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Autores: Profa. Ivy Judensnaider
 Prof. Maurício Manzalli
Colaboradores: Prof. Fabio Gomes da Silva
Prof. Flávio Celso Müller Martin
Prof. Livaldo dos Santos
Economia e Negócios
Professores conteudistas: Ivy Judensnaider / Maurício Felippe Manzalli
Ivy Judensnaider: Economista pela Fundação Armando Álvares Penteado, mestra pela Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo, no Programa de Estudos Pós-Graduados em História da Ciência. Atualmente é professora da 
Universidade Paulista – UNIP nos cursos de Ciências Econômicas e Administração, onde coordena o curso de Ciências 
Econômicas no Campus Marquês (SP). Também atua no setor de publicações, dirigindo a editora eletrônica arScientia, 
e é autora de inúmeros textos de divulgação científica publicados na web.
Maurício Felippe Manzalli: Economista pela Universidade Paulista – UNIP e mestre em Economia Política pela 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atualmente é professor da UNIP nos cursos de Ciências Econômicas 
e Administração e também é coordenador do curso de Ciências Econômicas na mesma universidade. 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
J95 Judensnaider, Ivy 
Economia e Negócios. / Ivy Judensnaider; Maurício Felipe 
Manzalli - São Paulo: Editora Sol.
140 p. il.
Notas: este volume está publicado nos Cadernos de 
Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-015/11, 
ISSN 1517-9230. 
1.Economia 2.Negócios 3.Mercado I.Título
CDU 330.3
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial:
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Batista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Alessandro de Paula
Sumário
Economia e Negócios
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 O QUE É ECONOMIA, AFINAL? .....................................................................................................................11
1.1 Economia: conceito e contexto .......................................................................................................11
1.2. O desenvolvimento da economia enquanto área do saber ............................................... 22
2 FOI SEMPRE ASSIM? ...................................................................................................................................... 26
2.1 Nos dias de hoje .................................................................................................................................... 27
2.1.1 Os bens ........................................................................................................................................................ 27
2.1.2 O fluxo circular da renda e do produto ......................................................................................... 28
2.1.3 A organização da atividade econômica ......................................................................................... 31
2.2 Há muito tempo ................................................................................................................................... 34
3 A ÉTICA DO CAPITAL ....................................................................................................................................... 39
3.1 O empreendedorismo ......................................................................................................................... 39
3.2 A construção histórica do espírito empreendedor ................................................................. 42
4 O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO ..................................................................................................... 47
Unidade II
5 O SISTEMA CAPITALISTA E OS MERCADOS ........................................................................................... 63
5.1 O que são estruturas de mercado?................................................................................................ 63
5.2 Como se formaram os grandes oligopólios? ............................................................................. 67
6 A CRISE DE 1929, O SISTEMA CAPITALISTA E A MÃO VISÍVEL DO ESTADO.............................. 74
6.1 A crise ........................................................................................................................................................ 74
6.2 A intervenção do Estado ................................................................................................................... 78
Unidade III
7 A ECONOMIA E OS NEGÓCIOS NO SÉCULO XX ................................................................................... 90
7.1 A inflação dos anos 1970 .................................................................................................................. 90
7.2 O discurso globalizador ...................................................................................................................... 96
8 O QUE AINDA HÁ PARA DISCUTIR? .......................................................................................................105
8.1 As fronteiras de possibilidade de produção .............................................................................105
8.2 A determinação do ponto de equilíbrio entre oferta e demanda .................................. 110
8.3 Crescimento versus desenvolvimento ........................................................................................ 112
8.4 Estado mínimo versus welfare state ........................................................................................... 117
7
APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
O livro-texto que aqui apresentamos servirá de apoio ao estudo da disciplina Economia e Negócios.
Note que ele está dividido em três unidades. Em cada uma delas você encontrará:
a) Textos explicativos que elucidam a matéria.
b) Resumos do conteúdo estudado;
c) Exercícios comentados;
d) Tópicos para refletir, em que convidamos você a pensar sobre assuntos da atualidade;
e) A seção Saiba Mais, em que indicamos filmes e livros que, de alguma forma, complementam os 
temas investigados. Não deixe de explorar essas sugestões, garantimos que você irá ampliar seu 
conhecimento sobre os temas apresentados e que essa ampliação será extremamente útil, não 
apenas na questão específica da disciplina, mas na sua vida profissional.
f) Os Lembretes – anotações pontuais que o remetem a alguma informação já conhecida– e as Observações 
– apontamentos que chamam sua atenção para algum ponto que merecer ser destacado sobre o assunto 
em desenvolvimento – são recursos que reforçam algumas questões que quisemos salientar.
Cada unidade foi estruturada visando a objetivos específicos. Na Unidade I, você entrará em contato 
com conceitos introdutórios da economia. E, a partir desses conceitos, seráconvidado a refletir sobre a 
importância do conhecimento econômico e sobre a construção histórica do mundo em que vivemos.
O conteúdo dessa unidade é formado por: conceitos relacionados às ciências econômicas e à 
economia de mercado; a importância do estudo da economia; a questão dos recursos escassos versus 
necessidades ilimitadas; os recursos de produção; as perguntas fundamentais: o quê e quanto, como e 
para quem produzir; a categorização de bens; o fluxo circular da renda e de produto; a organização da 
atividade econômica; a transição do feudalismo para a economia de mercado.
Os objetivos dessa unidade também levarão você a entrar em contato com os aspectos históricos 
referentes à construção do mundo dos negócios tal qual o conhecemos hoje. Essa análise vai permitir-
lhe refletir sobre a realidade atual e sobre o ambiente econômico em que vivemos.
O conteúdo dessa unidade, portanto, abrange também: o empreendedorismo; a transição do 
feudalismo para a economia de mercado; as transformações éticas exigidas por um novo tempo; os 
setores da economia; o processo de industrialização e a Revolução Industrial; os autores clássicos.
São objetivos da Unidade II: pô-lo em contato com a formação dos grandes oligopólios. A assimilação 
dessas informações vai permitir-lhe refletir sobre as atuais estruturas de mercado, tanto do ponto de 
8
vista do consumidor quanto da perspectiva do administrador. Você entenderá, ainda, as relações entre 
as crises do capital e as estruturas de mercado, bem como compreenderá o papel do Estado como 
regulador do mercado.
Compõem o conteúdo dessa unidade: as estruturas de mercado: concorrência perfeita, oligopólio, 
monopólio e concorrência monopolista; a crise do capital do final do século XIX; a formação dos grandes 
oligopólios; a teoria marxista e a oposição ao capitalismo; crise de 1929 e a intervenção do Estado na 
economia: a investigação das variáveis macroeconômicas.
Por fim, os objetivos da Unidade III complementam e aprofundam a matéria até aqui apresentada. 
Nessa unidade você poderá compreender o processo de inflação e as dificuldades pelas quais passaram 
todos os países (desenvolvidos e em desenvolvimento) na década de 1970. Você também tomará contato 
com alguns temas da atualidade de grande repercussão que, sabemos, têm influência direta no nosso 
cotidiano, nos nossos empregos e na nossa renda.
Nessa unidade você encontrará o seguinte conteúdo: as variáveis macroeconômicas e as causas da 
inflação; o discurso globalizador; as fronteiras de possibilidades de produção; a determinação do preço 
de equilíbrio; o crescimento versus o desenvolvimento; o Estado mínimo e o welfare state.
Nossa proposta, portanto, não é a de tão somente transferir-lhe um conjunto predeterminado de 
saberes. As escolhas metodológicas e didáticas a partir das quais o livro-texto foi confeccionado incluem 
o aperfeiçoamento do espírito crítico e o desenvolvimento das capacidades e habilidades de produção e 
geração de conhecimento. Dessa forma, você poderá notar que os conteúdos econômicos estão sempre 
entrelaçados aos contextos sócio-históricos que os geraram, bem como aos problemas do cotidiano e 
do ambiente dos negócios.
Esperamos que você aprecie o texto e que, a partir dele, possa conhecer o mundo econômico e seus 
impactos no ambiente de negócios.
Bom trabalho!
INTRODUÇÃO
As necessidades da vida cotidiana implicam o conhecimento de economia por todos, 
independentemente da área profissional ou da formação acadêmica. Assim, qualquer indivíduo 
tem noções de microeconomia e de macroeconomia, mesmo que não saiba exatamente do que 
tratam esses saberes. Em outras palavras, todos nós nos deparamos com aspectos relacionados 
à formação de preços, às estruturas de mercado, às questões de escassez de bens e serviços, à 
inflação, ao desempenho de determinados setores da economia e aos níveis de desenvolvimento 
e crescimento das nações.
As manchetes de jornais evidenciam esta nossa afirmação. Dê uma olhada nos seguintes 
títulos: “Faltam materiais de construção em razão do aquecimento do mercado”; “O setor terciário 
da economia é o que mais cresce”; “O monopólio no fornecimento de matéria-prima poderá 
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ser quebrado”; “As mudanças na tabela progressiva do Imposto de Renda poderão impactar a 
demanda de alimentos”; “A inflação volta a preocupar o Banco Central”. Esses títulos abordam 
aspectos do mundo econômico capazes de provocar profundas influências na vida de todos. Não 
é à toa que cada vez mais os jornais não especializados façam a cobertura do mundo econômico, 
geralmente em cadernos especiais. Da mesma forma, não é à toa que ganhadores do Nobel de 
Economia costumem ter tanto destaque na mídia quanto personalidades do mundo das artes.
É claro que, para efeito desta disciplina, nossa expectativa vai além do conhecimento genérico que a 
população tem sobre o tema econômico. Por isso, vamos ao significado do termo economia, título dado 
ao capítulo inicial desta apostila.
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1 O QUE É ECONOMIA, AFINAL?
Para entendermos do que trata a economia, partiremos do contexto em que se desenrolam as 
relações econômicas. Em especial, vamos nos reportar a um evento ocorrido em passado recente para, a 
partir dele, compreender de que forma o mundo econômico funciona.
1.1 Economia: conceito e contexto
Em outubro de 2008, o mundo foi atingido pela notícia de que uma nova crise econômica assolava 
o planeta, com consequências tão trágicas quanto as da quebra da bolsa americana em 1929. Segundo 
Judensnaider (2009), Delfim Netto, em palestra proferida na Universidade Paulista, opinou que estaríamos 
vivendo mais uma das tantas crises da história do capitalismo. ”O mundo não vai acabar”, nas palavras 
do economista. Do ponto de vista da economia de mercado, isso é absolutamente correto. Ainda de 
acordo com a autora:
Desde o século XVIII, o mundo vem caminhando lentamente para se 
organizar sobre estruturas básicas que são conhecidas como sendo de 
economias de mercado. De forma simplificada, e considerando o período 
dos setecentos até o século XXI, poderíamos identificar três grandes 
momentos de inflexão do capital, a saber, a primeira grande depressão 
do final do século XIX, a grande depressão dos anos 1930 e as crises do 
final da década de 1970.
Em cada uma delas, o sistema de mercado deu um jeito de resolver a 
situação: inicialmente, “avançou” em direção a novos mercados por meio 
de estratégias imperialistas, e que isso tenha acabado em guerra é assunto 
com o qual economistas do mainstream não costumam se preocupar. Na 
de 1930, entre as duas grandes guerras mundiais, o capital, reconhecendo 
a inabilidade das suas mãos invisíveis, atribuiu ao Estado o papel de tirar a 
economia de mercado do imenso buraco em que havia se metido. Depois, 
cansado da imobilidade à qual estava sujeito por força da mão visível do 
Estado, arquitetou o grande discurso da globalização, sedimentando, ao 
longo da trilha, os caminhos para a liberdade do capital através de incursões 
militares em países estrangeiros e da institucionalização de organismos 
financeiros internacionais.
Que mundo econômico é esse e como o instrumental teórico da economia nos permite conhecê-lo 
e nele operar? Vejamos, inicialmente, do que trata a economia.
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Economia é uma palavra derivada do grego oikosnomos (oikos = casa; nomos = lei) e 
representa a administração de uma casa, entendida como um patrimônio particular, uma 
empresa ou um Estado. Dessa forma, a ciência econômica estuda as relações entre famílias, 
empresas e governo para compreender os fenômenos que norteiamo funcionamento do mundo 
em que vivemos. A preocupação central dessa ciência social é a análise da produção de bens e 
da distribuição da renda, dado o problema da escassez de recursos e as necessidades ilimitadas 
dos indivíduos.
Entendido o que é economia, vejamos alguns exemplos de problemas econômicos básicos de nosso 
cotidiano. Por exemplo, a forma como distribuímos nossa renda, proveniente de nosso salário, diante 
da grande quantidade de mercadorias e serviços dos quais necessitamos para a manutenção da vida. 
Apresentado dessa forma, parece bastante simples, pois sabemos o quanto ganhamos, qual nosso salário 
e do que necessitamos durante uma semana, um mês, um ano etc. Vamos, porém, pensar com mais 
calma: para que tenhamos algum salário, torna-se necessária nossa participação em alguma atividade 
produtiva, seja trabalhando em alguma indústria, numa loja de comércio ou prestando algum serviço. 
Além disso, uma série de outras variáveis determinam os modos por meio dos quais distribuiremos nossa 
renda.
 Observação
Quer “visualizar” um exemplo sobre o tema? Então leia a rubrica 
Saiba Mais. Lá indicamos uma comédia muito interessante, que 
retrata os esforços de uma dona de casa para prover sua família e suas 
necessidades peculiares. O enredo proporciona, ainda, uma excelente 
oportunidade para a compreensão dos mecanismos de crédito no 
mundo moderno.
 Saiba mais
Sobre o assunto, sugerimos que veja o filme Rosalie vai às compras. Dir. 
Percy Adlon, 90 minutos, 1989.
Como ilustração, listamos a seguir alguns problemas econômicos que a ciência econômica está 
preocupada em explicar e que interferem no nosso cotidiano:
•	 como a fixação da taxa de câmbio impacta a vida das empresas e a do cidadão comum?
•	 o que ocorre com a renda da população diante de um anúncio do governo sobre uma elevação 
nas taxas de juros?
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•	 por que o preço da gasolina sobe quando um determinado país não tem capacidade suficiente 
para produzi-la?
•	 por que a renda da região Norte-Nordeste de nosso país tende a ser menos concentrada do que a 
renda da região Sul-Sudeste?
•	 por que o PIB de um país cresce conforme a sociedade consome maior quantidade de 
mercadorias?
•	 quais são os fatores explicativos da subida dos preços dos chocolates na proximidade da Páscoa?
•	 por que um governo que gasta mais do que arrecada tem dificuldades de financiar seus déficits?
•	 qual a importância para a vida de cada um dos brasileiros quando um país vende uma empresa 
estatal ao capital internacional?
•	 o que significa inflação?
•	 o que é desemprego?
Aparentemente, cada uma dessas questões em nada impacta nossa vida individual. No entanto, 
pensemos na seguinte situação: em um determinado período, em alguma manchete de jornal impresso 
ou pelos telejornais, é anunciada a seguinte informação: o balanço de pagamentos do ano de 2010 
apresentou superávit de zilhões de reais, e esse superávit é proveniente dos saldos positivos da balança 
comercial, demonstrando que as exportações da economia do país em questão foram maiores que suas 
importações. Mas, por que as exportações foram maiores do que as importações? Podemos levantar 
algumas hipóteses:
1) As exportações desse país foram maiores em 2010, pois nesse ano as empresas nacionais produziram 
uma quantidade maior de mercadorias do que no ano anterior;
2) As exportações desse país foram maiores em 2010, pois nesse ano o consumo por parte dos seus 
habitantes foi menor; assim, uma forma de se desfazer dos estoques de mercadorias produzidas 
foi exportar;
3) As exportações desse país foram maiores em 2010, pois nesse ano o governo adotou medidas que 
favoreceram as exportações, desvalorizando a taxa de câmbio, por exemplo.
Observamos que, para apenas uma pergunta, elaboramos três possíveis respostas que somente 
poderão ser efetivamente consideradas como certas e verdadeiras depois de analisados os números da 
realidade concreta.
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Vejamos outro exemplo. A figura 1, a seguir, mostra-nos a pegada ecológica (área necessária para 
produzir o que consumimos em termos de recursos naturais e absorver as emissões de carbono) que deixamos 
na Terra.
Valor ideal
Região / País --
Pegadas em ha por pessoa 1,8
Se cada pessoa vivesse 
neste padrão, de quantos 
planetas precisaríamos
1
América do Norte USA Canadá América Latina Brasil Argentina
9,4 9,6 7,6 2,0 2,1 2,3
5,22 5,33 4,22 1,11 1,16 1,27
África África do Sul Somália Europa (UE) Alemanha Suécia
1,1 2,3 0,4 4,8 4,5 6,1
0,61 1,27 0,22 2,66 2,56 3,38
Ásia Pacífica Japão China Índia Austrália
1,3 4,4 1,6 0,8 6,6
0,72 2,44 0,88 0,44 3,66
Figura 1 - Pegada ecológica
O que a figura expressa? Ela revela que, quanto maior o crescimento do país, maior é a pegada 
ecológica. Indica que, no caso dos países em desenvolvimento, a pegada ecológica é menor. 
Para podermos concluir algo a respeito dos dados apresentados, podemos levantar algumas 
hipóteses:
 Saiba mais
Sobre a questão desenvolvimento/ecologia/globalização/aquecimento, 
sugerimos que veja o documentário Uma verdade inconveniente. Dir. Davis 
Guggenheim, 100 minutos, 2006.
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 Observação
No documentário indicado, o ex-vice-presidente norte-americano Al 
Gore discute questões relativas ao aquecimento global e apresenta algumas 
ideias sobre sustentabilidade.
 Lembrete
Protocolo de Kyoto (1997) – acordo em que os 189 países signatários se 
comprometem a controlar a emissão de gases que agravam o aquecimento 
global por meio do aumento do efeito estufa. Você deve lembrar-se que os 
Estados Unidos não aceitaram assiná-lo.
1) O crescimento econômico degrada o ambiente;
2) O crescimento econômico não implica condições favoráveis de qualidade de vida;
3) O crescimento econômico é incompatível com a ideia de sustentabilidade a longo prazo.
Novamente, podemos ter várias possíveis respostas que, somente a partir da utilização do positivismo 
e não do lado normativo da economia, serão efetivamente consideradas como corretas se observada a 
realidade, ainda que esses dados devessem ser analisados a partir de determinadas percepções a respeito 
do que significam qualidade de vida e sustentabilidade. Mais: provavelmente teremos que diferenciar 
crescimento de desenvolvimento econômico. É sobre isso, também, que trata a economia. Utilizando a 
contribuição de um renomado economista, Paul Samuelson, chegamos ao seguinte conceito:
Economia é o estudo de como os homens e a sociedade decidem, com ou sem 
a utilização do dinheiro, empregar recursos produtivos escassos, que poderiam 
ter aplicações alternativas, para produzir diversas mercadorias ao longo do 
tempo e distribuí-las para consumo, agora e no futuro, entre diversas pessoas 
e grupos da sociedade. Ela analisa os custos e os benefícios da melhoria das 
configurações de alocação de recursos (SAMUELSON, 1979, p. 3).
Talvez, a partir desse conceito, seja difícil pensar em como os problemas econômicos afetam o 
nosso cotidiano. Vamos, então, partir para uma análise que nos tome, a nós, indivíduos, como base. 
Pense, primeiramente, em sua renda. Se você trabalha, ou seja, se participa de alguma atividade 
produtiva, recebe um salário que chamaremos de renda. Esse seu salário, seja ele qual for, será 
distribuído entre todas as suas necessidades de consumo. Salário é a sua renda, e suas categorias 
de consumo dizem respeito às suas despesas; portanto, estamos descrevendo seu orçamentoparticular.
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Vamos supor que sua renda seja destinada ao pagamento de contas de luz, água, telefone, alimentação, 
moradia, transporte, lazer, vestuário etc. Após alocar sua renda entre todas essas categorias de despesa, 
ainda pode ter sobrado uma parcela que você poupará para consumo futuro.
Mas, agora, você está cursando uma universidade e as mensalidades serão incorporadas a essa cesta 
de consumo, ou seja, o valor das mensalidades concorrerá por uma parcela de sua renda, assim como 
concorre o quanto você gasta com alimentos, moradia, transporte, lazer etc. Nesse caso, você introduziu 
mais uma categoria de gasto para uma mesma renda. Sem pensar muito, para que consiga dar conta 
de efetuar todos os seus pagamentos, você deverá distribuir cada parcela de sua renda para cada um 
de seus gastos. Esse simples exemplo já ilustra uma parte do conceito dado por Samuelson, ou seja, a 
economia estuda o emprego de recursos escassos entre usos alternativos, com o fim de obter 
os melhores resultados.
Nesse exemplo bastante simples – que vale também para a nossa realidade e a de mais uma grande 
quantidade de brasileiros –, o emprego de recursos escassos é ilustrado por nossa renda, e os usos 
alternativos, pela nossa cesta de consumo ou por tudo aquilo em que gastamos nossa renda.
Pensemos agora não mais do ponto de vista individual, mas sim do de uma família formada por pai, 
mãe e filhos, ou seja, uma unidade familial. Essa família precisa ser mantida: vestir-se, alimentar-se, 
morar, locomover-se. Ela tem, conjuntamente, uma cesta de consumo que deve ser atendida por meio 
de uma renda, a renda familiar, já que em nosso exemplo cada um dos membros da família participa 
de alguma atividade produtiva. Portanto, a renda familiar deve dar conta de responder a toda e 
qualquer categoria de gastos da família. Cada entrada de dinheiro será chamada de renda; cada saída 
de dinheiro – quer dizer, os pagamentos efetuados pela família – será denominada despesa. Eis aí 
então o orçamento familiar.
Vamos transferir o foco para as dimensões de uma empresa. Ela pode produzir mercadorias e vendê-las 
diretamente aos seus consumidores. Segundo Ferguson (1983), vários livros-texto conceituam produção 
como a criação de utilidades, em que utilidade significa a capacidade de um bem ou serviço satisfazer a 
uma necessidade humana. Partindo da noção de que as empresas são agentes maximizadores de resultados, 
a Teoria da Firma procura estudar e responder a como as empresas combinam a utilização dos fatores de 
produção necessários à criação de coisas úteis e o quanto gastam para produzir bens e serviços.
Diante disso, pode-se pensar apenas no caso de uma empresa comercial, comprando mercadorias 
produzidas por outras empresas e vendendo diretamente aos consumidores, ou ainda uma prestadora 
de algum serviço. Quando uma empresa produz certa mercadoria – mesas, por exemplo – ela necessita 
de meios de produção, dos bens necessários à execução de sua atividade produtiva. Para produzir 
determinada mercadoria, necessita comprar meios de produção e pagará por essa aquisição. Em nosso 
exemplo simples da produção de mesas, essa empresa hipotética precisa adquirir fórmica, madeira, ferro, 
parafusos, colante, além de dispor de uma grande quantidade de máquinas e ferramentas. Também 
precisa contratar pessoas para trabalhar.
Quando essa empresa adquire os meios de produção, ela tem um custo com a produção. Esse custo 
será dado pela multiplicação de duas variáveis: o preço de cada uma das mercadorias que adquire e as 
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quantidades das mercadorias adquiridas. Portanto, ela tem um custo de produção, uma despesa com 
sua produção.
Imaginando que as empresas não produzem mercadorias para satisfazer suas próprias necessidades 
de consumo, essa empresa empreenderá todos os seus esforços para vender sua produção. Quando essa 
empresa vende o que produz, recebe uma quantidade de dinheiro proveniente da venda. A essa quantidade 
de dinheiro daremos o nome de receita de vendas, que nada mais será do que a multiplicação de duas 
variáveis: o preço da mercadoria e a quantidade de mercadorias vendidas. Então, quando mencionamos 
as receitas e as despesas empresariais, estamos falando do orçamento empresarial.
De forma nítida, estamos tratando de trocas. Empresas produzindo mercadorias para consumo da 
sociedade em troca de recursos – monetários, no caso – a serem aplicados novamente na produção 
de mais mercadorias, e assim por diante. Por outro lado, temos as pessoas trabalhando para empresas, 
indivíduos que, em troca de sua força de trabalho, recebem salário na forma de dinheiro e cujo destino 
é o consumo de mais mercadorias.
Para Jorge e Moreira (1990, p. 27), “qualquer que seja a forma de organização da atividade econômica 
de uma comunidade, (...) seus objetivos são muito semelhantes: busca-se otimizar a satisfação do 
indivíduo, de um lado, e, de outro, maximizar a eficiência produtiva”.
Estamos, portanto, em condições de entender o que é, afinal, economia de mercado.
Economia de mercado é, conforme Jorge e Moreira (1990, p. 29), aquele espaço em que 
impera a propriedade privada dos bens de produção, ao lado de decisões 
sobre o que e quanto produzir, fundamentadas no mercado e nos preços. 
As atividades econômicas são, portanto, dirigidas e controladas unicamente 
por empresas privadas, que competem entre si. Daí a alcunha de ‘economia 
de mercado’, porque o mercado é o habitat natural das empresas.
Segundo Luxemburg (1970), as empresas, em regimes capitalistas de produção, existem não para 
satisfazer as necessidades de consumo da sociedade, mas, sim, para valorizar o capital investido; elas 
existem, portanto, para gerar lucros. Procurarão aumentar as quantidades vendidas de suas mercadorias 
via aumento da produção e, para tanto, procurarão utilizar a menor quantidade possível de recursos. 
Dessa forma, buscarão gastar cada vez menos com a quantidade de meios de produção que adquirem 
para, muitas vezes, aumentar a quantidade de lucros que obtêm. Portanto, as empresas também sofrem 
com a limitação de recursos à disposição diante de suas categorias de despesas.
Já ilustramos o cidadão individual, as famílias e as empresas. E com relação ao governo? Ele, de 
forma muito simplificada, tem algumas obrigações e também alguns direitos.
Por obrigações, deve prover bens públicos como energia, transporte e saneamento básico. Deve 
construir escolas, estradas, hospitais, pagar aposentadorias e pensões, além de uma série de obrigações 
sobre as quais não nos estenderemos neste momento. Ainda, o governo legisla a respeito de questões 
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trabalhistas ou contratuais e também arrecada recursos da população na forma de impostos. Portanto, 
o governo, por meio de sua arrecadação, aufere uma receita. Para prover bens públicos à sociedade, 
esse governo também tem custos com tal provisão, ou seja, ele gasta e tem despesa com sua atividade. 
Tratamos, então, do orçamento do governo, orçamento do setor público, representado por suas receitas 
e despesas.
Da mesma forma que um indivíduo procura organizar da melhor maneira possível seu orçamento 
particular, as famílias também o fazem, assim como as empresas. Com o governo não será diferente: ele 
procurará alocar da melhor forma seus recursos disponíveis diante da grande quantidade de itens de 
gasto que tem à sua frente.
Salvo algumas exceções, não podemos afirmar quenossa família tradicional adquire tudo aquilo de 
que tem vontade. O mesmo ocorre com as empresas e com os governos. Por que não podemos afirmar 
isso? Pelo simples fato da escassez. Qual escassez? A escassez de recursos necessários para a aquisição de 
todas as mercadorias disponíveis ao consumo. Segundo Samuelson (1979), a ciência econômica existe 
para dar conta de responder a um grande problema: o da escassez de recursos frente a uma grande 
quantidade de mercadorias e diante da ilimitada necessidade de consumo dos indivíduos. Portanto, o 
conflito surge da seguinte forma:
Recursos limitados x necessidades ilimitadas
A quais recursos estamos nos referindo? Aos recursos produtivos, também denominados fatores de 
produção. Esses elementos, indispensáveis ao processo produtivo de bens materiais, serão chamados de 
terra, trabalho, capital, tecnologia e capacidade empresarial.
•	 por terra, entendem-se as terras destinadas à agricultura e pecuária, ou seja, terras cultiváveis, 
florestas, minas e outros produtos provenientes da utilização do solo.
•	 por trabalho, entende-se a mão de obra empregada na produção de mercadorias ou na prestação 
de serviços; portanto, o homem.
•	 por capital, entende-se o capital financeiro, ou seja, o dinheiro necessário para dar impulso a 
qualquer empreendimento industrial, comercial ou de qualquer outro tipo. Também consideramos 
como capital as máquinas, os equipamentos e as instalações. Assim, o capital assume duas formas: 
a monetária e a física.
•	 por tecnologia, entendem-se as máquinas e os equipamentos necessários à produção das mais 
diversas mercadorias. Também chamamos de tecnologia as técnicas de produção utilizadas 
pelas empresas, ou seja, o know-how relativo à técnica de produção e ao conhecimento 
científico.
•	 por capacidade empresarial, entendem-se as habilidades e as ações empresariais, quer dizer, os 
atos do empreendedorismo dos empresários ou daquelas pessoas dispostas a empreender um 
novo investimento ou que estão aptas a abrir uma empresa.
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 Observação
Repare que todos os fatores listados são utilizados na produção de bens 
e serviços. Portanto, todo e qualquer tipo de produção depende, em maior 
ou menor grau, de cada fator.
Cada fator de produção tem uma remuneração diferente em termos de denominação, conforme 
podemos ver na figura 2.
Terra
Aluguel
Trabalho
Salário
Capital
Juros
Tecnologia
Direito de propriedade
Capacidade empresarial
Lucros
Figura 2 – Fatores de produção e suas remunerações
Cada um desses fatores de produção – quando empregados na produção de qualquer 
mercadoria – deve receber alguma remuneração. Assim, para Nogami e Passos (2003):
•	 à remuneração do fator de produção terra damos o nome de aluguel.
•	 à remuneração do fator de produção trabalho chamaremos salário.
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•	 o capital recebe sua remuneração sob a forma de juros.
•	 a tecnologia utilizada na produção de mercadorias recebe a remuneração em forma de direito à 
propriedade (royalties).
•	 a capacidade empresarial recebe lucros na forma de remuneração.
Os fatores de produção utilizados na economia são remunerados e a essa remuneração, vista como 
um todo, damos o nome mais amplo de renda.
 Lembrete
Recorde-se de que a questão econômica fundamental reside no problema 
da produção e da distribuição da produção. Essa é uma investigação 
bastante importante na ciência econômica.
Já temos, então, condições de afirmar que a renda de uma sociedade é limitada diante da quantidade 
de categorias de consumo que ela enfrenta. Ademais, as empresas sempre procuram criar mercadorias 
novas que chamem a atenção de novos consumidores, criando novos hábitos de consumo ou produzindo, 
de forma diferente, antigas mercadorias.
Então, estamos diante de um dilema. Como, afinal, administrar os recursos escassos de forma a 
atender às necessidades ilimitadas? Quer dizer, estamos perguntando como responder às seguintes 
questões:
O que e quanto produzir?
Como produzir?
Para quem produzir?
Essas três perguntas básicas, que, à primeira vista, são bastante simples, nos remetem às noções 
de recursos escassos e necessidades ilimitadas. Então, podemos dizer que o problema econômico 
fundamental origina-se da escassez de recursos, objeto de investigação da ciência econômica.
Vejamos. Se as empresas precisam produzir mercadorias como uma forma de remunerar o capital que 
é investido – e isso passa pela venda das mercadorias produzidas –, e se os consumidores precisam, dada 
sua renda escassa ou limitada, alocar de forma eficiente as suas categorias de despesas, então resta às 
empresas produzir mercadorias que são procuradas. Todos os recursos necessários para a produção são 
escassos, assim como o são os recursos que as famílias têm para dar conta de todas as suas necessidades. 
Isso significa que a sociedade, como um todo, deve ser capaz de organizar um sistema que assegure 
a produção de bens e serviços suficientes para a sua sobrevivência. Mais: a sociedade deve ser capaz 
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de ordenar os frutos de sua produção para permitir não só a continuidade da produção, mas também 
a distribuição do resultado da produção de forma equitativa entre todos os seus membros. Como a 
procura por recursos para a produção significa a distribuição dos próprios frutos da produção, a tarefa é 
monumental. Assim, a resolução dos problemas relacionados à produção e à distribuição da produção é 
traduzida no problema econômico fundamental, que gera as três questões anteriormente apresentadas: 
o que e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir?
O que e quanto produzir? Para Nogami e Passos (2003), a questão referente ao que e quanto 
produzir diz respeito a quais mercadorias devem ser produzidas pelas empresas de um país e em 
que quantidades. Responder a esse questionamento significa conhecer o tipo de mercadoria que é 
procurada por uma coletividade e as quantidades dessa mercadoria que são (ou serão) consumidas. É 
mais importante produzir alimentos ou investir em produção energética?
Como produzir? A questão referente ao como produzir diz respeito à mobilização de esforços, ou 
seja, a qual técnica de produção utilizar na produção de determinadas mercadorias. Responder a esse 
questionamento significa conhecer as tecnologias disponíveis: cada mercadoria possui uma técnica de 
produção diferenciada das demais. Umas necessitam de maior quantidade de matéria-prima; outras, de 
maior quantidade de máquinas e equipamentos; outras demandam grande quantidade de mão de obra 
em seu processo de produção. Imaginemos, por exemplo, a diferença entre os processos de produção 
de automóveis e daquele pão francês que compramos na padaria mais próxima de nossa casa. Devem 
ser diferentes. São diferentes. Uma utiliza grande quantidade de robô e tecnologia, enquanto a outra é 
mais intensiva na utilização de mão de obra, trabalho. Afinal, quanto usar de cada recurso disponível, de 
forma a obter o máximo, evitar desperdícios e ter garantida a sustentabilidade da produção? Deve-se 
preferir usar mão de obra intensiva ou é preferível usar máquinas para aumentar a produtividade? 
(BESANKO e BRAEUTIGAM, 2004).
Para quem produzir? A questão referente ao para quem produzir diz respeito às opções políticas 
que, necessariamente, devem ser feitas. A quem priorizar? A qual segmento da sociedade devemos 
atender? De todas as demandas feitas por uma sociedade, qual deve serprioritária e qual deve ser 
postergada? Quem precisa de mais serviços de saúde: a população dos centros urbanos ou da periferia? 
Devemos construir escolas de Ensino Fundamental ou Ensino Médio? Quais são, afinal, as necessidades 
mais prioritárias e a quem devemos atender primeiro? Dessa forma, o como produzir diz respeito à 
alocação de esforços: não basta que homens e mulheres sejam postos a trabalhar; eles devem trabalhar 
nos lugares certos a fim de produzir os bens e serviços de que a sociedade necessite. Assim, além de 
assegurarem uma quantidade suficientemente grande de esforço social, as instituições econômicas da 
sociedade devem garantir uma alocação viável desse esforço social. Dessa forma, a pergunta referente 
ao para quem produzir diz respeito à distribuição do produto (NOGAMI e PASSOS, 2003).
Nem sempre a sociedade obtém êxito na alocação adequada de seus esforços. Ela pode produzir 
carros a mais ou a menos ou dedicar suas necessidades/energias à produção de artigos de luxo, 
enquanto uma grande quantidade de pessoas necessita de alimentos. Esses fracassos podem afetar o 
problema da produção de modo tão sério quanto o fracasso em mobilizar uma quantidade adequada de 
esforços, pois uma sociedade viável deve produzir não apenas bens, mas os bens certos. Não somente 
deve produzir, mas produzir da maneira correta. Não só atender às necessidades, mas atender àquelas 
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mais urgentes e socialmente prioritárias. O ato de produzir, em si e por si mesmo, não responde aos 
requisitos para a sobrevivência. Além disso, a sociedade deve distribuir esses bens para que o processo de 
produção possa ter continuidade. Em outras palavras, se uma sociedade quiser assegurar seu constante 
reaproveitamento material, deverá distribuir sua produção de modo a manter não só a capacidade, mas 
também a disposição de se continuar trabalhando.
Assim, reencontramos o foco da investigação econômica dirigido ao estudo das instituições humanas 
dedicadas à produção e distribuição de riqueza. É disso que se ocupa a ciência econômica. Por meio de 
suas teorias, ela conjuga ideias e definições do objeto a ser investigado, estabelece as condições em que 
cada uma dessas teorias se sustenta para, a partir de argumentos, dar respostas sobre o comportamento 
dos objetos de investigação, ou seja, para construir hipóteses sobre o funcionamento da realidade 
concreta.
Agora, estamos mais habilitados a ilustrar o campo de observação dessa ciência. Ela:
•	 estuda as atividades econômicas que envolvem o emprego de moeda e a troca entre indivíduos, 
empresas e governo;
•	 observa o comportamento das empresas, que produzem de modo eficiente, reduzindo custos para 
obter lucros;
•	 observa o comportamento do consumidor, tendo em vista os preços, a renda de que dispõem e a 
oferta de bens e serviços.
