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DESCRIÇÃO As teorias psicológicas, da educação e das ciências que permeiam o desenvolvimento humano como contribuições para o conhecimento do processo de ensino e aprendizagem. PROPÓSITO Conhecer as diferentes teorias psicológicas, a importância da construção do conhecimento e as diferentes áreas que lidam com o desenvolvimento humano a fim de que o profissional que lida com os processos de ensino e aprendizagem possa construir um aporte teórico. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer as principais características das teorias psicológicas e sua interface com a educação MÓDULO 2 Descrever conceitos gerais da construção do conhecimento e sua relação com os processos de aprendizagem MÓDULO 3 Identificar o que diferentes áreas do desenvolvimento humano podem oferecer para sua atuação profissional INTRODUÇÃO NESTE CONTEÚDO, VAMOS APRENDER COMO DIFERENTES ÁREAS PODEM CONTRIBUIR PARA A COMPREENSÃO DOS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM. 1 Para tanto, no primeiro módulo, estudaremos a constituição histórica da Psicologia como ciência e as principais características das teorias psicológicas, bem como seus grandes pensadores. 2 Em seguida, conheceremos os conceitos que fundamentam a construção do conhecimento quanto aos aspectos físicos, afetivos e sociais. Também trataremos a importância do estudo dos processos de aprendizagem a fim de construir um aporte teórico que possa subsidiar sua prática profissional. 3 Por último, estudaremos como diferentes áreas que lidam com o desenvolvimento humano fornecem ferramentas teórico-conceituais que otimizam a compreensão dos processos de aprendizagem. MÓDULO 1 Reconhecer as principais características das teorias psicológicas e sua interface com a educação LIGANDO OS PONTOS Imagine que você atua em uma escola. Certo dia, determinado aluno foi suspenso por seu constante envolvimento em brigas. No conselho de classe, alguns colegas seus afirmaram que aquele aluno não tinha jeito. Ao analisar o histórico dele e conversar com ele sobre seu baixo desempenho escolar e as situações de violência, descobriu que o aluno era forçado pelo pai, músico, a fazer aulas de violão e canto porque acreditava que o garoto tinha o dom musical, mas ele preferia ocupar seu tempo livre com leitura de quadrinhos e mangás. Essa concepção, apesar de genérica e pertencente ao senso comum, finca-se na ideia de que a biologia e a mecânica biológica explicariam tudo e que há uma “natureza” inerente a todos. Considera que uma pessoa nasce para fazer alguma coisa, ou é incapaz de realizar outras, além de não ser impactada pelas demandas socioculturais. Wundt permite-nos entender as críticas valiosas que são feitas ao campo científico e a conformação da Psicologia como ciência. Na obra A fundamentação da psicologia científica, de Wundt, a definição fisiológica da psicologia é insustentável por quatro razões. Primeiramente, ela se baseia em uma confusão lógico-conceitual, que pode ser considerada, de acordo com a terminologia tradicional das falácias, como a junção de um Quaternio terminorum com uma Petitio principii. Em segundo lugar, ela contradiz o desenvolvimento factual e, consequentemente, o significado real da pesquisa científica. Terceiro, ela perde de vista a verdadeira meta de nossa ciência e não faz nada pelo conhecimento psicológico. E, finalmente, ela acaba por se tornar uma tentativa de reconduzir a psicologia à servidão da metafísica, uma vez que sua fundamentação lógica não é livre de pressuposições; ao contrário, pressupõe o dogma materialista, pelo menos no sentido de esse dogma estar na base da investigação da conexão dos fenômenos psíquicos. Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 1. COMO VOCÊ RELACIONA A PERSPECTIVA CRÍTICA DE WUNDT COM O CASO APRESENTADO? A) Os professores estão incorretos, mas os pais estão corretos, pois a primeira percepção indica uma questão sociocultural e a segunda um fator fisiológico. B) Como a fisiologia auxilia o desenvolvimento da ciência psicológica, vale investigar as capacidades inerentes ao aluno para poder auxiliá-lo. C) As percepções são biologizantes e equivocadas, pois a fisiologia esvazia o que seria a psicologia científica, o que não auxilia na análise de um caso psicopedagógico. D) A fisiologia reforça o desenvolvimento factual, contribuindo para o conhecimento psicológico, podendo ajudar a criar estratégias de orientação pedagógica para o aluno. E) Pela definição fisiológica da psicologia, o senso comum passa a ser valorizado na ciência, contribuindo para um caso psicopedagógico. 2. DE QUE MODO A PROPOSIÇÃO DE WUNDT PODE CONTRIBUIR PARA O COTIDIANO DOS PROBLEMAS PSICOPEDAGÓGICOS? A) Com influência do caráter biologizante sobre a psicologia social. B) Com a inserção do aspecto naturalista na psicologia social. C) Com a consolidação do fisiologismo no campo da psicologia científica. D) Com a consolidação da noção de experiência e experimento no campo da psicologia. E) Com tradução das teorias das ciências exatas para a psicologia científica. GABARITO 1. Como você relaciona a perspectiva crítica de Wundt com o caso apresentado? Para Wundt, a fisiologia não auxilia a ciência psicológica posto que está ancorada em outros princípios que, ao contrário, seriam obstáculos ao desenvolvimento dessa psicologia, como colocado no trecho. Nesse sentido, a crítica de Wundt ajuda na formação de uma postura científica dos psicopedagogos baseada contra as ideias biologizantes acerca dos indivíduos. 2. De que modo a proposição de Wundt pode contribuir para o cotidiano dos problemas psicopedagógicos? O pioneirismo de Wundt se destaca, sobretudo, quando se trabalha com o sentido de experiência e experimento. Não podemos esquecer que, no século XIX, quando várias ciências se consolidavam enquanto campo de saber, havia ainda um parâmetro de ciência, vindo do campo das exatas, que interferiu na própria concepção do que é ou não ciência. Nesse sentido, a proposição de Wundt avança em uma nova concepção do que se entende por ciência, fazendo com que a psicologia possa alçar novos caminhos e atuar no cotidiano dos problemas psicopedagógicos. GABARITO 3. A BUSCA POR CONSTRUIR UM CAMPO CIENTÍFICO É, EM SUA ORIGEM, PROFUNDAMENTE INFLUENCIADA POR MÉTODOS E TEORIAS DE CIÊNCIAS EXATAS. NESSE SENTIDO, CIÊNCIA SERIA ENTÃO AQUILO QUE PODE SER COMPROVADO, DEMONSTRADO EM LABORATÓRIO E CUJO RESULTADO PODE SER REPETIDO. ESSE PENSAMENTO AINDA POSSUI ECO EM NOSSOS DIAS E PODE SER PERCEBIDO EM FALAS NO COTIDIANO ESCOLAR. MENCIONE FALAS QUE ECOAM ESSA CONCEPÇÃO E COMENTE O IMPACTO DOS ASPECTOS SOCIOCULTURAIS PARA ESSAS NOÇÕES: RESPOSTA Um exemplo dessa concepção baseada nessa noção pode ser verificado na frase “terapias psicológicas são desnecessárias, pois a depressão é uma coisa que está só na cabeça da pessoa, bastando pensar positivo”. Ainda hoje, a saúde mental e seus tratamentos são alvo de intenso preconceito e considerados não como uma ciência, mas, sim, como algo que pode ser resolvido pelo indivíduo, sem necessidade de ajuda. Mesmo com os avanços conseguidos nos últimos tempos, temas voltados para a saúde psíquica das pessoas são encarados em uma perspectiva individual e não como uma demanda social e de saúde pública. CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA A partir deste momento, estudaremos as características principais das teorias psicológicas, desde os primeiros estudos da Psicologia, sua consagração enquanto ciência, até as correntes mais difundidas na atualidade. A intenção aqui é proporcionar um panorama geral dessas teorias para que você possa ser capaz de discernir qual (ou quais) delas poderá (ou poderão) contribuir para sua atuação enquanto profissional. PARA INÍCIO DE CONVERSA, É IMPORTANTE RESGATAR, EM LINHAS GERAIS, A CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DA PSICOLOGIA ENQUANTO CIÊNCIA. javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com GRÉCIA: O BERÇO DA PSICOLOGIA Os primórdios da Psicologia encontram-se na Grécia antiga (por volta de 700 a.C.até a dominação romana). Foi entre os filósofos gregos, como Sócrates, Platão e Aristóteles, que surgiu a primeira tentativa de sistematizar o conhecimento entre o homem e sua interioridade. Não é à toa que o termo “Psicologia” vem do grego psyque (alma) e de logos (razão), ou seja, psicologia significa “estudo da alma”. Sócrates foi quem deu consistência aos estudos da Psicologia na Antiguidade. Suas indagações eram a respeito do que diferenciava o homem de outros animais. Ele postulou que a característica essencialmente humana era a “razão” que se opunha ao “instinto” do restante dos animais. Imagem: Shutterstock.com Em seguida, Aristóteles o contraria, dizendo que alma e corpo são indissociáveis, ou seja, tudo que cresce, se reproduz e se alimenta possui psyque ou “alma”. Assim, os vegetais e todos os animais, incluindo o ser humano, teriam “alma”. Como podemos observar, há mais de 2 mil anos antes de a Psicologia ser considerada ciência, já havia duas teorias sobre os estudos do homem e sua interioridade: A PLATÔNICA Imortalidade da “alma” e separação entre “corpo” e “alma” A ARISTOTÉLICA Mortalidade da “alma” e sua relação de pertencimento ao “corpo” A RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E RELIGIÃO O surgimento do Império Romano, que dominou a Grécia e parte da Europa até o início do período da Idade Média (século V ao XV), foi marcado pelo desenvolvimento do Cristianismo. Por esse motivo, houve muita influência do conhecimento religioso na Psicologia, já que nessa época a Igreja Católica monopolizava o saber. Os grandes estudiosos desse período são Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. javascript:void(0) javascript:void(0) Santo Agostinho, discípulo de Platão, também considerava a separação entre “alma” e “corpo”. Além disso, acrescentava a ideia de que a “alma” era o elemento que ligava o homem a Deus, motivo pelo qual a Igreja teria o direito de se preocupar com sua compreensão. São Tomás de Aquino reforça o monopólio da Igreja quanto aos estudos do psiquismo quando afirma que o homem, na sua essência, busca a perfeição por meio da existência. Se Deus é o único capaz de reunir essência e existência, logo, a busca de perfeição pelo homem seria a busca de Deus. O DUALISMO MENTE-CORPO O Renascimento, que marca a transição da Idade Média para a Idade Moderna (séculos XV e XVI), foi um período de grandes transformações no mundo europeu em diferentes áreas, como na literatura, na arte, na política e no desenvolvimento da ciência, com as descobertas de Copérnico (Terra não é o centro do universo) e de Galileu (estudos sobre a queda dos corpos - gravidade). ATENÇÃO Esse avanço na produção de conhecimento permitiu a sistematização da ciência a partir da formulação de métodos e regras básicas para sua fundamentação. É nesse período que surge René Descartes, resgatando as discussões a respeito de “alma” e “corpo”. Descartes postulou a separação entre mente (alma, espírito) e corpo, afirmando que o ser humano possui uma substância material e outra pensante, o que foi chamado de dualismo mente-corpo. DUALISMO MENTE-CORPO O dualismo mente-corpo torna possível o estudo do corpo humano depois da morte, o que não era feito antes, já que o corpo era sagrado para a Igreja por ser a “casa da alma”. Isso possibilitou o avanço da Anatomia, da Fisiologia e da própria Psicologia. A PSICOLOGIA TORNA-SE CIÊNCIA Remontemos, então, ao início do séc. XIX, momento em que surge uma nova ciência, a Psicologia! Apesar de os estudos psicológicos já existirem, é somente nesse século, na Alemanha, que a Psicologia surge como ciência. Dentre os seus representantes, encontram-se: ERNST HEINRICH WEBER GUSTAV THEODOR FECHNER HERMANN VON HELMHOLTZ WILHELM WUNDT SE OS ESTUDOS DE PSICOLOGIA JÁ EXISTIAM, POR QUE SOMENTE NO SÉCULO XIX ELA FOI CONSIDERADA CIÊNCIA? Antigamente, os estudos das ciências humanas não eram legitimados enquanto ciência, pois enfrentavam dificuldades para estabelecer um método de investigação, segundo os parâmetros impostos naquela época pelas ciências naturais. AS CIÊNCIAS NATURAIS TINHAM SEU OBJETO DE ESTUDO FORA DO INDIVÍDUO ENQUANTO AS CIÊNCIAS HUMANAS ESTUDAVAM O PRÓPRIO INDIVÍDUO Você já pode imaginar tamanha dificuldade que as ciências humanas enfrentaram, já que seu objeto de estudo era o próprio ser humano, seu comportamento e toda a sua subjetividade. SAIBA MAIS Os fenômenos humanos são complexos, resultam de muitas influências como hereditariedade, meio ambiente, impulsos, desejos e vontade, que, muitas vezes, não são passíveis de controle ou aferição. Além disso, as ciências humanas nem sempre podem fazer uso da experimentação, tanto pela questão do controle de variáveis externas quanto pela questão ética e moral do estudo a ser conduzido. No entanto, é importante dizer que todas essas dificuldades existiam devido aos parâmetros colocados naquela época a partir dos estudos das ciências naturais. Tais dificuldades foram superadas ao longo do tempo, e diferentes métodos de pesquisa foram elaborados, o que viabilizou os estudos dos fenômenos humanos e conferiu o status de ciências humanas que temos atualmente. Conhecendo esse contexto, você compreenderá por que a Psicologia somente foi considerada ciência após dois milênios de estudos e investigações de grandes filósofos. O argumento anteriormente era de que se tratava de estudos que não podiam ser mensuráveis, replicáveis e, portanto, não eram passíveis de comprovação científica ou até mesmo de generalizações. A partir de meados do século XIX, a Psicologia deixou de ser estudada exclusivamente por filósofos e passou a ser investigada também pela fisiologia, neurofisiologia e neuroanatomia, graças aos possíveis estudos da parte de nosso corpo humano chamada cérebro. Com isso, o rumo da psicologia foi determinado pelos fisiologistas a partir dos estudos da psicofísica. Imagem: Shutterstock.com EXEMPLO Para melhor compreensão, imagine o seguinte exemplo: Se em um laboratório você misturar determinada quantidade da substância X à determinada quantidade da substância Y, sob pressão P e temperatura T, você obterá a substância W. Sabendo disso, é possível afirmar que qualquer pessoa que siga essas instruções, controlando tais variáveis (quantidades específicas de cada substância, pressão e temperatura) conseguirá, sem sombra de dúvidas, obter a substância W. Pode-se dizer que a experiência possui um método, além de ser replicável, mensurável e poder ser generalizada. Portanto, essas experiências presentes em estudos de química ou física detêm o status de ciência. Pelo fato de as ciências humanas não controlarem totalmente as variáveis e disporem de outros métodos de investigação, foram desconsideradas e desvalorizadas do campo das ciências durante muito tempo. POR QUE SOMENTE NO SÉCULO XIX A PSICOLOGIA FOI CONSIDERADA CIÊNCIA? A resposta vem dos estudos dos psicofisiologistas, como a Lei de Fechner-Weber, que estabelece a relação entre estímulo e percepção, e a concepção do Paralelismo Psicofísico elaborada por Wundt, que relaciona fenômenos mentais a fenômenos orgânicos. Tanto Fechner e Weber quanto Wundt estudavam fenômenos psicofísicos que eram passíveis de mensuração. Havia a partir desses estudos a possibilidade de medida do fenômeno psicológico, o que até então era considerado impossível. VOCÊ SABIA Wundt construiu o primeiro laboratório de psicologia experimental, que se tornou um marco para a Psicologia científica, motivo pelo qual o teórico foi considerado o pai da Psicologia moderna. LEI DE FECHNER-WEBER PARALELISMO PSICOFÍSICO LEI DE FECHNER-WEBER Fechner e Weber postulam que a diferença de sentimentos ao aumentarmos a intensidade de iluminação de uma lâmpada de 100 para 110 watts será a mesma de quando aumentarmos a intensidade de iluminação de 1000 para 1100 watts, isto é, a percepção aumenta em progressão aritmética, enquanto o estímulo varia em progressão geométrica (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001). PARALELISMO PSICOFÍSICO Wundtdizia que uma estimulação física, como a picada de uma agulha na pele de um indivíduo, teria uma correspondência na mente deste indivíduo. Para explorar a mente ou consciência do indivíduo, Wundt cria um método chamado introspeccionismo, no qual o experimentador pergunta ao sujeito os caminhos percorridos no seu interior por uma estimulação sensorial como a picada da agulha (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001). TEORIAS PSICOLÓGICAS E SEUS GRANDES PENSADORES Agora que você já estudou o percurso histórico da constituição da Psicologia enquanto ciência, vamos conhecer as principais características de algumas teorias psicológicas e seus representantes. É importante ressaltar que será abordado um panorama geral de cada uma delas, para que você estabeleça um primeiro contato e seja capaz de identificar suas contribuições para o processo de aprendizagem dos sujeitos. SÃO MUITAS AS CORRENTES TEÓRICAS DA PSICOLOGIA ATUALMENTE. SEGUIREMOS NA LINHA HISTÓRICA PARA QUE VOCÊ COMPREENDA O SURGIMENTO DE ALGUMAS DELAS. Retomando o método experimental da introspecção utilizado por Wundt, pode-se dizer que, apesar de ter trazido o status de ciência para a Psicologia, sua utilização sistemática passou a apontar limites que contribuíram para o surgimento de outros métodos de experimentação. O principal limite que havia no método da introspecção é que dependia do relato do indivíduo que se auto-observava, ou seja, o observador e o observado eram a mesma pessoa e isso dificultava a fidedignidade dos dados. Isso, dentre outras críticas ao método introspeccionista, possibilitou o surgimento de um método que separava o observador do observado e trazia a possibilidade de coletar dados quantificáveis e mais fidedignos, sendo conhecido como método comportamentalista ou behaviorista. WUNDT NÃO PAROU POR AÍ! ELE INFLUENCIOU NÃO SÓ A PSICOLOGIA EXPERIMENTAL, COMO TAMBÉM CONTRIBUIU PARA OUTRAS ÁREAS DA PSICOLOGIA RELACIONADAS AOS PROCESSOS SIMBÓLICOS DA LINGUAGEM, O QUE SERVIU COMO BASE, POR EXEMPLO, PARA AS CONCEPÇÕES PSICANALISTAS. Ao longo do século XX, outras formas de compreender a Psicologia foram se desenvolvendo. Os pesquisadores foram levados a estudar fenômenos decorrentes do momento histórico-cultural que estavam vivendo, como as guerras, por exemplo, o que propiciou o desenvolvimento de várias correntes teóricas como: O BEHAVIORISMO É a ciência que estuda o comportamento humano. A PSICOLOGIA HUMANISTA Estuda a capacidade do próprio indivíduo como recurso de desenvolvimento. A GESTALT Estuda os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica. A PSICOLOGIA GENÉTICA Estuda o processo de desenvolvimento cognitivo do sujeito. A PSICANÁLISE Estuda o inconsciente e a natureza sexual da conduta humana. A seguir, serão apresentadas as principais características de cada uma delas e os grandes pensadores que a representaram. É importante que, ao estudar essas correntes teóricas, você relacione com o desenvolvimento de aprendizagem do ser humano, pois cada uma delas trouxe ferramentas para que possamos compreender melhor como ocorre esse processo. A PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL A Psicologia Comportamental ou Behaviorista (behavior em inglês significa comportamento) está pautada em uma concepção ambientalista de desenvolvimento. O ambientalismo defende a ideia de que o ser humano desenvolve suas características em função das condições presentes no meio em que se encontra. Essa concepção deriva da corrente filosófica chamada de “empirismo”, que enfatiza a experiência sensorial como fonte de conhecimento. OS GRANDES PENSADORES QUE REPRESENTAM A CORRENTE TEÓRICA DO COMPORTAMENTALISMO SÃO JOHN WATSON, IVAN PAVLOV E BURRHUS FREDERIC SKINNER. A teoria behaviorista se propôs a explicar o comportamento humano a partir de experimentos com animais em laboratório. Nessa concepção, o ambiente é mais importante do que a maturação biológica. Além disso, considera-se que os indivíduos buscam maximizar o prazer e diminuir a dor. Desse modo, manipulando os elementos do ambiente (estímulos), é possível controlar o comportamento. Imagem: Shutterstock.com As mudanças no comportamento poderiam ser provocadas a partir de: CONSEQUÊNCIAS POSITIVAS Reforçamento - aumenta a frequência do comportamento. CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS Punição – diminui a frequência do comportamento de forma eficaz. O reforçamento pode ser positivo ou negativo, e ambos aumentam a frequência do comportamento. A diferença é que, no reforço positivo, há recompensa e, no negativo, há retirada de um estímulo aversivo. Já para a eliminação de um comportamento indesejável, usa-se o procedimento de extinção. Imagine os seguintes exemplos: EXEMPLO A A mãe deseja que a criança faça a tarefa escolar. Para tanto, dá um chocolate toda vez que a criança termina a tarefa (criança sente prazer em comer o chocolate e isso faz com que aumente a frequência do comportamento de fazer a tarefa escolar). → Reforço positivo Se a mãe dissesse à criança que ela não precisaria lavar a louça caso fizesse a tarefa escolar, estaria retirando um estímulo aversivo (lavar a louça) para aumentar a frequência do comportamento desejado (fazer a tarefa). → Reforço negativo EXEMPLO B A mãe deseja que a criança pare de fazer birra no supermercado. Para tanto, deixa de comprar o alimento preferido da criança, por exemplo, um chocolate (a criança percebe que se continuar chorando não ganhará o chocolate, por isso, para de chorar, ou seja, diminui a frequência do comportamento, da birra, já que traz uma consequência negativa, ficar sem o doce). → Punição EXEMPLO C A mãe deseja que a criança pare de fazer bagunça para chamar sua atenção. Para tanto, ignora o comportamento da criança, ou seja, quebra-se o elo estabelecido entre o comportamento indesejado (bagunça) e a consequência (atenção da mãe). Isso faz com que o comportamento indesejado seja eliminado. → Extinção ATENÇÃO É importante ressaltar que a Psicologia Comportamentalista não se esgota nesses exemplos e nem a essas terminologias, há muitos estudos que se derivaram dessa primeira concepção. CONDICIONAMENTO OPERANTE O condicionamento operante, ou skinneriano, traduz a técnica de aprendizagem realizada nas “caixas de Skinner”, onde se coloca um animal privado de comida. O animal, quando se encontra preso na caixa, ao se esbarrar ocasionalmente em uma alavanca, recebe comida. Assim, após esbarrar “sem querer” várias vezes e receber essa recompensa, o animal percebe, ou seja, “aprende” que, ao acionar a alavanca (resposta), recebe um alimento (estímulo). Skinner criou inúmeras variantes dessas caixas, como, por exemplo, a que o animal, para evitar uma punição como um choque elétrico, salta antes de recebê-lo por ser “avisado” por um sinal luminoso ou som. A PSICOLOGIA HUMANISTA A Psicologia Humanista estuda a capacidade que o próprio indivíduo tem para se desenvolver de forma criativa e saudável. OS GRANDES REPRESENTANTES DESSA CORRENTE TEÓRICA SÃO ABRAHAM MASLOW E CARL ROGERS. Maslow postulou a importância da autorrealização e afirma que as pessoas nascem boas. Diz ainda que os transtornos mentais ou sociais resultam de um desvio da bondade natural do ser humano. Rogers, discípulo de Maslow, formulou a famosa “terapia centrada na pessoa”, bem como o “ensino centrado no aluno”. Em linhas gerais, o “ensino centrado no aluno” baseia-se em uma complexa percepção do aluno em vários aspectos de sua vida e na formação de sua personalidade. Assim, é possível compreender de que maneira ele adquire o conhecimento e quais são suas dificuldades, a fim de conduzi- lo a se autoconhecer e a aprender a aprender. Imagem: Shutterstock.com A PSICOLOGIA DA GESTALT A Gestalt, também conhecida por “Psicologia da forma”, teve seus estudos baseados na percepção e sensação dos movimentos. Havia a preocupação em compreender os processos psicológicos envolvidos quando o estímulo físico é percebido de maneira diferente da apresentada na realidade, o que chamamos de ilusão de ótica.OS GRANDES PENSADORES DESSA TEORIA SÃO CHRISTIAN VON EHRENFELS, WOLFGANG KÖHLER E KURT KOFFKA. Para eles, o comportamento deveria ser estudado em seus aspectos mais globais, levando em consideração as condições que alteram a percepção do estímulo. A ideia geral dessa teoria era baseada no isomorfismo, no qual as partes estavam relacionadas ao todo. A percepção é norteada pela busca do fechamento, da simetria e da regularidade dos pontos que compõe uma figura, por exemplo. A Gestalt encontra nesses fenômenos da percepção a chave para compreender o comportamento humano. NA FIGURA, PODE-SE PERCEBER UMA AMBIGUIDADE, ORA VEMOS UMA TAÇA ORA DOIS PERFIS. ISSO CORRE PORQUE, DEPENDENDO DA FUNÇÃO QUE DAMOS A UMA LINHA, ALTERAMOS A RELAÇÃO ENTRE FIGURA-FUNDO. Imagem: Shutterstock.com Na figura, pode-se perceber uma ambiguidade, ora vemos uma taça ora dois perfis. Isso corre porque, dependendo da função que damos a uma linha, alteramos a relação entre figura-fundo. Imagem: Shutterstock.com SAIBA MAIS A teoria da Gestalt vê a aprendizagem como a relação entre o todo e as partes, em que o todo tem papel fundamental na compreensão da parte percebida. É o que ocorre, por exemplo, quando uma criança de 3 anos, que ainda não sabe ler, reconhece a logomarca de um refrigerante e o identifica corretamente. Nesse caso, a criança não reconheceu as letras e as uniu, mas, sim, deu significado ao todo da palavra. A PSICOLOGIA GENÉTICA A Psicologia Genética teve como principal representante Jean Piaget, teórico que defendeu a visão interacionista de desenvolvimento e a abordagem construtivista de conhecimento. Piaget investigou profundamente a maneira pela qual a criança constrói as noções fundamentais do pensamento lógico como espaço, tempo, objeto, casualidade etc. Imagem: Shutterstock.com VOCÊ SABIA Piaget não tinha intenção de estudar os processos de aprendizagem, muito menos métodos de ensino, e sim analisava o desenvolvimento cognitivo. O que ocorre, atualmente, é a apropriação dos conceitos formulados por Piaget sobre a gênese do conhecimento para elaborar estratégias pedagógicas de ensino e aprendizagem. Em linhas gerais, a teoria piagetiana considera o desenvolvimento envolvido em um processo contínuo de trocas entre o organismo e o meio ambiente. A noção de equilíbrio é o alicerce de sua teoria, processo em que o indivíduo procura manter um estado de equilíbrio ou de adaptação com seu meio. Para ele, o desenvolvimento cognitivo ocorre a partir de constantes desequilíbrios e equilibrações. Para acionar esse estado de equilíbrio, dois mecanismos são acionados: A ASSIMILAÇÃO Refere-se à captação e à obtenção de novas informações que são incorporadas às ideias já existentes no psiquismo. A ACOMODAÇÃO Diz respeito à adaptação das informações novas, ou seja, a acomodação ocorre quando uma estrutura mental precisa ser alterada para se adaptar às novas informações. AGORA QUE VOCÊ JÁ SABE QUE PIAGET DEFINIU O DESENVOLVIMENTO COMO SENDO UM PROCESSO DE EQUILIBRAÇÕES SUCESSIVAS, É HORA DE CONHECER AS FASES DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO SEGUNDO ESSE AUTOR. Cada fase ou etapa define um momento de desenvolvimento pelo qual a criança constrói suas estruturas cognitivas. São três etapas: sensório-motora, pré-operatória e operatória, sendo que esta última é subdividida em duas - operatória concreta e operatória formal. ATENÇÃO É importante ressaltar que, apesar de Piaget ter definido uma faixa etária para cada uma dessas etapas com base em seus experimentos, é possível considerar variações de idades devido a inúmeras evoluções de nossa realidade, como, por exemplo, a tecnologia e as condições sociais e culturais em que a pessoa está inserida. ETAPA SENSÓRIO-MOTORA Essa etapa vai do nascimento aos dois anos de idade. A criança baseia-se exclusivamente em percepções sensoriais e em esquemas motores para resolver seus problemas. Nessa fase, considera-se que a criança ainda não possui pensamento, mas está construindo o conhecimento enquanto se relaciona javascript:void(0) javascript:void(0) com o meio (pega, balança, joga, bate, morde etc.). Dentre as principais aquisições desse período, estão a noção da construção de “eu”, diferenciando o mundo externo de seu próprio corpo. Elabora sua organização psicológica básica quanto aos aspectos motor, perceptivo, afetivo, social e intelectual. ETAPA PRÉ-OPERATÓRIA Essa etapa vai de aproximadamente dos dois aos sete anos de idade. A principal aquisição desse período é o desenvolvimento da linguagem, por meio da qual a criança é capaz de construir esquemas de ação interiorizados, chamados de esquemas representativos ou simbólicos. É possível, a partir desse momento, que a criança pegue uma caixa de leite e a represente como um carrinho, ou ainda, que se refira a pessoas ou objetos sem que eles estejam em seu campo de visão. ETAPA OPERATÓRIA: CONCRETA E FORMAL Essa etapa vai, aproximadamente, dos sete aos 12 anos de idade. É nesse período que o pensamento lógico se constitui. Ele é considerado operatório porque é reversível, ou seja, o sujeito pode retomar seu pensamento ao ponto de partida. Piaget fez inúmeros experimentos para verificar a reversibilidade do pensamento a partir dos famosos testes de conservação de quantidades, de volume e de massa. A etapa operatória concreta recebe esse nome porque é a fase em que a criança só consegue pensar corretamente se os objetos e materiais estiverem ao seu alcance e servirem de apoio para a construção de seu pensamento. Já na etapa operatória formal, o pensamento se liberta do concreto, ou seja, a criança é capaz de representar e pensar de forma abstrata. Nessa fase, a partir dos 13 anos de idade, o indivíduo é capaz de raciocinar logicamente mesmo se o conteúdo do seu raciocínio é falso. A PSICANÁLISE Segundo Aranha (2003), o conceito de Psicanálise tem três sentidos: é um método interpretativo, uma forma de tratamento psicológico e uma teoria, ou seja, um conhecimento que o método produz. O PRINCIPAL REPRESENTANTE DA PSICANÁLISE É SIGMUND FREUD. A principal característica dessa teoria é o estudo do inconsciente e a compreensão da natureza sexual da conduta. Para a Psicanálise, todos os nossos atos têm uma realidade exterior representada na nossa conduta e significados ocultos que podem ser interpretados. COMENTÁRIO A metáfora do iceberg representa bem essa ideia, pois é como se a montanha de gelo que conseguimos ver fora da água fosse nosso consciente e a parte da montanha de gelo submersa fosse nosso inconsciente. O principal colaborador de Freud foi Joseph Breuer, médico vienense que já realizava na Áustria pesquisas de tratamento de histeria com a hipnose. Breuer tinha uma paciente histérica que ficou muito famosa no caso Ana O. Esse foi o primeiro caso clínico a ser tratado dentro do modelo que daria origem à Psicanálise. Esse método de eliminar os sintomas com a retomada de recordações traumáticas passadas se tornou conhecido como método catártico - a cura pela fala. Os fracassos nos tratamentos e o fato de muitos pacientes não conseguirem ser hipnotizados levou Freud a abandonar a hipnose. Ele, então, passou a utilizar a sugestão pós-hipnótica, que consiste em um procedimento sugestivo de afirmar ao paciente que ele se recordaria de fatos presentes no inconsciente. As recordações inconscientes emergiriam para a elaboração e o domínio da consciência com a ajuda do próprio paciente. Imagem: Shutterstock.com Freud, ao construir sua teoria durante suas experiências com os pacientes, elaborou alguns conceitos que dariam forma à psicanálise. Por exemplo, formulou os conceitos de resistência e repressão, as quais agem como em um jogo de forças, sendo movidas pelo próprio paciente no intuito de afastar a angústia diante de um trauma. RESISTÊNCIA REPRESSÃO RESISTÊNCIA É a força que se opõe à percepção consciente do fato significativo. Protege o indivíduo da dor e do sofrimento que seriam trazidos junto com o seu conhecimento. As forçasdo próprio paciente, ou seja, de sua consciência, podem passar a ser mobilizadas para vencer a resistência. REPRESSÃO É a força que se mobiliza para negar o conhecimento à consciência e para que o indivíduo não seja ferido em seus ideais éticos e estéticos. Ela tira da consciência a percepção de acontecimentos cuja dor o indivíduo não poderia suportar. A repressão é consequência lógica da resistência. Outra definição importante da Psicanálise são os constructos que constituem o modelo dinâmico da estruturação da personalidade: id, ego e superego. Para Freud, o id é um reservatório de energia do indivíduo, é o poder instintivo do ser humano, está no nível do desejo, independentemente de as possibilidades reais de esse desejo ser satisfeito ou não. O ego é o intermediário entre o desejo e a realidade. Ele apresenta as reais possibilidades de satisfação desse desejo, agindo entre os processos internos (id-superego) e a relação destes com a realidade. O superego é o responsável pela estruturação interna dos valores morais, é a internalização das normas, do que é proibido e do que é valorizado e deve ser ativamente buscado. EXEMPLO Em outras palavras... Sabe aquela festa de aniversário da sua amiga que você vai todos os anos e sempre é muito divertida? Pois bem, é 2020 e ela está fazendo 20 anos! Mesmo com o panorama da pandemia causada pela COVID-19, ela decide fazer a famosa festa de aniversário. 1) Quando você recebe o convite, imediatamente pensa: “Vou à festa! Não vai acontecer nada! Eu realmente vou ficar muito feliz!” (ID). 2) Depois de alguns minutos, você se lembra: “Nossa, haverá aglomeração, eu posso me contaminar e, consequentemente, contaminar meus pais e meus avós!” (SUPEREGO). Com isso, você internamente pondera as informações, analisa seu desejo e verifica as reais possibilidades de satisfação mediante os valores morais e as regras sociais atribuídas à situação. 3) Assim, é capaz de chegar à seguinte conclusão: “A festa realmente será muito divertida, gostaria muito de ir, mas preciso pensar nas consequências desse ato. Por isso, esse ano não vou à festa, vou proteger a mim e as pessoas que eu amo” (EGO). É claro que esse exemplo mostra como agem os constructos de forma muito simplificada diante da complexidade de cada um dos conceitos, mas possibilita uma breve compreensão de seus significados. Imagem: Shutterstock.com Há também outros conceitos elaborados a partir dos estudos da Psicanálise, como os mecanismos de defesa. Os mecanismos de defesa são os diversos tipos de processos psíquicos, cuja finalidade consiste em afastar um evento gerador de angústia da percepção consciente. EXEMPLO Sabe quando algo não dá certo e, depois disso, tudo fica sem graça? Quando você briga com um irmão, reclama que o arroz está sem sal... ou não gosta de ir ao psicólogo e “sem querer” perde o horário toda semana? Há ainda aquela situação de seminário, que você tem que expor o trabalho oralmente e sempre acontece algo que você precisa sair mais cedo. Em todos esses casos, está implícito um mecanismo de defesa, seja uma agressão, uma fuga ou negação, dentre vários outros. VISTO ESSES CONCEITOS, VAMOS À PRINCIPAL DESCOBERTA DA PSICANÁLISE: A LIBIDO QUE, NAS PALAVRAS DE FREUD, É A ENERGIA DOS INSTINTOS SEXUAIS E SÓ DELES. Segundo Rappaport, Fiori e Davis (1981), no processo de desenvolvimento psicossexual, o indivíduo, nos primeiros tempos de vida, tem a função sexual ligada à sobrevivência, e, portanto, o prazer é encontrado no próprio corpo. O corpo é erotizado, ou seja, as excitações sexuais estão localizadas em partes do corpo e há um desenvolvimento progressivo que levou Freud a postular as seguintes fases do desenvolvimento: FASE ORAL A zona de erotização é a boca. Desde o nascimento do bebê, a estrutura sensorial mais desenvolvida é a boca. É pela boca que começará a provar e a conhecer o mundo. É pela boca que o bebê fará sua primeira e mais importante descoberta: o seio. FASE ANAL A zona de erotização é o ânus. No início do segundo ano de vida, a libido passa da organização oral para a anal. No segundo e terceiro anos de vida, dá-se a maturação do controle muscular na criança. É o período que se inicia o andar, o falar e o controle de esfíncteres. FASE FÁLICA A zona de erotização é o órgão sexual. Por volta dos três anos de idade, a libido inicia nova organização. A erotização passa a ser dirigida para os genitais; desenvolve-se o interesse infantil por esses órgãos, a masturbação torna-se frequente e normal. A preocupação com as diferenças sexuais entre meninos e meninas torna-se frequente. PERÍODO DE LATÊNCIA Fase que se prolonga até a puberdade e se caracteriza por uma diminuição das atividades sexuais, isto é, há um intervalo na evolução da sexualidade. A energia da libido é canalizada para outras finalidades (energia mobilizadora). Ela é canalizada para o desenvolvimento intelectual e social da criança – realizações socialmente produtivas. FASE GENITAL O objeto de erotização ou de desejo não está mais no próprio corpo, e sim em um objeto externo ao indivíduo — o outro. Alcançar a fase genital para a Psicanálise significa atingir o pleno desenvolvimento de um adulto normal. Freud define um adulto normal: “O homem normal é aquele que é capaz de amar e trabalhar”. COMENTÁRIO A teoria da Psicanálise, bem como as teorias psicológicas apresentadas anteriormente, deve, a partir desse momento, servir de referência para construir um aporte teórico para que você as relacione com os processos de aprendizagem. AS TEORIAS PSICOLÓGICAS E SUA INTERFACE COM A EDUCAÇÃO A especialista Andresa Aparecida Ferreira fala sobre as teorias psicológicas e as interfaces com a Educação: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE INDICA OS CRITÉRIOS QUE A PSICOLOGIA DEVERIA SATISFAZER PARA ADQUIRIR O STATUS DE CIÊNCIA: A) Utilizar os mesmos objetos de estudo e métodos das ciências naturais. B) Definir seu objeto de estudo, formular métodos e teorias com conhecimentos da área. C) Abandonar o conceito de dualismo mente-corpo e definir a alma como seu objeto de estudo. D) Definir a alma como objeto de estudo e utilizar o método da hipnose. E) Abandonar o conceito de dualismo mente-corpo e usufruir do método das ciências naturais. 2. OBSERVE AS AFIRMAÇÕES ABAIXO E RELACIONE ÀS TEORIAS DA PSICOLOGIA: I – AS FASES DO DESENVOLVIMENTO NESSA TEORIA LEVAM EM CONTA A CANALIZAÇÃO DA ENERGIA DA LIBIDO E É DIVIDIDA EM: FASE ORAL, ANAL, FÁLICA, PERÍODO DE LATÊNCIA E GENITAL. II – É A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PELO QUAL A CRIANÇA CONSTRÓI SUAS ESTRUTURAS COGNITIVAS E QUE INCLUI AS ETAPAS SENSÓRIO- MOTORA, PRÉ-OPERATÓRIA E OPERATÓRIA (CONCRETA E FORMAL). III – NESSA CONCEPÇÃO O AMBIENTE É MAIS IMPORTANTE DO QUE A MATURAÇÃO BIOLÓGICA, OU SEJA, HÁ A MANIPULAÇÃO DOS ELEMENTOS DO AMBIENTE (ESTÍMULOS) A FIM DE CONTROLAR O COMPORTAMENTO. AS AFIRMATIVAS REFEREM-SE, RESPECTIVAMENTE, ÀS TEORIAS: A) Psicanálise – Psicologia Genética – Behaviorismo B) Psicologia Humanista – Gestalt – Behaviorismo C) Gestalt – Behaviorismo – Psicanálise D) Psicanálise – Gestalt – Behaviorismo E) Psicologia Humanista – Psicologia Genética – Gestalt GABARITO 1. Assinale a alternativa que indica os critérios que a Psicologia deveria satisfazer para adquirir o status de ciência: A alternativa "B " está correta. A Psicologia deveria seguir os padrões de produção de conhecimento para adquirir o status de ciência. Para tanto, precisava definir seu próprio objeto de estudo (o comportamento, a vida psíquica, a consciência), delimitar seu campo de estudo com métodos precisos e quantificáveis, e teorias enquanto corpo consistente de conhecimentos da área. 2. Observe as afirmações abaixo e relacione às teorias da Psicologia: I – As fases do desenvolvimento nessa teoria levam em conta a canalização da energia da libido e é dividida em: fase oral, anal, fálica, período de latência e genital. II – É a