevados de produtividade, para isso é necessário que algum profissional ou empresa forneça tais elementos. Deste modo, podemos citar vários segmentos da economia formal que fazem parte do agronegócio, ou que se relacionam com este setor, como bancos que fornecem créditos, indústria de insumos agrícolas (fertilizantes, herbicidas, inseticidas, sementes selecionadas para plantio entre outros), indústria de tratores e peças, lojas veterinárias e laboratórios que fornecem vacinas e rações para a pecuária de corte e leiteira, isso na primeira etapa produtiva. Posteriormente a esse processo são agregados novos integrantes do setor como por exemplo as agroindústrias, responsáveis pelo processamento e beneficiamento dos produtos oriundos da agropecuária. 91 A agroindústria realiza a transformação dos produtos primários da agropecuária em produtos agroindustriais com maior valor agregado, como os frigoríficos, indústria de enlatados, laticínios, indústria de couro, biocombustíveis, produção têxtil entre muitos outros. A produção agropecuária está diretamente ligada aos alimentos, processados ou não, que fazem parte do nosso cotidiano, porém sua produção é muito mais diversa. Vários itens que compõe nossa vida cotidiana são oriundos dessa atividade produtiva, como a madeira dos móveis, as roupas de algodão, essência dos sabonetes e grande parte dos remédios têm origem nos agronegócios. A agroindústria, que corresponde à fusão entre a produção agropecuária e a indústria, possui uma interdependência com relação a diversos ramos industriais, pois em seu processo produtivo necessitam de embalagens, insumos agrícolas, irrigação, máquinas e diversos outros implementos. Esse conjunto de interações dá à atividade alto grau de importância econômica para o Brasil, no ano de 1999 somente a agropecuária respondeu por 9% do PIB nacional. Entretanto, se enquadrarmos todas as atividades (comercial, financeira e serviços envolvidos) que se relacionam com o setor de agronegócios esse percentual se ampliaria de forma significativa chegando a aproximadamente 40% do PIB brasileiro. 92 Esse processo também ocorre nos países centrais, nos quais a agropecuária responde, em média, por 3% do Produto Interno Bruto (PIB), mas os agronegócios ou agrobusiness representam um terço do PIB. Essas características levam os líderes dos Estados Unidos e da União Europeia a conduzir sua produção agrícola de modo subsidiado pelos seus respectivos governos, esses criam medidas protecionistas (barreiras alfandegárias, impedimento de importação de produtos de bens agrícolas) para preservar as atividades de seus produtores. Em suma, o agronegócio ocupa um lugar de destaque na economia mundial, principalmente nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, pois muito mais do que apenas os alimentos, ele se relaciona com uma grande cadeia produtiva, sendo um importante indutor para o processo de desenvolvimento econômico e social de um país. Agronegócio e setores da economia O agronegócio abrange os três setores da economia, sendo eles: setor primário, secundário e terciário. Os integrantes desses diferentes setores são separados por níveis e definidos como: • Setor primário: produtores rurais, agricultores e pecuaristas; • Setor secundário: agroindústrias e indústrias de insumos agrícolas; • Setor terciário: transportadoras, distribuidores e comerciantes de maquinários e produtos agrícolas. Prestadores de serviços como agrônomos, veterinários, engenheiros. Há ainda outra forma de definir os setores, de acordo com a atividade desenvolvida. Diversas atividades integram a cadeia produtiva do agronegócio, com 93 os mais variados perfis, e com diversos tipos de produtores rurais, desde pequenos, médios e grandes. O agronegócio é dividido em cinco principais setores produtivos: insumos, produção, processamento e transformação, distribuição e consumo e serviços de apoio. Estão inclusos nesses setores atividades das mais variadas empresas agrícolas, como pecuária, fabricantes de defensivos agrícolas (fertilizantes e herbicidas), desenvolvedoras de sementes para plantio, fabricantes de máquinas e equipamentos rurais, fábricas produtoras de rações, frigoríficos de abate e beneficiamento, empresas de laticínios, fabricantes de sucos, moinhos, armazéns e silos de armazenagem de grãos, atacadistas, distribuidores e exportadores, entre outros.94 A agroindústria O conceito de agroindústria permite relacionar o campo e a cidade, o espaço rural e o espaço urbano, a fazenda e a indústria. Isso porque esse conceito compreende os processos de transformação e beneficiamento dos produtos agropecuários no próprio espaço rural. É um modelo diferente do que existia anteriormente, marcado pela divisão entre campo e cidade, no qual o campo vendia suas matérias-primas para as indústrias instaladas nas cidades transformá-las em produtos. As atividades ligadas a agro indústria permitem que os produtos rurais sejam beneficiados ainda nas fazendas. Aumenta a autonomia dos produtores rurais, pois permite que agricultores ou pecuaristas deixem de ser apenas fornecedores de matérias-primas para ganhar outros espaços na cadeia produtiva. A Revolução Verde e a agroindústria Alguns estudiosos identificam a origem dessa mudança de paradigma, com o surgimento da agroindústria, nas décadas de 1940 e 1950, quando empresas norte- americanas financiaram pesquisas tecnológicas na América do Sul, com o objetivo de aumentar a produção de alimentos. À medida que essas tecnologias foram sendo implementadas no espaço rural, a agropecuária se aproximou dos setores industriais urbanos. Dessa maneira, com o beneficiamento, os produtos extraídos no campo são comercializados com maior valor agregado, integrando ainda mais as culturas rurais (agricultura, pecuária, silvicultura etc.) à economia urbana. 95 Essas mudanças foram tão grandes que o período recebeu o nome “Revolução Verde”. Com esse processo, os espaços de produção primários e secundários, antes bem divididos entre o campo e a cidade, começam a se aglutinar. Isso significa que tanto os proprietários rurais começaram a beneficiar os próprios produtos, para vendê- los com maior valor agregado, como os industriais buscaram se aproximar do campo, a fim de diminuir custos de produção. Um exemplo prático que pode ser citado é em relação ao leite, que é pasteurizado e comercializado em caixinhas no supermercado, mas também é transformado pelas agroindústrias em queijo, manteiga, iogurte, requeijão etc. Importância econômica da agroindústria O setor do agronegócio é considerado um dos motores da economia brasileira — corresponde a mais de 22% do PIB — e foi um dos únicos que continuou apresentando crescimento de seus negócios em meio à crise econômica atual. Dentro de toda a riqueza gerada pelo agronegócio, a agroindústria tem um papel central. Dados oficiais divulgados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) colocam a agroindústria em destaque no PIB brasileiro, afinal, quase 6% de todas as riquezas produzidas no país são oriundas desse setor. O Brasil é uma referência mundial nesse 96 assunto, pois a agroindústria tem papel fundamental na geração de riquezas do país, principalmente no beneficiamento de carne (frigoríficos), café, laranja, soja e cana (etanol). Benefícios da agroindústria O maior desafio para que o setor continue crescendo, de acordo com o Ministério da Agricultura, têm sido inserir os agricultores familiares no modelo agroindustrial. Mas, devido a investimentos e por meio da ação de instituições de fomento, cooperativas agroindustriais e políticas públicas educacionais, isso tem sido possível. Assim, os pequenos produtores também têm conquistado poder no mercado e podem ficar com uma porcentagem maior dos lucros de sua produção. Os benefícios gerados pela agroindústria também atingem os consumidores finais, ou seja, o beneficiamento dos produtos rurais permite a esses alimentos uma disponibilidade maior de tempo — com prazo de validade mais prolongado nas gôndolas dos mercados — e mais praticidade de consumo. Indo além dos gêneros alimentícios, podemos pensar em outros produtos agroindustriais importantes, como o etanol que abastece os automóveis. Nesse sentido, a agroindústria também continua fornecendo insumos a outras indústrias, mas de forma mais eficiente; exemplos disso são o algodão e o couro destinados a roupas. Dessa maneira, a agroindústria está presente em uma infinidade de setores da economia e da sociedade, atingindo a vida de todos os brasileiros. 97 QUESTÕES 1. CEBRASPE (CESPE) - Professor (SEDUC AL)/Geografia/2021 A agricultura pode ser definida como um conjunto de técnicas concebidas para cultivar a terra a fim de obter produtos e garantir a subsistência alimentar do ser humano bem como matérias-primas para a produção de combustível, medicamentos, ferramentas, roupas, entre outros. Atualmente, segundo dados da Embrapa, o Brasil ocupa 75,4 milhões de hectares de área plantada e é o quarto maior exportador mundial de produtos agropecuários, com faturamento de aproximadamente USD 96,9 bilhões anuais, atrás apenas da União Europeia, EUA e China. Internet: <www.myfarm.com.br> (com adaptações). A respeito da agropecuária brasileira e de sua importância produtiva, julgue o item subsecutivo. Os altos índices de desmatamento em áreas florestadas como a Amazônia afetam a capacidade da evapotranspiração e, consequentemente, reduzem o volume de chuvas, provocando um prejuízo no agronegócio brasileiro de bilhões de reais. ( ) CERTO ( ) ERRADO 2. CEBRASPE (CESPE) - Analista de Gestão de Resíduos Sólidos (SLU DF)/Geografia/2019 Inovações técnicas e organizacionais na agricultura concorrem para criar um novo uso do tempo e um novo uso da terra. O aproveitamento de momentos vagos no calendário agrícola ou o encurtamento dos ciclos vegetais, a velocidade da circulação de produtos e de informações, a disponibilidade de crédito e a preeminência dada à exportação constituem, certamente, dados que vão permitir reinventar a natureza, modificando-se solos, criando-se sementes e, até mesmo, buscando-se, ainda que pontualmente, impor leis ao clima. Eis o novo uso agrícola do território no período técnico-científico-informacional. Milton Santos e María Silveira. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 2005, p. 118 (com adaptações). Julgue o item seguinte, relativo ao assunto abordado no fragmento de texto anterior e à dinâmica socioeconômica do território brasileiro. As inovações técnicas e organizacionais, no campo da agricultura brasileira, ocorreram de forma mais rápida onde a produtividade se mostrou mais articulada ao período técnico-científico-informacional. ( ) CERTO ( ) ERRADO 98 3. CEBRASPE (CESPE) - Professor (Pref São Cristóvão)/Geografia/ Educação Básica/2019 A invenção e a difusão das máquinas e a elaboração de formas de organização mais complexas permitiram outros usos do território. Novas geografias desenham-se, sobretudo a partir da utilização de prolongamentos não apenas do corpo do homem, mas do próprio território, constituindo verdadeiras próteses. O período técnico testemunha a emergência do espaço da industrialização e da mecanização agrícola. São as lógicas e os tempos humanos impondo-se à natureza, situações em que as possibilidades técnicas presentes denotam os conflitos resultantes da emergência de sucessivos meios geográficos. Milton Santos e María Laura Silveira. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 7.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 31 (com adaptações). A respeito da dinâmica socioeconômica do território brasileiro, julgue os itens que se segue. A mecanização e a produtividade da agropecuária brasileira põem o Brasil em posição mundial de destaque na produção e exportação de commodities. ( ) CERTO ( ) ERRADO 4. Agropecuária, indústria e serviços são setores que não se articulam na economia do Brasil contemporâneo, mas que se encontram inseridos na vanguarda da revolução técnico-científico-informacional. ( ) CERTO ( ) ERRADO 5. CEBRASPE (CESPE) - Soldado Militar (PM MA)/Combatente/2018 A agricultura capitalista — ou agriculturapatronal, ou agricultura empresarial, ou agronegócio —, qualquer que seja o eufemismo utilizado para nomeá-la, não pode esconder o que está na sua raiz, na sua lógica: a concentração e a exploração. Em sua atual fase de desenvolvimento, o agronegócio procura representar a imagem da produtividade, da geração de riquezas para o país. Bernardo Mançano. Educação do campo e território. Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária – NERA, Universidade Estadual Paulista – UNESP, campus de Presidente Prudente – SP, 2017 (com adaptações). Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue os itens seguinte, a respeito de aspectos diversos relacionados ao agronegócio. A imagem do agronegócio foi construída para renovar a imagem da agricultura capitalista, para “modernizá-la”; trata-se de uma construção geográfico-ideológica que destaca o aumento da produção, da riqueza e das novas tecnologias. 99 ( ) CERTO ( ) ERRADO 6. O agronegócio integra a agricultura e a comercialização direta da produção, principalmente para o mercado interno, possibilitando a concentração de terras nas mãos de grandes empresas nacionais que atuam em diversos setores da economia. ( ) CERTO ( ) ERRADO 7. CEBRASPE (CESPE) - Agente de Inteligência/2018 Julgue o item subsequente, a respeito da evolução da estrutura fundiária rural e dos movimentos demográficos no território brasileiro. Por fazer uso de tecnologias que ampliam sua independência do espaço urbano, o campo não gera empregos necessários para o desenvolvimento de muitos dos municípios de pequeno porte demográfico inseridos em regiões produtivas do agronegócio no Brasil. ( ) CERTO ( ) ERRADO 8. CEBRASPE (CESPE) - Professor de Educação Básica (SEDF)/ Geografia/2017 No atual período histórico, caracterizado pela forte internacionalização do modo de produção capitalista, importantes transformações de ordem técnica, política e econômica têm promovido intensa reestruturação produtiva e regional do Brasil e do mundo. A intensificação do poder das empresas transnacionais sobre o espaço mundial é uma dessas manifestações. Iná Elias de Castro. Política pública e conflito no espaço urbano. In: GEOgraphia, ano 18, n.º 36, 2016 (com adaptações). Considerando esse texto, julgue o item a seguir. Em contraponto ao processo de modernização produtiva, o setor agropecuário no Brasil mantém uma estrutura baseada na produção para a exportação sem a agregação de valor, representada pelo processo parcial ou total de transformação pela indústria nacional. ( ) CERTO ( ) ERRADO 9. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2012 O Brasil, que sempre se caracterizou pela existência, em uma região ou em outra, de fronteira de povoamento, viu, com o processo de industrialização do campo, o aparecimento de fronteiras de modernização nas quais se verificaram profundas transformações socioespaciais. Ambos os tipos de fronteira suscitam novos centros de comercialização e beneficiamento de produção agrícola, de distribuição varejista 100 e prestação de serviços ou, em muitos casos, de centros que já nascem como reservatórios de uma força de trabalho temporária. R. L. Corrêa. Estudos sobre a rede urbana. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2006, p. 323 (com adaptações). A partir das informações apresentadas no texto acima, julgue (C ou E) o item seguinte. Dado o processo de industrialização do campo, resultante da modernização das técnicas e das relações sociais de produção, a maior parte da força de trabalho da produção agrícola concentra-se nas grandes propriedades, o que reduz o índice de subemprego e atenua a baixa produtividade rural. ( ) CERTO ( ) ERRADO 10. CEBRASPE (CESPE) - Agente de Inteligência/2008 O Brasil é um importante produtor agrícola que tem ampliado suas exportações, principalmente as do agronegócio. Ganhos em produtividade são reconhecidos em todos os fatores da produção: terra, trabalho e capital. Tendo em vista o panorama da agricultura brasileira na atualidade, sua evolução e características principais, julgue os itens que se segue. A industrialização do país é responsável pela modernização do setor agrícola. ( ) CERTO ( ) ERRADO 11. Um dos aspectos que compõem o quadro de modernização da agricultura brasileira é a formação de complexos agroindustriais como aqueles ligados à fruticultura. ( ) CERTO ( ) ERRADO 12. CEBRASPE (CESPE) - Agente de Inteligência/2018 Acerca da integração da indústria à estrutura urbana no Brasil, julgue o próximo item. O território brasileiro dispõe de áreas onde a globalização é absoluta, ou seja, áreas nas quais a produção, a circulação, a distribuição e a informação atendem aos interesses de grandes empresas multinacionais. ( ) CERTO ( ) ERRADO 13. CEBRASPE (CESPE) - Agente de Inteligência/2008 A distribuição espacial da indústria no Brasil tem passado por transformações 101 em decorrência da evolução das infra-estruturas de transporte e comunicação. Acerca dessa dinâmica instaurada, julgue o próximo item. O Estado contribuiu para o processo em curso de descentralização da produção industrial no território brasileiro por meio de políticas de desenvolvimento regional, como, por exemplo, disponibilizando energia. ( ) CERTO ( ) ERRADO 14. CEBRASPE (CESPE) - Analista Legislativo (CAM DEP)/Consultor Legislativo/Área XIII/2002 Nos anos 80 do século passado, as principais transformações espaciais da economia brasileira foram decorrência dos novos padrões de localização da atividade produtiva, a saber: desconcentração industrial, agroindustrialização, modernização da agricultura e expansão da fronteira agrícola. Essas transformações determinaram mudanças no processo de urbanização, que têm como consequências principais: Continuidade no processo de dispersão espacial de pequenos centros urbanos. ( ) CERTO ( ) ERRADO 15. intensificação do fenômeno de formação de aglomerações urbanas não-metropolitanas, com percentuais crescentes do conjunto da população. ( ) CERTO ( ) ERRADO 102 GABARITO COMENTADO 1. CERTO A capacidade da evapotranspiração e o regime de chuvas estão intrinsicamente relacionadas com a existência da floresta amazônica, que leva chuvas para outras regiões através dos “rios aéreos” transportados por massas de ar, portanto os altos índices de desmatamento em áreas florestadas são prejudiciais para essa dinâmica, provocando um prejuízo no agronegócio e para as sociedades. 