 Lembrete
Retomemos, então, o teor do conceito de Samuelson (1979, p. 3): a 
economia, como ciência, estuda o emprego de recursos escassos entre 
usos alternativos, com o fim de obter os melhores resultados, seja na 
esfera da produção de bens ou na prestação de serviços.
Falta entendermos, finalmente, como essa disciplina se desenvolveu ao longo do tempo e como é 
confundida com o seu próprio objeto, a economia de mercado.
1.2. O desenvolvimento da economia enquanto área do saber
Quando as ciências econômicas passam a existir como área específica do conhecimento e do 
saber? É geralmente aceito pelos economistas que a economia ganha corpo e musculatura com o 
advento da Revolução Industrial e com o desenvolvimento dos mecanismos de mercado de formação 
de preço e alocação dos recursos de produção. Seu estatuto de ciência é estabelecido já no século XIX 
e, desde então, economistas debatem incansavelmente sobre seu objeto de estudo, sua metodologia, 
seu campo de atuação e seus limites, o que só demonstra a vitalidade e a energia desse corpus 
científico.
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Os atos econômicos precedem a existência da economia como ciência. Do ponto de vista antropológico, 
o ser humano vem estabelecendo relações de troca com seu grupo e com a natureza desde sempre, assim o 
fazendo, em parte, para garantir as condições materiais necessárias a sua sobrevivência. Havia, em período 
anterior ao século XVIII (data que marca o nascimento da economia), atividade econômica, e sobre ela foram 
escritas obras e realizados estudos. Por que, então, entender que a economia investiga uma determinada 
forma de organização econômica, qual seja, aquela que resulta das relações existentes no mercado?
 Saiba mais
Quer ver uma obra interessante sobre a evolução da humanidade? Então 
aceite nossa sugestão e assista ao filme A guerra do fogo. Dir. Jean-Jacques 
Annaud, 100 minutos, 1981.
Uma resposta possível é que apenas a partir do nascimento da economia de mercado tornou-se 
possível falar em atos econômicos com interesses e objetivos essencialmente econômicos; as relações 
sociais passaram a ser explicadas em razão de um sistema econômico organizado. Antes disso, seriam as 
relações sociais as variáveis explicativas das formas de produção material. Do ponto de vista histórico, 
Heilbroner (1987, p. 27) afirma que
a humanidade conseguiu resolver os problemas de produção e distribuição de 
três maneiras apenas. Ou seja, dentro da enorme diversidade das instituições 
sociais que guiam e dão forma ao processo econômico, o economista 
descortina apenas três tipos abrangentes de sistemas que, separadamente ou 
em combinação, habilitam a humanidade a resolver seu desafio econômico. 
Esses três grandes tipos sistêmicos podem ser designados como economias 
governadas pela tradição, pelo mando e pelo mercado.
 Observação
A belíssima obra do diretor francês, indicada no Saiba Mais, mostra os 
diferentes estágios do desenvolvimento social da espécie humana. Embora 
ele tenha tomado a liberdade de colocar todos os estágios como se tivessem 
ocorrido simultaneamente, você poderá perceber o valor e a importância 
de cada transformação e o quanto nossa sociedade e nosso modo de viver 
foram historicamente construídos ao longo do tempo.
Antes da economia de mercado, o chefe de família provê sua prole porque isso é o que a sociedade 
espera dele. As trocas se realizam não para o lucro, mas para a sobrevivência material. O governo distribui 
a riqueza para os cidadãos, por que esse é o seu papel. É apenas com o advento do capitalismo que 
os fatores de produção (mão de obra, terra, conhecimento técnico, capacidade empresarial e dinheiro, 
entre outros) não apenas se dirigem ao mercado, mas fazem mesmo parte dele.
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O que fazer, então, com os atos econômicos anteriores às sociedades capitalistas, ou que nelas 
não estejam inseridos? Normalmente são transferidos, como objeto de estudo, para os antropólogos 
econômicos, embora essa transição não ocorra de forma tranquila, nem para os economistas nem 
tampouco para os antropólogos. Digamos então que, para fins desta disciplina, basta não confundirmos 
a economia (ciência) com o próprio sistema de mercado. Não há relação de sinonímia entre as duas. 
Economia é (ou tem a pretensão de ser) a ciência que investiga como fatores escassos de produção são 
alocados para a produção de bens e serviços que se destinam a saciar necessidades ilimitadas. Economia 
de mercado, por outro lado, é a maneira pela qual – nas sociedades capitalistas – a reprodução material 
das sociedades passou a se processar, por meio de instituiçõesorientadas exclusivamente para objetivos 
econômicos, como os mercados (CERQUEIRA, 2001). Nestes, o padrão implica a existência de trocas 
que produzam preços, ou seja, “trocas realizadas como resultado de barganha, de uma negociação, em 
que cada parte é livre para buscar sua vantagem e não tem que se submeter, por exemplo, a preços 
preestabelecidos por algum agente regulador externo” (idem, p. 400). Portanto, compreenderemos que, 
na economia de mercado,
toda a organização da produção é confiada aos mercados, que compõem 
um sistema autorregulado: indivíduos perseguindo apenas seu interesse 
pessoal ofertam e demandam mercadorias, fazendo com que estes bens 
alcancem um preço determinado. As decisões sobre o que e quanto produzir 
serão tomadas com base apenas nos preços informados pelos mercados, que 
sinalizam as expectativas de ganho em cada processo produtivo. Da mesma 
maneira, a distribuição do produto depende apenas de preços, já que eles 
formam os rendimentos de cada indivíduo: aluguel e salários são os preços 
do uso da terra e da força de trabalho; o lucro é a diferença entre o preço do 
produto e os preços dos insumos necessários para sua produção. Em resumo, 
a reprodução material da sociedade depende de que tudo alcance um preço, 
ou seja, se comporte como uma mercadoria, inclusive a terra e o trabalho 
(idem, p. 402).
Em nossa opinião, a economia surge como ciência não apenas porque a estrutura econômica passa 
a ser a de mercado (quer dizer, porque finalmente há o que se investigar), mas porque as condições 
do pensamento científico daquele momento permitem que ela, como um saber, se organize de forma 
sistemática e autônoma, e porque, àquele momento (e, de forma hegemônica, até os dias de hoje), 
o que há para se investigar são justamente as relações que se estabelecem no mercado. Quer dizer 
que, embora isso acrescente dificuldade à investigação econômica, há que se considerar, porém, que 
o sistema de mercado foi historicamente construído, não sendo “uma entidade acima do tempo e do 
espaço” (SILVEIRA, 2007, p. 8). Da mesma forma, os pressupostos comportamentais de racionalidade 
econômica (autointeresse e propensão para o lucro) não são “naturais”, mas socialmente construídos.
Finalmente, há economia sem mercado? Os economistas não são unânimes na resposta a essa 
pergunta, mas, a despeito de ser extremamente interessante, esse debate extrapola os limites da nossa 
disciplina. Assim, assumiremos que, segundo os parâmetros científicos da modernidade, a economia 
nasceu à época de Adam Smith, no século XVIII, sendo Riqueza das nações um texto fundador (e sobre 
o qual falaremos mais adiante), obra que marca “uma mudança na natureza da reflexão sobre os temas 
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econômicos, não tanto pela criação de novos conceitos, mas pelo estabelecimento de um novo arranjo 
dos conceitos, de um novo ponto de vista” (CERQUEIRA, 2001, p. 397).
Fazemos aqui um aparte para citar um dado revelador sobre o crescimento econômico no país mais 
populoso do mundo, a China – nação que, segundo previsão da Comissão Nacional de População e 
Planejamento Familiar, principal agência demográfica chinesa, antes do final de 2015 estará com 1,390 
bilhão de habitantes.
Pois bem, segundo a revista Veja (edição de 16 de agosto de 2010), “a China superou o Japão como a 
segunda maior economia do mundo no segundo trimestre desse ano – e tudo indica que os chineses vão 
se firmar no posto até o fim de 2010. Nos oito primeiros anos do século XXI, o crescimento econômico 
chinês atropelou o japonês. Segundo dados do Banco Mundial, a China cresceu 261% no período, 
enquanto o Japão, apenas 5%”.
 Saiba mais
Se você quiser se aprofundar no assunto, sugerimos a leitura da 
revista eletrônica ComCiência, nº 99, ano 2008. Nessa edição, a publicação 
discute com bastante propriedade as questões relativas à sustentabilidade 
e ao consumo. Disponível em: <http://www.comciencia.br/comciencia/
?section=8&edicao=36>. Acesso em: 23 mar. 2011.
Você sabia que qualquer cidadão pode acompanhar o orçamento da 
União? Se você quiser conhecer como a União planeja e executa as políticas 
públicas e como os recursos financeiros que detém são distribuídos, consulte 
o site do Senado Federal: <http://www9.senado.gov.br/portal/page/portal/
orcamento_senado>. Acesso em: 23 mar. 2011.
Para refletir
Vamos pensar um pouco mais?
Veja as seguintes situações e reflita conforme o sugerido.
Situação – Proposta a redução do ISS para transporte coletivo1.
Tramita na Câmara o Projeto de Lei Complementar (PLP) 24/7, que prevê a redução da alíquota 
máxima do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) incidente sobre serviços de transporte 
coletivo de passageiros.
1Disponível em: <http://www.direito2.com.br/acam/2007/jul/25/proposta-a-reducao-do-iss-para-transporte-
coletivo>. Acesso em: 1º nov. 2010.
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Pela proposta, apresentada pelo deputado Sérgio Brito (PDT-BA), a alíquota será reduzida de 5% para 
2% sobre o serviço referente ao transporte público municipal.
O autor lembra que a alta tributação contribui para a elevação do preço das passagens. “O valor das 
tarifas de transporte urbano no Brasil impede o acesso de muitos brasileiros ao serviço”, disse.
De acordo com estudo da Associação Nacional de Transportes Públicos e do Ministério das Cidades, 
cerca de 35% da população se desloca a pé, muitas vezes por não ter condições para pagar o transporte. 
Além disso, acrescenta o parlamentar, outro estudo mostra que as famílias com renda de até cinco 
salários mínimos chegam a comprometer até 22% de seus ganhos com transporte coletivo.
Proposta: como essa situação pode ser discutida em termos dos três problemas econômicos 
fundamentais (o que produzir, como produzir, para quem produzir)?
Situação – Lixo reciclável recuperado no país ainda é pouco, diz secretário2.
Enquanto cada brasileiro produz, em média, 920 gramas de lixo sólido por dia, a quantidade de lixo 
reciclável que é recuperada, seja na coleta seletiva seja por catadores, chega apenas a 2,8 kg por ano, 
por habitante.
“É um volume baixo em relação ao que é produzido, porque, na verdade, a coleta seletiva atinge 
um percentual só do volume produzido”, afirmou em entrevista o secretário nacional de Saneamento 
Ambiental, Leodegar Tiscoski.
Apesar do baixo índice de coleta seletiva, o secretário disse que a quantidade de lixo produzido 
pode ser considerada boa. “Só que nos países desenvolvidos, esses volumes tendem a diminuir, 
uma vez que já existe uma política de redução da produção de lixo, (...) porque há uma redução 
na produção e há uma seleção prévia desse lixo, do que não vai para o aterro, mas para a 
reciclagem.”
Proposta: como essa situação pode ser discutida em termos dos três problemas econômicos 
fundamentais (o que produzir, como produzir, para quem produzir)?
2 FOI SEMPRE ASSIM?
No mundo em que vivemos, estamos acostumados a ter à nossa disposição vários produtos e serviços 
que atendem às nossas necessidades cada vez mais diversas. Faz parte do nosso cotidiano, portanto, a 
existência de várias alternativas e, mais importante, de várias alternativas para cada uma das espécies 
de produto ou serviço que consumimos. Temos escolhas, em suma. Ainda, entendemos essa situação 
como absolutamente normal, e de tal forma que nem sequer nos questionamos a respeito de como as 
empresas fazem para produzir, distribuir e vender tanta variedade.
2Disponível em: <http://www.empreendedor.com.br/content/quantidade-de-lixo-recicl%C3%A1vel-recuperado-
no-brasil-ainda-%C3%A9-pequena-diz-secret%C3%A1rio>. Acesso em: 1º nov. 2010.
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2.1 Nos dias de hoje
As empresas usam o termo SKU para designar a unidade de manutenção de estoque, quer dizer, para 
identificar cada um dos diferentes itens do estoque que, do ponto de vista da logística, fica associado a 
um código de identificação. Só para que você tenha uma ideia: em artigo publicado em 6 de agosto de 
2010, um site3 dedicado aos negócios de hipermercados afirmou que
a proliferação de itens em alguns mercados já apresenta desafios tanto para 
os supermercados quanto para a indústria, principalmente as que atuam em 
muitos segmentos. Um exemplo é a Unilever, que, globalmente, tomou a 
decisão de reduzir seu portfólio de marcas e versões. (...) Em 2008, a empresa 
tinha mil SKUs. Atualmente tem 850.
É impressionante como a sociedade é capaz de produzir e consumir tantos bens! Mas, afinal, o que 
são bens? E o que são serviços?
2.1.1 Os bens
De uma forma bastante simplificada, dizemos que os bens representam algo material, enquanto 
os serviços representam o intangível. Os bens são divididos entre livres e econômicos. Por bens livres, 
entendemos aqueles que são consumidos sem requerer qualquer contraprestação como pagamento 
por sua utilização. Vamos exemplificar: o ar que respiramos, o sol que nos aquece, a chuva que 
irriga nossas plantações, o vento que movimenta as nuvens. Enfim, há uma infinidade de bens que 
são livres e que, de alguma forma, nos auxiliam na produção de determinadas mercadorias, bem 
como na manutenção da vida das pessoas. Com esses bens não nos preocuparemos, justamente 
pelo motivo de não requererem a contraprestação por seu pagamento. Outro motivo para não nos 
preocuparmos diz respeito ao fato de que existem poucos bens ainda possíveis de serem considerados 
livres. Como afirma Schwarz (2009, p. 43), “a globalidade dos recursos naturais já há muito deixou de 
ser formada por bens livres ou gratuitos, dado terem vindo a assumir, ao longo do tempo, o estatuto 
de mercadorias”4.
Já os bens econômicos serão alvo de especial atenção, pois requerem contraprestação de pagamento 
por sua utilização e são divididos nas seguintes categorias: de consumo, intermediários e de capital.
Os bens de consumo podem ser classificados como duráveis e não duráveis. Um aparelho televisor, por 
exemplo, é categorizado como bem de consumo durável, assim como um automóvel ou um computador. 
Serão considerados bens de consumo não durável aqueles que se destroem enquanto são utilizados, ou 
seja, quando o consumo leva à sua destruição: é o caso de alimentos, roupas, calçados, canetas etc. 
Os bens de consumo duráveis ou não duráveis atendem diretamente as necessidades de consumo da 
sociedade, pois já estão prontos para isso.
3Disponível em: <http://www.elojas.com.pt/artigos/o-que-e-o-sku-de-um-produto>. Acesso em: 1º nov. 2010.
4Disponível em: <http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/egg/v14n3/v14n3a04.pdf>. Acesso em: 1º nov. 2010.
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Os bens intermediários, por sua vez, serão transformados em bens de consumo por meio 
do processo de produção. São exemplos as matérias-primas utilizadas nas mais diferentes 
produções de mercadorias. Para fazer um pão francês, torna-se necessária a utilização de 
meios de produção, de matérias-primas e de bens intermediários. Por exemplo a farinha que, 
juntamente com outros ingredientes e bens intermediários, será transformada em pão. Dessa 
forma, os bens intermediários são utilizados para satisfazer indiretamente as necessidades 
de consumo da sociedade, pois passarão por um processo de transformação até chegarem à 
categoria de bens de consumo, duráveis ou não duráveis.
Finalmente, temos os bens de capital. São máquinas e equipamentos utilizados para produzir outros 
bens e que também atendem indiretamente às necessidades da sociedade.
 Lembrete
Não se esqueça: toda vez que empregarmos a palavra bens estaremos 
nos referindo a bens e serviços.
Conforme afirmamos anteriormente, a ciência econômica, por se preocupar com a escassez 
de recursos diante das necessidades ilimitadas, também é uma ciência voltada aos problemas 
de escolha, ou seja, procura explicar que tipos de mercadoria devem ser produzidos, portanto 
escolhidos, em atendimento às necessidades da sociedade. Não é por outro motivo que foi 
enunciado o problema econômico fundamental: o que e quanto produzir? Como produzir? Para 
quem produzir?
Agora, como decidir qual quantidade de aviões ou de sapatos deve ser produzida? Só de 
aviões e de sapatos vive uma sociedade? Sabemos que não. Então, como isso é resolvido? A 
resolução desse problema passa pela organização da atividade econômica. Antes de explicarmos 
como a atividade econômica é organizada, vamos investigar as relações entre a produção de 
mercadorias e o seu consumo.
2.1.2 O fluxo circular da renda e do produto
Afirmamos, em passagens anteriores, que as empresas produzem mercadorias com o objetivo de 
vendê-las e de, a partir da venda desses produtos, tirar algum proveito de lucro. Para que as empresas 
consigam vender os artigos produzidos, é necessária a existência de consumidores capazes de 
comprá-los; isso somente será possível se eles tiverem recursos suficientes, aos quais já denominamos 
como renda.
Vejamos então na figura 3 o modelo esquemático do fluxo circular da renda que representa o 
funcionamento de uma economia de mercado.
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Gastos ($) (=PIB) Receitas ($) (=PIB)
Mercado de produtos
Bens e serviços 
comprados
Bens e serviços 
vendidos
Fluxo de bens e serviços
Famílias Empresas
Fluxo de dinheiro
Terra, capital, trabalho 
e empreendedorismo
Insumos para 
a produção
Mercado de fatores 
de produção
Renda ($) (=PIB) Salários, aluguéis, 
juros e lucros ($) (PIB)
Modelo do fluxo circular da renda e do produto
Figura 3 – Fluxo circular de renda
Esse fluxo circular de renda, ainda que de maneira bastante simplificada, representa o 
funcionamento de uma economia de mercado. Para Hubbard e O’Brien (2009, p. 106), esse 
modelo:
(...) deixa de fora o importante papel do governo na compra de bens das 
empresas e na realização de pagamentos, como os de seguridade social ou 
seguro-desemprego, para as famílias. A figura também deixa de fora o papel 
exercido pelos bancos, pelos mercados de ações e de títulos de dívida e por 
outras partes do sistema financeiro, que é o de ajudar o fluxo de fundos dos 
credores para os mutuários. A figura também não mostra que alguns bens 
e serviços comprados são produzidos em países estrangeiros e que alguns 
bens e serviços produzidos por empresas domésticas são vendidos para 
famílias estrangeiras.
Outra questão de vital importância: o modelo pressupõe uma economia entre dois setores, ou seja, 
considerando somente o relacionamento de empresas e famílias. Essa é uma simplificação que deve ser 
levada em consideração, já que, conforme afirma Schwarz (2009, p. 41):
A economia deve ser vista como um sistema aberto, embutido na sociedade 
e no ambiente natural, que depende, para seu funcionamento e evolução, 
da existência não só de um quadro organizacional, como de fluxos 
permanentes de materiais, de energia e de informação: matérias-primas, 
combustíveis fósseis, água, ar etc. que são por ela capturados, depois 
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transformados em bens e serviços aptos a satisfazerem asnecessidades 
humanas e, por fim, devolvidos à origem na forma de resíduos sólidos, 
líquidos e gasosos.
Estudemos, portanto, nosso modelo simplificado. As empresas destinam bens e serviços às famílias. 
Dessa forma, as empresas são representadas por todos os produtores ou vendedores de mercadorias, e 
as famílias representam os consumidores de mercadorias.
Como consomem os bens e serviços que são destinados pelas empresas, as famílias também destinam 
algo a estas últimas. Nesse caso, elas geram as receitas das empresas. As receitas representam as formas 
de pagamento dos bens e serviços que são efetuados pelas famílias.
Para que as empresas produzam bens e serviços que serão destinados às famílias, necessitam empregar 
fatores de produção. Elas precisam, então, adquirir terra, trabalho, capital, tecnologia e capacidade 
empresarial, recursos esses que são providos pelas famílias. Estas destinam fatores de produção às 
empresas, e como estas precisam remunerar a utilização desses fatores de produção, também há a 
contrapartida: as empresas fazem a remuneração dos fatores de produção que foram destinados às 
famílias. O total dessa remuneração é denominado renda.
Ordenando então esses movimentos temos:
Empresas destinam bens e serviços para o consumo das famílias → Famílias geram receitas para as 
empresas, provenientes do consumo de bens e serviços → Famílias destinam fatores de produção às 
empresas → Empresas geram renda para as famílias, provenientes da utilização de fatores de produção.
 Observação
Se você conseguir entender o funcionamento do fluxo circular da renda, 
saberá como funciona, de forma genérica, a economia de qualquer país.
Voltemos ao fluxo circular da renda anteriormente apresentado: na linha interna dele há o destino 
de bens e serviços das empresas para as famílias, ao mesmo tempo em que existe também o destino 
de fatores de produção das famílias para as empresas. A essa linha interna chamaremos fluxo real ou 
fluxo de bens e serviços, conforme ali indicado. Na linha externa há a geração de receitas, por parte das 
famílias, para as empresas, ao mesmo tempo em que há a geração, por parte das empresas, de rendas 
para as famílias. Esses movimentos são chamados de fluxo monetário ou, simplificadamente, fluxo de 
dinheiro.
Percebemos, então, que o fluxo monetário complementa o fluxo real, sendo válido também o contrário. 
Nesse fluxo circular da renda apresentamos o relacionamento monetário e real entre empresas e famílias, 
considerando as empresas como produtoras e/ou vendedoras e as famílias como consumidoras. Mas 
temos que pensar também de outra forma.
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As empresas, para produzirem suas mercadorias, necessitam, muitas vezes, adquirir bens 
intermediários ou de capital de outras empresas. Portanto, as empresas, além de serem vendedoras, 
também são compradoras, empreendendo então um relacionamento entre os fluxos monetários e reais 
entre as próprias empresas. Para as famílias vale outro raciocínio, pois elas também destinam fatores 
de produção a outras famílias, empreendendo relação tanto monetária quanto real entre si. No fluxo 
circular da renda, portanto, temos relacionamento empresa-família, empresa-empresa, família-empresa 
e família-família.
No relacionamento empresa-família, as empresas utilizam os fatores de produção das famílias 
e as remuneram por isso. No relacionamento família-empresa, as famílias utilizam os bens e 
os serviços que são produzidos pelas empresas e as remuneram por isso. No relacionamento 
empresa-empresa, as empresas adquirem bens e serviços de outras empresas, gerando receitas 
de umas para as outras. Por fim, no relacionamento família-família, elas adquirem e destinam 
seus fatores de produção de umas para as outras, ensejando então fluxos real e monetário entre 
esses agentes econômicos. Passemos, então, a analisar as formas de organização da sociedade 
econômica, ou, então, a forma em que as sociedades se organizam para poder cumprir o fluxo 
circular da renda.
2.1.3 A organização da atividade econômica
Estabeleceremos aqui duas formas de organização da atividade econômica: uma descentralizada, 
predominante nas economias ocidentais, e uma centralizada, personificada no caso cubano (um dos 
últimos exemplos de economias centralizadas que temos à disposição).
A forma descentralizada, também chamada de economia de mercado, reúne três elementos 
principais: livre iniciativa, presença do Estado e elementos de uma economia capitalista. Vamos examinar 
detidamente cada um desses elementos.
No caso da livre iniciativa, nenhum agente econômico – empresas como produtoras ou vendedoras 
de mercadorias ou famílias como fornecedoras de fatores de produção e consumidores de mercadorias 
– se preocupa em desempenhar o papel de gerenciar o bom funcionamento do sistema de preços. 
Ocupam-se, isso sim, em resolver, isoladamente, seus próprios negócios e sobreviver apenas no ambiente 
concorrencial imposto pelos mercados, tanto na venda e compra de produtos finais como na dos fatores 
de produção.
É um jogo econômico, baseado em sinais dados por preços formados nos diversos mercados. 
Trata-se, no fundo, de um agir egoísta que, no conjunto, resolve inconscientemente os problemas 
básicos da coletividade. Há uma espécie de mão invisível agindo sobre os mercados, operando como um 
coordenador das atividades econômicas e sociais.
A ação conjunta dos indivíduos e das empresas permite que centenas de milhares de mercadorias 
sejam produzidas como um fluxo constante, mais ou menos voluntariamente, sem uma direção central. 
A livre iniciativa ajuda a responder ao problema econômico fundamental: o que e quanto produzir? 
Como produzir? Para quem produzir?
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O que e quanto produzir é decidido pela procura dos consumidores no mercado, ou seja, são 
os consumidores quem dão sinais de mercado às empresas do que elas precisam produzir. Assim, o 
agente principal nesse processo é o consumidor, pois sua atuação determinará quais produtos serão 
produzidos.
Já a questão de como produzir é determinada pela concorrência entre os produtores e pelo emprego 
do método de fabricação mais eficiente ou mais barato, e o produtor mais eficiente derrotará o produtor 
mais ineficiente.
Por fim, a questão para quem produzir será respondida pela oferta e demanda no mercado de fatores 
de produção, ou seja, pelo montante de renda individual.
Voltemos ao fluxo circular da renda anteriormente apresentado. A livre iniciativa opera conforme 
demonstrado pelo fluxo, ou seja, as famílias dão sinais de mercado às empresas do que elas necessitam 
consumir e, portanto, sinalizam o que elas devem produzir. Para tanto, as empresas também dão sinais 
de mercado de que é necessário empregar fatores de produção (terra, trabalho, capital, tecnologia e 
capacidade empresarial) e em quais quantidades.
Dos sinais de mercado, do que produzir e do quanto empregar de fatores de produção, temos a 
determinação dos preços das mercadorias e dos fatores de produção. Portanto, a livre iniciativa também 
pode ser chamada de sistema de preços, ou seja, o fluxo circular da renda (ou o sistema de preços) 
coordena as decisões de milhões de unidades econômicas.
Então, além de o fluxo circular da renda demonstrar os fluxos monetário e real, também 
evidencia a existência de um mercado de bens e de fatores. Sempre que as empresas destinam bens 
e serviços às famílias, estamos trabalhando com um mercado de bens, em que serão estabelecidos 
os preços das mercadorias transacionadas, bem como suas quantidades. E sempre que as famílias 
destinam fatores de produção às empresas, estamos trabalhandocom um mercado de fatores de 
produção, no qual são estabelecidos os preços de tais fatores, bem como as quantidades utilizadas 
pelas empresas.
O sistema de preços determina preços e quantidade de equilíbrio, pois os consumidores 
estabelecem os preços máximos que desejam pagar pelo consumo das mercadorias, ao passo que 
os produtores estabelecem os preços mínimos que desejam remunerar pela utilização dos fatores 
de produção.
Qual o papel do Estado nesse modelo? No que diz respeito à presença, dadas as imperfeições 
apresentadas pelo sistema de preços da livre iniciativa, ele surge para regulamentar essas atividades.
Com relação aos elementos de uma economia capitalista, esse sistema caracteriza-se por 
uma organização econômica baseada na propriedade privada dos meios de produção, isto é, 
dos bens de produção ou de capital. Reunir elementos de uma economia capitalista significa 
aglutinar os elementos que compõem o capitalismo, sistema de capital que se valoriza, que são 
os seguintes:
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•	 capital;
•	 propriedade privada dos meios de produção, dada a existência do capitalista;
•	 divisão do trabalho por meio da especialização do trabalho e da mecanização da produção;
•	 existência da moeda.
Revisando o que foi apresentado anteriormente, podemos dizer que vivemos numa sociedade baseada 
nas trocas, as quais se dão por meio do mercado. Nessa sociedade, o agente busca individualmente 
solucionar o seu problema econômico por meio das trocas. Para isso, ele racionalmente dá em troca à 
sociedade – no mercado – o que detém, recebendo em troca – também no mercado – o que necessita e 
não detém. Ou seja, nessa sociedade, para Smith (1983, p. 50):
não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que 
esperamos nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelo seu próprio 
interesse. Dirigimo-nos não a sua humanidade, mas a sua autoestima, e 
nunca lhes falamos das nossas próprias necessidades, mas das vantagens 
que advirão para eles.
Portanto, nessa sociedade, de forma anárquica – afinal, cada agente cuida de si –, emerge 
o bem-estar coletivo. Uma vez que cada um cuida de si, vemos que a competição é um fator 
inerente e determinante numa economia de mercado: todos os agentes se movimentam pelo 
interesse próprio, fazendo escolhas racionais no intuito de obter mais poder de mercado que 
os demais agentes e, com isso, minimizar as suas restrições na busca da maximização do seu 
benefício individual.
Quanto à segunda forma de organização da atividade econômica, ou seja, a forma centralizada, 
quem responde ao problema econômico fundamental é um órgão planejador central. Apenas para 
dar um exemplo: desde a revolução que destituiu Batista e levou Fidel Castro ao poder cubano, 
é o governo quem decide o que cada um deve produzir e o que cada agente deve consumir. O 
princípio que norteia essas decisões é o socialista, que prevê que cada um deve contribuir/consumir 
de acordo com sua capacidade e seu trabalho. Do ponto de vista prático, as vendas são realizadas 
através de libretas, criadas em 1962, as quais representam o conjunto de mercadorias que podem 
ser consumidas por pessoa. A esse respeito, comenta Piñeda (apud CARCANHOLO e NAKATANI, 
2001, p. 142)5 que
a quantidade e os tipos de produtos foram os seguintes: em todo o 
território nacional, 2 libras de gordura comestível, óleo ou banha de 
porco, ao mês; 6 libras de arroz por pessoa ao mês; 13,5 libras de feijão 
de qualquer tipo, de grão-de-bico, de ervilhas ou de lentilhas, por pessoa, 
nos nove meses seguintes. Na cidade de Havana, (...) uma barra de sabão 
5Disponível em: <http://www.ejournal.unam.mx/pde/pde128/PDE12807.pdf>. Acesso em: 1º nov. 2010.
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por pessoa ao mês; um pacote médio de detergente por pessoa ao mês; 
um sabonete por pessoa ao mês; um tubo grande de creme dental para 
cada duas pessoas ao mês. Na cidade de Havana, três quartos de libra 
de carne de gado por pessoa por semana; 2 libras de frango por pessoa 
ao mês; meia libra de peixe de escama, limpo e em posta, por pessoa ao 
mês; cinco ovos por pessoa ao mês; um litro de leite diário para cada 
criança de menos de sete anos e um litro diário para cada 5 pessoas 
maiores de 7 anos.
A pergunta a ser respondida agora é: qual o tipo de sistema da maior parte das economias nos dias 
de hoje? Dizemos que elas são mistas e que combinam características das economias de mercado e das 
centralizadas. Para Hubbard e O’Brien (2009, p. 66),”uma economia mista ainda é, primordialmente, uma 
economia de mercado, com a maioria das decisões econômicas sendo resultantes da interação entre 
compradores e vendedores em mercados, mas em uma economia mista, o governo desempenha um 
papel significativo na alocação dos recursos”.
 Lembrete
Na economia brasileira de nosso tempo prevalece a economia mista, ou 
economia de mercado, como organizadora das atividades econômicas.
2.2 Há muito tempo
Supermercados, bens de capital e de consumo, economias centralizadas e de mercado. Esse é o 
cenário que vemos nos dias de hoje, mas, é claro, nem sempre foi assim. Como chegamos à sociedade 
de mercado ou à economia de mercado? Se realizarmos uma viagem no tempo e nos percebermos em 
plena Idade Média (aproximadamente do século V ao XV), veremos outro mundo: reis, senhores feudais, 
cavaleiros, servos e clérigos.
Assim estava organizada a sociedade durante o feudalismo, uma estrutura que iria sofrer abalos 
contínuos até se degradar totalmente, num processo que levaria alguns séculos para se completar. 
Do período áureo do feudalismo, a imagem mais lembrada é a do feudo, grande propriedade 
trabalhada por camponeses que aram não apenas a terra arrendada, mas também a do senhor. 
Nesse sistema, o castelo ocupa um lugar de destaque: é nele que mora o senhor e sua família. 
O feudo, unidade autossuficiente, é o espaço em que ocorrem as relações de vassalagem entre o 
servo e o seu senhor.
No sistema feudal, o servo não é um escravo: não pode ser vendido ou ter sua família 
desmembrada; ele faz parte da propriedade e só se transfere se a terra for vendida. O servo muda 
de senhor, mas não de terra, portanto, não pode ser expulso nem dela escapar. A esse respeito, nos 
diz Huberman (1986, p. 10):
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O senhor do feudo, como o servo, não possuía a terra, mas era, ele 
próprio, arrendatário de outro senhor, mais acima na escala. O servo, 
aldeão ou cidadão “arrendava” sua terra do senhor do feudo que, por 
sua vez, “arrendava” a terra de um conde, que já a “arrendara” de um 
duque que, por seu lado, a “arrendara” do rei. E, às vezes, ia ainda mais 
além, e um rei “arrendava” a terra a outro rei! A relação de vassalagem, 
inclusive, é transferida hereditariamente, de pai para filho: o filho será 
servo daquele a quem seu pai e seu avô serviram, isto é, de quem também 
foram servos.
O feudo tem suas próprias regras e leis, que devem ser rigorosamente obedecidas. O senhor feudal 
é quem decide sobre casamentos, litígios e conflitos. Em algumas regiões da Europa, o senhor feudal 
tem o direito “da primeira noite”, ou seja, desvirginar a noiva que more em sua propriedade, ou que será 
esposa de alguém que more nas suas terras. Longe de ser mero capricho, esse direito consagra o seu 
papel de senhor absoluto e também a continuidade da vassalagem por meio da suspeita em relação à 
paternidade dos filhos do servo.
 Saiba mais
Sugerimos, sobre o assunto, o filme Coraçãovalente. Dir. Mel Gibson, 
177 minutos, 1995. O enredo, apesar de algumas imprecisões históricas, 
retrata bem a relação de vassalagem. Relata, ainda, as lutas e os conflitos 
na Escócia do século XIII.
O dinheiro, quando existente, é acumulado de forma improdutiva. Todo o necessário para a 
sobrevivência pode ser produzido dentro do próprio feudo. O comércio é incipiente e ocorre à base de 
escambo: trocam-se mercadorias, sem que o dinheiro necessariamente seja utilizado como meio de 
pagamento ou padrão de referência. Existem, inclusive, várias moedas, cada uma delas vigente numa 
determinada região e sem referência cambial com outras moedas.
 Observação
Repare que o feudalismo também é conhecido como uma forma de 
organização da atividade econômica.
A pergunta que ocorre naturalmente é: como, dessa organização econômica, poderia surgir 
posteriormente algo como o sistema de mercado? Foram vários os fatores que, com o tempo, 
criaram rachaduras e fissuras irreversíveis no sistema feudal. Um deles foi as Cruzadas, expedições 
cristãs armadas em direção ao Oriente cujo objetivo era a reconquista da Terra Santa. Os cruzados 
precisavam de provisões e, ao longo do seu percurso, foram organizados entrepostos comerciais 
e feiras. Aliás, aos poucos, as Cruzadas deixavam de ter apenas um significado religioso para se 
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transformarem em verdadeiras expedições de saque e exploração das cidades comerciais orientais. 
Ao longo dos séculos, cada vez mais esse comércio iria resultar no estabelecimento de grandes 
feiras e, em torno delas, cidades surgiriam. Nesse sentido, acrescenta Huberman (idem, p. 32):
É importante observar a diferença entre os mercados locais semanais dos 
primeiros tempos da Idade Média e essas grandes feiras dos séculos XII ao 
XV. Os mercados eram pequenos, negociando os produtos locais, em sua 
maioria, agrícolas. As feiras, ao contrário, eram imensas e negociavam 
mercadorias por atacado, que provinham de todos os pontos do mundo 
conhecido. A feira era o centro distribuidor onde os grandes mercadores, 
que se diferenciavam dos pequenos revendedores errantes e artesãos locais, 
compravam e vendiam as mercadorias estrangeiras procedentes do Oriente 
e Ocidente, Norte e Sul.
