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Indução eletromagnética 371 4. Lei de Lenz Já explicamos em que condições aparece a corrente induzida, mas não como deter- minar o sentido dessa corrente. embora Faraday tenha explicado como fazer, foi o físico Heinrich Friedrich Lenz, nascido na estônia (1804-1865), quem apresentou um processo mais simples para obter esse sentido. A Lei de Lenz estabelece que: O sentido da corrente induzida é tal que se opõe à variação de fluxo que a produziu. Vamos verificar, através de um exemplo, como aplicar a Lei de Lenz. Consideremos um ímã em forma de barra. Aproximemo-lo de uma espira circular fixa, como indica a figura 8, de modo que o eixo do ímã se mantenha perpendicular ao plano da espira. A figura 5 representa uma espira retangular penetrando em uma região R, onde há um campo magnético B, uniforme e perpendicular ao plano da espira. Nesse caso, o fluxo de B através da espira é dado por ϕ = B · A, em que A é a área da espira que está imersa no campo. Enquanto a espira estiver penetran- do em R, aumentará a área A e, portanto, aumentará também o fluxo ϕ. Assim, deve haver uma corrente induzida i 1 na espira, durante a penetração na região R. Quando a espira estiver totalmente dentro de R, como mostra a figura 6, o fluxo através dela permanecerá constante e não haverá corrente induzida. Enquanto a espira estiver saindo de R (fig. 7), o fluxo de B estará diminuindo e haverá novamente corrente induzida i 2 na espira. Assim que ela abandonar a região R, o fluxo será constantemente nulo e não haverá mais corrente induzida. v i = 0 Figura 6. v i 2 Figura 7. Exemplo 4 Bv i 1 R Figura 5. v O F i N S Figura 9. N S v Figura 8. De acordo com a Lei de Lenz, a corrente induzida na espira deve contrariar essa aproximação, isto é, a espira deve exercer sobre o ímã uma força F de sentido oposto ao do movimento do ímã (fig. 9). Mas, se a espira repele o ímã, concluímos que a face da espira que está voltada para o ímã deve ser um polo do mesmo nome do polo do ímã que é aproximado, isto é, um polo norte. Aplicando a regra da mão direita, concluí- mos que a corrente induzida deve ter o sentido indicado na figura 9 (anti-horário para o observador O). podemos, também, analisar esse exemplo de um modo diferente. sendo B o cam- po criado pelo ímã, à medida que este se aproxima da espira, aumenta o fluxo de B (que pode ser chamado fluxo indutor) através da espira (fig. 10). pela Lei de Lenz, a corrente induzida deve opor-se a esse aumento de fluxo. para tanto, a corrente indu- IL u st r A ç õ es : ZA pt Capítulo 19372 zida deve produzir um campo B', de modo que o fluxo de B' (que podemos chamar fluxo induzido) deve ter sinal contrário ao do fluxo de B e, para que isso ocorra, o campo B' deve ter sentido oposto ao de B (fig. 11) nos pontos interiores à espira. Aplicando a regra da mão direita, concluímos que a corrente induzida deve ter o sentido assinalado na figura 11. B v N S Figura 10. i B' v N S Figura 11. um fato importante a ser observado nesse exemplo é a troca de energia. Conforme vimos, enquanto o ímã se aproxima da espira, esta exerce sobre ele uma força de repulsão F (fig. 9). portanto, o operador que movimentou o ímã teve que aplicar sobre ele outra força de sentido oposto ao de F e assim realizou um trabalho positivo. esse trabalho é igual à energia dissipada na espira, por efeito Joule (supondo a velocidade do ímã constante). Ainda considerando o exemplo acima, suponhamos que, ao aproximar o ímã da espira, a corrente induzida tivesse sentido tal que o ímã fosse atraído pela espira (o que estaria contrariando a Lei de Lenz). Nesse caso, uma vez iniciado o movimento do ímã, poderíamos deixar de empurrá-lo, pois ele seria atraído pela espira e assim não realizaríamos mais trabalho. Mas isso contraria