2. CERTO As inovações técnicas e organizacionais se consolidaram através dos investimentos do agronegócio, que representou a chegada da Revolução Verde no país. 3. CERTO As commodities representam mais de 65% do valor das exportações brasileiras, colocando o país como o terceiro maior exportador de alimentos do mundo. 4. ERRADO Agropecuária, indústria e serviços são setores bem articulados na economia do Brasil contemporâneo, criando uma eficiente rede agroindustrial. 5. CERTO A propaganda favorável à cada vez mais volumosa produção e à riqueza gerada pelo agronegócio é utilizada para vender uma imagem positiva desse setor, deixando de lado os problemas relacionados com a concentração de terras, degradação ambiental, conflitos agrários, inclusive com populações tradicionais, monopolização do mercado, entre outros. 6. ERRADO O agronegócio integra a agricultura e a comercialização direta da produção, essencialmente para o mercado externo, possibilitando a concentração de terras nas mãos de grandes empresas nacionais e transnacionais que atuam em diversos setores da economia. 7. ERRADO Na verdade, o espaço rural e o urbano são cada vezmais conectados por meio do complexo agroindustrial formado pelo agronegócio, favorecendo a geração de empregos e o desenvolvimento de muitos municípios de pequeno porte demográfico inseridos em regiões produtivas do agronegócio no Brasil. 103 8. ERRADO Apesar do valor agregado ser baixo no setor agropecuário brasileiro, ele existe e vem crescendo nos últimos anos com o fortalecimento da agroindústria. 9. ERRADO A maior parte da força de trabalho da produção agrícola concentra-se nas grandes propriedades, o que eleva o índice de subemprego e aumenta a baixa produtividade rural. 10. CERTO A industrialização do país é responsável pela modernização do setor agrícola por meio da produção de insumos, maquinários e da biotecnologia, demandas da Revolução Verde inserida no Brasil. 11. CERTO Esses complexos agroindustriais são grandes conglomerados do agronegócio que fazem uso de insumos e implementos agrícolas modernos, possuindo elevada produtividade. 12. CERTO As metrópoles brasileiras são áreas onde a globalização é absoluta. 13. CERTO Assim como o investimento na expansão e diversificação do modal de transportes, a construção de empreendimentos para geração de energia contribui para a desconcentração industrial e para o consequente desenvolvimento de outras regiões. 14. ERRADO Na verdade, a tendência é a tendência de crescimento das cidades médias, que por sua vez absorvem população de pequenos centros urbanos. 15. CERTO A intensificação do fenômeno de formação de aglomerações urbanas não- metropolitanas, com percentuais crescentes do conjunto da população vem ocorrendo devido ao crescimento das cidades médias devido ao processo de desconcentração industrial. 104 7. REDE DE TRANSPORTE NO BRASIL: MODAIS E PRINCIPAIS INFRAESTRUTURAS Transportes no Brasil O Brasil é um país com dimensões continentais, apresentando uma larga extensão norte-sul, além de uma grande distância no sentido leste-oeste em sua porção setentrional. Por esse motivo, é necessária uma ampla rede articulada que ligue os diferentes pontos do território nacional a fim de propiciar o melhor deslocamento de pessoas e mercadorias. Além disso, para que o país possa ampliar as exportações, importações e, principalmente, os investimentos estrangeiros, é necessário que os meios de transporte ofereçam condições para que os empreendedores tanto do meio agrário quanto do 105 meio industrial possam ter condições de exercer suas funções sociais. No Brasil, a estratégia principal foi a de priorizar a estruturação do sistema rodoviário – sobretudo a partir do Governo JK – em detrimento da construção de ferrovias e hidrovias, que só recentemente vêm recebendo maiores investimentos. O intuito de criar uma rede de transportes ligando todo o país nasceu com governos desenvolvimentistas, em especial os de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Àquela época, o símbolo da modernidade e do avanço em termos de transporte era o automóvel. Isso provocou uma especial atenção dos citados governantes na construção de estradas. Desde então, contando com o apoio das indústrias automobilistas estrangeiras, o Brasil tem sua malha viária baseada no transporte rodoviário. Entretanto, a primeira estrada de ferro no Brasil começou a funcionar em 1854, entre Estrela e Fragoso, e tinha somente quatorze quilômetros de extensão. Isso mostra que o Brasil teve a chance de seguir o exemplo dos países mais desenvolvidos, que perceberam a importância tanto colonizadora quanto desenvolvimentista do transporte ferroviário. As rodovias no Brasil O transporte rodoviário no Brasil foi – e ainda é – o meio responsável pela maior parte dos fluxos de bens e pessoas no país, que priorizou a sua construção para favorecer as empresas estrangeiras do setor automobilístico e promover a entrada delas no país. A expectativa era estruturar o modal rodoviário a fim de propiciar a construção de polos industriais de automóveis no Brasil com o objetivo de ampliar a geração de empregos, embora hoje as indústrias desse setor empreguem cada vez menos trabalhadores, em função das novas tecnologias fabris. As primeiras rodovias brasileiras surgiram no século XIX, mas a ampliação da malha rodoviária ocorreu no governo Vargas (1932), com a criação do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) em 1937. Contudo, foi no governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), que o rodoviarismo foi implementado de forma decisiva. Ele foi responsável pelo estabelecimento de grandes empresas automotivas no país, a Volkswagen, a Ford e a General Motors. A partir daí a rede rodoviária se ampliou de forma notável e se tornou a principal via de escoamento de carga e passageiros do país. Atualmente contamos com uma maior diversidade de empresas internacionais do setor, como a Fiat, a Honda, a Renault, entre outras, possibilitando o país figurar na sétima posição entre os maiores países da indústria automotiva. Porém é interessante observar que não fomos capazes de fomentar o desenvolvimento de empresas nacionais nesse setor, tendo existido poucas aventureiras ao longo do tempo que não conseguiram sobreviver. Outra característica da implantação das rodovias no Brasil foi a integração https://pt.wikipedia.org/wiki/Autom%C3%B3vel https://pt.wikipedia.org/wiki/Estrada https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/transporte-rodoviario.htm https://pt.wikipedia.org/wiki/Juscelino_Kubitschek https://pt.wikipedia.org/wiki/Volkswagen https://pt.wikipedia.org/wiki/Ford_Motor_Company https://pt.wikipedia.org/wiki/General_Motors 106 das diferentes partes do território brasileiro, que concentrou seus investimentos nas regiões litorâneas. Esse quadro começou a mudar ao longo do século XX, destacando- se a construção da capital Brasília. Assim, rodovias como Belém-Brasília, Cuiabá-Porto Velho e tantas outras tinham como preocupação estabelecer a ligação entre pontos e localidades até então desconectados. A grande crítica a essa dinâmica questiona a opção por rodovias, algo não muito recomendado para países com larga extensão territorial, como o Brasil. Em geral, as estradas costumam ter um custo de manutenção mais elevado do que outros meios de transporte, como o ferroviário e o hidroviário, além de um maior gasto com combustíveis e veículos. Em virtude dos elevados custos e da política neoliberal de redução dos gastos públicos em investimentos estruturais, iniciou-se uma campanha de privatização das rodovias, que encontrou o seu auge na década de 1990, mas que ainda ocorre atualmente através de concessões públicas. Apesar disso, a qualidade das rodovias no Brasil é bastante ruim, além da larga quantidade de estradas não pavimentadas. Elas oneram os gastos públicos, que muitas vezes não conseguem atender às necessidades principais, fator que não se modifica nem com as privatizações, uma vez que as concessões costumam ocorrer apenas com as estradas que já estão prontas e estruturadas. Trecho da rodovia Belém-Brasília em Tocantins (BR-153) As ferrovias no Brasil A malha ferroviária brasileira começou a ser implantada em 1854, com a construção da Estrada de Ferro Mauá, no Rio de Janeiro. A partir daí, chegou a ter cerca de 37.000 km, na década de 1950. A Rede Ferroviária Federal, criada em 1957, operou por mais de 40 anos, até ser liquidada em 1999. Com a realização de concessões, a malha da extinta RFFSA passou a ser operada por empresas privadas e o patrimônio da estatal foi transferido para o DNIT. O transporte ferroviário no Brasil foi predominante até o final do século XIX, quando estruturava os deslocamentos de mercadorias da economia cafeeira, sendo, por essa razão, bastante consolidado na região Sudeste. As ferrovias, apesar dos elevados custos em suas construções, possuem baixos gastos em manutenção, o que não impediu que, de 1950 até os dias atuais, várias delas fossem sucateadas e até desativadas. https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/transporte-ferroviario.htm107 Além disso, existem várias ferrovias no Brasil em construção, muitas com as obras inacabadas. A principal ferrovia no Brasil em construção é a Ferrovia Norte-Sul, que já possui algumas áreas concluídas e em operação (ou com uso e operação a serem efetuados em breve). Após a privatização de boa parte das ferrovias nacionais na década de 1990 e da derrocada da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), empresa estatal responsável por administrá-las, a participação das ferrovias no Brasil até aumentou, apesar de atender interesses e deslocamentos muito específicos e limitados. Ainda hoje, a malha ferroviária nacional concentra-se nas regiões Sul e Sudeste. Com a desestatização da RFFSA, a malha foi dividida em regiões e arrendada para exploração de concessionárias privadas. Atualmente as transportadoras de cargas ferroviárias são: América Latina Logística, MRS Logística, Ferrovia Centro-Atlântica, Ferrovia Tereza Cristina, Estrada de Ferro Vitória-Minas, Companhia Ferroviária do Nordeste, Ferroban, Ferronorte e Estrada de Ferro Carajás, que juntas transportam grandes volumes de minério, commodities agrícolas, combustível, papel, madeira, contêineres, entre outros. Sendo estas, fiscalizadas atualmente pela ANTT. https://pt.wikipedia.org/wiki/MRS_Log%C3%ADstica https://pt.wikipedia.org/wiki/Ferrovia_Centro-Atl%C3%A2ntica https://pt.wikipedia.org/wiki/Ferrovia_Centro-Atl%C3%A2ntica https://pt.wikipedia.org/wiki/Estrada_de_Ferro_Vit%C3%B3ria_a_Minas https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_Ferrovi%C3%A1ria_do_Nordeste https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_Ferrovi%C3%A1ria_do_Nordeste https://pt.wikipedia.org/wiki/Ferroban https://pt.wikipedia.org/wiki/Estrada_de_Ferro_Caraj%C3%A1s https://pt.wikipedia.org/wiki/Cont%C3%AAiner http://ANTT 108 As hidrovias no Brasil O transporte hidroviário é o que possui a menor representatividade e participação nos sistemas de deslocamento nacional, o que é uma grande contradição, haja vista o grande potencial que o país possui para esse modal. No Brasil, a rede hidroviária é muito ampla e muitos rios são navegáveis sem sequer exigir a construção de grandes empreendimentos e estruturas, como obras de correção e instalação de equipamentos. Uma justificativa para a negligência de investimentos nas hidrovias brasileiras é a existência de muitos rios de planalto, que são mais acidentados e exigem mais obras de correção para facilitar o transporte. Os rios de planície, mais facilmente navegáveis, encontram-se em áreas afastadas dos grandes centros econômicos. Por outro lado, cita-se a concentração de investimentos em rodovias em áreas onde o mais indicado seria o investimento em hidrovias, cujo exemplo mais notório é o caso da Transamazônica, uma estrada construída quase que paralelamente ao rio Amazonas, de fácil navegação. No entanto, a partir dos anos 1980 e sobretudo após a criação do Mercosul, que passou a exigir mais das hidrovias para a integração do Cone Sul, os investimentos públicos nessa área elevaram-se, mas ainda são insuficientes. As principais hidrovias do Brasil são a Tietê-Paraná, a do Rio São Francisco, a do Amazonas, entre outras. Transporte aeroviário A aviação comercial passou por um enorme desenvolvimento a partir da década de 1930, transformando o avião num dos principais meios de transporte de passageiros e mercadorias no contexto mundial. O transporte aéreo auxiliou de forma definitiva para a redução das distâncias através de seu deslocamento em velocidades elevadas, superando outros meios de transporte. Requer uma vasta e intrincada infraestrutura para seu funcionamento, pois os aeroportos necessitam de enormes áreas e diversas instalações e equipamentos. Os custos e a manutenção das aeronaves são elevados, colaborando para encarecer este modal. A aviação comercial brasileira iniciou no mercado em 1927, sendo realizada por companhias particulares sob o controle do Ministério da Aeronáutica. Ao longo do tempo, devido a circunstâncias internas e externas, o transporte aéreo sofreu grandes perdas e inversões de papéis entre as empresas do setor. Empresas que dominavam o mercado faliram, como a VASP, a Varig e a Transbrasil, ao mesmo tempo em que outras que possuíam menor participação cresceram, em alguns casos através da absorção de outras empresas do setor. Nos últimos anos, a aviação brasileira cresceu consideravelmente. A melhoria das empresas já existentes e o desenvolvimento de novas companhias aéreas possibilitou o aumento do tráfego e consequentemente do número de passageiros. Em resumo, o que se percebe é que os meios de transporte no Brasil precisam de diversificação para que haja menos dependência das rodovias nos deslocamentos de mercadorias e pessoas. Em geral, é necessária a instalação de uma matriz multimodal, https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/hidrovias.htm https://pt.wikipedia.org/wiki/Avia%C3%A7%C3%A3o 109 ou seja, com vários sistemas de transportes diferentes integrados. Outra necessidade é uma maior integração rumo ao oeste do país, principalmente em direção aos países sul-americanos e ao Oceano Pacífico, com vistas a ampliar as trocas comerciais dentro do continente e em direção aos países asiáticos. O sistema de transporte brasileiro na atualidade O sistema de transportes brasileiro define-se basicamente por uma extensa matriz rodoviária, sendo também servido por um sistema limitado de transporte fluvial (apesar do numeroso sistema de bacias hidrográficas presentes no país), ferroviário e aéreo. https://pt.wikipedia.org/wiki/Transporte https://pt.wikipedia.org/wiki/Transporte_fluvial https://pt.wikipedia.org/wiki/Transporte_ferrovi%C3%A1rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Transporte_a%C3%A9reo 110 - Com uma rede rodoviária de cerca de 1,7 milhões de quilômetros, sendo 215.000 km de rodovias pavimentadas (2018), as estradas são as principais transportadoras de carga e de passageiros no tráfego brasileiro. Dos mais de 1.700.000 quilômetros da rede rodoviária nacional, 213 mil quilômetros estão pavimentados, e 7 mil quilômetros são rodovias duplicadas. Parte considerável das ligações interurbanas no país, mesmo em regiões de grande demanda, ainda se dão por estradas de terra ou estradas com pavimentação quase inexistente. Durante a época de chuvas, grande parte das estradas, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, enchem-se de depressões asfálticas, sendo comuns, ainda que em menor quantidade, deslizamentos de terra e quedas de pontes, provocando muitas vezes prejuízos para o transporte de cargas bem como acidentes e mortes. https://pt.wikipedia.org/wiki/Quil%C3%B4metro https://pt.wikipedia.org/wiki/Estrada https://pt.wikipedia.org/wiki/Terra https://pt.wikipedia.org/wiki/Chuva https://pt.wikipedia.org/wiki/Ponte 