Os senhores feudais, donos das terras onde se realizavam as feiras, recebiam comissões 
pelos negócios lá efetuados: as atividades comerciais eram bem-vindas, porque traziam lucro e 
prosperidade. O crescimento dessas atividades também faria surgir a figura dos trocadores de 
dinheiro, responsáveis pela troca e pelo câmbio entre as várias unidades monetárias. Aos poucos, 
a economia sem mercado transformava-se em economia de vários mercados, já se distanciando 
do sistema autossuficiente dos feudos. Devagar, cindia-se a estrutura feudal de imobilidade 
social: surgiam comerciantes e “banqueiros”, crescia a população urbana, livre das amarras da 
vassalagem e da relação visceral com a terra. Essa população exerceria pressão por leis menos 
arbitrárias do que as do senhor feudal, porque precisava de liberdade para se mover, comerciar, 
vender e comprar. Da mesma forma, o camponês se distanciava do senhor feudal, já que seu 
excedente agora podia ser negociado e transformado em dinheiro. O senhor feudal, que não 
compreendia essa nova realidade, era forçado a conviver com a revolta de trabalhadores nas 
suas terras. A riqueza agora não significava a propriedade possuída, mas o dinheiro amealhado. 
Aliás, a percepção de que a terra seria também mercadoria passível de ser vendida daria o golpe 
de morte no sistema feudal.
Os mercadores se reúnem em corporações, titulares de direitos monopolistas que tratarão de 
normatizar as atividades, comerciais (nas feiras) ou profissionais, e às suas leis os membros estarão 
sujeitos, sob pena de expulsão. Os artesãos e outros profissionais também se organizarão em 
corporações, chamadas de guildas. Estas funcionam como centros nos quais o aprendiz é treinado 
no ofício, segundo as normas e tradições da categoria. Esse treinamento, que chega a durar mais 
de uma década, assegura-lhe o conhecimento das artes secretas do seu ofício, além do direito de 
exercer sua profissão e ter proteção em caso de necessidade. Os meios de produção (ferramentas e 
utensílios necessários para a fabricação das mercadorias) pertencem aos artesãos, que não apenas 
produzem, mas também comercializam o fruto do seu trabalho. O espírito é de fraternidade, e não 
de concorrência: se um membro resolvesse introduzir alguma inovação, todos deveriam ter acesso 
a essa mudança. “Patentes” ou “diferenciais produtivos” são tidos como práticas desleais e passíveis 
de punição. Em guildas, reúnem-se padeiros, pintores, curtidores de couro, ferreiros, açougueiros, 
fruteiros, cirurgiões, jornaleiros, entalhadores, costureiros, sapateiros, e, ainda de acordo com 
Huberman (idem, p. 68):
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Supervisores das corporações faziam viagens regulares de inspeção, 
nas quais examinavam os pesos e as medidas usados pelos membros, os 
tipos de matérias-primas e o caráter do produto acabado. Todo artigo 
era cuidadosamente inspecionado e selado. Essa fiscalização rigorosa era 
considerada necessária para que a honra da corporação não fosse manchada, 
prejudicando com isso os negócios de todos os seus membros. As autoridades 
municipais, por sua vez, a exigiam como proteção ao público. Para maior 
proteção desse público, algumas corporações marcavam seus produtos com 
o “justo preço”.
As guildas acabariam por se desintegrar ao longo do tempo, e o justo preço seria substituído pelo 
preço de mercado, mas, àquele momento, a existência das corporações era o que permitia o exercício da 
atividade artesanal, a sobrevivência dos artesãos nos centros urbanos e a regulação de uma atividade 
que se distanciava, pouco a pouco, das tradições e dos costumes feudais.
Outro fator de fundamental peso no processo de deterioração do sistema feudal foi o surgimento 
das nações. Se o senhor feudal já não dava conta de proteger a população (seu poder havia diminuído 
com a perda de terras, servos e com os gastos de expedições ao Oriente), era necessário que alguém 
tomasse para si a tarefa de funcionar como poder central. Quem o fará será o rei, aliado das cidades 
na luta contra os senhores feudais. Será ele quem arregimentará um exército profissional e tratará 
de armá-lo e treiná-lo. Impostos são instituídos e passam a ser recolhidos, e esse montante servirá 
ao rei para o exercício do seu poder, mesmo que a partir de determinado momento esse seja um 
poder subtraído das próprias cidades e dos comerciantes. Com isso, de acordo com Huberman 
(idem, p. 86):
Os camponeses que desejavam cultivar seus campos, os artesãos que 
pretendiam praticar seu ofício e os mercadores que ambicionavam 
realizar seu comércio – pacificamente – saudaram essa formação de um 
governo central forte, bastante poderoso para substituir os numerosos 
regulamentos locais por um regulamento único, de transformar a desunião 
em unidade.
O rei serve de símbolo para a unidade nacional, e as nações passam a lutar por seus territórios e 
pela formação de sua identidade: língua, moeda e legislação nacionais, conquistas estas que passam 
a ser guiadas e conduzidas pela unidade central de poder. Será o rei também o responsável pelo 
empreendimento ultramarino, de descoberta, povoamento e exploração do Novo Mundo, que fornecerá 
a matéria-prima, depois, para as indústrias nascentes, e que consumirá as mercadorias produzidas nas 
metrópoles.
Falta agora uma nova ética, um conjunto de valores morais que possam nortear e conduzir 
os agentes em direção ao trabalho,à acumulação do capital, ao lucro. É o que discutiremos a 
seguir.
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 Saiba mais
Rembrandt, pintor holandês do século XVII, retratou alguns membros 
dessas corporações.
Na tela A ronda noturna, ele mostra a corporação dos oficiais bacamartes. 
Disponível em: <http://www.uncp.edu/home/rwb/rembrandt_nightwatch>. 
Acesso em: 29 dez. 2010.
Na obra Lição de anatomia do prof. Tulp, a corporação dos 
cirurgiões. Disponível em: <http://www.biol.unlp.edu.ar/images/
anatomia/anatomia-rembrandt.jpg>. Acesso em: 29 dez. 2010.
No quadro Os membros da guilda dos alfaiates, como sugere o 
título, vemos os alfaiates reunidos em seu sindicato. Disponível em: 
<http://www.abcgallery.com/R/rembrandt/rembrandt121.html>. 
Acesso em: 29 dez. 2010.
O próprio Rembrandt foi membro de uma guilda, a dos pintores.
Para refletir
Veja as seguintes situações abaixo e reflita, conforme o sugerido.
Situação – Tradição da agricultura familiar se mantém em Nova Friburgo6.
Gilmar Cardinot e o irmão, Gilberto, formam a quinta geração dos Cardinot em Nova Friburgo. Quando 
o primeiro membro da família chegou da Suíça, no século XIX, trouxe com ele uma tradição: o amor 
pelo campo. O trabalho na lavoura é uma herança que vem da Europa. Tudo é feito em parceria entre os 
irmãos, que também recebem a ajuda de um primo. Para eles, a união no trabalho é sinal de prosperidade. 
O terreno de 14 hectares fica na localidade que leva o nome da família suíça, Cardinot, na zona rural 
de Nova Friburgo. Em torno de 10 produtos são cultivados no local, principalmente hortaliças. Nesse 
período, chegam a colher mais de 900 pés de brócolis por dia. E com tanto trabalho, a ajuda da família 
é essencial para contornar um problema: a dificuldade de encontrar mão de obra.
A agricultura familiar é tradição em Nova Friburgo. A maioria das propriedades é de pequeno e médio 
porte. E corresponde a 90% das lavouras do município, segundo a Secretaria de Agricultura. Uma tendência 
nacional, já que 60% dos alimentos que consumimos são produzidos por agricultores familiares.
Proposta: é possível afirmar que o sistema de tradição desaparecerá, um dia, por completo?
6Disponível em: <http://intertvonline.globo.com/rj/noticias.php?id=9644>. Acesso em: 1º nov. 2010.
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Situação – O que Cuba tem a ensinar7.
O governo cubano anunciou a demissão de 500 mil servidores públicos, o equivalente a 10% da 
força de trabalho total da ilha. Ao mesmo tempo, serão reduzidas as restrições à iniciativa privada, 
justamente para absorver toda essa turma de barnabés. Segundo Havana, o objetivo da medida 
é tornar a economia mais eficiente – uma semana depois de Fidel Castro ter declarado que o 
modelo cubano “não funciona mais nem para Cuba”.
Enquanto isso, a Venezuela de Hugo Chávez, discípulo mais fiel de Fidel, continua estatizando 
avidamente o país. E o Brasil de Lula e Dilma aposta cada vez mais no Estado como agente 
econômico. Como a revolucionária Cuba está mostrando, e a Venezuela chavista já sabe bem, 
esse modelo tem fôlego curto, porque os recursos que deveriam ser investidos em infraestrutura 
são drenados para custear a gigantesca máquina pública. Sem esses investimentos, não é possível 
sustentar o crescimento econômico no longo prazo.
Proposta: é possível afirmar que o sistema de mercado prevalecerá sobre outros modos de 
organização da atividade econômica?
3 A ÉTICA DO CAPITAL
3.1 O empreendedorismo
Um dos empresários mais icônicos do século XX, Bill Gates iniciou sua carreira praticamente 
na garagem de casa. Com um perfil que hoje chamamos de nerd (geniozinho), ele e seu colega 
Paul Allen programavam computadores aos 15 anos de idade, quando esse equipamento era 
utilizado apenas por grandes empresas. Depois de ter entrado e saído de Harvard sem conseguir 
se formar, Gates deu o grande passo na sua vida: convenceu a gigantesca IBM a adotar seu 
software, o MS-DOS, como programa operacional dos computadores pessoais que começavam 
a ser projetados e produzidos. O resto, como se sabe, é história: na última década do século XX, 
Bill Gates já era o homem mais rico do mundo. Apesar da crise de 2008, a Microsoft, empresa 
que ele criou, é uma das maiores do planeta. No quadro 1, podemos compará-la a outros grandes 
conglomerados.
 Saiba mais
Sugerimos, sobre o assunto, o filme Piratas do Vale do Silício. Dir. Martyn 
Burke, 95 minutos, 1999. Originalmente feito para a TV, narra a trajetória de 
Bill Gates e da Microsoft.
7Disponível em: <http://blogs.estadao.com.br/marcos-guterman/o-que-cuba-tem-a-ensinar/>. Acesso em: 1 de 
novembro de 2010.
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Maiores lucros entre empresas de capital aberto
dos Estados Unidos e da América Latina, em 2009
Empresa Setor Lucro líquido(em US$ bilhões) País
1º Exxon Mobil Petróleo e gás 19,280 EUA
2º Petrobras Petróleo e gás 16,645 Brasil
3º Microsoft Corp Software e dados 16,258 EUA
4º Wal Mart Stores Comércio 13,495 EUA
5º Intl Buses Machines Eletrônicos 13,425 EUA
6º Goldman Sachs Bancos 13,385 EUA
7º Procter & Gamble Química 13,050 EUA
8º A&T Telecomunicações 12,843 EUA
9º Wells Fargo Bancos 12,275 EUA
10º Johnson & Johnson Química 12,266 EUA
Quadro 1 – Lucros das empresas de capital aberto, em 2009
Afinal, o que é necessário para ser um grande empreendedor? Quais as características que alguém 
deve reunir para, iniciando a vida profissional em condições extremamente modestas, construir um 
verdadeiro império? Segundo a versão digital da revista Veja, a receita do sucesso de Bill Gates envolve:
a inovação e a visão, que transformaram a sua empresa numa gigante global 
com tentáculos que se estendem por todos os lados. Gates obteve a façanha 
de garantir que a companhia tivesse presença e relevância por toda parte 
dentro do mundo da tecnologia – o que rendeu processos e outras dores de 
cabeça ligadas à acusação de concorrência desleal com seus rivais. A fama de 
querer controlar o mundo digital e ganhar todas as disputas mudou Gates, 
que trocou de tática e tentou melhorar a imagem da companhia desde a 
série de processos. Mas o criador da Microsoft não se acomodou: continuou 
buscando chances de ampliar as atividades e os serviços da empresa8.
Na atualidade, dias de intensa concorrência e competitividade, ser empreendedor é uma 
necessidade. Se novos mercados não forem conquistados, se antigos mercados não forem 
preservados, se os clientes não estiverem satisfeitos, se o concorrente conseguir alguma vantagem, 
se qualquer uma dessas coisas ocorrer, o fracasso é certo e inevitável. Tanto é assim que, na maior 
parte das escolas de economia e administração, as qualidades e competências empreendedoras 
são estimuladas e treinadas. No caso específico da economia brasileira, o espírito empreendedor 
é vital para que possamos recuperar as grandes oportunidades perdidas quando do início da 
globalização: estamos falando da década inflacionária de 1980 e dos reajustes macroeconômicos 
de 1990.
Apesar das imensas dificuldades, ainda assim o Brasil vem obtendo resultados positivos no que diz 
respeito ao empreendedorismo, conforme pode ser visto na tabela 1 que se segue.
8Disponível em: <http://veja.abril.com.br/quem/buffett-gates.shtml>. Acesso em: 1º nov. 2010.
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Empreendedorismo
OBrasil é o quinto país em população 
adulta com empresas estabelecidas 
há mais de 3,5 anos e o décimo em 
empreendimentos novos.
Mais de 42 meses
1º Filipinas
2º Indonésia
3º Tailândia
4º Peru
5º Brasil
 19,7%
 17,6%
 15,2%
12,4%
12,1%
Iniciantes
1º Peru
2º Colômbia
3º Filipinas
4º Jamaica
5º Indonésia
6º China
7º Tailândia
8º Uruguai
9º Austrália
10º Brasil
 40,1%
 22,5%
 20,4%
 20,3%
 19,3%
 16,2%
 15,2%
 12,6%
 12%
11,6%
A maioria dos novos empreendedores opta por atividades já conhecidas e com grande 
concorrência:
Novidade Concorrentes
Empresas estabelecidas Empresas novas Empresas estabelecidas Empresas novas
85,3%
ninguém considera a 
atividade nova
81,3%
ninguém considera a 
atividade nova
73,2%
muitos concorrentes
65,1%
muitos concorrentes
nova para 
alguns
7,1%
nova para 
todos
12,3%
nova para 
todos
6,4%
nova para 
alguns
nenhum 
concorrente
3,2%
nenhum 
concorrente
3,2%
poucos 
concorrentes
23,6%
poucos 
concorrentes
30,5%7,6%
Fonte: Sebrae <http://www.sebraepr.com.br/gc/images/empreendedorismo.gif> Acesso em: 1 nov. 2010.
Tabela 1 – O mapa do empreendedorismo
Se é tão fundamental que sejamos empreendedores, como saber quais competências devemos 
desenvolver? Os vários estudos desenvolvidos por administradores, economistas e psicólogos sociais 
listam algumas características de extrema importância:
O que é um empreendedor? O empreendedor deve ter iniciativa, ser persistente, estar comprometido com 
o seu negócio, exigir qualidade e eficiência, correr riscos calculados, estabelecer metas e buscar informações, 
planejar e monitorar sistematicamente seu empreendimento, manter uma rede de contatos para que novas 
oportunidades possam ser aproveitadas, ser persuasivo, ter independência e autoconfiança.
Fácil, não é? No quadro 2 a seguir, cada uma dessas características é explicada em termos das 
atitudes que as compõem.
Iniciativa Age de maneira proativa. Busca novas oportunidades. Aproveita oportunidades fora do comum, com um comportamento de aceitação de riscos.
Persistência Não desiste diante de dificuldades. Reavalia seus planos. Foca energias na execução de seu plano de ação.
Comprometimento Chama para si a responsabilidade sobre sucessos e fracassos. É um facilitador para sua equipe. Tem visão de futuro.
Exigência de qualidade e 
eficiência
Procura minimizar custos e está atento ao mercado. Procura sempre surpreender seus clientes. Está 
atento a prazos e qualidade de entrega.
Riscos calculados Avalia alternativas e oportunidades. Tem uma boa gestão de resultados. Aceita desafios, mas avalia os riscos.
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Estabelecimento de metas Estabelece e acompanha indicadores de resultados para seu negócio. Tem visão de longo prazo.
Busca de informações Tem um bom acompanhamento de mercado e está próximo ao seu cliente. Conhece seu negócio e 
investiga novas oportunidades. Busca especialistas para orientá-lo em relação ao seu negócio.
Planejamento e 
monitoramento sistemático
Age por etapas para cumprir seu plano de negócio. Adéqua seu plano de negócio às variáveis externas do 
mercado. Busca informações financeiras do passado para orientar o futuro.
Persuasão e rede de 
contatos
Forma rede de contatos e procura utilizá-la no desenvolvimento de seu negócio. Mantém e 
alimenta sua rede de contatos.
Independência e 
autoconfiança
Desenvolve seu negócio de forma autônoma. É uma pessoa otimista e determinada. Sabe aonde 
quer chegar.
Quadro 2 – Características empreendedoras
 Observação
Repare que um empreendedor não nasce pronto. Embora tenha certa 
“inteligência” ou aplique de forma produtiva sua inteligência, algumas 
características devem ser reunidas para se tornar empreendedor.
Acreditamos que, a esta altura, você deverá estar se perguntando: foi sempre assim? Sempre, historicamente, 
agimos em busca do lucro? Fomos sempre empreendedores? Temos que responder a isso negativamente.
3.2 A construção histórica do espírito empreendedor
As ideias de lucro, competição e empreendedorismo foram historicamente construídas. Quer dizer, 
houve um tempo em que não era assim. Para Huberman (1986, p. 47):
A moderna noção de que qualquer transação comercial é lícita desde que seja 
possível realizá-la não fazia parte do pensamento medieval. O homem de negócios 
bem-sucedido de hoje, que compra pelo mínimo e vende pelo máximo, teria sido 
duas vezes excomungado na Idade Média. O comerciante, porque exercia um serviço 
público necessário, tinha direito a uma boa recompensa e a nada mais do que isso.
Portanto, se quisermos compreender como nos transformamos em seres sedentos por sucesso e lucro, 
devemos retroceder à transição de uma sociedade que se baseava na noção do justo preço para outra 
que perseguia o sucesso econômico. É possível supor que tal transição fosse requerer uma mudança 
drástica na maneira de pensar e agir: era necessária uma nova ética. “A suspeita e o constrangimento 
que cercavam as ideias de lucro, mudança e mobilidade social devem dar lugar a novas ideias que 
encorajem essas mesmas atitudes e atividades” (HEILBRONER, 1987, p. 64).
Apenas para que você tenha uma ideia, até o fim da Idade Média a Igreja Católica havia sido a 
responsável pela difusão e manutenção dos valores morais. Apoiada no texto sagrado, ela defendia 
a vida como passagem transitória pela Terra, passagem que apenas deveria servir de preparo para a 
vida na eternidade. Quase como encomenda para aqueles tempos de imobilidade social, ela defendia 
o conformismo às condições dadas. Claro que, embora denunciasse o ganho e a usura, a Igreja era 
depositária de muitas fortunas feudais, mas isso não a impedia de reprovar, e com muita convicção, os 
perigos das “atividades mundanas a que a carne, demasiado fraca, sucumbia” (idem, p. 78).
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Assim, conforme afirma Huberman (1986, p. 47):
A Igreja ensinava que, se o lucro do bolso representava a ruína da alma, 
o bem-estar espiritual é que estava em primeiro lugar. “Que lucro terá o 
homem, se ganhar todo o mundo e perder sua alma?” Se alguém obtivesse 
numa transação mais do que o devido, estaria prejudicando a outrem, e 
isso estava errado. São Tomás de Aquino, o maior pensador religioso da 
Idade Média, condenou a “ambição do ganho”. Embora se admitisse, com 
relutância, que o comércio era útil, os comerciantes não tinham o direito de 
obter numa transação mais do que o justo pelo seu trabalho.
Não apenas era pecado buscar o lucro ou o ganho pessoal, como também trabalhar além do 
necessário para satisfazer as necessidades mais básicas. Quem tivesse o suficiente para viver e, não 
obstante, continuasse a trabalhar incessantemente, “seja para conseguir uma posição social melhor, 
seja para viver mais tarde sem trabalhar, ou para que seus filhos se tornassem homens de riqueza e 
importância – todos esses estavam dominados por uma avareza, sensualidade ou orgulho condenáveis” 
(HUBERMAN, 1986, p. 47).
Mais: a ideia de obter uma vantagem em relação ao seu concorrente (se é que existia esse conceito) 
era simplesmente inimaginável. Como novamente afirma Huberman (idem, p. 67)
Assim como se precaviam da interferência estrangeira em seu monopólio, as 
corporações tinham também o cuidado de evitar, entre si, práticas desonestas 
que pudessem causar prejuízos a terceiros. Nada de competição mortal entre 
amigos, é o que realmente significa o item 3 dos estatutos dos curtidores. 
O membro da corporação não podia furtar um jornaleiro ou o aprendiz de 
seu mestre. Também era tabu a prática comercial, hoje muito difundida, 
de obsequiar o cliente ou suborná-lo paraconseguir realizar um negócio. 
Em 1443, a corporação dos padeiros de Corbie, na França, determinou que 
ninguém daria bebidas ou faria qualquer outra gentileza a fim de vender seu 
pão, sob pena de pagar uma multa de 60 soldos.
Como se pode perceber, a mudança que introduziria uma nova forma de pensar deveria ser ampla e 
irreversível. Aqui, é importante um parêntese: muitos historiadores mencionam a Reforma Protestante 
como condição mais que necessária para a expansão da ética do capitalismo. Nossa posição é outra:
O que explica o desenvolvimento do capitalismo em dado momento histórico? Junto com outros 
fatores já mencionados (urbanização, formação dos Estados nacionais, intensificação do comércio, 
viagens ultramarinas, fortalecimento do poder monárquico, por exemplo), as transformações religiosas 
criariam a sinergia para as mudanças que já estavam ocorrendo e para as mudanças que ainda ocorreriam.
Ou seja, não se trata aqui de uma relação causal simples (Reforma/capitalismo), mas de uma relação 
em que as revoluções religiosas surgiriam no já intrincado mosaico histórico do período como parte 
integrante (e interdependente) de outras relações existentes.
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O que se sabe é que o calvinismo e a Reforma provocaram uma mudança na forma de ver o mundo, 
introduzindo uma nova ética e conclamando a todos para uma nova moral. Encontraremos em Heilbroner 
(1987, p. 79) que
em contraste com os teólogos católicos, propensos a considerar a atividade 
humana como coisa fútil e vã, os calvinistas santificavam e aprovavam o 
esforço humano como uma espécie de indicador de valor espiritual. De fato, 
cresceu entre os calvinistas a ideia de um homem dedicado ao seu trabalho: 
“vocacionado” para ele, por assim dizer. Daí, a fervorosa entrega de cada um a 
sua própria vocação, muito ao contrário de evidenciar um afastamento dos fins 
religiosos, passou a ser considerada uma evidência da dedicação à vida religiosa. 
O comerciante enérgico e empreendedor era, aos olhos calvinistas, um homem 
piedoso, não um ímpio; e desta identificação de trabalho e virtude não foi 
necessário mais que um passo para se desenvolver a noção de que, quanto mais 
bem-sucedido um homem fosse na vida, mais virtuoso e mais valor ele tinha.
Não apenas o trabalho era meritório, e a ele todos deveriam se dedicar. O que essa nova moral prega 
é que a piedade e a virtude podem ser reconhecidas nas formas como se usa a riqueza. Quer dizer: nada 
de luxo, jogos, hábitos faustosos. Se o trabalho é sagrado, sagrado também é o seu fruto, e os homens 
devem viver uma vida ascética, de simplicidade e parcimônia.
[o calvinismo] fez da poupança, da abstinência consciente do usufruto da 
renda, uma virtude. Fez do investimento, do uso da poupança para fins 
produtivos, um instrumento tanto de devoção como de lucro. Justificou 
até, com vários quids e quos, o pagamento de juros. De fato, o calvinismo 
estimulou uma nova concepção de vida econômica. Em lugar do antigo ideal 
de estabilidade social e econômica, de se conhecer e manter o “lugar” de 
cada um, conferiu respeitabilidade a um ideal de luta, de aperfeiçoamento e 
progresso material, de crescimento econômico (idem, p. 80).
Ou, nas palavras de Max Weber (1996, p. 21), que no século XIX estudou a fundo a relação entre a 
religião e o capitalismo (identificando algo que denominou de espírito do capitalismo):
De fato, o summum bonum dessa ética, o ganhar mais e mais dinheiro, 
combinado com o afastamento estrito de todo prazer espontâneo de viver é, 
acima de tudo, completamente isento de qualquer mistura eudemonista, para 
não dizer hedonista; é pensado tão puramente como um fim em si mesmo, 
que do ponto de vista da felicidade ou da utilidade para o indivíduo parece 
algo transcendental e completamente irracional. O homem é dominado 
pela geração de dinheiro, pela aquisição como propósito final da vida. A 
aquisição econômica não mais está subordinada ao homem como um meio 
para a satisfação de suas necessidades materiais. Essa inversão daquilo que 
chamamos de relação natural, tão irracional de um ponto de vista ingênuo, é 
evidentemente um princípio guia do capitalismo, tanto quanto soa estranha 
para todas as pessoas que não estão sob a influência capitalista.
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Estava aberto o caminho para a busca do lucro, para o progresso material, para o desenvolvimento 
capitalista.
 Lembrete
Lembre-se que o capitalismo, enquanto modo de organização da 
produção que se opõe ao feudalismo, é fruto de uma construção e evolução 
histórica.
O garoto empreendedor que criou o Facebook9
Quem poderia imaginar que um estudante de 19 anos pudesse tornar-se bilionário, em cinco anos, 
com um site de relacionamento criado sem maiores pretensões, que era quase um brinquedo? Para 
surpresa do mundo, esse é exatamente o caso de Mark Zuckerberg, o fundador do Facebook. “Tudo 
começou em 2004, quando eu era aluno da Universidade de Harvard. Eu não tinha a menor ideia de que 
o Facebook seria um sucesso mundial ao lançar o site de relacionamento, que era pouco mais do que 
um brinquedo, mas que hoje tem mais de 250 milhões de usuários, 70% deles fora dos Estados Unidos”, 
conta Zuckerberg, que, além de criador, é o executivo principal (CEO) da empresa.
 Saiba mais
Você pode encontrar informações importantes sobre empreendedorismo no 
site do Sebrae (<http://www.sebrae.com.br>. Acesso em: 23 mar. 2011). Lá estão 
disponíveis dados sobre os mais diversos setores, bem como sobre procedimentos 
para se abrir um negócio próprio. Também poderá localizar o Sebrae mais perto 
em sua cidade e contar, pessoalmente, com o auxílio de consultores treinados 
para a abertura de novos negócios ou para negócios já existentes.
Aceite nossa sugestão e veja o filme A rede social. Dir. David Fincher, 117 
minutos, 2010. Ele narra a história da criação do Facebook, dando ênfase 
especial à capacidade de criação, de inventividade e de empreendedorismo 
dos jovens no século XXI.
Para refletir
Vamos pensar um pouco mais?
Importante tópico para discussão acerca dos novos empreendimentos, da busca de novos 
mercados e de lucros crescentes, é o caso das incubadoras de negócios. Para Medeiros (1995), os polos 
9Disponível em: <http://www.ethevaldo.com.br/Generic.aspx?pid=1239>. Acesso em: 1º nov. 2010.
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científico-tecnológicos, ou polos tecnológicos, resultam de quatro componentes: universidades ou 
institutos de pesquisa especializados em pelo menos uma inovação tecnológica; aglomerado de empresas 
do mesmo ramo; projetos de inovação tecnológica apoiados pelo governo e estrutura organizacional 
facilitadora da troca de informações entre empresas, academia e governo.
As empresas que participam dos polos tecnológicos, as chamadas empresas de base tecnológica, 
aproveitam os recursos humanos, os laboratórios e os equipamentos que são pertencentes às instituições 
de ensino. Trata-se de creche ou incubadora de empresas, que abriga os inovadores até superarem as 
barreiras administrativas, técnicas e mercadológicas (Medeiros, 1995) na obtenção de produtividade e 
de competitividade que será medida não só via preço, mas também por um conjunto de fatores, como 
organização da produção, qualidade dos produtos, capacidade técnica e adaptabilidade às condições 
sociais de trabalho (CANO, 1995).
O papel central desses polos tecnológicos é o de aproximar as relações tecnológicas, tanto no âmbito 
nacional quanto no internacional.Não são criados por decreto, mas podem decorrer do estímulo do 
governo e da comunidade científica. Também resultam do interesse dos empreendedores pelo novo 
segmento, desejosos de aproveitar as facilidades das novas tecnologias de comunicação e do menor 
tamanho das empresas. Nesse sentido, ressalta Cano (1995),
representam novos espaços, onde as empresas de base tecnológica crescem 
e se consolidam. Trata-se de um grupo industrial novo, cujas necessidades 
locacionais tendem a ser diversas das existentes nas indústrias antigas.
Considere agora o proposto a seguir:
Situação – Uma incubadora de empresas busca oferecer às pequenas empresas apoio estratégico 
durante os primeiros anos de existência. As primeiras incubadoras de empresas surgiram no Brasil na 
década de 1980 e, desde então, o seu número vem crescendo sensivelmente. Segundo dados da Associação 
Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologia Avançada (Anprotec), existem 
hoje cerca de 150 incubadoras espalhadas pelo Brasil, número que mal chegava a 10 em 1991. Estima-se 
em cerca de 1.100 o número de empresas residentes nessas incubadoras, o que representa a geração 
de aproximadamente 6.100 novos empregos. Basicamente, o objetivo de uma incubadora é reduzir a 
taxa de mortalidade das pequenas empresas. Para isso, as incubadoras oferecem um ambiente flexível 
e encorajador, em que é disponibilizada uma série de facilidades para o surgimento e crescimento de 
novos empreendimentos, a um custo bem menor que o de mercado, na medida em que esses custos são 
rateados e, às vezes, subsidiados. Outra razão para a maior chance de sucesso de empresas instaladas em 
uma incubadora é que o processo de seleção capta os melhores projetos e seleciona os empreendedores 
mais aptos, o que naturalmente amplia as possibilidades de sucesso dessas empresas10.
Proposta: pelo descrito no texto da situação, bem como pelo apresentado anteriormente, quais 
seriam as formas ideais de apoio das incubadoras às pequenas e médias empresas?
10Adaptado de texto disponível em: <http://www.e-commerce.org.br/incubadoras.php>. Acesso em: 1º nov. 2010.
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Leia o texto a seguir.
Situação: concorrência entre celulares inteligentes aperta em 2010, dizem analistas11
A expansão na demanda por celulares inteligentes novos e mais baratos ajudou a alimentar uma recuperação 
no mercado de celulares, como um todo, no final do ano passado, mas a rivalidade por uma participação nesse 
lucrativo negócio será feroz em 2010, com a chegada de muitos fabricantes novos ao mercado.
“O mercado de celulares inteligentes [smartphones] será muito competitivo em 2010”, disse o analista 
Neil Mawston, do grupo de pesquisa Strategy Analytics (SA). “A guerra dos celulares inteligentes será 
boa notícia para os consumidores, mas a feroz competição inevitavelmente pressionará os preços e as 
margens de lucro dos produtores”, disse ele.
Os grupos sul-coreanos Samsung Electronics e LG Electronics, segundo e terceiro maiores fabricantes 
mundiais de celulares, planejam elevar fortemente suas vendas – muito baixas no segmento de celulares 
inteligentes – enquanto novos concorrentes, como Huawei e Dell, reforçam suas linhas.
Proposta: seria possível imaginar tal situação no ambiente da Europa pré-capitalista?
4 O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO
Observe o gráfico e a tabela a seguir. O gráfico 1 mostra, em termos mundiais, o comportamento dos 
setores agropecuário, industrial e de serviços. A tabela 2 indica a distribuição da população brasileira 
por setor da economia.
%100
80
60
40
20
0
1800 1900 2000
Primário
Terciário
Secu
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Gráfico 1 – Setores da economia
11Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u687574.shtml>. Acesso em: 1º nov. 2010.
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Distribuição dos trabalhadores brasileiros pelos setores da economia (em %)
Ano
Setor 1950 1960 1970 1980 1991 2000
Primário 60,7 54,2 44,2 29,9 23,2 20,6
Secundário 13,1 12,7 17,8 24,4 23,8 20,0
Terciário 26,2 33,1 38,0 45,7 53,0 59,4
Fonte: IBGE. Anuário estatístico do Brasil: 2001. Rio de Janeiro: IBGE, 2003.
Tabela 2 – População brasileira por setor da economia
Os setores são o resultado da divisão da economia. Para essa divisão, são utilizados os critérios de 
produtos produzidos e os modos de produção associados a essa produção.
O setor primário reúne a produção realizada por meio da exploração dos recursos da natureza. 
Assim, o setor primário envolve a agricultura, a mineração, o extrativismo vegetal e a pecuária. Como 
você pode perceber, é o setor responsável pela matéria-prima que será utilizada pela indústria. Ter uma 
economia baseada em grande parte no setor primário representa riscos porque, em primeiro lugar, é 
o setor que produz mercadorias que agregam menos valor; em segundo, é um setor que depende das 
condições naturais para que possa se desenvolver; em terceiro, é o setor mais vulnerável à flutuação de 
preços nos mercados internacionais, já que normalmente envolve commodities.
O setor secundário é o da indústria, setor de transformação, responsável pela produção de todos 
os produtos industrializados que consumimos. Geralmente, uma proporção elevada de participação do 
setor secundário em um país revela desenvolvimento econômico, já que a exportação dos produtos 
industrializados é favorecida pelo elevado valor agregado que esses produtos costumam apresentar.
O setor de serviços, que pertence ao setor terciário, corresponde à produção dos bens intangíveis 
sobre os quais já falamos anteriormente: serviços de educação, saúde, bancários, comerciais, entre outros. 
Costumamos distinguir, nesse setor, três subáreas: a) o terciário inferior, que representa o comércio 
varejista e o serviço doméstico; b) o terciário superior, que indica os serviços de bancos e seguros, ou 
seja, que envolvem maior nível técnico; e c) o terciário tecnológico, que abarca serviços tecnológicos 
e de ensino. É evidente que, quanto maior o setor de serviços de uma economia, mais desenvolvida e 
aparelhada ela é do ponto de vista tecnológico.
 Lembrete
Note que há elevada interdependência entre os setores. Cada um deles, 
para poder bem funcionar, depende do bom desempenho dos outros. 
Ademais, há transferência de produção de um para outro.
O que os quadros exibem? O gráfico 1 mostra que o setor primário vem caindo em termos de 
participação desde o século XIX. Também revela que o setor secundário cresceu até a década de 
1960, perdendo importância a partir dessa data. Em contrapartida, percebe-se que o setor de serviços 
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vem crescendo cada vez mais. A tabela 2 repete, com algumas poucas diferenças, a situação descrita 
anteriormente. Observa-se no Brasil a diminuição da participação do setor primário e a transferência 
do setor secundário, em termos de importância, para o setor terciário, que vem crescendo de forma 
consistente e sistemática.
Parece razoável, então, imaginarmos que em algum momento do nosso passado, o processo de 
industrialização foi ganhando o espaço antes reservado à agricultura e às outras atividades extrativas. 
O período em que esse processo efetivamente teve início, e a partir do qual se desenvolveu, é aquele 
que corresponde ao final do século XVIII até o século XIX. Nesse momento, embora as velhas estruturas 
fabris continuassem a conviver com modernas técnicas produtivas (e isso aconteceria por um bom 
tempo), grandes invenções revolucionavama indústria: máquina de fiar, tear mecânico, máquina a 
vapor, lançadeira volante, patentes para técnicas diversas de fundição, bombeamento de minas e obras 
hidráulicas. Todas essas inovações transformariam as atividades das indústrias de lã e siderurgia, embora 
em algumas áreas o trabalho ainda ocorresse em pequenas firmas que empregavam poucos trabalhadores 
(nessas, o empregador não era o grande capitalista, mas o empreiteiro intermediário). A manutenção 
desses padrões de indústria domiciliar, inclusive, significaria demora na consagração de um caráter 
homogêneo da classe trabalhadora, ora envolvida nos processos produtivos das grandes indústrias, ora 
ainda vinculada aos sistemas dos ofícios e pequenas unidades produtoras.
A Revolução Industrial pode ser descrita como “uma série contínua de transformações que perdurou 
além mesmo do século XIX, em vez de ser descrita como uma modificação feita de uma só vez” (DOBB, 
1987, p. 269).
