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1 INTRODUÇÃO UNIDADE 1 TÓPICO 1 - Nosso corpo é revestido externamente por um tipo de tegumento conhecido como pele. Este sistema, o tegumentar, é composto por pele, pelos e anexos cutâneos. Fazem parte, também, deste sistema as unhas, os pelos, glândulas sebáceas e sudoríparas, bem como vários receptores especializados, é considerada o maior órgão do corpo humano. Dividido em camadas, sendo a mais superficial a epiderme, basicamente constituída de tecido epitelial possuindo cinco camadas: basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea. A segunda camada, a derme, compõe-se de tecido conjuntivo e vasos sanguíneos. Algumas literaturas ainda consideram uma terceira camada, a hipoderme, composta de tecido conjuntivo que armazena lipídeos e possui funções de proteção e regulação térmica do corpo (D’ANGELO; FATTINI, 2011). A pele é um órgão, composto por milhões de receptores sensitivos, com uma vasta rede vascular, funcionando como uma interface entre o meio interno e externo. Ou seja, entre corpo e meio ambiente, protegendo-o quando interage com o ambiente. Consiste em uma variedade de tecidos organizados em conjunto, sendo sua aparência clinicamente importante porque demonstra algumas disfunções corporais. Alguns exemplos, uma pele sem coloração indicam um estado de choque, avermelhada e quente, febre e infecção; erupções na pele indicam alergias ou infecções locais, já algumas texturas diferentes podem mostrar alterações glandulares ou nutricionais, pode demonstrar também problemas emocionais (GRAAFF, 2003). 4 FIGURA 1 – ANATOMIA DA PELE FONTE: <https://shutr.bz/3JmZXZN>. Acesso em: 18 mar. 2021. A derme é composta pela camada papilar, tipo de tecido conectivo frouxo, contém capilares que nutrem a epiderme, tem esse nome devido às papilas que se projetam entre as cristas da pele. A segunda camada, a reticular, tem fibras unidas em um emaranhado de tecido conectivo que circunda vasos sanguíneos, folículos pilosos, nervos, glândulas (MARTINI et al, 2009). pelo Epiderme Derme Hipoderme tecido subcutâneo Poro Sudoríparo nervo Glândula Sudorípara Bulbo piloso veia Artéria Tecido adiposo 2 AFECÇÕES CUTÂNEAS E DISTÚRBIOS ESTÉTICOS FACIAIS A pele é o maior órgão do corpo humano, indispensável à vida, é a proteção do organismo contra o ambiente externo. É vital ao organismo, promovendo proteção contra lesões ambientais, controle da temperatura, função sensorial e produção de vitamina D. Manifesta inúmeros sinais e sintomas, que auxiliam no diagnóstico de doenças. Recobre em torno de 2 m2 , modifica a espessura conforme a região do corpo avaliada, sendo que, nas palmas das mãos e na planta dos pés, devido uma maior pressão nestes locais, é mais espessa quando comparada com a pálpebra dos olhos. Sendo que a pele do corpo recebe 1/3 de todo o sangue que circula pelo organismo, ainda, este tegumento apresenta características de resistência e elasticidade (D’ANGELO; FATTINI, 2011). 5 NOTA A pele é um órgão, o maior do corpo humano, que, no caso de alteração de temperatura, pode chegar a eliminar em torno de 11 litros de suor, sendo que isso só não ocorre no leito ungueal, tímpanos e margem dos lábios. O cheiro do suor é causado pela presença de bactérias presentes em nosso corpo. A pele pode ser definida como um órgão sensorial, permitindo a percepção de estímulos de natureza táteis, térmicos e dolorosos, e ainda corresponde a 70% da água do corpo livre do peso de tecido adiposo. Conforme nos desenvolvemos, o colágeno e a elastina se tornam maduros. Os fibroblastos aumentam sua síntese, o colágeno se torna mais resistente. Na vida adulta, esta síntese diminui devido à redução da mitose, quando se inicia o processo de envelhecimento (RODRIGUES, 2009). Pode ser considerado um sistema de comunicação entre os sistemas nervoso, imunológico e endócrino, com os órgãos internos, sendo que, constantemente, se comunica com o sistema nervoso central. Tem origem em folhetos denominados ectoderme e mesoderme, o primeiro origina a epiderme, melanócitos, anexos cutâneos, todas as estruturas do sistema nervoso e o epitélio de revestimento das cavidades nasal, oral e anal. Do segundo folheto, origina-se a derme, células de Langherans, hipoderme, músculos esqueléticos e lisos, sistemas circulatório, esquelético, excretor e reprodutor (FASSHEBER et al. ,2018). Dentre as camadas da pele temos a epiderme, que é superficial, composta de um epitélio estratificado de 0,007 a 0,12 mm de espessura, compõe-se, em sua maioria, de camadas de células mortas, de quatro a cinco camadas dependendo de onde a pele se encontra. Nas palmas das mãos e planta dos pés existem cinco camadas, por estarem mais expostas ao atrito, nas outras áreas, apenas quatro camadas. A primeira camada, ou basal, é única e está em contato direto com a derme, composta especificamente por quatro tipos celulares: os queratinócitos, melanócitos, células de Merkel (táteis) e dendrócitos granulares não pigmentados (células de Langerhans), as células se renovam constantemente, nesta camada, através da mitose, e vão para superfície superior para renovar a epiderme, chegando até a última camada, a córnea, onde as células chegam anucleadas, ou seja mortas, para posterior descamação, o que leva de seis a oito semanas, para que as novas células se desloquem da camada basal até a camada córnea (GRAAFF, 2003). 6 Nem todos os sinais apresentados pela pele demonstram infecção, trauma ou alergia, alguns decorrem de respostas normais ao ambiente, exemplo, a hiperqueratose, que é a calosidade formada por excesso de produção de queratina, geralmente por excesso de abrasão mecânica, os conhecidos calos (MARTINI et al., 2009). ATENÇÃO 2.1 ACNE Dentre as afecções cutâneas, temos a acne que pode ser descrita como uma patologia inflamatória de caráter crônico, que afeta a unidade pilossebácea, podendo apresentar formas de comedões tanto abertos quanto fechados, além de que, nos casos mais graves, pode trazer presença de pápulas, pústulas e pode, inclusive, apresentar cistos, o que muitas vezes acaba causando cicatrizes inestéticas no local acometido (LYON; SILVA, 2015). Afeta em torno de 80%, pessoas entre 11 e 30 anos de idade, sendo característica de resposta do organismo à bactéria Proprionibacterium acne, considerada uma afecção dermatológica que causa lesões evidentes, polimorfas, de intensidade variável (BORGES; SCORZA, 2016). Atinge, com maior frequência, a fase da adolescência, principalmente o sexo feminino mais precocemente, por volta de 12 a 14 anos, já, o sexo masculino, por volta dos 14 aos 16 anos, sendo que, com a passagem da fase da puberdade, acaba por regredir de forma espontânea. Muitas meninas são acometidas devido a problemas do sistema endócrino, ou, ainda, pela presença da patologia de ovário policístico. Surge devido um aumento da secreção da glândula sebácea, denominada seborreia, decorrente de hiperplasia destas glândulas; uma ceratose do canal folicular que o estreita e acaba por reter o sebo, denominada comedogênese, e a presença de um micro-organismo no ducto sebáceo o conhecido Propionibacterium acnes, todo o processo acaba levando a um quadro inflamatório local (AZULAY, 2017). FIGURA 2 – ACNE EM FACE FONTE: <https://shutr.bz/3qk0O5N>. Acesso em: 18 mar. 2022. 7 Geralmente, as peles acneicas estão em estado de asfixia, havendo dificuldade de a secreção sebácea ser excretada para o exterior, ficando retida no canal folicular, sendo necessária uma limpeza dos canais para uma melhor oxigenação, evitando a formação da acne (BORGES, 2010). Quando ocorrem mudanças nas glândulas sebáceas, sudoríparas e nos folículos, deve-se verificar alterações hormonais, visto que, especialmente no período da puberdade, podem promover um aumento da atividade secretora dessas estruturas. Pessoas que apresentam a estrutura glandular (sebácea) de forma mais visível, podem, com maior frequência, desenvolver a acne, especialmente durante a fase de adolescência. Outra patologia bastante frequente é a dermatite seborreica, que faz com que as glândulas sebáceas se inflamem, tenham uma grande atividade,deixando a epiderme mais descamativa. Fatores como ansiedade, estresse e alergias alimentares, com infecções concomitantes por fungos, podem aumentar a gravidade da inflamação (MARTINI et al., 2009). IMPORTANTE As causas se dividem em herança, em que o tamanho da glândula, atividade durante a fase da puberdade, e queratinização da glândula, causadas por fatores genéticos, sendo que, quando os pais apresentam acne, a chance de ser transmitido aos descendentes é de aproximadamente 50%. Outro fator é a queratinização infundibular de forma descontrolada acompanhada de hiperqueratose, o que obstrui o folículo e promove o surgimento do comedão. A terceira causa é a hipersecreção sebácea, causada em especial quando ocorre o desenvolvimento das glândulas sebáceas por ação hormonal dos androgênios (por exemplo, testosterona) com maior ação na puberdade (LYON; SILVA, 2015). 2.2 DISCROMIAS A pele apresenta colorações diferenciadas devido à presença de melanina, que pode ser de cor marrom, vermelha e preta, bem como pela presença de sangue e vasos sanguíneos da derme. Sendo que podem ocorrer discromias caracterizadas por alterações na coloração da pele por diminuição (leucodermias), ou por aumento da melanina (melanodermias), ou, ainda, pode ocorrer uma deposição de pigmentos em especial na derme (hipercromias). A principal leucodermia é o albinismo, ausência total ou quase total da melanina na pele, cabelos e olhos, levando a pessoa acometida a uma fotossensibilidade, e um maior risco de desenvolvimento de tumores quando exposta aos raios ultravioletas (RIVITTI, 2018). 8 FIGURA 3 – CRIANÇA ALBINA FONTE: <https://shutr.bz/3iiZfRb>. Acesso em: 18 mar. 2022. De forma adquirida, pode surgir o vitiligo, também uma leucodermia, caracterizase com o surgimento de lesões acrômicas nos locais onde houve destruição dos melanócitos. Não possui patogênese esclarecida, mas, em geral, ocorre após traumas ou queimaduras de Sol, existem explicações por três teorias, uma imunológica, que a caracteriza por uma patologia autoimune, uma teoria citotóxica, em que derivados de hidroquinona são tóxicos para melanócitos, vindo, por exemplo, a ocorrer devido a um estresse oxidativo, e, por fim, uma teoria neural em que as lesões do vitiligo ocorreriam em áreas denervadas (RIVITTI, 2018). FIGURA 4 – PESSOA COM VITILIGO FONTE: <https://shutr.bz/3tkMo7g>. Acesso em: 18 mar. 2022. As hipercromias se caracterizam por hiperpigmentação com vários fatores desencadeantes, tais como envelhecimento, período gestacional, problemas endócrinos e a exposição ao Sol. No caso da gravidez, estas hiperpigmentações são conhecidas como melasmas, e se caracterizam como manchas de coloração marrom, formas irregulares, mais frequentes na face, além do período gestacional, podem surgir devido ao uso de medicação anticoncepcional (KAMIZATO; BRITO, 2014). 9 NOTA O melanócito é uma célula que possui dendritos que são capazes de se desenvolver em direção às laterais e para cima, permitindo que cada um deles seja capaz de transmitir seus melanossomas para aproximadamente 36 queratinócitos (MONTEIRO, 2012). A melanina é produzida pelos melanócitos que ficam na camada basal na epiderme, bulbo piloso e olhos. Tem como função a proteção dos raios ultravioletas, refletindo-os ou difratando-os, tem função de proteção das células, o tecido irradiado faz com que os melanossomas (vesículas que contêm melanina) fiquem ao redor do núcleo para que protejam o material genético da célula. O bronzeado, na verdade, é uma forma de proteção, para que não ocorra o fotoenvelhecimento ou a fotocarcinogênese, bem como uma produção desordenada, pode causar alterações cutâneas, como, por exemplo, as manchas e lentigos. A melanogênese ocorre porque a tirosinase (enzima que controla o processo), é produzida no retículo endoplasmático rugoso transferida para o Complexo de Golgi associado ao lisossoma, ativada e secretada para dentro de uma vesícula, um pré melanossoma é liberado e se une à vesícula, formando o melanossoma, em que a tirosinase converte tirosina em eumelanina (cor preta), ou em feomelanina (amarela ou avermelhada) (KAMIZATO; BRITO, 2014). 2.3 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO Nossa pele ainda é acometida pelo envelhecimento, que pode ser descrito como um fenômeno fisiológico, que se desenvolve de forma progressiva e não pode ser revertido, causa um declínio na função e na estrutura do tecido cutâneo. Desenvolve-se intrinsecamente influenciado por fatores genéticos, características de cada indivíduo, sendo afetado por fatores endógenos e exógenos, sendo a principal causa exógena a exposição à radiação ultravioleta conhecido como fotoenvelhecimento. A radiação ultravioleta UVA e UVB degradam o colágeno e promovem dano ao DNA do núcleo e da mitocôndria, promovendo o envelhecimento celular (LUPI et al., 2012). O fotoenvelhecimento causa alterações na pele no nível microscópico, classificada em Escala de Glogau, conforme Borges (2010): • Tipo I – discreta: pode-se descrever como “sem rugas”. Por se tratar de um fotoenvelhecimento precoce, existe uma discreta alteração na pigmentação, as rugas são mínimas e, geralmente, ocorrem entre as idades de 20 a 30 anos. • Tipo II – moderada: rugas ao movimento. Já então presentes lentigos senis, ceratoses palpáveis, mas ainda não visíveis, início do aparecimento da linha paralela ao sorriso, face com aspecto cansado, entre 30 e 40 anos. 10 • Tipo III – avançada: rugas em repouso. Discromias, ceratoses visíveis, rugas apresentam-se mesmo sem movimento, aspecto de cansaço constante, em torno de 50 anos ou mais. • Tipo IV – grave: apenas rugas. A pele apresenta uma coloração amarelo-acinzentada, rugas em toda a face, não há pele normal, entre 60 e 70 anos. FIGURA 5 – ENVELHECIMENTO CUTÂNEO FONTE: <https://shutr.bz/3JDkoln>. Acesso em: 18 mar. 2022. Conforme ocorre envelhecimento, a pele fica mais fina e, em alguns locais, torna-se mais enrugada, seca e escamosa. A camada córnea se torna mais permeável à passagem rápida de substâncias por ela, as fibras de colágeno ficam mais grossas e as fibras elásticas perdem sua elasticidade, bem como há decréscimo de gordura depositada no tecido subcutâneo. A pele mostra mais marcadamente as rugas, o melanócito se atrofia com a idade, os receptores sensitivos de dor, calor e pressão se tornam e menos sensíveis e menos numerosos, as glândulas sudoríparas e sebáceas diminuem de número e função (GUIRRO; GUIRRO, 2004). As fibras elásticas e colágenas sofrem agressão pela exposição prolongada aos raios ultravioletas A e B emitidos pelo Sol, causando um processo de degeneração, que faz com que a pele fique mais flácida por reduzir sua quantidade de água e nutrientes, além de diminuição da resposta imunológica, apresentando uma coloração amarelada. Seu primeiro mecanismo de defesa é a camada mais superficial, a epiderme que absorve a maioria dos raios ultravioletas, não permitindo que cheguem às camadas mais profundas. Ainda existe um segundo mecanismo de defesa por meio do suor, que tem como componente o ácido urocânico, que é altamente absortivo para os raios UVB. O terceiro mecanismo é a melanina, cuja ação fotoprotetora se faz por absorção da radiação UV (BORGES; SCORZA, 2016). 11 O envelhecimento leva à perda de tecido fibroso, lentidão para que as células se renovem, redução na hidratação celular. Devido a essas alterações, o organismo fica mais frágil em razão de agressões internas e externas, a camada córnea fica mais permeável, fibras colágenas ficam mais grossas e as elásticas perdem a elasticidade, tudo influenciado pelo estilo de vida e suas inter-relações pessoais (FASSHEBER et al., 2018). São várias as teorias que explicam o envelhecimento, sendo a mais conhecida a dos radicais livres, que se trata de moléculas de oxigênio que perderam elétron e se ligam em outras para equilibrar sua camada, tornando extremamente instáveis e reativas (PERRICONE, 2001). ATENÇÃO O envelhecimento é classificado pela escala de Glogau, que é feita de acordo com a profundidade das rugas, em quatro graus. O Grau I, denominado envelhecimentosuave, de 28-35 anos, quando ainda não há rugas, as alterações pigmentares ainda são suaves, sem queratose; o II, envelhecimento moderado de 35 a 50 anos, as rugas aparecem com movimento ou expressão do rosto, existem manchas marrons visíveis, pele áspera e palpável, linhas paralelas ao sorriso, começam a aparecer os pés de galinha; o Grau III, envelhecimento avançado de 50 a 65 anos, rugas em repouso, mesmo sem expressão, manchas escuras, avermelhadas, telangiectasias, linhas e sulcos mesmo em repouso, mesmo sem expressão facial as rugas ficam visíveis; e, IV, envelhecimento grave da pele de 60 a 75 anos, rugas muito acentuadas e grande flacidez na pele, presença de manchas escuras, brancas e vermelhas, rugas em toda a face, flacidez pela falta de colágeno (BORGES, 2010). As rugas podem ser dinâmicas ou estáticas, as dinâmicas são conhecidas como de expressão e surgem devido à contração dos músculos da face, são visualizadas quando ocorrem os movimentos de expressão, isto faz com que, com o tempo, surjam as linhas de expressão. As chamadas estáticas são mais profundas, visíveis mesmo sem nenhuma expressão, ou seja, em repouso, causadas pelo envelhecimento extrínseco em conjunto com os agentes externos, ou ainda evolução das dinâmicas não tratadas (HORIBE, 2000). 