111 Apesar do Brasil ter a maior malha rodoviária duplicada da América Latina, a mesma é considerada insuficiente para as necessidades do país: em 2021, calculava- se que a quantidade ideal de rodovias duplicadas seria algo em torno de 35 a 42 mil km. Os principais eixos rodoviários também têm problemas por possuírem, muitas vezes, geometria inadequada e características construtivas que não permitem o fluxo de longa distância com qualidade (não-interferência do tráfego local e alta velocidade). O Governo Federal Brasileiro nunca concretizou um Plano Nacional de Autoestradas do mesmo nível de países desenvolvidos como EUA, Japão ou os países europeus, que visasse especificamente os deslocamentos inter-regionais, e que deveriam, preferencialmente, ser atendidos por autoestradas (que se diferenciariam das rodovias duplicadas comuns pelo padrão geométrico, controle de acesso sem acesso aos lotes lindeiros, zero transposições e retornos em nível, proibição de circulação de veículos não-motorizados como ciclistas, tração animal ou propulsão humana, conforme a Convenção de Viena). O Estado Brasileiro, apesar de alguns esforços de planejamento, tem se pautado por uma atuação reativa ao aumentode demanda (apenas duplicando algumas rodovias com traçado antigo e inadequado) e não numa visão propositiva, direcionando a ocupação e o adensamento econômico no território. Outro problema é a falta de direcionamento do Orçamento da União para obras em infraestrutura: no Brasil não há nenhuma lei que garanta verba do Orçamento Federal para obras em rodovias e outros modais de transporte (diferente do que acontece em setores como Educação e Saúde), dependendo exclusivamente da disposição dos governantes. As rodovias do país que se encontram em boas condições, exceto algumas exceções, fazem parte de concessões à iniciativa privada, assim, embora apresentem extrema qualidade, estão sujeitas a pedágios. A Rodovia dos Bandeirantes e a Rodovia dos Imigrantes são exemplos deste sistema. O transporte rodoviário de passageiros do país compreende uma rede extensa e intrincada, sendo possíveis viagens que, devido à sua duração, em outros países, só são possíveis por via aérea. No transporte aeroviário, existem 2.499 aeródromos registrados pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), sendo 1.911 privados e 588 públicos. Dos públicos, 10 foram concedidos à iniciativa privada e outros 13 estão em processo de concessão. Mas 98% das movimentações de passageiros aéreos (embarques e desembarques) no país estão concentrados em 65 aeroportos (internacionais, nacionais e regionais) - entre os 31 localizados nas capitais, todos os que têm volume de passageiros acima de 1 milhão e os principais terminais regionais. O país tem o segundo maior número de aeroportos em todo o mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Em relação à aviação comercial doméstica, somos o https://pt.wikipedia.org/wiki/Iniciativa_privada https://pt.wikipedia.org/wiki/Ped%C3%A1gio https://pt.wikipedia.org/wiki/Rodovia_dos_Bandeirantes https://pt.wikipedia.org/wiki/Rodovia_dos_Imigrantes https://pt.wikipedia.org/wiki/Rodovia_dos_Imigrantes https://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADs https://pt.wikipedia.org/wiki/Aer%C3%B3dromo https://pt.wikipedia.org/wiki/Mundo https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos 112 terceiro mercado mundial. - O país possui uma extensa rede ferroviária de 29.849 km de extensão, a décima maior rede do mundo. Atualmente, os recentes governos do Brasil, diferentemente do passado, procuram incentivar esse meio de transporte investindo na sua expansão. A construção das linhas ocorreu em períodos diferentes, o que ocasionou a falta de padronização de bitolas (largura determinada pela distância medida entre as faces interiores das cabeças de dois trilhos em uma via férrea) e consequente dificuldade na integração das vias. Os serviços de passageiros praticamente acabaram, e os de carga subsistem em sua maioria para o transporte de minérios. As únicas linhas de passageiros que ainda preservam serviços diários de longa distância com relativo conforto são as ligações: Parauapebas - São Luís e Belo Horizonte - Vitória. Entretanto, ainda existem alguns serviços de interesse exclusivamente turístico em funcionamento, tais como as linhas Curitiba - Paranaguá e Bento Gonçalves- Carlos Barbosa. - O transporte hidroviário no Brasil é dividido nas modalidades fluvial e marítima. O transporte marítimo é o mais importante, respondendo por quase 75% do comércio internacional do Brasil. O transporte fluvial é o mais econômico e limpo, no entanto é o menos utilizado no Brasil. Há regiões, entretanto, que dependem quase que exclusivamente desta modalidade, como é o caso da Amazônia, onde as distâncias são grandes e as estradas ou ferrovias inexistem. O Brasil possui uma malha hidroviária potencial com extensão de 63.000 km, mas apenas 19,5 mil quilômetros (ou 30,9% do total) são utilizados. Há 37 portos sendo que 11 desses são considerados grandes, no conceito de Internacionais, de grandes navios, segundo o PNAC II, dentre os quais o maior é o Porto de Santos. O Brasil ainda pode explorar de forma abrangente a ampliação de investimentos em transportes hidroviários, devido à capacidade de aperfeiçoamento das redes fluviais e marítimas que o país possui. Em relação à eficiência média dos portos da América Latina, o Brasil precisa reduzir o tempo de desembarque de mercadorias nos portos, segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A morosidade nas operações e nos trâmites burocráticos também são alguns dos problemas mapeados. https://pt.wikipedia.org/wiki/Transporte_ferrovi%C3%A1rio_no_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Bitola https://pt.wikipedia.org/wiki/Parauapebas https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Lu%C3%ADs_(Maranh%C3%A3o) https://pt.wikipedia.org/wiki/Belo_Horizonte https://pt.wikipedia.org/wiki/Vit%C3%B3ria_(Esp%C3%ADrito_Santo) https://pt.wikipedia.org/wiki/Curitiba https://pt.wikipedia.org/wiki/Paranagu%C3%A1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Bento_Gon%C3%A7alves_(Rio_Grande_do_Sul) https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Barbosa https://pt.wikipedia.org/wiki/Transporte_fluvial https://pt.wikipedia.org/wiki/Transporte_mar%C3%ADtimo https://pt.wikipedia.org/wiki/Porto_(transporte) https://pt.wikipedia.org/wiki/Porto_de_Santos https://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_Latina https://pt.wikipedia.org/wiki/Confedera%C3%A7%C3%A3o_Nacional_da_Ind%C3%BAstria 113 114 115 QUESTÕES 1. CEBRASPE (CESPE) - Policial Rodoviário Federal/2021 No que se refere à rede de transportes no Brasil, julgue os itens que se seguem. A duplicação dos principais eixos rodoviários, a restruturação do modelo de investimento e de exploração das ferrovias e a expansão e o aumento da capacidade da malha ferroviária são considerados condições para o desenvolvimento das regiões brasileiras no que diz respeito às redes de transporte. ( ) CERTO ( ) ERRADO 2. CEBRASPE (CESPE) - Policial Rodoviário Federal/2021 Na escala interurbana, o Brasil apresenta uma rede de transportes integrada, diversa e eficiente, o que resulta em integração regional e competitividade no contexto da economia nacional. ( ) CERTO ( ) ERRADO 3. CEBRASPE (CESPE) - Policial Rodoviário Federal/2021 As políticas públicas no Brasil, sobretudo as implementadas a partir da segunda metade do século passado, incentivaram o transporte rodoviário de pessoas e de cargas em detrimento de outros modais de transporte. ( ) CERTO ( ) ERRADO 4. CEBRASPE (CESPE) - Policial Rodoviário Federal/2019 Mapa rodoviário 2016. Ministério dos Transportes. O Brasil é o país com a maior concentração rodoviária de transporte de cargas e passageiros entre as principais economias mundiais. Segundo dados do Banco Mundial, referentes a 2013, 58% do transporte no país é feito por rodovias — contra 53% da Austrália, 50% da China, 43% da Rússia e 8% do Canadá. Internet: <www.bbc.com> (com adaptações). Considerando o texto apresentado, que destaca o papel do modal rodoviário de cargas e passageiros no Brasil, e a figura precedente, que ilustra como a rede rodoviária integra as diversas regiões que compõem o território nacional, julgue o item a seguir. O custo do frete e as grandes distâncias a serem percorridas entre as regiões produtoras e os centros urbanos consumidores e os portos de exportação são fatores que impactam diretamente no preço dos produtos agropecuários e industriais brasileiros e em sua competividade nos mercados nacional e internacional. 116 ( ) CERTO ( ) ERRADO 5. CEBRASPE (CESPE) - Policial Rodoviário Federal/2019 A rede de transporte rodoviário integra todo o território brasileiro, com rodovias conectando em rede todos os municípios das cinco macrorregiões do território nacional, e a predominância desse modal de transporte é fator de vulnerabilidade em relação aos países desenvolvidos, os quais também dependem desse modal de transporte. ( ) CERTO ( ) ERRADO 6. CEBRASPE (CESPE) - Professor (Pref São Cristóvão)/Geografia/EducaçãoBásica/2019 O fenômeno da globalização tem uma relação direta e dinâmica com a lógica da regionalização, ao transformar o contexto e as condições da interação e da organização social, levando a um novo ordenamento das relações entre território e espaço socioeconômico e político. Esse contexto contemporâneo significa um desafio para a lógica do Estado, no sentido de estabelecer mecanismos de controle para o fenômeno da globalização e seus efeitos sobre as sociedades e economias. Karina Pasquariello Mariano. Globalização, integração e o Estado. Internet: <www.scielo.br> (com adaptações). Com relação aos fluxos globalizados nos diferentes espaços geopolíticos e econômicos do mundo contemporâneo, julgue o item a seguir. O território brasileiro apresenta infraestrutura rodoviária completamente articulada, o que facilita o escoamento da produção de serviços no comércio internacional. ( ) CERTO ( ) ERRADO 7. CEBRASPE (CESPE) - Analista I (IPHAN)/Área 2/2018 A dimensão continental do Brasil; a unidade territorial construída na sua formação econômica e política sobre uma grande diversidade social; a grande heterogeneidade de sua economia; o tempo histórico diferenciado da formação, consolidação e declínio ou transformação dessas economias regionais, com a constituição do “arquipélago regional” que foi posteriormente articulado e integrado, propiciam o surgimento de agudas “questões regionais”, que requerem estudos que busquem compreender a lógica do desenvolvimento e das relações entre essas várias economias espaciais que constituem uma só economia nacional. L. G. Neto e C. A. A. Brandão. Formação econômica do Brasil e a questão regional. Internet: <www.ufpa.br> (com adaptações). Tendo como referência o texto precedente, julgue o item seguinte, a respeito de 117 questões regionais e dos contrastes delas derivados. A produção e o escoamento de culturas altamente tecnificadas no meio norte do país tornou-se viável em função da chegada da ferrovia Norte-Sul. ( ) CERTO ( ) ERRADO 8. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2015 O Brasil, terceira maior potência mundial agropecuária, enfrenta desafios logísticos, de infraestrutura e legais para continuar a crescer nesse setor, competindo internacionalmente. No que se refere a esse assunto e aos múltiplos aspectos a ele relacionados, julgue (C ou E) o item a seguir. Os investimentos em infraestrutura no território brasileiro, incluindo energia elétrica e transportes, mediante privatizações, concessões de serviços públicos a empresas privadas e parcerias público-privadas, estão se tornando, gradativamente, um problema para o governo federal em razão do desinteresse de grandes empresas nesse tipo de negócio. ( ) CERTO ( ) ERRADO 9. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2015 O Brasil, terceira maior potência mundial agropecuária, enfrenta desafios logísticos, de infraestrutura e legais para continuar a crescer nesse setor, competindo internacionalmente. No que se refere a esse assunto e aos múltiplos aspectos a ele relacionados, julgue (C ou E) o item a seguir. As grandes distâncias entre as áreas produtoras de alimentos e os centros de industrialização, consumo, produção e portos, além de envolverem implicações de ordem local (ambiental, econômica, social, política), repercutem na escala nacional de uso do território brasileiro, dada a existência de fluxos de grande volume e baixo valor agregado entre regiões desprovidas de condições logísticas capazes de fazer frente às quantidades produzidas em larga escala. ( ) CERTO ( ) ERRADO 10. CEBRASPE (CESPE) - Analista do Ministério Público da União/Perícia/ Geografia/2010 Com relação ao desenvolvimento econômico e ao setor de transporte, julgue o próximo item. A implantação ou reestruturação dos sistemas de transporte brasileiro, com base em grandes projetos nos modais ferroviário e rodoviário, é favorecida pela agilidade nos processos de desapropriação das áreas necessárias, o que reduz os conflitos entre os proprietários das áreas desapropriadas e os empreendedores. 118 ( ) CERTO ( ) ERRADO 11. CEBRASPE (CESPE) - Analista do Ministério Público da União/Perícia/ Geografia/2010 Com relação ao desenvolvimento econômico e ao setor de transporte, julgue o próximo item. O desenvolvimento econômico regional, impulsionado pela implantação de rede ferroviária de grande porte, deve estar associado ao aperfeiçoamento do sistema produtivo, do educacional e do administrativo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 12. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2005 Quanto à dinâmica da industrialização brasileira, julgue (C ou E) o item subsequente. Transporte e estrutura agrária têm sido obstáculos à circulação de mercadorias e, portanto, empecilhos ao desenvolvimento industrial de certas áreas do país. ( ) CERTO ( ) ERRADO 13. CEBRASPE (CESPE) - Professor (Pref. São Cristóvão)/Geografia/Educação Básica/2019 A invenção e a difusão das máquinas e a elaboração de formas de organização mais complexas permitiram outros usos do território. Novas geografias desenham-se, sobretudo a partir da utilização de prolongamentos não apenas do corpo do homem, mas do próprio território, constituindo verdadeiras próteses. O período técnico testemunha a emergência do espaço da industrialização e da mecanização agrícola. São as lógicas e os tempos humanos impondo-se à natureza, situações em que as possibilidades técnicas presentes denotam os conflitos resultantes da emergência de sucessivos meios geográficos. Milton Santos e María Laura Silveira. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 7.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 31 (com adaptações). A respeito da dinâmica socioeconômica do território brasileiro, julgue o item que se segue. Apesar de possuir uma matriz energética diversificada, o Brasil ainda depende significativamente do transporte rodoviário para execução de sua logística mercadológica interna. ( ) CERTO ( ) ERRADO 14. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2015 119 O Brasil, terceira maior potência mundial agropecuária, enfrenta desafios logísticos, de infraestrutura e legais para continuar a crescer nesse setor, competindo internacionalmente. No que se refere a esse assunto e aos múltiplos aspectos a ele relacionados, julgue (C ou E) o item a seguir. O atual modelo de uso do território brasileiro é marcado por uma regulação híbrida, cabendo tanto à iniciativa privada quanto ao poder público as ações de planejamento e execução de obras para escoamento da produção, por exemplo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 15. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2015 O Brasil, terceira maior potência mundial agropecuária, enfrenta desafios logísticos, de infraestrutura e legais para continuar a crescer nesse setor, competindo internacionalmente. No que se refere a esse assunto e aos múltiplos aspectos a ele relacionados, julgue (C ou E) o item a seguir. Denominam-se demandas corporativas os investimentos públicos que, na visão política nacional, são destinados a superar as deficiências em transporte, conferir competitividade e promover o crescimento sustentável do país, a partir do investimento estatal no setor de logística, considerado área estratégica de segurança nacional. ( ) CERTO ( ) ERRADO 120 GABARITO COMENTADO 1. CERTO Devido à enorme extensão territorial do Brasil, o investimento em um modal diverso e integrado é extremamente importante para o desenvolvimento das regiões brasileiras no que diz respeito às redes de transporte, gerando crescimento econômico e a possibilidade do aumento de fluxo de pessoas e mercadorias.2. ERRADO O Brasil não apresenta uma rede de transportes integrada e eficiente, ainda que possua certa diversidade. É necessário a modernização do modal rodoviário, predominante no país, e o desenvolvimento dos outros modais. 3. CERTO O Brasil priorizou os investimentos no setor rodoviário principalmente a partir do governo JK, que investiu na abertura do mercado para a indústria automobilística estrangeira se estabelecer aqui e financiou a abertura de trechos rodoviários. 