 Observação
É importante salientar que não se deve cometer o erro de entender 
a Revolução Industrial como algo que tenha ocorrido de repente, em 
determinada data, a partir dali tudo se modificando.
É claro que, “uma vez vinda a transformação crucial, o sistema industrial embarcou em toda 
uma série de revoluções na técnica de produção, como traço notável de uma época do capitalismo 
amadurecido” (idem, p. 270). Afinal, as invenções acarretavam especialização do trabalho que, assim 
dividido, possibilitava inovações. Em resumo, podemos descrever a Revolução Industrial como um 
processo cumulativo e irreversível em termos de produtividade, concentração da produção, acumulação 
e propriedade do capital.
Por que ela ocorre inicialmente na Inglaterra? Muitos são os fatores: o país havia enriquecido 
enormemente com o comércio e a pirataria, e a riqueza encontrava-se distribuída entre a burguesia 
comercial. Além disso, o cercamento das terras transformara o que antes era feudo ancestral em fonte 
de retorno, em recurso de produção, e foi a forma como “a Inglaterra ‘racionalizou’ sua agricultura e 
finalmente escapou da ineficiência do sistema manorial tradicional” (HEILBRONER e MILBERG, 2008, p. 
67). Ainda, com a expulsão dos arrendatários e camponeses, o cercamento acabaria por fornecer a mão 
de obra para as fábricas e manufaturas, bem como os consumidores para os produtos então fabricados 
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e colocados à venda. De fato, além do extraordinário desenvolvimento na ciência e na engenharia que 
tem lugar na Inglaterra, outra série de fatores ainda pode explicar a origem da Revolução Industrial 
ali:
alguns são tão fortuitos quanto os imensos recursos das minas de 
carvão e ferro existentes em solo inglês; outros tão propositais quanto 
o desenvolvimento de um sistema nacional de patentes que, de forma 
deliberada, estimulou e protegeu o próprio ato de inventar. Iniciada a 
revolução, ela se autoalimentou. As novas técnicas (em especial na indústria 
têxtil) simplesmente acabaram com a concorrência do fabrico artesanal no 
mundo, aumentando assim de forma inimaginável os próprios mercados 
(idem, p. 83).
 Saiba mais
Os filmes Elizabeth, Dir. Shekhar Kapur, 125 minutos, 1998, e Elizabeth, a 
era de ouro, Dir. Shekhar Kapur, 114 minutos, 2007 são sugestões excelentes 
sobre o assunto. Em ambos é tratada a questão religiosa na Inglaterra, bem 
como são retratados os esforços para que o país alcançasse o crescimento 
e a riqueza por meio das ações de um poder central: a rainha.
Sobre esse período, há farta documentação: “o século da imprensa ao alcance de todos e da disseminação 
quase universal da alfabetização nos legou fontes documentárias de uma abundância até agora superior 
à de qualquer outro século anterior” (DOBB, 1987, p. 257), embora a complexidade da sociedade e do 
mundo resultantes da Revolução Industrial introduzam dificuldades imensas ao trabalho do historiador 
econômico. De forma resumida, aquele seria o século em que se organizariam estruturas sociais bastante 
específicas, a população aumentaria (principalmente em função da queda da mortalidade resultante das 
melhorias nas técnicas de saúde pública), o mercado se expandiria por meio da divisão do trabalho e dos 
acréscimos na produtividade, as invenções transformariam as cidades e a produção.
O desenvolvimento científico também era notável e as sociedades destinadas ao culto e transmissão 
do saber se espalhavam por toda a Europa. Embora, durante muito tempo, tenha prevalecido na história 
econômica geral certa “leitura” que manteve indústria e universidade em esferas distintas, algumas evidências 
apontam para a existência de uma estreita relação entre elas, em especial na Inglaterra, “local de um 
entusiasmo peculiar pela ciência e engenharia” (idem, p. 83): será lá, por exemplo, que surgirão a Royal 
Society (presidida por Isaac Newton) e a Philosophical Society of Edinburgh, inaugurada em 1737, e que tinha 
entre seus mantenedores e membros vários grandes proprietários de terra. Afinal, “não menos importante foi 
o entusiasmo da aristocracia inglesa da terra pela agricultura científica: os donos de terra ingleses deixaram 
claro um interesse em questões como rotatividade das colheitas e fertilizantes” (ibidem).
Quanto ao perfil das instituições bancárias naquele instante, temos duas interpretações distintas: 
uma, que privilegia o papel da atividade bancária comercial; outra, que reconhece a importância das 
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operações financeiras dos bancos, especialmente no tocante às operações de crédito para industriais 
e empresários. De qualquer forma, deve-se reconhecer: não havia ainda o conceito dos bancos como 
agentes para captação de poupança e recursos com o objetivo explícito de agenciar fundos para 
investimentos. O capital era acumulado e as indústrias cresciam, mas isso ocorria porque os salários 
eram mantidos em patamares extremamente baixos e porque “agricultores donos de terra e fabricantes 
prósperos (apesar de toda sua ostentação) foram, sem dúvida, poupadores importantes, que abriram 
caminho para que quantias substanciais fossem colocadas em mais e novos investimentos de capital” 
(idem, p. 95).
Entre 1775 e 1875, o mundo experimentou um “vasto boom secular”, caracterizado por progresso 
econômico, embora desigual se comparados países ou mesmo diferentes setores industriais. Os 
trabalhadores passaram a se concentrar num só lugar, a fábrica; o processo de produção transformou-se 
em coletivo; o trabalho passou a ser meio mecânico, meio humano. Do operário não era mais esperada 
vontade própria ou aptidão especial (como nos velhos tempos, em que a ferramenta era passiva nas 
mãos do trabalhador), mas tão somente a destreza e obediência às exigências das máquinas. Também, 
segundo Dobb (1987, p. 262),
era agora necessário capital para financiar o equipamento complexo 
requerido pelo novo tipo de unidade de produção; e criara-se um papel para 
um tipo novo de capitalista, não mais apenas como usuário ou comerciante 
em sua loja ou armazém, mas como capitão de indústria, organizador e 
planejador das operações da unidade de produção, corporificação de uma 
disciplina autoritária sobre um exército de trabalhadores que, destituídos 
de sua cidadania econômica, tinham de ser coagidos ao cumprimento de 
seus deveres onerosos a serviço alheio pelo açoite alternado da fome e do 
supervisor do patrão.
 Saiba mais
Sobre o assunto, veja o filme Tempos modernos. Dir. Charles Chaplin, 
87 minutos, 1936. Obra-prima de Chaplin, o filme mostra, com humor e 
elegância, a submissão do homem à máquina por causa do processo de 
industrialização. É um clássico imperdível!
As invençõesse entrelaçavam com as necessidades prementes das indústrias e, impulsionadas pelo 
espírito prático e comercial dos capitalistas, mudavam a feição da economia e das estruturas sociais. 
O aumento populacional e a crescente proletarização tornariam a força de trabalho não apenas uma 
mercadoria, mas uma mercadoria disponível e disposta a se empregar em troca de salários que permitissem 
a sobrevivência, mesmo que em condições não exatamente favoráveis. Os cercamentos de terra e o êxodo 
da população rural também engrossariam as fileiras de trabalhadores dispostos a se empregar nas grandes 
indústrias e, posteriormente, as invenções que economizam tempo e trabalho já superavam a expansão do 
exército proletário. A acumulação do capital, portanto, excedia o crescimento da oferta de trabalho.
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O uso intensivo nas fábricas de maquinário – resultado de um incessante processo de inovação 
tecnológica – e a expansão de uma classe trabalhadora, explorada e assalariada, configuravam uma 
crescente atividade econômica já bem distante da economia comercial e mercantil dos séculos XVII e 
XVIII. Nada nesse novo mundo parecia justificar algo além de um profundo e imenso pessimismo em 
relação ao “progresso” da sociedade e à “evolução” da humanidade (pessimismo esse visível nas obras 
de Malthus e Ricardo), mas alguns viam no cenário oitocentista motivos para otimismo e esperança de 
dias melhores e de um futuro mais promissor.
 Saiba mais
Sugerimos a leitura das obras de Charles Dickens. O autor, de forma 
magnífica, soube mostrar a Inglaterra pobre e miserável do século XIX. 
Entre seus livros recomendamos Tempos difíceis e Oliver Twist. Este último, 
com o mesmo nome, foi transformado em filme. Dir. Roman Polanski, 130 
minutos, 2005.
Ao mesmo tempo em que as degradadas e imundas cidades inglesas viam circular trabalhadores 
esfomeados e que viviam em condições totalmente insalubres, ao mesmo tempo em que pensadores 
e a elite empresarial discutiam o terrível futuro que aguardava a humanidade (em especial, a fome 
resultante da explosão populacional e da escassez de terras aráveis e produtivas), outros pensadores e 
capitalistas buscavam alternativas que confirmassem a possível existência de um sistema social justo 
dentro (e a partir do) contexto de industrialização e da economia de mercado.
Numa época em que se transpirava a crença na ideia do progresso, essas alternativas podiam tanto 
incluir sonhos extravagantes quanto projetos – às vezes mais, outras menos – mirabolantes. Saint-Simon 
e seus seguidores pregariam a construção de uma pirâmide social em que se ganharia em função do 
trabalho útil para a sociedade. Fourier escreveria sobre as falanges, locais parecidos com hotéis, onde todos 
viveriam e “todos teriam que trabalhar, é claro, porém poucas horas por dia. Mas ninguém tentaria escapar 
do trabalho, porque cada qual estaria fazendo o que mais gostava” (HEILBRONER, 1996, p. 118).
Exemplos de iniciativas mais “pragmáticas” incluiriam, por exemplo, a fábrica de Nova Lanark, 
localizada nas redondezas de Glasgow, de propriedade de Robert Owen (1771-1858). Capitalista, Owen 
mostrava ojeriza ao uso do dinheiro e à propriedade privada (e esse ódio à propriedade privada também 
seria visível entre os seguidores de Saint-Simon) e, posteriormente, também proporia a criação das 
aldeias de cooperação, comunidades de pobres onde estes poderiam se tornar “produtores de riqueza se 
tivessem chance de trabalhar e seus hábitos sociais deploráveis podiam se transformar com facilidade 
em hábitos virtuosos sob a influência de um ambiente decente” (ibidem).
Finalmente, o pensamento econômico (entendido como a maneira pela qual o homem tenta 
compreender as relações de produção dentro dos processos de geração, distribuição e circulação de 
riqueza) refletiria essas transformações. Ou melhor, procuraria compreender e analisar a renda da terra, 
os salários, os lucros, as taxas de juros, as melhores formas de administrar a riqueza de uma nação. 
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Não à toa, nasce nesse instante a economia política. Formada a partir das elucubrações dos filósofos 
europeus imersos no ambiente do Iluminismo, essa área do saber ganha status de ciência com as obras 
de Cantillon (Ensaio sobre a natureza do comércio, 1763) e Adam Smith (A riqueza das nações, 1776).
Os primeiros modelos econômicos dignos de tal nome apareceram na França a partir de 1758, nas 
obras dos fisiocratas. O Quadro econômico, de Quesnay, é considerado o primeiro modelo de fluxo 
de renda da história do pensamento econômico. O autor, curiosamente, era médico: sua teoria sobre 
fluxo da moeda trazia para o campo da atividade econômica as regras da circulação do sangue no 
corpo humano. O que acontecia no macrocosmo repetia-se no microcosmo, e a mesma ordem natural 
responsável por manter os planetas no céu também cuidaria da harmonia econômica terrestre. Até 
mesmo por inspiração dessas obras, e para com elas dialogar e se opor, Adam Smith (1723-1790) buscou 
sistematizar o conhecimento até então desenvolvido a respeito da riqueza.
 Observação
Smith transformou A riqueza das nações no primeiro manual de 
economia política que reunia desde a teoria do valor até os mais sofisticados 
conceitos de política comercial externa à época.
 Saiba mais
Se você quiser se aprofundar no assunto, sugerimos a leitura do texto 
A mão invisível de Júpiter e o método newtoniano de Smith, de Hugo E. 
A. da Gama Cerqueira. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/ee/v36n4/
a01v36n4.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2011.
Ainda que valorizado pela capacidade de sintetizar conceitos de outros autores, faltou originalidade 
a Smith em conceitos como o da divisão do trabalho e o das vantagens absolutas do comércio exterior.
É importante salientar que essas primeiras obras, ou da fisiocracia ou dos clássicos, surgem em 
oposição ao pensamento mercantilista então vigente. O mercantilismo dizia respeito às doutrinas 
preconizadas pelos Estados nacionais em relação à origem da riqueza, bem como às melhores condutas 
para a expansão econômica e militar. Para os mercantilistas, a origem da riqueza estava no acúmulo 
de ouro e prata. Com as exportações, conseguia-se metal; as importações, ao contrário, significavam o 
envio de metal para outras nações. Como uma determinada nação poderia conseguir esse superávit? 
Quanto mais poderosa ela fosse, quanto mais rotas comerciais estivessem sob o seu domínio, quanto 
maior a dependência de suas colônias em relação à metrópole, tanto maiores seriam as possibilidades 
de acumular ouro e prata (BRUE, 2006).
É claro que essa política requeria um Estado forte. Também necessitava do espírito nacionalista e de um 
conjunto de instituições militares capazes de dar conta da ação expansionista. Segundo Brue (2006, p. 14), 
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“armadas poderosas e frotas mercantes eram um requisito absoluto”. Um governo centralizado bastante 
forte era outra exigência: fazia-se necessário um controle governamental rigoroso para dar conta das 
políticas e das metas mercantilistas, esse controle tornando-se visível através da concessão de monopólios, 
da edição de leis protecionistas e da elaboração e fiscalização de normas que regulamentassem a produção 
e a distribuição de mercadorias. As importações eram rigorosamente controladas, quando não proibidas, 
e a fixação de preços dos produtos nacionais no mercado interno obedecia às exigências da política 
mercantilista.Pedágios, impostos e regulamentações eram instrumentos de ação do Estado, tendo em vista 
o acúmulo de metal. “Os mercantilistas não eram a favor do livre-comércio interno, no sentido de permitir 
às pessoas se envolverem em qualquer comércio que desejassem. Pelo contrário, preferiam concessões de 
monopólio e privilégios comerciais exclusivos, sempre que pudessem obtê-los” (idem, p. 15).
Em oposição ao mercantilismo, os fisiocratas combaterão as práticas mercantilistas. A oposição 
ocorre principalmente em relação ao excesso de regulamentação e de normatização representado pela 
ação governamental, tão necessário para pôr em prática a política expansionista e acumuladora de 
metal precioso. São os fisiocratas que introduzirão (ao menos no campo econômico) a ideia de ordem 
natural. Até por influência da mecânica newtoniana, acreditava-se numa ordem da natureza que se 
responsabilizaria por manter tudo em equilíbrio. A oposição ardorosa à regulamentação e intervenção 
do Estado na economia explica o lema fisiocrata: laissez-faire, laissez-passer (deixe fazer, deixe passar). 
Portanto,
os governos nunca deveriam estender sua interferência nos assuntos 
econômicos além do mínimo absolutamente essencial para proteger a 
vida e a propriedade e para manter a liberdade de adquirir. Assim, os 
fisiocratas se opunham a quase todas as restrições feudais, mercantilistas e 
governamentais, favorecendo a liberdade do comércio interno, bem como o 
livre-comércio exterior (idem, p. 35).
Finalmente, é importante salientar a importância que a agricultura tem no pensamento fisiocrático: 
é ela a responsável pela produção de riqueza através da geração de excedente, sendo o comércio e a 
indústrias estéreis, apesar de úteis.
São os pensadores clássicos que irão consagrar uma forma de “ler” economia diferente da de seus 
antecessores. As preocupações desses primeiros glosadores podem, de acordo com os historiadores do 
pensamento econômico, resumir-se a três categorias: produção, distribuição e circulação de riqueza. 
Consolidou-se, também a partir da escola clássica, a concepção de uma riqueza nacional como 
decorrência evidente da própria consolidação do Estado burguês na Europa oitocentista. O debate sobre 
a origem e a natureza do valor, por outro lado, fechou questão na tese ricardiana do valor-trabalho 
incorporado. Os principais pensadores dessa escola foram, além do já citado Ricardo, Jean-Baptiste Say 
e Thomas Malthus. Segundo Brue (idem, p. 49),
a doutrina clássica é geralmente chamada de liberalismo econômico. Suas 
bases são liberdade pessoal, propriedade privada, iniciativa individual, 
empresa privada e interferência mínima do governo. O termo liberalismo 
deve ser considerado em seu contexto histórico: as ideias clássicas eram 
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liberais, em contraste com as restrições feudais e mercantilistas sobre a 
escolha de profissões, transferências de terra, comércio e assim por diante.
Entre os principais pressupostos clássicos, destacam-se a interferência mínima do Estado na 
economia, o comportamento econômico individual baseado no autointeresse (e as ideias de Smith 
contidas em Teoria dos sentimentos morais são modelares dessa forma de pensar) e a busca por leis 
explicativas que pudessem dar conta dos fatos econômicos. Também é importante ressaltar que, para 
os clássicos, não é apenas a agricultura que pode criar riqueza: a origem desta se encontra em todos os 
ramos da atividade econômica.
Adam Smith (1723-1790) é o precursor dos autores clássicos, inclusive por estabelecer um padrão 
de análise que seria reproduzido por seus sucessores (o sumário de A riqueza das nações, sua principal 
obra, é seguido quase à risca nos escritos de Malthus e Ricardo). Para ele, a riqueza de uma nação é 
medida pela produção total anual de um país que será consumida por um determinado número de 
pessoas. Portanto, a riqueza é dada pela relação entre a produção anual e a população. O que gera a 
riqueza é a divisão do trabalho, e o processo gerador da riqueza só encontra limites no tamanho do 
mercado; quer dizer, a divisão do trabalho continuará ocorrendo até o limite das possibilidades do 
tamanho do mercado. Para Smith, outra característica é fundamental para a compreensão do sistema 
econômico: a tendência ao equilíbrio natural, tal como pode ser observado na natureza física. Ele resulta 
do comportamento egoísta que, voltado para o bem-estar individual, acaba por gerar o bem-estar 
social. Como isso ocorre?
 Saiba mais
Sobre a questão do autointeresse, sugerimos a leitura do texto A 
fábula das abelhas: vícios privados, benefícios públicos, de Eduardo 
Gianetti da Fonseca, disponível em: <http://pt.braudel.org.br/publicacoes/
braudel-papers/05.php>. Acesso em: 23 mar. 2011.
Para Smith, se cada agente buscar seu próprio interesse, terá que considerar o interesse do outro: 
seria o exemplo de um comerciante que acaba por diminuir o preço de sua mercadoria se os clientes 
optam por outro comerciante que venda mais barato. Ainda, a busca do progresso individual, motivada 
pelo autointeresse, traria o crescimento das cidades, o aumento da eficiência econômica e o acúmulo 
da riqueza material.
Smith seria, então, responsável pela tentativa de compreensão do sistema econômico como um 
todo, particularmente no que diz respeito à alocação de recursos para os fatores de produção, aos 
mecanismos de autorregulação do mercado e ao modelo de crescimento. Segundo Heilbroner e Milberg 
(2008, p. 75),
Smith mostrou que o sistema de mercado é um processo autorregulador. 
A bela consequência de um mercado competitivo é que ele é seu próprio 
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guardião. Se preços ou lucros saírem de seus níveis “naturais”, determinados 
pelos custos, haverá forças que os reconduzirão à linha. Surge, então, 
um paradoxo curioso. O mercado competitivo, que tem em seu ápice a 
liberdade econômica individual, é ao mesmo tempo o mais rígido supervisor 
econômico.
Alguns anos mais tarde, Jean Baptiste Say (1767-1832) desenvolveria algumas dessas ideias precursoras, 
porém, agregando à fundadora teoria do valor a questão do valor de uso e da utilidade. Considerando-se 
discípulo de Smith, levaria o conceito de equilíbrio natural do mercado a um patamar superior.
 Lembrete
Para Say, jamais haveria superprodução ou depressão. A economia de 
mercado tinha como característica o fato de a oferta criar sempre uma 
demanda da mesma magnitude.
Se o produtor, tomado individualmente, apenas produzia o que pudesse ser trocado pela produção 
de outro, isso “teria de ser verdade para os agregados da oferta e da demanda, quer dizer, a oferta 
agregada teria de ser igual à demanda agregada” (HUNT, 2005, p. 130). O mercado se equilibraria 
automaticamente, e esse mecanismo passou a ser chamado Lei de Say; contra essa lei, manifestaram-se 
alguns economistas: Bentham, Marx, Keynes e, antes deles, Malthus.
O foco de Thomas Malthus (1766-1834) é outro: o que o preocupa é a fome e a imensa miséria dos 
trabalhadores. Como consequência dos desenvolvimentos da Revolução Industrial, a acumulação do 
capital e da renda da terra se fazem a partir da apropriação do salário dos trabalhadores; assim, Malthus 
escreve sobre o momento do confronto dentro da elite econômica entre os interesses do capital agrário 
e do capital industrial, ainda nascente. Os proprietários de terra querem impostos altos de importação 
para os cereais para que possam praticar elevados preços internos. Os capitães de indústrias querem 
os cereais vendidos a preços menores para que não tenham que recompor os salários. Os pobres e 
miseráveis perdem, aos poucos, a parca ajuda financeiradas paróquias.
Malthus analisa o crescimento populacional e o aumento da produção de alimentos e chega à 
seguinte conclusão: “não há como essa conta ’bater’. A população cresce a taxas geométricas, enquanto 
a produção de alimentos cresce a uma taxa aritmética”.
 Observação
Ideias não nascem sós: evidência disso é a série de estudos que vem sendo 
feita para investigar a relação entre as ideias de Malthus e as de Charles 
Darwin. Ambos partiram de uma mesma realidade e suas obras apresentam 
aproximações interessantes. Afinal, ambos buscaram compreender os 
processos de seleção natural e de sobrevivência da espécie humana.
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 Saiba mais
Se você quiser ler mais sobre o assunto levantado na Observação, sugerimos 
O conceito da natureza em a origem das espécies, de Anna Carolina K. P. Regner. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59702001000400
010&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 23 mar. 2011.
Os estudos de Malthus indicavam: em pouco tempo haveria milhões de esfomeados, a não ser que 
se pudesse contar com o providencial auxílio das guerras, das pragas e das pestes. Para Malthus, essa era 
a tendência natural da humanidade: “independentemente do êxito conseguido pelos reformadores, em 
suas tentativas de modificar o capitalismo, a atual estrutura de proprietários ricos e trabalhadores pobres 
reapareceria inevitavelmente” (HUNT, 2005, p. 69). Essa divisão de classes era, segundo Malthus, uma 
consequência inevitável da lei natural. Hunt (ibidem) cita Malthus: “parecia que, pelas leis inevitáveis da 
natureza, alguns seres humanos teriam de passar necessidade. Essas eram as pessoas infelizes que, na 
grande loteria da vida, tinham tirado um bilhete em branco”.
David Ricardo (1772-1823) compartilhava com Malthus essa visão de mundo. Discordava, porém, 
no restante: embora houvesse uma enorme amizade pessoal entre os dois, eram inimigos intelectuais. 
Ricardo concordava com a ideia de o crescimento populacional ser responsável pela “corrosão” salarial 
do trabalhador, sempre levando esse salário ao nível de subsistência. No entanto, Ricardo complementou 
a teoria de renda da terra malthusiana.
Para Ricardo, “o preço dos cereais, em relação ao preço das mercadorias industrializadas, era regulado 
pela tendência do trabalho e do capital, quando empregados em terras cada vez menos férteis, a produzir 
cada vez menos cereais” (idem, p. 87). Quer dizer, eram as terras menos férteis que determinavam a 
renda das terras mais férteis.
As ideias desses fundadores das ciências econômicas são ainda debatidas e analisadas à exaustão: do 
tempo em que a economia política buscava por um estatuto de ciência que a diferenciasse da filosofia 
moral, as obras desses autores ainda trazem as marcas – indeléveis – de um período em que juízo moral 
e ciência podiam – e deviam – estar próximos.
Você sabia?
A seguir, citamos três trechos pinçados de obras de três estudiosos e escritores de peso.
Ao contrário do que se imagina, a Revolução Industrial não correspondeu a invenções técnicas que 
fossem fruto de desenvolvimentos científicos notáveis. Na verdade, segundo Hobsbawm, em A era das 
revoluções (p. 22),
suas invenções técnicas foram bastante modestas, e sob hipótese 
alguma estavam além dos limites de artesãos que trabalhavam em suas 
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oficinas ou das capacidades construtivas de carpinteiros, moleiros e 
serralheiros: a lançadeira, o tear, a fiadeira automática. Nem mesmo 
sua máquina cientificamente mais sofisticada, a máquina a vapor 
rotativa de James Watt (1784), necessitava de mais conhecimentos de 
física do que os disponíveis então havia quase um século (...) e podia 
contar com várias gerações de utilização prática de máquinas a vapor, 
principalmente nas minas.
Já Adam Smith, usando o exemplo de uma fábrica de alfinetes, mostrou, em A riqueza das nações, 
como a divisão de trabalho gerava riqueza por meio do aumento da produtividade:
Um operário desenrola o arame, outro o endireita, um terceiro o corta, um 
quarto faz as pontas, um quinto o afia nas pontas para a colocação da cabeça 
do alfinete; para fazer uma cabeça de alfinete requerem-se três ou quatro 
operações diferentes; montar a cabeça já é uma atividade diferente, e alvejar 
os alfinetes é outra; a própria embalagem dos alfinetes também constitui 
uma atividade independente. Assim, a importante atividade de fabricar um 
alfinete está dividida em aproximadamente 18 operações distintas, as quais, 
em algumas manufaturas, são executadas por pessoas diferentes, ao passo 
que, em outras, o mesmo operário às vezes executa duas ou três delas. (...) 
Se, porém, tivessem trabalhado independentemente um do outro, e sem que 
nenhum deles tivesse sido treinado para esse ramo de atividade, certamente 
cada um deles não teria conseguido fabricar 20 alfinetes por dia, e talvez 
nem mesmo 1.
A substituição crescente da mão de obra por maquinário gerava desemprego, e a revolta era de tal 
monta que, ao final do século XVIII e nos primeiros anos do século XIX era comum ocorrerem invasões de 
fábricas por hordas de trabalhadores. Conforme afirma Heilbroner (1996, p. 102-3), “fábricas destruídas 
espalhavam-se pelo campo, e a cada uma o comentário era ‘Ned Ludd passou por aqui’. O boato era 
que um rei Ludd ou um general Ludd estava dirigindo as atividades da turba. Não era verdade, claro. Os 
luddites, como eles eram chamados, inflamavam-se pelo puro e espontâneo ódio às fábricas, que viam 
como prisões, e ao trabalho assalariado, que desprezavam. (...) Para a maior parte dos observadores (...), 
as classes baixas estavam escapando do controle e era preciso agir severamente para acabar com a 
situação. E, para as classes altas, aqueles acontecimentos pareciam indicar que um violento e terrificante 
Armageddon se aproximava”.
 Resumo
Antes que você faça os exercícios, vamos relembrar os pontos mais 
importantes já discutidos até agora.
Como área do conhecimento, a economia surge simultaneamente à 
formação da economia de mercado e à formação dos Estados nacionais.
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A economia estuda as formas por meio das quais a sociedade utiliza 
recursos escassos e finitos para atender às necessidades ilimitadas.
Chamamos de fatores de produção os recursos terra, trabalho, 
capital, tecnologia e capacidade empresarial. A terra é remunerada 
pelo aluguel, o trabalho pelo salário, o capital pelos juros, a 
tecnologia pelos direitos de propriedade e a capacidade empresarial 
pelos lucros.
Aos economistas são atribuídas as respostas às perguntas o quê e 
quanto, como e para quem produzir os bens e serviços necessitados pela 
sociedade.
Os serviços são intangíveis e os bens são tangíveis. Os bens (livres ou 
econômicos) podem ser classificados em bens de consumo (duráveis ou 
não duráveis), intermediários e de capital.
Bens e serviços são produzidos no fluxo circular do produto, que tem 
correspondente no fluxo circular de renda.
A atividade econômica se organiza sob a forma da livre iniciativa, sob a 
forma centralizada ou, o que é mais comum, sob a forma mista.
A economia de mercado surge como resultado da degradação do 
feudalismo; assim, são importantes os aspectos relacionados às Cruzadas, 
ao processo de urbanização, à formação dos Estados nacionais e às 
explorações marítimas.
No mundo em que vivemos, o empreendedorismo é vital para o sucesso 
no mundo dos negócios. No entanto, não nascemos empreendedores:essa competência se torna importante a partir de determinadas condições 
históricas.
A Reforma Protestante trouxe o código de ética necessário para o 
mundo surgido a partir da degradação do feudalismo. Assim, trouxe a ética 
que resultaria das transformações ocorridas com a Revolução Industrial.
A respeito desse novo mundo, Adam Smith, J. Baptiste Say, David 
Ricardo e Thomas Malthus escreveriam suas obras fundadoras: os textos 
clássicos da economia.
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 Exercícios
Questão 1. “O que levou as panificadoras a funcionarem por 24 horas? O que levou postos de 
combustíveis a oferecerem serviços de conveniência? O que levou uma empresa a criar pizzas refrigeradas 
para serem aquecidas no aparelho de micro-ondas? O que será que levou uma empresa de chocolate a 
colocar um brinquedo dentro de um doce em formato de ovo?” (SANT’ANNA, s. d.). 
As características empreendedoras imprescindíveis para a concretização dessas iniciativas inovadoras foram:
I - Habilidade em buscar informações e conhecimentos.
II - Propriedade de capital próprio, suficiente para o empreendimento. 
III - Propensão à iniciativa. 
IV - Sensibilidade para correr riscos calculados. 
V - Ser jovem, forte e cheio de energia. 
Assinale a alternativa que contém as afirmativas corretas:
A) I, III e IV.
B) III e V.
C) Todas as afirmativas estão corretas.
D) I e III.
E) I, II e III. 
Resposta correta: alternativa A.
Análise das afirmativas:
Afirmativa I: correta.
Justificativa: as atitudes que estão relacionadas ao empreendedorismo e, mais especificamente, à 
habilidade em buscar informações, são aquelas que dizem respeito ao bom acompanhamento de mercado, 
à proximidade com o cliente, ao conhecimento do seu negócio e à prontidão para investigar novas 
oportunidades. Também é fundamental pedir, quando necessário, orientação junto aos especialistas 
sobre o seu negócio e o seu mercado.
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Afirmativa II: incorreta.
Justificativa: ter o dinheiro como o fator mais importante para montar uma empresa é um mito, 
pois, se as outras peças e o talento estão no lugar, o dinheiro virá. O dinheiro é como o pincel e a tinta 
para um pintor: nas mãos certas produzem maravilhas.
Afirmativa III: correta.
Justificativa: a propensão à iniciativa permite agir proativamente, buscar novas oportunidades e 
aproveitar outras que sejam fora do comum, com um comportamento de aceitação de riscos.
Afirmativa IV: correta.
Justificativa: sensibilidade para correr riscos calculados inclui avaliar alternativas e oportunidades. 
Também inclui uma boa gestão de resultados e a aceitação de desafios desde que, claro, sejam avaliados 
os riscos. 
Afirmativa V: incorreta.
Justificativa: a afirmativa de que empreendedores devem ser jovens e cheios de energia é 
um grande mito. Essas qualidades podem ajudar, mas idade não é barreira. O que é essencial é 
possuir conhecimento relevante, experiência e contatos que facilitem reconhecer e agarrar uma 
oportunidade.
Questão 2. “Quase 44% da renda dos brasileiros da classe D são gastos com despesas básicas, como 
alimentação, transporte e contas de consumo. Os números são da pesquisa feita pela Quorum Brasil 
com 400 paulistanos com renda familiar de até R$ 1.020. A alimentação é o tipo de gasto que possui 
maior peso nas despesas dessas famílias, representando 15,5% da renda. Em segundo lugar, aparecem 
as contas de água, luz, telefone e gás, que consomem 14,7% do salário. Ainda no primeiro grupo de 
prioridades no direcionamento dos recursos da família estão as despesas com transporte, para onde vão 
13,3% do dinheiro.
Outras prioridades, depois dos gastos de primeira necessidade, são os gastos com cartão de crédito, 
que consomem 12,4% de sua renda, seguidos por moradia, aluguel e financiamento (11,9%), prestações 
em lojas (11,6%) e despesas com saúde e remédios (11,3%). Ao todo, esses gastos secundários somam 
47,2% da renda das famílias da classe D.
As despesas com lazer e passeio aparecem apenas no terceiro grau de prioridade, consumindo, 
segundo os entrevistados, 9,2% do orçamento mensal.
A pesquisa “A Classe D e seus Desejos e Despesas” foi feita na cidade de São Paulo, em setembro 
de 2010, com homens e mulheres entre 25 e 50 anos de idade que trabalham e têm renda de até dois 
salários mínimos” (adaptado de RIBEIRO, 2010).
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Ao analisar a situação apresentada, pode-se relacioná-la, diretamente, com as afirmativas:
I - As empresas, em regimes capitalistas de produção, existem para satisfazer as necessidades de 
consumo da sociedade e, em segundo plano, para valorizar o capital investido.
II - Os consumidores precisam, dada sua renda escassa ou limitada, alocar de forma eficiente as suas 
categorias de despesas.
III - A Teoria da Firma procura estudar e responder como as empresas combinam a utilização dos 
fatores de produção necessários à criação de coisas úteis e o quanto gastam para produzir bens 
e serviços.
IV - A sociedade nem sempre obtém êxito na alocação adequada de seus esforços. Pode produzir 
carros e artigos de luxo, enquanto uma grande quantidade de pessoas necessita de produtos mais 
urgentes e socialmente prioritários.
V - A tecnologia tem aumentado a independência do homem em relação à satisfação de suas 
necessidades.
Assinale a alternativa que contém as afirmativas corretas:
A) I, II e III.
B) II e IV.
C) III e V.
D) I, II, III e V.
E) I, II, IV e V.
Resolução desta questão na Plataforma.
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Unidade II
5 O SISTEMA CAPITALISTA E OS MERCADOS
5.1 O que são estruturas de mercado?
Afinal, o que vem a ser mercado?
Mercado é um local de encontro entre alguém que oferece algo para outro alguém que necessita 
desse algo. Assim, mercado é um local de trocas: trocas de produtos, de serviços, de informações.
Podemos pensar, por exemplo, no mercado de trabalho. O trabalho aqui já foi definido como um 
fator de produção; como fator primordial de produção de que as empresas necessitam e um fator 
primordial de produção para que a sociedade possa obter renda. O mercado de trabalho é constituído 
pôr ofertantes de força de trabalho – mão de obra – e demandantes de tal fator. Como as empresas 
necessitam do trabalho para por em prática seu processo produtivo, ofertam vagas para que sejam 
preenchidas pelas famílias que oferecem às empresas a sua riqueza, o trabalho. Assim, de forma conduzida 
pela mão invisível, conforme explicado por Adam Smith, as empresas e as famílias se encontram em 
tal mercado. Mas, onde se dá tal encontro? Não necessariamente em um espaço ou local específico. 
Portanto, entende‑se por mercado um local imaginário onde são efetuadas tais trocas.
Outro exemplo é o mercado de crédito. Ele é constituído por agentes superavitários, ou seja, 
poupadores, que colocam à disposição dos bancos um volume de moeda para que seja emprestada a 
deficitários. Tais agentes necessitados de moeda recorrem ao mercado de crédito para obter esse recurso. 
Esse mercado é mais visível, pois é percebido nas atividades dos bancos e das sociedades de crédito.
Podemos ainda classificar os mais diversos mercados em concentrados e não concentrados. Faremos 
isso para melhor entender como se dá o padrão de concorrência entre empresas. É nesse âmbito que entra a 
discussãosobre estruturas de mercado para que, a partir disso, possamos melhor entender como são divididas 
as mais variadas atividades econômicas e de que forma são identificadas as diversas empresas existentes num 
sistema econômico. Tal classificação dá‑se em razão do poder exercido por algum agente econômico – no 
caso, poder de compradores e de vendedores, mais especificamente, por parte dos vendedores.
As várias formas ou estruturas de mercado dependem, fundamentalmente, de três características:
a) Número de empresas que compõe o mercado;
b) Tipo de produto;
c) Existência de barreiras ao acesso de novas empresas.