o princípio de Conservação da energia: teríamos energia dissipada na espira, por efeito Joule, sem que nenhum trabalho (ou energia) fosse fornecido ao sistema, o que obviamente é absurdo. Vemos, então, que a Lei de Lenz está de acordo com o princípio de Conservação da energia. Exercícios de Aplicação 8. Em cada um dos casos a seguir temos um ímã em forma de barra, o qual se move de modo a manter seu eixo perpendicular ao plano de uma espira circular fixa. Em cada caso, deter- mine o sentido da corrente induzida para o observador O. a) r O v S N b) r O v S N c) v OS N d) v OS N 9. A figura representa uma espira circular que se afasta, com velocidade v , de um ímã fixo em forma de barra. Considere o eixo do ímã perpen- dicular ao plano da espira. Determine o sentido da corrente induzida para o observador O. v OS N 10. Um ímã em forma de barra aproxima-se de um solenoide, como indica a figura, fazendo o eixo do ímã coincidir com o eixo do solenoide. Defina o sentido da corrente induzida, no trecho XY. v X Y N S IL u st r A ç õ es : ZA pt Indução eletromagnética 373 11. Uma espira retangular é colocada dentro de uma região onde há um campo de indução magnética B uniforme e perpendicular ao plano da espira, como mostra a figura. B Determine o sentido da corrente induzida na espira, nos seguintes casos: a) |B| aumenta com o tempo; b) |B| diminui com o tempo. 12. Um fio longo e retilíneo, percorrido por uma corrente i que aumenta com o tempo, é colocado no mesmo plano de uma espira retangular, como mostra a figura. i a) Qual o sentido da corrente induzida na espira? b) A espira é atraída ou repelida pelo fio? 13. Um condutor retilíneo muito longo, percorrido por uma corrente i, está no mesmo plano de uma espira retangular, como mostra a figura. A espira é puxada de maneira a se afastar do fio. Determine o sentido da corrente induzida na espira. v i 14. Considere duas espiras quadradas, M e N, com planos paralelos entre si, como indica a figura a seguir. A espira M está ligada a um resistor variável R e a um gerador G, o qual fornece a corrente i. Variando-se R, obtemos uma corrente i variável. a) Supondo que a corrente i esteja aumentando, qual o sentido da corrente induzida na espira N para o observador O, assinalado na figura? O i R G M N b) Para o caso em que i aumenta, as espiras estarão se atraindo ou se repelindo? c) Supondo que a corrente i esteja diminuindo, as espiras estarão se atraindo ou se repelindo? 15. Um condutor retilíneo CD apoia-se em um fio condutor em forma de U, como mostra a figura a. O conjunto encontra-se imerso num campo de indução magnética B uniforme e perpendicular ao plano dos condutores. Um operador puxa o condutor CD, o qual se move no sentido indicado na figura. Determine o sentido da corrente indu- zida no circuito CDEF. B v D C E F Figura a. Resolu•‹o: 1°. modo: À medida que o condutor CD se move para a direita, aumenta a área da espira CDEF; portan- to, aumenta o fluxo através dessa espira. De acordo com a Lei de Lenz, a corrente induzida na espira deve contrariar esse aumento de fluxo. Portanto, o campo B' produzido pela corrente induzida deve ter sentido oposto ao de B (nos pontos interiores à espira), como indica a figu- ra. Aplicando a regra da mão direita, concluímos que a corrente induzida deve ter sentido anti- horário (fig. b). B B' v D C E F i i i i Figura b. 2°. modo: Assim que o fio CD começa a ser percorrido pela corrente induzida i, surge nele uma força magné- tica Fm, pois ele está imerso em um campo mag- nético. Mas, de acordo com a Lei de Lenz, essa força deve contrariar o movimento do fio. Como este se move para a direita, concluímos que Fm tem sentido para a esquerda. Aplicando a regra da mão esquerda, concluímos que a corrente tem sentido anti-horário (fig. c). IL u st r A ç õ es : ZA pt