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VOLUME 3 | Ciências da Natureza e suas tecnologias 115 Cinética Química: Velocidade Média de Uma Reação Química QUÍMICA 3 Aulas: 33 e 34 Competência(s): 3, 5 e 7 Habilidade(s): 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27 1. Cinética química A química cinética é o ramo da química que estuda a velocidade das reações químicas, bem como os fatores que a influenciam. Em outras palavras, a química cinética se preocupa em entender como as reações químicas ocorrem e quanto tempo elas levam para se completar. A velocidade de uma reação é a rapidez com que os reagentes são consumidos ou rapidez com que os produ- tos são formados. Por exemplo, a combustão de uma vela e a formação de ferrugem são exemplos de reações len- tas, já a dinamite e a decomposição da nitroglicerina são exemplos de reações rápidas. 2. Velocidade das reações A velocidade média de consumo de um reagente ou ainda de formação de um produto é obtida em função da variação da quantidade de reagentes e produtos pela va- riação de tempo. Sendo assim, A velocidade média de uma reação química é o quociente da variação da concentração molar de um dos reagentes (ou produtos) da reação pelo intervalo de tempo em que essa variação ocorre. V Tempo Quantidade m T T= A unidade mais usual para as quantidades é em mol/L, mas elas também podem ser representadas pela massa, quantidades em mol, volume gasoso, entre outras. Já o intervalo de tempo pode ser representado por segundos, minutos, horas etc. A variação da quantidade consumida (reagentes) será negativa, pois a variação corresponde à quantidade final menos a inicial. Então, para evitar o surgimento de velo- cidade negativa, utilizamos o sinal negativo na expressão ou, mais usual, a variação em módulo sempre que se fizer referência aos reagentes. Vejamos um exemplo: N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g) Para a reação, é possível calcular a velocidade média de consumo de cada um dos reagentes e também a de formação de cada um dos produtos: Os reagentes são sempre consumidos durante a rea- ção, e sua quantidade diminui com variação do tempo, já os produtos são sempre formados, e suas quantidades au- mentam com o tempo. Graficamente temos: NH3 N2 H2 tempo Vemos que ambos os reagentes têm sua concentração diminuída com o tempo, enquanto a concentração do pro- duto aumenta, logo, com relação à velocidade média de consumo ou formação, podemos afirmar que ela diminui com o passar do tempo, pois a quantidade que reage tor- na-se cada vez menor. Pensando na velocidade média da reação N2 + 3 H2 → NH3, em relação ao produto, NH3, temos: ou ainda Vale ressaltar que para essa expressão, o Δ[NH3] é a diferença entre a concentração molar final e a Química 116 concentração molar inicial do NH3 no intervalo de tempo Δt. Para pensarmos sobre o intervalo de tempo usado na fórmula, vamos considerar a tabela a seguir que traz resul- tados sob determinadas condições experimentais: Tempo de reação (min) Variação da concentração molar do NH3 (mol/L) 0 0 5 20 10 32,5 15 40,0 20 43,5 Utilizando os dados dessa tabela, conseguimos calcu- lar as velocidades médias em diversos intervalos, vejamos: Para o intervalo de 0 a 10 minutos: Δ[NH3] = 32,5 - 0 = 32,5 Δt= 10-0 = 10 Vm= Δ[NH3] / Δt Vm= 32,5 / 10 Vm= 3,25 mol/L.min Para o intervalo de 10 a 20 minutos: Δ[NH3] = 43,5 - 32,5 = 11 Δt= 20 - 10 = 10 Vm= Δ[NH3] / Δt Vm= 11 / 10 Vm= 1,1 mol/L.min De fato, há uma semelhança entre o cálculo de con- centração molar e o cálculo de velocidade média em física. Ambos envolvem a influência de uma taxa de mudança em relação ao tempo. No caso da concentração molar, a taxa de mudança é a variação na concentração de uma substância em solução em relação ao tempo. Já no caso da velocidade média, a taxa de mudança é a variação na distância percorrida em relação ao tempo. Nos dois casos, o cálculo é realizado dividindo a va- riação da grandeza em questão pelo intervalo de tempo correspondente. Assim, se tivéssemos uma tabela com da- dos de distância percorrida por um automóvel em vez de concentração molar, bastava usar o mesmo cálculo para determinar a velocidade média do automóvel em cada in- tervalo de tempo. 