4. CERTO O enorme gasto com combustível, pneus e pedágios torna o frete para grandes distâncias caro. 5. ERRADO Apesar das rodovias serem o principal modal de transporte que integra os municípios brasileiros, elas não conectam em rede todos os municípios das cinco regiões do território nacional, uma vez que algumas unidades da federação têm maior participação de outros modais para interligar seus municípios. A predominância desse modal de transporte é fator de vulnerabilidade em relação aos países desenvolvidos, caso o tenham como majoritário em detrimento de outros, o que não é o caso. 6. ERRADO O território brasileiro apresenta infraestrutura rodoviária completamente desarticulada e com muitos trechos precários e de pouca mobilidade, o que prejudica o escoamento da produção de serviços no comércio internacional. 7. ERRADO A produção e o escoamento de culturas altamente tecnificadas no meio norte do país é possível graças a implantação de infraestruturas de transporte que combinam diferentes modais, pois a ferrovia NORTE-SUL ainda não foi concluída. 121 8. ERRADO Na verdade, existe grande interesse em investir na infraestrutura do território brasileiro, que só não são maiores devido a problemas políticos, burocráticos e econômicos. 9. CERTO O Brasil carece de uma infraestrutura logística que possibilite o transporte, armazenamento e distribuição do que é produzido em todas as regiões de forma eficiente, principalmente devido ao investimento no modal rodoviário em detrimento do ferroviário e hidroviário. 10. ERRADO A implantação ou reestruturação dos sistemas de transporte brasileiro, com base em grandes projetos nos modais ferroviário e rodoviário, é desfavorecida pela morosidade nos processos de desapropriação das áreas necessárias, o que amplia os conflitos entre os proprietários das áreas desapropriadas e os empreendedores. 11. CERTO Esse modelo de desenvolvimento econômico regional reduz a carência em infraestrutura, aumenta a capacidade de produção, forma uma mão de obra qualificada e favorece uma gestão de qualidade. 12. CERTO É necessário a existência de fornecedoras de matéria-prima e de infraestrutura de transporte adequada para escoar sua produção para se estabelecer indústrias em um território. Se essas áreas são ineficientes em uma região, é um enorme empecilho para a industrialização e a circulação de mercadorias. 13. CERTO A maior parte do transporte no país é feito em rodovias, uma vez que o país possui a maior concentração rodoviária de transporte de cargas e passageiros entre as principais economias mundiais. 14. CERTO De fato, as obras de infraestrutura são feitas através de investimentos Estatais, privados ou pela parceria público-privada. 15. ERRADO As demandas corporativas dizem respeito às necessidades materiais e não materiais das empresas e indústrias. O conceito dado pela questão refere-se ao papel do Estado. 122 8. A INTEGRAÇÃO DO BRASIL AO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA 8.1 - Globalização A globalização ou mundialização do espaço geográfico representa o processo de interligação econômica, política, social e cultural, proporcionando a intensificação das trocas de bens, serviços, informações, viagens e ao intercambio de bens culturais de origens distintas, embora nem todos com pesos iguais. A existência de trocas internacionais de bens e serviços é antiga, mas a velocidade à qual essas trocas tem sido feitas e, principalmente, a maior exposição às informações culturais, ambas com crescimento exponencial nas últimas décadas, tornam distinta a atual etapa. Esse processo é consequência, principalmente, da evolução das tecnologias de comunicação via satélite, da telefonia, da computação e na presença da informática na maior parte dos setores de produção e de serviços, através da internet. Dessa forma, a globalização constitui o estágio máximo da internacionalização, a amplificação em sistema-mundo de todos os lugares e de todos os indivíduos, logicamente em graus diferentes. A Globalização do mundo expressa um novo ciclo de expansão do capitalismo, como modo de produção e processo civilizatório de alcance mundial. Um processo de amplas proporções envolvendo nações e nacionalidades, regimes políticos e projetos nacionais, grupos e classes sociais, economias e sociedades, culturas e civilizações. Assinala a emergência da sociedade global, como uma totalidade abrangente, complexa e contraditória (IANNI, 1997, p. 7). 8.2 – As fases da Globalização A Primeira Fase da Globalização (século XV ao XVIII) Podemos dizer que o início da globalização ocorreu com a expansão marítima europeia, responsável por uma transformação gradativa da estrutura social da época. Anteriormente, não se pode dizer que havia uma globalização, uma vez que o predomínio era do isolamento das sociedades em economias relativamente autônomas e pouco ou nada integradas entre si. Dessa forma, durante o final do século XV e o início do século XVI, o avanço das navegações europeias consolidou então uma implosão no sistema-mundo vigente, uma vez que os meios de transporte e comunicação conheceram os seus primeiros grandes avanços rumo à total integração dos mercados internacionais. Com efeito, a busca por novos mercados e, principalmente, por matérias- primas, como especiarias e metais preciosos, incentivou os navegadores europeus a buscarem novas terras e também novas rotas para os diferentes mercados. Um 123 exemplo foi a busca pelas Índias por novos caminhos após a tomada de Constantinopla pelos turcos-otomanos. Em resumo, a principal característica desse período foi a formação das colônias europeias na América e, mais tarde, na África e na Ásia, tornando o “velho continente” como o grande precursor e articulador da globalização e da mundialização do sistema capitalista em todo o planeta. Nesse período, então, consolidou-se a Divisão Internacional do Trabalho (DIT), em que a Europa fornecia mercadorias e as demais áreas forneciam matérias-primas e trabalho escravo. Nessa fase da globalização, também ocorreu a Revolução industrial, um período de enorme desenvolvimento tecnológico que ocorreu inicialmente na Inglaterra no século XVIII e posteriormente expandiu-se pela Europa e por todo o mundo. Proporcionou notáveis transformações na economia mundial, através da consolidação da produção industrial e dos novos modelos de trabalho e consumo. A Segunda Fase da Globalização (século XVIII ao XX) Com a consolidação do processo de industrialização no continente europeu, a Globalização entrou, então, em uma nova fase. Nesse período, houve então a formação daquilo que se denominou por Capitalismo Industrial, além de se formarem as bases para a instauração do Capitalismo Financeiro. Com os avanços promovidos na área da indústria e os recursos captados por aquilo que se convencionou chamar de “mundo desenvolvido” a partir da exploração de suas colônias ou áreas de dominação econômica, os sistemas de transporte e comunicação ampliaram-se, havendo a criação e difusão de ferrovias, telégrafos, sistemas de telefonia, além do uso dos automóveis, aviões, entre outros. Com isso, o mundo foi se tornando cada vez mais interligado, embora tal interligação obedeça a uma hierarquia de dominação e dependência socioeconômica. Nessa fase da globalização, a DIT ampliou-se. Enquanto os países desenvolvidos produziam e forneciam produtos industrializados, as colônias e países subdesenvolvidoslimitavam-se ao fornecimento de produtos primários. A expansão do domínio europeu sobre territórios da Ásia e, principalmente, da África, denominada Imperialismo, proporcionou cada vez mais fontes de matéria prima e mercado consumidor. Nessa fase, a ocorrência da Segunda Guerra Mundial, apesar de toda a destruição e mortandade gerada, proporcionou uma enorme evolução tecnológica. A Terceira Fase da Globalização (século XX) Essa fase da globalização estendeu-se do final da Segunda Guerra Mundial ao final da Guerra Fria e coincidiu com o período da Ordem Mundial marcado pela bipolaridade. Nessa época, o mundo viu a formação de dois grandes blocos de poder: de um lado, um liderado pelos Estados Unidos, o “bloco capitalista”; de outro, um liderado pela União Soviética, chamado de “bloco socialista”, embora não houvesse 124 um sistema socialista de fato. Se, por um lado, a Guerra Fria gerou muito pânico no mundo a respeito de uma suposta guerra nuclear, por outro, esse período foi marcado por grandes avanços na área tecnológica, principalmente em razão da corrida armamentista e também da corrida espacial, que permitiu uma soma inestimável de conhecimentos científicos. Tais conhecimentos foram respaldados pela emergência da Terceira Revolução Industrial, mais conhecida como Revolução Técnico-científica Informacional. Nesse sentido, foram realizados avanços na área da informação e também dos transportes, com o desenvolvimento da informática, da robótica, da internet e também da biotecnologia. Os instrumentos anteriormente existentes foram aperfeiçoados e novos meios de comunicação e deslocamento foram criados, promovendo, assim, uma maior e mais ampla integração mundial, embora ela permanecesse em níveis desiguais de desenvolvimento pelo mundo. A Quarta Fase da Globalização (de 1989 aos dias atuais) Com a queda do Muro de Berlim, o esfacelamento da URSS e o fim da Guerra Fria, o mundo entrou em uma Nova Ordem Mundial, e a Globalização também passou a um novo estágio. Isso porque houve então um avanço do sistema capitalista para todo o mundo, incluindo os países do então chamado “segundo mundo”, ditos socialistas ou de economia capitalista planificada. O que se vê como característica principal desse processo, além da consolidação total do sistema de globalização por meio da mundialização integral do capitalismo, é o encurtamento das distâncias e a aceleração do tempo. Quando falamos em “encurtamento”, referimo-nos à forma com que os sistemas de transporte conseguem alcançar grandes distâncias em pouquíssimo tempo. Já a aceleração do tempo refere- se à velocidade com que novas tecnologias surgem e são rapidamente melhoradas ou substituídas. O sistema financeiro conseguiu avançar ainda mais por meio daquilo que o sociólogo Manuel Castells chamou por Capitalismo Informacional ou pelo o que o geógrafo Milton Santos denominou por Meio Técnico-científico informacional. No plano político, consolidaram-se o poderio econômico e militar dos Estados Unidos e a formação de polos “secundários”, tais como a União Europeia, a China e a Rússia. 8.3 – As empresas transnacionais As empresas transnacionais conseguiram expandir geograficamente sua atuação e seu mercado consumidor, tornando-se um marco da globalização. Elas possuem a matriz em seu país de origem, mas atuam com filiais em outros, bem como toda a rede de empresas terceirizadas que estão sob sua operação. A globalização é de fundamental importância para a atuação das empresas transnacionais, pois proporciona todo o aparato tecnológico para os serviços de telecomunicação, transporte, investimentos, entre outros, fatores essenciais para realização eficaz das atividades econômicas em escala planetária. 125 8.4 - Globalização cultural Ao mesmo tempo em que a globalização proporcionou uma integração positiva do conhecimento, na qual é possível transmitir, estudar e conhecer hábitos culturais, obras literárias e científicas de todo o mundo, esse acesso a pessoas e conhecimentos diversos também pode influenciar negativamente nossos hábitos. Os padrões globais apresentados vêm sendo seguidos em detrimento dos padrões locais, promovendo uma descaracterização dos hábitos culturais em relação aos modelos globais aderidos. A mídia e os conteúdos digitais aparecem como os disseminadores desse fenômeno da globalização, pois são os meios através dos quais as informações em todas as suas dimensões são transmitidas e perigosamente controladas por um grupo a partir de seus interesses. Os meios de comunicação alcançam pessoas nas mais distantes e isoladas áreas do globo, possibilitando ver e acompanhar fatos que ocorrem em qualquer lugar do mundo exatamente na hora que eles acontecem. A mídia está presente no cotidiano das pessoas de todas as classes sociais e é a grande responsável por transmitir a cultura global, sugerindo um padrão de vida e de consumo que devem ser seguidos para alcançar a felicidade. Dessa forma, o modelo cultural dos países hegemônicos vem ganhando espaço, podendo gerar o um processo de aculturação. 8.5 - Globalização no Brasil A Globalização no Brasil perpassa por uma série de fatores históricos e geográficos. O Brasil está inserido no processo de Globalização desde que os europeus chegaram ao que hoje é o território brasileiro. Todavia, o consenso é que a Globalização passou a ter um maior impacto na economia e na sociedade brasileira a partir da década de 1990. Foi nesse período que ocorreu a adoção do Neoliberalismo como modelo econômico, visando a redução da intervenção do Estado na economia, a intensa abertura para o capital externo e a privatização de empresas estatais Nesse contexto, o Brasil é classificado como país subdesenvolvido, possuindo forte dependência econômica e tecnológica. Também é possível observar a classificação do país como emergente ou em desenvolvimento, devido ao tamanho da sua economia, que figura entre as maiores do mundo, porém com péssimos índices de desigualdade social. Com a abertura de capitais, houve maior inserção das indústrias e companhias transnacionais no Brasil. Elas aqui se instalaram para ampliar o seu mercado consumidor e, também, para buscar mão de obra barata e maior acesso às matérias-primas. Isso acarretou uma maior oferta de trabalho, porém com condições de trabalho mais precárias. Além disso, ocorreu também a instalação de indústrias denominadas “maquiladoras”, onde todo o processo produtivo se fazia em outros países e apenas a montagem dos produtos era feita nacionalmente. O intuito das empresas era driblar os 126 impostos alfandegários e diminuir os custos de produção. Em linhas gerais, o que se pôde observar com a Globalização do Brasil foi a construção de uma contradição: de um lado, o aumento de emprego e a produção e venda de maior número de aparelhos tecnológicos, já do outro, o aumento da precarização do trabalho e da concentração de renda, sobretudo nos anos 1990 e início dos anos 2000. 8.6 - Processo histórico-econômico do Brasil Nas últimas décadas, as chamadas economias em desenvolvimento alcançaram níveis expressivos de industrialização e urbanização, formando uma burguesia nacional e uma classe média de assalariados com renda relativamente elevada. Esse momento pode ser compreendido através de dois pressupostos: a participação do Estado como empresário e a atração de empresas transnacionais. Após a década de 1950, ocorreu no Brasil o processo de internacionalização da economia, com grande participação do Estado como empresário e no desenvolvimento de infraestrutura (transportes, energia, portos) e políticas de incentivos fiscais. Todos esses fatores, aliados à disponibilidade de mão-de-obra barata, mercado consumidor emergente e acesso a matérias-primas e fontes de energia, atraíram empresas transnacionais para o território brasileiro. Houve uma grande ampliação do parque industrial, principalmente indústrias de bens de consumo duráveis (automóveise eletrodomésticos). O país conheceu a sua industrialização tardia e adotou plenamente o Fordismo, um sistema produtivo tradicional que considerava a capacidade de produção e os grandes parques industriais como fundamentos para a atividade industrial. 