2.4 ROSÁCEA/COUPEROSE Caracterizada por uma pele avermelhada, trazendo uma sensação de calor que incomoda, inflama os folículos e os vasos sanguíneos. O rubor evolui para elevações vermelhas álgicas, as pápulas, alguns pontos com presença de pus (pústulas), e um desenho em forma de teia de aranha demonstrando o aumento dos vasos sanguíneos. 12 Se não tratada pode originar nódulos, em alguns casos pode ser confundida com a acne, com a diferença que não apresenta o aspecto de comedões abertos e fechados, e a exposição solar, que, em alguns casos para acne, quando moderada, é benéfica, no caso da rosácea, piora o quadro (DEODATO, et al., 2019). FIGURA 6 – ROSÁCEA FONTE: <https://shutr.bz/3KXF1sm>. Acesso em: 18 mar. 2022. Rosácea é um tipo de distúrbio dermatológico classificado como crônico, trazendo uma ampla variedade de sintomas, atingindo cerca de 10 % da população, apresentando como padrões mais comuns três formas eritematotelangiectásica (RET), papulopustular (RPP), fimatosa (RF) e ocular (RO) (TROIELLI et al., 2018). Uma condição inflamatória de longo prazo que acontece na face, sem causa determinada. Apenas algumas teorias, os vasos sanguíneos se dilatam muito facilmente, aumentando o fluxo sanguíneo para a pele, deixando-a avermelhada e ruborizada. Caracteriza-se por uma vermelhidão crônica ou temporária, que surge na face parecido com vasos sanguíneos vermelhos, em especial ao redor do nariz e, em alguns casos, no queixo, em geral, agravada por mudanças nas condições atmosféricas, além de ingestão de alimentos picantes e exposição ao Sol. Essa pele precisa de muito cuidado, principalmente com uso de produtos que tenham ativos refrescantes e vasoconstritores (MICHALUN; MICHALUN, 2010). Em aproximadamente 22% dos casos afeta a aparência, trazendo, além do sofrimento físico, também o psicológico, demonstrando hiperplasia das glândulas sebáceas, o que promove uma considerável oleosidade, aumento dos ramos dos orifícios foliculares, pele mais espessa, massas irregulares com aspecto de nódulos, sendo que a região nasal tem maior incidência de ser afetada (SANTOS, 2020). 13 Não existe cura para a rosácea, mas várias opções terapêuticas que permitem melhora do quadro e longos períodos de remissão, melhorando a qualidade de vida do paciente. ATENÇÃO Ainda para Santos (2020), os mecanismos que promovem o desencadeamento da rosácea ainda não são bem definidos, trazendo uma causa multifatorial envolvendo desde genética até pontos chamados de gatilho para a patologia, tais como: microorganismos, radiação ultravioleta, temperaturas extremas, perda da continuidade da barreira cutânea, problemas emocionais e hormônios. Podem surgir sintomas secundários como sensação de coceira (prurido) e queimação, além de um aspecto edemaciado da face, e também da presença de dermatite seborreica, em casos sérios pode afetar os olhos e provocar rinofima (AWOSIKA; OUSSEDIK, 2018). 3 AFECÇÕES CUTÂNEAS E DISTÚRBIOS ESTÉTICOS CORPORAIS O corpo passa por diversas transformações desde a infância até chegar na vida adulta, o que pode trazer consigo várias alterações inestéticas como, por exemplo, as estrias causadas por um crescimento exagerado, alterações hormonais, ganho de peso ou gestação. As diferenças morfológicas celulares entre homens e mulheres faz com que a incidência de lipodistrofia ginoide seja predominante nas mulheres. Além de tudo isso, uma alimentação desequilibrada e a falta de exercícios traz, hoje, uma das patologias mais predominantes a nível mundial, a obesidade. A seguir falaremos mais detalhadamente dessas patologias. 3.1 ESTRIAS As estrias são descritas como uma forma de atrofia que ocorre em nosso tegumento, são de aspecto lineares, podendo ser pequenas ou com vários milímetros de largura. Na fase aguda, se apresentam avermelhadas, evoluindo na fase crônica para uma coloração esbranquiçada, surgindo em pequena quantidade ou em grande número, de forma perpendicular, as linhas de fenda da pele. 14 Trazem como característica uma diminuição da espessura da pele, adelgaçamento, pregueamento, secura e uma diminuição da elasticidade, além de redução do número de pelos no local do surgimento da estria. Em geral, os primeiros sintomas são pruridos, dor, erupção papilar plana e rosada, inicialmente se apresentam rubras (striae rubrae) e quando finaliza o processo são nacaradas, tornando-se estrias albas (striae albae) (GUIRRO; GUIRRO, 2004). Ocorre um rompimento das fibras que promovem a elasticidade da pele, devido a um estirão de crescimento, uso de medicamentos com presença de corticoides, período gestacional, grande alteração de peso, aumento de massa muscular (hipertrofia muscular), sendo as partes do corpo mais atingidas, a região dos quadris, abdômen, coxa, mamas e região lateral do corpo (BORGES, 2010). Os fibroblastos perdem sua capacidade de síntese para reparar o tecido, existe uma alteração da estrutura do tecido conjuntivo, do colágeno e da elastina, também ocorre alteração nas fibras de fibrinilas, mais incidente no sexo feminino. Fatores genéticos, como síndromes de Cushing e Marfan, podem causar estrias (FASSHEBER et al., 2018). O mesmo autor ainda descreve, que a teoria mecânica explica a estria pelo excesso de deposição de gordura no tecido adiposo, que promove dano nas fibras elásticas e colágenas, denominado de striae distensae. A teoria endocrinológica afirma que drogas, como alguns hormônios, podem causar o seu surgimento, e a teoria infecciosa relata o dano das fibras elásticas da pele pela ação de processos infecciosos. FIGURA 7 – ESTRIAS FONTE: <https://shutr.bz/3ikBYOK>. Acesso em: 18 mar. 2022. Através da avaliação histológica, pode se comparar as estrias a uma cicatriz, visto que, no início, a derme se apresenta acometida por um processo inflamatório e a epiderme não apresenta alteração significativa, nem atrofia, o que conforme ocorre a evolução da disfunção, faz com que a epiderme fique atrófica e a derme fique mais delgada (BOLOGNIA; JORIZZO; SHAEFFER, 2012). 15 Vários recursos podem ser usados no tratamento das estrias, desde eletroterapia até uso de ácidos. Um dos mais frequentes é o ácido retinóico, a tretinoína, derivada da vitamina A, auxilia no desenvolvimento tissular, podendo, neste caso, ser aplicada em variadas lesões do tecido tegumentar, como estrias, rugas, sequelas de acne e/ou flacidez (RAMOS, 2018). IMPORTANTE A rede emaranhada de fibras colágenas da camada reticular promove uma força tensora, permitindo que a derme se distenda e retorne à posição inicial, porém, a idade, hormônios e exposição à radiação ultravioleta, reduzem à espessura e flexibilidade da derme. Quando o abdômen se distende por gravidez ou grande ganho de peso, a pele ultrapassa sua capacidade de distensão, levando ao surgimento das estriasde distensão. A maioria das fibras colágenas e elásticas é disposta em paralelo, a orientação destes feixes depende do estresse aplicado na pele em um movimento normal, os feixes se dispõem de forma a permitir que seja imposta uma resistência às forças que são aplicadas, o padrão destes feixes estabelece as linhas de clivagem, que são usadas para que sejam feitos cortes cirúrgicos, visto que auxilia na cicatrização quando paralelos a elas (MARTINI et al., 2009). 3.2 LIPODISTROFIA GINOIDE Infiltração que ocorre no tecido conjuntivo sem caráter inflamatório, sendo que a substância fundamental se polimeriza e se infiltra em forma de tramas. Caracterizase por uma reação com fibrose e espessamento das camadas subepidérmicas, sendo que, em alguns casos, causa algia, por vezes forma nódulos ou placas com diferentes extensões e localizações (GUIRRO; GUIRRO, 2004). Atinge em torno de 95% das mulheres, especialmente quando ocorrem alterações hormonais, por exemplo, durante período de gravidez, na puberdade, o uso de métodos contraceptivos. Sendo que o principal hormônio envolvido é o estrógeno, e que ainda acaba por agravar a disfunção (GUIRRO; GUIRRO, 2004). Pode ser descrita como uma afecção do tipo degenerativa esclerótica, que ocorre no tecido conjuntivo, não apresenta inflamação, porém, causa mudanças no líquido intersticial, na circulação, faz com que a substância fundamental se polimerize produzindo fibrose (GUIRRO; GUIRRO, 2004). 16 Classifica-se de acordo com o aspecto apresentado pela pele, trazendo alteração de relevo, mudança na coloração e uma pele flácida, em geral, vem associada a alterações circulatórias e diminuição do tônus muscular. Ocorre um aumento no tecido adiposo, promovendo aderências, que, ao teste de casca laranja, demonstra um relevo irregular na pele. Pode ser de Grau I, no qual não há dor, e a casca de laranja só é vista se houver compressão do local ou ainda contração muscular; o Grau II traz um desconforto no local, presença de depressões visualizadas mesmo sem compressão do local; no Grau III, além de todos esses sintomas, existe uma sensação de cansaço e dor, e a casca de laranja é visível em qualquer posição; o Grau IV traz dor constante e sensibilidade no local, a pele apresenta flacidez e alteração do tônus muscular e aspecto de casca de laranja em qualquer posição (BORGES; SCORZA, 2016). FIGURA 8 – LIPODISTROFIA GINOIDE FONTE: <https://shutr.bz/3CV2x6x>. Acesso em: 18 mar. 2022. A etiologia é variada desde fatores genéticos, desequilíbrio hormonal e outros fatores que são determinantes no desenvolvimento dessa patologia, que são o estresse, tabagismo, sedentarismo, alterações no metabolismo, além de alimentação desequilibrada; fatores condicionantes como aumento na pressão capilar e dificuldade de reabsorção linfática (GUIRRO; GUIRRO, 2004). NOTA Popularmente conhecida celulite, a lipodistrofia ginoide é um distúrbio predominantemente metabólico que atinge com maior incidência as mulheres e especialmente o tecido subcutâneo, com causas multifatoriais (LIMA et al., 2017). 17 Ocorre uma deterioração da vascularização cutânea, em especial nos esfíncteres pré capilares arteriolares, no qual existe uma deposição de glicosaminaglicanos e ácido hialurônico nas paredes de capilares presentes na derme e entre a elastina e o colágeno (AFONSO et al., 2010). Trata-se de uma distrofia celular complexa, que afeta o metabolismo da água, o que acaba saturando o tecido conjuntivo, podendo ser descrito como um distúrbio endócrino-metabólico e da microcirculação, altera a matriz intersticial e toda a arquitetura do tecido adiposo subcutâneo. Surge uma fibrose no tecido, devido a um excesso de proliferação dos fibroblastos ao redor das células adiposas, isso em conjunto com alteração na circulação, o tecido adiposo tem queda no seu metabolismo (ZERINI et al., 2015). O sexo feminino tem um septo fibroso fino que se orienta de forma vertical até a superfície, o que acaba originando agrupamentos de células adiposas em compartimentos com disposição retangular, isso, no homem, é diferente, pois, o septo é mais grosso e, devido uma projeção diagonal com compartimentos em forma poligonal, faz com que os homens não apresentem uma celulite aparente. No homem, a expansão do tecido adiposo vai para a profundidade, e na mulher em direção à superfície, quando expostos à pressão, a alteração do volume leva a projeção das estruturas da derme para tecido subcutâneo, isto modifica o aspecto da pele aparecendo a celulite (ALMEIDA et al., 2013). Sua apresentação física pode ser diferenciada, sendo a compacta em indivíduos não sedentários, com extremos de magreza ou obesidade, os nódulos são mais duros, pouco móveis, e são doloridos. O tipo flácido acomete indivíduos sedentários, que não possuem uma massa muscular considerável. A mista apresenta os dois tipos no mesmo paciente e a edematosa, que, em geral, ocorre devido um quadro de linfoedema (GUIRRO; GUIRRO, 2004). 3.3 LIPODISTROFIA LOCALIZADA O tecido adiposo é composto por um tipo de tecido conjuntivo formado por células, os adipócitos, que podem se dispor de forma isolada ou agrupados. Quando se desenvolvem de forma irregular surge a chamada gordura localizada, que pode advir de fatores genéticos, alterações posturais ou, ainda, por problemas na circulação, concentrando-se em torno de 15 a 20% do peso corporal, no caso de homens, e, em torno de 20 a 25%, nas mulheres (GUIRRO; GUIRRO, 2004). Esse tecido apresenta uma capacidade maior que os demais de aumentar de tamanho, na obesidade, a taxa de aumento de tamanho pode atingir 100%, e no caminho inverso, no caso de patologias como a anorexia, pode reduzir seu tamanho até 3% de uma célula normal (CURI et al., 2002). 18 O corpo humano possui em torno de 3% em homens e 9% a 12% em mulheres da gordura que é considerada essencial, que se localiza entre os órgãos para protegêlos, especialmente no tecido nervoso. Para fornecimento de energia e calor, nosso corpo dispõe da gordura marrom, com pouco teor de gordura e grande quantidade de mitocôndrias, favorecendo a produção de energia. A gordura visceral é maléfica à saúde, fica na parte posterior da parede abdominal e entre os órgãos aos quais rodeia, causa maior inflamação no corpo, pois diminui a produção de adiponectina, que é responsável pela queima de gordura e metabolismo. O quarto tipo de gordura é a conhecida subcutânea, dispõe-se abaixo da pele e promove o aspecto de abdômen distendido ou, ainda, protuso, abrange a maior porcentagem da gordura corporal, em torno de 40 a 60% (LILIE, 2003). A lipodistrofia localizada, ocorre em razão do aumento no número de células adiposas, denominada hiperplasia celular, além de um acréscimo do volume das células já existentes, denominada hipertrofia, sendo que, na maioria dos casos, estes fenômenos ocorrem concomitantemente (GUIRRO; GUIRRO, 2004). As paredes do abdômen são musculoaponeuróticas com várias camadas contraindo para aumentar a pressão intra-abdominal, mas permitindo sua distensão quando existe a ingestão de alimentos, gestação, algumas doenças e, ainda, a deposição de tecido gorduroso (MOORE; DALLEY; AGUR, 2011). IMPORTANTE O excesso de adipócitos se concentra em regiões do corpo, influenciado por sexo, idade, hábitos de vida, fatores genéticos, fatores hormonais, biótipo corporal. A gordura do tipo androide se acumula mais na região abdominal, mais comum no sexo masculino, já quando se acumula em especial nos membros inferiores, é conhecida como ginoide, e está mais presente nas mulheres (BORGES; SCORZA, 2016). 19 FIGURA 9 – GORDURA LOCALIZADA Gordura subcutânea Gordura visceral Músculo abdominal FONTE: <https://bit.ly/3qiYEn7>. Acesso em: 18 mar. 2022. O corpo humano não consegue armazenar energia vinda dos carboidratos e proteínas, acabando por armazená-la no tecido adiposo, para que possa ser usada no caso de jejum por longo período, além de auxiliar no controle da temperatura e ainda é mobilizado no caso de exercício físico intenso. Porém, quando esta reserva fica acima do necessário, surge uma disfunçãoque, ao ponto de vista estético, é desagradável e ainda pode trazer prejuízos à saúde (BORGES, 2010; CAVALHEIRO; FERREIRA; ASSUNÇÃO, 2012). 3.4 FLACIDEZ Nosso corpo pode apresentar dois tipos de flacidez, a muscular, mais profunda, presente quando os músculos estão pouco tonificados, sendo que a tensão muscular auxilia nas formas corporais, na definição destas e permite ao corpo se apresentar mais “firme”, e, a dérmica, que é mais superficial, elas podem ocorrer juntas ou de forma isolada (FASSHEBER et al., 2018). Processo lento e progressivo que ocorre devido à redução de fibras elásticas e de colágeno no tecido que dá sustentação à pele, ou seja, o tecido subcutâneo, fazendo com que surja uma perda de elasticidade destas a partir, especialmente, dos 25 anos (GOMES, 2015). As causas da flacidez vão desde fatores genéticos, ambientais, maus hábitos, sedentarismo e má digestão. Quando ocorre a diminuição dos elementos do tecido conjuntivo, ela fica mais fraca, perde sua firmeza entre as células, no caso da flacidez muscular ocorrem pontos antissimétricos, os tecidos afrouxam, caem e caracteriza um envelhecimento precoce (GUIRRO; GUIRRO,2004). 