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São basicamente quatro as estruturas de mercado mais predominantes: o mercado de concorrência 
perfeita, o de monopólio, a concorrência monopolística e o oligopólio.
O mercado não concentrado, é representado pelo chamado mercado de concorrência perfeita. Para 
que um mercado seja classificado assim, algumas características devem ser reunidas.
Um mercado de concorrência perfeita é aquele em que há grande número de vendedores (empresas), 
de tal sorte que uma empresa, isoladamente, é insignificante, não afeta os níveis de oferta de mercado 
e, consequentemente, o preço de equilíbrio.
O mercado de concorrência perfeita é um mercado atomizado, pois é composto de um número 
expressivo de empresas e de compradores, como se fossem átomos. Além disso, reúne outras 
características, como:
a) Grande quantidade de compradores para uma grande quantidade de vendedores;
b) Produto homogêneo;
c) Mercado transparente;
d) Liberdade aos agentes econômicos quanto à entrada e à saída de novos participantes;
e) Mercado atomizado.
Nesse mercado, no longo prazo, não existem lucros extraordinários (em que as receitas superam 
os custos), mas apenas os chamados lucros normais, que representam a remuneração implícita do 
empresário.
Do ponto de vista da teoria microeconômica, a estrutura de concorrência perfeita é uma construção 
teórica, simplificadora da realidade. Mas, construção teórica ou não, o fato é que uma empresa atuando 
nesse mercado também terá o objetivo de lucro. Melhor ainda, terá como objetivo a maximização de seu 
lucro e, dessa forma, precisa decidir quais quantidades produzidas são aquelas que atingem o objetivo. 
Como se trata de um mercado em que há muitos vendedores de um mesmo produto, a margem de 
manobra em relação ao preço de venda da mercadoria fica bastante prejudicada, sendo, dessa forma, o 
preço estabelecido pelo mercado.
Nenhuma firma, isoladamente, tem condições de alterar o preço ou praticar valor superior ao 
estabelecido. Contudo, acatando o preço dado pelo mercado, ela poderá vender o quanto puder, limitada 
apenas por sua estrutura de custos.
Em uma concorrência perfeita – como as quantidades demandadas e ofertadas da mercadoria 
dependem de muitos compradores e de muitos vendedores – o preço da mercadoria é estabelecido a 
partir do encontro das curvas de demanda e oferta. Portanto, o preço da mercadoria é estabelecido pelo 
mercado e, a partir disso, as firmas seguem o valor estabelecido. Dessa forma, são também chamadas de 
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seguidoras ou tomadoras de preços.
De forma oposta à do mercado de concorrência perfeita, temos o mercado de monopólio, quer dizer, 
o mercado em que existe um único poder, já representando o mercado concentrado.
O mercado de monopólio apresenta condições diametralmente opostas às da concorrência perfeita. 
Nele existe, de um lado, um único empresário dominando inteiramente a oferta, e, de outro, todos 
os consumidores. Não há, portanto, produto substituto perfeito ou concorrente. Nesse caso, ou os 
consumidores se submetem às condições impostas pelo vendedor ou simplesmente deixam de consumir 
o produto.
Para existir monopólio deve haver barreiras que impeçam a entrada de novas firmas no mercado. 
Essas barreiras podem advir de diversas formas, sendo o monopólio puro ou natural uma delas. Esse 
caso ocorre quando o mercado, por suas próprias características, exige a instalação de grandes plantas 
industriais que operam normalmente com economias de escala e custos unitários bastante baixos, 
possibilitando à empresa cobrar preços baixos por seu produto, o que acaba praticamente inviabilizando 
a entrada de novos concorrentes.
Podemos ainda elencar como barreiras o elevado volume de capital requerido para montar uma 
indústria monopolista, as marcas e patentes, o controle de matéria‑prima básica, bem como as instituições. 
A legislação brasileira acerca do tema proíbe a existência de monopólio, permitido apenas para aqueles 
segmentos de mercado em que, para perfeito funcionamento, deva existir apenas uma empresa. São os 
chamados monopólios institucionais ou estatais, considerados estratégicos ou de segurança nacional. 
Observa‑se atualmente, porém, que há uma movimentação para que segmentos monopolizados sejam 
privatizados.
Como existem barreiras à entrada de novas empresas, os lucros extraordinários devem persistir 
também no longo prazo nos mercados monopolizados. Nessa estrutura de mercado, a curva de demanda 
da empresa é a própria curva de demanda do mercado como um todo. Ao ser exclusiva no mercado, 
a empresa não estará sujeita aos preços vigentes. Isso não significa, porém, que poderá aumentar os 
preços indefinidamente. Deve, pois sim, de alguma forma, se adequar aos padrões de demanda dos 
consumidores.
Outra estrutura de mercado é aquela formada pelos oligopólios. O oligopólio é um tipo de estrutura 
caracterizada por um pequeno número de empresas que dominam a oferta de mercado, como o da 
indústria automobilística, ou então, no qual há um grande número de empresas com poucas dominando 
o mercado, como a indústria de bebidas.
No oligopólio, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços são fixados entre as empresas, 
muitas vezes, por meio de conluios ou cartéis (NOGAMI e PASSOS, 2003). Normalmente, as empresas 
discutem suas estruturas de custos, embora isso não ocorra com relação a sua estratégia de produção e 
de marketing. Há uma empresa líder que, via de regra, fixa o preço, respeitando as estruturas de custos 
das demais, e há empresas satélites que seguem as regras ditadas pelas líderes. Esse é o modelo chamado 
de liderança de preços.
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Quanto aos objetivos da empresa oligopolista de maximização de resultados, a teoria microeconômica 
aborda duas correntes: aquela apresentada pela teoria marginalista e a apresentada pela organização 
industrial.
Pela abordagem neoclássico‑marginalista, a maximização de lucros se dá por:
LT = RT – CT
onde: LT = lucro total; RT = receita total; CT = custo total
De acordo com essa abordagem, basta que os custos de produção sejam menores do que as receitas 
de vendas para que haja lucros para a empresa oligopolista.
A abordagem industrial não enfatiza a maximização de lucros pura e simples, mas, sim, a maximização 
do mark‑up. A teoria do mark‑up repousa na constatação empírica de que as empresas não conseguem 
prever adequadamente a demanda por seu produto e, portanto, suas receitas, mas conhecem seus 
custos. Difere da teoria marginalista, segundo a qual a empresa, para fixar seu preço no lucro máximo, 
precisa prever também as receitas, o que envolve conhecer a demanda por seu produto para igualar suas 
receitas marginais aos custos marginais.
Para que a empresa chegue ao preço de venda, deverá então ter em mente seus custos de produção 
e saber qual sua taxade mark‑up. Então:
p = (1 + m)c
onde: p = preço do produto; m = taxa de mark‑up, que é uma porcentagem sobre os custos diretos; 
c = custo direto unitário
Dessa forma, o mark‑up será dado pela diferença entre a receita de vendas e os custos diretos. A taxa 
de mark‑up deve cobrir, além dos custos diretos, os custos fixos; deve também atender uma certa taxa 
de rentabilidade desejada pela empresa oligopolista.
A concorrência monopolista é uma estrutura intermediária entre a concorrência perfeita e o 
monopólio, mas que não se confunde com o oligopólio.
Na concorrência monopolista há um número relativamente grande de empresas com poder 
concorrencial, porém, com segmentos de mercado e produtos diferenciados, seja por características 
físicas, pelas embalagens ou pela prestação de serviços.
Tais empresas detêm alguma margem de manobra para fixação dos preços, que não é muito ampla, 
uma vez que existem produtos substitutos no mercado. Essas características acabam dando um pequeno 
poder monopolista sobre o preço de seu produto, embora o mercado seja competitivo. O quadro 3, a 
seguir, resume características acerca das estruturas de mercado.
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 Saiba mais
Temos à disposição uma literatura bastante vasta sobre as estruturas 
de mercado. Recomendamos que você leia Políticas de concorrência: 
tendências recentes e o estado da arte no Brasil, de Lucia Helena Salgado. 
Disponível em: <http://getinternet.ipea.gov.br/pub/td/1995/td_0385.pdf>. 
Acesso em: 23 mar. 2011. Na obra a autora discute políticas antitrustes.
Também sugerimos a leitura do texto Do vinho ao café: aspectos sobre 
a política de diferenciação, de Alexandre Macchione Saes, que analisa o 
caso da diferenciação de produtos em dois diferentes mercados. Disponível 
em: <ftp://ftp.sp.gov.br/ftipea/publicacoes/tec1‑0206.pdf>. Acesso em 23 
mar. 2011.
Estrutura Número de empresas Tipo de produto
Condições de 
entrada e saída
Influência 
sobre o preço Exemplos
Concorrência 
perfeita Muitas
Produto 
homogêneo Fácil
Nenhuma, pois 
são tomadoras de 
preços
Alguns produtos 
agrícolas
Monopólio Uma Produto único sem substituto próximo Difícil Forte
Serviços de energia 
elétrica
Concorrência 
monopolista Muitas
Produto 
diferenciado Fácil Leve
Comércio varejista, 
restaurantes, farmácias
Oligopólio Poucas Homogêneo ou diferenciado Difícil Considerável
Homogêneo: alumínio
Diferenciado: automóveis
Quadro 3 – Resumo das características das estruturas de mercado12
 Lembrete
Guarde bem: o estudo das estruturas de mercado divide a economia 
em mercados concentrados e não concentrados. Certifique‑se de que 
reconhece facilmente as características de cada um deles.
5.2 Como se formaram os grandes oligopólios?
O século XIX (conhecido como o século da paz), impulsionado pelo crescimento econômico, progresso 
tecnológico e pelos desenvolvimentos políticos advindos da Revolução Francesa, seria o século das 
interpretações da razão. Nesse momento, o império britânico assentará suas bases, e a conta de tamanho 
desenvolvimento será paga depois, com a crise do final do século e as lutas dos trabalhadores que, 
12Nogami e Passos (2003).
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inspirados pelos ideais socialistas, procurariam melhorar as condições de trabalho. Também será paga 
nas duas últimas décadas do século e no início do século seguinte, com os movimentos do capital em 
busca de novos mercados nas colônias e com o imperialismo econômico que acabaria por provocar a I 
Guerra Mundial.
No campo das ciências, buscava‑se um único e mesmo método para o encontro da verdade, 
independentemente da área do conhecimento: era a nova ciência que fascinava a todos. A 
ciência do século XIX seria aquela resultante das heranças do Renascimento mesclada às do 
Iluminismo e em que se notaria o caráter preferencialmente mecanicista e o uso da matemática 
como linguagem. Afinal, se o universo era um grande organismo, faltava apenas descobrir uma 
grande lei que explicasse o seu funcionamento e, do ponto de vista do estudo da economia 
política, isso significava buscar a demonstração matematicamente rigorosa da superioridade 
da ordem burguesa e do sistema de mercado: essa será a principal razão para a busca de uma 
formalidade metodológica que conferiria à economia o mesmo estatuto de ciência da física 
e para a utilização constante de metáforas derivadas da física e da biologia para estudos de 
pensamento econômico.
Essa quantificação também virá sob a forma de estatísticas e recenseamentos que não mais se 
dedicam exclusivamente à administração pública, passando a municiar de dados os que pretendem 
estudar a sociedade a partir de um método racional e científico.
O desenvolvimento das técnicas e dos instrumentos para mensuração estatística permitirá aos 
primeiros órgãos e instituições oficialmente responsáveis pelas pesquisas estatísticas a descrição de 
todas as facetas da sociedade, numa verdadeira “febre” de contagem: nascimentos, óbitos, doenças 
(que serviriam de material para os higienistas), preços, produção, animais, condenados por crimes, 
prostituição, uso do solo, da água e do ar. Esses seriam os números que subsidiariam a compreensão da 
realidade a partir de leis explicativas. Na Inglaterra vitoriana, as leis que já existiam (as de Adam Smith, 
Malthus e Ricardo) sobre a distribuição econômica “eram poucas, mas definitivas. Essas leis pareciam 
explicar não apenas como a produção da sociedade tendia a ser distribuída, mas também como ela 
devia ser distribuída” (HEILBRONER, 1996, p. 120).
A crise surgiria como resultado da expansão da produção acompanhada de redução da lucratividade 
dos negócios: saturação paulatina de novas oportunidades, rapidez na acumulação de capital, limites 
para extração da mais‑valia, tudo contribuiu para a gestação da crise que romperia ao final do século 
XIX, aparentemente tão promissor nos seus primórdios.
Ao final do século XIX, a concorrência, antes bem‑vinda, agora sugeria a criação de mecanismos 
de defesa contra a redução de preços e de margens de lucro. “Essa maior preocupação com os 
perigos da concorrência sem barreiras veio numa época em que a crescente concentração da 
produção, principalmente na indústria pesada, lançava os alicerces de uma centralização maior 
da propriedade e do controle da política dos negócios” (DOBB, 1987, p. 310). Surgem trustes, 
associações de produtores industriais e cartéis. Necessitadas de mercado, as empresas europeias 
(especialmente as de capital britânico) irão exportar bens de capital para a Ásia, a África e a 
América.
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Esse impulso será dado com a exploração do salitre no Chile, com a construção de ferrovias e portos 
no Brasil, no México, no Japão, no Canadá e na Argentina: se o capital já não pode ser traduzido em 
acumulação nos seus locais de origem, irá ser exportado para o exterior, e lá produzirá os lucros tão 
desejados pelos empresários.
 Saiba mais
Sugerimos a leitura de Santa Maria de Iquique, há cem anos, de Ivy 
Judensnaider, em que a autora relata o ocorrido nas minas de salitre do 
Chile no começo do século XX. Disponível em: <http://www.arscientia.com.
br/materia/ver_materia.php?id_materia=442>. Acesso em: 23 mar. 2011.
Como o pensamento econômico irá refletir sobre essa nova realidade? Inspirados pela visão dos 
sucessivos levantes operários (levantes esses que encontrariam seu ápice em 1848) e pela possibilidade 
de entender e resolver os problemas oriundosda acumulação capitalista, Marx e Engels irão propor a 
análise do capitalismo, advogando sua inexorabilidade rumo à destruição. A concepção materialista da 
história, escreveu Engels (apud HEILBRONER, 1996, p. 138):
(...) origina‑se do princípio de que a produção, e com a produção a 
troca de seus produtos, é a base de toda ordem social; que em cada 
sociedade que apareceu na história a distribuição dos produtos, e com 
ela a divisão da sociedade em classes ou Estados, é determinada pelo 
que é produzido, como é produzido e como o produto é trocado. De 
acordo com essa concepção, as causas finais das mudanças sociais e das 
revoluções políticas devem ser vistas, não na mente dos homens nem 
em seu crescente impulso em direção da eterna verdade e da justiça, 
mas sim nas mudanças das maneiras de produção e de troca; devem 
ser vistas não por meio da filosofia, mas sim da economia da época 
concernente.
Marx e Engels empreenderam forte ataque contra as teses clássicas, desmascarando a exploração 
da classe burguesa sobre os trabalhadores e dando início a uma corrente de pensamento que 
extrapolou a própria economia e ainda hoje se revela muito influente. Marx, em sua clássica obra 
O capital, de 1867, ao desenvolver conceitos como mais‑valia, capital variável, capital constante, 
exército industrial de reserva e composição orgânica do capital, entre outras contribuições, 
modificou a análise do valor, principalmente a teoria do valor trabalho. Nas fábricas, jornadas 
desumanas de trabalho.
Fazemos um parêntese no pensamento de Marx para citar uma passagem do livro A riqueza do 
homem, de Leo Huberman, representativa do que era considerado normal, no século XIX, em termos de 
duração de um dia de trabalho em uma fábrica inglesa:
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As crianças agora trabalhavam em fábricas, sob a direção de um supervisor 
cujo emprego dependia da produção que pudesse arrancar de seus pequenos 
corpos, com horários e condições estabelecidos pelo dono da fábrica, ansioso 
por lucros. Até mesmo um senhor de escravos das Índias Ocidentais poderia 
surpreender‑se com o longo dia de trabalho das crianças. Um deles, falando 
a três industriais de Bradford, disse: “Sempre me considerei infeliz pelo fato 
de ser dono de escravos, mas nunca, nas Índias Ocidentais, pensamos ser 
possível haver ser humano tão cruel que exigisse de uma criança de 9 anos 
trabalhar 12 horas e meia por dia, e isso, como os senhores reconhecem, 
como hábito normal” (HUBERMAN, 1986, p. 192).
 Saiba mais
O trabalho infantil ainda é uma tragédia nos nossos tempos. Se você 
quiser saber mais sobre o combate ao trabalho infantil, leia o conteúdo do 
site do Ministério do Trabalho e Emprego e, em particular, as publicações 
que ali estão sobre o assunto. Disponível em <http://www.mte.gov.br/trab_
infantil/default.asp>. Acesso em: 23 mar. 2011.
Para Marx, o valor da força de trabalho é determinado, como no caso de qualquer outra 
mercadoria, pelo tempo e pelo trabalho necessário à produção, consequentemente, à reprodução de 
tal mercadoria. Utilizando esse critério de valor, Marx analisou a acumulação de capital, a distribuição 
da renda, as crises econômicas e, por fim, as contradições do capitalismo como sistema de produção 
de mercadorias.
A obra de Karl Marx (1818‑1883) é extremamente complexa, envolvendo, além da análise do 
funcionamento da economia capitalista, a apresentação de um método de investigação próprio (o 
materialismo histórico) que, posteriormente, serviu de instrumental para várias outras áreas do saber. 
Para desenvolver a sua explicação teórica do desenvolvimento do capitalismo, Marx partiu de Smith e 
Ricardo. Segundo Hunt (2005), Marx considerava Mill um oponente intelectual a quem era necessário 
respeitar; em relação a Malthus, Bentham, Senior e Say, ele “quase que se limitou a criticá‑los” (idem, p. 
194): esses autores careciam de uma visão histórica das atividades econômicas e do desenvolvimento 
social, e suas obras resultavam em análises fracas e descontextualizadas em relação aos modos de 
produção e às suas condições particulares em determinados períodos de tempo.
 Observação
Marx faz uma previsão: o capitalismo se destruirá por si mesmo.
A produção não planejada, a desorganização do sistema, constantes oscilações de preços, tudo 
conspiraria para a inexorável crise.
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O sistema, simplesmente, era complexo demais; desencaixava‑se de maneira 
constante, perdia o ritmo, produzia determinada mercadoria em excesso e outra de 
menos. A segunda, o capitalismo deveria produzir seu sucessor sem o saber. Dentro de 
suas grandes fábricas ele precisaria não apenas criar a base técnica para o socialismo 
— produção racionalmente planejada —, mas teria, além disso, que criar uma classe 
bem treinada e disciplinada que viria a ser o agente do socialismo, o amargurado 
proletariado. Por sua própria essência dinâmica, o capitalismo iria produzir a própria 
queda e, no processo, alimentaria o inimigo (HEILBRONER, 1996, p. 141).
Algumas das principais ideias de Marx podem ser assim resumidas:
a) O capital era responsável pela geração de lucros para uma específica e especial classe social;
b) O conceito de harmonia social só era possível se fosse tomada como pressuposto a existência de 
apenas uma relação econômica: a troca;
c) As mercadorias tinham um valor de uso (criado pelo trabalho útil) e um valor de troca (criado pelo 
valor abstrato), este último sendo expresso em termos de preço monetário; ainda, “o valor de uso 
não poderia ser a base do valor de troca” (HUNT, 2005, p. 198). Tendo “estabelecido a ligação entre 
o valor de troca de uma mercadoria e ‘a quantidade de tempo de trabalho socialmente necessário 
para sua produção’, Marx (...) mostrou as condições sócio‑históricas específicas necessárias para 
os produtos do trabalho humano se transformarem em mercadorias” (idem, p. 200);
d) Enquanto numa sociedade não capitalista o fluxo de troca poderia ser descrito por mercadoria 
–dinheiro–mercadoria (quer dizer, o processo envolvia a troca com o objetivo de adquirir outras 
mercadorias para uso), numa sociedade capitalista o fluxo caracterizava‑se por dinheiro–mercadoria 
–dinheiro’ (ou seja, o capital permitia a produção de mercadorias que, trocadas, geravam mais 
dinheiro); a diferença entre dinheiro e dinheiro’ era a mais‑valia, gerada no processo de produção e 
que tinha como origem o fato de os capitalistas comprarem um conjunto de mercadorias (fatores 
de produção, incluindo o trabalho que o operário vendia como mercadoria) por um valor abaixo 
daquele representado pelo conjunto de mercadorias vendidas (resultantes do processo produtivo).
Essa análise levou Marx a concluir que a única forma de o capitalista sobreviver era acumulando cada 
vez mais capital; a luta pela sobrevivência geraria concentração econômica e faria com que a taxa de lucro 
tendesse à queda, provocando crises setoriais, alienação e miséria da classe operária (idem, p. 224).
 Saiba mais
Germinal. Dir. Claude Berri, 160 minutos, 1993. Filme baseado na obra 
homônima de Emile Zola, retrata a situação dos mineiros franceses ao final 
do XIX, especialmente as condições insalubres de trabalho associadas aos 
baixos salários. Vale a pena assistir!
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Mais: Marx definiria a acumulação de capital como sendo a retransformação ou a utilização da 
mais‑valia, produzida pela força de trabalho, no próprio processo produtivo. Essa acumulação teriaseu ritmo dependente da composição orgânica do capital, que era a relação entre o chamado capital 
constante, derivado do valor dos meios de produção, e o capital variável, advindo do valor da força de 
trabalho. Quanto maior a parcela do capital total destinada ao capital constante em relação ao capital 
variável, maior seria a acumulação do capital total.
Como se daria o processo de acumulação de capital e as crises dela decorrentes? O capitalismo levava 
à criação de empresas cada vez maiores, pertencentes a um número cada vez menor de proprietários. 
Como a taxa de lucro tendia à diminuição, a única forma de compensar essa queda era aumentar a 
exploração do trabalhador, mantendo os salários ao nível de subsistência. À medida que o capital era 
acumulado, aumentava‑se o valor dos outros meios de produção que não o trabalho. Os operários sem 
emprego formariam o exército industrial de reserva e competiriam pelos poucos postos de trabalho. 
O capital, então, passaria a controlar o trabalho; aumentaria a alienação e a pobreza em geral. Aos 
operários, portanto, apenas restaria destruir o capitalismo.
Marx estava certo? Segundo Hunt (idem, p. 233),
o capitalismo sobreviveu a muitas profecias posteriores a sua morte (...). 
Não podemos esperar que Marx ou qualquer outro pensador tenha sido um 
vidente infalível da sequência exata e da ocasião exata dos acontecimentos 
futuros. O capitalismo – ou qualquer outro modo de produção social – é 
muito complexo para permitir previsões feitas com base em adivinhações. 
Marx, porém, apresentou uma análise estruturada, bem como inúmeros 
esclarecimentos teóricos e históricos concretos, que continuam, 
comprovadamente, muito úteis até hoje.
O final do século XIX, portanto, é um tempo de mudanças: emergem as grandes corporações 
econômicas com tendência monopolística (fazendo desaparecer o capitalismo concorrencial) e o Estado 
passa a interferir cada vez mais na vida econômica da sociedade.
Temos, agora, não apenas o contexto a partir do qual se gerou a grande depressão da década de 
1870, mas também o instrumental analítico para compreendê‑la em toda a sua extensão.
O que se tornou conhecido como a Grande Depressão, iniciada em 1873, 
interrompida por surtos de recuperação em 1880 e 1888, e continuada em 
meados da década de 1890, passou a ser encarado como um divisor de 
águas entre dois estágios do capitalismo: aquele inicial e vigoroso, próspero 
e cheio de otimismo aventureiro, e o posterior, mais embaraçado, hesitante 
e, diriam alguns, mostrando já as marcas de senilidade e decadência (DOBB, 
1987, p. 300).
Se os mercados são tão necessários para a sobrevivência do capital, as nações desenvolvidas irão 
entrar em guerra para disputá‑los.
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 Saiba mais
Se você quiser lembrar os fatos relacionados à Primeira Grande Guerra, 
consulte o texto disponível em: <http://www.curso‑objetivo.br/vestibular/
roteiro_estudos/primeira_guerra_mundial.aspx>. Acesso em 23 mar. 2011.
Para refletir
Vamos pensar um pouco mais?
O texto a seguir trata do monopólio estatal e do oligopólio privado.
Situação – Do monopólio estatal ao oligopólio privado. Sem concorrência no mercado, operadoras 
cobram altas taxas da população por serviços insatisfatórios13.
Passaram‑se oito anos desde a privatização do Sistema Telebrás, estatal que controlava a telefonia 
fixa brasileira, cujo ramo de atividade foi dividido entre as empresas Telemar, Brasil Telecom e Telefônica. 
A proposta de privatização que, em tese, pretendia estimular a concorrência justa, criou um oligopólio 
de corporações. As pequenas empresas, chamadas espelho, que detêm concessões limitadas, não 
conseguem concorrer com as grandes operadoras. De acordo com dados de um estudo feito por um 
dos diretores da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), José Pereira Filho, em julho do ano 
passado, Telemar, Telefônica e Brasil Telecom possuiam 93% do mercado. As empresas‑espelho, mesmo 
sendo aproximadamente 60, administravam apenas 7% desse mercado.
A falta de concorrência é mantida porque as três grandes concessionárias atuam em regiões 
diferentes do país, tendo assim consumidores distintos. Mesmo com o domínio do mercado na telefonia 
fixa e sem o risco de perderem clientes para outras empresas, os serviços prestados são os campeões de 
reclamação nos serviços de proteção ao consumidor.
“Acredito que alguns fatores levaram a essa situação. A ideia inicial era de que as empresas‑espelho 
entrariam no mercado, não teriam concessões, portanto não teriam obrigações, como acontece com as 
concessionárias. Por outro lado, as concessionárias teriam suas obrigações. Entendia‑se que as empresas 
autorizadas, por entrarem no mercado sem essas obrigações de universalização, teriam o interesse de 
atender a todos os clientes. Mas elas acabaram optando pelo mercado corporativo, que é mais lucrativo. 
Como elas não são obrigadas a oferecer o serviço para todos os grupos, optaram pelo grupo que oferece 
mais lucratividade”, explica Daniela Batalha, advogada do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).
Proposta: os termos monopólio e oligopólio estão sendo usados corretamente pelo autor do 
texto?
13Disponível em: <http://sinttel.org/noticias/b2.htm>. Acesso em: 1º nov. 2010.
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6 A CRISE DE 1929, O SISTEMA CAPITALISTA E A MÃO VISÍVEL DO ESTADO
6.1 A crise
A revista Veja publicou o texto a seguir sobre o famoso outubro de 192914:
Um alvoroço incomum nos arredores da Bolsa de Valores de Nova York 
chamou a atenção do comissário de polícia da cidade, Grover Whalen, na 
última quinta‑feira, dia 24. Por volta das 11 horas, um rugido cavernoso 
começou a escapar do edifício. Alguns minutos depois, já não era 
possível identificar se o bramido vinha de dentro ou de fora da Bolsa; 
uma multidão estrepitosa tomara as cercanias de Wall Street e Broad 
Street, como formigas rodeando um torrão de açúcar esquecido na pia da 
cozinha. Alarmado, o comissário logo enviou um destacamento especial 
para a região. A turba, contudo, não representava uma ameaça à ordem 
pública, como o oficial perceberia mais tarde. Com olhares horrorizados 
e incrédulos, os nova‑iorquinos, espremidos uns aos outros, estavam 
inertes. Eles apenas esperavam, não se sabe ao certo quem ou o quê. Era 
o pânico.
Dentro do prédio, a consternação era semelhante e estava ainda mais 
evidente na agitada face de corretores e operadores, protagonistas e 
testemunhas do acontecimento que pode mudar os rumos da economia 
mundial. Símbolo maior da pujança econômica dos Estados Unidos, 
o mercado de ações, que se tornou verdadeira mania nacional nesta 
década gloriosa para os americanos, via seu baluarte, a rica e poderosa 
Bolsa de Nova York, despedaçar‑se em poucos minutos naquela que já 
entrou para os anais como a “quinta‑feira negra”. Uma onda súbita e 
sem precedentes de vendas tomou de assalto o pregão nova‑iorquino. 
Ações outrora valorizadas simplesmente não encontravam novos 
compradores, nem mesmo por verdadeiras ninharias. Os preços dos 
papéis, fossem eles da United States Steel ou da American Telephone 
and Telegraph, caíam vertiginosamente, arrastando com eles as 
economias, esperanças e sonhos de milhares de americanos levados à 
bancarrota instantânea.
A notícia dizia respeito à quebra da bolsa da maior economia do mundo em 1929, que, por sua 
dimensão, disseminou a crise por todos os continentes. Para Dobb (1987, p. 322), o que ruía era o sonho 
de um paraíso econômico:
14O primeiro número da revista Veja impressa foi publicado em 1968. Por meio da internet, porém, sob o nome Veja 
na História, a publicação tem colocado à disposição dosinteressados edições especiais sobre fatos históricos relevantes que 
aconteceram no mundo nas mais diversas épocas, como o crash na Bolsa de Nova York. Disponível em: <http://veja.abril.
com.br/historia/crash‑bolsa‑nova‑york/especial‑quebrou‑panico‑acoes‑wall‑street.shtml>. Acesso em: 1º nov. 2010.
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Recomendamos fortemente a leitura do livro As vinhas da ira, de 
John Steinbeck, editora Record. Romance de 1939 em que o autor narra 
a trajetória dos camponeses sem trabalho que vagam pelo território 
americano em busca de alguma oportunidade de sobrevivência.
Os próprios fatos desses anos sombrios, com suas falências repentinas, fábricas abandonadas e 
filas de gente a pedir pão, forçaram nos espíritos já refeitos a conclusão de que algo – muito mais 
fundamental do que uma adaptabilidade lenta de desordenadas relações de preços – devia estar errado 
no sistema econômico, e que a sociedade capitalista teria sido tomada por algo com todos os sinais de 
ser uma doença crônica que ameaçava tornar‑se fatal.
Vejamos as origens da crise. Aquele era um tempo em que a atividade econômica tinha como 
principal característica a produção de massa, resultante de “métodos de fluxo contínuo, pelos quais o 
movimento do produto através de suas etapas sucessivas é governado por um só processo mecânico” 
(idem, p. 357). O antigo artesão, o produtor independente da máquina e o agente que operava a máquina, 
todos eles são substituídos por máquinas que operam e comandam a produção, máquinas essas apenas 
supervisionadas pelo homem. A produção se torna um processo de equipe, mecanizado e que não pode 
variar, já que é ditado pelo processo mecânico unificado.
Como era o ambiente econômico nas primeiras décadas do século XX? Tudo parecia funcionar 
perfeitamente, de acordo com a ideia mítica da “mão invisível”, faltando tão somente aguardar os 
movimentos do mercado que conciliariam os interesses da demanda e da oferta. No entanto, não foi isso 
que se observou. Elevação do grau de monopolização das empresas, rigidez de preços, manutenção das 
margens de lucro, redução do emprego como estratégia para redução de custos e otimismo infundado: 
essa era uma mistura improvável, mas que, ocorrendo, levaria o mundo ao colapso de 1929.
Se havia redução da demanda e, portanto, formação dos estoques em níveis acima dos normais, 
utilizava‑se a redução da produção (e do emprego, em consequência) como instrumento corretivo; os 
preços, no sistema monopolista, estavam “dados” e não seriam alterados, da mesma forma que não se 
alteraria a taxa de lucros dos capitalistas. De acordo com Dobb (idem, p. 360), ainda havia outro fator a 
ser considerado:
Na medida em que o processo de produção se torna um todo unificado, 
em vez de uma coleção de unidades atomísticas, impõe‑se pelo menos 
um tamanho mínimo, abaixo do qual uma fábrica não pode operar. E, na 
medida em que os custos fixos ou gerais são aumentados, enquanto os 
custos diretos ou primários (ou variáveis) são simultaneamente rebaixados, 
a praticabilidade de variar a produção de uma dada fábrica (por exemplo, 
pela sua dotação com uma força de trabalho menor) fica ao mesmo tempo 
reduzida.
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O otimismo infundado, que mencionamos anteriormente, encontrava apoio nos lucros obtidos em 
operações na bolsa de valores: os lucros eram tão imensos, que todos compravam ações. Do padeiro ao 
motorista de ônibus, todos compravam ações, embalados pelo sonho da prosperidade rápida e sem riscos, 
sequer imaginando que o fim estava muito mais próximo do que se imaginava. Mas, por qual motivo?
Desde muito, o governo americano incentivava o cidadão a participar do mercado acionário. Afinal, 
o crescimento da produção industrial americana havia ocorrido à custa de uma grande quantidade de 
dinheiro aplicado em bolsa de valores por meio de aquisição de ações de empresas.
É no mercado financeiro que as empresas, ao disponibilizar ações para negociação, conseguem elevar 
seu capital e investir no crescimento da produção. É nesse tipo de mercado que agentes superavitários 
encontram formas alternativas de valorizar suas riquezas, deixando‑as à disposição dos empresários 
que investirão mais e mais na produção de coisas úteis. Ao final do processo, o empresário vende sua 
produção e repassa parte dos lucros aos agentes superavitários que acreditaram no “negócio”. Simples e 
bonito, não? Nem sim, nem não!
O fato de as empresas utilizarem o mercado acionário como forma de angariar recursos para 
aumentos de produção é louvável, assim como é promissor o fato de pessoas acreditarem e apostarem 
na produção alheia como forma de valorização do capital. O que não está correto, ou pelo menos não 
se mostrou correto à época, foi a ânsia capitalista de querer acumular mais e mais capital, a ponto de 
algumas pessoas hipotecarem seus imóveis para arriscar lucros alvissareiros no mercado financeiro. 
Ora, para que lucros maiores sejam repartidos entre mais pessoas, maiores deverão ser os lucros das 
empresas, ou seja, sua margem de lucro será, portanto, maior que sua rentabilidade como negócio.
Vimos em páginas anteriores certa tendência para a mecanização da produção. Para que a produção 
seja mecanizada, o homem dá espaço para a máquina. Quem recebe salários para trocar sua remuneração 
por produtos? Homens ou máquinas? Pensemos mais um pouco.
Com o processo de acumulação e concentração do capital aliado aos aumentos de eficiência e 
produtividade da produção – permitidos pelo crescente uso da maquinaria – um volume de produtos 
cada vez maior é lançado ao mercado para consumo.
Façamos, então, a conta. As empresas industriais desempregam pessoas. As empresas industriais 
aumentam as quantidades de produtos produzidos. Quem compra? Quem gera receitas às empresas? De 
que forma essas empresas serão lucrativas? Como devolverão o capital anteriormente investido, agora 
crescido em função dos lucros prometidos? Ademais, grande quantidade de consumidores não estava 
interessada em comprar e adquirir produtos, mas em investir seu dinheiro na produção! Percebe? Assim,
quando os escombros foram varridos, o estrago era assustador. Em dois insanos 
meses o mercado perdera todo o terreno que ganhara em dois anos delirantes; 
US$ 40 bilhões em valores haviam simplesmente desaparecido. Houve também 
o fato de que o americano médio usara sua prosperidade de forma suicida; 
ele se hipotecara até o pescoço, esticara seus recursos de forma perigosa sob a 
tentação de compras a prestação e acabara por selar o próprio destino comprando 
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avidamente fantásticas quantidades de ações — cerca de 300 milhões de quotas, 
é a estimativa — com dinheiro emprestado (HEILBRONER, 1996, p. 233).
O sistema monopolista também impedia a entrada de novas empresas, e a queda de investimentos 
logo se faria sentir. Capacidade ociosa: esse seria o resultado da adoção desse conjunto de práticas, e a 
ociosidade seria não apenas de equipamentos e ativos imobilizados, mas especialmente da mão de obra, 
que se caracterizaria como exército industrial de reserva de dimensões alarmantemente ampliadas.
Os Estados Unidos, antes reconhecidos como oásis do mundo para se viver, passaram a ser identificados 
como geradores de crises.
Os milhões de desempregados eram como uma embolia na circulação vital 
da nação; e enquanto sua evidente existência argumentava com mais força 
do que qualquer texto para demonstrarque algo estava errado no sistema, os 
economistas retorciam as mãos, espremiam os cérebros e invocavam o espírito 
de Adam Smith, mas não conseguiram estabelecer qualquer diagnóstico nem 
remédio. Desemprego — este tipo de desemprego — simplesmente não se 
encontrava na lista dos possíveis problemas do sistema; era absurdo, irracional 
e, portanto, impossível. Mas estava ali. (HEILBRONER, 1996, p. 234).
