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Tratamento de Água de Caldeira

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TRATAMENTO DE 
ÁGUA PARA GERAÇÃO 
DE VAPOR: CALDEIRAS 
 
 
 
Patrocínio: 
 
www.corona.ind.br 
 
 
Elaborado por: 
 Eng.º Joubert Trovati 
 
______________________________________________________________________ 
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert 
 joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso 
 
2
SUMÁRIO 
 
1. Conceitos Gerais 
1.1 Calor e Temperatura 
1.1.1 Mecanismos de Transferência de Calor 
1.1.1.1 Condução 
1.1.1.2 Convecção 
1.1.1.3 Radiação 
1.2 Vapor 
1.3 Combustão e Combustíveis 
2 Caldeiras 
2.1 Breve Histórico 
2.2 Tipos de Equipamento 
2.2.1 Caldeiras Fogotubulares (ou flamotubulares) 
2.2.2 Caldeiras Aquatubulares 
2.2.3 Equipamentos Periféricos 
2.2.3.1 Pré-Aquecedor de Ar 
2.2.3.2 Economizador 
2.2.3.3 Soprador de Fuligem 
2.2.3.4 Superaquecedor 
3 Água para Geração de Vapor 
3.1 Qualidade da Água 
3.1.1 Impurezas Encontradas na Água 
3.1.2 Retorno de Condensado 
4 Tratamentos Preliminares da Água 
4.1 Clarificação/Filtração 
4.2 Processos de Troca Iônica 
4.2.1 Abrandamento 
4.2.2 Desmineralização 
4.3 Processo de Osmose Reversa 
4.4 Outros Processos de Abrandamento 
4.5 Destilação 
 
______________________________________________________________________ 
Curso On-line – Tratamento de Água ( Geração de Vapor) - Prof.: Eng. Joubert 
 joubert_trovati@terra.com.br / http://www.tratamentodeagua.com.br/curso 
 
3
5 Objetivos do Tratamento de Água das Caldeiras 
6 Prevenção das Incrustações 
6.1 Incrustação - Causas e consequências 
6.2 Tratamentos para Prevenção das Incrustações 
6.2.1 Tratamento Precipitante - Fosfato 
6.2.2 Tratamento Quelante 
6.2.3 Tratamentos Disperso-Solubilizantes (TDS) 
7 Corrosão e Métodos de Controle 
7.1 Fundamentos 
7.2 Tipos de Corrosão em Caldeiras 
7.2.1 "Pittings" (ou pites) 
7.2.2 Corrosão Galvânica 
7.2.3 Corrosão por Tensão 
7.2.4 Ataque Cáustico ("Caustic Embrittlement") 
7.2.5 Fragilização por Hidrogênio 
7.3 Remoção do Oxigênio da Água 
7.3.1 Desaeração Mecânica 
7.3.2 Desaeração Química - Sequestrantes de Oxigênio ("Oxygen 
Scavengers") 
7.3.2.1 Sulfito de Sódio 
7.3.2.2 Hidrazina 
7.3.2.3 Outros Sequestrantes de Oxigênio 
7.4 Métodos Físicos de Prevenção da Corrosão 
7.5 Corrosão em Linhas de Condensado - Aminas Fílmicas e 
Neutralizantes 
8 Arrastes 
9 Controle Analítico e Operacional do Tratamento 
9.1 Aprovações Regulamentares 
10 Referências Bibliográficas
 
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1 - CONCEITOS GERAIS 
A geração de vapor é uma importante operação industrial, presente em 
uma infinidade de processos e segmentos. Como exemplo, podemos citar: 
 
• Geração de energia elétrica nas usinas termelétricas e nucleares 
• Papel e Celulose 
• Açúcar e Álcool 
• Indústrias químicas e petroquímicas em geral 
• Refinarias de petróleo 
• Indústrias de suco de laranja e derivados 
• Frigoríficos, abatedouros e laticínios 
• Indústrias têxteis e de tintas/ vernizes 
• Cervejarias e bebidas em geral 
• Indústrias de processamento de madeira e borracha 
• Navegação marítima, fluvial e submarina 
• Diversas indústrias alimentícias e farmacêuticas, entre muitos outros. 
 
Atualmente, o vapor constitui o modo mais econômico e prático de se 
transferir calor, até certo limite, em processos industriais. Além disso, é usado 
para geração de trabalho mecânico. Um ditado popular no âmbito industrial 
diz que: “O vapor movimenta o mundo”. 
1.1 - CALOR E TEMPERATURA 
É muito comum a confusão entre os termos “calor” e “temperatura” que 
normalmente empregamos. Da termodinâmica, ciência que estuda o calor e os 
processos que o envolvem, podemos estabelecer as seguintes definições: 
 
 
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5
 
 
• Calor: É uma forma de energia térmica em trânsito, ou seja, está 
sempre se transferindo de um corpo com maior temperatura para um 
corpo de menor temperatura. O calor não pode ser armazenado; o que 
pode ser feito é apenas facilitar ou dificultar sua transferência. 
 
• Temperatura: É uma medida da energia cinética, isto é, da vibração das 
moléculas que compõem um certo corpo. Quanto maior é a vibração das 
moléculas, maior será a temperatura do corpo em questão. É 
justamente a diferença de temperatura entre dois corpos que promove 
a transferência de calor. 
 
Uma analogia entre a transferência de calor, a corrente elétrica e o 
escoamento de fluidos pode ser feita: 
 
Fluxo Força Motriz Observações 
Calor 
Diferença de potencial 
térmico (Temperatura) 
Quanto maior a diferença de 
temperatura, maior é o fluxo de calor. 
Corrente 
Elétrica 
Diferença de potencial 
elétrico 
(Voltagem) 
Quanto maior é a diferença de 
voltagem, maior será a intensidade 
da corrente elétrica. 
Fluido 
(líquido 
ou gás) 
Diferença de potencial 
gravitacional (altura) 
ou de pressão 
Quanto maior é a diferença de altura 
e/ou de pressão entre dois pontos do 
fluido, maior será a vazão do mesmo. 
 
1.1.1 - Mecanismos de Transferência de Calor 
São três os mecanismos conhecidos de transferência de calor: 
condução, convecção e radiação. Resumidamente, apresentamos esses a 
 
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seguir; em KERN (1987) o leitor pode encontrar uma extensa e detalhada 
explicação dos fundamentos de transferência de calor. 
 
 
1.1.1.1 Condução 
É um método no qual o calor flui pelo contato direto, molécula a 
molécula, do corpo. Ocorre normalmente em corpos sólidos. Nas caldeiras, a 
condução ocorre no metal dos tubos e dispositivos de troca térmica, onde o 
calor flui da face de maior temperatura (em contato com os gases quentes ou 
fornalha) para a de menor temperatura (por onde circula a água). 
 
 
l
TT
Akq fq
)(
..
−= Lei de Fourier: 
Tq > Tf 
 k=Condutividade térmica (W/h.m2.ºC) 
 T = Temperatura 
 A = Área 
 
FIGURA 01: EXEMPLO ILUSTRATIVO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 
 
 
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1.1.1.2 Convecção 
É um processo que consiste basicamente na transferência de calor 
envolvendo corpos fluido (líquidos ou gases). A convecção é sinal de 
movimento, podendo ser natural ou forçada. Nas caldeiras, ocorre 
transferência de calor por convecção dos gases quentes para as superfícies 
dos tubos e das superfícies dos tubos para a água. 
 
 
)(.. pTTAhq −= ∞ Lei do Resfriamento de Newton 
 T∞ > Tp 
 h = Coeficiente de transferência de 
calor por convecção (W/m2.ºC) 
 
FIGURA 02: ILUSTRAÇÃO MOSTRANDO O PROCESSO DE TRANSMISSÃO DE CALOR POR 
CONVECÇÃO 
 
1.1.1.3 Radiação 
É um processo predominante em temperaturas mais elevadas (acima de 
500 º C). O calor é transmitido através de ondas eletromagnéticas.Altamente 
dependente da diferença de temperatura. Numa caldeira, ocorre transferência 
por radiação do fogo para a área irradiada da fornalha. 
 
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 )(... 44 fq TTAq −= εσ Lei de Radiação 
 ε = Emissividade 
σ = Cte. Stefan-Boltzman 
(5,669.10-8 W/m2.K4) 
 
FIGURA 03: EXEMPLO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 
1.2 - VAPOR 
O vapor, como sabemos, é a água no estado gasoso. Esta mudança de 
estado é proporcionada pelo efeito direto do calor e inverso da pressão. Em 
outras palavras: ao fornecermos calor para a água, a mesma tem sua 
temperatura elevada até um certo limite e, a partir daí, começa a passar para 
a fase gasosa. Para que isto ocorra, as moléculas de água no líquido têm que 
vencer a força que a pressão exerce sobre elas, ou seja, quanto maior a 
pressão, mais força as moléculas tem que fazer. Esta energia é fornecida 
justamente pelo aquecimento e resulta no aumento da temperatura de 
vaporização do líquido. Quanto maior for a pressão, mais energia o vapor 
transportará pelas moléculas de água que o constitui. Ao se condensar, a 
mesma energia que as moléculas absorveram para passar para fase vapor é 
liberada para o meio, resultando aí na transferência de energia na forma de 
calor. 
 