20 A pele pode ser descrita como um material biológico viscoelástico. Contudo, um indivíduo magro pode se tornar obeso e voltar a ser magro, mas sua pele não retornará ao estado inicial por ultrapassar seu limite elástico (GUIRRO; GUIRRO, 2004). ATENÇÃO No processo de flacidez existe a ação da elastase, que promove uma quebra da cadeia das fibras elásticas, que acaba por deixar a pele flácida. Além disso, a genética também promove o enfraquecimento da sustentação da pele, bem como um excesso de exposição ao Sol também promove degradação destas fibras, assim como alimentação que não contenha muitas proteínas todos estes fatores levam à flacidez (IMOKAWA; ISHIDA, 2015; GOMES, 2015). FIGURA 10 – FLACIDEZ FONTE: <https://bit.ly/3Jpl65w>. Acesso em: 18 mar. 2022. A arquitetura das fibras de colágeno e elastina, organiza-se em formato tridimensional que se forma na derme. Quando não há exposição ao Sol, esta estrutura se mantém ordenada das fibras verticais em várias camadas. Em cada camada, as fibras se formam diferente das fibras da camada adjacente dando um aspecto de malha, quando a pele se expõe à radiação, esta malha se altera, as fibras elásticas e a derme enfraquecem (IMOKAWA; ISHIDA, 2015). Conforme envelhecemos, o colágeno se torna mais rígido e as fibras elásticas (elastina) perdem suas características de maleabilidade. Pode-se dizer que a flacidez da pele é devida à atividade que ocorre no tecido conjuntivo, especialmente quando ocorrem mudanças nas fases de capacidade de elasticidade de nossa pele (GUIRRO; GUIRRO, 2004). 21 Na fase elástica, nosso tecido, ao ser submetido a uma carga, é capaz de voltar a seu estado inicial quando esta é retirada, pode ser verificada a lei de Hooke, tensão proporcional à habilidade de resistência do tecido a carga imposta, oferecendo certa resistência a ela. A fase de flutuação corresponde ao fato de que quando a carga é mantida, mantêm-se também o estiramento chegando um momento ao equilíbrio, as cadeias de carbono se modificam, ao ser retirada a carga, o tecido permanece igual não retornando à configuração inicial. A fase plástica já traz o tecido com deformação permanente, passando de seu limite de elasticidade e deformando-se de forma permanente. Se continuar após o estiramento total do tecido, não existe possibilidade de o organismo voltar a configuração inicial, surge a flacidez, podendo vir acompanhada da presença de ruptura no tecido, as estrias (GUIRRO; GUIRRO, 2004). 22 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • O tecido tegumentar funciona como barreira protetora contra os agressores do meio externo. • O tecido tegumentar apresenta alterações em sua estrutura, devido a mudanças em sua arquitetura ou influência hormonal. • O tecido tegumentar traz sinais devido às causas físicas, podendo, também, demonstrar problemas de origem emocional, como, por exemplo, descamação. • O tecido tegumentar responde a variados tratamentos, desde cosméticos, equipamentos ou técnicas manuais, o que depende de avaliação adequada. RESUMO DO TÓPICO 1 23 1 O tecido tegumentar, conhecido como pele, é capaz de se distender quando exposto a uma força de deformação, podendo voltar a sua configuração inicial ou permanecer no estado de deformação. Existem as fases que descrevem a capacidade de elasticidade e resistência deste tecido, no caso, quando o tecido sofre uma deformação permanente sem retornar ao seu estado inicial. Quanto a sua denominação, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Fase elásticas. b) ( ) Fase plástica. c) ( ) Fase de flutuação. d) ( ) Fase de ruptura. 2 Quando falamos de envelhecimento, podemos o descrever como uma perda gradual do tecido fibroso, as células não se renovam e existe uma redução na hidratação celular. O Sol, o estilo de vida e até mesmo a emoção influenciam na perda da elasticidade da pele. Para classificar o envelhecimento, existe a escala de Goglau, que é mais utilizada, a qual determina o grau de envelhecimento. De acordo com os aspectos apresentados pelo paciente em relação à escala de Goglau, associe os itens, utilizando o código a seguir: I- Envelhecimento suave. II- Envelhecimento moderado. III- Envelhecimento avançado. IV- Envelhecimento grave. ( ) Atinge a idade de 60 a 75 anos, estão presentes rugas muito acentuadas, flacidez de pele, manchas escuras, rugas em toda a face. ( ) Atinge a idade de 28 a 35 anos, não há rugas, alterações pigmentares suaves, sem queratose. ( ) Atinge a idade de 50 a 65 anos, rugas em repouso, mesmo sem expressão, manchas escuras, telangectasias, linhas e sulcos mesmo em repouso. ( ) Atinge a idade de 35 a 50 anos, as rugas aparecem com movimento ou expressão do rosto, manchas marrons visíveis, pele áspera e linhas paralelas ao sorriso. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) I - III - II - IV. b) ( ) IV - I - III - II. c) ( ) III - II - IV - I. d) ( ) II - IV - I - II. AUTOATIVIDADE 24 3 O tecido pigmentar passa por diversas alterações, desde sua resistência, capacidade de manter um suporte, capacidade de se distender e retornar ao seu estado original, e a capacidade de proteção do organismo. Este tecido sofre alterações em relação a sua pigmentação, devido deposição ou falta do pigmento melanina, transmitido a epiderme pelos melanossomas conforme estímulo por meio das radiações ultravioletas, por exemplo. Em relação às alterações de pigmentação que são diagnosticadas, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) O vitiligo se classifica como uma hipercromia classificada como leucodermia e se caracteriza pela ausência total ou quase total da melanina da pele. ( ) Uma discromia classificada dentro do grupo de leucodermias é o vitiligo, que se caracteriza por lesões acrômicas locais devido à destruição dos melanócitos. ( ) As hipercromias podem ser chamadas de hiperpigmentação, e o tipo mais conhecido é o melasma de coloração marrom que surge na face mais frequentemente. ( ) As discromias são alterações na coloração da pele chamadas melanodermias, ou aumento do pigmento, chamadas de leucodermias. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V - F - F - V. b) ( ) F - F - V - V. c) ( ) F - V - V - F. d) ( ) V - V - F - F. 4 O tecido adiposo é um tipo de tecido conjuntivo, com grande capacidade de aumentar tamanho, além da capacidade de fornecimento de energia ao corpo humano, sendo que existem vários tipos de gordura: a marrom, a visceral, a gordura essencial e a gordura subcutânea. Porém, a forma de acúmulo dos adipócitos no organismo sofre influências de acordo com o sexo, idade, hábitos de vida, fatores genéticos e hormonais. Sobre os tipos de gordura, descreva cada um deles. 5 Qualquer mudança hormonal que ocorra no organismo traz alterações no nível de nossas glândulas e folículos pilosos, especialmente na fase de puberdade. O aumento da produção de sebo pela glândula sebácea e alteraçõesno canal folicular retém o sebo e provoca a comedogênese. Em relação à classificação dos tipos de acne, existem quatro graus com características distintas, descreva cada um deles. 25 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO FACIAL 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 1 TÓPICO 2 - A pele é de extrema importância para o aspecto estético e, especialmente, por ser um órgão funcional, envolvendo todo o corpo, tendo, como limites, orifícios externos dos tratos respiratório, digestório. Ainda é um órgão imunológico, pela defesa por parte dos queratinócitos, mastócitos, células dendríticas, protegendo-a contra agressores internos e externos em relação às injúrias teciduais (BORGES, 2010). A beleza, hoje em dia, relaciona-se à juventude, pele sem rugas, manchas ou marcas de expressão e, conforme envelhecemos, a pele se modifica de forma gradual, caracterizando-se com alterações no nível corporal e facial. A avaliação é importante para que as doenças que possam afetar a pele possam ser identificadas, verificando se estão restritas a ela ou se na verdade as manifestações são de doenças sistêmicas. Em geral as lesões são denominadas elementares, as quais são causadas por processos degenerativos, inflamatórios, problemas na circulação ou no metabolismo, e são identificadas por meio de exames clínicos, inspeção e palpação, e se classificam de acordo com alterações da cor, formações sólidas, alterações na espessura (PORTO, 2019). 2 ANAMNESE A avaliação facial deve ser feita desde uma entrevista, por meio de uma ficha de anamnese, realização de um exame visual, com auxílio de uma lâmpada ou lupa, um exame tátil, verificação da superfície da pele além de palpação, e questionamento do paciente, dos hábitos de vida, cuidados com a pele, entre outros. A anamnese registra desde o histórico familiar, antecedentes patológicos, para determinação da conduta terapêutica (GERSON et al., 2011). A avaliação das lesões pigmentares pode ser feita de forma visual, sem uso de ferramentas adicionais para identificação das lesões. Sendo necessária uma higienização correta da pele, sem maquiagem ou sujidades. 26 A avaliação das discromias também pode ser feita através da lâmpada de Wood, que se caracteriza por uma câmara escura acoplada a uma lâmpada específica que permite a avaliação de manchas presentes na epiderme, quando se apresentam mais escuras, e manchas a nível da derme, quando, então, se apresentam mais azuladas (ANDRADE et al., 2018). Na ficha de anamnese registra-se tudo que for observado na avaliação, desde o histórico do paciente, patologias pregressas, histórico patológico, para que possa ser determinada a conduta terapêutica adequada levando em consideração as contraindicações, uma entrevista bem estruturada verifica se as lesões necessitam de encaminhamento médico para tratamento, o exame visual, muitas vezes com auxílio da lupa, o exame tátil e a palpação auxiliarão no diagnóstico final (GERSON et al., 2011). QUADRO 1 – FICHA DE ANAMNESE FACIAL 27 FONTE: <https://bit.ly/3thJiRz>. Acesso em: 18 mar. 2022. Na ficha de anamnese deve conter todos os procedimentos realizados anteriormente, se não possui nenhuma reação alérgica, sendo que todas as informações importantes devem ser tomadas, para que um tratamento adequado seja feito. Deve ser determinado o correto tipo de pele para uso de cosméticos adequados. 28 3 LÂMPADA DE WOOD A lâmpada de Wood tem princípio na fluorescência emitida na pele com baixo comprimento de onda, 340 a 400 nm, o olho humano recebe fótons emitidos pela pele tanto da luz visível (400 e 700 nm), quanto os emitidos pela fluorescência, para que seja visível e seja verificado a fluorescência da pele, o paciente deve estar em um ambiente totalmente escuro, sem luz visível. A irradiação com a lâmpada de Wood emite luz em comprimento de 320 a 400 nm. Pode ser aplicada em várias dermatoses, por exemplo, que demonstrará diferentes colorações, infecções fúngicas apresentarão colorações em tons azulados, amarelo-prateada, vermelho coral, as infecções bacterianas que apresentarão colorações vermelho, verde, azul, marrom, as alterações pigmentares que apresentarão coloração branca, azul brilhante, vermelho-coral (VEASEY; MIGUEL; BEDRIKOW, 2017). Importante, também, na avaliação facial, é a identificação dos tipos de pele, sendo que, devido às características das peles encontradas, existem quatro classificações principais, e, de acordo com as condições, pode ainda ser classificada em mais seis tipos (MICHALUN; MICHALUN, 2010). 4 CLASSIFICAÇÃO DE FITZPATRICK Os tipos de pele são determinados, em especial, pela etnia e genética, o que mais influencia é a quantidade de sebo produzida pelas glândulas sebáceas, e quantidade de gordura ou lipídeos encontrados entre as células, sendo, portanto, os tipos de pele divididos em quatro categorias: normal, oleosa, mista e seca. Sendo que, na maioria dos casos, existe uma combinação desses tipos, principalmente na zona T, composta por testa, nariz e queixo (GERSON et al., 2011). Ainda existe a classificação de Fitzpatrick que avalia a capacidade que cada ser humano tem de se bronzear cada vez que se expõe ao Sol, descrevendo a sensibilidade e a tendência de ficar vermelha. Esta classificação traz o Tipo I – branca: que sempre se queima e nunca bronzeia, é muito sensível ao Sol; o Tipo II – branca: sempre queima, bronzeia muito pouco, sensível ao Sol; Tipo III – morena clara: que queima moderadamente, bronzeia moderadamente, sensibilidade normal ao Sol; Tipo IV – morena moderada: que queima pouco, sempre bronzeia, sensibilidade normal ao Sol; Tipo V – morena escura: queima raramente, sempre bronzeia, pouco sensível ao Sol; e o Tipo VI – negra: nunca queima, totalmente pigmentada, insensível ao Sol (CLASSIFICAÇÃO [...], 2016). 29 FIGURA 11 – FOTOTIPOS FITZPATRICK FONTE: <https://shutr.bz/3tkNUGu>. Acesso em: 18 mar. 2022. As condições de pele podem ser descritas como desidratação, couperose, sensibilidade, pigmentação, envelhecimento, acne e, ainda, rosácea. A falta de água, produção excessiva de células da camada córnea, exposição ao Sol, produção de radicais livres, alteração na produção de pigmentos, falta de uso de proteção solar, promovem alterações na pele que permitem sua classificação (MICHALUN; MICHALUN, 2010). 5 CLASSIFICAÇÃO DE BAUMANN Esta classificação é baseada em quatro parâmetros: oleosa versus seca; sensível versus resistente; pigmentada versus não pigmentada; e enrugada versus firme (não enrugada). A avaliação destas dicotomias produz dezesseis potenciais tipos de pele. Determina-se através de um questionário de autopreenchimento e sugestões para cada tipo de pele, a avaliação produz um código de quatro letras que indicam os tipos de pele, cada letra se refere à condição atual ou tendência de uma pessoa desenvolver a condição de pele correspondente (BAUMANN, 2006). Essa classificação foi desenvolvida por meio da pesquisa da Doutora Helena Rubinstein, que inicialmente trouxe quatro classificações principais: seca, oleosa, mista e sensível, com isso Baumann elaborou 64 questões, que fazem uma junção dessas características inicialmente estudadas por Rubinstein, e que permite a avaliação de vários quadros clínicos dos pacientes (MOTA; BARJA, 2006). 30 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • As disfunções estéticas faciais trazem diversas características que permitem sua avaliação por meio de várias formas como, ficha de anamnese, lâmpada de Wood e classificações como Baumann e Fitzpatrick. • A Lâmpada de Wood permite avaliação das dermatoses faciais, trazendo diferenças na coloração observada conforme a dermatose avaliada, por exemplo, as alterações pigmentares aparecem com coloração mais esbranquiçada. • A classificação de Fitzpatrick divide a pele em cinco fototipos, conforme a resposta à exposição solar em relação à queimadura e ao bronzeamento. 31 1 A pele reage através do bronzeado, como uma forma de proteção em relação à exposição à radiação ultravioleta, conforme esta resposta, foi desenvolvida uma escala de tipos de pele, a conhecidaescala de Fitzpatrick. A partir dessa classificação, quanto à classificação da pele que queima moderadamente, bronzeia moderadamente, sensibilidade normal ao Sol, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Fototipo I. b) ( ) Fototipo II. c) ( ) Fototipo III. d) ( ) Fototipo IV. 2 Na avaliação facial, uma anamnese bem realizada em conjunto com uma boa avaliação visual e palpatória, permite um diagnóstico adequado das disfunções faciais e a melhor forma de intervenção. Além desta avaliação, existem equipamentos, dentre eles, a lâmpada de Wood, que, conforme a dermatose avaliada, mostra uma coloração específica na análise. Se estivermos avaliando um quadro de manchas pigmentares, quanto à coloração observada, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Pontos azuis brilhantes. b) ( ) Pontos vermelho coral. c) ( ) Pontos marrons acastanhados. d) ( ) Pontos esbranquiçados. 