O mecanismo da crise está representado no quadro 4 a seguir.
Mecanismo da crise de 1929
Subconsumo 
e 
superprodução
Desemprego
Quebra dos 
rendimentos
Baixa de preços
Quebra dos 
lucros
Falências
industriais 
e 
comerciais
Diminuição 
do 
crédito
Falências 
bancárias
Quebra 
das 
ações
Quadro 4 –O mecanismo da crise
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O que fazer com o mundo que não caminhava automaticamente para o equilíbrio, tal como 
preconizado e previsto pelo liberalismo que marcara a gênese da investigação econômica? O que fazer 
com as teorias explicativas da época, notadamente na figura de Jean Baptist Say, de que a oferta 
cria sua própria procura e que as economias tendem ao equilíbrio geral? Várias foram as estratégias 
que inspirariam os governantes dos mais diversos países do mundo e romperiam com determinados 
paradigmas do pensamento econômico.
A partir das guerras mundiais, entremeadas pela crise de 1929 e pela Grande Depressão, a teoria 
econômica convencional passou a ser objeto de investigação e passível de mudança. A partir das 
catástrofes causadas pela Grande Depressão, há uma ruptura com a ciência clássica, pois os chamados 
economistas clássicos acreditavam que as economias de mercado tinham a capacidade de, sem a 
interferência do governo, utilizar de maneira eficiente os recursos disponíveis, ou seja, produzir esses 
recursos com pleno emprego. A partir do momento em que as economias atingissem o ponto de pleno 
emprego, o produto da economia e o emprego já estariam determinados, representando então a efetiva 
disponibilidade de recursos.
6.2 A intervenção do Estado
A macroeconomia até então prevalecente sugeria a existência de uma tendência automática ao 
pleno emprego de recursos e, dessa forma, à inexistência de desemprego de trabalhadores. Mas, por 
conta principalmente da Grande Depressão dos anos de 1930, a evidência empírica mostrava pessoas 
buscando constantemente emprego sem alcançar sucesso.
Costuma‑se creditar à quebra da bolsa de valores a responsabilidade pela Grande Depressão dos 
anos 1930, mas é importante notar outros acontecimentos da economia americana da época que, 
conjugados à euforia especulativa, acabaram por gerar a crise.
Um desses acontecimentos foi um revés no setor agrícola. Este, característico de um mercado de 
concorrência perfeita, produz um bem com demanda inelástica em relação ao preço e à renda. O que isso 
significa? Que se, por exemplo, baixar sobremaneira o preço da alface, o seu consumo não aumentará na 
mesma magnitude. O mesmo ocorre em função da renda. Como a sociedade vinha se industrializando, era 
natural que os salários dos trabalhadores da indústria fossem maiores em comparação aos trabalhadores 
agrícolas. Assim, e diante do fato de as sociedades estarem mais concentradas nos centros urbanos 
em detrimento dos rurais, o consumo de produtos industrializados era maior do que o dos produtos 
agrícolas, gerando uma crise de superprodução agrícola e diminuindo os lucros dos empresários desse 
setor.
Atrelado ao setor industrial, que remunerava o trabalho conforme sua produtividade, surgiu outro 
setor: o de serviços, que dava suporte e assistência às indústrias. Para que as empresas do setor de 
prestação de serviços tivessem condições de trabalhar, necessitavam de trabalhadores que seriam 
“roubados” do setor da indústria. Tais trabalhadores somente mudariam de emprego se a relação de 
salário fosse melhor, ou seja, se o setor de serviços pagasse salários mais elevados do que a indústria. 
Dessa forma, os lucros no setor de serviços eram muito baixos para pagamentos de salários elevados, 
comparativamente aos salários industriais.
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Em 1933, Roosevelt assumiu a presidência dos Estados Unidos e uma pesada herança: 17 milhões 
de desempregados. Para achar uma saída para a crise, sua equipe elaborou um plano que passou 
a ser conhecido como New Deal (Novo Acordo). Caberia ao Estado intervir na economia, vigiando 
o mercado e os empresários, corrigindo as distorções e monitorando as atividades nas bolsas de 
valores.
Basicamente, o New Deal procurou consertar o desequilíbrio na economia por meio de algumas 
estratégias:
a) Criação de um portentoso e ambicioso programa de obras públicas a serem executadas por órgãos 
públicos e empresas estatais: foram construídas estradas, escolas, hospitais, aeroportos e toda 
uma infinidade de obras de infraestrutura;
b) Criação da Previdência Social e elaboração de leis sociais para a proteção dos trabalhadores e 
desempregados;
c) Criação do salário mínimo;
d) Diminuição da jornada de trabalho e manutenção dos salários;
e) Compra de estoques de cereais e sua posterior queima, para manter a remuneração dos setores da 
economia envolvidos com o setor primário;
f) Arbitragem dos conflitos entre empresários, forçando‑os a concretizar acordos sobre os níveis de 
produção e preços;
g) Renegociação e perdão das dívidas dos pequenos proprietários;
h) Concessão de crédito aos fazendeiros.
A proposta do New Deal foi a de aumentar a capacidade de consumo da sociedade sem que, num 
mesmo momento, fosse aumentada a capacidade de produção das empresas. A preocupação maior de 
Roosevelt era a de proporcionar à sociedade novos tempos de consumo e produção. Para tanto, as ações 
citadas permitiram ao governo transferir renda para a sociedade.
Acompanhe o raciocínio acerca da construção de infraestrutura mencionada anteriormente.
Para que o governo possa construir escolas, por exemplo, precisa inicialmente de um espaço 
geográfico, um local físico. Para tanto, pode adquirir uma fábrica fechada em função da crise 
anterior. Assim, o governo repassa, por meio da compra de um imóvel, determinada renda a uma 
família que pode voltar ao mercado de consumo. Essa escola agora precisa ser construída. Então, 
o governo adquire do mercado de construção civil todos os materiais necessários à construção. 
Precisará contratar pessoas que trabalharão nas obras, pedreiros, marceneiros, pintores e demais 
profissionais. Cada um desses profissionais receberá um salário como forma de remuneração de 
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sua atividade. Portanto, voltam a receber renda e também podem voltar ao mercado de consumo 
de mercadorias. E, assim por diante.
Os empresários, por seu turno, incentivados também pelo governo com subsídios à produção, voltam 
a ter ímpeto para continuar seus negócios, percebendo agora que a sociedade também tem capacidade 
de retorno ao mercado de consumo. Assim, empresas voltam a empregar outras pessoas e retomam a 
produção anteriormente freada em função da crise. É um círculo.
Todas essas medidas conjugadas geraram um aumento no nível de emprego da economia, forçando 
o aumento da produção e da contratação de empregados, a manutenção da atividade econômica e o 
controle das tensões sociais.
Sob efeito da crise, qual a solução para o capital? A resposta é: o Estado. O Estado, finalmente, salvava 
o capital: acabava a era da crença no equilíbrio natural e automático do mercado. Experimentaríamos o 
períodochamado de welfare state, estado de bem‑estar social, em que caberia ao Estado o resgate da 
sociedade.
 Observação
Repare aqui numa coisa, conforme avançamos em nossa disciplina, 
percebemos que há certa mudança no papel do Estado na economia: de 
instrumento de uso pela classe dominante para regulador da atividade 
econômica.
Um economista britânico se proporia a traduzir essa nova situação dentro dos rigores do 
pensamento econômico: seu nome era John Maynard Keynes, e o seu trabalho, A teoria geral do 
emprego, do juro e da moeda, foi tão brilhante, que ainda hoje ele adjetiva parcela considerável dos 
economistas do mainstream15. Keynes mostrava que, contrariamente aos resultados apontados pela 
teoria clássica, as economias capitalistas não tinham a capacidade de promover automaticamente 
o pleno emprego. Assim, deveriam ser abertas oportunidades para a ação governamental: por meio 
dos clássicos instrumentos de política econômica, caberia ao governo direcionar a economia rumo à 
utilização total dos recursos.
A análise de Keynes partiu do estudo da riqueza de uma nação. Segundo ele, a medida de riqueza 
de uma nação é sua renda. E renda, aqui, não é um conceito estático, porque ela se transfere de mãos 
no processo de produção e consumo de mercadorias; na verdade, é essa transferência que revitaliza 
a economia. Parte da renda é gasta no consumo de bens e serviços; outra parte é poupada, ou em 
bancos ou por meio da aquisição de ações. De qualquer forma, é esperado que essa renda retorne ao 
sistema, via concessão de empréstimos ou por meio de financiamentos para a expansão das atividades 
produtivas.
15Ainda nos dias de hoje, uma boa parte da heterodoxia econômica se autointitula de “keynesiana”.
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O problema surge porque essa comunicação entre poupança e investimento não é automática. 
O fluxo circular da renda não funciona de forma automática. “E aí está a possibilidade de depressão. 
Se nossas poupanças não forem investidas por empresas com negócios em expansão, nossas rendas 
vão declinar. Estaremos na mesma espiral de contração como estaríamos se tivéssemos congelado 
nossas poupanças guardando‑as no colchão” (HEILBRONER, 1996, p. 248). A economia fica paralisada, 
segundo Keynes. Ele ainda descobriria mais uma coisa: a depressão e a crise da bolsa haviam acabado 
com o montante de poupanças. De fato, sequer havia renda para o consumo, quanto menos para 
poupança.
A maior consequência era que a economia encontrava‑se em uma condição 
de paralisia exatamente quando precisava ser mais dinâmica. Pois, se não 
havia excedente de poupanças, não havia pressão na taxa de juros para 
encorajar os negociantes a pedir empréstimos. Se não havia empréstimos 
e gastos com investimentos, não havia ímpeto de expansão. (...) Assim, 
dava‑se o paradoxo da pobreza em meio à fartura e à anomalia de homens 
e máquinas sem ter o que fazer (idem, p. 252).
O que fazer nessa situação de paralisia?
Keynes elaboraria teoricamente o que se tentara antes, e de forma bem‑sucedida, com o New Deal 
americano. Assim, cabia ao governo tirar a economia do fundo do poço, investindo e criando empregos. 
Ao criar empregos, criaria renda para consumo e poupança. Criando demanda, criaria estímulos para 
que a oferta fizesse a produção retomar seu crescimento. O governo deveria investir em obras públicas, 
mesmo que fosse apenas para cavar buracos que, posteriormente, fossem tapados: a prioridade era criar 
emprego.
Em outras palavras, “os projetos de obras públicas atacariam o problema com uma faca de 
dois gumes: ajudando diretamente a manter o poder de compra das pessoas, que de outra forma 
permaneceriam desempregadas, e liderando o caminho para a retomada da expansão privada 
dos negócios” (idem, p. 256). Era, afinal, a “mão visível” do Estado colocando ordem no mercado, 
ordem essa que outra mão invisível lograra não conseguir. Assim, diante desse contexto, Keynes 
apresenta O princípio da demanda efetiva como novidade para o pensamento econômico da 
época.
Os resultados obtidos foram satisfatórios. Como pode ser visto no gráfico 2 a seguir, a economia 
americana voltou a crescer, e nesse crescimento se manteria até a década de 1970. Observe: a linha 
pontilhada corresponde ao crescimento americano. As barras verticais correspondem ao crescimento da 
economia brasileira.
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Tendência secular do crescimento no Brasil e nos Estados Unidos (1900-2005)
HPTRENDBR
HPTRENDUS
Gráfico 2 – Crescimento no Brasil e nos Estados Unidos
Faltava ordenar ainda alguns mecanismos, e isso ocorreria em Bretton Woods: uma sequência de 
acordos determinariam algumas regras de relacionamento monetário entre os países. Escaldados pelo 
efeito dominó da crise de 1929 e ainda sob a comoção da II Guerra Mundial, os países industrializados 
iriam estabelecer normas para a paridade cambial, tornando as moedas indexadas ao dólar e este 
ancorado na conversibilidade ao ouro. Ainda como resultado de Bretton Woods, surgiriam o Banco 
Internacional de Reconstrução de Desenvolvimento (BIRD), constituinte do Banco Mundial, e o Fundo 
Monetário Internacional (FMI).
Conforme Manzalli e Gomes (2006, p. 89‑90),
o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional são dois importantes 
organismos criados para promover a coordenação de políticas entre países, 
notadamente na área financeira, mas muitas vezes tal coordenação ocorre 
em detrimento de interesses de sociedades. Com o avanço do comércio de 
longa distância na Europa, surge certa tendência de que as coordenações 
financeiras, predominantemente administradas por famílias dos comerciantes 
locais, passem a desempenhar um papel primordial na definição dos interesses 
políticos e econômicos de diversos grupos no continente. Com o tempo, o 
desenvolvimento do comércio privado de moedas e instrumentos financeiros 
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organiza‑se em cidades que ganham status de centros financeiros, e estes, 
agora, passam a influenciar governos e diversos grupos sociais em muitas 
localidades onde, no início do século XX, o poder econômico de Londres 
fazia‑se sentir em vastas regiões do globo.
De acordo com Sandroni (1996), o FMI foi criado em 1944 para tentar promover a cooperação 
monetária entre todos os países do mundo. Essa iniciativa partiu da necessidade de equilibrar paridades 
monetárias justas entre diferentes moedas, evitando desvalorizações concorrenciais e formando um 
grande fundo com recursos dos países membros. Esses recursos seriam utilizados em favor de países que 
encontrassem dificuldades nos pagamentos internacionais, principalmente aqueles que apresentavam 
recorrentes déficits em sua conta de transações correntes.
Uma das principais funções do Fundo era regular as paridades das 
moedas. Tinha o objetivo essencial de presidir um regime internacional 
de câmbio praticamente fixo, promovendo a cooperação monetária 
internacional mediante uma instituição permanente que servisse de 
mecanismo para consulta e colaboração sobre problemas monetários. 
Em seu instrumento constitutivo estabeleceu‑se, ainda, que recursos 
financeiros do Fundo seriam oferecidos temporariamente aos 
países membros para proporcionar‑lhesoportunidades de corrigir 
desequilíbrios no seu balanço de pagamentos, sem recorrer a 
desvalorizações cambiais, consideradas destrutivas da prosperidade 
internacional (Manzalli e Gomes, 2006, p. 96).
Já o Banco Mundial, instituição financeira internacional ligada à Organização das Nações Unidas 
(ONU), e também criada em 1944, tinha como propósito o financiamento de projetos de recuperação 
e de promoção de desenvolvimento econômico dos países atingidos pela guerra (Sandroni, 1996). Na 
prática, esse papel ficou a cargo do chamado Plano Marshall, e o banco passou a lidar de modo crescente 
com o tema do desenvolvimento econômico e a atuar, sobretudo, junto aos países subdesenvolvidos 
(BAUMANN, 2004).
Formalmente, seu intuito era canalizar capital para investimentos que permitissem elevar a 
produtividade das empresas, o padrão de vida das pessoas e as condições de trabalho nos países membros. 
Assim, a preocupação primordial do Banco Mundial seria aquela ligada à melhoria das condições de vida 
da população, quer dizer, às questões de cunho qualitativo (e não quantitativo‑financeiro, a exemplo 
do FMI).
Conforme salientam Manzalli e Gomes (2006), o objetivo básico do Banco Mundial era o de auxiliar 
na reconstrução e no desenvolvimento de territórios dos países membros atingidos pela destruição da 
guerra. Esse objetivo deveria ser atendido por meio de atividades dedicadas a:
a) Prover capital para fins produtivos;
b) Promover o investimento externo privado;
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c) Complementar o investimento privado mediante o fornecimento de capital para fins produtivos;
d) Promover o crescimento equilibrado de longo prazo do comércio internacional;
e) Manter o equilíbrio nos balanços de pagamento mediante o incentivo internacional a investimentos 
para o desenvolvimento de recursos produtivos.
Os resultados das políticas keynesianas logo se fariam sentir e a economia americana viveria o seu 
período de maior riqueza e crescimento.
No Brasil, também se adotaria estratégia parecida à do New Deal: ao tempo de Getúlio Vargas, 
a produção de café seria comprada pelo governo apenas para remunerar os fatores de produção 
empregados. Depois, esse café seria queimado, em vez de ser colocado no mercado, abaixando ainda 
mais o preço do produto.
Comprava‑se café não para revendê‑lo, mas apenas para manter a remuneração de setores 
importantes da economia.
Em sua obra Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, Keynes explicaria a necessidade de investir 
na criação de empregos como medida para manter a demanda agregada e evitar a queda da produção. 
Se fosse necessário, que se cavassem buracos e se os cobrissem novamente. Ou, nas palavras dele: “Cavar 
buracos no chão, à custa da poupança, não só aumentará o emprego como também a renda nacional 
em bens e serviços úteis”.
Para refletir
Veja o texto abaixo e reflita, conforme o proposto.
Situação – Numa entrevista concedida nos anos 1970, Golbery do Couto e Silva, então Ministro 
Chefe da Casa Civil, afirmou que a maior ou menor intervenção do Estado na economia assemelhava‑se 
aos movimentos cardíacos de sístole e diástole, o que os tornava, portanto, inexoráveis com o passar do 
tempo.16
Proposta: em que situações você acha ser importante a intervenção do Estado na economia?
Vamos pensar um pouco mais?
Observe o trecho da entrevista de Fernando Ferrari Filho, professor titular do Departamento de 
Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pesquisador do CNPq, sobre a situação 
proposta:
16Disponível em: <http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/3/14/idas‑e‑vindas‑do‑setor‑
de‑petroleo>. Acesso em: 23 mar. 2011.
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Situação –
“Keynes nunca deixou de viver, no aspecto figurativo. Entre os anos 
1950 e 1970, o mundo passou por um período de prosperidade jamais 
visto, conciliando crescimento econômico e estabilização de preços. E, 
queiramos ou não, essa prosperidade se alicerçou em concepções de 
caráter keynesiano, ou seja, políticas monetárias e fiscais extremamente 
expansionistas, controle de capitais e estabilidade das taxas de câmbio. 
Foram as regras do sistema criado em Bretton Woods, na década de 
1940.
(...) Eu diria que não há ninguém mais moderno que o Keynes para 
explicar as dificuldades atuais e para nos fazer entender que essas crises 
financeiras do capitalismo não são anômalas. Elas tendem a se repetir por 
períodos. Os economistas que são céticos ao Keynes, o são porque nunca 
o leram. Segundo ponto: é aquilo que você falou. As pessoas se apoiam 
no Keynes, se reportam às ideias dele, como agora, defendendo políticas 
fiscalistas, políticas de injeção de liquidez, como se fosse para solucionar 
um problema de curto prazo. Ou seja, hoje existe uma “aceitabilidade” 
de Keynes, para remediar os problemas. Pegando a sua expressão, na 
visão dessas pessoas, Keynes é só para o tempo em que durar a chuva. 
Por quê? Porque entendem que os mercados tendem a seguir uma lógica 
definida. Entendem que políticas fiscais e políticas monetárias de cunho 
essencialmente keynesiano devem ser utilizadas em épocas de crise, de 
depressão, mas não devem ser utilizadas em épocas de prosperidade. 
Acreditam que o mercado funciona na lógica da normalidade e só veem 
relevância no Estado keynesiano dentro de uma lógica de depressão. 
Essa é, infelizmente, a percepção.” 17
Proposta: o que podemos concluir a respeito da atualidade das ideias keynesianas?
 Resumo
Antes que você faça os exercícios, vamos relembrar os pontos mais 
importantes já discutidos até agora:
O mercado é o local de encontro entre quem oferece bens e serviços e 
quem procura bens e serviços. Portanto, é um local de trocas. A concorrência 
perfeita, o oligopólio, o monopólio e a concorrência monopolista são as 
estruturas de mercado mais comuns.
17Disponível em: <http://consultorfelix.wordpress.com/2009/03/12/fernando‑ferrari‑quem‑diria‑agora‑todos‑sao‑
keynesianos>. Acesso em: 1º nov. 2010.
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O oligopólio se formou a partir das dificuldades enfrentadas pelo 
capitalismo ao final do século XIX.
Karl Marx, sob o impacto das condições miseráveis dos trabalhadores 
e das dificuldades pelas quais passava o capitalismo, escreve sua obra O 
capital, rompendo com a lógica do liberalismo clássico e criando uma 
vertente alternativa de análise.
Embora sua teoria não tenha sido aceita pelo mainstream, algumas 
de suas previsões se concretizaram: o capitalismo passaria por inúmeras 
crises.
A crise de 1929 ensejou uma mudança na compreensão do papel do 
Estado: agora, cabia a ele intervir, regulando as atividades econômicas e 
conduzindo o sistema ao equilíbrio e ao pleno emprego.
Keynes elabora sua obra sob influência desses acontecimentos. A crise 
de 1929 e as guerras mundiais criam as condições para o surgimento do 
FMI e do Banco Mundial: a partir desse momento, o capital se organiza em 
termos mundiais.
 EXERCÍCIOS
Questão 1. (Adaptada do Enade – História – 2008)
Figura 4
Leia o trecho: “(...) o fato maior do século 
XIX é a criação de uma economia global única, 
que atinge progressivamente as mais remotas 
paragens do mundo, uma rede cada vez mais 
densa de transações econômicas, comunicações e 
movimentos de bens, dinheiro e pessoas, ligando 
os países desenvolvidos entre si e ao mundo não 
desenvolvido. [...] Sem isso não haveria um motivo 
especial para que os Estados europeus tivessem 
um interesse algo mais que fugaz nas questões,digamos, da bacia do rio do Congo, ou tivessem 
se empenhado em disputas diplomáticas em 
torno de algum atol do Pacífico. Essa globalização.
da economia não era nova, embora tivesse se acelerado consideravelmente nas décadas centrais do 
século” (HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios: 1875‑1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988, p. 95)
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O texto faz referência à expansão imperialista europeia no século XIX. Uma característica desse 
movimento de conquista de novos mercados que ocorre nos Oitocentos é:
Assinale a alternativa correta:
A) A ausência do Estado protecionista na criação de uma economia global única.
B) A criação de uma economia global única no contexto do crescimento industrial europeu. 
C) A ausência de concorrência entre os países mais industrializados.
D) O favorecimento social das regiões coloniais com a ampliação dos investimentos europeus.
E) Os benefícios econômicos proporcionados às massas descontentes dos impérios.
Resposta correta: alternativa B.
Análise das alternativas:
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: a ausência do Estado protecionista na criação de uma economia global única inverte a 
natureza do processo encabeçado pelo Estado em proteger a sua economia.
B) Alternativa correta. 
Justificativa: foi isso o que suscitou o interesse de países europeus em expandir os seus domínios, 
incentivando o interesse em outras áreas geográficas fora de seus domínios territoriais, e assim, o 
crescimento do imperialismo econômico.
C) Alternava incorreta.
Justificativa: havia extrema concorrência entre os países mais industrializados, tanto que esses 
conflitos acabariam por gerar a I Guerra Mundial.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: não havia qualquer favorecimento em relação às regiões coloniais.
E) Alternativa incorreta. 
Justificativa: não havia preocupação nenhuma em proporcionar benefícios às massas descontentes, 
o que contribuiu com a crise do final do século e com as lutas dos trabalhadores, que, inspirados pelos 
ideais socialistas, procurariam melhorar as condições de trabalho.
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Questão 2. Leia o trecho: 
“(...) Em 3 de setembro de 1929, a Bolsa de Valores de Nova York atingiu os índices mais elevados 
que jamais seriam vistos nos vinte anos seguintes, para apenas algumas semanas depois, ser palco 
da mais devastadora crise que o sistema capitalista passou, através dos desdobramentos do que se 
chamou “o crack de Wall Street”. Um sentimento geral de otimismo e confiança no sistema americano, 
fez com que o público em geral acreditasse que o preço das ações e demais títulos continuasse a subir 
indefinidamente, o que tornava imperativa a compra, para se poder usufruir da era de prosperidade. 
Se até fevereiro de 1928 a alta do preços dos papéis seguiu, grosso modo, o aumento assinalado dos 
lucros das empresas, a partir dessa data, ela foi sustentada apenas pela onda especulativa. Essa onda 
era encorajada por afirmações otimistas de homens de negócios e autoridades governamentais, como 
a do presidente Coolidge em 4 de dezembro de 1928, de que “nenhum Congresso dos EUA jamais 
reunido (...) se viu com uma prosperidade mais agradável que essa que parece agora”, que serviu para 
prontamente restaurar a confiança, abalada pelo colapso do setor de construção civil em meados 
de 1928. (...) Havia chegado um ponto em que os compradores não mais levavam em conta o valor 
intrínseco dos títulos, procurando aumentar seu patrimônio pela simples posse de ações quaisquer. 
Isso naturalmente supervalorizava todos os papéis. Nessas condições, mesmo as ações das empresas 
mais sólidas encontravam‑se supervalorizadas, e as ações de segunda linha haviam atingido preços 
injustificáveis, muito além de seu valor patrimonial ou de sua capacidade de remunerar, através de 
dividendos, os capitais aplicados. Essa situação, reflexo nítido das condições artificiais do crescimento 
da economia norte‑americana durante a década de 1920, não poderiam prolongar‑se indefinidamente: 
seu ponto de equilíbrio rompeu‑se em outubro de 1929 (...)” (REZENDE, 2007).
Considere as afirmativas que se seguem:
I ‑ A especulação monetária da época exigiu um sentimento de confiança e de otimismo, e a 
convicção de que as pessoas comuns estavam destinadas a ser ricas. Tal sentido era fortalecido 
pelo endosso das autoridades e dos fatos de enriquecimento aparentes.
II ‑ A ocorrência da crise gerada em 1929 serviu para colocar em cheque a doutrina da Lei de Say, 
mostrando que a renda não é necessariamente gasta ou investida, e de que a economia não 
tende ao equilíbrio.
III ‑ O crack da Bolsa de Valores de Nova York pode ser considerado como resultado natural de uma 
década de desenvolvimento econômico, em que a demanda e oferta agregadas foram influenciadas 
por financiamento de consumo, produto de espetacular desenvolvimento do mercado de crédito 
americano nos anos 1920.
IV – Agrega‑se aos fatores que contribuíram para a Depressão dos anos 1930: a crise de superprodução 
engendrada no setor primário da economia da época.
Após a leitura do texto sugerido, da consideração das afirmativas propostas e da discussão apresentada 
nesta Unidade acerca do assunto, assinale a alternativa que contém as afirmativas corretas: 
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A) I e II. 
B) II e III.
 
C) I, III e IV.
D) III e IV.
E) Todas as afirmativas estão corretas.
Resolução desta questão na Plataforma.
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Unidade III
7 A ECONOMIA E OS NEGÓCIOS NO SÉCULO XX
7.1 A inflação dos anos 1970
No mundo pós‑guerra, os avanços da ciência podiam ser traduzidos em técnicas e tecnologias 
que não necessitam ser compreendidos pelos usuários finais (HOBSBAWM, 1995). A física quântica, 
desenvolvida por Einstein no começo do século, estava agora aplicada nos produtos do cotidiano e, para 
utilizá‑los, não era necessário entender a teoria subjacente. A luta pela existência na Terra, impulsionada 
pela Guerra Fria, lançou as sementes para a corrida espacial: americanos e soviéticos disputavam, senão 
um lugar ao sol, ao menos um lugar na imortalidade do espaço.
A segunda metade do século XX também assistiria ao debate e à especulação sobre o próprio caráter 
do processo de conhecimento científico. Das teorias sobre falseabilidade de Popper, passando pela 
investigação das revoluções cientificas e quebras de paradigma de Kuhn, os cientistas se perguntariam: 
o conhecimento leva à certeza ou apenas nos aproximamos, probabilisticamente, da verdade? É possível 
algum conhecimento certo e seguro sobre o mundo que nos cerca? Existe avanço no conhecimento 
científico? É a história da ciência uma linha de sucessivos aprimoramentos ou estamos sempre rompendo 
com o pensamento do passado? Como lidar com esse saber que, ao mesmo tempo em que se produz 
em circunstâncias e processos ainda desconhecidos, pode provocar o fim da humanidade? Aos poucos, 
formava‑se uma nova mentalidade que tinha como escopo compreender os impactos sociais dos 
desenvolvimentos científicos, e que se construía a partir da percepção de que vivíamos em um mundo 
destinado ao progresso e, ao mesmo tempo, à destruição.
Já o sistema de mercado na segunda metade do século XX é sinônimo de inconteste riqueza e 
desenvolvimento. Para os Estados Unidos, os anos posterioresao final da II Guerra haviam sido nada mais 
do que a continuidade da estupenda performance que beneficiou o país nos anos de conflito armado, 
embora tenha sido notável o fato de que as taxas de crescimento fossem lentas, comparativamente às 
de outras nações. As economias dos países desenvolvidos caminhavam em direção ao plano emprego, 
finalmente atingido nos anos 1960: a crença era de crescimento e prosperidade contínua, não havendo 
por que duvidar que o desenvolvimento dessa década não se reproduzisse na década posterior 
(HOBSBAWM, 1995).
Mesmo as nações do bloco não capitalista cresciam, e a fome e miséria ainda não se faziam visíveis, 
apesar dos indícios de explosão populacional e de exclusão dos povos do Terceiro Mundo na repartição 
do bolo dourado do capitalismo (e essa exclusão se confirmaria nos anos 1980, apesar das taxas 
elevadas de crescimento na década de 1970 de países como o Brasil). Na década de 1960, a produção 
de manufaturas produzidas no mundo já havia se quadruplicado e o comércio mundial dos produtos da 
industrialização havia se multiplicado por dez (HOBSBAWM, 1995).
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Ainda, os Estados Unidos impulsionavam o crescimento de outras nações, particularmente os 
perdedores da II Guerra – Alemanha Ocidental e Japão –, e as guerras intervencionistas (Coreia e 
Vietnã, por exemplo) saciavam as necessidades expansionistas e de mercado das grandes corporações 
transnacionais. Mesmo os organismos internacionais criados ao final da década de 1940 (Fundo Monetário 
Internacional – FMI e Banco Mundial) estavam a serviço das políticas hegemônicas norte‑americanas, 
até porque justificadas pelo êxito econômico de tais políticas.
Não havia tampouco qualquer temor em relação ao esgotamento dos recursos ambientais, 
esgotamento esse provocado pelo uso indiscriminado de fontes fósseis de energia: apenas anos depois, 
o primeiro choque do petróleo impulsionaria, de forma mais institucionalizada, as preocupações 
ambientais que se alastrariam pelo mundo nos anos 1980 e 1990, embora, a princípio, a fragilidade e 
dependência das economias industrializadas em relação ao petróleo tenham gerado apenas revolta pelo 
aumento “absurdo” do preço do combustível; mesmo programas de pesquisa de fontes alternativas de 
energia não seriam geradas em função de preocupações ambientais, mas tão somente para diminuir 
os impactos dessa relação de dependência que parecia mortalmente ameaçada (como o programa de 
álcool no Brasil, explicitado no II PND).
Tanto quanto em outros momentos da história, o progresso se fazia perceber pelas inovações 
tecnológicas decorrentes dos desenvolvimentos científicos, e o uso da terra e de seus recursos nada mais 
era do que fruto do direito legítimo de o ser humano habitar o mundo e dele retirar o necessário, ou o 
mais que necessário. Os números relativos à posse de automóveis, telefones e outros bens industrializados 
(grande parte deles usando a tecnologia desenvolvida durante os anos de guerra) provavam o crescimento 
econômico e a disseminação do bem‑estar para todos aqueles que houvessem adotado (por bem ou por 
mal) o modelo capitalista como exemplo. O crescimento desmedido camuflava outra realidade, a de que 
parcelas cada vez maiores da população estariam desempregadas em breve, especialmente em função 
do uso intensivo da tecnologia.
Nesse cenário, portanto, não havia por que se duvidar de que o sistema de mercado não fosse a 
razão de ser da própria economia e, a partir desse ponto de vista, tudo aquilo que teria sido obstáculo ao 
surgimento da economia de mercado também seria responsável pelos obstáculos ao desenvolvimento 
da economia como ciência.
Essa situação iria mudar? A crise se faria anunciar em meados da década de 1970, com o esgotamento 
das políticas que combinavam liberalismo econômico e bem‑estar social (que, na Europa, significou a 
eleição de vários governos social‑democratas), e com o esquecimento das lições do período entreguerras 
e da Depressão.
O frágil equilíbrio entre o crescimento da produção e a capacidade de consumir a riqueza estava por 
implodir (HOBSBAWM, 1995). A aliança entre o livre mercado e os mecanismos de controle do Estado 
(desde que não socialista ou comunista) havia sustentado os anos dourados do capitalismo no século 
XX, e as teorias econômicas keynesianas agora já não conseguiriam mais salvar as economias à beira de 
processos inflacionários, desemprego e queda de produção.
Que processo inflacionário é esse?
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 Observação
Ou em função do aumento do petróleo, da Guerra do Vietnã, ou por 
causa da quebra mundial de safras em 1973, os preços apresentaram 
violenta variação naquele período, elevando‑se de forma generalizada.
Embora a história já houvesse contabilizado outros momentos de inflação, eram apenas passageiros 
e transitórios, diferentes daqueles que penalizavam todas as economias do mundo, independentemente 
do grau de desenvolvimento. Agora, a inflação passava a ser considerada como crise. Uma crise monetária 
de excesso de moeda em circulação.
Aquela inflação de meados da década de 1970 parecia ter se transformado em problema crônico: 
em vez da vulnerabilidade à depressão, parecia agora que o capitalismo estava diante de outra 
vulnerabilidade, a da inflação.
O que se seguiu é do conhecimento de todos: ativos monetários sofrendo erosão, falências, tentativas 
de conter o processo via tributação ou via recessão, adoção de estratégias ortodoxas e heterodoxas. 
Tudo se tentou para secar a água que transbordava sem parar dos diques financeiros.
 Observação
O que é inflação? A inflação é caracterizada pela contínua, persistente e 
generalizada expansão do nível geral de preços. O processo de expansão dos 
preços, por sua vez, resulta em uma perda do poder aquisitivo da moeda e 
pode, com isso, causar sérios distúrbios à economia e à sociedade de forma 
geral.
Geralmente, o processo inflacionário prejudica as classes mais pobres da população, na medida em que 
beneficia as classes mais ricas, levando ao aumento do nível de desigualdade social (MANKIW, 2008).
Em períodos de inflação elevada, a moeda deixa de desempenhar uma de suas funções. Por funções 
da moeda entendem‑se meio de troca, unidade de conta e reserva de valor. Com a inflação, a última 
função da moeda, reserva de valor, fica prejudicada em decorrência do poder de compra ao longo do 
tempo. Imagine a seguinte situação: hoje você adquire um artigo qualquer, digamos uma bolsa, e paga 
por esse artigo o valor de R$ 100,00. Se amanhã, para adquirir a mesma bolsa, for necessário pagar o 
valor de R$ 130,00, houve inflação e, dessa forma, torna‑se necessário maior quantidade de moeda para 
adquirir a mesma mercadoria.
O excesso de moeda na economia pode ocorrer quando o governo incorre em déficit no orçamento ou 
aplica uma política expansionista com o interesse de aumentar a liquidez da economia. Bresser‑Pereira 
e Nakano (1991, p. 74) explicam bem a relação déficit, moeda e inflação:
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A forma mais linear de explicar a inflação é aquela que parte do déficit do 
orçamento do Estado para explicar o aumento da quantidade de moeda, 
o qual, por sua vez, determinaria a elevação dos preços. Na verdade, da 
mesma forma que a moeda, o déficit público também pode ser considerado 
um fator endógeno, uma consequência mais do que uma causa da inflação. 
O déficit público só seria uma causa ou fator acelerador de inflação se o 
aumentodas despesas governamentais (ou a redução dos impostos) levar a 
uma pressão da demanda agregada sobre a oferta em condições de pleno 
emprego e plena capacidade.
Nos gráficos 3 e 4, a seguir, podemos ver a inflação americana e as estatísticas de sua conta 
corrente.
Inflação EUA
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anos
Gráfico 3 – Inflação nos Estados Unidos
Vê‑se claramente que, entre 1960 e 1966, a inflação americana apresenta basicamente o mesmo 
patamar; entre 1968 e 1970, há ligeira elevação e, no período que se seguiu até meados de 1973, uma 
posterior queda. Com a eclosão da crise do petróleo, há uma subida expressiva nos índices de inflação que, 
apesar de arrefecer entre 1975‑76, mostra nova tendência de subida na década seguinte. Possivelmente, 
a explicação para tal fato envolve a expansão de gastos públicos para financiar a produção, expansão 
essa que vinha se acumulando desde o período do New Deal e desde a ação deliberada do Estado em 
recuperar a economia. Tais políticas expansionistas, combinadas com novas emissões de moeda para 
pagamentos mais vultosos em barris de petróleo, contribuíram para o excesso de moeda em circulação 
e, dessa forma, para o crescimento dos preços das mercadorias. O gráfico 3 retrata os recorrentes déficits 
em conta‑corrente que a economia americana novamente experimentaria.