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Existem basicamente dois tipos de vapor: 
 
• Vapor saturado: É um vapor “úmido”, contendo pequenas gotículas de 
água, sendo obtido da vaporização direta da mesma. Quando este tipo 
de vapor se condensa, cede calor latente. É usado para aquecimento 
direto ou indireto. 
 
• Vapor superaquecido: É obtido através do aquecimento conveniente do 
vapor saturado, resultando em um vapor seco. É usado para 
transferência de energia cinética, ou seja, para geração de trabalho 
mecânico (turbinas). 
 
 
A necessidade do uso de vapor superaquecido em turbinas é decorrente 
das elevadas velocidades que são encontradas nestes dispositivos. Caso fosse 
usado o vapor saturado, qualquer gotícula de água que se formaria na 
tubulação provocaria um forte processo de abrasão na turbina. 
1.3 - COMBUSTÃO E COMBUSTÍVEIS 
A combustão é um fenômeno já bastante conhecido da humanidade há 
milênios. Desde a pré-história, o homem já domina (às vezes nem tanto!) as 
práticas de se fazer e controlar o fogo. Sem dúvida, esta tarefa permitiu um 
grande desenvolvimento da espécie, fazendo com que o homem se adaptasse 
às diferentes condições climáticas, melhor uso dos alimentos, etc. 
 
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A combustão nada mais é do que uma reação de oxidação de um 
material denominado “combustível” com o oxigênio (comburente), liberando 
calor. A equação genérica para o processo é: 
 
COMBUSTÍVEL + OXIGÊNIO Ö CALOR + Produtos (CO2, H2O, CO, etc.) 
 
 Diversos combustíveis são usados para queima em caldeiras de 
produção de vapor. Entre eles destacam-se: lenha, óleos pesados, gasóleos, 
gás (natural e GLP), gases de alto forno ou de hulha, gases de escape de 
turbinas a gás, carvão mineral, bagaço de cana, palha de arroz, resíduos em 
geral, cavacos e cascas de madeira, licor negro (caldeira de recuperação de 
C&P), entre outros. 
 Para a produção de vapor também podem ser usadas fontes não 
combustíveis de calor, tais como a energia elétrica (caldeiras de eletrodos 
submersos e de jatos d’água), a energia nuclear (urânio, plutônio, etc.) e o 
calor de reações exotérmicas de processos químicos, tais como SOx 
resultantes da produção de ácido sulfúrico, etc.). 
 Evidentemente, a escolha do tipo de combustível ou energia para a 
geração de vapor deve levar em conta a aplicação, o tipo de caldeira, a 
disponibilidade do combustível/ energia, o custo fixo e operacional do processo 
e o impacto ambiental provocado. Lembramos que existem atualmente 
sistemas eficientes no controle das emissões atmosféricas, permitindo o 
homem usufruir a combustão e suas aplicações sem provocar maiores 
alterações no meio ambiente. 
 
 
 
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2 - CALDEIRAS 
As caldeiras (“boilers” do inglês) são equipamentos destinados 
basicamente à produção de vapor, seja ele saturado ou superaquecido. 
Existem outros equipamentos de aquecimento e transferência de calor sem 
produção de vapor que também são chamados de caldeiras, tais como 
aquecedores que empregam fluidos térmicos, geradores de água quente, etc. 
Neste texto e certamente na maioria das vezes que o termo caldeira for 
aplicado, é feita referência aos equipamentos para geração de vapor. 
Dentro de uma unidade de processo, a caldeira é um equipamento de 
elevado custo e responsabilidade, cujo projeto, operação e manutenção são 
padronizados e fiscalizados por uma série de normas, códigos e legislações. No 
Brasil, o Ministério do Trabalho é responsável pela aplicação da NR-131, que 
regulamenta todas as operações envolvendo caldeiras e vasos de pressão no 
território nacional. Para o projeto desses equipamentos, normalmente 
adotam-se códigos específicos; no Brasil, é comum o uso do código ASME 
(American Society of Mechanical Engineers. www.asme.org). 
2.1 - BREVE HISTÓRICO 
Vários registros históricos e relatórios de missões de exploração 
submarina apontam o uso das primeiras caldeiras em navios, datados do final 
do século XIV. No entanto, após a revolução industrial iniciada na Inglaterra 
em meados do século XVIII, disseminou-se o uso de caldeiras nas mais 
variadas aplicações: fábricas, embarcações, locomotivas2, veículos, etc. Nestes 
engenhos, o vapor era usado para aquecimento e, principalmente, para 
 
1 Pode ser vista em: www.mtb.gov.br 
2 Nas cidades de Campinas-SP, Tubarão-SC e Cruzeiro-MG é possível visitar locomotivas a vapor 
que ainda funcionam. Detalhes podem ser encontrados em www.abpf.org.br . 
 
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acionamento das máquinas e movimentação dos veículos, utilizando-se um 
sistema de cilindro e pistão desenvolvido pelo escocês James Watt por volta 
de 1765. 
 
 
 
 
FIGURA 04: FOTOGRAFIA DE UMA LOCOMOTIVA A VAPOR DO INÍCIO DO SÉCULO XX. 
 
 
Com o passar dos anos, as caldeiras foram se desenvolvendo e novas 
aplicações apareceram. O desenvolvimento da indústria metalúrgica e da 
ciência dos materiais, bem como o aprimoramento dos conhecimentos de 
engenharia, permitiram a construção de equipamentos mais leves, resistentes, 
seguros e muito mais eficientes. Nas páginas seguintes faremos uma breve 
descrição de suas características. 
 
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2.2 - TIPOS DE EQUIPAMENTO 
2.2.1 - Caldeiras Fogotubulares (ou flamotubulares) 
São equipamentos derivados das caldeiras antigas, onde o fogo e os 
gases quentes da combustão circulam no interior dos tubos e a água a ser 
vaporizada circula pelo lado de fora. Ambos são contidos por uma carcaça 
cilíndrica denominada casco. Nas extremidades do casco são fixados os 
espelhos, onde são mandrilhados os tubos da caldeira. Os tubos podem ser 
verticais ou horizontais, dependendo do modelo. 
Normalmente este tipo de caldeira tem produção de vapor limitada a 
cerca de 40 t/ h e pressão de operação máxima3 de 16 Kgf/ cm2. Um esquema 
de caldeira fogotubular com duas câmaras de combustão é mostrado na figura 
a seguir. 
2.2.2 - Caldeiras Aquatubulares 
Surgiram da necessidade de maiores produções de vapor e maior 
pressão de operação. Nestes modelos, a água ocupa o interior dos tubos, 
enquanto que o fogo e os gases quentes ficam por fora. Existem modelos com 
produção de vapor superiores a 200 t/ h e pressão de operação da ordem de 
300 Kgf/ cm2 (caldeiras supercríticas). 
 Na figura subseqüente, é mostrado um sistema gerador de vapor 
aquatubular, com demais acessórios. 
 
 
 
 
 
 
3 Algumas caldeiras de locomotivas a vapor operavam com pressão de até 21 Kgf/ cm2. 
 
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FIGURA 05: ILUSTRAÇÕES MOSTRANDO UMA CALDEIRA FOGOTUBULAR HORIZONTAL 
 
 
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FIGURA 06: ESQUEMA DE UMA CALDEIRA AQUATUBULAR DE COMBUSTÍVEL SÓLIDO 
(SISTEMA COMPLETO). ABAIXO: PERSPETIVA DE UM MODELO MONTADO 
 
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2.2.3 - Equipamentos Periféricos 
São empregados como auxiliares para um bom desempenho e eficiência 
na operação da caldeira. Devido ao pequeno tamanho e concepção de projeto 
das caldeiras fogotubulares, é difícil a instalação dos equipamentos periféricos 
neste tipo de caldeira, ficando assim restritos às caldeiras aquatubulares, na 
maioria das vezes. 
Os principais equipamentos usados com esta finalidade são: 
2.2.3.1 Pré-Aquecedor de Ar 
Tem por finalidade aquecer o ar que será alimentado na fornalha, de 
modo a conseguir um aumento na temperatura do fogo e melhorar a 
transferência de calor por radiação. Com isto também se consegue aumento 
na eficiência do equipamento e economia de combustível. 
 
 
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FIGURA 07: FOTOGRAFIA DE UMA CALDEIRA EXIBINDO UM PRÉ-AR. 
2.2.3.2 Economizador 
Tem por objetivo pré-aquecer a água que alimentará a caldeira usando 
o calor dos gases de combustão que saem do equipamento. Consegue-se, 
assim, melhor rendimento na produção de vapor, respostas mais rápidas e 
economia de combustível. 
 