8.7 - Divisão internacional do trabalho A Divisão Internacional do Trabalho (DIT) é a divisão produtiva global, direcionando o que cada país ou região produz em determinado momento histórico. Primeira divisão internacional do trabalho O mundo vivia em relativo isolamento até o século XV. A partir deste período os países do continente europeu se lançaram ao mar, principalmente Espanha e Portugal, processo conhecido como Grandes Navegações. Foram estabelecidas colônias ultramarinas, e com elas, a primeira divisão internacional do trabalho, onde as colônias africanas, americanas e asiáticas forneciam matérias primas para as metrópoles europeias por meio de mão de obra escrava na maior parte delas. Enquanto isso, as metrópoles produziam bens manufaturados para serem consumidos em suas possessões. Nesta DIT, o Brasil era colônia de Portugal e um fornecedor de matérias primas, como o açúcar e o ouro. 127 Primeira Divisão Internacional do Trabalho baseada na relação entre metrópole e colônia. Na imagem, viagens portuguesas ao mar e produtos extraídos em cada região. Segunda divisão internacional do trabalho Com o advento da Primeira Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra e na França nos séculos XVII e XVIII, foi possível o surgimento do sistema capitalista. A partir deste período a acumulação primitiva de capital possibilitou que as grandes metrópoles se industrializassem, iniciando assim, a Segunda Divisão Internacional do Trabalho. Passou a vigorar um sistema econômico baseado nas relações comerciais entre países industrializados (antigas metrópoles) e países subdesenvolvidos fornecedores de matéria prima (colônias ou ex-colônias). Embora a relação de poder tenha se mantido inalterada, a estrutura desta relação se ampliou: além de extraírem matéria prima, os países europeus agora tinham a preocupação de estabelecer um mercado consumidor para seus produtos industrializados a fim de consolidar o recém implantado sistema capitalista. Representou a substituição da mão de obra escrava pela assalariada nas colônias. Terceira divisão internacional do trabalho Depois da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos assumem a posição de nação hegemônica. Nessa época, vários países subdesenvolvidos começaram a ser financiados pelos países detentores de capital e foram se industrializando (contraindo enormes dívidas externas), deixando de ser países exclusivamente fornecedores de matérias primas. Porém, esses países só completariam seu processo de industrialização mais adiante, por volta das décadas de 1970 e 1980. Continuam a fornecer matéria-prima, mas agora também possuem sua produção industrial. Passam então a exportar produtos industrializados com baixo valor agregado. Nova divisão internacional do trabalho Com o crescente desenvolvimento tecnológico, as empresas dos países industrializados tornaram-se grandes conglomerados e se expandiram cada vez mais pelo mundo, globalizando a produção e o consumo. Desde a década de 1970 essa Divisão Internacional do Trabalho ocorre por dois vetores principais: o processo de reestruturação empresarial, acompanhado da uma nova revolução tecnológica, e a expansão de investimentos de grandes empresas no exterior (transnacionais). 128 O Brasil na Divisão Internacional do Trabalho Na primeira e na segunda Divisão Internacional do Trabalho, inicialmente como colônia e depois como país independente, o Brasil se caracterizou como um fornecedor de matérias primas agrícolas e minerais, tais como o açúcar, o ouro e o café. Na terceira DIT, o Brasil se industrializou, sendo atualmente a 9° maior economia do mundo e a maior da América Latina. O Brasil é um exportador de produtos primários e industrializados de baixa tecnologia. Envia lucros de multinacionais instaladas no país para o exterior, royalties e pagamento e juros de empréstimos internacionais. Destaca-se como um grande exportador de commodities como minério de ferro, soja, petróleo bruto, café, açúcar, milho, carnes e suco de laranja. O Brasil exporta também produtos da indústria de baixa tecnologia, como aço, papel, celulose, têxteis, artigos de couro e sapatos. Os produtos de alta intensidade tecnológica, como aviões (Embraer), representam pouca porcentagem da pauta de exportações. Os Estados Unidos foram o principal parceiro comercial do Brasil por décadas, mas em 2009, a China se tornou nosso principal parceiro comercial, mantendo-se nessa posição. As exportações para a China são compostas basicamente de commodities primárias, como minério de ferro, soja e celulose. Deles, importamos produtos industrializados básicos, de média e de alta tecnologia. 129 GEOGRAFIA E GESTÃO AMBIENTAL O Brasil é um dos países com a mais abundante biodiversidade do planeta, contendo milhões de quilômetros compostos por biomas singulares, sem contar os mares e as reservas de água doce, que figuram entre as maiores do mundo. Para proteger toda essa diversidade, existem os órgãos ambientais que atuam por meio da regulamentação, fiscalização e aplicação de sanções àqueles que descumprirem a legislação ambiental. A gestão ambiental moderna no Brasil principiou na década de 1970 como resposta a uma crise ambiental sistêmica de grandes proporções que atingia todos os países, especialmente nos países industrializados. A escassez de energia e matérias- primas essenciais, a geração de poluição de variadas formas com enormes impactos sobre a qualidade da vida humana, os efeitos dos problemas ambientais globais com riscos de grande magnitude e a ameaça ou a extinção de espécies animais e vegetais estimularam a consciência da comunidade internacional, até porque são obstáculos para a própria reprodução do sistema econômico. Uma crise ambiental sistêmica impacta a economia, a cultura, a sociedade e a política e não mais se restringem à esfera local, mas atravessam todos os níveis territoriais, constituindo uma crise planetária. As conferências internacionais promovidas pela ONU, a partir da Conferência de Estocolmo em 1972, e a ação dos movimentos ambientalistas internos compeliram o governo brasileiro a estabelecer um sistema de agências ambientais de forma gradual, fazendo do Estado o agente protagonista da formulação e implementação de políticas e de práticas de gestão ambiental no país. A Constituinte de 1988, inspirada pelos novos movimentos sociais e pelo debate sobre os limites da centralização administrativa e da democracia representativa, adotou recomendações descentralizantes e participativas, através do deslocamento de atribuições e de poderes para os níveis estaduais e municipais e também no compartilhamento de aspectos da gestão ambiental com entidades da sociedade civil e do setor privado, além da construção e do fortalecimento da noção de desenvolvimento sustentável como recurso político na negociação dos conflitos entre o desenvolvimento e o ambiente. Dessa forma, desenvolveu-se um sistema governamental de agências ambientais que se institucionalizou gradualmente através da criação: • Secretaria Especial de Meio Ambiente – SEMA (1973); • Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA (1989); • Ministério do Meio Ambiente (1993); • Agência Nacional de Águas – ANA (2001); 130 • Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio (2007). Ao lado dessa estrutura institucional, construiu-se igualmente um aparato jurídico amplo que compreende: • Política Nacional de Meio Ambiente (1981), originando: Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA • Política Nacional de Recursos Hídricos (1997); • Lei deCrimes Ambientais (1998); • Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA (1999); • Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (2000) • Estatuto das Cidades (2001); • Lei de Resíduos Sólidos, sancionada em 2010. - Funções e atuações dos principais órgãos ambientais brasileiros entre as esferas federal, estadual e municipal: SISNAMA O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) é a estrutura adotada para a gestão ambiental no Brasil e é formado por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios responsáveis pela proteção, melhoria e recuperação da qualidade ambiental no Brasil, e tem a seguinte estrutura: É a estrutura máxima de gestão ambiental no Brasil, criado pela necessidade de instauração de uma rede de agências governamentais que garantisse mecanismos 131 aptos para a consolidação da Política Nacional do Meio Ambiente, em todo o nível da Federação. O Artigo 6º, da Lei nº 6398/81, estabeleceu a estruturação do SISNAMA em níveis diferenciados, cada um com suas respectivas atribuições: Órgão Superior: O Conselho de Governo Entidade que integra a Presidência da República com o objetivo de assessorar o presidente na elaboração de políticas públicas direcionadas à preservação ambiental. Órgão Consultivo e Deliberativo: O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA É um órgão consultivo e deliberativo do SISNAMA e tem, dentre outras, a finalidade de estudar, assessorar e propor ao Conselho de Governo Federal diretrizes e políticas governamentais para o meio ambiente, assim como normas e padrões compatíveis com um ecossistema ecologicamente equilibrado. O CONAMA é composto por Plenário, CIPAM, Grupos Assessores, Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho. O Conselho é presidido pelo Ministro do Meio Ambiente e sua Secretaria Executiva é exercida pelo Secretário-Executivo do MMA. O Conselho é um colegiado de cinco setores: órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e entidades ambientalistas. Órgão Central: O Ministério do Meio Ambiente – MMA Tem como incumbência promover a adoção das políticas e princípios para o conhecimento, a preservação e a recuperação do meio ambiente. Também busca o uso sustentável dos recursos naturais e a introdução do desenvolvimento sustentável na criação e implementação de políticas públicas em todas as instâncias do governo, através do planejamento, coordenação, controle e supervisão da implementação da Política Nacional e diretrizes governamentais para o meio ambiente. Órgão Executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA Autarquia do Ministério do Meio Ambiente (MMA) dotada de personalidade jurídica de direito público, com autonomia administrativa e financeira. Atua na proteção da natureza para garantir a qualidade ambiental e a sustentabilidade, exercendo o estudo, controle e fiscalização ambiental nos âmbitos nacional e regional por meio de ações de gestão concretas. ICMBio O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) trata-se de um órgão ambiental da administração pública, que tem o poder de autoadministração, nos limites estabelecidos em lei. O ICMBio foi criado pela Lei 11.516/17, com a missão de proteger o patrimônio natural e promover o desenvolvimento socioambiental, por meio da gestão das Unidades de Conservação (UCs) federais. 132 Órgãos Colegiados Apesar do MMA ser considerado o órgão máximo de proteção ambiental, existem outras entidades colegiadas que também fiscalizam o meio ambiente. Esses se tratam de conselhos inseridos no poder executivo municipal, de natureza deliberativa ou consultiva, integrados por diferentes atores sociais (governo, empresas, universidades, trabalhadores e sociedade civil) envolvidas com o meio ambiente e que integram a estrutura dos órgãos locais do SISNAMA. Entre eles estão: • Comissão de Gestão de Florestas Públicas: órgão de natureza consultiva do Serviço Florestal Brasileiro, que tem por finalidade assessorar, avaliar e propor diretrizes para a gestão de florestas públicas brasileiras; • Conselho Nacional de Recursos Hídricos: responsável pela efetivação da gestão de recursos hídricos no Brasil; • Comissão Nacional de Biodiversidade: está entre os órgãos ambientais que regem a conservação e a utilização de recursos naturais, bem como a repartição igualitária de sua utilização e conhecimentos associados. Órgãos Seccionais Órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental. Alguns destes órgãos são: • São Paulo: Coordenadoria de Fiscalização Ambiental (SMA); • Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Ambiente (INEA); • Minas Gerais: Secretaria de Meio Ambiente; • Bahia: Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) e Secretaria de Meio Ambiente; • Paraná: Instituto Ambiental do Paraná (IAP); • Santa Catarina: Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA); • Amazonas: Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM). Órgãos Locais Órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas mesmas atividades dos órgãos seccionados, nas suas respectivas jurisdições. O Artigo 23 da Constituição Federal determina a 133 competência administrativa comum entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios referente à preservação ambiental: Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; Aos estados cabe definir a estrutura de gestão ambiental mais adequada, que pode ser em formato de departamentos, fundações ou secretarias. Já os municípios devem seguir os padrões federais e estaduais, podendo criar órgãos e conselhos regionais que facilitem o diálogo e aproximem todos os envolvidos em cada etapa de gestão ambiental. Consequentemente, todas as esferas do governo devem operar para minimizar ao máximo os danos ambientais. Ademais, as empresas devem realizar estratégias corretas de tratamento dos resíduos e poluentes. Principais instrumentos legais da gestão ambiental no Brasil A legislação brasileira voltada para o meio ambiente e à gestão ambiental é abrangente, atualizada em relação aos acordos internacionais do país e completa quanto aos aspectos ambientais considerados. A sua aplicação contribui para o desenvolvimento sustentável do país, a qualidade de vida das pessoas e a proteção de espaços e recursos naturais estratégicos. Todavia, existem algumas dificuldades para a plena implementação da legislação ambiental nas diferentes esferas do poder, principalmente devido a questões políticas, pressão de setores econômicos que se beneficiam da degradação ambiental e má gestão de suas atividades, ignorando o princípio constitucional: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 134 Recursos humanos e tecnológicos escassos em muitos órgãos ambientais, gestores e fiscalizadores também contribuem para o não cumprimento adequado das leis de proteção ambiental. Unidades de Conservação A Constituição impõe ao Poder Público o dever de: Na sua missão de proteger o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações, como patrono que é da preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais, incumbe ao estado definir, em todas as unidades da federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquerutilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção (constituição federal, art. 225, § 1º, III). Este comando foi atendido com a promulgação da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 e do Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002 que, respectivamente, cria e regula o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).. As unidades de conservação (UCs) são legalmente instituídas pelo poder público, nas suas três esferas (municipal, estadual e federal). I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção; As UCs têm a função de resguardar as áreas ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente. Além disso, garantem às populações tradicionais o uso sustentável dos recursos naturais de forma racional e ainda propiciam às comunidades do entorno o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis. Sendo a proteção do meio ambiente uma competência que concorre a todas as esferas do Poder Público, à iniciativa privada e toda sociedade civil, coube ao SNUC disponibilizar a estes entes os mecanismos legais para a criação e a gestão de UCs (no caso dos entes federados e da iniciativa privada) e para participação na administração e regulação do sistema (no caso da sociedade civil), possibilitando assim o desenvolvimento de estratégias conjuntas para as áreas naturais a serem preservadas e a potencialização da relação entre o Estado, os cidadãos e o meio ambiente. 135 As unidades de conservação da esfera federal do governo são administradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Nas esferas estadual e municipal, por meio dos Sistemas Estaduais e Municipais de Unidades de Conservação. O SNUC agrupa as unidades de conservação em dois grupos, de acordo com seus objetivos de manejo e tipos de uso: As Unidades de Proteção Integral têm como principal objetivo preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, ou seja, aquele que não envolve consumo, coleta ou danos aos recursos, sendo permitido o turismo ecológico, pesquisa científica, educação ambiental, entre outras. As Unidades de Uso Sustentável, por sua vez, têm como objetivo compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos, conciliando a presença humana nas áreas protegidas. Nesse grupo, atividades que envolvem coleta e uso dos recursos naturais são permitidas, desde que praticadas de forma sustentável. 