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Conta-corrente EUA
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Gráfico 4 – Conta‑corrente nos Estados Unidos
Com efeito, percebe‑se que, até o início da década de 1970, a economia americana apresentava 
superávits em conta‑corrente, saldos modestos, mas positivos. Desse período em diante, percebe‑se 
grande oscilação de déficits e superávits.
Agora: por que existe inflação? Quais suas causas? Podemos dizer que há, genericamente, três tipos 
de inflação: de demanda, de custos e inercial.
 Observação
Por inflação de demanda, entende‑se uma subida de preços de produtos 
influenciada pelo crescimento da demanda desse produto hipotético.
Conforme Samuelson (1979), a inflação de demanda, ou de consumo, é causada pelo crescimento dos 
meios de pagamento não acompanhado pelo crescimento da produção. Nesse caso, os preços tendem a 
aumentar devido à limitação da oferta de bens, levando assim a um novo patamar de preços.
Conforme destaca Ribeiro (1990), uma das características da inflação de demanda é que ela ocorre em 
períodos de expansão da economia. Exemplo disso foi o milagre econômico brasileiro, no qual o governo 
investiu fortemente na industrialização do país, elevando os níveis de produção e superando períodos 
anteriores. Como consequência direta, ocorreu queda no desemprego e aumento do consumo, este 
último caracterizado pelo poder de compra dos agentes em razão do aumento de renda acompanhado 
da crescente oferta de trabalho.
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Há também a inflação causada por um choque de oferta.
 Observação
A inflação de oferta ocorre quando os custos de produção aumentam, 
ou seja, quando se paga mais para produzir determinados bens ou para 
ofertar determinados serviços.
Esses aumentos podem ser causados por pagamento de salários, se forem reajustados acima da 
correção monetária do período, ou por força dos sindicatos, ou pela carga tributária incidente sobre a 
produção ou sobre os custos dos insumos básicos de produção, ou pelos preços dos aluguéis, ou pela 
condição climática desfavorável que diminui a produção de produtos agrícolas, entre outros. A esse tipo 
de inflação chamamos inflação de custos.
Outro ponto que merece atenção é o poder que as empresas monopolistas possuem de causar 
uma alta generalizada dos preços: por terem o domínio do mercado, elevam o preço de seu produto, 
obrigando a população a gastar mais em determinado bem. Nesse caso, o aumento dos preços não 
diminuirá a quantidade demandada do bem por se tratar de um produto inelástico, ou seja, aquele 
produto que sofre pouca ou nenhuma variação nas quantidades demandadas em função de qualquer 
variação em seu preço.
O outro tipo de inflação, a inercial, é caracterizada por evoluir mesmo em período de recessão.
 Observação
A inflação inercial difere das outras justamente por atingir determinado 
estágio inflacionário e ser alimentada pela capacidade das empresas de 
manter seus lucros, mesmo com o aumento dos custos, situação essa que 
gera um conflito distributivo.
Uma observação a ser feita acerca da inflação inercial é que ela tende a se manter em determinado 
patamar por um determinado período, depois volta a crescer e, finalmente, estabiliza‑se em um novo 
patamar por algum tempo. Esse processo ocorre porque as correções dos preços satisfazem os agentes 
por um determinado tempo, ou seja, essas correções elevam a participação dos agentes na renda.
Países da América Latina sofreram muito com todo o processo inflacionário desenvolvido pelas 
economias mundiais durante a década de 1970 e a seguinte, 1980. Chegaram a desenvolver um fenômeno 
conhecido como hiperinflação. Até a década de 1980, o Brasil viveu sob um padrão de desenvolvimento 
que promoveu a industrialização e proporcionou elevadas taxas de crescimento do produto. Nesse 
modelo, o Estado promovia o desenvolvimento, mas à custa da fragilização da economia, já que o 
endividamento externo aumentava cada vez mais. A crise da dívida externa causou o fim do padrão de 
financiamento anterior, bem como do modelo de desenvolvimento.
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 Saiba mais
Para que você possa compreender melhor o processo inflacionário no 
Brasil, sugerimos a leitura de alguns textos complementares.
Sobre o Plano Cruzado, leia “Inflação inercial e Plano Cruzado”, de Luiz 
Carlos Bresser‑Pereira. Disponível em: <http://www.rep.org.br/pdf/23‑2.
pdf>. Acesso em: 23 mar. 2011.
Sobre o Plano Collor, leia “Hiperinflação e estabilização no Brasil: o 
primeiro Plano Collor”, de Luiz Carlos Bresser‑Pereira e Yoshiaki Nakano. 
Disponível em: <http://www.rep.org.br/pdf/44‑6.pdf>. Acesso em: 23 mar. 
2011.
Sobre o Plano Real, sugerimos a leitura de “A economia e a política do 
Plano Real”, de Luiz Carlos Bresser‑Pereira. Disponível em: <http://www.rep.
org.br/pdf/56‑10.pdf>. Acesso em: 23 de mar. 2011.
Na mesma América Latina, por exemplo, só se conseguiu efetivar o controle da inflação já em meados 
da década de 1990, com a compreensão do mecanismo de inércia inflacionária. Para o mundo, ficou 
a herança do fim dos acordos de Bretton Woods: pressionados pela inflação de sua própria moeda, os 
Estados Unidos não podiam mais manter a paridade com o ouro. Um novo mundo estava prestes a surgir.
7.2 O discurso globalizador
Durante o século XVI, período em que se desenvolve a Revolução Comercial e ocorre a consolidação 
do pensamento mercantilista, as teorias explicativas das relações comerciais prescreviam que cada 
nação deveria exportar o máximo e importar o mínimo para que fosse mantido saldo positivo em 
sua balança comercial. Nesse contexto, o comércio longínquo era visto como fonte de riqueza dos 
países. Conforme Dowbor (1990) e Singer (1989), esse comércio trazia dois efeitos sobre a estrutura 
sociopolítico‑econômica da Europa.
O primeiro desses efeitos era o fluxo de metais preciosos para a Europa, pois a quantidade de ouro 
chegou a dobrar em meados do séculoXVI. Como a produção de bens pouco se alterava, havia uma 
elevação de preços e redução dos rendimentos dos senhores feudais, pois
nessa época, os senhores feudais recebiam as contribuições anuais dos 
servos ainda em trabalho e em produtos, mas a forma dominante já era 
de simples pagamento, em moeda, de uma taxa fixa por pessoa. Ao dobrar 
a quantidade de ouro, enquanto a produção de bens permanecia pouco 
alterada, os preços duplicaram (...), reduzindo pela metade os rendimentos 
dos senhores feudais (DOWBOR, 1990, p. 26‑27).
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O segundo desses efeitos era o reforço da produção, uma vez que
a rápida acumulação de capital nas mãos dos comerciantes e a abertura 
dos mercados internos criam uma situação em que há ao mesmo tempo 
a procura pela produção e a procura pelos meios para desenvolver esta 
produção (idem).
O comércio internacional, por meio da abertura dos portos, passava a ser encarado como uma 
disputa por uma quantidade, necessariamente limitada, de metal precioso, disputa na qual cada país só 
poderia obter vantagens à custa dos demais.
Enquanto no século XVI os mercantilistas ainda viam a aquisição de ouro e da prata como forma 
mais importante de enriquecer o país, a própria necessidade de dispor de cada vez mais produtos para 
exportar e adquirir o ouro gerou outra visão em relação ao que seria a fonte de riqueza: a capacidade 
de produzir.
No século XVIII, a Inglaterra tinha um mercado interno comparativamente muito desenvolvido, em 
que se procurava produzir cada vez mais, para vender a preços mais baixos e obter lucros crescentes. 
Além disso, a busca por maiores lucros, conjugada com o aumento das vendas, foi também estimulada 
pela demanda externa por bens produzidos na Inglaterra, dando motivos para a explosão de inovações 
tecnológicas então ocorridas (HUNT, 2005).
Como vimos em páginas anteriores, a Revolução Industrial fez com que se generalizasse a utilização 
da tecnologia ao desenvolver a produção de ferramentas, especializando e modernizando a produção 
manufatureira, promovendo nos países desenvolvidos o processo de enriquecimento cumulativo, 
conquistando novos mercados a cada progresso técnico da sua indústria, invadindo diversas partes do 
mundo com produtos manufaturados e estimulando a industrialização (DOWBOR, 1990).
Em 1776, com A riqueza da nações, de Adam Smith e, em 1817, com Princípios de economia política 
e tributação, de David Ricardo, ocorre uma transformação no pensamento econômico. Incorporando 
os fatos e os valores da Revolução Industrial, forma‑se a teoria clássica do liberalismo. Segundo ela, 
entre outros aspectos, os capitalistas não deviam buscar a intervenção do Estado central na economia, 
dado o declínio de políticas mercantilistas que dependiam de forte regulamentação do Estado. Assim, 
o sistema econômico livre do Estado permitia que cada capitalista e cada trabalhador buscasse o seu 
próprio interesse no mercado. Há o início do período em que se aconselha o laisse‑faire, laissez‑passer, 
que Dowbor (1990) identifica como a recomendação da irrestrita abertura dos portos, mercados – entre 
as nações –, fato que, na época, favorecia o poder industrial inglês.
A abertura dos portos, ou dos mercados, seria importante, pois, como enfatiza Smith (1996, p. 77),
quando o mercado é muito reduzido, ninguém pode sentir‑se estimulado a 
dedicar‑se inteiramente a uma ocupação porque não pode permutar toda 
a parcela excedente de sua produção que ultrapassa seu consumo pessoal 
pela parcela de produção do trabalho alheio, da qual tem necessidade.
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Ainda para Smith (1996, p. 420),
(...) com plena segurança, achamos que a liberdade do comércio, sem que 
seja necessária nenhuma atenção especial por parte do governo, sempre 
nos garantirá o vinho de que temos necessidade; com a mesma segurança 
podemos estar certos de que o livre comércio sempre nos assegurará o ouro 
e a prata que tivermos condições de comprar ou empregar, seja para fazer 
circular nossas mercadorias, seja para outras finalidades.
O que é possível depreender disso? Com esse argumento podemos concluir que o comércio externo 
beneficiaria todos os países participantes, já que, em primeiro lugar, daria escoamento para a produção 
excedente de manufaturados caso não existisse demanda interna; em segundo lugar, valorizaria, no 
mercado externo, mercadorias que poderiam tornar‑se supérfluas no mercado interno, e em terceiro 
lugar, o comércio externo provocaria a elevação da produção, “aumentando assim a renda e a riqueza 
reais da sociedade” (SMITH, 1996, p. 430).
Conforme Manzalli (2000), já na segunda metade do século XIX a economia dos países então 
desenvolvidos atingiu a maturidade e, nos tempos e nos padrões de um capitalismo industrial ainda 
caracterizado por mercados dominados por empresas de porte relativamente pequeno, alcançou também 
um grau elevado de evolução tecnológica. Importantes mudanças se verificam nos setores de siderurgia, 
metalurgia, mecânica e ferrovias e, com a capacidade produtiva crescente nessas indústrias, aumenta‑se 
a necessidade de mercados para o escoamento da produção e a necessidade de matérias‑primas baratas. 
É um tempo em que os países desenvolvidos passam a fornecer aos países subdesenvolvidos estradas de 
ferro e pequeno equipamento industrial. Assim, as economias capitalistas mais avançadas conseguiam 
exportar os processos que haviam sido o eixo principal de sua expansão e modernizavam a extração de 
matérias‑primas via exploração intensiva.
Se fosse possível aqui fazer um apanhado das teorias explicativas da importância das relações 
internacionais entre países, retomaríamos a teoria das vantagens absolutas, de Smith, e a teoria 
das vantagens comparativas, de David Ricardo: cada país deveria se especializar na produção de 
mercadorias com maiores vantagens naturais ou adquiridas na produção. Poderíamos nos apoiar 
também nas ideias dos mercantilistas que pregavam que o comércio exterior era uma maneira 
de obter mais metais preciosos. Ademais, com as teorias neoclássicas do comércio internacional, 
bem como com as teorias marxistas, veríamos que a tendência à internacionalização da 
economia seria uma ideia e um fato antigo e, conforme as economias se especializavam em 
determinados produtos e trocavam esses produtos entre si, conseguiam atingir um nível mais 
elevado de produtividade, consumo e acumulação de capital, ainda que com distribuição não 
homogênea entre os países envolvidos no processo (MANZALLI, 2000). Desse modo, o conceito 
de internacionalização está ligado à possibilidade de comércio entre países, facilitado pelo 
desenvolvimento dos meios de transporte, e resultando na interdependência de uma economia 
às outras, com relação a mercados.
Por que estamos tratando disso? Porque vivemos na era da globalização, se assim for possível 
chamá‑la.
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O filme Wall street, poder e cobiça (dir. Oliver Stone, 126 minutos, 
1987) é icônico: nele são retratadas as atitudes e os novos valores morais 
do período da globalização. Vale a pena assistir e entrar em contato com a 
cultura do tatcherismo e do reaganismo daquele momento.
De acordo com Chesnais (1996) e Mattei (1997), o termo globalização surgiu no início dos anos 
1980, nas escolas americanas de administração de empresas, dando significado a uma nova ordem 
mundial única, representando um processo de interdependência e interação entre paísese povos no 
que diz respeito às relações produtivas, comerciais, financeiras, tecnológicas e culturais, interligando o 
mundo a partir dos meios de comunicação.
Conforme Manzalli (2000), podemos entender que o processo de internacionalização diz respeito 
à capacidade de os países manterem relações comerciais entre si, seja no âmbito da produção, no das 
informações ou no financeiro, na medida em que se dá o desenvolvimento do capitalismo e, portanto, 
da concorrência: afinal, torna‑se necessária a manutenção de boas relações internacionais.
Já o processo de globalização, para o mesmo autor, pode ser entendido como um aprofundamento 
do processo de internacionalização, uma vez que as relações internacionais são um processo 
extremamente antigo. A diferença é que, agora, há o desenvolvimento de um maior padrão tecnológico 
e concorrencial, bem como há maior facilidade advinda dos meios de comunicação e transportes: visto 
dessa forma, o processo de globalização significaria, portanto, maior intensidade na interdependência 
entre economias.
 Lembrete
Da mesma forma que estamos vivendo a era da globalização, vivemos 
também a era em que o Estado não mais se apresenta como nos tempos 
do welfare state. Vemos agora um retorno às práticas liberais de períodos 
anteriores.
Inspirado no liberalismo dos séculos XVIII e XIX, o neoliberalismo de agora reafirma valores que 
“defendem a menor intromissão do Estado na dinâmica de mercado, devendo o poder público se voltar 
para um conjunto limitado de tarefas, tais como a defesa nacional, a regulação jurídica da propriedade 
e a execução de algumas políticas sociais” (BARBOSA, 2006, p. 88). Quase que em oposição ao estado do 
bem‑estar, aqui se preconiza o estado mínimo: mínima intervenção, mínimas barreiras ao livre‑comércio, 
impostos mínimos, benefícios sociais mínimos. Sobreviverão os países que melhor souberem aproveitar 
as oportunidades do mercado. Sobreviverão as empresas que mais rapidamente encontrarem vantagens 
competitivas. Sobreviverão os que forem mais capazes.
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Tal mudança no comportamento do Estado, de interventor para neoliberal, dá‑se por causa do 
período de crise vivenciado pelas economias capitalistas dos anos 1980, da década perdida e do período 
de elevação do endividamento público. Também concorre para essa mudança o processo de inflação 
galopante, sendo ela a maior característica do período.
Como o Estado acaba assumindo, de forma generalizada, boa parcela de culpa em relação à 
estagnação que se seguiu ao período pós‑milagres, a década de 1990 será a dos ajustes: fiscal, monetário 
e administrativo. Tais ajustes requererão certo distanciamento do Estado como produtor de mercadorias 
que, para tanto, adotará a privatização como regra dominante. Da mesma forma, o Estado não mais se 
coloca como “o pai da sociedade”, mas apenas como regulador da economia. Assim, retornaremos ao 
período do marginalismo e da liberdade ao agente econômico, ficando para este último as decisões de 
produção e de comercialização da produção.
O período do neoliberalismo será bem‑visto por uns, como uma nova forma de gerenciamento da 
economia, e, por outros, como um retrocesso com relação às conquistas sociais do passado. Da mesma 
forma que a era da globalização solicita modernidade, não só em termos de produção e comercialização 
da produção, mas também no âmbito político, deixa em seu rastro terrorismo, fome, guerra, governos 
ditatoriais. Todos esses são fatores que criam obstáculos à globalização econômica.
Entre outros conceitos de globalização, Ianni (1997) traz para discussão conceitos inovadores que 
nos remetem a diferentes pontos de vista sobre aspectos sociais, econômicos, políticos e até religiosos. 
Vejamos:
O problema da globalização, em suas implicações empíricas e metodológicas, 
ou históricas e teóricas, pode ser colocado de modo inovador, propriamente 
heurístico, se aceitamos refletir sobre algumas metáforas produzidas 
precisamente pela reflexão e imaginação desafiadas pela globalização. Na 
época da globalização, o mundo começou a ser taquigrafado como “aldeia 
global”, “fábrica global”, “terrapátria”, “nave espacial”, “nova Babel”, entre 
outras expressões. São metáforas razoavelmente originais, suscitando 
significados e implicações. Povoam textos científicos, filosóficos e artísticos. 
São emblemáticas, formuladas precisamente no clima mental aberto pela 
globalização. Dizem respeito às distintas possibilidades de prosseguimento 
de conquistas e dilemas da modernidade e expressam inquietações sobre o 
presente e ilusões sobre o futuro (IANNI, 1997, p. 15‑16).
Baumann (1996) sustenta que a dificuldade em conceituar o que realmente designa o processo de 
globalização está na variedade de significados que se têm atribuído às transformações, já que se trata 
de um processo que impacta diversas áreas da economia. Para ele, o start inicial para a globalização 
ocorreu por causa de alguns acontecimentos e das condições favoráveis ao crescimento do comércio 
internacional pós‑II Guerra Mundial. A economia mundial tem passado por transformações desde 
o pós‑guerra: na esfera técnico‑produtiva, dado o avanço tecnológico; na esfera financeira, dado o 
movimento de “financeirização da riqueza”, ou, como chama Chesnais (1996), dada a “indústria das 
finanças”; na esfera comercial, cujo fluxo do comércio mundial é altamente crescente; e, na esfera 
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organizacional das empresas, provocando uma mudança de paradigma produtivo nas economias 
capitalistas.
Conforme Manzalli (2000), todas essas transformações são decorrentes de um ajuste macroeconômico 
e industrial que foi efetuado por países centrais – leia‑se Estados Unidos, Japão e Alemanha – logo após 
a II Guerra Mundial, como resposta à crise financeira internacional derivada do primeiro choque do 
petróleo em 1973.
A crise do petróleo, promovida pelo cartel da Organização dos Países Exportadores de Petróleo 
(Opep), fez com que diversas economias capitalistas entrassem em decadência por conta dos elevados 
endividamentos gerados pela subida do preço desse fator de produção. Com o aumento do preço do 
barril do petróleo, diversos países passaram por crises recorrentes em balanço de pagamentos devido à 
maior quantidade de dólares que eram requeridos para pagamento de importações de petróleo, insumo 
de produção utilizado de forma intensa por empresas.
Baumann (1996) sustenta que algumas áreas sofreram mudanças advindas dos movimentos da 
globalização e diz ser necessário conhecer seus aspectos estritamente econômicos. No campo comercial 
e produtivo, é importante levar em consideração os fluxos de investimentos externos diretos entre 
empresas transnacionais e suas subsidiárias, já que essas últimas contribuem em grande parte para a 
atividade econômica mundial.
Mas, se o fim da história é o aqui e agora, se a Guerra Fria teve fim, se o receituário de Washington 
é tão bom, como será possível que um modelo como o globalizador possa encontrar dificuldades na 
sua propagação pela aldeia global? Talvez porque, mesmo em tempos de paz (se é que se pode chamar 
de pacífico o século em que vivemos), “a construção de uma economia de mercado e instituições 
democráticas não é tarefa fácil” (BARBOSA, 2006, p. 84). Corrupção, desmandos e eleições fraudulentas 
parecem conspirar contra os valores democráticos. Alguns adversários dos valores neoliberais, se não 
conspiram, ao menos torcem para que o projeto globalizador dê com os burros n’água. Mas, afinal, o 
que é neoliberalismo?
O termo surge na escola austríaca do pensamento econômico com a figura de Friedrich August 
von Hayeke seu O caminho da servidão, mas, como prática, somente anos mais tarde. Essa escola 
de pensamento pregava, inicialmente, a menor participação do Estado na condução da economia, 
dando total importância às leis de mercado como aquelas que levariam as economias capitalistas ao 
equilíbrio.
A crença de que problemas recorrentes como subdesenvolvimento, inflação e endividamento 
público são consequências da ineficiência da gestão governamental é levada a cabo diante 
das políticas de privatização e transferência ao capital privado de empresas estatais, até então 
consideradas não rentáveis por alguns e, por outros, verdadeiros “elefantes”. Somam‑se a isso políticas 
fiscais contracionistas, como a elevação de tributação e a diminuição de despesas e investimentos, 
e as políticas monetárias também restritivas (caracterizadas pela elevação das taxas de juros com o 
interesse de diminuir investimentos produtivos e de aumentar a expansão do crédito favorável ao 
capital especulativo).
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Outro tipo de política também será usado, o da política cambial, em favorecimento às importações 
de mercadorias com o objetivo de fazer com que o empresariado nacional baixe os preços de venda 
de sua produção. Outro objetivo dessa política será o de aumentar a saída de dinheiro do país, via 
pagamento de importações, fazendo com que seja diminuída a renda interna e, consequentemente, 
diminuída a circulação de moeda nas economias nacionais.
 Observação
Como resultado das políticas neoliberais, vê‑se avanço em questões 
econômicas como a da estabilidade de preços, mas poucos avanços 
com medidas e consequências favoráveis à esfera social. No âmbito 
do neoliberalismo, a sociedade fica em segundo plano. O que importa, 
realmente, é a estabilidade financeira.
Aparentemente, muito da fala neoliberal não encontrou eco nos diversos continentes em que se 
propagou, quer dizer, muito do receituário neoliberal se perdeu no caminho em função da recusa do 
paciente ao qual se pretendeu administrá‑lo: assim é que, apesar do discurso globalizador, os Estados 
nacionais continuam firmes e fortes. Assim é que, apesar da defesa da mão invisível do mercado, o 
Estado vem sendo chamado para apagar o fogo das crises cíclicas e globais do capital. Contrariamente 
à teoria do fim das barreiras geográficas, é ao Estado que foi atribuída a tarefa de
impedir que o processo de globalização instaure uma sociedade segmentada 
entre incluídos e excluídos. Para isso, os Estados nacionais (...) [investem] 
em ciência e tecnologia, qualificação profissional, (...) [e estimulam] os 
seus sistemas produtivos, aumentando a competitividade do país, além de 
erradicar os bolsões de miséria (BARBOSA, 2006, p. 92).
A ação conjunta de organismos internacionais e multilaterais também é, ao mesmo tempo, 
disseminadora e controladora do fenômeno da globalização. Embora a intervenção econômica 
aconteça por meio do FMI e do Banco Mundial, outros organismos vêm buscando formas 
alternativas de auxílio aos países em desenvolvimento ou em dificuldades: são os fóruns, as 
organizações não governamentais, as diversas agências da ONU e até mesmo bancos e instituições 
privadas. A OMC, herdeira dos primeiros acordos do GATT (sigla em inglês para Acordo Geral 
de Tarifas e Comércio), também tem se pautado no sentido de funcionar como tribunal das 
contendas comerciais entre países. Afinal, “se não forem criadas novas leis e mecanismos que 
permitam maior autonomia e maior participação no crescimento do comércio para os países 
subdesenvolvidos, cedo ou tarde estes países” (BARBOSA, 2006, p. 97) poderão optar por outros 
modelos de desenvolvimento.
O discurso neoliberal também encontra dificuldades para garantir sua hegemonia ideológica ao 
não responder de forma adequada ao problema da fome e da miséria que assolam o mundo. Segundo 
Judensnaider (2009), informações da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação 
(FAO) revelam que
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são aproximadamente 920 milhões de famintos no mundo e, desse total, 
aproximadamente trinta por cento são crianças. Na Cúpula do Milênio, a 
meta estabelecida era de reduzir a fome pela metade até o ano de 2015. 
Entre as recomendações da Força‑Tarefa Contra a Fome, preconizou‑se o 
planejamento e execução de políticas integradas para agricultura, nutrição 
e desenvolvimento rural, acesso à terra, intensificação de pesquisas, apoio 
à pequena propriedade e à agricultura de subsistência, programas de 
assistência e proteção com foco nas grávidas, lactantes, bebês e crianças, 
restauração e conservação dos recursos naturais essenciais para a 
segurança alimentar. Ao final de 2008, já se considerava a meta impossível 
de ser atingida (...)18
É a fome que pode ser mapeada e o quadro revelado por esse mapa é extremamente desfavorável 
do ponto de vista da desigualdade social: evidência empírica disso é a ocorrência de verdadeiros bolsões 
de fome nas regiões centrais da África e da Ásia.
 Saiba mais
Sugerimos fortemente que você assista Diamantes de sangue. Dir. 
Edward Zwick, 143 minutos, 2006. O filme mostra a situação de miséria e 
vulnerabilidade de Serra Leoa.
Miséria gera mais miséria. Coincidentemente, é também a região africana a que mais sofre com a escassez 
de água, esse bem que um dia foi livre de valor econômico e que, no futuro, provavelmente será o mais 
precioso da humanidade. É a contrapartida à promessa de um mundo justo, em que as riquezas se distribuiriam 
naturalmente, sob a força das mãos invisíveis da economia do mercado. Segundo Barbosa (2006, p. 107),
o aumento da desigualdade entre países ricos e pobres e o crescimento da 
pobreza tanto nos países desenvolvidos como nos subdesenvolvidos esteve 
relacionado à abertura dos mercados e ao crescimento desordenado da esfera 
financeira, propiciando a expansão do desemprego e do emprego informal 
na grande maioria dos países, ainda que em ritmos e com significados 
diferentes.
Segundo Ianni (1997, p. 205), “a sociedade global é o cenário mais amplo do desenvolvimento 
desigual, combinado e contraditório (...), que se expressa em diversidades, localismos, singularidades, 
particularismos ou identidades”. E, tão complexas são as suas características que, desde 1990, economistas 
18Qual o custo de um programa sério como esse? Algumas fontes mensuram que seriam necessários aproximadamente 
25 milhões de dólares por ano para a obtenção dessas metas até 2015. Bem menos que os 3 trilhões de dólares estimados 
por Joseph Stiglitz e Linda J. Bilmes em relação ao custo da guerra no Iraque até agora e detalhadamente estudados em A 
guerra de US$ 3 trilhões – o custo real do conflito no Iraque.
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vêm procurando estudar as diferenças sociais a partir de outros parâmetros que não os de Produto 
Interno Bruto (PIB) ou renda média.
Assim, desenvolveu‑se o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que busca medir o desenvolvimento 
humano a partir de algumas variáveis:
Além de computar o PIB per capita, depois de corrigi‑lo pelo poder de 
compra da moeda de cada país, o IDH também leva em conta dois outros 
componentes: a longevidade e a educação. Para aferir a longevidade, o 
indicador utiliza números de expectativa de vida ao nascer. O item educação 
é avaliado pelo índice de analfabetismo e pela taxa de matrícula em todos 
os níveis de ensino. A renda é mensurada pelo PIB per capita, em dólar PPC 
(paridade do poder de compra), que eliminaas diferenças de custo de vida 
entre os países (PNUD Brasil)19.
O IDH varia de zero a um, de tal forma que, quanto mais próximo de zero, menor o desenvolvimento 
humano, e quanto mais próximo de um, maior o desenvolvimento do ponto de vista não apenas do 
avanço econômico, mas de outras características, como as sociais, as culturais e as políticas, indicadoras 
da qualidade de vida. A tabela 3 indica a posição dos países com maior, menor e médio IDH.
Índice de desenvolvimento humano 2005
Desenvolvimento humano alto Desenvolvimento humano médio
Desenvolvimento 
humano baixo
1 Noruega 11 Japão 63 Brasil 169 Burundi
2 Islândia 15 Reino Unido 72 Albânia 170 Etiópia
3 Austrália 16 França 75 Venezuela
171 República 
 Centro‑Africana
4 Luxemburgo 18 Itália 85 China 172 Guiné‑Bissau
5 Canadá 20 Alemanha 88 Paraguai 173 Chade
6 Suécia 34 Argentina 113 Bolívia 174 Mali
7 Suíça 37 Chile 127 Índia 175 Burkina Fasso
8 Irlanda 46 Uruguai 176 Serra Leoa
9 Bélgica 47 Costa Rica 177 Níger
10 Estados Unidos 52 Cuba
53 México
Tabela 3 – Índice de Desenvolvimento Humano, 2005
É a aldeia global, o grande cinema multidimensional em que cidadãos de primeira linha assistem ao 
mundo das primeiras poltronas confortáveis, enquanto os restantes se comprimem para tentar enxergar 
algo. É o capitalismo em que se observam diferentes riquezas e semelhantes misérias, e que chega 
aos nossos olhos como uma fotografia precisa das diferenças e desigualdades sociais desse admirável 
mundo novo que, por enquanto, reside apenas nas nossas esperanças.
19Disponível em: <http://www.pnud.org.br/idh/ >. Acesso em: 23 mar. 2011.
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8 O QUE AINDA HÁ PARA DISCUTIR?
8.1 As fronteiras de possibilidade de produção
Se a crise de 2008 já nos parece coisa do passado, suas repercussões, especialmente em termos dos 
índices de emprego, ainda não o são. Segundo Marco Cintra, economista,
o relatório da OIT aponta que em economias ricas como os Estados Unidos, 
Canadá, União Europeia, Japão, entre outras, os desempregados adicionais 
poderão variar entre 4 milhões e 11 milhões de pessoas. No Leste e Sul 
da Ásia, o desemprego pode atingir entre 8 milhões e 26 milhões de 
trabalhadores. Na Europa Oriental, Oriente Médio e África, esse contingente 
ficaria entre 3 milhões e 10 milhões. (...) Os dados da OIT revelam que 
a turbulência econômica mundial iniciada nos Estados Unidos terá um 
impacto mais devastador sobre o mercado de trabalho nos países ricos. 
Nos Estados Unidos, por exemplo, o número de desempregados hoje já é 
de 12,5 milhões de pessoas, sendo que esse contingente era de pouco mais 
de 7 milhões em 2007. Na Europa, o desemprego atingiu 8% em dezembro 
do ano passado, a mais alta dos últimos dois anos, e no Japão, a indústria 
anuncia com frequência cortes de funcionários e a estimativa é que cerca 
de 30 mil dekasseguis voltem ao Brasil por conta disso20.
Além disso, outros dados e estatísticas não nos permitem vislumbrar o futuro brilhante 
outrora anunciado pelo Consenso de Washington. Embora o sistema capitalista esteja mais vivo 
do que nunca, vozes de políticos, economistas e demais cientistas vêm se pronunciando no 
sentido de alertar: há que se tomar cuidado com os desníveis criados pela própria atividade 
econômica, desníveis esses que funcionam quase como desconexões criadas pelo próprio sistema 
de mercado.
São três os principais focos do problema. O primeiro se refere à relação entre produção e emprego. 
Num mundo onde a concorrência e o mercado impelem as empresas em direção à inovação e 
produtividade, é esperado que o aumento da produção não necessariamente esteja correlacionado ao 
aumento do emprego. A tecnologia aumenta a produção, mas não cria postos de trabalho, ao menos não 
na mesma proporção. O uso de maquinário na agricultura e indústria diminui as oportunidades de uso 
intensivo de mão de obra e o desemprego torna‑se alarmante, relegando à margem milhões e milhões 
de trabalhadores que deixam de consumir até mesmo o mínimo necessário para a sobrevivência.
O segundo problema diz respeito ao desnível entre produção e recursos naturais. São esses os recursos 
que, juntamente com o capital, a mão de obra, a tecnologia e a capacidade empresarial, determinam as 
combinações possíveis das curvas de possibilidades de produção, bem como os avanços ou retrocessos 
de suas fronteiras.
20Disponível em: <http://www.dm.com.br/materias/show/t/desemprego_no_mundo_e_no_brasil>. Acesso em: 1º 
nov. 2010.
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Para Judensnaider (2009),
segundo o WWF‑Brasil, o balanço das condições ambientais revela que “caso 
o modelo atual de consumo e degradação ambiental não seja superado, 
é possível que os recursos naturais entrem em colapso a partir de 2030, 
quando a demanda pelos recursos ecológicos será o dobro do que a Terra 
pode oferecer”21. A mesma fonte afirma: nossa pegada ecológica (área 
necessária para produzir o que consumimos em termos de recursos naturais 
e absorver as emissões de carbono) excede perto de 30% a capacidade de 
regeneração do mundo. Essa é a crise real. Uma estatística interessante 
(também divulgada pelo WWF‑Brasil) mostra que uma camiseta de algodão 
requer 2.900 litros de água para ser produzida. A permanecerem as atuais 
taxas de consumo e crescimento populacional, o esgotamento dos recursos 
hídricos mundiais pode ocorrer por volta de 2053. A calota de gelo polar 
no Ártico está desaparecendo em função do aquecimento global, e só não 
desaparecerá totalmente porque é provável que as reservas mundiais de 
petróleo e gás natural não sejam suficientes para produzir a quantidade 
necessária de dióxido de carbono que possa derretê‑la por completo. Mesmo 
as fontes mais otimistas são categóricas ao afirmar: ainda que possamos 
identificar e explorar novos poços de petróleo, é quase certo que este século 
será o último da era do petróleo.
 Observação
Como continuar produzindo, e cada vez mais, se os estoques de recursos 
naturais são finitos? Essa se torna uma questão fundamental em economia, 
e da sua resposta dependemos para traçar as curvas de fronteiras de 
possibilidades de produção.
Vejamos: as necessidades dos indivíduos são renovadas a cada momento e, por isso, ilimitadas. 
No entanto, os recursos pertencentes a um sistema econômico são escassos, limitados. Portanto, é 
necessário escolher para ter as respostas àquelas três perguntas básicas: o que e quanto produzir? Como 
produzir? Para quem produzir?
Nosso problema é de escolha em função da escassez. De acordo com Wessels (2002, p. 11), escassez 
“significa que não podemos satisfazer todos os nossos desejos. Ela nos obriga a escolher quais necessidades 
iremos satisfazer e quais não. Mas como fazemos essa escolha?”.
Um instrumento que pode nos auxiliar é representado pela curva de possibilidade de produção 
(CPP), visto abaixo:
21Sugerimos a consulta aos dados disponíveis em < www.wwf.org.br/informacoes/index.cfm?uNewsID=16180>. 
Acesso em: 1º nov. 2010. Nesse site, encontra‑se disponível também o download do Relatório Planeta Vivo 2008.
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Gráfico 5 – Curva de possibilidade de produção
Vamos supor, inicialmente, que num sistema econômico exista somente a produção de duas 
mercadorias: café e milho. As quantidades de café estão representadas no eixo vertical e as quantidades 
de milho, no eixo horizontal. Portanto,
Y = toneladas de café
X = toneladas de milho
Essa CPP, tambémchamada de curva de transformação, mostra as quantidades máximas que podem 
ser produzidas das duas mercadorias em um sistema econômico, dadas as combinações ótimas entre os 
seus fatores de produção disponíveis.
Dito de outra forma, ao simplificarmos demasiadamente a realidade, estamos supondo que, 
para a produção de café e de milho, seja necessária a utilização de quantidades de fatores de 
produção e que, nesse caso, todos os recursos disponíveis na economia estejam sendo usados 
na produção dessas duas mercadorias. Estamos afirmando que todas as quantidades disponíveis 
de terra, trabalho, capital, tecnologia e capacidade empresarial foram destinadas à produção 
das máximas quantidades de cada uma dessas mercadorias em atendimento às necessidades de 
consumo da população.
