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Capítulo 226 3. Tensão elétrica A função do gerador no circuito elétrico é fornecer energia elétrica aos seus elementos. vamos retomar um caso muito simples: uma lâmpada está ligada aos polos de uma bate- ria elétrica através de dois pequenos fios de cobre (fig. 5, página 20). O gerador fornece energia elétrica a cada uma das partículas que constituem a corrente elétrica, ou seja, aos elétrons. Estes transportam essa energia até o filamento da lâmpada, e esta se acende. Estão envolvidas aí algumas transformações da energia, mas vamos focar apenas o filamento: ele recebe a energia elétrica, converte-a em outra forma de energia, a térmica, se aquece até uma determinada temperatura e passa a emitir energia radiante e calor para o ambiente. todas essas transformações devem obedecer ao Princípio da Conservação da Energia. A partícula portadora de energia ao atravessar o filamento da lâmpada perde energia, mas a sua carga elétrica não se altera; continua a ser igual à carga elementar e = 1,6 · 10–19 C. Por esse motivo, a intensidade de corrente elétrica na entrada da lâmpada é a mesma na saída (fig. 16). vamos agora mostrar o que se passa na entrada e na saída do gerador (fig. 17). Simbolicamente, as partículas positivas saem do polo positivo e re- tornam ao polo negativo. Queremos equacionar esse transporte de energia elétrica. Seja E a quantidade de energia elétrica de cada partícula cuja carga elementar vale e. O quociente entre a energia e a carga elementar E e é definido como o potencial elŽtrico daquela posição em que se encontra a partícula. Indicaremos o potencial pela letra V e escrevemos: V = E e O potencial elétrico pode ser calculado em qualquer ponto do circuito; no entanto, é de particular importância o seu cálculo junto aos polos A e B do gerador (fig. 17). Sendo E A a energia elétrica de cada partícula ao sair do polo positivo, o potencial elétrico nesse polo vale: v A = E A e Do mesmo modo, sendo E B a energia elétrica de cada partícula ao entrar no polo negativo, o seu potencial elétrico nesse polo vale: v B = E B e Evidentemente, as partículas possuem maior quantidade de energia na saída do gerador do que no seu retorno: E A > E B ⇒ v A > v B Definimos: Tens‹o elŽtrica entre os polos do gerador é a diferença de potencial existente entre os polos. Essa tensão elétrica (ddp) será indicada por U: U = V A – V B Nos circuitos elétricos não nos interessamos pelo valor do potencial de seus pontos, mas sim pela ddp entre eles. Podemos calcular a tensão elétrica entre dois pontos quais- quer do circuito, por exemplo entre os terminais de uma lâmpada. Figura 16. A intensidade da corrente da entrada é igual à da saída. Figura 17. Corrente elétrica saindo do polo positivo e voltando pelo polo negativo. Il u St r A ç õ ES : ZA Pt i i ii A (V A ) (V B ) B + + + + + + + + + + + – 12 V A corrente elétrica 27 Unidade da tensão elétrica no sI No SI a unidade de tensão elétrica (ou ddp) é o volt (V). Como sabemos, a energia elétrica é medida em joule (J), e a carga elétrica é medida em coulomb (C). Então a relação entre essas três grandezas definem o volt. Da definição de potencial, temos: volt = joule coulomb ⇒ 1 v = 1 J 1 C Suponhamos que tivéssemos calculado os potenciais elétricos dos dois polos de uma ba- teria e obtido os valores: V A = 8,0 V e V B = 5,0 V. Então a tensão elétrica (ou ddp) entre os seus polos é: U = V A – V B ⇒ U = 8,0 – 5,0 ⇒ U = 3,0 V Quando um portador de carga elétrica atravessar essa bateria receberá dela uma quanti- dade de energia elétrica ΔE = e · U: ΔE = (1,6 · 10–19) · (3,0) ⇒ ΔE = 4,8 · 10–19 J Isso justifica por que a bateria de um celular se descarrega. Os elétrons que a atravessam vão consumindo sua energia química. Exemplo 5 a força eletromotriz de um gerador A ddp entre os polos de um gerador é denominada força eletromotriz (fem). No Exemplo 5, a fem do gerador é 3,0 