3 Quando avaliamos um paciente com disfunção facial, utilizamos de recursos como a lâmpada de Wood, palpação e avaliação visual. Na avaliação visual, é possível usar como recurso auxiliar a lupa de aumento. Quanto ao que deve ser observado na avaliação visual, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Idade do paciente. b) ( ) Etnia do paciente. c) ( ) Cor dos olhos do paciente. d) ( ) Aspecto da pele do paciente. AUTOATIVIDADE 32 4 Toda vez que se inicia o tratamento dentro da área de fisioterapia dermatofuncional, é muito importante coletar todas as informações que podem ser úteis para determinação do protocolo de tratamento mais adequado. Dentre o que se deve avaliar, vem o histórico familiar, o histórico das patologias pregressas e tratamentos anteriormente realizados. Qual a importância da anamnese em um tratamento dentro da área de dermatofuncional? 5 Quando estamos diante de um paciente que apresenta uma disfunção estética facial, na área de dermatofuncional, devemos verificar quais podem ser os fatores desencadeantes, quais são os cuidados que ele tem com essa pele, e devemos utilizar os mais variados recursos disponíveis para um diagnóstico adequado, uma das avaliações que pode ser realizada é a classificação de pele de Baumann. Como pode ser descrita esta avaliação? 33 TÓPICO 3 - TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO CORPORAL 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 1 Antes de decidir por qualquer forma de intervenção na área de dermatofuncional, é importante realizar uma avaliação detalhada do paciente, iniciando por uma anamnese completa para identificar qualquer contraindicação que impeça a realização de algum tratamento. Através dos dados coletados, é possível um direcionamento adequado para qual melhor técnica manual, cosmética ou eletroterápica, que deve ser escolhida para o tratamento da disfunção apresentada. É importante uma avaliação detalhada, na qual se verifique, por exemplo, seus hábitos alimentares, já que o excesso de alguns alimentos, como açúcar e sal podem agravar o quadro da patologia. 2 DIGITOPRESSÃO: SINAL DE GODET O edema tem sua formação devido ao acúmulo de líquido no espaço intersticial, podendo ser localizado ou de grandes proporções, no primeiro caso, pode estar restrito a um membro e, no segundo, ao corpo como um todo. O que ocorre é um desequilíbrio no controle da distribuição dos líquidos no espaço intersticial. Sendo que os mecanismos de controle foram descritos já em 1896, por Starling (COELHO, 2004). FIGURA 12 – SINAL DE GODET (SINAL DE CACIFO) FONTE: <https://shutr.bz/3N1X032>. Acesso em: 18 mar. 2022. 34 Para verificação da presença de edema, pode ser realizado o teste de digitopressão com o polegar pressionado sobre a pele durante cinco a dez segundos, durante a pressão a coloração da pele se altera, e deve voltar ao normal ao mesmo tempo que foi pressionado, se houver edema pode aparecer um sinal chamado de Cacifo ou Godet, ficando presente uma depressão no local avaliado mesmo após a diminuição da pressão (BRUNING; KALIL; MAHMUD, 2013). 3 SINAL DE STEMMER Existe mais um sinal clínico importante no diagnóstico de edema, conhecido como sinal de STEMMER, representado por um espessamento cutâneo na base do segundo artelho, o examinar consegue verificar este sinal quando tenta pinçar a pele desta região. É possível verificar no caso de linfedema uma infiltração dos tecidos que não permite o pinçamento desta região, muitas vezes este sinal está presente antes mesmo de haver aumento de volume da região acometida por edema ou linfedema (GODOY; SILVA; SOUZA, 2004). Quando existe uma alteração no equilíbrio do controle da distribuição de líquidos entre o líquido intracelular e o extracelular, estes podem se acumular no espaço intersticial, podendo ser causado por fatores que alteram o fluxo do líquido pelos capilares, ou, ainda, causas secundárias que influenciam o controle do volume do compartimento extracelular, bem como do líquido presente no corpo, que pode desenvolver edemas generalizados. O edema ocorre com maior frequência no espaço extracelular e em casos menos frequentes no espaço intracelular (COELHO, 2004; GUYTON; HALL, 2011). Para Guyton e Hall (2011), o edema pode advir de vários fatores, a saber: quantidade anormal de líquido plasmático extravasado para o meio externo da célula, deficiência do sistema linfático na devolução dos líquidos para o sangue, ou ainda filtração desregrada do líquido capilar. 4 ANTROPOMETRIA Na avaliação corporal, a antropometria estuda as dimensões e proporções do corpo. Sendo que a estrutura corporal é composta pelo peso corporal, estatura, circunferências e diâmetros, mudanças nesses parâmetros estão relacionadas a diversas disfunções corporais. Permite diagnosticar sobrepeso, obesidade ou desnutrição. Para essa avaliação é necessário apenas uma fita métrica para medição da circunferência, compassos ou adipômetro para avaliação das dobras cutâneas e uma balança para avaliação do peso corporal (ANDRADE et al., 2018). 35 Para a realização dessa avaliação o corpo, pode ser dividido em dois ou mais compartimentos, sendo que, neste caso, são necessários equipamentos sofisticados para a avaliação. A divisão em dois compartimentos permite a classificação da massa corporal em massa de gordura e massa livre de gordura. Mudando, entre elas, a quantidade de lípides essenciais que estão na parte da massa livre ou isenta de gordura, e os que estão na massa magra (FREITAS JÚNIOR, 2018). 5 DOBRAS CUTÂNEAS Para avaliar a porcentagem de gordura corporal, utilizam-se as dobras cutâneas através do adipômetro. Permite avaliação do conteúdo de gordura abaixo da pele, sendo que o tecido adiposo subcutâneo que equivale 50 a 70% da gordura total do corpo. Com essas avaliações é possível uma estimativa do Índice de Massa Corporal (IMC), pelo peso e altura, e a outra forma, pelo uso de adipômetro, para que sejam avaliadas as dobras cutâneas (ANDRADE et al., 2018). A análise pode ser feita por uma tabela que relaciona peso e altura, para verificação do excesso de peso e pelo uso das dobras cutâneas, estas são feitas no hemicorpo direito do paciente que deve estar em pé, a adipometria, pinçando a dobra de pele e gordura com polegar e indicador, colocação do adipômetro um centímetro abaixo deste pinçamento. As medidas devem ser feitas pelo menos três vezes não consecutivas, sendo avaliadas as medidas das dobras tricipital, subescapular, suprailíaca, abdominal e coxa. As medidas de circunferência por meio da fiota métrica medindo o pescoço, ombros, peito, cintura, abdômen, quadril, coxa proximal, medial e distal, joelho, panturrilha, tornozelo, braço, antebraço e pulso (GUIRRO; GUIRRO, 2004). 6 PERIMETRIA A avaliação por meio da perimetria demonstra em centímetros a circunferência de uma determinada região corporal, para sua realização são necessários lápis demográfico e fita métrica. Como descrito por Fernandes Filho (2003), para uma correta mensuração, deve-se ter alguns cuidados como marcar os pontos da circunferência que será medida de forma correta com caneta ou com o lápis demográfico, sempre marcar um ponto fixo para que não haja erros, a pele deve estar livre de vestimentas que podem influenciar a medida,não utilizar fita elástica ou com baixa flexibilidade, cuidar para que o dedo do avaliador não fique entre a fita e a pele do paciente, não apertar demais a fita, e nem deixá-la muito frouxa, são necessárias três medidas para que seja possível o cálculo da média, a medição não deve ser feita após atividades físicas. 36 As medidas dos perímetros podem auxiliar na avaliação do crescimento, da condição nutricional do indivíduo e distribuição da gordura corporal, recomenda-se fitas métricas de dois metros de comprimento pois permitem a avaliação de todas as circunferências corporais (FREITAS JÚNIOR, 2018). 7 BIOIMPEDÂNCIA A bioimpedância permite determinar qual é a composição corporal, massa de gordura, massa livre de gordura, massa de água no interior das células, massa de água fora das células e a quantidade de massa de água corporal total. Se explica a medida da impedância pelo fato de que o corpo humano oferece a passagem de uma corrente elétrica, que faz uma relação inversamente proporcional à massa de água corporal total (SILVA; CARVALHO; FREITAS, 2019). Muitos materiais são condutores de energia elétrica, inclusive o corpo humano, mesmo não sendo constante, pode ser considerado um cilindro não perfeito, influenciado pela impedância e pelo percentual de água corporal. Em geral, é usada uma frequência de 50 Hz, passada entre os eletrodos dispostos da mão ao pé, pé a pé ou mão a mão, permitindo estimar a massa de gordura livre e água corporal total, sem determinar a água intracelular (FREITAS JÚNIOR, 2018). 8 PALPAÇÃO/TERMOGRAFIA Importante também no processo de avaliação corporal é a palpação, para que, em um quadro de fibrodema geloide, gordura localizada e flacidez, cada um desses distúrbios sejam identificados. Mover as mãos de baixo para cima na área acometida pela disfunção, esticando a pele para avaliar a presença de retrações, entre outras avaliações, é importante para diferenciar as disfunções (AGNE, 2014). Ao realizar uma avaliação corporal para lipodistrofia ginoide, por exemplo, é importante comparar um lado com o outro, além de avaliar o local em repouso e com contração. Isso permite confirmar a presença do FEG, de flacidez ou, ainda, de lipodistrofia localizada (AGNE, 2014). ATENÇÃO 37 Ainda conforme Agne (2014), outra forma de avaliação corporal é o uso da termografia, que consegue verificar alteração na circulação a nível cutâneo pela presença dos nódulos de gordura e formação de fibrose, as placas trarão uma mudança de coloração, especialmente quando existe uma grande deficiência micro circulatória, esta distinção fica bem acentuada, permitindo, junto com a palpação e exame visual, um diagnóstico correto do fibroedema geloide. Devem ser verificados alguns cuidados em relação à temperatura ambiente que deve estar na faixa de 22 a 24 °C, o cliente não pode ter realizado nenhuma atividade física e ainda deve repousar antes da realização da técnica, visto que, se a temperatura da pele estiver alterada, pode modificar o resultado do termográfico. Em geral, o fibroedema geloide apresenta uma união de três coisas: a fibrose, a presença de flacidez e a gordura local. Pode ser utilizada a comparação visual dos dois lados acometidos pela celulite, inicialmente estando o local em repouso e depois com contração brusca, para que seja analisada a presença de flacidez, gordura e celulite no local, não permitindo que seja determinado o grau desta disfunção apenas pela realização deste teste (AGNE, 2014). No caso da lipodistrofia ginoide é muito importante a avaliação visual que permite a identificação de pontos com irregularidades na pele, características da casca de laranja, sinal mais conhecido da disfunção. Porém, a contração muscular que torna este sinal mais visível não pode ser de forma isolada, determinar qual o grau apresentado da disfunção pela paciente, sendo necessários outras avaliações para que seja fechada a classificação (AGNE, 2014). IMPORTANTE A análise da presença de flacidez em nossa pele é verificada pela correta avaliação visual, visto que estarão presentes marcas e dobras no local afetado. Junto com o pinçamento local, permite que seja percebida uma redução da tensão e da consistência do tecido dérmico. O teste de pinçamento consiste em tracionar a pele com os dedos e verificar que esta deve demorar cerca de cinco segundos para retornar a sua posição inicial, ao soltar, avalia-se se o tempo, se for maior que isso, se caracteriza como flacidez (GARDIN; CIECKOVICZ, 2011). 38 9 FOTODOCUMENTAÇÃO Em qualquer avaliação na área de dermatofuncional é muito importante o registro fotográfico, para avaliações dos resultados posteriormente, caso ocorra algum erro na avaliação inicial, quer seja na perimetria ou adipometria, porém, deve-se ter alguns cuidados para uma imagem bem nítida e adequada, como a luminosidade do local, posição do paciente, distância da fotografia, fundo, todos estes parâmetros devem estar iguais em todas as fotos e que sejam coletadas, no máximo, a cada cinco sessões. A fotodocumentação é essencial para acompanhar a evolução, antes e durante os tratamentos para o contorno corporal. Os registros do antes e do depois, também são usados para acompanhar os resultados, e bons para utilizar como forma de divulgação do trabalho (BORGES, 2010). Para registro de imagem, é sempre importante o direito ao uso da imagem, de acordo com a Constituição Federal de 1988. Mesmo com a autorização, é importante a preservação dos clientes, sempre usar tarjas pretas, ocultação dos olhos e não identificar os clientes (BORGES, 2010). IMPORTANTE 10 OUTROS RECURSOS Um recurso muito utilizado para avaliar o fibroedema geloide é através do uso de um sensor com infravermelho (Celluscan), que consegue realizar uma avaliação cutânea e é capaz de determinar o grau da afecção, e quantidade de retenção de líquido (SILVA et al., 2017). Muito importante nas avaliações corporais é a classificação do biotipo corporal, através da identificação do formato do corpo é possível determinar onde a gordura é mais resistente, para determinar a melhor forma de terapêutica. 39 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A avaliação corporal permite o diagnóstico de diversas disfunções estéticas, bem como as condições nutricionais de um indivíduo. • A antropometria corporal permite, desde avaliação da massa magra, altura e massa corporal de gordura, o que direciona melhor as intervenções em fisioterapia dermatofuncional. • Apesar de existirem padrões ouro de avaliação corporal, a bioimpedância permite uma avaliação da quantidade de água e gordura corporal. • Nos tratamentos é importante a fotodocumentação, para que sejam comprovados os resultados comparando o antes com o depois, além de servir como base científica para trabalhos acadêmicos. 40 1 O teste de digitopressão demonstra se existe a presença de edema durante um período de cinco a dez segundos, a pele altera coloração e volta ao normal no tempo em que foi pressionado. Nesta avaliação aparece um sinal, sobre este sinal, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Sinal de Stemmer. b) ( ) Sinal do Cacifo/Godet. c) ( ) Sinal do de Frank. d) ( ) Sinal de Paul. 2 A determinação da composição corporal é feita de várias formas, é possível avaliar gordura, massa livre de gordura, massa de água do corpo, esta avaliação pode ser feita passando uma corrente elétrica pelo corpo, que demonstra a massa corporal total. Sobre essa técnica, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Perimetria. b) ( ) Termografia. c) ( ) Bioimpedância. d) ( ) Dobras cutâneas. 3 Uma importante forma de avaliação é a fotodocumentação, essencial para acompanhar a evolução antes e durante os tratamentos para o contorno corporal. Os registros do antes e do depois também são usados para acompanhar os resultados e para utilizar como forma de divulgação do trabalho. Sobre o principal cuidado que devemos ter, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O mesmo fundo em toda foto. b) ( ) Fazer foto a cada dez sessões. c) ( ) Distâncias diferentes. d) ( ) Roupas de cores diferentes.AUTOATIVIDADE 41 4 Nosso corpo é composto por moléculas, íons, líquidos, órgãos, tecidos, entre outras estruturas, essas características permitem várias formas de avaliação, dentre elas podemos citar a adipometria, a perimetria, bioimpedância. Sobre essas técnicas, descreva a adipometria, também chamada de dobras cutâneas: 5 A antropometria corporal é algo antigo, permite avaliação de vários fatores, tais como peso, altura, massa corporal entre outros. Esses parâmetros permitem a verificação do estado nutricional do paciente, bem como presença de sobrepeso e nas disfunções corporais como lipodistrofia localizada, lipodistrofia ginoide etc. Sobre a antropometria corporal, explique a importância desta avaliação para o profissional de fisioterapia dermatofuncional na escolha dos procedimentos a serem realizados no paciente: 42 43 TÓPICO 4 - TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DOS ANEXOS CUTÂNEOS 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 1 Os anexos cutâneos são parte do sistema tegumentar, sendo eles os pelos, unhas, glândulas sudoríparas, sebáceas e as glândulas mamárias. Os pelos são compostos de queratina e tem crescimento ininterrupto, ficando dentro de uma invaginação presente na epiderme e compostos por três partes – raiz, córtex e cutícula –, já as unhas são células onde foi depositada a queratina e se encontram na superfície dorsal das falanges distais dos dedos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008). Junqueira e Carneiro (2008) também descrevem que as glândulas sebáceas são exócrinas e se localizam na derme, e os ductos chegam aos folículos pilosos estando ausentes apenas nas palmas das mãos e planta dos pés, as glândulas sudoríparas são exócrinas e distribuídas em toda a pele. 2 DERMATOSCÓPIO A análise capilar pode ser feita por meio do dermatoscópio, que permite avaliação do couro cabeludo e da haste capilar, existem muitos aparelhos portáteis que aumentam de 25 a 400 vezes, permitindo ser acoplado em computadores e celulares para a captura de imagem (ANDRADE et al., 2018). Além do dermatoscópio, existem formas de avaliação específicas para verificação de oleosidade, ph, densidade capilar, contagem dos velos e análise em relação à presença de caspa, por meio de equipamentos específicos (BORGES; SCORZA, 2016). 