136 O SNUC também prevê 12 (doze) categorias complementares: Unidades de proteção integral Estação Ecológica - SEMA (1981): área destinada à preservação da natureza e à realização de pesquisas científicas, podendo ser visitadas apenas com o objetivo educacional. Reserva Biológica - Lei de Proteção à Fauna (1967): área destinada à preservação da diversidade biológica, na qual são realizadas medidas de recuperação dos ecossistemas alterados para recuperar o equilíbrio natural e preservar a diversidade biológica, podendo ser visitadas apenas com o objetivo educacional. Parque Nacional - Código Florestal de 1934: área destinada à preservação dos ecossistemas naturais e sítios de beleza cênica. O parque é a categoria que possibilita uma maior interação entre o visitante e a natureza, pois permite o desenvolvimento de atividades recreativas, educativas e de interpretação ambiental, além de permitir a realização de pesquisas científicas. Monumento Natural - SNUC (2000): área destinada à preservação de lugares singulares, raros e de grande beleza cênica, permitindo diversas atividades de visitação. Essa categoria de UC pode ser constituída de áreas particulares, desde que as atividades realizadas nessas áreas sejam compatíveis com os objetivos da UC. Refúgio da Vida Silvestre - SNUC (2000): área destinada à proteção de ambientes naturais, no qual se objetiva assegurar condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna. Permite diversas atividades de visitação e a existência de áreas particulares, assim como no monumento natural. Unidades de uso sustentável Área de Proteção Ambiental - SEMA (1981): área dotada de atributos naturais, estéticos e culturais importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas. Geralmente, é uma área extensa, com o objetivo de proteger a diversidade biológica, ordenar o processo de ocupação humana e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. É constituída por terras públicas e privadas. Área de Relevante Interesse Ecológico - SEMA (1984): área com o objetivo de preservar os ecossistemas naturais de importância regional ou local. Geralmente, é uma área de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana e com características naturais singulares. É constituída por terras públicas e privadas. Floresta Nacional - Código Florestal de 1934: área com cobertura florestal onde predominam espécies nativas, visando o uso sustentável e diversificado dos recursos florestais e a pesquisa científica. É admitida a permanência de populações tradicionais que a habitam desde sua criação. Reserva Extrativista - SNUC (2000): área natural utilizada por populações extrativistas tradicionais onde exercem suas atividades baseadas no extrativismo, na 137 agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais existentes. Permite visitação pública e pesquisa científica. Reserva de Fauna - Lei de Proteção à Fauna (1967): área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas; adequadas para estudos técnico- científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. Reserva de Desenvolvimento Sustentável - SNUC (2000): área natural onde vivem populações tradicionais que se baseiam em sistemas sustentáveis de exploração de recursos naturais. Permite visitação pública e pesquisa científica. Reserva Particular do Patrimônio Natural - MMA (1996): área privada com o objetivo de conservar a diversidade biológica, permitida a pesquisa científica e a visitação turística, recreativa e educacional. É criada por iniciativa do proprietário, que pode ser apoiado por órgãos integrantes do SNUC na gestão da UC. De acordo com a legislação vigente, as UCs são criadas através de ato do Poder Público (Poder Executivo e Poder Legislativo) após a realização de estudos técnicos da importância ecológica dos espaços propostos e, quando necessário, consulta à população. Estas áreas estão sujeitas a normas e regras especiais e só podem ser alteradas e/ou reduzidas mediante lei específica. Entretanto, em 2012, uma Medida Provisória que previa a redefinição de limites de sete UCs na Amazônia foi sancionada pela presidente e transformada em Lei Federal, abrindo um precedente perigoso para a conservação no país. 138 EIA/RIMA Para a aprovação e o início de quaisquer empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente, é obrigatório, desde 1986 (segundo a Resolução nº 001 do Conama), o Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA), que tem como objetivo avaliar propostas e projetos, apontar consequências degradantes ao ambiente, apresentar medidas de gestão ambiental alternativas e elaborar o Relatório de Impacto no Meio Ambiente (Rima). Política Nacional sobre Mudança do Clima Instituída pela Lei n° 12.187/09, a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) tem por objetivos expressos a compatibilização do desenvolvimentosocioeconômico com a proteção do sistema climático através da redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), reforçando o comprometimento do Brasil junto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de redução de emissões de GEE. A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima é uma base de cooperação internacional em que os seus países membros buscam estabelecer políticas para reduzir e estabilizar as emissões de gases de efeito estufa em um nível na qual as atividades humanas não interfiram seriamente nos processos climáticos. A primeira reunião aconteceu em 1992 durante a Eco 92, Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro, o texto da convenção foi assinado e ratificado por 175 países, reconhecendo a necessidade de um esforço global para o enfrentamento das questões climáticas. Com a entrada em vigor da Convenção do Clima, os representantes dos diferentes países passaram a se reunir anualmente para discutir a sua implementação, estas reuniões são chamadas de Conferências das Partes (COPs). Protocolo de Kyoto Assinado em 1997 e entrando em vigor em 2005, é um tratado internacional que estipulou as metas de reduções obrigatórias dos principais gases de efeito estufa para o período de 2008 a 2012. Apesar da resistência por parte de alguns países desenvolvidos foi acordado o princípio da responsabilidade comum, porém diferenciada. Assim, os países desenvolvidos e industrializados, por serem responsáveis históricos das emissões e por terem mais condições econômicas para arcar com os custos seriam os primeiros a assumir as metas de redução até 2012. Os Estados Unidos, responsáveis por uma grande parte das emissões históricas de CO2, nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto e o abandonaram em definitivo em 2001. Em 2011 foi a vez de o Canadá deixar o acordo, e muitos analistas pensaram que o Protocolo de Kyoto fracassara. Em 2012, durante a COP 18 em Doha, quando estava previsto a finalização do Protocolo de Kyoto, mesmo com as emissões dos países industrializados caindo para 20% em relação aos níveis de 1990, foi observado o não atingimento das metas por diversos países, pois no mesmo período as emissões globais aumentaram cerca de 139 38% e o protocolo foi prorrogado até 2020. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) Instrumento que integra o Protocolo de Quioto e permite que os países desenvolvidos invistam em projetos para redução de emissões em países em desenvolvimento. As emissões reduzidas são contabilizadas e geram créditos de carbono que podem ser comercializadas no comércio de emissões. Este instrumento de mercado possibilita que os países que tenham obrigatoriedade de reduzir suas emissões possam comprar créditos de carbono de um país que já tenha atingido a sua meta, e, portanto, tem créditos excedentes para vender. 140 QUESTÕES 1. CEBRASPE (CESPE) - Soldado Policial Militar (PM AL)/2021 Acerca dos problemas sociais urbanos no Brasil e de seus desdobramentos socioeconômicos e socioespaciais, julgue o item a seguir. Como elementos extraídos da natureza serão transformados e utilizados para a subsistência do homem, economia e meio ambiente são categorias que devem ser analisadas em conjunto, quando se considera a sustentabilidade. ( ) CERTO ( ) ERRADO 2. CEBRASPE (CESPE) - Professor (SEDUC AL)/Geografia/2021 A agricultura pode ser definida como um conjunto de técnicas concebidas para cultivar a terra a fim de obter produtos e garantir a subsistência alimentar do ser humano bem como matérias-primas para a produção de combustível, medicamentos, ferramentas, roupas, entre outros. Atualmente, segundo dados da Embrapa, o Brasil ocupa 75,4 milhões de hectares de área plantada e é o quarto maior exportador mundial de produtos agropecuários, com faturamento de aproximadamente USD 96,9 bilhões anuais, atrás apenas da União Europeia, EUA e China. Internet: <www.myfarm.com.br> (com adaptações). A respeito da agropecuária brasileira e de sua importância produtiva, julgue o item subsecutivo. Mesmo a revolução técnico-científica tendo causado a Revolução Verde e aumentado toda a produção em toneladas de produtos agrícolas para a exportação, o clima ainda exerce uma influência importante, porque afeta diretamente o desempenho da agropecuária do país. ( ) CERTO ( ) ERRADO 3. CEBRASPE (CESPE) - Professor (SEDUC AL)/Geografia/2021 No que se refere a questões ambientais e a política ambiental, julgue o item a seguir. O conceito de sustentabilidade, apesar de ser vinculado à criação de ações de preservação ambiental com vistas ao não comprometimento da vida ecológica do nosso planeta, não se relaciona com os temas e as estratégias referentes a política ambiental nem com a noção de desenvolvimento econômico. ( ) CERTO ( ) ERRADO 141 4. CEBRASPE (CESPE) - Analista de Gestão de Resíduos Sólidos (SLU DF)/ Geografia/2019 Julgue o item que se segue, com relação a problemas ambientais urbanos decorrentes da ocupação humana. A retirada de cobertura vegetal intraurbana reduz a atividade fotossintética e, quando associada ao fluxo de veículos, gera acúmulo de dióxido de carbono sobre as cidades, fenômeno esse conhecido como domos urbanos de CO2. ( ) CERTO ( ) ERRADO 5. CEBRASPE (CESPE) - Analista de Gestão de Resíduos Sólidos (SLU DF)/ Geografia/2019 Julgue o item que se segue, com relação a problemas ambientais urbanos decorrentes da ocupação humana. A coleta e a destinação de resíduos sólidos são consideradas como problemas ambientais urbanos para os quais a maioria das cidades brasileiras ainda não tem uma solução eficaz. ( ) CERTO ( ) ERRADO 6. CEBRASPE (CESPE) - Analista de Gestão de Resíduos Sólidos (SLU DF)/ Geografia/2019 Julgue o item que se segue, com relação a problemas ambientais urbanos decorrentes da ocupação humana. O lançamento de esgotos em lagos urbanos tem como consequência a eutrofização desses locais, processo de aumento de nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 7. CEBRASPE (CESPE) - Analista do Ministério Público da União/Perícia/ Geografia/2013 Com relação à geografia humana e planejamento territorial, julgue o item a seguir. No que concerne ao desenvolvimento econômico e à conservação da natureza, o Estado, que é mediador do processo ambiental, deve construir um modelo de gestão que integre diversos interesses em torno do desenvolvimento sustentável. 142 ( ) CERTO ( ) ERRADO 8. CEBRASPE (CESPE) - Oficial de Inteligência/2008 O século XX assistiu a um rápido crescimento da população mundial, que partiu de 1,6 bilhões e alcançou 6,1 bilhões. Não se prevê uma estabilização para o atual século, porém, para 2050, a expectativa é de 9 bilhões de habitantes no planeta. Abaixo, o gráfico mostra os dez países que deverão apresentar o maior incremento populacional no mundo. Julgue o item que se segue, acerca das informações do texto e do gráfico acima apresentados, bem como dos assuntos a eles relacionados. Embora o crescimento populacional contribua para o aumento dos problemas ambientais, como a destruição da cobertura florestal e a poluição em suas várias formas, a necessária intensificação na exploração dos recursos naturais terá a sua sustentabilidade ambiental e econômica assegurada por meio do desenvolvimento da tecnologia, já que esta implica o adequado aumento da produtividade. ( ) CERTO ( ) ERRADO 9. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2005 Texto O Estado-nação brasileiro tem suas raízes na expansão mercantil-colonial europeia do século XVI. Naquele momento histórico, as burguesias mercantis, aliadas às monarquias, sobretudo portuguesa e espanhola, empreendiam a busca, para além- mar, do ouro, da prata ou de produtos que, de alto valor comercialnos mercados europeus, pudessem ser transacionados com muito lucro. O pau-brasil, que abundava em nossas florestas tropicais, ao longo da costa atlântica, foi o primeiro alvo do saque aos recursos naturais, até então manejados por diversos povos indígenas nômades e seminômades. Ironicamente, a espécie que acabou por dar origem ao nome do país tornou-se a primeira vítima: o pau-brasil, madeira de coloração avermelhada que os europeus utilizavam na produção de tinturas, hoje só existe nos jardins e museus botânicos. Carlos Walter Porto Gonçalves. Formação socioespacial e questão ambiental no Brasil. In: Berta K. Becker et al. (org.). Geografia e meio ambiente no Brasil. 3.ª ed. São Paulo: Ana Blume – Hucitec, 2002, p. 312 (com adaptações). 143 Considerando o assunto abordado no texto, julgue (C ou E) o item seguinte, relativos à temática ambiental no Brasil. A reflexão sobre o meio ambiente, com o objetivo de se alcançar o desenvolvimento sustentável, exige o estabelecimento de paradigmas que alterem a relação homem/natureza verificada desde o período colonial. ( ) CERTO ( ) ERRADO 10. CEBRASPE (CESPE) - Oficial de Inteligência/Código 11/2004 No final do século XX, a economia capitalista mundializada produziu uma segmentação geoeconômica atestada na formação de blocos econômicos. O quadro atual é resultado de vários desdobramentos não só econômicos, mas sociais e culturais. Nesse contexto, julgue o item subsequente. Na chamada nova ordem mundial, observa-se a preocupação com um novo tipo de desenvolvimento que, ao contrário do modelo baseado no uso intensivo dos recursos naturais, leve em conta a preservação ambiental. ( ) CERTO ( ) ERRADO 11. CEBRASPE (CESPE) - Professor (SEDUC AL)/Geografia/2018 Em uma aula de geografia, os estudantes fizeram três perguntas ao professor. A primeira questionava o interesse do Brasil em integrar o grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a segunda pedia que o professor elencasse as áreas nas quais a América Latina recebe investimentos da China e a terceira tratava do impacto das indústrias das potências centrais e dos países emergentes no meio ambiente global. Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma resposta dada pelo professor de geografia às questões formuladas pelos estudantes. Julgue o item quanto à correção das respostas apresentadas pelo professor. Assim como as indústrias da Rússia, da China, da Índia, dos Estados Unidos da América, da União Europeia e do Japão, as indústrias brasileiras compõem o setor da economia do país que mais emite gases de efeito estufa na atmosfera. ( ) CERTO ( ) ERRADO 12. CEBRASPE (CESPE) - Assistente de Saneamento (EMBASA)/Técnico em Meio Ambiente/2010 O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), criado em 1988, 144 no âmbito da ONU, tem como objetivo avaliar as informações científicas, técnicas e socioeconômicas para compreender os riscos das mudanças climáticas induzidas pelo homem, seus impactos potenciais e as opções para adaptação e mitigação. Nesse sentido, julgue o item subsequente, relativos ao aquecimento global. A agropecuária contribui para a emissão de gases de efeito estufa e para a poluição atmosférica, por meio do lançamento de dióxido de carbono, metano e óxido de nitrogênio. ( ) CERTO ( ) ERRADO 13. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2003 A consciência ecológica desenvolvida nas últimas décadas trouxe novos desafios para as políticas e medidas a serem estabelecidas no Brasil. O desempenho ambiental do país tem fortes implicações em suas relações internacionais. Acerca desse tema, julgue o item que se segue. O disciplinamento, o uso racional da terra e o estabelecimento de limites territoriais são elementos significativos nas medidas de conservação da biodiversidade brasileira. ( ) CERTO ( ) ERRADO 14. CEBRASPE (CESPE) - Analista de Gestão de Resíduos Sólidos (SLU DF)/ Geografia/2019 Com relação a impactos sociais e econômicos decorrentes da implantação de grandes empreendimentos em diversos setores das atividades produtivas no Brasil, julgue o item. O sistema de licenciamento ambiental vigente no Brasil impõe que os modelos de intervenção e remediação de impactos sejam comuns aos estados. ( ) CERTO ( ) ERRADO 15. CEBRASPE (CESPE) - Geógrafo (MPOG)/2015 Com relação às características de resiliência, equilíbrio e estabilidade, proteção e manejo de ecossistemas, julgue o item que se segue. Entre as estratégias que podem ser empregadas para minimizar os impactos negativos sobre o ambiente natural inclui-se a criação, por decreto ou lei, de unidades de conservação, como a APP (área de preservação permanente) que, além de proteger os ecossistemas naturais, visam regular a utilização antrópica dos recursos naturais nas áreas protegidas. ( ) CERTO ( ) ERRADO 145 GABARITO COMENTADO 1. CERTO A busca pela sustentabilidade está relacionada com o equilíbrio entre o crescimento econômico, a preservação ambiental e a justiça social, para garantir as demandas atuais sem comprometer as futuras gerações. 2. CERTO A revolução técnico-científica advinda da Revolução Verde proporcionou o aumento da produção, porém os recursos hídricos, elemento mais importante da produção, dependem estritamente da dinâmica climática, afetando diretamente o desempenho da agropecuária do país em casos de estiagem, por exemplo. 3. ERRADO Os temas e as estratégias referentes à política ambiental e desenvolvimento econômico estão diretamente relacionados ao conceito de sustentabilidade, já que é necessário a atuação em conjunto para se buscar tais objetivos. 4. CERTO Os domos urbanos de CO2 são resultantes da queima de combustíveis fósseis e da consequente emissão de gases, concentrando-se no centro da cidade, área em que as emissões geralmente são maiores, e reduzindo-se à medida que se desloca para as áreas periféricas. Portanto, a retirada de cobertura vegetal intraurbana é um fator de agravamento desse quadro. 5. CERTO Realmente a coleta e a destinação de resíduos sólidos são grandes problemas ambientais urbanos do Brasil, devido à sua destinação à locais inadequados. Quando esses resíduos são acumulados em lixões e aterros sanitários precários, podem causar poluição dos solos e recursos hídricos, além de se transformarem em áreas de proliferação de doenças. A solução seria a coleta total desses resíduos e a sua destinação à aterros controlados. 