 
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FIGURA 08: FOTOGRAFIAS DE UM EQUIPAMENTO ECONOMIZADOR INSTALADO. OBSERVAR 
OS TUBOS ALETADOS NO INTERIOR DO EQUIPAMENTO (ABAIXO) 
2.2.3.3 Soprador de Fuligem 
Trata-se de um dispositivo que penetra no interior do feixe tubular, 
fazendo um jateamento de vapor na parte externa do feixe. Com isso, 
 
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consegue-se remover possíveis depósitos de fuligem aderidos aos tubos que 
podem prejudicar as operações de troca térmica. 
2.2.3.4 Superaquecedor 
São equipamentos destinados a aquecer o vapor saturado produzido na 
caldeira e torná-lo seco, apropriado para ser usado em operações de geração 
de energia mecânica, como acionamento de turbinas. O superaquecedor 
normalmente é construído com vários conjuntos em paralelo de 2 a 4 tubos 
em forma “U”, formando uma serpentina colocada no alto da fornalha. Pelo 
fato de trabalhar somente com vapor, qualquer fluxo de água da caldeira que 
atinge o superaquecedor irá imediatamente vaporizar-se e, caso a mesma 
contenha certa quantidade de sais dissolvidos, os mesmos se incrustarão no 
equipamento. 
 
 
 
 
 
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3 - ÁGUA PARA GERAÇÃO DE VAPOR 
A operação segura e eficiente de uma caldeira é extremamente 
dependente da qualidade da água disponível para alimentação da mesma. De 
nada adianta a instalação de um equipamento ultra moderno, com todos os 
acessórios/ periféricos disponíveis e automatizado totalmente se não é levada 
em consideração a qualidade da água e o tratamento químico aplicado. 
Como sabemos, a água tem uma tendência a dissolver uma série de 
substâncias, tais como sais, óxidos/ hidróxidos, diversos materiais e inclusive 
gases, motivo pelo qual nunca é encontrada pura na natureza. Além das 
espécies dissolvidas, pode apresentar material em suspensão, tais como 
argila, material orgânico, óleos, etc. A presença de todas estas impurezas 
muitas vezes causa problemas no uso da água para geração de vapor, 
podendo formar incrustações e/ ou acelerar os processos corrosivos. 
3.1 - QUALIDADE DA ÁGUA 
 Cientes de todos os detalhes mencionados, consideramos ideal para 
geração de vapor uma água com as seguintes características: 
 
• Menor quantidade possível de sais e óxidos dissolvidos 
• Ausência de oxigênio e outros gases dissolvidos 
• Isenta de materiais em suspensão 
• Ausência de materiais orgânicos 
• Temperatura elevada 
• pH adequado (faixa alcalina) 
 
A alimentação de água com boa qualidade elimina, antecipadamente, 
grande parte dos problemas que normalmente ocorrem em geradores de 
 
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vapor. Posteriormente, fica a cargo do tratamento químico interno a 
manutenção da qualidade da água no interior da caldeira. 
É errônea a associação da qualidade da água para consumo humano 
(potabilidade) com a água para geração de vapor. O padrão para potabilidade 
da água é baseado, principalmente, na presença de microrganismos. Assim, 
uma água boa para beber não implica, necessariamente, em uma água boa 
para gerar vapor. É comum ouvirmos a frase: “Fulano de tal tem um poço e a 
água é ótima, nem precisa tratar.... pode então usar na caldeira!”; 
procedimentos como essepodem ser catastróficos. Por outro lado, a água 
ideal para geração de vapor, ou seja, que não contém nenhuma substância 
dissolvida é, por isso mesmo, inadequada para bebermos. 
3.1.1 - Impurezas Encontradas na Água 
Geralmente, nas águas superficiais e subterrâneas que são usadas nos 
processos industriais, encontramos as seguintes substâncias dissolvidas: 
 
• Dureza, representada basicamente pelos íons cálcio e magnésio (Ca2+ e 
Mg2+), principalmente os sulfatos (SO42-), carbonatos (CO32-) e 
bicarbonatos (HCO3-). 
• Sílica solúvel (SiO2) e silicatos (SiO32-) associados a vários cátions. 
• Óxidos metálicos (principalmente de ferro), originados de processos 
corrosivos. 
• Diversas outras substâncias inorgânicas dissolvidas. 
• Material orgânico, óleos, graxas, açúcares, material de processo, 
contaminantes de condensados, etc. 
• Gases, como oxigênio, gás carbônico, amônia, óxidos de nitrogênio e 
enxofre. 
• Materiais em suspensão, como areia, argila, lodo, etc. 
 
Para evitar que todas essas impurezas adentrem ao sistema gerador de 
vapor, deve-se proceder a um tratamento preliminar na água de reposição da 
 
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caldeira. Além disso, o uso de condensados como parte da alimentação 
também é recomendado e será discutido no item seguinte. 
3.1.2 - Retorno de Condensado 
O condensado é uma água originada da condensação de um vapor, ou 
seja, passagem do estado gasoso para o líquido. Justamente pelo fato de o 
vapor não levar consigo o material dissolvido quando é produzido (exceto 
quando há arraste), o condensado é uma água de altíssima pureza, 
praticamente isento de sais e materiais dissolvidos. Além disso, encontra-se 
em uma temperatura elevada, o que aumenta a eficiência do sistema gerador 
de vapor e contribui para um menor consumo de combustível. 
 Devido a essas enormes vantagens, a recomendação é que seja feito 
todo esforço para utilização da maior quantidade possível de condensados 
como alimentação das caldeiras. Pode-se inclusive utilizar condensados de 
outras fontes, tais como originados de evaporadores e outros equipamentos, 
desde que não estejam contaminados. 
 É justamente a contaminação do condensado que causa o maior 
inconveniente no seu reuso. Muitos equipamentos de troca de calor podem 
permitir o vazamento do material de processo para a linha de condensado, 
contaminando a caldeira. Além disso, a ocorrência de arrastes de material em 
condensados originados de evaporadores (tais como nas operações de 
concentração de caldo p/ produção de açúcar ou de suco de laranja) também 
ocasiona a contaminação. Para evitar este inconveniente e ter sucesso no 
reuso do condensado, é recomendado um controle eficiente e assíduo da 
qualidade dos mesmos, desviando-os da alimentação da caldeira ao primeiro 
sinal de contaminação. 
Um dos métodos mais usados para o monitoramento da qualidade dos 
condensados é através da instalação de condutivímetros na linha de retorno 
dos mesmos. Pelo fato de possuir baixíssima concentração de sais, a 
condutividade elétrica do condensado é baixa e, qualquer contaminação 
 
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provocará um aumento na condutividade, cuja medida serve para informar a 
contaminação. 
Além da possível contaminação, um outro problema está associado ao 
uso dos condensados na alimentação da caldeira: a corrosão nas linhas e 
equipamentos. No capítulo 7 este assunto será abordado com mais detalhes. 
 
 
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4 - TRATAMENTOS PRELIMINARES DA ÁGUA 
São procedimentos recomendados para execução na água de reposição 
das caldeiras, visando retirar as impurezas e evitar as conseqüências de sua 
presença. O tratamento preliminar atua primeiramente sobre as impurezas 
mais grosseiras, tais como turbidez, sólidos em suspensão e material 
orgânico. Depois, dependendo da necessidade, são feitos tratamentos mais 
sofisticados para eliminação do material dissolvido. 
Apesar do toda tecnologia disponível, muitos usuários de caldeiras não 
fazem pré-tratamento de água, o que é extremamente desaconselhável e 
dificulta enormemente o trabalho do tratamento químico interno (quando é 
feito). Não é raro encontrarmos caldeiras alimentadas com água bruta, 
diretamente de fontes como rios, represas e poços. 
Um tratamento preliminar que também deve ser executado é a remoção 
de oxigênio e outros gases dissolvidos na água, através de uma desaeração. 
Este fato será abordado mais adiante, no capítulo referente à corrosão. 
 Prosseguindo, os métodos mais empregados para tratamento preliminar 
da água são: 
4.1 - CLARIFICAÇÃO/ FILTRAÇÃO 
Operação realizada normalmente em uma estação de tratamento de 
água (ETA), responsável pela eliminação de material suspenso na água. A 
clarificação é feita por um processo de coagulação / floculação4 das impurezas, 
mediante a adição de um ou mais produtos específicos (tais como o sulfato de 
 
4 Consideramos o conceito de “coagulação” como sendo a neutralização das cargas elétricas das 
partículas presentes na água. A floculação é o aglutinamento dessas partículas, formando um 
floco grande o suficiente para ser removido por decantação (ou flotação). Um mesmo produto 
pode fazer a função de floculante e coagulante. 
 