v. O gerador tem fem constante, invariável com a corrente elétrica. A fem de uma ba- teria é um dos seus parâmetros. Por isso costumamos representar esse valor nas figuras de um gerador. Na figura 18 temos alguns exemplos de geradores eletroquímicos que vamos usar daqui em diante. No interior do gerador, embora os processos sejam mais complexos, podemos pen- sar do seguinte modo: as cargas elementares, positivas, que constituem a corrente elétrica são “forçadas” a se deslocar do polo negativo para o polo positivo do gerador. usamos o termo “forçadas” porque elas são deslocadas do polo de menor potencial para o de maior potencial, o que não é um movimento espontâneo. Poderíamos até fazer uma analogia com uma bolinha de borracha e uma mesa: naturalmente, a bolinha cairia da mesa ao chão, mas espontaneamente não subiria de volta à mesa. um agente externo é obrigado a pegá-la e colocá-la de volta à mesa. A bolinha é a carga elementar, e o agente externo é o gerador. Ele usou sua força e sua energia para reposicionar a bolinha de volta à mesa. De igual modo uma força interna do próprio gerador empurra as cargas elementares para o polo positivo. De onde vem a energia para fazer esse transporte? No caso de uma pilha, há uma conversão de energia química em elétrica, o que justifica o aparecimento dessa força e principalmente da energia interna. Na realidade, o processo é bem mais complexo do que se descreveu; simplificamo-lo para facilitar a sua compreensão. A fem corresponde ao trabalho, por unidade de carga, para transportar as partículas portadoras de carga elétrica desde o polo negativo até o polo positivo. (a) Pilha de lanterna. (c) Bateria de celular. Figura 18. Geradores e sua fem. Il u St r A ç õ ES : ZA Pt ObsErvaçãO O nome da unidade do potencial elétrico, volt, é uma homenagem ao físico italiano Alessandro Volta (1745-1827), inventor da pilha. l I X u EJ u N /G lO w IM A G ES + – 1,5 V (b) Bateria de carro. 12 V + Ð Capítulo 228 Observemos, finalmente, que a expressão força eletromotriz pode nos dar a falsa impressão de que se trata da força elétrica que empurrou as partículas dentro da bate- ria. Não! A fem é apenas uma tensão elétrica. Observemos a sua unidade: fem = ö q unid (fem) = unid (ö) unid (q) ⇒ unid (fem) = J C = v (volt) voltímetro Para medir a tensão elétrica entre dois pontos quaisquer de um circuito elétrico usamos um aparelho denominado voltímetro. Os voltímetros encontrados nos labora- tórios de eletricidade praticamente não permitem a passagem da corrente elétrica pelo seu interior. Desse modo ele não deve ser inserido “em série” com uma lâmpada, para não bloquear a corrente que por ela passa. teoricamente, um voltímetro ideal é aquele que não permite de modo algum que uma corrente passe pelo seu interior. Nos diagramas de circuito elétrico, o voltímetro será representado por um círculo com a letra V em seu interior, como mostra a figura 19. Nos Exemplos 6 e 7 mostramos, em um diagrama elétrico, o voltímetro corretamen- te ligado “em paralelo” com algum aparelho. No diagrama elétrico da figura 20 o voltímetro foi ligado aos polos de um gerador de fem 12 V e, portanto, em seu mostrador a leitura é 12 V. 12 V i = 0 leitura 12 V V + Ð Figura 20. O voltímetro registra a fem do gerador. Exemplo 6 No diagrama elétrico da figura 21 o voltímetro ideal foi ligado aos terminais de uma lâm- pada. Seu mostrador indica 3,6 V; portanto, a tensão elétrica na lâmpada é 3,6 V. Vamos nos familiarizar com esse tipo de ligação, estando o voltímetro sempre em paralelo ao aparelho do qual se vai medir a tensão elétrica. Observemos também que a corrente elétrica não passou pelo voltímetro (i = 0), mas sim pela lâmpada, a qual está acesa. V i = 0 leitura 3,6 V L Figura 21. O voltímetro deve ser ligado em paralelo com a lâmpada. Exemplo 7 Figura 19. Símbolo do voltímetro. Il u St r A ç õ ES : ZA Pt V
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