6. CERTO A eutrofização gerada pelo aumento de nutrientes por meio do lançamento de esgotos em lagos urbanos causa transformações como o aumento do número de algas e cianobactérias, que criam uma camada na superfície do corpo d’água impedindo a penetração de luz e consequentemente incapacitando as plantas aquáticas de realizar a fotossíntese. Com isso, ocorre a redução da disponibilidade de oxigênio na água, causando a redução especialmente de peixes. 146 7. CERTO O Estado deve desenvolver planejamento, estratégias e ações que levem em consideração o desenvolvimento econômico, as questões ambientais e sociais para alcançar o desenvolvimento sustentável. 8. ERRADO O desenvolvimento da tecnologia não assegura a sustentabilidade ambiental e econômica da exploração dos recursos naturais, mas pode auxiliar juntamente com o desenvolvimento de políticas ambientais e sociais efetivas. 9. CERTO A relação homem/natureza verificada desde o período colonial é extremamente predatória e geradora de degradação ambiental, colocando o desenvolvimento sustentável como grande objetivo para se buscar o equilíbrio econômico, ambiental e social. 10. CERTO Na Nova Ordem Mundial, as nações passaram a inserir no planejamento de seus modelos de desenvolvimento as questões ambientais e sociais, orientados pelos debates e conferências da diplomacia ambiental. 11.ERRADO O setor agropecuário é o grande responsável pela emissão de CH4 e de N2O (gases do efeito estufa no Brasil), superando as emissões industriais do país. 12. CERTO O lançamento de dióxido de carbono, metano e óxido de nitrogênio pela agropecuária ocorre devido às queimadas para abertura de pastagens, uso de fertilizantes e pelo processo digestivo do gado. 13. CERTO O planejamento territorial contribui para amenizar os impactos oriundos dos vetores responsáveis pela degradação de áreas naturais como urbanização, agricultura, industrialização, dentre outros. 14. ERRADO Cada estado possui diferentes características ambientais e sociais, bem como diferentes tipos de degradação ambiental, portanto devem possuir diferentes modelos de intervenção e remediação de impactos. 147 15. ERRADO Uma Área de Preservação Permanente (APP) não é uma unidade de conservação e não pode receber intervenções antrópicas com o objetivo de utilização dos seus recursos naturais. 148 10. MACRODIVISÃO NATURAL DO ESPAÇO BRASILEIRO: BIOMAS, DOMÍNIOS E ECOSSISTEMAS 10.1 - Domínios morfoclimáticos do Brasil Domínios morfoclimáticos são extensas regiões delimitadas no território brasileiro por meio da análise da presença e interação de elementos em comum, formando assim paisagens relativamente homogêneas. Em essência, o conjunto de elementos que compõem os domínios morfoclimáticos hoje conhecidos são: Clima, Relevo, Vegetação, Solos, Hidrografia. Importante perceber que os critérios para a definição dos domínios morfoclimáticos são de origem física ou natural. A classificação dos domínios morfoclimáticos ou paisagísticos, como são também chamados, foi feita pelo geógrafo Aziz Ab’Saber, e é amplamente utilizada nos estudos da paisagem natural brasileira. Domínio morfoclimático amazônico O domínio Amazônico é a maior das seis unidades paisagísticas do Brasil. Situa-se predominantemente na região Norte, abrangendo os estados do Acre, Amazonas, Pará, Amapá, parte de Roraima, Rondônia e o norte do Tocantins. Estende- se ainda por uma pequena parte do Nordeste, no noroeste do Maranhão. Essa região é caracterizada pelo clima Equatorial, marcado pelas altas temperaturas e elevada umidade relativa do ar. Além disso, as chuvas são abundantes nesse domínio, proporcionando a formação de uma cobertura vegetal densa (floresta 149 equatorial) e o abastecimento dos seus principais cursos d’água. A vegetação do domínio amazônico é formada pela Floresta Amazônica, que abrange um total de nove países. Trata-se da maior floresta tropical do mundo, onde são encontradas matas ciliares, igapós, igarapés e matas de terra firme. Abriga uma enorme biodiversidade, com mais de 12 mil espécies vegetais e 40 mil espécies animais catalogadas. A hidrografia desse domínio se divide entre a bacia Amazônica, que é a maior bacia hidrográfica do mundo, e a bacia do Tocantins-Araguaia, considerada a maior bacia exclusivamente brasileira. Entre os principais rios que banham a região estão o Amazonas, Negro, Tapajós, Madeira, Tocantins e Araguaia. Já o relevo do domínio amazônico apresenta formas bastante diversificadas. Extensas áreas de planície e terras baixas amazônicas dividem espaço com os planaltos e as depressões, demarcando assim áreas com substrato bastante antigo e erodido pela intensa ação dos agentes modeladores do relevo. Os solos são pobres em nutrientes e, em parte, arenosos, contrastando com a vegetação exuberante da floresta tropical. Em contrapartida, possuem uma camada de material orgânico depositado em sua superfície, proporcionando assim a sua fertilização. Os solos mais férteis são encontrados nas áreas de planícies fluviais, onde há o depósito de nutrientes pelas águas dos rios. Os principais tipos de solos encontrados nesse domínio são os argissolos, latossolos e gleissolos. Domínio morfoclimático da Caatinga O domínio da Caatinga compreende estados da região Nordeste do Brasil. Abrange integralmente o estado do Ceará, o oeste do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas; o leste do Maranhão; e uma extensa área da Bahia. Uma pequena parte ao norte do estado de Minas Gerais, da região Sudeste, integra também o domínio da caatinga. 150 Constitui um domínio com um regime de chuvas irregulares, podendo haver longos períodos de estiagem (ausência de chuvas). Além da baixa umidade relativa do ar, as temperaturas são bastante elevadas durante a maior parte do ano, havendo assim a predominância do clima Semiárido. Seu relevo é caracterizado pelas depressões Sertaneja e do São Francisco, indicando assim a intensa ação de agentes erosivos na região. Os solos encontrados na área variam conforme a localização e o relevo, estabelecendo- se estruturas profundas, como latossolos, pouco profundas e de difícil infiltração, como os vertissolos, e rasas, como os neossolos e luvissolos. Assim, existem nesse domínio áreas com solos férteis e outras com coberturas com baixo teor de nutrientes e pedregosas, o que dificulta o desenvolvimento de vegetação densa e limita as atividades agrícolas. A vegetação característica desse domínio é a da Caatinga, formada por plantas adaptadas ao calor e aos longos intervalos sem chuva. Dessa forma, observa- se a presença de espécies de baixo e médio porte, caducifólias, isto é, que perdem as suas folhas em determinado período do ano, com raízes longas destinadas à absorção de água, e algumas delas com estruturas que servem para a sua defesa, como espinhos, e para o armazenamento de água, como as cactáceas. Quatro bacias hidrográficas comportam os rios e mananciais desse domínio, que são as bacias do São Francisco, do Parnaíba, do Atlântico Nordeste Oriental e do Atlântico Leste. Em decorrência do seu regime de chuvas, grande parte dos seus rios é intermitente, ou seja, são temporários, com a água “sumindo” de seu leito nos períodos mais secos. O principal rio perene da região é o São Francisco. Domínio morfoclimático do Cerrado O domínio morfoclimático do Cerrado é o segundo mais extenso do Brasil, abrangendo estados de quatro regiões do país, com predominância do Centro- Oeste. Nesta região, o domínio do cerrado ocorre em todos os estados e também no Distrito Federal. No Sudeste inclui áreas de Minas Gerais, no Nordeste compreende o oeste da Bahia, sul do Maranhão e uma estreita faixa a sudoeste do Piauí, enquanto na região Norte incorpora áreas do Tocantins e de Rondônia. O clima no domínio do cerrado é tipicamente Tropical, havendo a alternância entre uma estação seca e a outra chuvosa, o que reflete em sua vegetação. Esta, como o nome sugere, é caracterizada pelos cerrados e cerradões, variando assim de gramíneas, arbustos e árvores de pequeno porte, formando campos e savanas, e médio porte até árvores de grande porte e formações florestais. 151 Muitas das espécies lenhosas do Cerrado apresentam troncos espessos e retorcidos, feições que surgiram da adaptação às condições climáticas e também à ação do fogo por meio de queimadas naturais ou antrópicas. O relevo desse domínio é marcado pela presença de planaltos, chapadas e depressões. Os solos encontrados no Cerrado são geralmente pobres em nutrientes e, portanto, possuem baixa fertilidade natural. Além disso, a sua composição confere a eles um pH baixo, o que caracteriza a ocorrência de solos ácidos. Esse domínio é conhecido por abrigar as nascentes de importantes rios brasileiros, como o Paraná, São Francisco, Tocantins, Araguaia, Parnaíba e outros, abrangendo grande parte das bacias hidrográficas que conformam o sistema hidrológico brasileiro. Domínio morfoclimático dos Mares de morros O domínio dos mares de morros compreende todo o litoral leste do Brasil, desde o Nordeste até a região Sul, além de abranger a quase totalidade do estado de São Paulo. Seu nome é derivado das formas de relevo observadas em boa parte de sua extensão, caracterizadas porconjuntos de morros arredondados, que são também chamados de relevo mamelonar ou de meia laranja. Além das formas convexas que compõem a paisagem de mar de morros, tal domínio é marcado pelas planícies litorâneas, portanto, áreas de baixas altimetria e pluviosidade decorrente da umidade vinda do oceano. Também neste domínio encontram-se áreas de altitude relevante em regiões de relevo acidentado, das quais podemos destacar as serras do Espinhaço, do Mar e da Mantiqueira. Os climas variam conforme a latitude, indo de Tropical quente e úmido a Subtropical. Nos estados da região Sudeste, destaca-se também a ocorrência dos climas Tropical e Subtropical de altitude nos terrenos mais elevados. A área coincide com o bioma Mata Atlântica, onde se observa a presença de florestas, campos e vegetação litorânea. 152 Possui um denso sistema de drenagem potencializado pelo relevo acidentado. Ao todo, seis bacias hidrográficas fazem parte desse domínio, entre elas as bacias do Paraná, do Atlântico Leste e do Atlântico Sul. Domínio morfoclimático das Araucárias O domínio das Araucárias ocorre em áreas de clima Subtropical do Brasil, abrangendo então os estados da região Sul, sendo predominante em Santa Catarina e Paraná, e caracterizando a porção norte e nordeste da paisagem do Rio Grande do Sul. A mata de araucárias, embora tenha sofrido uma severa redução de área em decorrência do avanço das atividades extrativas e agropecuárias, recobre a maior parte do domínio, motivando assim a sua denominação. O desenvolvimento das araucárias, árvores de grande estatura e aciculifoliadas (folhas em forma de agulha), foi favorecido por, além das condições climáticas, solos de elevado grau de fertilidade, em especial aqueles que recebem o nome de “terra roxa”, que nada mais são do que os latossolos avermelhados derivados da decomposição de rochas basálticas. O relevo do domínio das araucárias é composto por terrenos elevados que formam os planaltos e patamares, onde se observa feições que vão de suavemente onduladas até encostas íngremes. Os corpos d’água e rios que banham suas terras estão compreendidos nas bacias hidrográficas do Paraná, do Atlântico Sudeste e Sul e também do Uruguai. Domínio morfoclimático das Pradarias O domínio das Pradarias está presente, no Brasil, somente no estado do Rio Grande do Sul. Abrange boa parte do oeste e sudoeste gaúchos, e corresponde à paisagem que conhecemos como campanha gaúcha. Ocorre em clima Subtropical com temperaturas amenas e frias, dispondo de uma vegetação formada por gramíneas, principalmente, arbustos e árvores esparsas. O relevo dessa região recebe o nome de 153 coxilha, caracterizado por feições suavemente onduladas e planas. Trata-se de uma área com solo fértil da classe dos chernossolos, de coloração escura, em sua maioria raso e com alta propensão ao desenvolvimento agrícola. Faixas de transição dos domínios morfoclimáticos do Brasil As faixas de transição correspondem a áreas situadas entre dois ou mais domínios morfoclimáticos. Em função da sua localização, dispõem de características físicas e climáticas que se assemelham aos domínios próximos, porém possuindo feições singulares. As principais faixas de transição encontradas hoje no Brasil são: Mata dos cocais: localizada entre os domínios do cerrado, da caatinga e amazônico. Agreste: situado entre os domínios da caatinga e dos mares de morros (zona da mata). Pantanal: localizado entre os domínios amazônico e do cerrado, no território brasileiro, e também do chaco, que recobre países vizinhos como a Bolívia, a Argentina e o Paraguai. 154 10.2 - Impactos ambientais sobre os domínios morfoclimáticos do Brasil Identifica-se problemas ambientais em todos os domínios morfoclimáticos brasileiros, em maior ou menor grau. A grande maioria deles associada ao desmatamento e ao processo de queimadas, ambos com motivações de cunho econômico. O principal impacto, causador de grandes perdas nos domínios amazônico, do cerrado e também dos pampas, está associado com o avanço da produção agropecuária: a abertura de novas áreas destinadas ao plantio de commodities, como a soja, e também de pastagens para a prática da pecuária extensiva. Áreas nas proximidades da fronteira entre Rondônia, o Amazonas e o Mato Grosso têm sido consideradas como a “última fronteira agrícola”, no sentido de mais nova, justamente pela crescente presença de grandes lavouras. No domínio das pradarias, o que tem ocorrido é um processo de arenização dos solos devido à remoção da vegetação natural também para a prática agrícola de grande escala. Os desmatamentos avançam pela caatinga em função da retirada de matérias- primas utilizadas na produção de lenha e carvão vegetal, assim como atividades agropecuárias. Esse domínio se vê ameaçado igualmente pelas queimadas, que, somadas ao desmatamento, podem causar a desertificação do solo. Imagem: área desmatada na Floresta Amazônica. Os índices de degradação e descaracterização dos domínios são elevados na mata de araucárias e no domínio dos mares de morro, este recoberto pela Mata Atlântica, e são causados pela extração de recursos destinados à indústria madeireira, por exemplo, e pelo avanço das áreas urbanizadas. Imagem: Biomas e áreas desmatadas no Brasil. 155 Resumo sobre domínios morfoclimáticos do Brasil • Domínios morfoclimáticos são regiões definidas com base na sua composição paisagística, formada pela interação dos seguintes elementos: clima, relevo, vegetação, solo, hidrografia. • O Brasil é composto por seis domínios: amazônico, da caatinga, do cerrado, dos mares de morro, das araucárias e das pradarias. • Entre os domínios se formam as chamadas zonas de transição, que apresentam características de duas ou mais unidades paisagísticas. • São zonas de transição: mata dos cocais, pantanal e agreste. • O desmatamento e as queimadas são alguns dos problemas ambientais identificados nos domínios morfoclimáticos brasileiros, motivados pelo avanço da agropecuária, do extrativismo e também das áreas urbanas em expansão. 