3. A velocidade média e a estequiometria das reações A velocidade média global da reação vem da divisão de cada velocidade média dos componentes pelo coefi- ciente da respectiva substância na equação química que representa a reação. De forma geral: aA +bB → cC + dD Seguindo com a reação de formação do NH3: N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g) Temos proporção de 1 mol de gás nitrogênio para 3 mol de gás hidrogênio formando 2 mol de amônia. Tal proporção também pode ser utilizada quando falamos de velocidade média da reação, isto porque, a velocidade média da reação pode ser dada pela velocidade média de um componente da reação dividida pelo seu coeficiente, que também é proporcional a velocidade média do outro componente dividida pelo coeficiente dele: Assumindo que a velocidade média de formação da amônia no intervalo de 10 a 15 minutos seja de 1,1 mol/L. min temos: Vm reação = VmNH3 = VmN2 = VmH2 __________________ 2 1 3 Vm reação: = 1,1 / 2 Vm reação = 0,55 mol/L.min Aplicações práticas 1. (Mackenzie) X + 2 Y → Z Na reação acima equacionada, observou-se a variação na con- centração de X em função do tempo, segundo a tabela a seguir: Tempo (s) 0 120 240 360 720 [x] mol/ litros 0,255 0,220 0,200 0,190 0,100 No intervalo de 4 a 6 minutos, a velocidade média da reação em mol/litro∙min é: a) 0,010. b) 0,255. c) 0,005. d) 0,100. e) 0,200. VOLUME 3 | Ciências da Natureza e suas tecnologias 117 Resolução: De acordo com a tabela, a velocidade média da reação (para o X) no intervalo de 4 a 6 min (240 a 360 s) é: vm t n vm 6 4 0,190 0,200 $3 T=- = - - -^ h vm = 0,005 mol . L-1 min-1 vm = 5 . 10-3mol . L-1 .min-1 Alternativa C 2. (PUC-RS) Amostras de magnésio foram colocadas em soluções aquosas de ácido clorídrico de diversas concentrações e tempe- raturas, havendo total consumo do metal e desprendimento do hidrogênio gasoso. Observaram-se os seguintes resultados: amostra Massa de Mg Consumida (g) Tempo de reação em minutos I 0,2 1 II 2 5 III 4 15 IV 4 20 Pela análise dos dados contidos na tabela acima, é correto afir- mar que: a) a velocidade média da reação na amostra I é maior que na amostra II. b) a quantidade de hidrogênio desprendida na amostra II é maior do que na amostra IV. c) a velocidade média da reação na amostra III é igual à da amostra IV. d) a velocidade média de reação na amostra IV é a metade da velocidade média de reação na amostra II. e) a quantidade de hidrogênio desprendido na amostra III é me- nor do que na amostra IV. Resolução: Antes de avaliarmos as alternativas, como o exercício fala em velocidade média, devemos calculá-la para cada uma das amos- tras. Para isso, basta dividir a massa consumida pelo tempo: Amostra 1: 0,2 / 1 = 0,2 g/min Amostra 2: 2,0 / 5 = 0,4 g/min Amostra 3: 4,0 / 15 = 0,26 g/min Amostra 4: 4,0 / 20 = 0,2 g/min Com as velocidades de cada amostra, agora podemos avaliar cada um dos itens: • Item a: errado porque a velocidade da amostra 1 é menor que a da amostra 2; • Item b: errado porque quanto maior é a massa do reagen- te, maior é a quantidade de produto formado; • Item c: errado porque as amostras 1 e 4 têm a mesma velocidade; • Item e: errado porque a quantidade de magnésio utilizada é a mesma; logo, a quantidade de hidrogênio desprendido será a mesma. Alternativa D
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