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alumínio, cloreto férrico, polímeros de acrilamida, policloretos de alumínio 
(PACs), taninos modificados, etc.). O produto aglutina as impurezas da água 
através de interações eletrostáticas e promove a formação de flocos, maiores 
e mais densos que se sedimentam e são eliminados (vide figura). A água 
clarificada é então submetida a uma filtração, normalmente em leito de areia, 
através dos filtros que operam por gravidade ou pressão. 
Ao término deste processo a água é submetida aos tratamentos 
complementares, quando for o caso. Eventualmente, pode-se fazer uma 
desinfecção da água antes, durante e/ou após o processo de clarificação/ 
filtração, tarefa comumente efetuada por uma cloração. 
 
 
FIGURA 09: REPRESENTAÇÃO DAS ETAPAS DE CLARIFICAÇÃO DA ÁGUA 
 
4.2 - PROCESSOS DE TROCA IÔNICA 
É um tratamento complementar que visa a remoção dos íons dissolvidos 
na água causadores de problemas, tais como cálcio, magnésio, sílica, etc. Este 
processo faz uso das chamadas resinas de troca iônica, que são pequenas 
esferas porosas de material plástico em cuja superfície estão ligados os íons 
que serão usados na troca. Assim, existem dois tipos básicos de resina: as 
 
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catiônicas, que trocam íons positivos (tais como Ca2+, Mg2+, Na2+, H+, Ba2+, 
etc.) e as aniônicas, que trocam íons negativos (Cl-, OH-, SiO32-,...).O processo consiste em fazer a água a ser tratada passar por um ou 
mais leitos dessas resinas, as quais retém os íons de interesse. Chegará um 
momento em que o leito estará saturado e deverá ser regenerado 
adequadamente. 
Deve haver um rígido controle na qualidade da água antes de passar 
pelos vasos de troca iônica. Residuais de cloro livre, íons de ferro, sólidos 
suspensos, óleos e graxas são os maiores inimigos desta classe de resinas. 
Como desvantagem, o processo de troca iônica tem um fixo 
relativamente elevado (principalmente o custo das resinas) e a necessidade do 
uso e manuseio de produtos químicos perigosos (ácidos e soda cáustica) para 
regeneração dos leitos. 
Dependendo da finalidade a que se propõem, os processos de troca 
iônica para água são: 
4.2.1 - Abrandamento 
Consiste na remoção de cálcio e magnésio da água. Faz uso de resinas 
que trocam íons sódio (Na+) ou hidrogênio (H+). Após saturação do leito, a 
regeneração é feita com cloreto de sódio ou ácido clorídrico (as vezes 
sulfúrico). 
Um esquema do processo de abrandamento é mostrado na figura a 
seguir: 
 
 
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FIGURA 10: ILUSTRAÇÃO DE UM PROCESSO DE ABRANDAMENTO POR TROCA IÔNICA 
(CICLO HIDROGÊNIO). 
 
4.2.2 - Desmineralização 
Trata-se de um processo completo, removendo os íons positivos e 
negativos da água e deixando-a praticamente isenta de materiais dissolvidos. 
Consiste em fazer a água passar por um abrandador operando com resina de 
ciclo hidrogênio e, após, passar por um leito de resina aniônica, que troca íons 
hidroxila (OH-), conforme no esquema a seguir. Este procedimento é capaz de 
remover a sílica e silicatos solúveis, além de carbonatos, sulfatos e até 
cloretos. Após saturação do leito, normalmente é feita regeneração com soda 
cáustica (NaOH). 
Eventualmente, após o leito aniônico, a água poderá ainda passar por 
um leito misto de resinas, garantindo maior pureza da mesma. É também 
comum a passagem da água por uma coluna de descarbonatação logo após o 
abrandamento, fazendo a retirada do CO2 porventura dissolvido na água. 
 
 
 
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FIGURA 11: PRINCÍPIO DE FUNCINAMENTO DE UMA RESINA ANIÔNICA. 
 
 
FIGURA 12: CONJUNTO DE VASOS DE UM SISTEMA DE DESMINERALIZAÇÃO DE ÁGUA PARA 
CALDEIRA. 
 
 
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4.3 - PROCESSO DE OSMOSE REVERSA 
Consiste em fazer a água previamente filtrada passar por dispositivo 
normalmente cilíndrico denominado “permeador”, onde os sais presentes na 
água são retidos por membranas seletivas especialmente fabricadas. A água 
pura é eliminada radialmente pelo permeador, enquanto que a parcela de 
água não permeada é descartada a uma concentração mais elevada de sais. 
Este fato constitui uma das desvantagens do sistema, além do alto custo e da 
necessidade de se operar com vários permeadores em paralelo para obtenção 
de uma vazão razoável. 
 
 
FIGURA 13: ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA 
POR OSMOSE REVERSA. 
4.4 - OUTROS PROCESSOS DE ABRANDAMENTO 
A água também pode ser abrandada (remoção de Ca2+ e Mg2+) embora 
não totalmente, por outros processos químicos através de tratamento com cal, 
cal e soda (também chamado “cal sodada”), barrilha (Na2CO3) ou fosfatos; 
alguns deles são também capazes de remover parte da sílica dissolvida na 
água. Estes processos são usados quando a dureza da água é excessivamente 
elevada e não se encontra nenhuma outra fonte de água de melhor qualidade. 
 
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Maiores detalhes podem ser vistos na literatura especializada, entre elas 
MAGUIRE (1980) e KEMMER (1988) 
4.5 - DESTILAÇÃO 
Consiste em vaporizar a água e condensá-la em seguida para produção 
de água pura e, assim, alimentar a caldeira. Devido ao alto custo operacional, 
este processo somente é empregado em locais com elevada disponibilidade de 
energia (combustível barato ou abundante) e em instalações marítimas5, para 
utilização da água do mar. 
 
5 Ver detalhes em DREW (1984) 
 
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5 - OBJETIVOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA DAS 
CALDEIRAS 
O tratamento químico interno de água das caldeiras e também as 
operações de tratamento preliminar visam atender os seguintes objetivos: 
 
 
• Evitar a formação de incrustações 
• Evitar os processos corrosivos 
• Eliminar as ocorrências de arrastes de água 
 
 
Cada um destes itens será comentado detalhadamente nos capítulos 
seguintes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6 - PREVENÇÃO DAS INCRUSTAÇÕES 
Neste capítulo serão mostradas as origens, conseqüências e formas de 
se evitar e corrigir este grande problema encontrado nos geradores de vapor. 
6.1 - INCRUSTAÇÃO – CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS 
A água encontrada na natureza nunca é pura, apresentando uma vasta 
gama de substâncias dissolvidas. Muitas destas substâncias são sais e óxidos 
apresentando solubilidades diferentes e influenciadas basicamente pela 
temperatura, concentração e pH. Com a vaporização de água na caldeira, há 
um aumento na concentração das substâncias dissolvidas que permaneceram 
na fase líquida. Se forem ultrapassados os limites de solubilidade destas 
substâncias, as mesmas podem se precipitar de forma aderente nas 
superfícies de troca térmica (tubos do feixe de convecção, tubos de parede 
d’água, tubo da fornalha, tubulões, etc.) constituindo as incrustações. Outras 
substâncias também podem se incrustar ou depositar na caldeira, tais como 
produtos de corrosão na seção pré e pós-caldeira, sólidos em suspensão, 
material orgânico advindo de contaminações e produtos insolúveis originados 
de reações químicas na água (incluindo excesso de produtos para 
condicionamento químico). 
Normalmente esta precipitação ocorre sob a forma de cristais bem 
ordenados, capazes de se fixarem firmemente às superfícies internas da 
caldeira. A ordenação existente na estrutura cristalina permite um rápido 
desenvolvimento da incrustação, aumentando a intensidade e o risco dos 
problemas associados. 
As principais conseqüências da presença de incrustações em caldeiras 
são: 
 
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• Diminuição das taxas de troca térmica na caldeira, devido ao efeito 
isolante que a incrustação proporciona ao fluxo de calor (tem baixa 
condutividade térmica). 
• Aumento do consumo de combustível, decorrente do item anterior. 
• Diminuição da produção de vapor, também decorrente do primeiro item. 
• Devido à restrição ao fluxo de calor, a presença de incrustações pode 
causar superaquecimento de um tubo e sua ruptura, parando a 
funcionamento do equipamento e podendo até causar acidentes fatais. 
• Obstrução de tubos, válvulas, descargas e coletores da caldeira, 
comprometendo o fluxo de água e acentuando ainda mais a formação 
das incrustações. 
• Possibilidade de ruptura de tubos, carcaça e danificação na estrutura da 
caldeira, comprometendo sua integridade e podendo até inutilizar o 
equipamento. 
• Incrustações em instrumentos e dispositivos de controle (pressostatos, 
visores e controles de nível, etc.) podem comprometer o funcionamento 
adequado e seguro do equipamento, aumentando o risco de acidentes. 
• Aumento dos processos corrosivos que ocorrem sob os depósitos/ 
incrustações. 
 