10.3 - Os Biomas brasileiros Bioma é um conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação que são próximos e que podem ser identificados em nível regional, com condições de geologia e clima semelhantes e que, historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da paisagem. Os Biomas Brasileiros correspondem ao conjunto de ecossistemas que existem no país, cada um com suas características climáticas, físicas e biológicas. De acordo o Instituto de Geografia e Estatísticas (IBGE) existem seis no Brasil seis biomas diferentes. São eles: Biomas: Amazônia Mata Atlântica Caatinga Pampa Cerrado Pantanal O Brasil é um país amplo em termos de extensão territorial e biodiversidade, mais de 70% de todas as espécies de fauna e flora existentes no mundo estão aqui. Em um local de tal amplitude, como classificar um bioma? Antes de tudo é necessário definir o que é um bioma. O termo deriva das palavras gregas Bio “vida” e Oma “grupo ou massa” e em ecologia é definido com um 156 conjunto de ecossistemas interligados, onde os seres vivos vivem de forma adaptada às condições naturais (vegetação, luz, solo, clima, etc.). A classificação dos biomas segue um padrão mundial, que identifica os grandes conjuntos de ecossistemas relacionados de acordo com condições de clima e solo específicas. No Brasil, o IBGE é o órgão responsável pela classificação dos biomas, o último estudo foi realizado em 2014. A vegetação é um dos componentes mais importantes da biota, seu estado de conservação e de continuidade definem a existência ou não de hábitats para as espécies, a manutenção de serviços ambientais e o fornecimento de bens essenciais à sobrevivência de populações humanas. Para a perpetuaçãoda vida nos biomas, é necessário o estabelecimento de políticas públicas ambientais, a identificação de oportunidades para a conservação, uso sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade. 157 Impactos ambientais nos biomas brasileiros O Brasil é o país mais rico em biodiversidade entre todas as nações do mundo. O tamanho das nossas reservas de água seria suficiente para nos deixar despreocupados em relação aos problemas que a falta de água pode causar. No entanto, temos muito com o que nos preocupar, pois, com o crescimento desordenado das cidades, o aumento da população e a destruição dos nossos principais biomas, o ciclo da água e todo o ecossistema brasileiro estão sendo impactados, causando alterações na dinâmica climática de várias regiões do país. Tempestades de areia, chuvas torrenciais e seca em outras áreas, são alguns dos impactos que essas mudanças tem causado em nosso país. O impacto causado nos biomas brasileiros afeta todas as regiões do país e pode fazer com que a população brasileira comece a ter problemas muito em breve. Para entender melhor quais são estes impactos e onde eles têm maior influência, é preciso saber mais sobre estes biomas e como é possível minimizar os impactos causados pelo homem. Principais impactos por bioma Antes de falar sobre os impactos negativos particulares de cada bioma, é importante ressaltar que o avanço da agropecuária, causado pela necessidade cada vez maior de alimento, é o principal impacto contraproducente sobre os biomas. Esta é uma característica comum a todos eles e é um assunto delicado, uma vez que envolve governos, produtores rurais e a própria necessidade da população em obter alimentos. Entenda melhor cada bioma e os impactos negativos causados pelo homem: • Floresta Amazônica: este é um dos biomas que mais sofre atualmente com os impactos negativos causados pelo homem. O desmatamento é o principal impacto, sendo que até há leis de proteção em muitas áreas, mas a necessidade por mais áreas de pasto e plantações faz com que o desmatamento seja, muitas vezes, encoberto 158 para que ONGs de proteção ambiental não denunciem. Outro grave problema na Floresta Amazônica é a construção de usinas hidrelétricas, devido à grande quantidade de rios com alta vazão na região. Além de modificar a paisagem e o ecossistema, o represamento de água dos rios faz com que vários povos indígenas e populações ribeirinhas tenham suas casas destruídas, tendo que deixar os locais de moradia. Somente o esforço mundial pode fazer com que a Floresta Amazônica seja salva. Caso contrário, este será um bioma seriamente ameaçado em poucos anos; • Cerrado: mais da metade deste bioma já foi destruído. Grande parte foi convertida em pasto ou áreas de plantio. O Planalto Central brasileiro – região onde o Cerrado está localizado – passou por grandes transformações, principalmente no século XX. Brasília foi construída, estradas foram feitas e o progresso avançou para a região. A vítima foi o Cerrado, que sofre com períodos de seca e com desmatamento constante. Especialistas afirmam que ele pode ser extinto em pouco mais de 20 anos caso o governo não tome medidas mais drásticas para preservar este bioma; • Caatinga: a Caatinga já é um bioma naturalmente frágil. Grandes épocas de seca e a presença de muitas espécies endêmicas (que só existem nesta região do mundo) faz com que cada impacto negativo cause problemas de grandes proporções. A ocupação do bioma para o desenvolvimento da pecuária e da agricultura fez com que o solo se tornasse pobre. Além disso, a destruição da vegetação nativa, sobretudo das margens dos poucos rios existentes na região, faz com que a seca seja ainda mais implacável e isso prejudica a existência da Caatinga; • Mata Atlântica: o bioma mais prejudicado de todos desde que o Brasil foi “descoberto” pelos europeus. Por estar localizada numa área mais próxima do litoral, a Mata Atlântica foi rapidamente destruída em favor do progresso. Pouco menos de 10% do bioma ainda existe. A maior parte é protegida por leis, portanto a Mata Atlântica é, curiosamente, o bioma que corre menos risco de sofrer ainda mais. Os principais impactos negativos durante todos os anos da história do Brasil foram a criação das cidades, a instalação de indústrias e a criação de infraestruturas necessárias ao desenvolvimento do país, como portos e aeroportos; 159 • Pantanal: este bioma tem sofrido mais recentemente pela ação do turismo predatório. O desenvolvimento desorganizado da atividade turística faz com que haja crescente poluição dos rios e lagos, depredação do ambiente, perturbação da fauna e flora local por pessoas despreparadas e, também, pela construção de estruturas que facilitem o acesso ao local, como aeroportos e outras estruturas turísticas. A urbanização, seus impactos e as soluções Dois problemas estão entre os principais causadores de impactos nos biomas brasileiros: a agropecuária e a urbanização. Já ficou claro que a agropecuária é a principal “tomadora de espaço” nos biomas, mas a urbanização – promovida de forma equivocada e sem organização – pode provocar impactos ainda maiores e irreversíveis nos biomas. As áreas de restingas e manguezais (na faixa litorânea, que é a mais populosa do país) sofrem impactos o tempo todo: são esgotos lançados sem tratamento nos rios e no oceano, é a presença de indústrias e refinarias petroquímicas, enfim, a urbanização no Brasil é um agente predatório e só a revisão das políticas públicas pode dar um fim nos impactos negativos nos biomas brasileiros. 160 QUESTÕES 1. CEBRASPE (CESPE) - Soldado Policial Militar (PM AL)/2021 Acerca dos problemas sociais urbanos no Brasil e de seus desdobramentos socioeconômicos e socioespaciais, julgue o item a seguir. As queimadas no Pantanal e o desmatamento da Amazônia registrados nos últimos dois anos são exemplos de impactos ambientais que poderiam, ao menos parcialmente, ter sido evitados, uma vez que foram causados, em parte, pelo ser humano. ( ) CERTO ( ) ERRADO 2. CEBRASPE (CESPE) - Analista de Gestão de Resíduos Sólidos (SLU DF)/ Geografia/2019 Acerca dos biomas brasileiros e de interferências antrópicas nesses biomas, julgue o item subsecutivo. Nos rios do bioma amazônico, cuja coloração característica se deve à sua relação com o tipo de terreno de suas nascentes e de seu curso, as principais interferências antrópicas estão associadas ao desmatamento decorrente da atividade mineradora. ( ) CERTO ( ) ERRADO 3. CEBRASPE (CESPE) - Analista de Gestão de Resíduos Sólidos (SLU DF)/ Geografia/2019 Acerca dos biomas brasileiros e de interferências antrópicas nesses biomas, julgue o item subsecutivo. Devido ao processo histórico de ocupação humana de seu território, o bioma da Mata Atlântica foi o mais degradado entre os biomas brasileiros; porém, nos últimos anos, as áreas desmatadas abandonadas têm sido regeneradas e já ocupam uma extensão equivalente à da cidade de São Paulo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 4. CEBRASPE (CESPE) - Analista de Gestão de Resíduos Sólidos (SLU DF)/ Geografia/2019 Acerca dos biomas brasileiros e de interferências antrópicas nesses biomas, julgue o item subsecutivo. A expansão de fronteiras agrícolas é a principal forma de degradação por ação antrópica que acomete atualmente o cerrado, savana mais rica do mundo em diversidade biológica. 161 ( ) CERTO ( ) ERRADO 5. CEBRASPE (CESPE) - Professor (Pref. São Cristóvão)/Geografia/Educação Básica/2019 No que se refere à história ambiental do desmatamento e da transformação de vegetação nativa do cerrado, julgue o item a seguir. A área de floresta estacional decidual no cerrado, no estado de Goiás, foi ocupada esparsamente nos séculos XVIII e XIX, e permanece assim atualmente, sendo protegida por uma unidade de conservação. ( ) CERTO ( ) ERRADO 6. CEBRASPE (CESPE)- Diplomata (Terceiro Secretário)/2017 O Brasil é, na América Latina, um dos países que mais reorganizou sua atividade agropecuária desde meados do século XX. Desde então, a reestruturação produtiva da agricultura brasileira tem-se norteado pela racionalidade com funcionamento regulado pelas relações de produção e distribuição globalizadas, direcionando-se, cada vez mais, ao atendimento da crescente demanda do mercado urbano interno e à produção de commodities para a exportação, in natura ou após passarem por algum tipo de transformação industrial, o que aumenta seu valor agregado. Denise Elias. Globalização, agricultura e urbanização no Brasil. Internet: <http://revista.ufrr.br> (com adaptações). Tendo esse fragmento de texto como referência inicial, julgue o item seguinte, acerca da estruturação e do funcionamento do agronegócio no Brasil. Para atender, principalmente, ao mercado internacional, adotam-se, nas áreas do bioma Cerrado, os modelos de ocupação do território e de produção desenvolvidos pelo agribusiness nos países centrais do capitalismo global, que favorecem a produção em larga escala, intensiva em tecnologia, a partir dos latossolos de média e alta fertilidade. ( ) CERTO ( ) ERRADO 7. CEBRASPE (CESPE) - Soldado (PM CE)/2012 Julgue o item a seguir, relativo a aspectos geográficos do estado do Ceará. Mais de 60% do território do estado do Ceará estão inseridos no domínio morfoclimático denominado caatinga. ( ) CERTO ( ) ERRADO 162 8. CEBRASPE (CESPE) - Professor (SEDUC AM)/Geografia/2011 Acerca dos ecossistemas brasileiros, julgue o item subsequente. A Amazônia apresenta o seguinte escalonamento topográfico: terra firme ou porção que normalmente não é alagada; várzea, que apresenta períodos de alagamento; e mata de igapó, que se encontra permanentemente alagada. ( ) CERTO ( ) ERRADO 9. CEBRASPE (CESPE) - Professor (SEDUC AM)/Geografia/2011 Acerca dos ecossistemas brasileiros, julgue o item subsequente. Os campos sulinos caracterizam-se por predomínio de vegetação arbórea e arbustiva associada ao clima subtropical. ( ) CERTO ( ) ERRADO 10. CEBRASPE (CESPE) - Analista do Ministério Público da União/Perícia/ Geografia/2010 Julgue o item seguinte, quanto à influência do clima nos ecossistemas brasileiros. No domínio das pradarias, a distribuição anual da pluviometria e da temperatura do ar apresenta elevada regularidade em função da posição geográfica da área, seu relevo, e a atuação dos sistemas atmosféricos intertropicais e polares. ( ) CERTO ( ) ERRADO 11. CEBRASPE (CESPE) - Analista do Ministério Público da União/Perícia/ Geografia/2010 Julgue o item seguinte, quanto à influência do clima nos ecossistemas brasileiros. O aspecto xeromórfico das árvores do cerrado denota a existência de escassez de água na estação seca. ( ) CERTO ( ) ERRADO 12. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2008 A análise da dinâmica da modernização da agricultura brasileira é importante para o entendimento da sociedade do Brasil contemporâneo. A esse respeito, julgue (C ou E) o item subsequente. O cerrado brasileiro é um bioma propício à atividade agrícola, como comprova sua alta produtividade nas últimas décadas, graças, especialmente, à fertilidade do 163 seu solo, que não exige corretivos. ( ) CERTO ( ) ERRADO 13. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2008 Acerca das transformações globais, nacionais e locais relacionadas ao desafio do desenvolvimento ambiental sustentável, julgue (C ou E) o item a seguir. Não é apenas a dimensão do desmatamento em curso na Amazônia que preocupa, mas também os prejuízos à biodiversidade advindos desse desmatamento, bem como o aumento da grilagem de terras públicas. ( ) CERTO ( ) ERRADO 14. CEBRASPE (CESPE) - Diplomata (Terceiro Secretário)/2008 Acerca da estrutura agrária e de questões ambientais atuais no nordeste brasileiro, julgue (C ou E) o item que se segue. Na região Nordeste, apesar da semi-aridez predominante, é possível encontrar ilhas de umidade, nas quais se registra desenvolvimento agrícola intenso. ( ) CERTO ( ) ERRADO 15. CEBRASPE (CESPE) - Perito (PC AC)/Qualquer Área de Formação/2008 O Brasil é o país de maior biodiversidade do planeta. Devido a sua dimensão continental e à grande variação geomorfológica e climática, o Brasil abriga sete biomas e diversos ecossistemas. A respeito do assunto e das características dos biomas e ecossistemas brasileiros, julgue o item a seguir. A costa brasileira possui uma grande diversidade de ecossistemas de alta relevância ambiental, tais como: manguezais, restingas, dunas, praias, ilhas, costões rochosos, baías, falésias, estuários, recifes de corais. ( ) CERTO ( ) ERRADO 164 GABARITO COMENTADO: 1. CERTO As queimadas no Pantanal e o desmatamento da Amazônia são provocadas, em sua grande maioria, por atividades antrópicas como agropecuária, extração de madeira legal e ilegal e mineração. Dessa forma os impactos ambientais poderiam, ao menos parcialmente, ter sido evitados. 2. ERRADO Outros fatores também contribuem para essas interferências, como o desmatamento causado para o desenvolvimento de atividades agropecuárias. 3. CERTO Uma área de aproximadamente 219 mil hectares (equivalente ao da cidade de São Paulo) foi recuperada no Bioma Mata Atlântica nas últimas décadas. 4. CERTO Cerca de 80% do Cerrado foi degradado devido principalmente à expansão de fronteiras agrícolas. 5. ERRADO A área de floresta estacional decidual no cerrado, no estado de Goiás, foi ocupada somente nos séculos XVIII e XIX, posteriormente espalhando-se para outras áreas do território estadual. 6. ERRADO Os latossolos do Cerrado são ácidos e de baixa fertilidade, sendo necessário a aplicação de métodos de correção do solo para o seu aproveitamento. 7. CERTO O domínio morfoclimático caatinga é predominante em mais de 60% do território do Ceará. 8. CERTO A Amazônia apresenta o seguinte escalonamento topográfico: terra firme ou porção que normalmente não é alagada; várzea, que apresenta períodos de alagamento; e mata de igapó, que se encontra permanentemente alagada. A afirmativa está descrevendo corretamente as características da floresta amazônica. 165 9. ERRADO Os campos sulinos caracterizam-se por predomínio de vegetação arbustiva e rasteira, com extensas áreas abertas, caracterizando o domínio morfoclimático das Pradarias. 10. ERRADO No domínio das pradarias, a distribuição anual da pluviometria apresenta elevada regularidade, por outro lado, a elevada amplitude térmica faz com que a distribuição anual da temperatu1ra do ar apresente elevada irregularidade, devido à sua localização no clima subtropical e da atuação das Massas de Ar Tropical Continental, Tropical Atlântica e Polar Atlântica. 11. CERTO O aspecto xeromórfico das árvores do cerrado denota a existência de escassez de água na estação seca, uma vez que essa vegetação é caracterizada como xerófila (adaptadas à aridez) e Tropófila (adaptadas a uma estação seca e outra úmida). 12. ERRADO É justamente o fato de que os solos do cerrado, em geral, são pobres em nutrientes e ácidos, que existe uma larga utilização de técnicas corretivas para tornar as terras agricultáveis, proporcionando alta produtividade agrícola nesse bioma nas últimas décadas. 13. CERTO O desmatamento em curso na Amazônia e os prejuízos à biodiversidade advindos desse problema ambiental estão diretamente ligados à grilagem de terras públicas. 14. CERTO As ilhas de umidade são ambientes específicos do bioma caatinga, chamadas de brejos de altitude. Possuem maior disponibilidade hídrica devido à ocorrência de chuvas orográficas, favorecendo o desenvolvimento agrícola. 15. CERTO Os manguezais, restingas,dunas, praias, ilhas, costões rochosos, baías, falésias, estuários, recifes de corais são ecossistemas presentes ao longo da costa brasileira e são extremamente importantes para o equilíbrio biológico dessa região do território. 1. O Brasil político: nação e território 1.1 Conceito de nação e território 1.2 Nação e território brasileiros Questões Gabarito Comentado 2. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO 2.1 A República Federativa do Brasil 2.2 - O Sistema eleitoral brasileiro 2. 3 - Regionalização do território Questões Gabarito Comentado 3. DIVISÃO INTER-REGIONAL DO TRABALHO E DA PRODUÇÃO NO BRASIL 3.1 Os setores da economia 3.2 - Principais atividades econômicas nas regiões brasileiras atualmente Questões Gabarito comentado 4. A ESTRUTURA URBANA BRASILEIRA E AS GRANDES METRÓPOLES 4.1 Espaço urbano brasileiro 4.2 Hierarquia Urbana 4.3 - Nova hierarquia urbana 4.4 - A rede urbana brasileira 4.5 - Problemas urbanos nas grandes metrópoles QUESTÕES GABARITO COMENTADO 5. Distribuição espacial da população no Brasil e movimentos migratórios internos. 5.1 Distribuição da população pelo território nacional 5.2 População urbana e rural 5.3 Movimentos migratórios internos Questões GABARITO COMENTADO 6. INTEGRAÇÃO ENTRE INDUSTRIA E ESTRUTURA URBANA E SETOR AGRÍCOLA NO BRASIL 6.1 - Indústria no Brasil QUESTÕES GABARITO COMENTADO 7. REDE DE TRANSPORTE NO BRASIL: MODAIS E PRINCIPAIS INFRAESTRUTURAS Questões Gabarito Comentado 8. A INTEGRAÇÃO DO BRASIL AO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA 8.1 - Globalização 8.2 – As fases da Globalização 8.3 – As empresas transnacionais 8.4 - Globalização cultural 8.5 - Globalização no Brasil 8.6 - Processo histórico-econômico do Brasil 8.7 - Divisão internacional do trabalho Questões Gabarito Comentado 10. MACRODIVISÃO NATURAL DO ESPAÇO BRASILEIRO: BIOMAS, DOMÍNIOS E ECOSSISTEMAS 10.1 - Domínios morfoclimáticos do Brasil 10.2 - Impactos ambientais sobre os domínios morfoclimáticos do Brasil 10.3 - Os Biomas brasileiros Questões Gabarito Comentado: