Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FÍSICA – ELETRICIDADE AULA 3 Profª Fernanda Fonseca 2 CONVERSA INICIAL Ao estudarmos a Eletricidade, não podemos deixar de analisar o funcionamento de equipamentos que fazem parte do nosso cotidiano. O desenvolvimento tecnológico atual, que explora diferentes formas de mídia e nos mantém conectados ao mundo e as informações, explora os fenômenos elétricos criando dispositivos e equipamentos de forma a promover uma rápida evolução da tecnologia, muitas vezes difícil de acompanhar. No entanto, as tendências atuais mostram a necessidade de compreendermos o funcionamento e os processos dessas tecnologias, cada vez mais interativas e conectadas umas às outras. Esse movimento dinâmico que hoje se mostra como uma revolução tem causado mudanças não apenas em setores industriais e setores de tecnologias de informação, mas tem gerado profundas marcas sociais, culturais e econômicas por todo o mundo. Nesta aula vamos aprender como o movimento de cargas permite o funcionamento de dispositivos eletrônicos como os resistores elétricos, e quais os efeitos dessa corrente elétrica. Veremos também como analisar e trabalhar com circuitos de corrente contínua envolvendo resistores e capacitores. TEMA 1 – CORRENTE ELÉTRICA Um condutor imerso em região de campo elétrico causa um movimento de cargas elétricas em seu interior decorrente da força elétrica que atua sobre elas. Esse movimento de cargas é denominado corrente elétrica. Essas cargas, diferentemente do movimento no espaço vazio, movem-se no condutor, chocando-se com partículas fixas, sofrendo desvios e transmitindo energia nesse processo. Podemos então definir uma velocidade média de movimento, chamada velocidade de deriva. As colisões entre as cargas elétricas e as partículas do condutor causam o aumento da temperatura do material devido à transmissão da energia cinética durante o choque, causando um aquecimento do material. Esse feito recebe o nome de efeito Joule. A corrente elétrica é definida como é um fluxo de carga. A corrente elétrica é uma taxa de transmissão de cargas elétrica no tempo, podendo ser determinada matematicamente pela Equação 1: 3 𝑖 = ∆𝑞 ∆𝑡 ⇔ 𝑖 = 𝑑𝑞 𝑑𝑡 (1) Em que q é a quantidade de carga elétrica que atravessa uma seção transversal de referência em um condutor, t é o intervalo de tempo, e i é a intensidade da corrente elétrica. A intensidade da corrente elétrica é medida em ampere, unidade equivalente ao coulomb por segundo. Essa unidade recebe esse nome por causa de André Marie Ampère, físico e matemático francês que fundou a Eletrodinâmica (Ribeiro, 2014). 1 𝐶 𝑠 = 1 𝐴 Figura 1 – Cargas em movimento em um fio condutor Fonte: Adaptado de Universia, S.d. Em função da velocidade de deriva vd, podemos definir que a intensidade da corrente elétrica é dada pela Equação 2. Quando uma carga elétrica q atravessa o condutor cilíndrico de volume V com uma taxa n de elétrons livres por unidade de volume, teremos que: ∆𝑞 = 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ 𝑉 O volume do cilindro é dado pelo produto entre a área da seção transversal e o comprimento do condutor, por isso: 𝑉 = 𝐿 ∙ 𝐴 ∆𝑞 = 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ 𝐿 ∙ 𝐴 4 A velocidade de deriva pode ser determinada pela razão entre comprimento do condutor L e o intervalo de tempo t. 𝑣𝑑 = 𝐿 ∆𝑡 ⇔ 𝐿 = 𝑣𝑑 ∙ ∆𝑡 ∆𝑞 = 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ 𝑣𝑑 ∙ ∆𝑡 ∙ 𝐴 Para determinar a intensidade de corrente elétrica: 𝑖 = ∆𝑞 ∆𝑡 = 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ 𝑣𝑑 ∙ ∆𝑡 ∙ 𝐴 ∆𝑡 𝑖 = 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ 𝑣𝑑 ∙ 𝐴 (2) Podemos, assim, também definir uma grandeza vetorial chamada densidade de corrente elétrica J, que mede a intensidade de corrente elétrica por unidade de área transversal e que indica o sentido do fluxo de cargas no condutor. 𝐽 = 𝑖 𝐴 = 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ 𝑣𝑑 ⇔ 𝐽 = 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ 𝑣𝑑⃗⃗ ⃗⃗⃗ (3) Observe que a densidade de corrente apresenta mesma direção e sentido do vetor velocidade de deriva. A corrente elétrica é constituída, de forma real, pelo movimento de elétrons (que se opõe ao sentido do campo elétrico). Mas adotamos como sentido da densidade da corrente um sentido convencional (como de cargas positivas em movimento) que segue no mesmo sentido do campo elétrico que move essas cargas. Exemplo 1: um fio de cobre de 5 mm de diâmetro transmite uma corrente elétrica de 2,0 A. Considerando para cada átomo de cobre há um elétron livre, e que o cobre possui 8,47 ∙ 1028á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠/𝑚³, determine a velocidade de deriva desses elétrons. Resolução: observe que o fio de D=5 mm de diâmetro tem área de seção circular dada por: A = π ∙ ( D 2 ) 2 Em que D 2⁄ é a metade do diâmetro, ou seja, o raio da área circular. Convertendo a medição do diâmetro para metro (D = 5 ∙ 10−3m), podemos definir que a área da seção é: 5 𝐴 = 𝜋 ∙ ( 5 ∙ 10−3𝑚 2 ) 2 𝐴 = 3,927 ∙ 10−5 𝑚² Como a relação entre a intensidade da corrente elétrica i=2,0 A e a velocidade de deriva vd dos elétrons é dada pela Equação 2, e sabendo que para o cobre n = 8,47 ∙ 1028 elétrons/m³, 𝑖 = 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ 𝑣𝑑 ∙ 𝐴 ⇔ 𝑣𝑑 = 𝑖 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ 𝐴 𝑣𝑑 = 2,0𝐴 (8,47 ∙ 1028 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑜𝑛𝑠/𝑚³)(1,602 ∙ 10−19𝐶)(3,927 ∙ 10−5𝑚2) 𝑣𝑑 = 3,76 ∙ 10 −6 𝑚/𝑠 Logo, a velocidade de deriva dos elétrons livre é de 3,76 ∙ 10−6 m/s. Observe que em metais as partículas que se movem gerando uma corrente elétrica são os elétrons (partículas negativas). Mas eu um gás ionizado, movem-se elétrons e íons positivos. Já em materiais semicondutores, os elétrons movem-se, mas os buracos criados pelo movimento dessas partículas comportam-se como cargas positivas. O que adotamos como uma corrente convencional é o sentido de movimento de cargas positivas. TEMA 2 – RESISTÊNCIA ELÉTRICA Quando uma corrente elétrica é transmitida por um condutor, os elétrons livres movem-se chocando-se com partículas fixas ou mesmo com outros elétrons que compõem o material do objeto. Esses choques, além de causarem o aquecimento do condutor devido à transmissão de energia, criam uma resistência ao movimento dos elétrons, denominada resistência elétrica. George Simon Ohm, físico alemão “descobridor dos fundamentos da eletrocinética, que estuda as correntes elétricas em movimento” (Costa, 2013, p. 6), após ter conhecimento dos trabalhos de Fourier sobre fluxo de calor, resolveu estudar melhor os efeitos elétricos fazendo analogias com a lei de Fourier para condução de calor. Inicialmente analisou circuitos compostos por vários condutores de comprimentos diferentes e de mesmo diâmetro, ligados a uma pilha voltaica (pilha que permitiam a produção de correntes elétricas constantes – corrente contínua). Medindo a corrente elétrica em cada condutor, Ohm 6 percebeu que havia uma relação entre a intensidade da corrente elétrica e o comprimento do condutor. Ele percebeu que uma “perda de força” (analisada a partir da alteração na corrente elétrica) ocorria de acordo com as dimensões do condutor. Com esse estudo, Ohm conclui que a resistência elétrica dependia da geometria e do material que compunha o condutor. O conceito de força eletromotriz (FEM) foi inserido por Ohm para explanar a ideia de tensão elétrica já utilizada por Benjamin Franklin anteriormente (Rocha, 2002). Um resistor fixo é representado graficamente em um circuito como mostra a Figura 2. Mas alguns tipos de resistores de resistência variável têm sua representação diferenciada. Figura 2 – Representação de resistores elétricos Resistores Variáveis podem ser utilizados como divisores de tensão. Esses resistores são chamados potenciômetros, e permitem variar a tensão em diferentes partes ou dispositivos do circuito de acordo com a resistência elétrica ajustada. 2.1 Leis de Ohm A relação linear entre a tensão elétrica V aplicada nas extremidades e a intensidade da corrente elétrica i queatravessa um condutor foi relacionada à resistência elétrica R pelo que chamamos de Primeira Lei de Ohm (Equação 4). 𝑉 = 𝑅 ∙ 𝑖 (4) 7 A resistência elétrica tem como unidade o Ohm representado pela letra grega ômega (). A variação das dimensões do condutor é relacionada à resistência elétrica pela Segunda Leis de Ohm (Equação 5). A resistência elétrica R é diretamente proporcional ao comprimento do condutor L, mas é inversamente proporcional à área da seção transversal A desse (vide Figura 1). 𝑅 = 𝜌 ∙ 𝐿 𝐴 (5) A grandeza física representada pela letra grega rô () informa a resistividade elétrica do material que compõe o condutor. Exemplo 2: em um fio de cobre, de 100 m de comprimento e diâmetro de 10 mm, é aplicada uma tensão de 127 V. Qual a corrente elétrica que atravessará esse fio? Considere a resistividade do cobre 𝜌 = 1,72 ∙ 10−8 Ω ∙ 𝑚. Resolução: para determinar a resistência elétrica desse fio de comprimento L=100 m, é necessário utilizar a Equação 5. 𝑅 = 𝜌𝐿 𝐴 A área da seção transversal do fio é dada por 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 = 10 ∙ 10−3 𝑚 → 𝑟 = 5 ∙ 10−3 𝑚 𝐴 = 𝜋 ∙ 𝑟2 𝐴 = 𝜋 ∙ (5 ∙ 10−3 𝑚)2 𝐴 = 7,85 ∙ 10−5 𝑚² Logo: 𝑅 = (1,72 ∙ 10−8 Ω ∙ 𝑚)(100 𝑚) 7,85 ∙ 10−5 𝑚2 𝑅 = 2,19 ∙ 10−2 Ω 2.2 Resistividade elétrica A resistividade elétrica é uma grandeza que informa a intensidade de um campo elétrico para estabelecer uma densidade de corrente elétrica em um dado corpo. Isso significa que quanto maior a resistividade, maior a intensidade do campo elétrico necessária para causar uma corrente elétrica determinada 8 através de uma área do condutor. Ou seja, podemos definir a resistividade elétrica pela Equação 6, em que J é a densidade de corrente elétrica e E representa o campo elétrico no condutor. �⃗⃗� = 𝜌𝐽 ⇒ 𝜌 = 𝐸 𝐽 (6) Após a publicação dos trabalhos de Ohm, Heinrich F. E. Lenz (físico russo) percebeu que a resistência do fio condutor metálico variava com a mudança de temperatura. De forma mais específica, Lenz percebeu que a resistência dos condutores metálicos aumentava com o aumento da temperatura (Rocha, 2002). Isso ocorre devido à variação da resistividade do material com a temperatura. A resistividade de todos os condutores metálicos cresce com o aumento da temperatura. Essa relação pode ser observada pela Equação 7, em que a resistividade é relacionada com a variação de temperatura (T) e o coeficiente de temperatura da resistividade do material (). 𝜌 = 𝜌0[1 + 𝛼 ∙ ∆𝑇] (7) Em que 0 representa a resistividade do material em uma temperatura T0, e representa a resistividade do material em uma temperatura T. A resistividade elétrica tem como unidade o ohm-metro (m). Diversos materiais apresentam propriedades de supercondutividade. Nesses casos, à medida que a temperatura baixa, a resistividade diminui de forma regular, até atingir uma temperatura crítica, na qual a resistividade cai bruscamente até se tornar nula. Em materiais classificados como semicondutores, a resistividade do material cai rapidamente com o aumento da temperatura. Podemos observar o comportamento de materiais condutores metálicos comuns, de metais supercondutores, ligas ou compostos, e de materiais semicondutores na Figura 3. 9 Figura 3 – Gráfico da resistividade versus temperatura para metais comuns, supercondutores e semicondutores Os semicondutores formam uma classe intermediária entre os metais e os isolantes, sendo importantes por serem sensíveis à variação da temperatura e à quantidade de impurezas (Young; Freedman, 2015). Podemos observar alguns valores de resistividade elétrica e coeficiente de temperatura para alguns materiais na Tabela 1. Tabela 1 – Resistividade a 20 °C e coeficientes de temperatura de resistividade SUBSTÂNCIA RESISTIVIDADE ELÉTRICA (m) COEFICIENTE DE TEMPERATURA DA RESISTIVIDADE (°C-1) CONDUTORES Metais Prata 1,47 ∙ 10 −8 0,0038 Cobre 1,72 ∙ 10 −8 0,00393 Alumínio 2,63 ∙ 10 −8 0,0039 Tungstênio 5,51 ∙ 10 −8 0,0045 Ferro 9,68 ∙ 10 −8 0,0050 Chumbo 2,2 ∙ 10 −7 0,0043 Ligas Manganino 44 ∙ 10 −8 0,0000 Constantan 49 ∙ 10 −8 +0,000002 Nicrômio 100 ∙ 10 −8 0,0004 SEMICONDUTORES Puro Carbono 3,5 ∙ 10−5 -0,0005 Germânio 0,60 -0,0048 Silício 2300 -0,0075 ISOLANTES Âmbar 5 ∙ 10 14 - Vidro 10 10 − 1014 - Lucita > 10 13 - Mica 10 11 − 1015 - Quartzo (fundido) 75 ∙ 10 16 - Enxofre 10 15 - Teflon > 10 13 Madeira 10 8 − 1011 10 O inverso da resistividade elétrica de um material é denominado condutividade (Equação 8). A condutividade tem como unidade de medida (m)-1. 𝜎 = 1 𝜌 (7) Exemplo 3: um estudante de engenharia analisa a resistência elétrica de um filamento de tungstênio de 2 cm e seção transversal circular de raio 0,25 mm. a. Qual a resistência elétrica desse filamento à 20 °C? b. Qual a resistência elétrica desse filamento à 1500 °C? Resolução: veja que para o tungstênio à uma temperatura T0 = 20 °C, a resistividade e o coeficiente de temperatura são, respectivamente: 𝜌0 = 5,5 ∙ 10 −8 Ω ∙ 𝑚 𝛼 = 0,0045 °𝐶−1 a. Para determinar a resistência elétrica desse filamento de comprimento L=2 cm, é necessário conhecer a área da seção transversal A de raio r=0,25 mm. 𝐿 = 2 ∙ 10−2 𝑚 𝑟 = 0,25 ∙ 10−3 𝑚 𝐴 = 𝜋 ∙ 𝑟2 𝐴 = 𝜋 ∙ (0,25 ∙ 10−3)2 𝐴 = 1,96 ∙ 10−7𝑚² A resistência elétrica nesse caso é dada pela Equação 5. 𝑅0 = 𝜌0𝐿 𝐴 𝑅0 = (5,5 ∙ 10−8Ω ∙ 𝑚)(2 ∙ 10−2 𝑚) 1,96 ∙ 10−7𝑚2 𝑅0 = 5,61 ∙ 10 −3 Ω b. Para determinar a resistência elétrica a uma temperatura de T=1500 °C, é necessário conhecer a resistividade do tungstênio nessa temperatura pela Equação 7. 11 𝜌 = 𝜌0[1 + 𝛼 ∙ ∆𝑇] → 𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝐿 𝐴 𝜌 ∙ 𝐿 𝐴 = 𝜌0 ∙ 𝐿 𝐴 ∙ [1 + 𝛼 ∙ ∆𝑇] 𝑅 = 𝑅0[1 + 𝛼 ∙ ∆𝑇] 𝑅 = (5,61 ∙ 10−3 Ω)[1 + (0,0045 °𝐶−1) ∙ (1500 °𝐶 − 20 °𝐶)] 𝑅 = 43,0 ∙ 10−3 Ω Observe que com o aumento da temperatura, houve um aumento da resistência elétrica. 2.3 Materiais ôhmicos e não ôhmicos Alguns dispositivos resistivos apresentam uma relação linear entre a tensão aplicada e a intensidade da corrente elétrica. Nesses casos, a resistência é constante. Diferentemente de dispositivos, cuja resistência elétrica muda com a ddp aplicada, causando assim alterações na intensidade da corrente que o atravessa de forma não linear (Figura 4). Figura 4 – Gráficos da Tensão elétrica em função da intensidade da corrente elétrica em um resistor ôhmico em e um resistor não ôhmico Veja que nos resistores ôhmicos, a reta que representa a relação entre a tensão elétrica V e a intensidade da corrente elétrica i tem como coeficiente angular o valor da resistência elétrica do dispositivo. Isso significa que o resistor obedece a lei de Ohm (Young; Freedman, 2015). 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 = 𝑉 𝑖 ⇒ 𝑉 𝑖 = 𝑅 Para os resistores não ôhmicos, o coeficiente angular da reta tangente em cada ponto da função do gráfico permite determinar a resistência elétrica do 12 dispositivo para as condições de tensão V e intensidade de corrente elétrica i específicas do ponto. 2.4 Força eletromotriz (FEM) Qualquer dispositivo que proporcione energia elétrica é uma fonte de força eletromotriz (FEM) (Tipler, 2000), como baterias e geradores. Essas fontes realizam um trabalho sobre as cargas, de forma que aumentem sua energia potencial. Esse trabalho por unidade de carga é o que denominamos como FEM () da fonte, medida em volt. Em uma situação ideal, uma fonte deve fornecer uma ddp constante, independentemente da corrente elétrica que proporcione. Essa ddp é igual a FEM fornecida pela fonte ideal. No entanto, fontes reais a ddp fornecida são diferentes da FEM da fonte. Observamos que a ddp fornecida ao circuitodiminui à medida que a corrente aumenta, devido a uma resistência interna r da fonte. 2.5 Potência elétrica Ao observamos o funcionamento de um resistor elétrico, o efeito Joule caracteriza a conversão da energia das cargas elétricas em movimento (corrente elétrica) em energia térmica devido a choques com outras partículas no interior do condutor. Em decorrência ao campo elétrico que atua sobre as cargas, estas são aceleradas, o que gera uma perda de energia potencial dessas cargas elétricas dada por: −∆𝑈 = 𝑄 ∙ 𝑉 A taxa de variação dessa perda de energia potencial elétrica no tempo é o que denominamos como potência elétrica dissipada, dada pela Equação 8. 𝑃 = −∆𝑈 ∆𝑡 = 𝑄 ∙ 𝑉 ∆𝑡 𝑃 = 𝑖 ∙ 𝑉 (8) Para resistores, a equação que define a potência elétrica dissipada para resistores pode ser escrita de formas equivalentes em função da resistência elétrica (Equação 9). 13 𝑃 = 𝑖 ∙ 𝑉 = 𝑖2 ∙ 𝑅 = 𝑉2 𝑅 (9) Lembre-se que a potência é medida em joule por segundo, que chamamos de watt. 1 𝐽 𝑠⁄ = 1𝑊 Exemplo 4: qual será a corrente elétrica de operação e a resistência elétrica de um aquecedor elétrico de 5000 W é projetado para operar a 254 V? Considere que a resistência elétrica permanece constante. Resolução: para determinar a corrente elétrica de operação i e a resistência elétrica do aquecedor, podemos utilizar a Equação 9. 𝑃 = 5000 𝑊 𝑉 = 254 𝑉 𝑃 = 𝑖 ∙ 𝑉 ⇔ 𝑖 = 𝑃 𝑉 𝑖 = 5000 𝑊 254 𝑉 𝑖 = 19,69 𝐴 𝑃 = 𝑉2 𝑅 ⇔ 𝑅 = 𝑉2 𝑃 𝑅 = (254 𝑉)2 5000 𝑊 𝑅 = 12,9 Ω TEMA 3 – ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES Em circuitos elétricos, podemos associar resistores de duas formas: em série ou em paralelo. Ou ainda utilizar esses dois tipos de associação no mesmo circuito, ao que denominamos associação mista. Esses tipos de combinação de resistores permitem uma análise simplificada quando substituímos os resistores associados por um resistor equivalente (como já estudamos nos casos de associação de capacitores). 14 3.1 Associação de resistores em série A combinação de resistores em série ocorre quando resistores são ligados em sequência (Figura 5). Figura 5 – Associação de resistores em série Nesse tipo de associação, a corrente elétrica que atravessa os resistores é a mesma. Consequentemente, a queda de potencial em cada resistor dependerá da resistência elétrica de cada elemento resistivo. A soma das quedas de potencial de todos os resistores associados em série equivale a ddp aplicada nos terminais do circuito (Young; Freedman, 2015; Tipler, 2000; Halliday; Resnick; Walker, 1996). 𝑖 = 𝑖1 = 𝑖2 = 𝑖3 = ⋯ 𝑉 = 𝑉1 + 𝑉2 + 𝑉3 + ⋯ Por esse motivo, resistência equivalente do circuito é dada pela soma da resistência elétrica de cada resistor associado em série (Equação 10). 𝑉 = 𝑉1 + 𝑉2 + 𝑉3 + ⋯ 𝑖 ∙ 𝑅𝑒𝑞 = 𝑖 ∙ 𝑅1 + 𝑖 ∙ 𝑅2 + 𝑖 ∙ 𝑅3 + ⋯ 𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 + ⋯ (10) Exemplo 5: uma sequência de 40 lâmpadas associadas em série transmite uma corrente elétrica de 2,5 mA quando ligada a uma ddp de 12 V em seus terminais. Se todas as lâmpadas possuem a mesma resistência elétrica R, qual será o valor da resistência de cada lâmpada? Resolução: veja que a associação em série de 40 lâmpadas de resistência RL pode ser definida a partir da Equação 10. 𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 + ⋯ → 𝑅𝑒𝑞 = 40 ∙ 𝑅𝐿 15 Pela Lei do Ohm (Equação 4), teremos que: 𝑉 = 𝑅𝑒𝑞 ∙ 𝑖 ⇔ 𝑅𝑒𝑞 = 𝑉 𝑖 𝑉 = 120 𝑉 𝑖 = 2,5 𝑚𝐴 → 𝑖 = 2,5 ∙ 10−3 𝐴 𝑅𝑒𝑞 = 12 𝑉 2,5 ∙ 10−3 𝐴 𝑅𝑒𝑞 = 4,8 ∙ 10 3 𝛺 Essa é a resistência equivalente da associação das 40 lâmpadas. Nesse caso, cada lâmpada possui uma resistência de: 4,8 ∙ 103 𝛺 = 40 ∙ 𝑅𝐿 𝑅𝐿 = 4,8 ∙ 103 Ω 40 𝑅𝐿 = 120 Ω 3.2 Associação de resistores em paralelo A combinação de resistores em paralelo ocorre quando resistores são ligados nos mesmos terminais (Figura 6). Figura 6 – Associação de resistores em paralelo Nesse tipo de associação, a ddp entre os terminais de cada resistor é o mesmo. Consequentemente, a intensidade da corrente elétrica que passa por cada resistor dependerá da resistência elétrica de cada elemento resistivo. A soma das intensidades de corrente elétrica de todos os resistores associados 16 em paralelo equivale a corrente elétrica que atravessa o circuito (Young; Freedman, 2015; Tipler, 2000; Halliday; Resnick; Walker, 1996). 𝑉 = 𝑉1 = 𝑉2 = 𝑉3 = ⋯ 𝑖 = 𝑖1 + 𝑖2 + 𝑖3 + ⋯ Por esse motivo, o inverso da resistência equivalente do circuito é dado pela soma dos inversos da resistência elétrica de cada resistor associado em paralelo (Equação 11). 𝑖 = 𝑖1 + 𝑖2 + 𝑖3 + ⋯ 𝑉 𝑅𝑒𝑞 = 𝑉 𝑅1 + 𝑉 𝑅2 + 𝑉 𝑅3 + ⋯ 1 𝑅𝑒𝑞 = 1 𝑅1 + 1 𝑅2 + 1 𝑅3 + ⋯ (11) No caso de apenas dois resistores associados em paralelo, a Equação 11 pode ser reescrita pela Equação 12. 𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 ∙ 𝑅2 𝑅1 + 𝑅2 (12) Exemplo 6: lâmpadas de resistência elétrica R e potência de 500 W são associadas em paralelo. Ao aplicar uma ddp de 127 V nos terminais do circuito, a corrente que o atravessa é de 15 A. Quantas lâmpadas são associadas no circuito? Resolução: conforme a Equação 11, uma associação em paralelo de n resistores apresentará uma resistência equivalente dada por: eq eq eq 1 1 1 1 1 1 ... R R R R R R 1 n R n R R R Como a potência de cada lâmpada P=500 W, podemos definir pela Equação 9 que: 17 2 V² V² P R R P 127V R 500W R 32,258 Pela Lei do Ohm (Equação 4), eq eq eq eq V V R i R i 127V R 15A R 8 Ou seja, eq R n R 32,258 n 8 n 4,0 São associadas quatro lâmpadas no circuito. 3.3 Associação de resistores mista Nas associações mistas, os resistores são associados em série e em paralelo. Nesse tipo de associação, as resistências equivalentes são determinadas em cada arranjo em série e em paralelo, até reduzir o circuito a uma associação simples em série ou em paralelo, o que permitirá determinar a resistência equivalente do circuito (Young; Freedman, 2015). Exemplo 7: o esquema da Figura 7a apresenta um pequeno circuito elétrico com resistores associados de forma mista. Determine a resistência equivalente do circuito. 18 Figura 7a – Circuito do Exemplo 7 Resolução: primeiramente, é necessário identificar os diferentes tipos de associação de resistores do circuito. Figura 7b – Circuito do Exemplo 7 – Resolução Observe que R1 representa uma associação em paralelo, cujo valor de R1 é de: 1 1 1 1 1 1 1 R 5,0 10 1 2 1 R 10 1 3 R 10 R 3,33 Já a associação R2 é uma ligação em série de R1 e o resistor de 2,0 . 19 2 1 2 2 R R 2,0 R 3,33 2,0 R 5,33 A associação R3 caracteriza uma associação em série, sendo dada por: 3 3 R 3,0 4,0 R 7,0 Como a associação de R2 e R3 é uma ligação em paralelo, a resistência equivalente do circuito é dada por: eq 2 3 eq eq 1 1 1 R R R 1 1 1 R 5,33 7,0 R 3,0 A resistência equivalente desse circuito é de 3,0 . TEMA 4 – CIRCUITOS ELÉTRICOS DE CORRENTE CONTÍNUA Os circuitos de corrente contínua são aqueles em que as fontes de FEM são constantes, e, consequentemente, geram correntes elétricas de intensidade constante nos diferentes arranjos que compõem o circuito. Nem todos os circuitos podem ser analisados apenas pela substituição de resistores equivalentes das associações em série e em paralelo. Circuitos compostos por malhas que compõem uma rede podem ser analisados pelas leis criadas pelo físico alemão Gustav Robert Kirchhoff. 4.1 Leis de Kirchhoff A primeira regra de Kirchhoff é chamada Lei dos Nós que deriva da conservação da carga. A Lei dos Nós enuncia que: a soma da intensidadedas correntes elétricas que chegam a um nó é igual a soma da intensidade das correntes elétricas que saem do nó, em qualquer nó do circuito. 20 Figura 8 – Lei dos Nós Veja que essa lei pode ser descrita pela Equação 13. ∑ 𝑖𝑐ℎ𝑒𝑔𝑎𝑚 = ∑ 𝑖𝑠𝑎𝑒𝑚 (13) A segunda regra de Kirchhoff é chamada de Lei das Malhas. Essa lei enuncia que: a soma algébrica das variações de potencial geradas pelos elementos que compõem uma malha fechada é nula. Figura 9 – Lei das Malhas Veja que essa lei pode ser descrita pela Equação 14. ∑ 𝑉 = 0 (14) 21 Para circuitos com mais de uma malha, é necessário utilizar as duas leis. Quando adotamos o sentido de uma malha, as quedas e os aumentos de potencial são definidos pelo sentido da malha e da corrente elétrica nos elementos do circuito. Quando a malha atravessa uma fonte, entrando pelo polo negativo e saindo pelo polo positivo, caracteriza aumento de potencial. No caso contrário, quando a malha atravessa uma fonte entrando pelo polo positivo e saindo pelo polo negativo, caracteriza queda de potencial. No caso de resistores, quando a corrente elétrica sugerida segue o mesmo sentido da malha, o resistor causa uma queda de potencial. E quando a corrente elétrica sugerida segue o sentido contrário ao da malha, o resistor causa um aumento de potencial. Veja no exemplo. Exemplo 8: um aluno de engenharia precisa analisar o circuito elétrico dado pela Figura 10a, e identificar a intensidade da corrente elétrica que passa em cada ramo do circuito e a ddp entre os pontos a e b do circuito. Determine a intensidade das correntes e a ddp que o aluno precisa descobrir. Figura 10a – Circuito Elétrico do Exemplo 10 Resolução: para analisar esse circuito, utilizaremos as Leis de Kirchhoff. Obedecendo a Lei dos Nós, sugerimos o sentido das correntes elétricas em cada ramo do circuito. 22 Figura 10b – Circuito Elétrico do Exemplo 10 – Resolução Veja que, pela Lei dos Nós, tanto pelo nó a quanto pelo nó b chegamos a: 1 2 3i i i Como precisamos de mais informações, utilizaremos a Lei das Malhas. Podemos adotar qualquer malha fechada do circuito para a qual a soma dos ganhos e quedas de potencial será nula. 3 1 1 1 3 2 3 2 2 3 MALHA INTERNA ESQUERDA - sentido anti-horário 6 ,0V 3,0 i 1,0 i 3,0V 1,0 i 0 3,0V 2,0 i 3,0 i 0 MALHA INTERNA DIREITA - sentido anti-horário 6 ,0V 2,0 i 3,0 i 6 ,0V 1,0 i 0 3,0 i 3,0 i 0 Veja que para as três equações encontradas, o valor de i1, i2 e i3 devem ser iguais, logo, resolvendo o sistema de equações: 1 2 3 1 3 2 3 1 2 3 i i i 3,0V 2,0 i 3,0 i 0 3,0 i 3,0 i 0 i 0,86 A i 0,43A i 0,43A Ou seja, a intensidade das correntes elétricas em cada ramo são i1=0,86 A e i2=i3=0,43 A. 23 Para determinas a ddp entre os pontos a e b, devemos supor que um deles tenha potencial elétrico Vb=0 (ponto b). Nesse caso, o potencial no ponto a será dado por: b 3 a a a V 6,0V 3,0 i V 0 6,0V 3,0 0,43A V V 4,71V Ou seja, a ddp entre os pontos a e b é: ab a b ab ab V V V V 4,71V 0 V 4,71V TEMA 5 – CIRCUITO RC Um circuito RC é composto por um resistor elétrico e um capacitor. Esse tipo de circuito permite a passagem de uma corrente elétrica variável no tempo, em apenas um sentido. Uma fonte de tensão permite o carregamento do capacitor. Depois de carregado, o capacitor descarrega por meio do resistor. Podemos compreender melhor esse processo de carga e descarga do capacitor no circuito pode ser melhor analisado por meio das Leis de Kirchhoff. 5.1 Descarregamento do capacitor Um circuito simples composto por um resistor de resistência elétrica R e um capacitor de capacitância elétrica C carregado é montado conforme a Figura 11. Figura 11 – Circuito RC com capacitor carregado 24 Ao fecharmos a chave, fechamos o circuito, permitindo a passagem de uma corrente elétrica i neste. A corrente é gerada pela ddp que atua sobre o resistor, sendo provocada pelo deslocamento da carga elétrica Q0 armazenada no capacitor. Essa corrente varia no tempo, sendo seu valor inicial i0 dado pela razão entre a ddp inicial V0 e a resistência elétrica R do resistor. 𝑖0 = 𝑉0 𝑅 Essa ddp inicial é dada pelo acúmulo de cargas nas placas do capacitor, sendo V0 dada por: 𝑄0 = 𝐶 ∙ 𝑉0 ⇔ 𝑉0 = 𝑄0 𝐶 Podemos, então, definir que a corrente elétrica inicial i0 é dada pela Equação 14. 𝑖0 = 𝑄0 𝐶⁄ 𝑅 ⇒ 𝑖0 = 𝑄0 𝑅 ∙ 𝐶 (14) A corrente elétrica é uma taxa de variação da carga em função o tempo (Equação 15). 𝑖 = − 𝑑𝑄 𝑑𝑡 (15) Pelas Leis de Kirchhoff para o circuito, podemos definir a Equação 16 para variação da carga elétrica Q do capacitor em função do tempo. 𝑉𝐶 − 𝑉𝑅 = 0 𝑄 𝐶 − 𝑖 ∙ 𝑅 = 0 𝑄 𝐶 − (− 𝑑𝑄 𝑑𝑡 ) ∙ 𝑅 = 0 𝑄 𝐶 + 𝑑𝑄 𝑑𝑡 ∙ 𝑅 = 0 1 𝑄 𝑑𝑄 = − 1 𝑅𝐶 𝑑𝑡 ∫ 1 𝑄 𝑑𝑄 𝑄 𝑄0 = − ∫ 1 𝑅𝐶 𝑑𝑡 𝑡 0 𝑙𝑛 𝑄 𝑄0 = − 𝑡 𝑅𝐶 𝑄(𝑡) = 𝑄0 ∙ 𝑒 −𝑡 𝑅𝐶⁄ (16) 25 Veja que essa descarga é uma função exponencial, que permite que determinemos a variação da corrente elétrica no circuito em função do tempo (Equação 17). 𝑖 = − 𝑑𝑄 𝑑𝑡 𝑖 = − 𝑑 𝑑𝑡 (𝑄0 ∙ 𝑒 −𝑡 𝑅𝐶⁄ ) 𝑖 = 𝑖0 ∙ 𝑒 −𝑡 𝑅𝐶⁄ (17) Podemos observar que, após um intervalo de tempo 𝑡 = 𝑅𝐶, a carga Q dada pela Equação 16, assim como a corrente i dada pela Equação 17, tem uma redução exponencial de 1 𝑒⁄ . Chamamos esse produto da resistência pela capacitância do circuito de constante de tempo (Equação 18). 𝜏 = 𝑅𝐶 (18) Podemos observar nos gráficos da Figura 12 a variação da carga elétrica Q em função do tempo e a variação da corrente elétrica i em função do tempo. Em ambos os casos, veja que se a carga elétrica e a corrente elétrica variassem de forma linear, atingiram um valor nulo em um intervalo de tempo . Figura 12 – Gráficos a carga elétrica e da corrente elétrica em função do tempo para o descarregamento do circuito RC 5.2 Carregamento do capacitor Em um circuito simples composto por um resistor de resistência elétrica R, um capacitor de capacitância elétrica C e uma fonte de tensão , montado 26 conforme a Figura 13, o capacitor (inicialmente descarregado Q0=0) é carregado até adquirir uma carga elétrica Q. Figura 13 – Circuito RC com capacitor sendo carregado por uma fonte de tensão Nesse circuito, a corrente elétrica i varia em função do tempo conforme a Equação 19. 𝑖 = + 𝑑𝑄 𝑑𝑡 (19) Nesse caso, pelas Leis de Kirchhoff, poderemos definir que a carga elétrica do capacitor varia em função do tempo segundo a Equação 20. 𝜀 − 𝑉𝑅 − 𝑉𝐶 = 0 𝜀 − 𝑅 ∙ 𝑖 − 𝑄 𝐶 = 0 𝜀 − 𝑅 ∙ 𝑑𝑄 𝑑𝑡 − 𝑄 𝐶 = 0 𝑑𝑡 𝑅𝐶 = 𝑑𝑄 𝜀𝐶 − 𝑄 ∫ 𝑑𝑡 𝑅𝐶 𝑡 0 = ∫ 𝑑𝑄 𝜀𝐶 − 𝑄 𝑄 0 𝑡 𝑅𝐶 = −𝑙𝑛 ( 𝜀𝐶 − 𝑄 𝜀𝐶 ) × (−1) − 𝑡 𝑅𝐶 = 𝑙𝑛 ( 𝜀𝐶 − 𝑄 𝜀𝐶 ) 𝑒− 𝑡 𝑅𝐶⁄ = 𝜀𝐶 − 𝑄 𝜀𝐶 𝑄(𝑡) = 𝜀𝐶 (1 − 𝑒− 𝑡 𝑅𝐶⁄ ) ⇔ 𝑄(𝑡) = 𝑄𝑓 (1 − 𝑒 −𝑡 𝑅𝐶⁄ ) (20) 27 Veja que a carga elétrica final do capacitor será dada pelo fator 𝑄𝑓 = 𝜀𝐶. Inicialmente, a corrente elétrica no circuito é 𝑖0 = 𝜀 𝑅⁄ , tornando-se nula quando o capacitor estiver totalmente carregado. Podemos definir a variação da corrente elétrica em função do tempo pela Equação 21. 𝑖 = 𝑑𝑄 𝑑𝑡 𝑖 = 𝑑 𝑑𝑡 ( 𝜀𝐶 (1 − 𝑒− 𝑡 𝑅𝐶⁄ )) 𝑖 = 𝜀 𝑅 ∙ 𝑒− 𝑡 𝑅𝐶⁄ ⇔ 𝑖 = 𝑖0 ∙ 𝑒 −𝑡 𝑅𝐶⁄ (21) Podemos observar nos gráficos da Figura 14 a variação da carga elétrica Q em função do tempo e a variação da corrente elétrica i em função do tempo. Em ambos os casos, veja que se a carga elétrica variasse de forma linear,atingiria um valor máximo em um intervalo de tempo . Da mesma forma, se a corrente elétrica decrescesse de forma linear, atingiria um valor máximo em um intervalo de tempo . Figura 14 – Gráficos a carga elétrica e da corrente elétrica em função do tempo para o descarregamento do circuito RC FINALIZANDO Estudamos nesta aula o movimento de cargas elétricas e os efeitos das correntes elétricas em resistores elétricos. Compreendemos como podemos explorar as características resistivas desses dispositivos, e como podemos analisar e projetar circuitos com associações de resistores. 28 Aprendemos também como trabalhar com circuitos fechados de corrente contínua com redes de malhas, compostos por elementos resistivos e fontes de tensão por meio das Leis de Kirchhoff. Além disso, analisamos o comportamento de capacitores associados a resistores em seu processo de carga e descarga. 29 REFERÊNCIAS COSTA, S. I. N. Lei de Ohm. Relatório de estágio (Mestrado em Ensino de Física e Química) – Universidade da Beira Interior, Covilhã, Portugal, 2013. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: Eletromagnetismo. Tradução de, D. H. S. Sotero e G. B. Costamilan. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1996. v. 3. RIBEIRO, D. André-Marie Ampère. Revista de Ciência Elementar, v. 2, n. 2, Porto, Casa das Ciências, 2014. ROCHA, J. F. (Org.). Origens e evolução das ideias da física. Salvador: Edufra, 2002. TIPLER, P. A. Física para cientistas e engenheiros: eletricidade, magnetismo e ótica. Tradução de, H. Macedo e R. Biasi. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2000. YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física III, Sears e Zemansky: Eletromagnetismo. 14. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015.
Compartilhar