Para a remoção de incrustações já consolidadas, despende-se um 
grande esforço, muitas vezes através de limpezas químicas (normalmente com 
soluções de álcalis e/ou ácidos apropriados, devidamente inibidos) ou limpezas 
mecânicas de grande intensidade, tais como hidrojateamento a altas pressões, 
marteletes, impactos diretos com ferramentas, etc. 
Os principais responsáveis pela formação de incrustações em caldeiras 
são: 
 
• Sais de cálcio e magnésio (dureza), principalmente o carbonato de 
cálcio (CaCO3) e o sulfato de cálcio (CaSO4). 
 
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• Sílica solúvel (SiO2) e silicatos (SiO32-) de vários cátions. A sílica solúvel 
é oriunda da dissolução de parte da própria areia e rochas com as quais 
a água mantém contato. 
• Óxidos de ferro, tais como o Fe2O3 e de outros metais (cobre, zinco) 
originado principalmente de processos corrosivos nas linhas de 
condensado e seção pré-caldeira. 
• Materiais orgânicos contaminantes, tais como fluidos envolvidos no 
processo (sucos, licor, caldo, xaropes, etc.). Muitas vezes a 
contaminação se dá pelos condensados. 
 
Pela coloração resultante e o peso da incrustação formada, podemos 
grosseiramente estimar sua origem e composição química. Assim, compostos 
esbranquiçados/ levemente acinzentados são normalmente formados por 
cálcio e magnésio (e seus respectivos ânions); incrustações esverdeadas ou 
cinzentas e pesadas indicam ocorrência de sílica; depósitos negros leves 
apontam a presença de material orgânico, enquanto que os pesados indicam a 
presença de produtos de corrosão (ferro (Fe3O4), sendo possível sua detecção 
através de um imã). Material de coloração marrom claro pode indicar argila e 
sólidos suspensos, ou também produtos de corrosão (Fe2O3). Depósitos de 
coloração verde ou azul intensa indicam presença de cobre. 
Tal como nos sistemas de resfriamento, costuma-se fazer uma distinção 
entre os termos “depósito” e “incrustação” normalmente empregados: 
 
• Depósitos: São acúmulos de materiais sobre determinada 
superfície que podem ser removidos manualmente com facilidade. 
Embora menos aderidos que as incrustações, os depósitos 
algumas vezes podem prejudicar a troca térmica e o escoamento 
da água. Geralmente, os depósitos são provenientes de materiais 
suspensos na água, sais condicionados não expurgados pelas 
descargas ou carbonizações de material orgânico contaminante. 
• Incrustações: Caracterizam-se por um acúmulo de material 
fortemente aderido sobre a superfície da caldeira, necessitando 
de esforços consideráveis para sua remoção (limpezas mecânicas 
 
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ou químicas). Muitas incrustações são formadas por precipitação 
de sais e/ou óxidos na forma cristalina, gerando incrustações 
altamente coesas e aderidas. 
Nas figuras a seguir são mostrados inúmeros casos de incrustação em 
geradores de vapor. 
 
FIGURA 14: TUBULÃO SUPERIOR DE CALDEIRA AQUATUBULAR CONTENDO ELEVADA 
QUANTIDADE DE LAMA DE ORIGEM ARGILOSA (ÁGUA BRUTA) 
 
 
 
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FIGURA 15: PARTE INFERIOR DE CALDEIRA FOGOTUBULAR MOSTRANDO TUBOS 
INCRUSTADOS (DUREZA) E ACÚMULO DE LAMA E DEPÓSITOS NO FUNDO 
 
FIGURA 16: TUBO DE CALDEIRA AQUATUBULAR INCRUSTADO COM PRODUTOS DE 
CORROSÃO (ÓXIDO FÉRRICO) 
 
 
 
 
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FIGURA 17: INCRUSTAÇÕES RETIRADAS DE CALDEIRA FOGOTUBULAR INCRUSTADA APÓS 
INÍCIO DE TRATAMENTO QUÍMICO 
 
FIGURA 18: FOTOGRAFIA DE UM TUBO LIGEIRAMENTE INCRUSTADO (ESQ) E UM TUBO 
COMPLETAMENTE LIMPO. 
 
 
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FIGURA 19: FOTOGRAFIA TOMADA NO TUBULÃO SUPERIOR DE UMA CALDEIRA, 
MOSTRANDO GROSSAS INCRUSTAÇÕES NOS TUBOS. 
 
 
FIGURA 20: ACÚMULO DE LAMA E DEPÓSITOS EM UM COLETOR LATERAL DE CALDEIRA 
AQUATUBULAR. 
 
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6.2 - TRATAMENTOS PARA PREVENÇÃO DAS INCRUSTAÇÕES 
Como as incrustações constituem um problema que aparece com 
relativa rapidez, também foi o primeiro a ter sua solução pesquisada. Os 
primeiros tratamentos visando prevenção das incrustações surgiram na 
mesma época em que as caldeiras passaram a ter mais eficiência e maior 
produção de vapor por área de aquecimento, principalmente após o início da 
Revolução Industrial. Os métodos usados na época eram bastante empíricos e 
funcionavam na base da tentativa e erro. Com o avanço da ciência, muitas 
técnicas foram desenvolvidas e aperfeiçoadas, mostrando-se mais ou menos 
efetivas na solução do problema. 
Na seqüência, apresentaremos os principais tratamentos empregados 
atualmente para prevenir as incrustações. 
6.2.1 - Tratamento Precipitante – Fosfato 
É uma dos primeiros conceitos em tratamento bem sucedidos e o mais 
utilizado em número de caldeiras hoje em dia, principalmente nos modelos 
pequenos e de baixa pressão. Consiste em adicionar um composto a base de 
fosfato à água (fosfato mono, di ou trissódico, polifosfatos, etc.) o qual reage 
com a dureza e a sílica dissolvidas; estas reações ocorrem 
estequiometricamente e, na presença de adequadas concentrações de 
alcalinidade hidróxida (OH-), formam lamas precipitadas de hidroxiapatita de 
cálcio e um hidroxissilicato de magnésio (chamado de “serpentina”). As lamas 
sedimentam-se no fundo da caldeira e são removidas pelas descargas de 
fundo. Vide reações abaixo. 
 
 
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10Ca2+ + 6PO43- + 2OH- → 3Ca3(PO4)2 . Ca(OH)2 � 
(Hidroxiapatita de cálcio) 
 
3Mg2+ + 2SiO3 + 2-2OH- + 2H2O → 2MgSiO3.Mg(OH)2.2H2O � 
 (Serpentina) 
 
 Juntamente com o fosfato, é também adicionado um produto chamado 
“condicionador de lama”, que a mantém dispersa visando impedir a sua 
aderência sobre a superfície de aquecimento da caldeira. Inicialmente, usava-
se para esta finalidade produtos a base de ligninas, taninos, amidos 
modificados, carboximetilcelulose (CMC), entre outros. Atualmente, o uso de 
polímeros específicos tem se mostrado mais eficiente; como exemplo, 
podemos citar os polímeros baseados em acrilatos, sulfonados e fosfino-
carboxílicos. 
 No caso dos fosfatos, o uso dos chamados polifosfatos tem se mostrado 
mais eficiente, principalmente pelo efeito “Threshold” que este tipo de 
molécula exibe (vide observações sobre este fenômeno mais adiante). Na 
figura abaixo está ilustrada a estrutura básica dos polifosfatos. 
 
 
FIGURA 21: ESTRUTURA BÁSICA DOS POLIFOSFATOS 
 
 
O tratamento com fosfatos tem alguns inconvenientes, a saber: 
 
 
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• Formação de lamas: podem se aderir sobre as superfícies 
metálicas da caldeira, constituindo incrustações. Isto ocorre 
principalmente em locais com elevada taxa de vaporização, tais 
como nos trechos e tubos submetidos à radiação (fornalha). 
• Necessita de valores elevados de alcalinidade hidróxida, o que 
aumenta a probabilidade de ataque cáustico (“Caustic 
Embrittlement” detalhado posteriormente). 
• Não tolera abaixamentos de pH na água da caldeira, sendo que 
quando isso ocorre há formação de fosfato de cálcio e fosfato de 
magnésio, incrustações duras e aderentes. 
• Excesso de fosfato pode comprometer o tratamento, também 
formando incrustações de fosfato de cálcio e/ou magnésio. 
• A necessidade de razoáveis valores de alcalinidade hidróxida e 
residuais de fosfato a serem mantidos na água aumentam a 
condutividade elétrica da mesma, favorecendo a ocorrência de 
processos corrosivos. 
 