teoria do desenvolvimento pelo qual a criançaconstrói suas estruturas cognitivas e que inclui as etapas sensório-motora, pré-operatória e operatória (concreta e formal). III – Nessa concepção o ambiente é mais importante do que a maturação biológica, ou seja, há a manipulação dos elementos do ambiente (estímulos) a fim de controlar o comportamento. As afirmativas referem-se, respectivamente, às teorias: A alternativa "A " está correta. Entre os inúmeros conceitos da Psicanálise, a importância da libido como fonte de energia para o desenvolvimento foi uma das maiores descobertas de Freud (afirmativa I). A Psicologia Genética, teoria interacionista de desenvolvimento, elaborada por Piaget, considerou que se investigasse profundamente a maneira pela qual a criança constrói as noções fundamentais do pensamento (afirmativa II). O Behaviorismo defende a ideia de que o ser humano desenvolve suas características em função das condições presentes no meio em que se encontra, um de seus principais representantes é Skinner (afirmativa III). MÓDULO 2 Descrever conceitos gerais da construção do conhecimento e sua relação com os processos de aprendizagem. LIGANDO OS PONTOS Temos o desafio de lidar com o que é genérico ou recorrente no senso comum. Os estudos de áreas como a Pedagogia e a Psicologia podem nos auxiliar a romper com visões preconceituosas. Vamos agora pensar sobre os processos de aprendizagem e como isso não está relacionado com crenças como “a criança A tem o dom” e a criança B “não tem aptidão”, sentido bastante biologizante do aprendizado humano. Os relatos sobre as “crianças selvagens”, que eram relativamente frequentes no século XIX e início do século XX, são uma boa porta de entrada para esse debate. Dina Sanichar, Amala e Kamala, crianças indianas criadas por animais, povoavam o imaginário europeu, dando origem a histórias como a de Mogli, o menino lobo, de Rudyard Kipling. Menos frequente era a ocorrência desses casos na Europa, por isso a história de Victor de Aveyron, uma “criança selvagem” do século XVIII, é tão emblemática. O doutor Itard, médico e tutor que cuidava do menino Victor, com Guérin, a governanta, contradiz e critica as conclusões inativistas, majoritariamente, com base nas teses ambientalistas sobre o princípio da aprendizagem. Nessa perspectiva, acredita-se que tudo seja aprendido: a imitação, as sensações, os atos que consideraríamos reflexos, a vida em sociedade, a comunicação, a linguagem, a vida sexual, as faculdades mentais, dentre as quais a memória, o juízo, a moral e o afeto. Tais considerações vão ao encontro das teses behavioristas de 1930, segundo as quais é possível moldar um indivíduo. Victor foi encontrado em 1799, aos 12 anos, em Aveyron, na França. Foi encaminhado para a Sociedade dos Observadores do Homem de Paris, para ser avaliado pelo psiquiatra Phillippe Pinel, médico chefe do Hospital Salpêtrière e membro da Sociedade dos Observadores. De acordo com o diagnóstico, Victor era um “idiota”, criando-se teorias sobre o motivo de ele ter sido abandonado na floresta pelos pais. O olhar médico da época visava promover respostas conclusivas, rápidas e seguras sobre a observação do homem. Victor esteve sob a tutela de um educador e foi submetido aos melhores tratamentos da época, mas teve poucos progressos com tais tratamentos. Porém, sob os cuidados da governanta madame Guérin, aprendeu a se vestir sozinho e usar o banheiro. Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 1. OBSERVANDO O CASO DE VICTOR DE AVEYRON, PODEMOS NOS QUESTIONAR SOBRE O ESTABELECIMENTO DE PADRÕES. O QUE É SÃO? O QUE É NORMAL? NESSE SENTIDO, CABE AO EDUCADOR: A) Inserir a criança no padrão de normalidade vigente para que ela não seja excluída. B) Buscar as normas que devem ser cumpridas, para que a criança não seja deixada para trás no avanço escolar. C) Traçar estratégias de memorização para que a criança possa acompanhar o grupo. D) Construir um plano educativo sem considerar as realidades individuais, pois a educação é sempre coletiva. E) Acolher a criança, respeitando sua individualidade e construir um planejamento em que ela se sinta incluída. 2. SOBRE O DIAGNÓSTICO DE VICTOR E COM BASE NAS PERSPECTIVAS DA PSICOLOGIA, COMO VOCÊ RELACIONA AS IDEIAS DO PROFISSIONAL E DA INSTITUIÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO HUMANO? A) O médico diagnosticou uma patologia no “menino selvagem” porque Victor não se enquadrava nos padrões da época e seu desenvolvimento era diferente do esperado. B) Victor não dominava os hábitos e códigos sociais, por isso o diagnóstico foi correto ao vê-lo como desviante e, portanto, doente. C) Victor era doente, apresentava dificuldade de aprendizagem e necessitava de medicamentos que na época ainda não existiam. D) A psicologia contribui com a pedagogia na identificação dos indivíduos incapacitados e na forma como tratá-los, por isso Victor obteve resultados com sua governanta. E) A teoria ambientalista justifica a incapacidade de Victor e apresenta métodos e abordagens para tratá- lo. GABARITO 1. Observando o caso de Victor de Aveyron, podemos nos questionar sobre o estabelecimento de padrões. O que é são? O que é normal? Nesse sentido, cabe ao educador: Planejamentos são necessários, mas podem e devem ser adaptados às diversas realidades, tanto da escola quanto do aluno. Se, por um lado, devemos estimular a socialização, essa não pode ser reforçada nem obtida a partir do apagamento do aluno enquanto indivíduo único. 2. Sobre o diagnóstico de Victor e com base nas perspectivas da psicologia, como você relaciona as ideias do profissional e da instituição com o desenvolvimento humano? Retomamos aqui dois aspectos importantes. O primeiro é que a própria formação psiquiátrica do período não abrangia casos como o de Victor, o que fazia com que houvesse um pré-julgamento sobre o que era ou não normal ou aceitável. O segundo aspecto é a construção desse padrão que não é compartilhado por Victor. Por não dominar os hábitos e códigos sociais, ele é visto como um desviante e, portanto, nessa perspectiva, um indivíduo doente. GABARITO 3. APESAR DE ESTAR SOB A TUTELA DE UM EDUCADOR E DE TER SIDO SUBMETIDO AOS MELHORES MÉDICOS E TRATAMENTOS DA ÉPOCA, VICTOR TEVE POUCOS PROGRESSOS AO SER SUBMETIDOS AOS TRATAMENTOS QUE LHE ERAM IMPOSTOS. PORÉM, SOB OS CUIDADOS DA GOVERNANTA MADAME GUÉRIN, APRENDEU A SE VESTIR SOZINHO E USAR O BANHEIRO. NESSE SENTIDO, QUAL O IMPACTO DA RELAÇÃO ENTRE VICTOR E A GOVERNANTA NO SEU PROCESSO DE APRENDIZAGEM? RESPOSTA A governanta obteve mais sucesso que Pinel e Itard porque não “medicalizou” o trato com o menino, acolhendo- o e buscando tratá-lo como uma criança, e não um objeto de estudo. Essa relação demonstra como os processos de socialização são importantes para a concepção do indivíduo e o processo de aprendizagem. Logo, madame Guérin acabou por desenvolver uma relação maternal com Victor, e o vínculo afetivo dessa relação foi mais importante para o menino do que as tentativas meramente disciplinares. javascript:void(0) CONTRIBUIÇÕES DA PEDAGOGIA: A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM A construção do conhecimento, bem como os processos de aprendizagem, ocorre a partir da relação que o ser humano estabelece com o meio em que vive. EXEMPLO Para compreender como se dá essa relação, tomemos o exemplo do caso indiano de Amala e Kamala, duas crianças que foram criadas por uma família de lobos. Quando elas foram descobertas em 1920, Amala tinha um ano e meio e Kamala oito anos de idade. As meninas apresentavam comportamentos semelhantes aos dos animais com quem conviviam: andavam em quatro apoios, alimentavam-se de carne crua, à noite eram mais ativas e uivavam como os lobos. Elas foram acolhidas em uma instituição que as ensinou comportamentos tipicamente humanos. Amala morreu após um ano e Kamala após nove anos. Kamala levou seis anos para aprender a andar, adquiriu um vocabulário de 50 palavras e apresentou poucas atitudes afetivas eemocionais ao longo desse tempo. Assim como esse, existem muitos outros casos relatados na história que permitem entender em que medida as características humanas e o processo de aprendizagem tipicamente humano dependem do convívio social. Com base nesse exemplo, é possível dizer que a construção do conhecimento, bem como a aprendizagem, é o processo pelo qual a criança se apropria ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que seu grupo social conhece. Para que a criança aprenda, é necessário que ela interaja com as pessoas, sejam crianças sejam adultos. É na interação que a criança vai se desenvolver integralmente. Ela vai, gradativamente, ampliando suas formas de lidar com o mundo e construindo significados para as ações e experiências que vive, para que assim possa adquirir o conhecimento cultural acumulado pela humanidade. Imagem: Shutterstock.com Para compreender o processo pelo qual as formas de pensar e os conhecimentos existentes em uma sociedade são apropriados pela criança, é preciso reconhecer a natureza social da aprendizagem, pois os desenvolvimentos cognitivos, afetivos e sociais serão sempre construídos ativamente na interação com outros sujeitos. ATENÇÃO A interação que se estabelece entre crianças, entre adultos e crianças e, principalmente, entre os profissionais (professor, psicopedagogo, psicólogo) e as crianças são fundamentais para a construção do conhecimento e para que os processos de aprendizagem sejam efetivados com sucesso. A aprendizagem se inicia desde o nascimento e ocorre até nossa morte! É um erro pensar que a criança começa seu processo de aprendizagem apenas quando entra na escola. Desde o momento em que nasce, ela interage com o mundo à sua volta e passa a construir seu conhecimento a respeito dele. Quando ela entra na escola e é exposta ao ensino formal, já possui em si hipóteses do conhecimento que foram construídas ao longo do tempo. Fonte:Shutterstock No início da alfabetização da escrita ou da matemática, por exemplo, a criança