3 HISTÓRIA CLÍNICA A história clínica do paciente é importante na avaliação da perda de pelos, uma anamnese cuidadosa permite que seja feito um diagnóstico diferencial. Pode-se, também, avaliar o crescimento dos pelos por meio da medição com uma régua graduada, além de reconhecer aqueles pelos que estão na fase anágena e na fase telógena, ou seja, a fase de crescimento e a fase que caminha para queda. Isso exige um acompanhamento por anos e o paciente, muitas vezes, fica sem cortar o cabelo, por exemplo, por um período de cinco a sete anos (DAWBER; NESTE, 1996). 44 São dois tipos de pelos, os chamados velos que são curtos e de coloração clara, recobrindo toda a superfície da pele como, por exemplo, os encontrados na face. O lanugo é chamado de penugem clara e muito clara, está presente no corpo de recémnascidos. Os pelos terminais são mais grossos e crescem em partes específicas do corpo sobrancelhas, cílios, região púbica e barba, bem como os cabelos são um tipo de pelo terminal se diferenciando dos demais por um crescimento contínuo e textura diferenciada (KUPLICH, 2018). FIGURA 13 – FASE DE CRESCIMENTO DO CABELO, DIAGRAMA ANATOMIA DO CABELO HUMANO FONTE: <https://shutr.bz/36qqdUj>. Acesso em: 18 mar. 2022. Uma anamnese completa deve verificar quesitos específicos, tais como, tipo de cabelo, cuidados gerais com ele, hábitos de vida, medicamentos em uso, além de saber quais procedimentos de química ou terapia capilar que foram feitos (KUPLICH, 2018). Os tratamentos de nível capilar não se restringem apenas à parte de transformações da haste capilar, como corte, coloração e químicas, mas também tratamento do couro cabeludo, suas disfunções, queda capilar, oleosidade em excesso e ainda dermatite seborreia, descamações do couro cabeludo etc. (KUPLICH, 2018). ATENÇÃO 45 Ademais, o exame clínico, existem exames complementares que podem ser feitos para auxiliar no diagnóstico, sendo os mais frequentes solicitados pelos médicos o tricograma, anatomopatológico, microscopia e medições do comprimento e da haste capilar (BORGES; SCORZA, 2016). 4 AVALIAÇÃO UNGUEAL Ainda nos anexos cutâneos encontramos as unhas, glândulas sudoríparas. As unhas são compostas por lâminas de ceratina e se localizam na parte dorsal das falanges distais dos dedos, tem sua origem na matriz ungueal. Divide-se em lúnula, eponíquio, lâmina ungueal, leito ungueal e hiponíquio, possuem as camadas lúcida e córnea da epiderme. As glândulas sudoríparas estão presentes na derme, produzindo o suor, tendo como principal função o controle da temperatura da epiderme por evaporação. São divididas em apócrinas e écrinas, as primeiras desembocam diretamente nos folículos pilossebáceos, sendo que o odor característico se deve a produtos de decomposição pelas bactérias no local. As glândulas écrinas, encontram-se nas regiões palmo plantares, e praticamente em todo o corpo, secretam um suor livre de odor até o momento em que ocorre a ação da bactéria (FASSHEBER et al., 2018). As unhas podem apresentar diversas disfunções causadas por traumas, infecções fúngicas, patologias cutâneas e ainda problemas sistêmicos. As onicomicoses são provocadas por dermatófitos, sendo os mais comuns o T. rubrum e o T. mentagrophytes, que tem como alimento a queratina. Em geral, as onicomicoses acabam por provocar o descolamento da unha em sua borda livre, deixa-a mais espessa, com coloração anormal e em muitos casos, com formato alterado, ou seja, deformada (WOLFF et al., 2015). Quando é realizado o embelezamento das unhas, a cutícula, que na verdade se chama eponíquio, é retirada fazendo com que a região fique mais vulnerável a processos inflamatórios e infecciosos, devido ao risco de penetração de agentes irritantes e patogênicos. Se os objetos usados não forem adequadamente esterilizados podem, inclusive, surgirem doenças como onicomicoses e hepatite C (ANDRADE, et al., 2018). IMPORTANTE Na avaliação visual, as onicomicoses podem se apresentar de diversas formas do tipo subungueal distal e lateral, se iniciando na região do hiponíquio até a região lateral, a unha se apresenta com coloração mais opaca, espessada e de forma irregular. A do tipo branca superficial apresenta-se como uma placa esbranquiçada no corpo da unha, tipo subungueal proximal que afeta a matriz da unha apresentando uma mancha esbranquiçada no local afetado (WOLFF et al., 2015). 46 O diagnóstico clínico é complexo, pois, algumas disfunções podem ser confundidas como caso de infecções fúngicas e psoríase ungueal, sendo necessária, por vezes, a cultura dos fungos para identificação do agente patológico, neste caso, o paciente deve ser encaminhado ao médico para prescrição da medicação adequada (ANDRADE et al., 2018). 5 AVALIAÇÃO GLÂNDULAS SEBÁCEAS As glândulas sebáceas são outro anexo da pele, responsáveis por produzir o sebo, contendo ácidos graxos, presentes em grande quantidade no couro cabeludo e ausentes nas palmas das mãos e planta dos pés. São classificadas como glândulas exócrinas, desembocando no folículo piloso, promovem lubrificação da superfície da pele e do pelo, tem característica hidrofóbica e, em conjunto com a queratina, protege o pelo, além de ter ação bactericida (FASSHEBER et al., 2018). As alterações das glândulas geralmente são diagnosticadas por diagnóstico clínico, algumas vezes é necessária uma avaliação histopatológica para confirmação, por exemplo, a hiperplasia sebácea que se caracteriza por lesão presente na pele, agravada por hormônios androgênicos, radiação ultravioleta e uso de ciclosporina, ocorrendo mais na face de pessoas idosas em número variável, sendo diferenciadas do carcinoma basocelular por meio da dermatoscopía (TAGLIOLATTO; ENOKIHARA; ALCHORNE, 2011). 47 RESUMO DO TÓPICO 4 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A ficha de anamnese é usada para registrar aavaliação realizada, colher o histórico familiar e antecedentes patológicos do cliente. • Por meio de uma avaliação detalhada dos anexos cutâneos, podem ser verificadas alterações na saúde da pessoa, por exemplo, o estresse que se manifesta em queda capilar. • Muitas patologias dos anexos cutâneos exigem exames complementares para confirmação de um diagnóstico, por exemplo, para diferenciar o carcinoma basocelular de hiperplasia sebácea. • A história clínica da paciente traz informações importantes que auxiliam no diagnóstico e na escolha do tratamento mais adequado a cada paciente, é importante saber os cosméticos utilizados, tratamentos anteriores, fatores genéticos e hormonais. 48 1 Nosso couro cabeludo é rico em glândulas que produzem o sebo rico em ácidos graxos, são glândulas classificadas em exócrinas, pois desembocam no folículo piloso, proporcionado brilho e maciez ao nosso cabelo, mas em excesso pode causar seborreia, caspa entre outras disfunções. A substância secretada por estas glândulas, o sebo, quanto às suas funções, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Ressecamento pele e pelo. b) ( ) Reduzir a proteção cutânea c) ( ) Barreira perda de água. d) ( ) Controle da temperatura. 2 Em uma avaliação, a história clínica do paciente é muito importante, para verificar a perda de pelos, por exemplo, por meio de um diagnóstico diferencial. Deve-se avaliar o crescimento dos pelos, reconhecer as fases do crescimento e de queda, muitas vezes este acompanhamento perdura por anos. Os pelos podem ser classificados em vários tipos, como terminais, lanugos e velos. Em relação ao lanugo, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Pelos curtos de coloração clara. b) ( ) Penugem clara ou muito clara de recém-nascidos. c) ( ) Crescem em partes específicas do corpo. d) ( ) Estão presentes no couro cabeludo. 3 Nosso corpo é composto por vários tipos celulares que dão origem a vários tipos de tecidos, dentre eles, o tegumentar, popularmente conhecido como pele. Além desta existem os anexos, que são compostos por estruturas especializadas, dentre elas nossos pelos, as glândulas sebáceas e sudoríparas e as unhas. Quando analisamos as glândulas, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As glândulas sebáceas e sudoríparas produzem respectivamente o sebo e o suor, que ainda não têm função conhecidas. b) ( ) A glândula sudorípara produz o sebo, que tem como principal função o controle de temperatura na pele. c) ( ) A glândula sebácea elimina o suor que auxilia na hidratação e lubrificação da pele e dos pelos. d) ( ) A glândula sudorípara produz o suor que auxilia no controle da temperatura corporal, e a sebácea o sebo que lubrifica pele e pelos. AUTOATIVIDADE 49 4 Nosso tecido tegumentar é formado por nossa pele, que apresenta várias funções, por exemplo, atuar como barreira a agentes agressores externos, tecido tátil que permite várias sensações, além de, através das glândulas sudoríparas, produzir o suor para auxílio no controle da temperatura, composta por duas camadas a epiderme e a derme. Sobre essas camadas descreva cada uma delas: 5 A pele é diferente entre as pessoas pois existem os diferentes fototipos, de acordo com a deposição de um pigmento denominado melanina, produzido pelos melanócitos e transportado pelos melanossomas, conforme existe a exposição aos raios ultravioleta, existe a resposta de nosso organismo, tornando-se a pele bronzeada e sem queimaduras, ou sendo um fototipo baixo não se bronzeando e ainda queimando. Descreva sobre o melanócito: 50 51 ELABORAÇÃO DO PLANO DE TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO APLICADO À DERMATOFUNCIONAL 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 1 TÓPICO 5 - A Fisioterapia Dermatofuncional é uma disciplina que estuda várias disfunções estéticas e a forma de tratamento de cada uma delas, atuando desde a prevenção até a recuperação de patologias que atingem o tecido tegumentar, pele, anexos, especialmente em relação à terapia capilar, tecido adiposo, não apenas como embelezamento, mas, também, como intervenção de saúde. Para tanto, é importante o conhecimento da fisiopatologia de cada disfunção e uma anamnese bem realizada para que as técnicas adequadas sejam eleitas, sendo tanto os manuais, cosméticos, eletroterapia, entre outras. 2 TRATAMENTO PARA PATOLOGIAS UNGUEAIS Basicamente, a intenção no caso de uma onicomicose é controlar a infecção através do uso da eletroterapia ou da cosmetologia, por exemplo, o laser de baixa intensidade auxilia na modulação da atividade celular, sendo que o laser vermelho auxilia as células do sistema imune, auxiliando no combate a onicomicose. O uso de leds de coloração azul trazem benefícios aos tecidos. O equipamento de alta frequência auxilia no controle da proliferação dos fungos (AGNE, 2014; BORGES, 2010). No caso de cosméticos, os princípios ativos visam auxiliar o crescimento da unha e combater o fungo, como exemplo pode-se citar a biotina que atua como cofator enzimático, auxiliando na diferenciação da epiderme, no metabolismo de aminoácidos. O óleo essencial de melaleuca puro sobre a região acometida auxilia no controle do micro-organismo, quando aplicado três vezes ao dia, pode ser diluída no óleo de rosamosqueta ou copaíba, ou em creme neutro (ANDRADE et al., 2018). 52 3 TRATAMENTO DAS PATOLOGIAS CORPORAIS Os recursos terapêuticos estéticos podem ser usados de forma isolada ou associados de forma adequada para que o resultado seja mais efetivo. Por exemplo, no tratamento do fibroedema geloide Grau II com uso de ultrassom, endermoterapia, junto com drenagem linfática, devido à fibrose associada ao edema, associado a recursos eletroterápicos. O ultrassom usado para melhorar a fibrose, a endermoterapia no tecido com FEG e a drenagem em todo o corpo. Um protocolo de tratamento para flacidez cutânea pode ser uma associação de radiofrequência, massagem modeladora e cosméticos. A radiofrequência em toda a área, massagem modeladora com creme com presença de colágeno, e uso domiciliar de creme para tratamento de flacidez cutânea com ácido hialurônico ou ativos lipolíticos. Podendo ser feitos diversos outros protocolos com associação de técnicas manuais, cosméticos, eletroterapia e home care. 3.1 MICROAGULHAMENTO Nas estrias, a aplicação do microagulhamento promove um processo inflamatório, que faz com que seja produzido colágeno local, melhorando a qualidade da pele, epiderme e derme, além de promover uma facilitação na proliferação dos queratinócitos, pois o colágeno que se forma é saudável, além de melhorar a microcirculação local. As agulhas promoverão uma lesão restrita e localizada, promovendo estímulo ao processo de cicatrização em todas as suas fases (BORGES; SCORZA, 2016): • inflamação: um a três dias; • proliferação: cinco a oito semanas; • remodelação: 28 dias a dois anos. 3.2 MICROGALVANOPUNTURA Tem efeito devido à corrente elétrica de baixa intensidade associada à perfuração cutânea com uma pequena agulha. O eletrodo ativo negativo provoca uma reação inflamatória reestruturando o tecido. Inicia-se com uma esfoliação da pele para remoção de células mortas ou não funcionais, assim, a perfuração leva a modificações eletroquímicas ao redor destas, precipitando algumas proteínas orgânicas, estabilizando e incrementando a síntese proteica, reorganizando o tecido conjuntivo da derme local, sendo que a puntura varia de três a quatro pontos por centímetro em um ângulo paralelo à pele. O tempo em cada ponto não deve ultrapassar três segundos. Forma-se edema e hiperemia no local, sendo ideal um estímulo de sete dias na mesma estria, tendo em torno de cinco a dez aplicações, com dose de 150 a 300 ampères (AGNE, 2014). 53 3.3 LASER A ação do laser ocorre no nível celular, com combinações farmacológicas ou tópicas, e aumenta o número das fibras de colágeno, melhorando a tensão da epiderme e o aspecto da pele, porém, neste caso, é necessário um número grande de aplicações (GUIRRO; GUIRRO, 2004). Pode ser usado em diversas disfunções da área de dermatofuncional, por exemplo, quando usado em estrias recentes, consegue agir a nível celular, melhorando o metabolismo do tecido,consequentemente, a deposição de colágeno, se associado a alguns fármacos, promove resultados mais satisfatórios, de forma isolada, melhora em torno de 50% das estrias (JACINTO; CASTRO; MAGACHO, 2010). 3.4 CARBOXITERAPIA Os estímulos elétrico, químico e traumático causam um processo inflamatório, o trauma mecânico pela punturação das agulhas, junto com o descolamento da pele provocado pelo gás, leva ao posterior reparo, estimulando fibroblastos, elastoblastos e angioblastos. A técnica é feita em cada estria, tanto em estrias agudas quanto crônicas, sendo o fluxo em torno de 60 a 80 ml/min, com intervalo entre as sessões de 21 dias, tempo de maturação do colágeno (BORGES, 2010). FIGURA 14 – CARBOXITERAPIA FONTE: <https://shutr.bz/3tjl0qs>. Acesso em: 18 mar. 2022. Já no tratamento de gordura localizada, podem ser usadas técnicas com objetivo de estimular a lipólise reduzindo o tecido adiposo onde o excesso está depositado. A seguir, veremos algumas técnicas que podem ser aplicadas. 54 3.5 RADIOFREQUÊNCIA A radiofrequência gera calor no tecido subcutâneo, produzindo novas fibras de colágeno e melhorando o aspecto da pele, age no tratamento de diversas patologias, como linha de expressão facial, fibroses, cicatrizes e aderências, celulite e gordura localizada, agindo na produção do tegumento comum (BORGES, 2010). FIGURA 15 – RADIOFREQUÊNCIA FONTE: <https://shutr.bz/34R7hO3>. Acesso em: 18 mar. 2022. É um tratamento não invasivo, melhorando a circulação, oxigenação, o que acelera a eliminação de catabólitos, a lipólise, reorientação das fibras de colágeno, melhora a espessura do tecido epitelial e regenera tecidos moles, o que auxilia na flacidez cutânea local, e, pela agitação celular, aumenta o gasto energético promovendo uma melhora do quadro de gordura localizada (HASSUN; BAGATIN; VENTURA, 2008). 3.6 ELETROLIPOFORESE É o uso de uma microcorrente específica de baixa frequência, em torno de 20 Hz, atuando nos adipócitos com tendência a favorecer sua diminuição, pode ser aplicada por meio invasivo que se constitui da implantação de finíssimas agulhas no panículo adiposo, ou por eletrodos na superfície cutânea, com efeito mais discreto (ULLMANN; REIS; STEIBEL, 2003). Esta técnica de microcorrente com uma frequência baixa consegue agir diretamente na célula adiposa e nas gorduras depositadas, que são mobilizadas em ácidos e glicerol, o que facilita sua eliminação posterior (MELLO et al., 2010). 55 3.7 CRIOLIPÓLISE A criolipólise atua no processo de congelamento dos adipócitos de forma não invasiva, o resfriamento é intenso e localizado sem lesionar os tecidos vizinhos. As baixas temperaturas levam os impulsos nervosos até hipotálamo, que conduz respostas com objetivo de conservar o calor pela ativação do sistema nervoso simpático que causa vasoconstrição e piloereção, fenômeno conhecido como calafrio (GUYTON; HALL, 2011; SILVERTHORN, 2003). Essa técnica promove uma morte celular programada, denominada de apoptose, com segurança e características bem definidas, tudo para manter um equilíbrio local, recuperando a homeostase tecidual e eliminando as células não mais viáveis. As células adiposas são mais afetadas pelas baixas temperaturas, sendo que a zero graus vão entrar no processo de morte programada, havendo um processo inflamatório, paniculite, que se desenvolve nas próximas 24 horas após a aplicação da técnica. O processo inflamatório promove o rompimento dos adipócitos, agregação de lipídeos e a paniculite diminui lentamente ao longo de semanas seguintes, diminuindo a gordura sem qualquer dano ou cicatriz tecidual persistente (BORGES; SCORZA, 2016). FIGURA 16 – CRIOLIPÓLISE FONTE: <https://shutr.bz/3N4u5uU>. Acesso em: 18 mar. 2022. Os adipócitos são resfriados de forma programada, levando à cristalização dessas células que serão posteriormente digeridas por macrófagos, com efeitos colaterais quase nulos se aplicada de forma correta, não invasiva, indolor permitindo execução normal de atividades logo após o procedimento (LEITE, 2017). 56 3.8 ULTRASSOM FOCADO É o ultrassom de forma focada e localizada, sem haver dispersão descontrolada da energia, levando à lipólise e reduzindo o volume do tecido adiposo. A frequência varia de um a três mega-hertz, sendo que, quanto menor a frequência, maior a profundidade atingida (COLEMAN; COLEMAN; BENCHETRIT, 2009; BORGES, 2010). A terapia com uso de ultracavitação usa os mesmos princípios do ultrassom terapêutico, com ondas emitidas no nível ultrassônico. O ultrassom usado em fisioterapia dermatofuncional pode ser dividido de acordo com suas propriedades em duas categorias: • Focalizado de alta intensidade: as ondas sonoras são emitidas focalizadas e a energia, encontra-se pontual e mais profunda. • Baixa frequência e baixa intensidade: as ondas não são focalizadas, sendo o ultrassom convencional com intensidade maior e frequências em kHz mais baixas. FIGURA 17 – ULTRASSOM FOCADO FONTE: <https://shutr.bz/3u7EfCC>. Acesso em: 18 mar. 2022. Por se tratar de um ultrassom de alta potência, é eficaz para redução das células gordurosas, visto que a onda é focalizada (MANDARI, 2010). A cavitação ocorre no tempo de aplicação do ultrassom pelos pulsos liberados pelo gerador, o que promove uma movimentação coordenada das células próximas ao cabeçote, no caminho do feixe ultrassônico, o que estimula a formação de bolhas cheias de ar/gás nos líquidos do meio onde as ondas sonoras se propagam (BORGES; SCORZA, 2016). Ainda existem, além desses recursos citados, outros que podem ser usados no tratamento da lipodistrofia ginoide, veremos a seguir. 57 3.9 VACUOTERAPIA É a utilização de uma bomba de pressão negativa, controlada por um vacuômetro e/ou manômetro, com pressão modulada em mmHg. Os adipócitos são distorcidos e reorganizam-se em melhor distribuição, o que causa um alisamento do contorno corporal, ativando a microcirculação, reduzindo edemas e facilitando o retorno venolinfático (BORGES, 2010). No caso da lipodistrofia ginoide, em que o tecido tem sua pressão externamente diminuída e a internamente aumentada, acaba por haver uma redução da oxigenação local o que faz com que o metabolismo tecidual seja afetado. O vácuo por meio de sua pressão negativa, permite uma mobilização de forma profunda dos tecidos, com possibilidade de regulagem desta pressão, conforme a regulação do equipamento, o que melhora a mobilização de forma profunda da pele e do tecido subcutâneo (FILLIPO; SALOMÃO,2012). 3.10 ULTRASSOM Possui a capacidade de veiculação de substâncias através da pele (fonoforese), neovascularização, rearranjo e aumento da extensibilidade das fibras colágenas, melhorando a mecânica tecidual (GUIRRO; GUIRRO, 2004). Ocorre o efeito de tixotropia, que é a capacidade de certos líquidos de reduzir a sua viscosidade quando agitados mecanicamente, transformando coloide gel em sol. É capaz de “amolecer” substâncias com maior consistência em estado gelatinoso, o que é aplicado em quadros de celulite, mais especificamente nos nódulos de celulite, o que pode favorecer manobras de vacuoterapia, massagem, drenagem e absorção pelo organismo (BORGES, 2010). 3.11 ONDAS DE CHOQUE É uma terapia que usa ondas acústicas que surgiu recentemente no campo da estética, sendo usada para melhorar a textura da pele, com efeitos cutâneos e subcutâneos. Quando usada na pele ou gordura subjacente, promove remodelação das fibras de colágeno, melhorando o aspecto típico de casca de laranja, além de promover liberação de mediadores, como o fator de crescimento endotelial vascular, o que aumenta a angiogênese e a circulação sanguínea no local de tratamento causando uma lipólise (AGNE, 2016; FERRARO et al., 2012). As ações são mecânicas pela geração de microbolhas que se rompem e fragmentam o tecido local, ação analgésica que libera enzimas locais e de ação vascular pela liberação de mediadores como o de crescimento endotelial vascular. Ainda melhora a elasticidade da pele e promove uma revitalização dérmica, por este motivo é indicada no tratamento do FEG (BORGES; SCORZA, 2016). 58 4 TRATAMENTO DAS PATOLOGIASFACIAIS Algumas patologias são um desafio para o tratamento da área de dermatofuncional, como exemplo, a rosácea, por ter causa multifatorial é muito sensível à maioria dos tratamentos tópicos, necessitando de intervenções para prevenir os fatores que promovem o desencadeamento da disfunção, bem como uma hidratação da pele, prevenção em relação à ação dos raios UV (fotoproteção). Podem ser usados, por exemplo, agentes moduladores alfa-adrenérgicos como é o caso da luz intensa pulsada (LIP), lasers pulsados, laser de 532 nm, para que diminua o aspecto de vermelhidão da pele (SANTOS, 2020). Os tratamentos faciais devem promover uma hidratação da pele, um aspecto mais viçoso, além de tratar hipercromias, atuar nas linhas de expressão e rugas, tudo que puder ser atenuado devido causas como estresse, agentes externos ou mesmo alimentação desequilibrada. 4.1 DESINCRUSTE/ IONTOFORESE A corrente galvânica promove ação química, desincruste e uma ação iônica (iontoforese), os eletrodos fluem em uma direção única, promovendo um relaxamento que age nas terminações nervosas da epiderme (GERSON et al., 2011). O uso da corrente galvânica por meio do desincruste reduz o excesso de óleo da pele ou do couro cabeludo, chamada saponificação, ou seja, o óleo é transformado em sabão, através de uma técnica eletroquímica, auxiliando no tratamento de seborreia ou oleosidade do couro cabeludo (BORGES, 2010). FIGURA 18 – DESINCRUSTE FONTE: <https://shutr.bz/3tjlixy>. Acesso em: 18 mar. 2022. 59 A iontoforese é o uso de corrente galvânica para introduzir substâncias no interior do organismo, sendo colocado um eletrodo passivo próximo ao local da área a ser tratada em forma de placa ou na mão do paciente, com intensidade de, aproximadamente, 0,05 mA/cm2 da placa, usando-se substâncias como ácido hialurônico (SORIANO; PÉREZ; BAKUÉS, 2002) A pele pode ser hidratada com oclusão, com substâncias lipídicas, emolientes, ceramidas, óleos vegetais, que retardam o tempo de evaporação e perda de água por formar o filme na superfície da pele. A umectação por substâncias higroscópicas para reter água na pele, por exemplo, por meio da glicerina, propilenoglicol, e uma hidratação ativa por ingredientes com capacidade higroscópica o NMF (ureia, PCA-Na) e ainda por meio dos alfa-hidroxiácidos (SOUZA; NASCIMENTO, 2015). 4.2 ELETROLIFITING É o tratamento que visa à atenuação de rugas e marcas de expressão através de uma mobilização eletro iônica da água e células sanguíneas, abrandando as lesões dérmicas em seu polo negativo. Trabalha-se com um eletrodo especial, que possui uma agulha, para concentrar a corrente no local, promovendo estimulação de forma local até que haja uma hiperemia em todo o trajeto da ruga. Os procedimentos consistem em: deslizamento da agulha no canal da ruga, penetração da agulha em pontos adjacentes e no interior da ruga, e escarificação (deslizamento no canal da ruga com agulha a noventa graus até causar lesão no tecido) (GUIRRO; GUIRRO, 2004). Age por meio dos efeitos promovidos pela corrente galvânica, um eletrodo de ativo, que pode ser uma caneta ou uma agulha, outro passivo, uma placa ou um bastão, promovem estímulo a circulação, causando no momento da aplicação uma vermelhidão local (hiperemia), o que consegue otimizar o metabolismo local e a regeneração tecidual no trajeto da ruga (BARBOSA; CAMPOS, 2013). 4.3 MICRODERMOABRASÃO É uma técnica de esfoliação não cirúrgica e não invasiva, que incrementa a mitose celular não fisiológica, promovendo atenuação de rugas superficiais, afinamento do tecido epitelial. Aplica-se por uma pressão negativa e positiva simultâneas com micro grânulos de óxido de alumínio de 100 a 140 micras, quimicamente inertes, jateados pela pressão positiva, levando à erosão nas camadas da epiderme, sugados pela pressão negativa. 60 FIGURA 19 – MICRODERMOABRASÃO FONTE: <https://shutr.bz/3CTsa7N>. Acesso em: 18 mar. 2022. Existe ainda, o equipamento com pontas diamantadas de granulometrias diferentes, que é o peeling de diamante, exercendo somente pressão negativa, promovendo lixamento, sendo que a manopla varia de 50 a 200 micras (BORGES, 2010). 4.4 RADIOFREQUÊNCIA Trata-se de uma onda eletromagnética que promove o aquecimento tecidual por meio da conversão, sendo que usa de 30 KHz a 300 Mhz, promovendo a neocolagênese pelo calor produzido na derme e hipoderme, auxiliando em um metabolismo celular mais efetivo (FERRARI, 2017). FIGURA 20 – RADIOFREQUÊNCIA FONTE: <https://shutr.bz/3N4uIog>. Acesso em: 18 mar. 2022. 61 Energia térmica direcionada aos tecidos, gerando efeitos importantes para ativar as funções dos fibroblastos, produzindo novo colágeno e elastina em torno de 40 a 42 ºC, que promove uma contração imediata do colágeno sendo mantida a temperatura, o que levará à liberação dos mediadores. A pele deve ser higienizada para retirada de resíduos cosméticos ou hidratantes, e a energia térmica é dirigida aos tecidos, gerando efeitos sem lesionar a epiderme (BAENA, 2008; AGNE, 2014). 4.5 LEDS No rejuvenescimento, a radiação que é emitida pelos diodos estimula ou inibe o metabolismo celular, o que permite o rejuvenescimento. O mecanismo ocorre pela fotobioestimulação, promovendo uma cascata de respostas, melhorando o funcionamento celular, promovendo proliferação das células e uma regeneração das células com alterações. FIGURA 21 – TRATAMENTO POR LED FONTE: <https://shutr.bz/3ikEMvg>. Acesso em: 18 mar. 2022. Os leds, quando submetidos a uma corrente elétrica, emitem uma luz usada na fototerapia de 405 nm (azul) a 940 nm (infravermelho), sendo o comprimento de onda vermelho mais adequado a tecidos superficiais, embora a coloração azul também seja usada nos tecidos superficiais, pois promove estimulação nas organelas, mais especificadamente nas mitocôndrias, com ação inibitória ou estimulatória (JEDWAB, 2010). 62 4.6 LIMPEZA DE PELE A extração de conteúdos foliculares é importante na limpeza de pele, em que são retirados os resíduos foliculares como sebo, utilizando-se de substâncias emolientes como a trietanolamina com associação de vapor de ozônio para a dilatação ou ainda a máscara térmica. Quando os estímulos hormonais andrógenos e estrógenos estão atuando sobre o folículo pilossebáceo, existe um excesso de produção de sebo que se acumula na superfície cutânea, formando os comedões e, em casos mais severos, as pápulas e pústulas. Assim, quando é realizada a limpeza de pele, retiram-se os comedões, as pústulas e os miliuns. O procedimento deve ser finalizado com uso de uma solução antisséptica ou, ainda, o equipamento de alta frequência para que não haja proliferação bacteriana, funcionando como auxílio no tratamento da acne (BORGES; SCORZA, 2016). 4.7 MICROAGULHAMENTO No tratamento de cicatrizes de acne, pode ser utilizado o microagulhamento que estimula a produção de colágeno sem causar lesão à pele. A cicatrização ocorre em pouco tempo sem efeitos colaterais, e a pele fica mais densa e resistente. Melhora a circulação da pele e o aspecto geral do tecido, sendo que a quantidade de sessões varia de acordo com a disfunção tratada e o caso de cada paciente (LIMA; LIMA; TAKANO, 2013; PIATTI, 2013). FIGURA 22 – MICROAGULHAMENTO FONTE: <https://shutr.bz/362yjTr>. Acesso em: 18 mar. 2022. 63 A técnica provoca uma agressão no tecido microagulhado, o qual perde sua integridade, promovendo formação de novas fibras de colágeno, para que haja o reparo da lesão, os queratinócitos são dissociados, o sistema imune, ativa as citocinas, o que aumenta o fornecimento do sangue local devido à vasodilatação, os queratinócitos migram para o local e restabeleça o tecido microagulhado, além de melhorar a permeação de ativos no tecido (DALBONE, et al., 2013). 4.8 PEELINGS Usam-se retinóides (isotretinoína e adapaleno), peróxido de benzoíla, antibióticos, alfa-hidroxiácidos, ácidos salicílicos e azeláicos. Na acne Grau I, a tretinoína, isotretinoína, ácido azeláico agem de forma anti-inflamatória, anticomedogênico e comedolítico (MENESES; BOLZAS, 2009). FIGURA 23 – PEELING QUÍMICO FONTE: <https://shutr.bz/36sW72G>.Acesso em: 18 mar. 2022. Na Fisioterapia Dermatofuncional, trabalha-se com alfa-hidrociácidos, ácido salicílico e azeláico, ou seja, formas de aplicação tópicas, já as medicações como a isotretinoína devem ser indicadas por dermatologista. 64 FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL: PRÁTICA CIENTÍFICA, USO ILEGAL DOS RECURSOS PRÓPRIOS DA CATEGORIA E ESTRATÉGIAS DE VALORIZAÇÃO Adriana Clemente Mendonça Keila de Castro Marinho Azevedo Rogério Mendonça de Carvalho A Fisioterapia Dermatofuncional, especialidade reconhecida em 2009 e regulamentada pela Resolução 394 de 2011, tem cada vez mais firmado sua importância nos processos de prevenção e recuperação de lesões tegumentares e isso nos leva a refletir sobre como devemos agir para manter e incentivar ainda mais essa crescente valorização da área. Quando se pensa no avanço científico e tecnológico que a especialidade obteve nas últimas duas décadas, sobretudo no que diz respeito ao espectro e eficácia das terapias e ao seu alinhamento com o escopo de atuação da Fisioterapia, pode-se notar o quanto é crescente seu reconhecimento junto à sociedade usuária, aos demais profissionais e ao meio acadêmico, que tem adaptado suas grades curriculares e aumentado a carga horária da disciplina, anteriormente denominada fisioterapia estética. Olhando para trás, percebe-se que essa velocidade de evolução não encontra precedentes em nenhumas das outras 14 especialidades fisioterapêuticas reconhecidas pelo COFFITO, especialmente quando se leva em conta as alucinantes taxas de obsolescência e renovação procedimentais compartilhadas pelos campos da estética, cosmética, estomatologia, distúrbios vasculares, queimaduras, dentre outros que fazem interface direta com a Dermatofuncional. A criação da atuante Associação Brasileira de Fisioterapia Dermatofuncional (ABRAFIDEF) foi um marco histórico em 2005. De fundamental importância também, foi o reconhecimento demonstrado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, em 2015, recomendando a Fisioterapia Dermatofuncional na condução do pós-operatório de cirurgias plásticas. É importante relatar também que o crescimento dessa especialidade tem causado certo desconforto aos demais profissionais da estética e, isso, muitas vezes, interfere negativamente na qualidade do atendimento fisioterapêutico à medida que deixamos de lado nossa raiz assistencial para concorrer comercialmente. LEITURA COMPLEMENTAR 65 Pensando nisso, é muito importante que cada parte cumpra suas obrigações, ou seja, cada categoria profissional elabore normas reguladoras à fim de se estabelecer limites à avidez mercadológica das profissões de nível técnico para que não avancem, em prejuízo à saúde da população, na aplicação de técnicas privativas de Fisioterapeutas Dermatofuncionais e, por sua vez, que cada fisioterapeuta respeite os preceitos éticos e de responsabilização social e legal inerentes de sua profissão, além é claro de ofertar um tratamento diferenciado, baseado em evidências atualizadas e em resultados objetivamente demonstráveis. Uma boa medida é a aplicação do raciocínio teleológico na defesa da Fisioterapia Dermatofuncional. É importante que o profissional pergunte a si mesmo: Essa prática se encaixa na definição de nossa profissão, segundo a Resolução COFFITO nº 8, no que diz respeito a recursos físicos, cinesioterapêuticos, mecanoterapêuticos e eletrotermo-sono-ionto-fototerapêuticos? Sem sim, deve-se pensar imediatamente quais as consequências e limites de parâmetros adequados ao caso. Um profissional qualificado deve conhecer as indicações e contra-indicações das técnicas ofertadas, ter capacidade de realizar anamnese e exames adequados, esclarecer aos pacientes todas as dúvidas quanto a técnica a ser empregada, procurar cursos de capacitação profissional reconhecidos, conhecer e se atualizar constantemente sobre a literatura científica, usar equipamentos licenciados e certificados no Brasil e documentar em prontuário seus atendimentos. Nesse mesmo caminho, deve-se atuar com profissionalismo e valorizar todas as demais profissões que fazem interface ao nosso campo de atuação e, assim inspirar que a mesma respeitabilidade retorne em relação à nossa própria prática. Por fim, deve-se manter uma postura ética perante a especialidade, e aos demais colegas que dela compartilham, jamais outorgar responsabilidades e conhecimentos privativos a profissionais de outras áreas e tampouco a pacientes e pessoal de nível técnico, pois os melhores resultados prescindem de raciocínio clínico e, por isso, somente serão alcançados com o desenvolvimento das capacidades aridamente adquiridas ao longo de vários anos de ensino superior e de pós-graduação, no mais amplo contexto de expertises. FONTE: MENDONÇA, A. C.; AZEVEDO, K. C. M.; CARVALHO, R. M. Fisioterapia dermatofuncional: prática científica, uso ilegal dos recursos próprios da categoria e estratégias de valorização. Belo Horizonte: Crefito – 4ª Região, 2017. Disponível em: http://crefito4.org.br/site/wp-content/ uploads/2017/04/Artigo-Fisioterapia-Dermatofuncional.pdf. Acesso em: 20 fev. 2022. 66 RESUMO DO TÓPICO 5 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A fisioterapia dermatofuncional pode tratar várias disfunções estéticas, dispondo de vários recursos eletroterápicos, podendo citar, na área de corporal, as técnicas de eletrolipólise, carboxiterapia, criolipólise, entre outras. Estes recursos devem ser escolhidos de acordo com a anamnese e avaliação do quadro do paciente. • Para as disfunções faciais é possível o tratamento por meio de microagulhamento, eletrolifiting e, conforme avaliação, o uso de cosméticos adequados de acordo com o quadro e a disfunção apresentada. • Cabe ao fisioterapeuta dermatofuncional avaliar as contraindicações para escolher a melhor forma de intervenção e, quando necessário, encaminhar a outros profissionais para atendimento, além da realização de uma anamnese detalhada para escolha dos melhores recursos disponíveis dentre a eletroterapia, cosméticos e técnicas manuais. 67 1 Quando falamos de tratamentos em fisioterapia dermatofuncional, dispomos de muitos recursos cosméticos, manuais e especialmente eletroterápicos. Em se tratando de lipodistrofia localizada, algumas técnicas podem ser associadas, outras usadas de forma isolada, quando de um estímulo não invasivo que promove uma morte celular programada, a apoptose, devido à tendência da manutenção da homeostase tecidual. Sobre essa técnica, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Ultracavitação. b) ( ) Carboxiterapia. c) ( ) Radiofrequência. d) ( ) Criolipólise. 2 Pode ser usado um tratamento por emissão de luz para estimular ou inibir o metabolismo celular, este mecanismo ocorre por bioestimulação, cascata de respostas, melhora a resposta celular, proliferação de células e regeneração destas. Age por uma luz pulsada quando submetida à corrente elétrica, sendo o comprimento mais usado o vermelho. Sobre essa técnica, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Laser. b) ( ) Led. c) ( ) Radiofrequência. d) ( ) Iontoforese. 3 A técnica se trata de uma onda eletromagnética que promove o aquecimento tecidual por meio da conversão, sendo que usa de 30 KHz a 300 Mhz, promovendo a neocolagênese pelo calor produzido na derme e hipoderme, auxiliando em um metabolismo celular. Sobre essa técnica, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Eletrolipoforese. b) ( ) Eletrolifiting. c) ( ) Ultrassom focado. d) ( ) Radiofrequência. AUTOATIVIDADE 68 4 A fisioterapia dermatofuncional possui uma ampla gama de recursos para tratamento das disfunções corporais e faciais, bem como dos anexos cutâneos. De acordo com a anamnese, avaliação visual, palpatória e análise das contraindicações, é possível elaborar um protocolo de atendimento individual para cada paciente. Em um quadro de lipodistrofia localizada de paciente do sexo feminino, sem contraindicações, com acúmulo especialmente em abdômen, qual protocolo pode ser usado, cite dois equipamentos. 5 Nosso corpo passa por diversas alterações causadas por fatores externos e internos, nossas célulasenvelhecem, isto se manifesta em todos os tecidos, inclusive o tegumentar, que traz a presença de linhas e expressão e rugas, para tratamento destas disfunções existem várias formas de intervenção, dentre elas a radiofrequência. Descreva como é a ação desta técnica nas disfunções faciais. 69 REFERÊNCIAS AFONSO, J. P. J. M. et al. Celulite: artigo de revisão. Surgical & Cosmetic Dermatology, São Paulo, v. 2, n. 3, p. 214-219, 2010. Disponível em: https://www. redalyc.org/pdf/2655/265519983011.pdf. Acesso em: 20 fev. 2022. AGNE, J. E. Eu sei eletroterapia. Santa Maria: Pallotti, 2014. AGNE, J. E. Criolipólise e outras tecnologias no manejo do tecido adiposo. Santa Maria: Palloti, 2016. ALMEIDA, M. 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Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 78 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 2! Acesse o QR Code abaixo: 79 TÓPICO 1 — COSMETOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos como desenvolver as habilidades necessárias para elaborar um plano de tratamento satisfatório e que agregue valor na vida do paciente e do profissional. Para desenvolver um protocolo de atendimento específico, é necessário conhecer todas as afecções cutâneas que o paciente apresenta, bem como os fatores endógenos e exógenos que causam o aparecimento dessas afecções. É necessário, também, que o fisioterapeuta conheça o modo de ação de cada aparelho, suas indicações e contraindicações, seus efeitos fisiológicos e parâmetros que resultem numa melhor proposta terapêutica para cada paciente. Os recursos utilizados na fisioterapia dermatofuncional podem ser químicos como os peelings químicos, recursos mecânicos como a massagem, a drenagem e a endermologia, ou físicos como os peelings de microdermoabrasão e o peeling de diamante, os recursos eletroterápicos como a radiofrequência, o ultrassom terapêutico e a corrente ruassa. Para melhores resultados, o terapeuta deve desenvolver raciocínio clínico através do conhecimento e aprofundamento de estudo dentre as propostas apresentadas na unidade. É importante salientar que protocolos prontos não garantem resultado, e atrapalham o crescimento profissional do fisioterapeuta, sendo a melhor alternativa a constante pesquisa e atualização em terapias e propostas de tratamento. 2 RACIOCÍNIO CLÍNICO O mercado de trabalho e a área da fisioterapia dermatofuncional têm crescido cada vez mais, visto que novas tecnologias vêm ganhando cada vez mais comprovação e validade científica. O profissional de hoje deve estar atento, para não se deixar levar por técnicas e produtos lançados no mercado sem a devida comprovação científica. 80 O que garante ao fisioterapeuta sucesso em seus protocolos são: o embasamento teórico, uma anamnese bem detalhada e o interesse em ouvir o relato da queixa e histórico do paciente, muita atenção às mais diferentes especificidades dos pacientes e levando sempre em consideração suas particularidades. Sabendo que o tratamento estético precisa ser multidisciplinar, tanto em questões de recursos como de acompanhamento profissional, o fisioterapeuta deve contar com uma rede de apoio de outros profissionais como, nutricionista, médicos, biomédicos e esteticistas. O fisioterapeuta deve estar sempre ciente dos riscos de cada procedimento, bem como dos seus efeitos fisiológicos, para isso, faz-se necessário o conhecimento em anatomia, fisiologia, histologia, biofísica, biologia, bioquímica, cosmetologia, dentre outros. Sabendo que os aparelhos estéticos são bons recursos para os tratamentos, mas que o melhor resultado é o que transforma hábitos ruins em bons hábitos, por isso vale ressaltar as limitações dos aparelhos e a responsabilidade do paciente no comprometimento com a terapia para que os resultados possam ser garantidos. O fisioterapeuta, como profissional que trabalha com a autoestima, deve estar sempre disposto a motivar, orientar e acompanhar a jornada do paciente na busca por seus objetivos nos resultados estéticos. É importante lembrar que o profissional deve estar atento às novidades do mercado, porém, o uso demasiado de tecnologias e recursos sem base fundamental teórica, põe a integridade do paciente em risco, por isso, o melhor a ser feito é estudar os recursos disponíveis, e os que têm fundamentação teórica e resultados positivos na prática. Sem o domínio completo das áreas que abrangem a estética como um todo, o profissional se limita em ser um “dependente de protocolo pronto”, entregando resultados insatisfatórios e levando a saúde do paciente ao risco. Por isso é tão importante frisar o domínio do conhecimento científico, e a vontade constante de pesquisar e se aprimorar na área. O desejo do fisioterapeuta deve ser em executar a melhor proposta terapêutica dentro dos recursos possíveis e disponíveis para tal, e jamais oferecer propostas milagrosas para o paciente. 81 Para ajudar a ser um profissional que motiva o paciente a mudar de hábitos e entender quais são as limitações que atrapalham o ser humano a alcançar resultados, aplicando técnicas baseadas na biologia, psicologia e neurociência, sugerimos a leitura do livro “Hábitos atômicos: um método fácil e comprovado de criar bons hábitos e se livrar dos maus”, de James Clear. DICA 3 COSMETOLOGIA A cosmetologia é a ciência dos cosméticos, e seu estudo permite ao profissional associar incrementos que podem auxiliar ou até mesmo potencializar os resultados dos tratamentos dermatofuncionais. Hoje, a cosmetologia apresenta inúmeros tipos de ativos com aplicabilidade científica-tecnológica. Para melhores resultados nos protocolos, é interessante o fisioterapeutaescolher cosméticos a base de nanotecnologia, já que as formulações desses produtos garantem mais permeabilidade dos princípios ativos, otimizando, assim, a relação custobenefício do produto. Os ativos nanotecnológicos possuem vetores que “carregam” o ativo até o tecido alvo ou mais próximo dele. Esses vetores podem ser nanocapsulares, lipossomas, ou simplesmente as partículas do ativo estarem hidrolisadas em tamanhos nanômetros. Pode-se utilizar os cosméticos associados nos tratamentos de microdermoabrasão, como forma de proporcionar uma revitalização facial. A revitalização facial é um procedimento que inclui a higienização da pele, seguida de peeling físico (microdermoabrasão ou peeling de diamante), máscara facial, em seguida, a hidratação e a finalização com protetor solar. O protocolo varia de acordo com as necessidades e especificidade do paciente. Os ativos indicados também variam muito. Nesse caso, os melhores cosméticos são os que possuem nanotecnologia e ativos a base dos componentes do fator natural de hidratação (NMF), ácido hialurônico, vitaminas C e E que possuem ação antioxidantes, ácido retinóico que age no rejuvenescimento facial, normalizando o estrato córneo e estimulando a síntese de colágeno, oligoelementos e outros. A escolha do ativo deve ser baseada no histórico do cliente, nas características da pele, no objetivo terapêutico desejado e na compatibilidade de associação com outros recursos. Nos protocolos que envolvem tratamento de estrias, os cosméticos também podem ser os estimuladores de neocolagênese e inibidores da glicação do colágeno. 82 QUADRO 1 – ALGUNS ATIVOS INDICADOS PARA ASSOCIAR A PROTOCOLOS DE REJUVENESCIMENTO FACIAL FONTE: Adaptado de Ugoline (2017) Nos protocolos de clareamento e estética facial, o principal objetivo do ativo é a inibição da melanogênese. A seguir, alguns ativos para ajudar a compreender melhor. 83 QUADRO 2 – ALGUNS ATIVOS PARA AUXILIAR NO TRATAMENTO DE CLAREAMENTO FACIAL E CORPORAL FONTE: Adaptado de Ugoline (2017) Nos protocolos de tratamento de acne, os ativos com ação comedolítica e queratolítica são os mais indicados. O tratamento de acne para obter melhor resultado, deve ser sempre associado com a limpeza de pele e extração dos comedões. A seguir, alguns dos ativos indicados para esse tratamento. QUADRO 3 – ALGUNS ATIVOS PARA TRATAMENTO DE ACNE, SEBORREIA E CONTROLE DA OLEOSIDADE FONTE: Adaptado de Ugoline (2017) 84 Nos protocolos de estética corporal, os principais ativos a serem escolhidos são os que melhoram a circulação e os que promovem lipólise. Nos casos de tratamento de gordura localizada, os ativos lipolíticos devem ser priorizados, pois, a maioria dos recursos eletroterápicos estimulam a circulação sanguínea e podem facilitar a permeação dos ativos. É o caso do ultrassom, que pode ser associado à cosmetologia, utilizando um gel de contato com princípios ativos para proporcionar fonoforese. QUADRO 4 – ALGUNS DOS ATIVOS MAIS USADOS NOS PRODUTOS DESTINADOS A REDUÇÃO DE GORDURA LOCALIZADA FONTE: Adaptado de Ugoline (2017) Os ativos indicados para tratamento do Fibroedema Geloide (FEG) devem ser sempre estimuladores da circulação, melhora da oxigenação tecidual e anti-inflamatório. A seguir, podemos conhecer alguns dos principais ativos usados nos cosméticos corporais. QUADRO 5 – ALGUNS ATIVOS MAIS UTILIZADOS NOS PRODUTOS DESTINADOS A TRATAMENTO DO FEG E MELHORA DA CIRCULAÇÃO FONTE: Adaptado de Ugoline (2017) 85 A cosmetologia é uma ciência fantástica, e conhecer as propriedades dos cosméticos garante ao fisioterapeuta maior domínio sobre o resultado esperado, pois, muitas vezes é o cuidado diário com os ativos certos que garantem os efeitos mais desejados dos aparelhos. Sem a cosmetologia e a hidratação sistêmica, os resultados dos aparelhos ficam pela metade ou até mesmo não chegam nem a produzir efeitos terapêuticos, cabe ao fisioterapeuta sempre estar se atualizando em cosmetologia e tecnologia dos ativos. 86 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A importância do raciocínio clínico para o fisioterapeuta estar preparado para oferecer melhores resultados, associando os recursos eletroterápicos e cosméticos para elaborar melhor proposta terapeuta de tratamento. • O fisioterapeuta, como profissional da área da saúde, precisa zelar pela integridade do paciente e elaboração de protocolos com base nas áreas médicas, isso será o diferencial para os resultados e a satisfação do paciente. • A cosmetologia é uma ciência riquíssima em embasamento de diversos ativos e efeitos fisiológicos no organismo, os métodos de associação entre procedimentos em clínicas e home care levam o paciente ao resultado mais positivo possível dentro da proposta terapêutica. • Respeitar os limites do paciente e suas individualidades, são fundamentais para o sucesso da proposta terapêutica, sempre levando em consideração que cada organismo responde de uma maneira diferente a diversos estímulos e, portanto, a proposta deve estar de acordo com o bem-estar do paciente. 