Em função dessas desvantagens, outros métodos de tratamento 
surgiram visando obter melhores resultados práticos e redução nos custos de 
tratamento. Apesar disso, o tratamento com fosfato ainda é muito difundido. 
Em caldeiras de alta pressão, são normalmente aplicados tratamentos a 
base de fosfatos, tais como o “Fosfato-pH Coordenado” e o método 
congruente. Estes tratamentos visam a eliminação de alcalinidade hidróxida 
livre (OH-) que são causadoras de ataque cáustico. Neste tipo de caldeira, a 
preocupação principal é com os processos corrosivos, já que o tratamento 
preliminar aplicado (desmineralização, osmose reversa, etc.) remove todos os 
sais que poderiam se incrustar; as incrustações, nesse caso, são normalmente 
de produtos de corrosão. 
 
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6.2.2 - Tratamento Quelante 
É um tratamento que tem por meta a complexação (quelação) dos íons 
de cálcio e magnésio da água, formando compostos estáveis e solúveis, 
prevenindo-os assim de se incrustarem na caldeira. Como vantagem, não há 
formação de lamas e nem as possíveis conseqüências que as mesmas podem 
gerar. Os agentes quelantes mais utilizados são o EDTA (Etileno Diamino Tetra 
Acetato) e o NTA (Nitrilo Acetato) que também podem se apresentar na forma 
ácida. O NTA é mais estável que o EDTA tem temperaturas elevadas e, 
portanto, mais fácil de ser controlado. 
A observação criteriosa de muitos casos onde foi aplicado o tratamento 
quelante em caldeiras mostra algumas desvantagens, entre elas: 
• Necessita desaeração total da água de alimentação, sob o risco de 
traços de oxigênio causarem degradação do produto no ponto de 
dosagem, situado normalmente na seção pré-caldeira. 
• Um pequeno excesso de quelante pode causar corrosão generalizada na 
caldeira, devido à complexação do óxido de ferro protetor (magnetita – 
Fe3O4). Existem relatos de caldeiras completamente avermelhadas6 no 
seu interior, devido ao ataque do quelante. 
• A reação do quelante com os íons metálicos é estequiométrica. Caso 
haja subdosagem do quelante, fatalmente iniciar-se-á um processo 
incrustante na caldeira. 
• Os agentes quelantes tem muita afinidade com o cobre, o que 
impossibilita este tipo de tratamento em sistemas que contenha este 
metal ou suas ligas, principalmente na seção pré-caldeira (tanque de 
alimentação, desaerador, economizador, etc.). 
• Os quelantes são instáveis e decompõem-se em altas temperaturas, 
formando produtos difíceis de serem detectados por testes analíticos; 
impedem assim a determinação exata de sua concentração na caldeira. 
 
6 Normalmente a coloração avermelhada é resultado da presença de Fe2O3, chamado 
“hematita”. Este óxido de ferro é o predominante na ferrugem, onde também podem ser 
encontrados os hidróxidos de ferro, tais como o Fe(OH)2 e Fe(OH)3. 
 
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• Os quelantes convencionais não são suficientemente efetivos para evitar 
deposição de óxido férrico (Fe2O3) nas superfícies da caldeira. Exigem, 
assim, o uso de dispersantes de ferro específicos. 
• Finalizando, os quelantes não apresentam ação contra a sílica. Assim, a 
mesma se precipita de maneira quase que exclusiva, constituindo 
incrustações vitrificadas pelo calor, extremamente duras e ancoradas na 
tubulação da caldeira. 
6.2.3 - Tratamentos Disperso-Solubilizantes (TDS7) 
Consiste no uso de técnicas e produtos mais modernos, desenvolvidos 
nas últimas décadas na tentativa de solucionar os problemas encontrados com 
outros tipos de tratamento. Pelo fato do princípio de atuação ser exatamente o 
mesmo, os produtos e princípios abaixo apresentados também podem ser 
usados em outras aplicações, tais como sistemas de resfriamento, 
evaporadores, processos de destilação, etc. 
A ação dos disperso-solubilizantes no tratamento de água de caldeira 
está baseada nos seguintes mecanismos: 
 
1. Efeito Limiar (“Threshold”): Também chamado de “seqüestração”, é 
caracterizado pela redução na tendência de precipitação de compostos 
de cálcio, magnésio, ferro, entre outros, causando um atraso na 
precipitação desses sais mesmo quando o dispersante é dosado em 
quantidades sub-estequiométricas. Isto é possível porque o produto 
reage somente com a espécie química que está na iminência de se 
precipitar, sendo assim consumido somente por uma pequena fração da 
espécie. As principais classes de produtos que exibem estas 
propriedades são os polifosfatos, fosfonatos (compostos 
organofosfóricos) e polímeros/ copolímeros (acrílicos, maleicos, 
estireno-sulfonados, carboxílicos etc.). 
 
7 Não confundir com a sigla TDS do inglês (Total Dissolved Solids) que significa Sólidos Totais 
Dissolvidos. 
 
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2. Ação dispersante: Apresentada comumente por compostos 
organofosfóricos e polieletrólitos, que por sua vez tendem a se adsorver 
sobre a superfície de partículas em suspensão, tais como núcleos de 
precipitação de sais. O produto adsorvido sobre a partícula confere-lhe 
cargas elétricas, fazendo com que as mesmas exerçam forças de 
repulsão entre elas e, assim, permaneçam dispersas. Em outras 
palavras, a ação dispersiva atua de modo oposto à coagulação. As 
partículas dispersas podem então ser removidas pelos sistemas de 
descarga da caldeira. 
 
3. Modificação de Cristais: Sem tratamento, as incrustações inorgânicas 
são formadas por retículos cristalinos que se desenvolvem de maneira 
bem regular, o que favorece seu crescimento após a formação e 
aderência sobre as superfícies metálicas. A modificação de cristais age 
através da distorção dos mesmos, impedindo seu crescimento ordenado 
e alterando sua forma. Com isso, os cristais tendem a não se aderir 
sobre as superfícies e permanecem dispersos no líquido, favorecendo 
sua eliminação pelas descargas. Alguns produtos orgânicos naturais, 
tais como ligninas e taninos, foram e ainda são usados com esta 
finalidade, auxiliando inclusive os tratamentos a base de fosfatos; 
ultimamente, o uso de polímeros e copolímeros sintéticos específicos 
(poliacrilatos, maleicos, fosfino-carboxílicos, entre outros) tem se 
mostrado mais vantajoso. 
 
 
Muitas vezes, um único produto pode apresentar duas ou mais das 
características mencionadas, sendo que a escolha deve levar em consideração 
os íons presentes na água, o pré-tratamento empregado, a classe de operação 
da caldeira, a presença de incrustações antigas e evidentemente, o custo 
global do tratamento. 
Várias informações adicionais sobre os produtos usados neste tipo de 
tratamento podem ser encontradas em literatura, catálogos e boletins técnicos 
 
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de fabricantes, dentre os quais se destacam: SOLUTIA (1998); ROHM AND 
HAAS, (1997a) e GIOVANNI BOZZETTO (1996). 
Nas figuras a seguir, estão ilustrados alguns cristais submetidos a 
tratamentos com diferentes classes de disperso-solubilizantes. 
 
 
 
 
FIGURA 22: CRISTAIS DE CARBONATO DE CÁLCIO: (A) PRECIPITADO COMO CALCITA 
(FORMA CRISTALINA PREDOMINANTE EM BAIXAS TEMPERATURAS). (B) 
PRECIPITADO COMO ARAGONITA (PREDOMINANTE EM ALTAS TEMPERATURAS). 
(C) DISTORÇÃO CAUSADA POR TRATAMENTO COM POLIACRILATO. (D) 
MUDANÇAS NA ESTRUTURA DO PRECIPITADO. (E) ESTRUTURA RESULTANTE 
DE TRATAMENTO COM COPOLÍMERO SULFONADO. (F) DISTORÇÕES 
PRODUZIDAS POR UMA MISTURA DE FOSFONATO E POLIACRILATO. 
 
 
 
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FIGURA 23: CRISTAIS DE SULFATO DE CÁLCIO. ACIMA, À ESQ.: SEM TRATAMENTO. 
ACIMA, À DIR.: APÓS TRATAMENTO COM FOSFONATO (PBTC). ABAIXO: APÓS 
TRATAMENTO COM POLIACRILATO (ROHM AND HAAS, 1997B). 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 24: ACIMA: CRISTAIS DE OXALATO DE CÁLCIO PRECIPITADOS NATURALMENTE. 
ABAIXO: PRECIPITADOS NA PRESENÇA DE DISPERSO-SOLUBILIZANTES 
(MISTURA DE FOSFONATO E POLIACRILATO). 
 