Vejamos o que representa cada um dos pontos marcados. Os pontos A, B e C são as combinações 
possíveis (e máximas) de produção das duas mercadorias. O ponto B mostra que há produção das duas 
mercadorias, tanto de café quanto de milho, e o ponto C indica que há produção das duas mercadorias, 
mas que a produção de uma só pode aumentar em detrimento da produção da outra.
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A origem dos dois eixos mostra que não há qualquer produção, nem de café nem de milho. Dessa 
forma, se houvesse um ponto situado na origem, ele representaria o total desemprego de recursos.
Já o ponto D mostra a capacidade ociosa da economia, pois seria como se por ele passasse uma CPP 
imaginária, ou seja, um ponto para dentro daquela CPP que representa as quantidades máximas que 
essa economia pode produzir diante da disponibilidade total de fatores de produção. O ponto D indica 
que há fatores de produção disponíveis que não estão sendo utilizados.
Por fim, temos o ponto E, posicionado à direita na CPP. Ele seria alcançado em uma situação de longo 
prazo, quando fossem aumentadas as quantidades de fatores de produção disponíveis na economia. 
O ponto E demonstra que houve um deslocamento das possibilidades de produção da economia no 
sentido de um aumento simultâneo nas quantidades produzidas das duas mercadorias. Vejamos outro 
exemplo numérico (tabela4 ):
Pontos Toneladas de milho Toneladas de café
A 0 14
B 1 12
C 2 10
D 3 7
E 4 0
Tabela 4 – Possibilidades alternativas de produção de café e milho
A tabela mostra que podemos produzir tanto milho quanto café. Caminhando entre os pontos 
marcados, teremos que, no ponto A, enquanto essa economia hipotética produz catorze toneladas de 
café, nenhuma produção de milho é possível, pois todos os fatores de produção (terra, capital, trabalho, 
tecnologia e capacidade empresarial) foram empregados para a produção do primeiro.
No ponto B, temos uma diminuição na quantidade produzida de café para ocorrer um aumento na 
quantidade produzida de milho. Nesse caso, a produção de café foi diminuída em duas toneladas para 
que fosse aumentada uma tonelada na produção de milho.
Em C, temos a produção de duas toneladas de milho e dez toneladas de café. Ao passarmos a 
economia para o ponto D, temos uma nova combinação da produção dessas duas mercadorias. Agora, 
são três toneladas de milho para a produção de sete toneladas de café. Finalmente, em E teremos quatro 
toneladas de milho para nenhuma produção de café, situação contrária à do ponto A, ou seja, em E 
todos os fatores de produção foram destinados à produção de milho e nenhum para café.
Ao olharmos novamente para a tabela anterior, percebemos que, à medida que aumentamos a 
produção de uma das mercadorias, necessariamente diminuímos a da outra. O que isso quer dizer? 
Conforme aumentamos a produção de café, deixamos de utilizar fatores para a produção de milho e, 
portanto, uma menor quantidade de milho deve ser produzida. Dito de outra forma, quando aumentamos 
a produção de café, mostramos que uma maior quantidade de fatores de produção foram empregados na 
produção deste e, assim, restam poucos fatores disponíveis para a produção de milho. Logo, a produção 
deste diminui.
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Ainda sobre a tabela, podemos perceber que, na passagem de A para o ponto B, aumentamos em 
uma quantidade a produção de milho, porém diminuímos em duas toneladas a produção de café. Algo 
parecido acontece quando a economia passa do ponto B para o ponto C. Agora, para produzir duas 
toneladas de milho, torna‑se necessário diminuir em mais duas unidades a produção de café, passando 
então de uma produção de doze para dez.
Continuando a observar os dados da tabela, percebemos que a passagem do ponto C para o ponto D 
requer sacrificar ainda mais a produção de café para que a produção de milho aumente. A relação agora 
é que, para poder produzir três toneladas de milho é necessário diminuir em três toneladas a produção 
de café. Em E, anula‑se a produção de café e todos os fatores de produção disponíveis na economia 
foram destinados à produção de milho.
Da CP e da tabela apresentada, chegamos a mais um importante conceito em economia: o de custo 
de oportunidade.
 Observação
De acordo com Wessels (2002, p. 11), “o custo de qualquer recurso 
(incluindo dinheiro, tempo, energia e bens) é o valor que os economistas 
chamam de custo de oportunidade: o valor mais alto daquilo que os mesmos 
recursos poderiam ter se fossem produzidos em outro lugar”.
Assim, o conceito de custo de oportunidade diz respeito às quantidades de uma mercadoria que 
deixam de ser produzidas para que sejam produzidas maiores quantidades de outra mercadoria. O custo 
de oportunidade pode ser entendido também como uma taxa de sacrifício: para satisfazer às necessidades 
de consumo da sociedade por uma maior quantidade de determinada mercadoria, devemos sacrificar 
essa mesma sociedade com a menor produção de alguma outra mercadoria.
Podemos dizer que, quando aumentamos em uma unidade a produção de milho, ou seja, quando 
passamos a economia do ponto A para o B, sacrificamos a sociedade em duas toneladas de café. Há, 
portanto, um custo de oportunidade de duas toneladas de café para a produção de uma tonelada de 
milho.
Quando essa economia avança do ponto C para o D, o custo de oportunidade de se produzir milho 
aumenta. Passa agora a ser de três toneladas de café, ou seja, foram aumentadas as taxas de sacrifício 
ao trocar a produção de café pela de milho.
Ainda para Wessels (2002, p. 11),
devido à escassez, não podemos fazer tudo o que queremos nem podemos 
resolver todos os nossos problemas. Em outras palavras, estamos diante 
de compensações ou, no jargão econômico, de trade‑offs. Podemos fazer 
alguma coisa, mas não outras. O custo de oportunidade é uma medida 
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daquilo que poderia ter sido feito de outra maneira. Ele nos orienta na 
realização das compensações corretas.
Podemos ainda conceituar o custo de oportunidade como o que deixamos de produzir de uma 
mercadoria para que seja aumentada a quantidade produzida de alguma outra. A pergunta que você 
deve estar se fazendo agora é: como calcular o custo de oportunidade da degradação ambiental?
8.2 A determinação do ponto de equilíbrio entre oferta e demanda
Dizemos que a demanda reflete a escolha do consumidor. Quais as variáveis que afetam essa escolha? 
De forma simplificada, são as seguintes:
a) A renda: quanto o consumidor tem disponível para a aquisição de bens e serviços necessários;
b) Os preços dos bens e serviços: quanto custarão, para o consumidor, os bens e serviços dos quais 
ele tem necessidade;
c) Suas preferências:que marcas o consumidor prefere. Das alternativas existentes no mercado, 
quais são as suas prediletas;
d) A relação de “substitutibilidade” ou complementaridade entre os bens e os serviços que o 
consumidor deseja comprar: o bem que ele deseja pode ser substituído por outro? O bem que ele 
quer consumir precisa ser consumido em conjunto com outro?
Como você pode ver, são muitos os fatores que determinam a demanda de um bem ou de um serviço. Para 
simplificar mais, faremos o seguinte: consideraremos, para a nossa análise, apenas a quantidade demandada 
de um bem em relação ao seu preço. Ao representarmos essa relação, teremos a curva abaixo:
P1
P2
P3
P4
P5
P6
P7
P8
Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8 Quantidade
Preço
Gráfico 6 – A curva de demanda
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O gráfico da página anterior nos permite visualizar que à medida que o preço sobe, a quantidade de 
demandada diminui. Isso é possível de ser constatado no mundo real: quanto maior o preço, menos as pessoas 
irão consumir determinado bem ou serviço. Por isso a inclinação da curva de demanda é negativa.
O que pode provocar um deslocamento da curva de demanda? Mudanças naquelas variáveis que 
havíamos deixado de fora da nossa análise. Dessa forma, mudanças na renda, nos preços dos bens substitutos e 
complementares e mudanças nos padrões de preferência provocarão deslocamentos da curva de demanda.
Da mesma forma como a curva de demanda é formada a partir das preferências dos consumidores, a de 
oferta se explica pelas escolhas que as empresas fazem no esforço de oferecer bens e serviços ao mercado.
Como as empresas decidem quais as quantidades a ofertar ao mercado? São inúmeras as variáveis:
a) Os preços praticados no mercado;
b) O quanto de lucro elas pretendem no mercado;
c) A estrutura de custos da produção dos bens e serviços;
d) A concorrência;
e)A oferta e os preços dos fatores de produção.
Para que possamos simplificar nossa análise, consideraremos a quantidade ofertada de um bem ou serviço 
como função única e exclusiva dos preços. Se representarmos essa relação, teremos a curva abaixo.
O
Pv
Px
Preço
0 Qx Qv Quantidade
Gráfico 7 – A curva de oferta
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Como você pode verificar, a curva de oferta tem inclinação positiva. Isso quer dizer que quanto 
maiores os preços praticados no mercado, mais a empresa terá interesse em ofertar os bens e serviços. 
O que pode provocar um deslocamento da curva de oferta? Mudanças naquelas variáveis que havíamos 
deixado de fora da nossa análise. Dessa forma, mudanças na concorrência e na oferta de fatores de 
produção podem deslocar a curva da oferta para a direita ou para a esquerda.
Como ocorre então a situação de equilíbrio entre a demanda e a oferta? Graficamente, ela se 
identifica com o ponto de encontro entre as duas funções. Veja no gráfico abaixo:
Preço
p1
p*
p2
E
QS
QD
0 QD1 QD2 Q* QS2 QS1 Quantidade
Gráfico 8 – O encontro entre as curvas de oferta e procura
É importante ressaltar que essa situação de equilíbrio é uma construção teórica. No mercado real, 
no mundo real, o que temos são movimentos em torno desse ponto de equilíbrio. Quer dizer, esse ponto 
de equilíbrio é uma meta ideal para o mercado consumidor e para o mercado vendedor. Do ponto de 
vista teórico, o ponto de equilíbrio representa a situação em que, a um determinado preço e a uma 
determinada quantidade, compradores e ofertantes ficam igualmente satisfeitos.
8.3 Crescimento versus desenvolvimento
Outro fator ainda deve ser considerado: há tempos, economistas percebem que são imensas as 
diferenças entre crescimento e desenvolvimento. Se o primeiro significa apenas o aumento da renda 
per capita, o segundo implica conhecer os beneficiários do aumento da renda. Em outras palavras, 
desenvolvimento requer distribuição de renda, para que o crescimento não seja concentrador ou 
excludente. Ainda, desenvolvimento requer respeito ambiental, já que isso está intrinsecamente ligado 
às condições de sustentabilidade da atividade econômica.
Vejamos com mais detalhes. Há muito os economistas discutem as diferenças entre os conceitos 
de desenvolvimento e crescimento. O debate nasceu da percepção de que, apesar das elevadas taxas 
de desempenho econômico, vários países apresentavam baixos níveis de qualidade de vida dos seus 
habitantes. Essa análise fez com que os economistas elaborassem outras medidas de mensuração que 
não as meramente quantitativas de produção, ou de “crescimento”. Quer dizer, buscou‑se entender 
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o que poderia determinar o padrão de qualidade de vida, estabelecendo‑se, então, que esse padrão 
seria mensurador do desenvolvimento humano (incluído aí o desenvolvimento econômico); a partir 
daí, criaram‑se indicadores para que o padrão pudesse ser determinado. De uma forma extremamente 
simplificada, buscou‑se entender não apenas o tamanho do “bolo” (representativo da produção de bens 
e serviços), mas o quanto ele poderia saciar a fome das pessoas.
O raciocínio é simples: o fato de um bolo ser grande ou pequeno não significa que ele tem condições de saciar 
a fome das pessoas. Se forem poucas pessoas, é possível que todas fiquem satisfeitas; se o bolo for pequeno, se 
as pessoas forem poucas, mas uma delas ficar com metade, a satisfação será menor. O mesmo raciocínio vale 
para um bolo grande e um contingente enorme de pessoas. Ainda, se o bolo aumentar, mas o número de pessoas 
aumentar mais do que o crescimento do bolo, é bem provável que a insatisfação persista.
 Observação
O crescimento seria dado pelo “tamanho do bolo”; em contrapartida, o 
desenvolvimento seria dado pela saciedade das pessoas ao se alimentarem 
dele. Mais: não seria suficiente o “tamanho médio” de cada fatia do bolo 
para que se pudesse concluir pela saciedade ou não das pessoas; precisaria 
se saber o quanto de justiça teria sido utilizada para a divisão do bolo.
Vejamos então as medidas de crescimento e desenvolvimento.
a) Medidas de crescimento: o Produto Nacional Bruto (PNB) e o PIB
O PNB e o PIB são medidas que possibilitam mensurar o “tamanho do bolo”. O PNB per capita e o PIB 
per capita dão a noção de média de apropriação do produto por habitante: o PNB per capita dá o valor 
de cada parcela de PNB apropriada por habitante; da mesma forma, o PIB per capita dá o valor de cada 
parcela do PIB apropriada por habitante. Vejamos, então, a diferença entre os dois conceitos:
O PIB representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços produzidos no país (ou na região 
considerada) em determinado período de tempo. Para o seu cálculo, ele descarta a renda do exterior, tanto a 
recebida quanto a enviada. Considerando‑se N o número de habitantes, o PIB per capita será dado por:
PIB per capita = PIB/N
O PNB difere do PIB porque considera tanto as rendas enviadas para o exterior quanto as recebidas 
do exterior. Assim:
PNB = PIB – Ree (receita enviada para o exterior) + Rre (receita recebida do exterior).
O PNB per capita será dado por:
PNB per capita = PNB/N
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Nos países em desenvolvimento, o PNB é menor do que o PIB. Isso ocorre porque, nessas nações, há 
considerável remessa de lucros para o exterior.
b) Medidas de desenvolvimento: o IDH, a curva de Lorenz e o índice de Gini
•O IDH
A mensuração do desenvolvimento humano, feita por meio do IDH, sobre o qual já falamos, contrapõe‑se 
ao conceito de crescimento econômico. Parte‑se do princípio de que, “para aferir o avanço de uma população 
não se deve considerar apenas a dimensão econômica, mas também outras características sociais, culturais 
e políticas que influenciam a qualidade da vida humana” (PNUD Brasil).
O índice desenvolvido pelos economistas Mahbub ul Haq e Amartya Sen leva em conta:
a) O PIB per capita (corrigido pelo poder de compra da moeda);
b) A longevidade (medida pela expectativa de vida ao nascer);
c) A educação (avaliada pelo índice de analfabetismo e pela taxa de matrícula em instituições de 
ensino).
O IDH é interpretado da seguinte forma:
IDH de 0,9 a 1,0 = desenvolvimento humano muito elevado
IDH de 0,8 a 0,899 = desenvolvimento humano elevado
IDH de 0,5 a 0,799 = desenvolvimento humano médio
IDH de 0,1 a 0,499 = desenvolvimento humano baixo
Portanto, quanto mais próximo de um, maior será o desenvolvimento humano.
Segundo o relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado em novembro do ano 
passado, o Brasil ocupa a 73ª posição entre 169 países no IDH 201022. Os cinco primeiros colocados são, 
pela ordem, Noruega, Austrália Nova Zelândia, Estados Unidos e Irlanda. Os cinco últimos são Zimbábue, 
República Democrática do Congo, Níger, Mali e Burkina Faso. (...) Segundo o documento, o IDH do 
Brasil apresenta “tendência de crescimento sustentado ao longo dos anos”. (...) Ainda de acordo com o 
relatório, o rendimento anual dos brasileiros é de US$ 10.607 e a expectativa de vida é de 72,9 anos. A 
escolaridade é de 7,2 anos de estudo e a expectativa de vida escolar é de 13,8 anos.
22A equipe de profissionais que elaboraram o IDH 2010 adotou metodologia nova para chegar aos índices publicados. 
Veja em Notas Técnicas o cálculo dos índices de desenvolvimento humano – apresentação gráfica. Disponível em: <http://
hdr.undp.org/en/media/HDR_2010_PT_TechNotes_reprint.pdf>.
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•	 A curva de Lorenz
A curva de Lorenz, representada a seguir, forma‑se pela união dos pontos bidimensionais obtidos 
pelos eixos X e Y: no eixo X, temos a proporção acumulada da população; no eixo Y, a da renda apropriada 
(IPECE, 2006).
a
b
A
B
C
100%
y
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
x
Gráfico 9 – Curva de Lorenz
Se a distribuição for perfeita, teremos a curva na forma de uma reta de 45 graus: por exemplo, 20% 
da população se apropriarão de 20% da renda. Assim, quanto maior a “barriga” (a área representada 
por a), mais desigual será a distribuição de renda. Na figura, por exemplo, aproximadamente 50% da 
população se apropria de 20% da renda.
•	 O índice de Gini
O índice de Gini, segundo o PNUD Brasil,
mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos 
segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de zero, quando não 
há desigualdade (a renda de todos os indivíduos tem o mesmo valor), a um, 
quando a desigualdade é máxima (apenas um indivíduo detém toda a renda 
da sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula).
Assim, o índice é uma medida que objetiva “corrigir” os valores médios obtidos por meio do quociente 
entre produto e população. Ele não representa o “tamanho médio da fatia do bolo”, mas quão justa é a 
divisão do bolo.
Veja novamente a figura relativa à curva de Lorenz. Geometricamente, o índice de Gini é obtido pelo 
quociente entre a e a soma entre a e b, da seguinte forma:
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G = a / (a + b)
Se a desigualdade é zero, quer dizer, se a distribuição de renda é perfeita, a é igual a zero; portanto, 
G = 0. Se, hipoteticamente, um único indivíduo se apropriar de toda a renda, ß tenderá a zero e G 
tenderá a um. Quanto maior a “barriga” representada por a, maior será o valor de G.
Um exemplo interessante para compreendermos, na prática, a diferença entre crescimento e 
desenvolvimento é o caso da China. Há anos, esse país vem conquistando elevados índices de crescimento 
do seu PIB, como se pode ver no gráfico 10:
Média do período = 10,1%
Previsão
%
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12
10
8
6
4
2
0
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
9,2
14,2 14,0 
13,1
10,9
10,0
9,3
7,8 7,6
8,4 8,3
9,1
10,0 10,1 9,9
8,6 8,2
Gráfico 10 – PIB na China, de 1991 a 2007
É provável que esse crescimento tenha implicado melhora no padrão de qualidade de vida da 
população, especialmente porque o crescimento populacional no país vem se mantendo constante e 
porque o seu IDH se situa no bloco daqueles países de desenvolvimento médio. Ainda, a China foi a nação 
cujo IDH alcançou maiores taxas de crescimento nos últimos anos: em 1990, era de 0,607; em 2006, 
de 0,762. No entanto, esse crescimento significa desenvolvimento sustentável? Não necessariamente. 
Segundo Thomas e Calan (2010, p. 25),
o rápido crescimento econômico da China tornou‑se uma faca de dois gumes. 
Embora os 1,3 bilhão de residentes estejam gozando de maior prosperidade, a 
qualidade dos recursos, como ar, água e solo do país, tem se deteriorado severamente. 
Apesar de significantes somas terem sido dedicadas à limpeza ambiental, alguns 
danos ecológicos ainda ocorrem, praticamente sem fiscalização alguma. De fato, 
muitos dos esforços atuais para mitigar a poluição focaram os pontos altamente 
visíveis, os grandes centros urbanos, como Pequim e Xangai, deixando as cidades 
menores e as comunidades rurais amargurarem uma desproporcional exposição à 
água contaminada e ao ar poluído naquele país. (...) Na China, o dano ambiental 
tem se tornado tão severo que seu avanço econômico está sendo comprometido 
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pela falta de água limpa, produtividade baixa associada a problemas de saúde 
induzidos pela poluição e outros danos que limitam a produção. Economistas 
estimam que esse efeito seja de até 7% do PIB chinês ao ano, um considerável 
aumento, se considerarmos os 3% ao ano na década de 1990.
8.4 Estado mínimo versus welfare state
Finalmente, o terceiro problema está relacionado aos conflitos entre os modelos de Estado mínimo 
e welfare state (estado do bem‑estar).
 Observação
Entre o Estado que nada intervém na economia e o Estado que chama 
para si a tarefa de planejar e orientar a atividade econômica há variantes.
Segundo Sachs (1994, p. 11‑12), são necessárias
formas de articulação entre as esferas de ação pública e privada, transcendendo a 
dicotomia simplista Estado x mercado e explorando‑se diversos modi operandi 
com a participação de formas de organização, propriedades lucrativas (públicas, 
cooperativas, comunitárias) e não lucrativas (privadas, individuais e coletivas); [é 
necessária a] busca por novas formas de parceria entre os protagonistas sociais 
do desenvolvimento, com atenção especial à cooperação entre autoridades 
públicas, empresas e organizações civis que ofereçam proposições concretas 
ao postulado de participação popular em processos de desenvolvimento, 
explorando com esse fim as várias experiências sociais — passado e presente 
— em auto‑organização, ajuda mútua e ação coletiva.
Dessa forma, é necessária a percepção dos seguintes aspectos:
a) Desenvolvimento pressupõe interdependência entre a democracia social, a ambiental e a 
econômica;
b) O emprego deve ser estimulado, seja pela valorização do trabalho dealto valor social agregado, 
seja pela concessão de empréstimos aos países em desenvolvimento condicionados pela aplicação 
dos recursos em projetos de mão de obra intensiva;
c) Os países devem fazer acordos sobre proteção ambiental: o desrespeito e a degradação ambiental 
não podem permitir vantagens comparativas e de mercado. Segundo Yunus (2008, p. 223), “a 
dinâmica da concorrência capitalista é tal que as organizações que não prejudicam o meio ambiente 
e as relações sociais podem ter uma desvantagem no mercado, pelo menos no curto prazo, ao 
passo que aquelas que economizam dinheiro poluindo à vontade poderão levar vantagem”;
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d) O pequeno empreendimento deve ser fortalecido, em detrimento aos investimentos em empresas 
de grande porte. Ainda, deve‑se estimular a agricultura familiar e os minifúndios;
e) O fim da fome e da pobreza deve ser a meta de todos os países, e os desenvolvidos devem escolher 
formas de alocação de recursos que obedeçam aos critérios de sustentabilidade social, ambiental 
e econômica, especialmente avaliadas a partir do prisma social.
 Observação
Entre a crença na eficácia da “mão invisível do mercado” e a fé na 
centralização e na planificação econômica há outras possibilidades.
Horrorizado com a fome e com a imobilidade social em Bangladesh, um economista acabou criando um 
banco especializado no fornecimento de empréstimos a pobres. Esses empréstimos, concedidos preferencialmente 
a mulheres (já que elas seriam mais pródigas na utilização dos recursos em prol do bem‑estar da família), hoje já 
atingiram 80% das famílias pobres, e a expectativa é que a totalidade seja alcançada até 2010.
Hoje, o Banco Grameen oferece empréstimos a praticamente sete milhões 
de pobres, 97% deles mulheres, em 73 mil aldeias de Bangladesh. O Banco 
Grameen oferece às famílias pobres empréstimos sem caução para a 
geração de renda, para a habitação, empréstimo estudantil e financiamento 
de microempresas, além de fornecer a seus clientes uma série de produtos 
atraentes, como poupança, fundos de previdência e seguros. Desde que 
surgiram em 1984, os empréstimos habitacionais foram usados para a 
construção de 640 mil casas. (...) Desde a inauguração, o banco concedeu 
empréstimos num total aproximado de seis bilhões de dólares. A taxa de 
liquidação dos empréstimos é de 99%. Em geral, o Banco Grameen obtém 
lucro. Ele não depende financeiramente de terceiros e não recebe dinheiro 
de doações desde 1995. Os depósitos e os recursos próprios do Banco 
Grameen atualmente chegam a 143% de todos os empréstimos em aberto. 
De acordo com uma pesquisa interna do banco, 58% dos nossos tomadores 
de empréstimo ultrapassaram a linha da pobreza (YUNUS, 2008, p. 240).
 Saiba mais
Pelo projeto do Banco Grameen, Muhammad Yunus ganhou o Prêmio 
Nobel da Paz em 2006. A trajetória da criação do banco está brilhantemente 
escrita na obra O banqueiro dos pobres, de autoria dele e de Alan Jolis, São 
Paulo: Ática, 2008. Sugerimos fortemente sua leitura, já que se trata de 
uma iniciativa bem‑sucedida de erradicação da pobreza dentro dos termos 
da própria economia de mercado.
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Para refletir
Vamos pensar um pouco mais?
Veja a situação a seguir e reflita.
Situação:
Acredito que podemos criar um mundo sem pobreza, porque ela não é 
criada pelos pobres. Ela é criada e mantida pelo sistema econômico e 
social que elaboramos para nós mesmos; as instituições e os conceitos 
que fazem parte desse sistema; as políticas que seguimos. (YUNUS, 
2008, p. 246)
Proposta: O que você pensa a respeito da afirmação de Yunus?
 Resumo
Antes que você faça os exercícios, vamos relembrar os pontos mais 
importantes já discutidos até agora:
A partir de 1970, as economias de todo o mundo passam a sofrer com 
o processo de inflação (processo caracterizado pelo aumento do nível de 
preços e pela perda do poder aquisitivo da moeda).
A inflação surge sob diferentes formas: inflação de demanda, de oferta 
e inercial.
Resolvido o problema inflacionário, o mundo desenvolvido passa a 
disseminar o discurso globalizador: também conhecido como neoliberalismo, 
esse discurso defenderá o receituário de não intervenção do Estado na 
economia.
Como consequência da globalização, nota‑se o aumento da pobreza 
e da desigualdade social. Em razão disso, os economistas desenvolvem 
parâmetros que, em vez de mensurar o crescimento, buscam medir o 
desenvolvimento econômico.
Assim, temos uma série de problemas ainda a resolver:
a) Dado que os recursos são finitos e escassos, há que se equacionar as 
dificuldades de expansão das fronteiras de produção;
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b) Considerando que o modelo de oferta e de demanda que nos permite 
a identificação do ponto de equilíbrio é apenas teórico e ideal, 
temos que criar as condições que se traduzam em satisfação para 
consumidores e ofertantes de bens e serviços;
c) Considerando as diferenças entre crescimento e desenvolvimento, 
temos que criar as condições para que esses dois processos ocorram 
simultaneamente;
d) Considerando a distância entre o Estado mínimo e o Welfare State, 
temos que criar as condições mais adequadas para a participação do 
Estado na economia.
 EXERCÍCIOS
 Questão 1. Analise o seguinte texto:
“ (...) no gráfico 1, temos a evolução da renda média da população economicamente ativa para as 
décadas de 60, 70, 80 e 90, tendo 1960 como base. No gráfico 2, temos as Curvas de Lorenz para os 
mesmos períodos. Lembre‑se: “a Curva de Lorenz é a curva que se forma pela união dos pontos bi‑
dimensionais onde em um eixo (eixo y) temos a proporção acumulada da renda apropriada, e no outro 
eixo (eixo x) a proporção acumulada da população. Quando a distribuição é perfeita, a Curva de Lorenz 
assume a forma de uma reta de 45º. Nesse caso, a proporção da renda apropriada é sempre igual à 
proporção acumulada da população: 10% da população ganha 10% da renda, 20% da população ganha 
20% da renda etc” (adaptado de BARROS e MENDONÇA, s. d.). 
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Gráfico 11: Nível de renda média da população economicamente ativa
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1970
1990
1980
1960
 
Gráfico 12: Curva de Lorenz
FONTES: Construído com base nos dados dos Censos Dermográficos de 1960, 1970, 1980 e da Pesquisa Nacional por Amostra de 
Domícilios de 1990 (a distribuição utilizada é a da população economicamente ativa segundo a renda individual).
A análise do texto e dos gráficos apresentados permite afirmar que:
I – Entre 1960 e 1970, a desigualdade social aumentou, embora a renda média tenha 
crescido.
II – Entre 1960 e 1970, a desigualdade social diminuiu em função do aumento da renda 
média.
III – A renda média é um bom indicador de igualdade social.
Assinale a alternativa que contém a(s) afirmativa(s) correta(s):
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e III.
E) I e II.
Resposta correta: alternativa A.
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Análise das afirmativas:
Afirmativa I: correta.
Justificativa:a renda média efetivamente cresceu da década de 1960 para 1970; ainda, como o 
segundo gráfico nos mostra, a “barriga” da Curva de Lorenz aumentou, indicando um aumento da 
desigualdade social.
Afirmativa II: incorreta.
Justificativa: embora a renda média tenha crescido no período indicado, a desigualdade social 
aumentou, conforme pode ser observado no segundo gráfico.
Afirmativa III: incorreta.
Justificativa: como vimos no livro‑texto, a renda média, per si, não é um bom indicador de igualdade 
social. Afinal, na média, a população pode ter ficado mais rica; no entanto, se a riqueza ficou concentrada, 
a desigualdade social só fez aumentar.
Questão 2. Leia o texto, o gráfico e a tabela que seguem:
“(...) O objetivo da elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano é oferecer um contraponto 
a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a 
dimensão econômica do desenvolvimento. Criado por Mahbub ul Haq, com a colaboração do economista 
indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende ser uma medida 
geral, sintética, do desenvolvimento humano. Não abrange todos os aspectos de desenvolvimento e 
não é uma representação da “felicidade” das pessoas, nem indica “o melhor lugar no mundo para se 
viver”. Além de computar o PIB per capita, depois de corrigi‑lo pelo poder de compra da moeda em cada 
país, o IDH também leva em conta dois outros componentes: a longevidade e a educação. Para aferir a 
longevidade, o indicador utiliza números de expectativa de vida ao nascer. O item educação é avaliado 
pelo índice de analfabetismo e pela taxa de matrícula em todos os níveis de ensino. A renda é mensurada 
pelo PIB per capita, em dólar PPC (Paridade do Poder de Compra, que elimina as diferenças de custo de 
vida entre os países). Essas três dimensões têm a mesma importância no índice, que varia de zero a um 
(...).” (adaptado de SEM, 1999). 
A seguir, são apresentados o gráfico de IDH e a tabela com a expectativa de vida ao nascer nos 
estados brasileiros em 2005:
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0,85
0,8
0,75
0,7
0,65
0,6
Estados brasileiros
 
Gráfico 13 – IDH ‑ Estados brasileiros 2005
Fonte: PNUD/Fundação João Pinheiro.
Esperança de vida ao nascer
Anos de vida esperados – Brasil (2005)
UF Anos de vida esperados
Rondônia 70,63
Acre 70,81
Amazonas 71,03
Roraima 69,3
Pará 71,39
Amapá 69,75
Tocantins 70,69
Maranhão 66,83
Piauí 68,17
Ceará 69,58
Rio Grande do Norte 69,75
Paraíba 68,26
Pernambuco 67,52
Alagoas 65,95
Sergipe 70,27
Bahia 71,44
Minas Gerais 74,1
Espírito Santo 73,14
Rio de Janeiro 72,44
São Paulo 73,66
Paraná 73,51
Santa Catarina 74,78
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Rio Grande do Sul 74,5
Mato Grosso do Sul 73,19
Mato Grosso 72,57
Goiás 72,82
Distrito Federal 74,87
Quadro 5 – Fonte: IBGE/Projeções demográficas preliminares
Após a análise dos dados anteriores, julgue as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta.
I ‑ Não existe relação entre o IDH e a expectativa de vida ao nascer, pois os únicos fatores utilizados 
para o cálculo do IDH são a longevidade, a educação e a renda.
II ‑ Em 2005, o estado brasileiro com menor IDH foi o que apresentou a menor expectativa de vida ao nascer, 
e o estado brasileiro com maior IDH foi o que apresentou a maior expectativa de vida ao nascer.
III ‑ Em 2005, os estados brasileiros com mesmos IDHs apresentavam as mesmas expectativas de 
vida ao nascer.
IV ‑ Em relação aos estados brasileiros, em 2005, a diferença percentual do menor IDH para o maior 
IDH, e a diferença percentual da menor expectativa de vida ao nascer para a maior expectativa de 
vida ao nascer, são iguais.
Assinale a alternativa que contém a(s) afirmativa(s) correta(s):
A) II.
B) II e III.
C) I.
D) II, III e IV.
E) Todas as afirmativas estão corretas.
Resolução desta questão na Plataforma.
125
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
PEGADA ECOLÓGICA. Disponível em: <http://assets.wwf.org.br/img/original/mapa.jpg>. Acesso 
em: 4 nov. 2010.
Figura 3
FLUXO CIRCULAR DE RENDA. Disponível em: <http://www.mises.org.br/images/articles/2008/
Novembro%2008/figure1.jpg>. Acesso em: 1º nov. 2010.
Figura 4
SEM‑TÍTULO. Fonte: <http://images‑partners.google.com>.
Quadro 1
LUCROS DAS EMPRESAS DE CAPITAL ABERTO EM 2009. Disponível em: <http://blig.ig.com.br/_dias_/
files/2010/03/Lucros_22‑03.jpg>. Acesso em: 1° nov. 2010.
Quadro 2
CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS. Disponível em: <http://empretec.sebrae.com.br/2009/10/27/
as‑10‑caracteristicas‑do‑empreendedor>. Acesso em: 1º nov. 2010.
Quadro 3
RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DAS ESTRUTURAS DE MERCADO. Adaptado de Nogami e Passos 
(2003).
Quadro 4
O MECANISMO DA CRISE. Disponível em: <http://fernandonogueiracosta.files.wordpress.
com/2010/07/3_‑crise‑de‑29‑grande‑depressao11.jpg>. Acesso em: 1º nov. 2010.
Quadro 5
ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER ‑ANOS DE VIDA ESPERADOS – BRASIL (2005). Fonte: IBGE/Projeções 
demográficas preliminares.
Tabela 1
O MAPA DO EMPREENDEDORISMO. Disponível em: <http://www.sebraepr.com.br/gc/images/
empreendedorismo.gif>. Acesso em: 1º nov. 2010.
126
Tabela 2
POPULAÇÃO BRASILEIRA POR SETOR DA ECONOMIA. Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_
eMvdTkJQxOk/THnHRUZrc6I/AAAAAAAAH50/P3IWgcNdajo/s1600/distrib+pop.jpg>. Acesso em: 1º nov. 
2010.
Tabela 3
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO, 2005. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/
cotidiano/images/20050906‑idh.gif>. Acesso em: 1º nov. 2010.
Gráfico 1
SETORES DA ECONOMIA. Disponível em: <http://www.klickeducacao.com.br/ conteudo/referencia/
content/632/images/acge1214.jpg>. Acesso em: 1º nov. 2010.
Gráfico 2
CRESCIMENTO NO BRASIL E NOS ESTADOS UNIDOS. Disponível em: <http://www.scielo.br/img/revistas/
ecos/v17n2/a02grf02.gif>. Acesso em: 1º de novembro de 2010.
Gráfico 3
INFLAÇÃO NOS ESTADOS UNIDOS. Disponível em: <http://www.clubeinvest.com/bolsa/show_futures_
technical_analysis.php?id=669>. Acesso em: 1º nov. 2010.
Gráfico 4
CONTA‑CORRENTE NOS ESTADOS UNIDOS. Disponível em: <http://www.clubeinvest.com/bolsa/show_
futures_technical_analysis.php?id=669>. Acesso em: 1º nov. 2010.
Gráfico 9
CURVA DE LORENZ. Disponível em: <http://www.ipece.ce.gov.br/publicacoes/notas_tecnicas/NT_
14.pdf>. Acesso em: 14 out. 2010.
Gráfico 10
PIB NA CHINA, DE 1991 A 2007. Disponível em: <http://www.ccibc.com.br/pg_dinamica/bin/pg_
dinamica.php?id_pag=2325>. Acesso em: 1º nov. 2010.
Gráfico 11
NÍVEL DE RENDA MÉDIA DA POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA. Disponível em: <http://ppe.ipea.
gov.br/index.php/ppe/article/viewFile/789/729>. Acesso em: 06 de maio de 2011.
127
Gráfico 12
CURVA DE LORENZ. Disponível em:<http://ppe.ipea.gov.br/index.php/ppe/article/viewFile/789/729>. 
Acesso em: 06 de maio de 2011.
Gráfico 13
IDH – ESTADOS BRASILEIROS 2005 – Fonte: PNUD/Fundação João Pinheiro.
REFERÊNCIAS 
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Contexto, 2006.
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Unidade III – Questão 1 (adaptada de): INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS 
EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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