já tem uma concepção de escrita ou de sua representação gráfica, já se deparou com números ou com a noção de quantidade. Em outras palavras, ela já foi inserida no que chamamos de letramento. A criança adquire conhecimento de inúmeras formas, na convivência com os seus familiares, amigos e nas experiências que teve ao longo de sua vida. Na escola, todo esse conhecimento adquirido de maneira espontânea passa a ser sistematizado, ou seja, há uma intencionalidade pedagógica, uma organização prévia daquilo que a criança precisa aprender ou das situações que ela necessita experienciar para que, assim, possa se desenvolver integralmente e aprimorar sua própria capacidade de aprender. A RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E LINGUAGEM E O CONCEITO DE MEDIAÇÃO SIMBÓLICA O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA TEM ESTRITA RELAÇÃO COM A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM. A linguagem é a ferramenta que permite a comunicação entre as pessoas, a interação social, e nos diferencia dos outros animais. A linguagem permite que as conquistas e os conhecimentos construídos pela humanidade sejam assimilados e continuamente reconstruídos pelos seres humanos. Também é responsável por organizar, articular e orientar o pensamento, função essa que é imprescindível para o processo de escrita. RESUMINDO O ato de escrever nada mais é do que a transposição em código do seu pensamento. Assim, quando você tem uma linguagem bem desenvolvida, um pensamento organizado e estruturado, ao adquirir o código, será capaz de produzir uma escrita coerente e coesa. É importante ressaltar que, apesar de se dar muita ênfase à linguagem verbal, existem outros tipos de linguagem que são igualmente importantes para o processo de formação do pensamento lógico e abstrato, como, por exemplo, a linguagem a partir de estímulos visuais, gestuais, sonoros e táteis. NÃO EXISTE UMA LINGUAGEM ÚNICA, TODAS SÃO UTILIZADAS PELO SER HUMANO E SÃO IGUALMENTE IMPORTANTES, CONTRIBUINDO PARA A ORGANIZAÇÃO, ORIENTAÇÃO E COMUNICAÇÃO DO PENSAMENTO NAS INTERAÇÕES SOCIAIS. Estudos sobre a linguagem e sua relação com a aprendizagem foram realizados por diversos teóricos. Tomemos como exemplo o psicólogo Lev Semyonovich Vygotsky, defensor da teoria histórico-cultural. De acordo com esse teórico, a linguagem possui duas funções: intercâmbio social e pensamento generalizante. Imagem: Shutterstock.com O intercâmbio social é uma necessidade. Para que os seres humanos possam se comunicar de maneira mais sofisticada, é necessário que sejam utilizados signos compreensíveis por outras pessoas e que traduzam ideias, sentimentos, vontades, pensamentos ou objetos. EXEMPLO A palavra “cachorro”, por exemplo, tem um significado preciso em nossa língua e corresponde a um conjunto de elementos do mundo real. O conceito de cachorro pode ser traduzido por essa palavra e todos irão compreender a que se refere, mesmo que suas experiências com esse conceito sejam distintas. Esse fenômeno dá origem à segunda função da linguagem – o pensamento generalizante. Ao denominar a palavra cachorro para determinado objeto, estamos classificando-o nessa categoria e diferenciando-o de outros objetos de outras categorias (mesa, girafa, caminhão etc.). RESUMINDO Portanto, é essa função de pensamento generalizante que torna a linguagem um instrumento de pensamento, que fornece conceitos, formas de organização do mundo real e que constituem a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento (OLIVEIRA, 2010). A compreensão da relação entre pensamento e linguagem é essencial para a compreensão do processo de aprendizagem do ser humano, uma vez que é por meio dela que o sujeito estabelece suas relações com o mundo a partir da mediação. Para Vygotsky, a criança aprende por meio da mediação simbólica que ocorre entre dois níveis: O NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO REAL Refere-se àquilo que a criança é capaz de fazer sozinha, de forma independente. O NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO POTENCIAL É a capacidade de realizar tarefas com a ajuda de outra pessoa, pode ser outras crianças mais experientes ou adultos como os pais, o professor ou o psicopedagogo. A DISTÂNCIA ENTRE O NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO REAL, QUE SE COSTUMA DETERMINAR POR MEIO DA SOLUÇÃO INDEPENDENTE DE PROBLEMAS, E O NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO POTENCIAL, DETERMINADO POR MEIO DA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS SOB A ORIENTAÇÃO DE UM ADULTO OU EM COLABORAÇÃO COM COMPANHEIROS MAIS CAPAZES, É DEFINIDA COMO ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL. (VYGOTSKY, 1984, p. 97) Esse conceito de zona de desenvolvimento proximal é muito importante para refletir sobre a mediação simbólica que ocorre por meio da intervenção pedagógica ou psicopedagógica. É na zona de desenvolvimento proximal que o profissional deve incidir para que a criança passe de um nível X para um nível X+1 de aprendizagem. javascript:void(0) javascript:void(0) RECOMENDAÇÃO O profissional deve atuar enquanto mediador desse processo. Para isso, deve conhecer a criança, seus conhecimentos prévios e ter em mente os objetivos de aprendizagem que deseja alcançar, bem como quais ferramentas pretende utilizar. O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA O processo de leitura e escrita pode ser compreendido a partir da relação entre desenvolvimento e aprendizagem, pois conhecendo o processo de aquisição, mesmo antes da entrada da criança na escola, é possível pensar alternativas de intervenção para otimizar esse processo. NA CONCEPÇÃO VYGOTSKYANA, A PRINCIPAL CONDIÇÃO PARA QUE UMA CRIANÇA SEJA CAPAZ DE COMPREENDER O FUNCIONAMENTO DA LEITURA E DA ESCRITA É DESCOBRINDO QUE A ESCRITA É UM SISTEMA DE SIGNOS QUE SERVE COMO INSTRUMENTO, COMO SUPORTE PARA A MEMÓRIA, PARA A COMUNICAÇÃO E TRANSMISSÃO DE IDEIAS E CONCEITOS. Na mesma direção, Luria (2006) define a aquisição da escrita como uma função que se realiza, culturalmente, por mediação. Para o autor, escrever é uma das funções culturais típicas do comportamento humano. Assim, a escrita tem uma característicafuncional, pois, em vez de armazenar diretamente uma ideia em sua memória, uma pessoa a escreve e a registra, fazendo uma marca que trará de volta à mente a ideia registrada. LURIA javascript:void(0) Alexander Luria foi um importante pesquisador e psicólogo russo que estudou em profundidade a Psicologia do desenvolvimento. Ele fundou, junto com outros colegas, a Psicologia cultural-histórica e pesquisou o desenvolvimento e a avaliação das funções do Sistema Nervoso Central com importantes contribuições para a Neurociência. COMENTÁRIO A aprendizagem da escrita requer não somente que a criança perceba a correspondência da sonoridade das palavras com os símbolos do alfabeto, das contradições entre letras e sons, necessários para a aquisição da ortografia, mas também de fatores sociais, afetivos e cognitivos. O processo de aquisição da língua escrita necessita automatizar-se para alcançar o domínio em sua forma mais complexa, como, por exemplo, na composição de um texto. O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO O processo de aprendizagem do pensamento lógico-matemático, assim como na aquisição da leitura e da escrita, é complexo e dinâmico. Para compreender como ele ocorre, vamos recorrer mais uma vez a Piaget. Em seus estudos e experimentos, o teórico chegou a algumas conclusões que nos permitem refletir sobre a construção do conceito de número e o pensamento lógico-matemático. Para ele, há uma diferença entre: CONHECIMENTO FÍSICO CONHECIMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO PARA QUE VOCÊ ENTENDA ESSA DIFERENÇA, CONSIDERE O SEGUINTE EXEMPLO: EXEMPLO A partir da observação de um lápis, você poderá citar algumas características, como, por exemplo, “é um lápis grafite que pesa 10g”. Você obtém informações a partir de uma observação, um conhecimento físico. No entanto, se você observar dois lápis, um verde e um azul, poderá notar a diferença de cores entre eles e fazer uma relação. Denominamos esse tipo de conhecimento de lógico-matemático. O conceito de número é a relação criada mentalmente por cada indivíduo. Kamii (1990) reportando a Piaget, ressalta que a criança progride na construção do conhecimento lógico-matemático pela coordenação das relações simples que anteriormente criou entre os objetos. Dessa maneira, pode-se dizer que o conhecimento lógico-matemático consiste na coordenação de relações como, por exemplo, relações de “igual”, “diferente” e “mais”, o que a conduzirá no futuro a fazer operações. O desenvolvimento do pensamento lógico-matemático para Piaget, bem como a construção do número, é uma síntese de dois tipos de relações que a criança elabora entre os objetos: A ORDEM A INCLUSÃO HIERÁRQUICA Para garantir que uma criança conte corretamente quantos lápis foram dados a ela, é preciso que: ELA OS COLOQUE EM UMA ORDEM (QUE PODE SER MENTALMENTE OU DE FORMA ABSTRATA) PARA GARANTIR QUE NENHUM LÁPIS FOI ESQUECIDO OU CONTADO DUAS VEZES. ELA INCLUA ESSES LÁPIS EM DADO CONJUNTO, OU SEJA, PARA QUANTIFICAR OS OBJETOS COMO UM GRUPO, É PRECISO QUE A CRIANÇA OS COLOQUE EM UMA RELAÇÃO DE INCLUSÃO HIERÁRQUICA. Isso significa que o fato de a criança contar corretamente os objetos que lhe foram dados não quer dizer que ela tenha compreendido o conceito de número e alcançado o pensamento lógico-matemático, já que para Piaget o conhecimento social não é suficiente para que a criança compreenda a relação. Em outras palavras, pode-se ensinar as crianças a darem as respostas corretas “1 + 2= 3”, mas isso não implica ensinar a relação que está implícita nessa adição. É importante que o profissional (professor ou psicopedagogo) saiba discernir entre quando a criança está “contando de memória” e quando ela está “contando com significado”, atribuindo o código à quantidade e fazendo relações. Isso só é possível quando a criança constrói em sua mente a estrutura lógico- matemática. Imagem: Shutterstock.com CONHECIMENTO SOCIAL javascript:void(0) Aquele que é transmitido socialmente para a criança, por exemplo, os nomes dos números – um, dois, três AS FORMAS DE ENSINAR E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Como já sabemos, o processo de aprendizagem do ser humano ocorre desde o seu nascimento e se prolonga por toda a vida. Estamos constantemente aprendendo coisas novas. Porém, quando se trata de uma aprendizagem escolar, mais sistematizada, intencional, dirigida, como diz Libâneo (2006), em um nível cognitivo, que envolve apreensão consciente, compreensão e generalização das propriedades e relações essenciais da realidade, precisamos nos atentar também aos recursos que vamos utilizar para facilitar a ocorrência dessa aprendizagem. EM OUTRAS PALAVRAS, PARA UMA APRENDIZAGEM EFETIVA, É NECESSÁRIO REFLETIR SOBRE AS FORMAS DE ENSINAR E QUAIS AS FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS QUE DISPOMOS PARA TAL, SEJA NA ESCOLA, SEJA NA CLÍNICA PSICOPEDAGÓGICA. Um dos grandes pesquisadores da área da Pedagogia, José Carlos Libâneo, em seu livro Didática, traz reflexões a cerca da relação entre ensino e aprendizagem. Segundo Libâneo (2006), a relação entre ensino e aprendizagem não é mecânica, e sim, recíproca, na qual se destaca o papel dirigente do professor e as atividades dos alunos. JOSÉ CARLOS LIBÂNEO É um importante pensador, educador e escritor paulista, nascido em 1945, criador da Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos javascript:void(0) O ensino visa estimular, dirigir, incentivar, impulsionar o processo de aprendizagem, o qual é a assimilação ativa de conhecimentos e operações mentais que devem ser compreendidos e aplicados de maneira consciente e autônoma. A tarefa principal do ensino é assegurar a difusão e o domínio dos conhecimentos sistematizados acumulados pela humanidade. A unidade entre ensino e aprendizagem não deve ser caracterizada pela memorização, mas, sim, pelo envolvimento ativo da criança. ATENÇÃO O processo de ensino envolve os elementos constitutivos da didática, ou seja, os objetivos, o conteúdo, o ensino e a aprendizagem. A didática faz a mediação escolar de objetivos sociopolíticos e pedagógicos, articulados com o processo de ensino e aprendizagem, orienta o trabalho de quem ensina e visa à inserção do sujeito nas diversas esferas da vida social. O processo didático se dá pela ação recíproca de três componentes: O CONTEÚDO Refere-se ao conhecimento sistematizado, formando a base para a concretização dos objetivos. O ENSINO É a atividade de organização, seleção e explicação dos conteúdos, organização das atividades, objetivos e escolha de métodos. A APRENDIZAGEM É a atividade de assimilação de conhecimentos e habilidades. Os métodos ou formas de ensinar dependem do conteúdo a ser transmitido e das características de aprendizagem dos sujeitos, pois é preciso se atentar ao conhecimento prévio e às experiências de vida javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) que eles trazem, suas expectativas, o meio sociocultural em que vivem, os materiais didáticos disponíveis e as suas condições de vida. RECOMENDAÇÃO Nesse sentido, para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra com sucesso, é necessário que o profissional identifique as dificuldades dos sujeitos durante a assimilação ativa dos conteúdos e busque procedimentos para que eles próprios superem tais dificuldades e progridam em seu desenvolvimento. As dificuldades que o sujeito pode enfrentar no processo de aprendizagem são inúmeras. Visca (1991) denomina essas dificuldades como obstáculos de aprendizagem e os divide em três tipos: epistêmico, epistemofílico e funcional. O obstáculo de aprendizagem epistêmico refere-se à estrutura cognitiva defasada em relação à idade cronológica. O obstáculo epistemofílico refere-se à falta de amor pelo conhecimento ou ao medo de aprender. O obstáculo funcional corresponde a causas emocionais ou estruturais. Segundo o autor, diante desses obstáculos, surgem os sintomas, causando as dificuldades de aprendizagem, as quais necessitam de um diagnóstico psicopedagógico para descobrir suascausas e propor intervenções com diferentes alternativas ou formas de ensinar. Imagem: Shutterstock.com CONTRIBUIÇÕES DA PEDAGOGIA: A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM A especialista Andresa Aparecida Ferreira fala sobre como o conhecimento e a aprendizagem acontecem desde o nascimento, reconhecendo a natureza social da aprendizagem: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. L. S. VYGOTSKY APRESENTA EM SUA TEORIA O CONCEITO DE ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL (ZDP), COMO UMA FERRAMENTA PARA SE INSTRUMENTALIZAR O ENSINO. CONSIDERE AS SEGUINTES AFIRMATIVAS: I - CRIAR ZDP NO ENSINO É APRESENTAR DESAFIOS ÀS CRIANÇAS PARA ATIVIDADES QUE SE DESENVOLVEM DE FORMA COLABORATIVA. II - O QUE A CRIANÇA SABE FAZER SOZINHA É O MELHOR INDICADOR DE SEU DESENVOLVIMENTO NO CONTEXTO ESCOLAR. III – A CRIANÇA APROVEITA MELHOR A AJUDA DO COLEGA OU DO ADULTO QUANDO TEM CLAREZA DAS FINALIDADES DA TAREFA, ASSIM COMO DO “QUE NÃO SABE” E DO “QUE PRECISA SABER”. PARA ORGANIZAR O ENSINO CONSIDERANDO AS CONTRIBUIÇÕES DA ZDP, FAZ- SE NECESSÁRIO LEVAR EM CONTA O CONTEÚDO: A) Das afirmativas II e III B) Das afirmativas I e III C) Da afirmativa I, apenas D) Da afirmativa II, apenas E) Da afirmativa III, apenas AS CRIANÇAS TÊM CONTATO COM OS NÚMEROS MUITO ANTES DE ENTRAR NA ESCOLA. AS MAIS RECENTES PESQUISAS SOBRE A DIDÁTICA DA MATEMÁTICA E O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO MOSTRAM QUE, SE ESSE CONHECIMENTO FOR LEVADO EM CONSIDERAÇÃO DURANTE O PROCESSO DE ENSINO, A APRENDIZAGEM TORNA-SE MAIS EFICAZ. ESSA AFIRMATIVA ESTÁ EM COERÊNCIA COM QUAL PRÁTICA PEDAGÓGICA ABAIXO? A) Iniciar pela escrita dos números de zero a nove. B) Estimular que o aluno tenha memorizada a tabuada. C) Evitar proposta de operações envolvendo números com dois algarismos. D) Apresentar a escrita do número dez depois da introdução da noção de dezena. E) Encorajar o pensamento sobre as características dos objetos, comparando-os. GABARITO 1. L. S. Vygotsky apresenta em sua teoria o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), como uma ferramenta para se instrumentalizar o ensino. Considere as seguintes afirmativas: I - Criar ZDP no ensino é apresentar desafios às crianças para atividades que se desenvolvem de forma colaborativa. II - O que a criança sabe fazer sozinha é o melhor indicador de seu desenvolvimento no contexto escolar. III – A criança aproveita melhor a ajuda do colega ou do adulto quando tem clareza das finalidades da tarefa, assim como do “que não sabe” e do “que precisa saber”. Para organizar o ensino considerando as contribuições da ZDP, faz-se necessário levar em conta o conteúdo: A alternativa "B " está correta. Segundo o conceito de ZDP na teoria vygotskyana, a criança para passar de um nível de conhecimento real, que é aquilo que ela já sabe, para um nível de conhecimento potencial, que é aquilo que ela é capaz de fazer, deve ser desafiada e contar com o auxílio e a mediação de pessoas mais experientes. As crianças têm contato com os números muito antes de entrar na escola. As mais recentes pesquisas sobre a didática da Matemática e o desenvolvimento do pensamento lógico- matemático mostram que, se esse conhecimento for levado em consideração durante o processo de ensino, a aprendizagem torna-se mais eficaz. Essa afirmativa está em coerência com qual prática pedagógica abaixo? A alternativa "E " está correta. O profissional deve encorajar o pensamento espontâneo e autônomo da criança para que ela possa construir relações entre os objetos e desenvolver seu pensamento lógico-matemático. MÓDULO 3 Identificar o que diferentes áreas do desenvolvimento humano podem oferecer para sua atuação profissional. LIGANDO OS PONTOS Cada vez mais os usos de conhecimentos e práticas transdisciplinares e interdisciplinares para compreender o desenvolvimento infantil são importantes. Vejamos abaixo o caso de Luiz, relatado em artigo publicado por Ferraz, Fragoso e Misquiatti (2013). A criança de 6 anos e 6 meses apresenta algumas dificuldades de fala e relacionamento. Luiz apresenta linguagem oral pouco desenvolvida e emitiu suas primeiras palavras aos 2 anos e 8 meses. Ele se comunica preferencialmente pela fala, respondendo quando solicitado e trocando turnos. Entretanto, é costume que mantenha frases curtas e, às vezes, com uma única palavra. Por vezes, ele apresenta falas sem significado e descontextualizadas e, raramente, inicia uma conversa. Majoritariamente, ele se comunica apontando o que quer, em especial com sua mãe. De maneira geral, Luiz possui fala parcialmente ininteligível e revela distúrbio fonético, fonológico e gagueira. Quanto à funcionalidade de objetos domésticos cotidianos, a criança mostra um bom desempenho. Outro aspecto é que Luiz apresenta comportamentos agressivos durante as sessões terapêuticas, além de dificuldade em simbolizar. A criança também não é capaz de jogar de “faz de conta” e não sabe brincar. Luiz é filho adotivo. A mãe adotiva relatou ter superprotegido a criança pelo fato de esta apresentar disritmia cerebral desde os 2 anos e 8 meses. A superproteção pode ter contribuído para o enfraquecimento de vínculos objetais. Luiz apresenta comportamentos bastante agressivos com colegas de escola, professores e terapeutas. Em geral, se comporta de maneira inadequada para a sua idade e refere-se constantemente a situações relacionadas com a morte de pessoas e animais. Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 1. EMBORA EXISTAM PADRÕES DE DESENVOLVIMENTO, CADA VEZ MAIS OS PROFISSIONAIS ENTENDEM QUE CADA CASO É UM CASO, E QUE É NECESSÁRIO TRATAR CADA CRIANÇA COMO UM INDIVÍDUO ÚNICO. A PARTIR DESSA AFIRMAÇÃO, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) Luiz deve ser isolado das demais crianças, pois apresenta comportamento agressivo. B) A mãe adotiva tem uma parcela de culpa no quadro que a criança apresenta por tê-la superprotegido. C) É importante avaliar o caso de Luiz a partir de diversos aspectos, desde clínicos até afetivos, para que se possam tratar estratégias para seu desenvolvimento. D) Luiz é agressivo porque não foi disciplinado de forma efetiva. E) Luiz deve fazer várias vezes a mesma série escolar até que tenha desenvolvido o bastante para acompanhar as demais crianças. 2. O CASO DE LUIZ REMETE A UM TERMO FUNDAMENTAL NA PRÁTICA PROFISSIONAL: A INCLUSÃO. NESSE SENTIDO, COMO PODEMOS DEFINIR INCLUSÃO CONSIDERANDO O ESPAÇO ESCOLAR? A) É tratar de forma diferenciada e separada dos demais alunos. B) É isolar o indivíduo para que ele possa ser tratado de forma específica. C) É passar tarefas mais fáceis para que ele possa ser capaz de acompanhar. D) É ignorar as necessidades específicas dele, tratando-o como os demais alunos. E) É reconhecer as necessidades dele, respondendo a elas e oferecendo uma educação de qualidade. GABARITO 1. Embora existam padrões de desenvolvimento, cada vez mais os profissionais entendem que cada caso é um caso, e que é necessário tratar cada criança como um indivíduo único. A partir dessa afirmação, assinale a alternativa correta: As alternativas incorretas trazem vários preconceitos acerca da criança que apresenta problemas de desenvolvimento. Crianças agressivas podem ser socializadas e não devem ser isoladas, da mesma forma que não devem se buscar culpados pelo desenvolvimento infantil que não é considerado dentro dos padrões. Luiz não deve ser enquadrado em um padrão único nem ser punido por não se adequar. Ele precisa ser acolhido, e não discriminado. 2. O caso de Luiz remete a um termo fundamental na prática profissional: a inclusão. Nesse sentido, como podemos definir inclusão considerando o espaço escolar? Luiz, como um aluno que precisa e deve ser incluído, deve ter na escola um ambiente de acolhimento, sem renunciar a uma educação de qualidade. Nesse sentido, os profissionais que trabalham com crianças com necessidades diversas precisam traçar estratégias e mobilizar recursos que respondem a essas necessidades, semjulgamentos. GABARITO 3. À LUZ DO CASO DE LUIZ, DESCRITO NO CASE, PODEMOS PENSAR A RESPEITO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA. A EDUCAÇÃO INCLUSIVA PODE SER DEFINIDA COMO A PRÁTICA DA INCLUSÃO DE TODOS INDEPENDENTEMENTE DE SEU TALENTO, DEFICIÊNCIA, ORIGEM SOCIOECONÔMICA OU CULTURAL EM ESCOLAS E SALAS DE AULA PROVEDORAS, ONDE AS NECESSIDADES DESSES ALUNOS SEJAM SATISFEITAS. NESSE SENTIDO, COMO DEVEMOS ENCARAR A EDUCAÇÃO INCLUSIVA DE LUIZ? RESPOSTA A inclusão escolar só é significativa se proporcionar o ingresso e a permanência do aluno na escola com aproveitamento acadêmico, e isso só ocorrerá a partir da atenção às suas peculiaridades de aprendizagem e desenvolvimento. Nesse sentido, as práticas educativas voltadas a Luiz devem objetivar o desenvolvimento da fala, o processo de simbolização, a melhor relação com colegas e terapeutas, entre outros aspectos. Portanto, a educação inclusiva não se restringe à escola, abrangendo a vida cotidiana como um todo. O espaço escolar é sempre múltiplo e não pode ser pensado apenas como um espaço de socialização. Também é necessário um processo terapêutico que leve em consideração o ambiente escolar. CONTRIBUIÇÕES DE OUTRAS ÁREAS javascript:void(0) O processo de aprendizagem, seja o da leitura e escrita, seja o da matemática e outras áreas, é complexo e dinâmico. Para que ele ocorra, lançamos mão das contribuições de várias áreas: Imagem: Shutterstock.com Como a da Psicologia, que nos oferece diferentes correntes teóricas que nos ajudam a pensar o desenvolvimento humano e a construção do conhecimento. Imagem: Shutterstock.com A área da Pedagogia, com suas ferramentas didáticas e a relação que existe entre conteúdo, ensino e aprendizagem. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) No entanto, para compreender o processo de aprendizagem, outras áreas também contribuem para que possamos ter uma visão mais holística. ATENÇÃO Nenhuma área é mais importante que a outra, todas se complementam, trazendo conceitos e estudos que juntos, de maneira entrelaçada, fornecem apoio para interpretar esse dinâmico processo que ocorre para a aprendizagem do ser humano. Os estudos da Sociologia, Linguística, Fonoaudiologia, Psicomotricidade, Medicina e das Neurociências trazem em si aspectos conceituais que podem ajudar o profissional a refletir sobre o processo de aprendizagem e, consequentemente, sobre as dificuldades de aprendizagem das crianças. A SOCIOLOGIA E A LINGUÍSTICA A Sociologia, que surgiu no século XIX, é denominada como a ciência dos fatos sociais, das instituições, dos costumes e das crenças coletivas (ARANHA, 2003). A Sociologia, por se deter nas questões sociopolíticas e culturais, serviu de apoio para grandes teóricos pensarem a educação, como, por exemplo, o grande educador brasileiro Paulo Freire, que tinha como preocupação principal a cultura popular. Tal preocupação consistia em possibilitar uma real participação do povo enquanto sujeito de um processo cultural por meio da educação. PAULO FREIRE Paulo Reglus Neves Freire (1921 – 1997) nasceu em Recife e é reconhecido como Patrono da Educação Brasileira. Esse autor foi um grande educador e pensador que influenciou de maneira significativa a pedagogia a nível mundial, contribuindo no movimento de Pedagogia Crítica. javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com Para Freire, o processo de aprendizagem só será efetivado quando a ação educativa for permeada de uma reflexão sobre o ser humano e seu meio de vida, seu contexto social. Na abordagem freiriana, o ser humano é sujeito da educação. Segundo Freire (1974), é preciso que a educação esteja comprometida a permitir ao homem chegar a ser sujeito, construir-se como pessoa, transformar o mundo e estabelecer com os outros homens relações de reciprocidade, fazendo a cultura e a história. ESSA RELAÇÃO ENTRE HOMEM E SOCIEDADE TAMBÉM É ESTUDADA PELA LINGUÍSTICA, POIS A INTEGRAÇÃO ENTRE POVOS E CULTURAS TROUXE UMA NECESSIDADE DE ESTRUTURAR UM PROCESSO LINGUÍSTICO EM UMA SOCIEDADE CADA VEZ MAIS HETEROGÊNEA. OS ESTUDOS ACERCA DA LINGUAGEM NOS INTERESSAM DEVIDO À RELAÇÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM E PROCESSO DE APRENDIZAGEM. Os estudos da área de Linguística são divididos em: Fonética: diferentes sons empregados na linguagem Fonologia: padrões dos sons básicos da língua Morfologia: estrutura interna das palavras Sintaxe: formação de frases Semântica: sentido das palavras e frases Lexicologia: estudo do uso ou sentido do léxico das palavras Terminologia: conhecimento e análise dos léxicos Estilística: estilo da linguagem Pragmática: uso da oralização Filologia: estudo dos textos e linguagens antigos Essas áreas de estudo da Linguística nos fornecem ferramentas para compreender o desenvolvimento da linguagem e da aquisição da leitura e da escrita, principalmente, no que se refere às áreas da fonética, fonologia e semântica. A LINGUAGEM É OBJETO DE ESTUDO NÃO APENAS DA LINGUÍSTICA, MAS TAMBÉM DE OUTRAS ÁREAS, COMO A FILOSOFIA, A PSICOLOGIA, A BIOLOGIA OU A FONOAUDIOLOGIA, QUE SERÁ ESTUDADA A SEGUIR. A FONOAUDIOLOGIA E A PSICOMOTRICIDADE A Fonoaudiologia é uma área da saúde que trabalha com os diferentes aspectos da comunicação humana. Ela traz inúmeras contribuições para compreender o processo de aprendizagem, como os estudos que envolvem a linguagem e o desenvolvimento e aquisição da leitura e da escrita. ATENÇÃO O trabalho fonoaudiológico, principalmente, da criança em fase escolar, é muito importante quando se trata, por exemplo, de “trocas de letras”, que podem ocorrer tanto na fala quanto na escrita, pela falta de compreensão e decodificação dos sons. A área fonoaudiológica é capaz de promover, aprimorar e prevenir alterações de linguagem oral e escrita, audição, motricidade orofacial e voz, favorecendo e otimizando o processo de ensino e aprendizagem. Foto: Shutterstock.com Por isso, a Fonoaudiologia contribui no sentido de trazer conhecimento a respeito do desenvolvimento da fala e da linguagem. Distúrbios nessas áreas podem ocasionar: FALA ININTELIGÍVEL (TROCA DE SONS NA FALA). DIFICULDADES NA ELABORAÇÃO DE FRASES PARA FALAR OU CONTAR HISTÓRIAS. REPERTÓRIO PEQUENO DE PALAVRAS PARA SUA FAIXA ETÁRIA. DÉFICIT DE MEMÓRIA. Podem ainda prejudicar o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita, caracterizadas pelo processamento mais lento das informações, dificuldades na alfabetização, como na correspondência som- grafia, e dificuldades de acesso ao léxico, ou seja, não reconhecer o significado da palavra. Desse modo, os estudos da área da Fonoaudiologia podem nos ajudar a compreender essas dificuldades e auxiliar na prevenção delas. OUTRA ÁREA QUE TAMBÉM TRAZ CONTRIBUIÇÕES AO PROCESSO DE APRENDIZAGEM É A PSICOMOTRICIDADE. A Psicomotricidade tem como objeto de estudo o homem por meio do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. A Psicomotricidade está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. Ela tem como objetivo ajudar no desenvolvimento e nos distúrbios da integração entre corpo e mente. Para que isso seja possível, segundo Almeida (2008), o trabalho com a Psicomotricidade precisa de vários fatores como: CONCEPÇÃO javascript:void(0) Refere-se ao planejamento do trabalho da Psicomotricidade, o qual precisa de objetivos claros para ser realizado. COMPORTAMENTO Diz respeito à observação, através da qual o profissional deve estar atento às atividades e às relações das crianças para introduzir as práticas com objetivos psicomotores. COMPROMISSO Refere-se ao aproveitamento do tempo de trabalho. MATERIAIS São necessários para ampliar as ações, possibilitar que a criança possa intervir e se relacionar com objetos concretos, tornando o processo educativo mais próximo e
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