 
 
 
As vantagens dos tratamentos disperso-solubilizantes são: 
 
• Não há formação de lamas que poderiam se aderir às superfícies, a 
exemplo do que ocorre com os fosfatos. 
• Habilidade em dispersar íons de ferro, impedindo a formação de 
incrustações originadas de produtos de corrosão. 
• Os produtos relacionados a este tratamento são estáveis em 
temperaturas relativamente elevadas e são facilmente detectados e 
quantificados por procedimentos analíticos8 simples. 
 
8 Alguns polímeros são dotados de um traçador, permitindo a avaliação de sua concentração na 
água da caldeira com testes rápidos e confiáveis. 
 
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• Este tipo de tratamento tolera abaixamentos de pH, tal como quando 
ocorre contaminação da água da caldeira por material indesejável 
(orgânicos principalmente). 
• Uma sobredosagem de produtos é capaz de remover incrustações (com 
composição predominante de cálcio e magnésio) presentes no sistema, 
promovendo uma limpeza em operação. 
• Alguns terpolímeros de pesos moleculares e estruturas especialmente 
desenvolvidas são capazes de dispersar a sílica e silicatos, impedindo-os 
de se incrustarem; trata-se de uma tarefa relativamente difícil, pois 
estes compostos normalmente se precipitam de maneira amorfa (não 
cristalina). Maiores detalhes em ROHM AND HAAS (1997c). 
 
 
Por outro lado, certo critério deve ser adotado na aplicação do 
tratamento disperso-solubilizante, haja visto que o mesmo apresenta algumas 
desvantagens: 
 
• Funciona bem em tratamento de águas com níveis de dureza, sílica e 
sólidos suspensos relativamente baixos (alto retorno de condensado, 
água de reposição de boa qualidade – abrandada, desmi, etc.). Em 
águas com concentrações de sais mais elevadas, o uso isolado do TDS 
torna-se técnica e economicamente inviável, exigindo um apoio de 
compostos à base de fosfatos para auxiliar na remoção dos sais 
(tratamento combinado ou misto). 
• Dosagens excessivas de alguns compostos empregados neste 
tratamento podem causar corrosão generalizada no metal da caldeira. 
• Alguns produtos (certos tipos de fosfonatos) também têm forte 
interação com o cobre e podem, assim, causar corrosão em 
equipamentos construídos com este metal ou suas ligas, normalmente 
encontradas na seção pré-caldeira. Caso haja necessidade do uso 
desses produtos, recomenda-se fazer após o equipamento em questão. 
 
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• O tratamento disperso-solubilizante depende, fundamentalmente, da 
eficiência e de um ótimo funcionamento dos sistemas de descarga das 
caldeiras. 
• Existem legislações em alguns países que proíbem o descarte de 
efluentes contendo fósforo. Assim, os fosfonatos não podem ser usados 
e a escolha deve recair somente sobre os polímeros isentos desse 
elemento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7 - CORROSÃO E MÉTODOS DE CONTROLE 
Corrosão pode ser definida como a destruição da estrutura de um metal 
através de reações químicas e/ ou eletroquímicas com o ambiente em que o 
mesmo se encontra. Podemos dizer que a corrosão é uma forma natural dos 
metais voltarem ao estado original em que eram encontrados na natureza, tais 
como nos minérios(óxidos); isto ocorre porque, nesta forma, os metais 
apresentam-se da maneira mais estável possível do ponto de vista energético. 
Seria como o exemplo de uma bola no alto de uma montanha: a bola tenderia 
a descer pela mesma, até atingir um estado de energia (potencial 
gravitacional, no caso) mais baixo possível. 
As sérias conseqüências dos processos de corrosão têm se tornado um 
problema de âmbito mundial, principalmente em relação aos aspectos 
econômicos. Nos EUA, por exemplo, a corrosão gera prejuízos da ordem de 
US$ 300 bilhões por ano, dados de 1995 (ROBERGE, 1999). Infelizmente, no 
Brasil, não dispomos de dados precisos sobre os prejuízos causados pela 
corrosão, mas acreditamos serem consideravelmente elevados9. 
7.1 - FUNDAMENTOS 
Basicamente, a corrosão envolve reações de óxido-redução, ou seja, 
troca de elétrons. É um processo eletroquímico no qual o ânodo (espécie onde 
ocorre oxidação – perda de elétrons) que é consumido está separado por uma 
certa distância do cátodo, onde ocorre redução (ganho de elétrons). O 
 
9 Informações detalhadas sobre corrosão, bem como uma série de trabalhos, livros e 
publicações sobre o assunto podem ser encontradas em: 
ABRACO - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CORROSÃO: www.abraco.org.br 
NACE – NATIONAL ASSOCIATION OF CORROSION ENGINEERS: www.nace.org 
 
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fenômeno ocorre devido à existência de uma diferença de potencial elétrico 
entre estes dois locais. 
Apesar de diferir de um sistema para outro, o mecanismo básico 
proposto para o processo de corrosão é: 
1. Na região anódica, átomos de ferro (Fe0) passam para o estado de 
oxidação II, formando Fe2+. 
2. Como resultado da formação do Fe2+, dois elétrons migram através do 
metal para a área catódica. 
3. Se houver oxigênio presente na água, o mesmo move-se para a área 
catódica e ingressa no circuito, usando os elétrons que migraram para o 
cátodo e formando íons hidroxila (OH-) na superfície do metal. O 
oxigênio até pode, devido à sua eletroafinidade, induzir a migração dos 
elétrons do ferro no cátodo. 
4. Os íons OH- deslocam-se para a região anódica, onde reagem com os 
íons Fe2+ formando hidróxido ferroso, Fe(OH)2, que se deposita ao redor 
da área anódica. Esta etapa completa o ciclo básico do processo. 
5. O hidróxido ferroso formado é instável e, na presença de oxigênio e/ ou 
íons hidroxila, forma-se hidróxido férrico Fe(OH)3. 
6. O hidróxido férrico, por sua vez, tende a se decompor em Fe2O3, que é 
o óxido férrico, conhecido como ferrugem. 
 
Quimicamente, as reações envolvidas são: 
1, 2) Fe0 � Fe2+ + 2e- (ânodo) 
3) ½O2 + H2O + 2e- � 2(OH)- (cátodo) 
4) Fe2+ + 2(OH)- � Fe(OH)2 
5) 2Fe(OH)2 + ½O2 + H2O � 2Fe(OH)3 
6) 2Fe(OH)3 ' Fe2O3 . 3H2O 
 
 Na figura a seguir, está ilustrado o processo aqui descrito. 
 
 
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FIGURA 25: REPRESENTAÇÃO DE UMA CÉLULA DE CORROSÃO CLÁSSICA. 
Analisando-se os mecanismos descritos podemos verificar que, se 
conseguirmos eliminar o oxigênio da água da caldeira, controlaremos os 
processos corrosivos elementares. Assim, a remoção do oxigênio é um dos 
mais importantes meios de se prevenir a corrosão nas caldeiras, e será 
comentada oportunamente. Um outro método consiste em manter o pH da 
água na faixa alcalina, o que elimina a chance de corrosão no metal por 
ataque ácido. 
7.2 - TIPOS DE CORROSÃO EM CALDEIRAS 
Várias formas de processos corrosivos são encontradas nos sistemas 
geradores de vapor. Apesar de muitos deles estarem relacionados e serem 
interdependentes, podemos destacar, resumidamente, os seguintes: 
7.2.1 - “Pittings” (ou pites): 
São processos de corrosão localizada, pontuais e, na ausência de um 
controle eficiente, promovem grande penetração no metal da caldeira, 
chegando inclusive até a inutilização do equipamento. Geralmente os 
processos de corrosão por pitting são observados na seção vapor das caldeiras 
 
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e acessórios pós-caldeira, sendo provocados em sua quase totalidade pelo 
ataque de oxigênio indevidamente presente na água. 
Um dos métodos de controle deste tipo de pitting é a desaeração 
mecânica conveniente da água de alimentação da caldeira, bem como a 
dosagem e manutenção de um residual adequado de seqüestrante de oxigênio 
(sulfito de sódio, hidrazina,...). 
A corrosão localizada também ocorre sob depósitos, em locais de falha 
na estrutura cristalina do metal e em locais submetidos a tensões. 
Nas figuras seguintes são mostradas algumas ocorrências de pittings 
em caldeiras. 
 
 
 
FIGURA 26: CARCAÇA DE UMA CALDEIRA FOGOTUBULAR, MOSTRANDO OS PONTOS DE 
CORROSÃO LOCALIZADA (PITTINGS) DEVIDO À PRESENÇA DE OXIGÊNIO 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 27: TUBO DE SUPERAQUECEDOR VÍTIMA DE CORROSÃO POR OXIGÊNIO 
 
7.2.2 - Corrosão Galvânica 
Este tipo de corrosão ocorre, basicamente, quando dois ou mais metais 
com diferença significativa de potenciais de oxidação estão ligados ou imersos 
em um eletrólito (tal como a água com sais dissolvidos). Um metal chamado 
de “menos nobre”, tem uma tendência a perder elétrons para um metal “mais 
nobre”, cuja tendência de perda é menor. Assim, o metal menos nobre torna-
se um ânodo e é corroído. Este fenômeno também depende da área entre as 
regiões anódicas e catódicas, isto é, quanto menor for a área do ânodo em 
relação ao cátodo, mais rápida é a corrosão daquele. Um exemplo disso ocorre 
entre o cobre (mais nobre) e o aço carbono, menos nobre e que tem a sua 
taxa de corrosão acelerada. 
No quadro a seguir, encontra-se representada uma série galvânica de 
diferentes metais e ligas onde se pode visualizar a maior tendência à corrosão 
(áreas anódicas) ou menor tendência (área catódica). 
 
 
 
 
 
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QUADRO 01: SÉRIE GALVÂNICA DE DIVERSOS METAIS E LIGAS (MAGUIRE, 1980). 
REGIÃO ANÓDICA (Menos Nobre) Magnésio 
Extremidade Corroída Ligas de Magnésio 
Zinco 
Alumínio 2S 
Cádmio 
Alumínio 17 ST 
Aço Carbono e Ferro 
Ferro Fundido 
Ferro – Cromo (ativo) 
18/8 Cr-Ni-Fe (Inox 304-Ativo) 
18/8/3 Cr-Ni-Mo-Fe (Inox 316-Ativo) 
Hastelloy C 
Chumbo – Estanho (soldas) 
Chumbo 
Estanho 
Níquel (Ativo) 
Inconel (Ativo) 
Hastelloy A 
Hastelloy B 
Latão 
Cobre 
Bronze 
Cobre – Níquel (ligas) 
Titânio 
Monel 
Prata (soldas) 
Níquel (Passivo) 
Inconel (Passivo) 
Ferro-Cromo (Passivo) 
18/8 Cr-Ni-Fe (Inox 304-Passivo) 
 
18/8/3 Cr-Ni-Mo-Fe (Inox 316-Passivo) 
REGIÃO CATÓDICA (Mais Nobre) Prata 
Extremidade Protegida Grafite 
 
Em aparelhos geradores de vapor, principalmente nas seções pré e pós-caldeira, é comum a construção de equipamentos auxiliares com ligas 
diferentes do aço empregado na caldeira. Isto acentua a corrosão galvânica e 
as medidas corretivas tem que ser tomadas, sob pena de um processo rápido 
de corrosão no metal menos nobre. 
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Para minimizar a ocorrência de corrosão galvânica, recomenda-se evitar 
a construção de equipamentos utilizando metais ou ligas com potenciais de 
oxidação muito diferentes e evitar o contato elétrico direto entre os metais, 
colocando materiais isolantes entre os mesmos (plástico, borracha, etc). 
A manutenção de valores baixos de sólidos dissolvidos na água contribui 
para uma diminuição na condutividade elétrica da mesma e, assim, ajuda a 
minimizar os processos corrosivos como um todo, inclusive os de origem 
galvânica. 
7.2.3 - Corrosão por Tensão 
Já citada no item referente aos “pittings”, a corrosão sob tensão ocorre 
em áreas do metal submetidas a tensões e esforços, tais como nas operações 
de corte, soldagem, mandrilhamento de tubos, calandragem e dobramento de 
chapas, entalhamento de roscas, rebites, etc. Também aparecem em pontos 
de falha na estrutura cristalina do metal, tal como a presença de átomos 
metálicos diferentes da liga, espaços vazios no retículo, presença de átomos 
nos interstícios do mesmo, etc. A corrosão sob tensão pode causar prejuízos 
significativos quando atinge determinadas proporções. 
Os métodos de combatê-la são, na maioria, preventivos: alívio de 
tensões, escolha de material de boa qualidade para fabricação e reparos no 
equipamento, evitar operações que provoquem tensões excessivas no 
equipamento depois de montado, entre outros. 
7.2.4 - Ataque Cáustico (“Caustic Embrittlement”) 
É um tipo de ataque que ocorre devido à excessiva concentração de 
alcalinidade hidróxida (íons OH-), provenientes normalmente da soda cáustica 
 
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usada para manutenção do pH na faixa alcalina10. Mesmo que no seio da água 
a concentração não esteja tão alta, nas camadas de líquido próximas à parede 
dos tubos a concentração é bem superior, devido à vaporização de água na 
região. Além disso, existem locais onde pode haver maior concentração de OH-
, tais como sob depósitos/ incrustações, em locais submetidos a fluxos de 
calor muito altos (como ocorre quando a chama atinge os tubos), ou em tubos 
inclinados ou horizontais, nos quais há pouca quantidade de água no seu 
interior. 
Nessas áreas onde a concentração de hidroxilas é elevada, há uma 
reação das mesmas com o filme de magnetita (Fe3O4) que protege a superfície 
do metal. Removido o filme e exposto o aço, as hidroxilas em altas 
concentrações também reagem como o ferro. As reações envolvidas são: 
 
Fe3O4 + 4NaOH Ö 2NaFeO2 + Na2FeO2 + 2H2O 
Fe + 2NaOH Ö Na2FeO2 + H2 
 
 Para que o ataque cáustico se configure, também deve ocorrer a 
existência de pontos de tensão no local onde há a concentração dos íons OH-. 
A presença de sílica também auxilia no processo, direcionando o ataque do 
OH- para os limites do grão do metal e levando a um ataque intercristalino. 
Este processo causa fissuras na estrutura do metal, podendo ocasionar 
rupturas extremamente perigosas. 
 Nas figuras seguintes são mostradas algumas ocorrências de ataque 
cáustico. 
 
 
10 Deve-se manter o pH na faixa alcalina pelos seguintes fatores: evitar a corrosão por ácido, 
promover a formação de lamas não aderentes (tratamentos c/ fosfatos) e garantir a dispersão 
da sílica na forma de , evitando a formação do ácido ortosilíssico. 
 
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FIGURA 28: FOTOGRAFIA MOSTRANDO FISSURA PROVOCADA POR ATAQUE CÁUSTICO 
(500X) 
 
 
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FIGURA 29: TUBO DE 3” DE UMA CALDEIRA QUE SOFREU ATAQUE CÁUSTICO. PRESSÃO DE 
OPERAÇÃO: 150 Kgf/ cm2. 
7.2.5 - Fragilização por Hidrogênio 
É um processo que ocorre somente em caldeiras de pressões elevadas, 
digamos acima de 100 Kgf/ cm2. É ocasionado pela presença de hidrogênio 
molecular (H) que pode se formar nas reações químicas presentes na caldeira, 
tal como aquela que causa o ataque cáustico. Devido ao seu pequeno 
tamanho, o hidrogênio produzido é capaz de penetrar no interior do metal e 
reagir com o carbono do aço, formando uma molécula de metano no interior 
do retículo. 
 
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A reação é: 
4H + Fe3C Ö 3Fe + CH4 
 A formação da molécula de metano, relativamente grande, no interior 
do metal causa uma tensão enorme, o que pode causar ruptura. 
 
 
 
 
FIGURA 30: RUPTURA EM UM TUBO DE CALDEIRA (PRESSÃO DE OPERAÇÃO: 136 Kgf/ cm2) 
DEVIDO A FRAGILIZAÇÃO POR HIDROGÊNIO 
 
7.3 - REMOÇÃO DO OXIGÊNIO DA ÁGUA 
Como mencionado no item “Fundamentos” ao início do capítulo, um dos 
meios mais simples e eficientes de se combater a corrosão elementar nas 
caldeiras é através da remoção do oxigênio presente na água. Não havendo 
oxigênio, não há receptor para os elétrons provenientes do ferro e, assim, o 
ciclo não se completa. Portanto, grande parte da atenção é voltada à remoção 
do oxigênio, a qual é feita de dois modos: mecanicamente e quimicamente. 
Detalhes na seqüência. 
 
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7.3.1 - Desaeração Mecânica 
Consiste em fazer a água passar por um equipamento chamado 
“desaerador” o qual, trabalhando em temperatura elevada11, promove uma 
grande área de contato para expulsão do ar dissolvido. Existem dois tipos 
básicos desse equipamento: o tipo spray e o tipo que contém bandejas, sendo 
que a disposição do vaso principal pode ser horizontal (mais comum) ou 
vertical. Alguns desaeradores, principalmente para caldeiras de alta pressão, 
podem trabalhar a vácuo, o que ajuda na remoção do oxigênio. 
Nas figuras seguintes está esquematizado o funcionamento desses 
equipamentos. 
 
 
 
FIGURA 31: ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DO DESAERADOR. ESQ.: MODELO BANDEJA. 
DIR.: MODELO SPRAY 
 
 
11 A solubilidade dos gases em líquidos é inversamente proporcional à temperatura, ou seja, 
quanto maior a temperatura, menor é a solubilidade. 
 
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