87 1 Os recursos estéticos são constantemente oferecidos no mercado pelos fabricantes de aparelhos, e muitas vezes prometendo resultados milagrosos ou oferecendo tecnologia não avaliada fortemente, cabendo ao profissional o senso crítico e o conhecimento técnico-científico. Sobre os principais fatores que influenciam no raciocínio clinico, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As informações fornecidas pelo fabricante e os estudos realizados por eles. b) ( ) O conhecimento em novas tecnologias e recursos, que são os lançamentos do mercado. c) ( ) As informações lançadas nas redes sociais e a indicação de famosos e influenciadores digitais. d) ( ) O conhecimento em anatomia, fisiologia, histologia, biofísica, biologia, bioquímica, cosmetologia. 2 Na hora de adquirir um equipamento ou um recurso de tratamento, o fisioterapeuta deve levar em consideração diversos fatores que influenciam os resultados das propostas terapêuticas mais procuradas, e a facilidade em associar outros recursos disponíveis. Com base no raciocínio clínico e na escolha dos recursos, analise as afirmativas a seguir: I- Os recursos mais indicados são os que contêm maior embasamento científico de resultados e que estão no mercado há muitos anos, sendo cada vez mais estudados em diversos grupos de pessoas, aprimorando seus resultados e facilitando sua compreensão. II- Os melhores recursos são os lançamentos. Quanto mais um recurso terapêutico ou cosmético promete em resultado, melhor para a prática clínica, pois o investimento em adquirir recursos diminui. III- O fisioterapeuta tem como comprometimento estudar os recursos e as variáveis que influenciam o seu resultado, para chegar na melhor proposta de tratamento possível. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas. b) ( ) Somente a afirmativa II está correta. c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas. d) ( ) Somente a afirmativa III está correta. AUTOATIVIDADE 88 3 Para melhores resultados, o fisioterapeuta deve desenvolver raciocínio clínico através do conhecimento e aprofundamento de estudos de disfunções estéticas e tratamentos, uma proposta terapêutica deve ser dinâmica e agradável para o paciente. De acordo com os fatores que influenciam na montagem do protocolo de tratamento, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) O profissional deve estar atento às novidades do mercado, porém, a cada ano, novos aparelhos são lançados pelos fabricantes e sem a devida comprovação científica, utilizando apenas estudos realizados pela própria marca e que não obedecem ao critério de avaliação acadêmica. ( ) A combinação de muitos recursos terapêuticos no mesmo protocolo é o que garante resultado na prática clínica. ( ) o uso demasiado de recursos terapêuticos, principalmente eletroterápicos, numa mesma sessão, mostra que o profissional não tem conhecimento suficiente desses recursos e que muitas vezes está repetindo protocolos prontos. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:a) ( ) V - F - F. b) ( ) V - F - V. c) ( ) F - V - F. d) ( ) F - F - V. 4 A cosmetologia é a ciência dos cosméticos. Ela está presente em qualquer proposta de tratamento a ser elaborada pelo fisioterapeuta, e sabemos que a tecnologia também se desenvolveu na área da cosmetologia, transformando os cosméticos de um simples produto de embelezamento para um produto terapêutico. Nesse contexto, disserte sobre os nanocosméticos. 5 A busca pelo rejuvenescimento facial é o que mais trai mulheres ao consultório fisioterápico em busca de tratamentos para linhas de expressão, rugas ou até mesmo para prevenir seu aparecimento, fazendo com que o fisioterapeuta se aprofunde cada vez mais nos fatores etiológicos e na abordagem terapêutica. Nesse contexto, disserte os ativos utilizados para rejuvenescimento facial. 89 RECURSOS FÍSICOS, QUÍMICOS E MECÂNICOS APLICADOS À FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 2 TÓPICO 2 - Os recursos utilizados físicos, químicos e mecânicos são os mais antigos a serem utilizados pela humanidade. Desde as civilizações mais antigas, como os egípcios antigos tinham o costume de depilarem os pelos, fazer banhos aromáticos, esfoliar a pele, aplicar massagem como forma de tratamento para doenças e outros. Esses tipos de recursos estão disponíveis até hoje e a ciência está, cada dia mais, aprimorando e desenvolvendo tratamentos à base de peelings químicos, físicos, massagens terapêuticas e afins. É sempre necessário fazer a anamnese para entender melhor quais as possibilidades de elaborar um tratamento multidisciplinar. Os recursos mecânicos são sempre os mais indicados para completar as eletroterapias, sendo a massagem o recurso mais utilizado. Vale salientar que os recursos físicos, químicos e manuais podem ser aplicados tanto nos protocolos faciais quanto nos protocolos corporais, e cabe ao fisioterapeuta entender qual a necessidade e os fatores que podem influenciar a escolha do método pretendido. 2 FACIAIS Para elaboração de protocolos de tratamento facial, encontramos diversos recursos terapêuticos que agem principalmente a nível epidérmico, e que garantem resultados satisfatórios quando aplicados pelo fisioterapeuta com cautela e seguindo sempre a frequência correta de intervalos. O domínio da técnica e as indicações, bem como dos fatores etiológicos, que acarretam o surgimento das disfunções estéticas, são a chave para o fisioterapeuta elaborar um plano de tratamento com as expectativas de respostas positivas nas abordagens terapêuticas. Veremos, a seguir, algumas das técnicas disponíveis no mercado. 90 2.1 MICRODERMOABRASÃO FACIAL A microdermoabrasão é um recurso físico, que consiste um uma esfoliação feita por microesferas de óxido de alumínio, que são lançadas diretamente na pele através de um jato de ar, cuja pressão pode ser controlada e ajustada de acordo com o fim terapêutico. O aparelho produz tanto a pressão positiva quanto a pressão negativa. A pressão positiva lança as microesferas por uma cânula e a pressão negativa faz a sucção das esferas (juntamente com os queratinócitos que foram removidos pela abrasão) por outra cânula, ambas acopladas à ponteira do aparelho. Essa ponteira é descartável e deve ser aberta na frente do paciente antes do uso e descartada ao final do procedimento. O resíduo do procedimento, ou seja, as microesferas que foram usadas juntamente com as células queratinócitas, ficam armazenadas num recipiente e sua higienização deve ser feita periodicamente. Esse é um recurso muito utilizado para tratamento de cicatrizes de acne, clareamento de manchas mais superficiais da epiderme, como lentigos solares, para suavização de linhas de expressão e para o afinamento da pele, servindo como processo de revitalização facial. De acordo com Borges (2010), os seus efeitos fisiológicos estão relacionados com o incremento da mitose celular, fazendo com que a produção de queratinócitos, como também a produção do fibroblasto, apesar de que a indicação do recurso na fisioterapia dermatofuncional seja apenas para tratamentos superficiais, sem alcançar a derme. Outro recurso físico que também promove microabrasão na pele é o peeling de diamante. Esse aparelho se assemelha muito à microdermoabrasão, mas possui várias ponteiras diamantadas de diferentes tamanhos e quantidades de grânulos. Essa técnica promove apenas a pressão negativa e o terapeuta que executa os movimentos na pele causando assim a abrasão. Deve-se ter cuidado com a pressão em ambas as técnicas, pois, a pele facial é mais fina e está constantemente exposta aos fatores ambientais, o que pode causar desidratação e sensibilidade, e aumento da produção sebácea, por isso a técnica deve ser feita, nos parâmetros iniciais, entre 100 mmHg a 200 mmHg e sendo ajustada de acordo com a necessidade e indicação terapêutica. Outro fator importante a salientar é que quanto mais o terapeuta deslizar a cânula sobre a mesma área, maior será a abrasão, além disso, a velocidade do movimento influencia a abrasão. Quanto mais lento o terapeuta deslizar a cânula maior será a profundidade da abrasão promovida, por isso o terapeuta deve manter as mãos firmes e os movimentos precisos, para que possa adquirir o efeito desejável. De acordo com Borges (2010), a aplicação da técnica deve ser feita seguindo as linhas de tensão naturais da pele, complementadas em movimentos em xadrez. 91 A microdermoabrasão deve ser feita de forma gradativa, sem exageros na aplicação. Se o terapeuta optar por esse método de tratamento, deve levar em conta que a pele é um órgão que responde rápido a estímulos externos, por isso tende a hiperpigmentar mais fácil, aumentar a espessura por efeito rebote, aumenta a sensibilidade e descamação. A microdermoabrasão está contraindicada para pacientes com fototipos altos, com facilidade de hiperpigmentação pós-inflamatórias, diabetes descompensada, doenças infecciosas, escoriações na pele, acne inflamatória, pacientes que possuem alergias e sensibilidades cutâneas como nos casos de dermografia. Por ser um método de tratamento que estimula uma inflamação tecidual, a microdermoabrasão pode ser realizada a cada quinze dias no mínimo, para que seus efeitos possam ser observados. 2.2 ENDERMOLOGIA – VACUOTERAPIA É uma técnica que utiliza um aparelho que promove pressão negativa sobre a pele, ou seja, uma sucção. A vacuoterapia pode estar associada ao tratamento de revitalização facial, pois seus efeitos estimulam o aumento da circulação sanguínea, aumento da nutrição tecidual, drenagem linfática, o que faz com que seus efeitos se assemelhem muito ao da massagem facial. Os protocolos de revitalização utilizando a vacuoterapia consistem em aplicar as ponteiras, que são feitas de vidro, sobre as linhas de tensão da pele, ou sobre as rugas e linhas de expressão. Outra forma de utilizar a vacuoterapia nos tratamentos faciais é utilizando a caneta de sucção, que é uma ponteira usada para extração de comedões no protocolo de limpeza de pele profunda. Essa caneta é indicada para substituir a extração manual dos comedões em pacientes que apresentam peles sensíveis ou os que possuem baixa ou nenhuma tolerabilidade a dor. A endermologia pode ser realizada de duas a três vezes na semana, ou como o fisioterapeuta avaliar a necessidade. A sessão corporal dura entre dez e 20 minutos, e a terapia deve ser associada a outros recursos para proporcionar dinâmica ao protocolo. 2.3 PEELINGS QUÍMICOS FACIAIS O peeling químico é um dos recursos mais utilizados para tratamento de rejuvenescimento facial, acnes, cicatrizes de acne, hipermelanose e revitalização facial. A maioria dos ácidos usados para peeling são os alfa-hidroxiácidos (AHAS) de origem natural como, frutas e cereais. 92 Os AHAS mais utilizados são o ácido lático (dos derivados fermentados do leite), ácido cítrico (das frutas cítricas), ácido málico (da maçã), ácido mandélico (das amêndoas amargas), ácido tartárico (das uvas), o ácido glicólico (da cana de açúcar), e o ácido kójico (derivado do arroz). Os AHAS são ácidos solúveis em água e possuem baixo peso molecular,ou seja, são ativos que possuem alta permeabilidade, dentre os AHAS com maior peso molecular, podemos destacar o ácido mandélico, por isso muitas vezes é indicado para profissionais que estão começando a trabalhar com peelings químicos. Os AHAS são queratolíticos, despigmentantes, estimuladores de colágeno, hidratantes enfim. A forma de ação dos AHAS está relacionada à quantidade de concentração do ácido numa solução. Geralmente concentrações de até 10% são utilizadas em soluções para procedimento profissional, tendo como principal efeito os queratolíticos, sendo assim classificados como peelings superficiais. Nos produtos de uso home care, essa concentração pode chegar até 3%, o que garante uma hidratação cutânea por método chamado de hidratação ativa. Os peelings são recursos muito utilizados na estética facial, sendo uma proposta terapêutica de tratamento de linhas de expressão e rugas, as mais comuns na sua aplicação. A maioria dos peelings agem no aumento da atividade mitótica celular, fazendo com que novas células sejam formadas, além de promoverem uma esfoliação química nas células da epiderme através da quebra dos dermossomos. Uma esfoliação química garante mais controle do processo inflamatório a ser gerado, garantindo uma melhor resposta terapêutica, estimulando a produção de colágeno através de processos inflamatórios controlados. Além de esfoliar o extrato córneo, alguns ácidos agem normalizando sua espessura, por isso, é tão usado nos tratamentos de fotoenvelhecimento. A segunda proposta terapêutica que mais faz uso dos peelings químicos são os tratamentos de hiperpigmentação, principalmente de melasma. Além de estar incluso na proposta terapêutica do melasma, pode ser usado para clarear as efélides e lentigos. Um ácido muito interessante na proposta de tratamento para acne é o ácido salicílico. Esse ácido pertence ao grupo dos Beta Hidroxiácidos (BHA), que são solúveis em lipídeos e por isso sua forma de agir controla a oleosidade durante o tratamento de acne. Sua ação comedolítica, secativa, queratolítica e antinflamatória, fazem com que o ácido salicílico aja em diversos fatores que acarretam o surgimento da acne. Os peelings de ácido glicólico, ácido retinóico, ácido salicílico e outros são eficazes em todos os tipos de acne, induzindo melhora rápida e restauração da pele normal. Podem ser utilizados na forma comedogênica; na forma papulopustulosa é, geralmente, necessário maior número de sessões; e na nodulocística produz grande melhora da cicatriz pós-acne. O procedimento é bem tolerado e tem grande aderência (KEDE; OLEG, 2004, p. 113). 93 Sua ação em cabine pode ser de 10 a 15%, e, em uso home care, os produtos à base de ácido salicílico são 3%. O grande problema do ácido salicílico é que, para garantir sua estabilidade, os produtos são manipulados em base alcoólica, e isso pode exacerbar a sensibilidade nos pacientes com acne inflamatória Devemos ter cuidado na hora de escolher o ácido a ser utilizado como proposta terapêutica, pois, além do modo de ação, os ácidos precisam estar em concentrações baixas a fim de não permearem além da epiderme. Para garantir mais segurança na hora de trabalhar com os ácidos, o fisioterapeuta deve optar por produtos que contenham dois a três ácidos por solução, dessa forma, garante que a concentração dos ácidos seja menor e sua permeação seja mais controlada, evitando o frost. O melhor tratamento é aquele cuja resposta terapêutica é gradual, controlada e constante. NOTA O termo frost vem do inglês que significa “geada”. O termo faz referência ao aspecto esbranquiçado da desnaturação das proteínas de colágeno que estão presentes na camada basal (limite entre derme e epiderme), e que formam uma camada branca na pele como os cristais de gelo que ficam sobre a relva após a geada. O frost se trata de uma intercorrência leve no procedimento do peeling químico, mas o fisioterapeuta deve estar atento para neutralizar sua ação antes que o ácido comece a permear nas camadas mais profundas da pele, a derme, causando, assim, manchas, queimaduras e até mesmo bolhas. Para neutralizar, utiliza-se uma solução alcalina, ou até mesmo água nos locais onde o frost está se formando. O peeling químico está contraindicado para pacientes com fototipos altos, com facilidade de hiperpigmentação pós-inflamatórias, diabetes descompensada, doenças infecciosas, gravidez, escoriações na pele. O fisioterapeuta pode orientar o paciente a beber mais água e manter a hidratação da cútis em dia, no período que antecede a aplicação do ácido. A pele hidratada tende a ser mais segura para a aplicação do peeling, fazendo com que a permeação do ácido ocorra de forma mais controlada evitando o frost. A frequência de repetições do peeling químico as sessões é de 15 a 28 dias, para obter o processo inflamatório e recuperação desejável do tecido tratado. 94 2.4 MASSAGENS FACIAIS A massagem é um recurso terapêutico que pode estar inclusa em tratamentos faciais servindo como acelerador da circulação sanguínea, proporcionando relaxamento e auxiliando na permeação de produtos na face. A pressão será sutil e as pontas dos dedos serão mais utilizadas, a palma da mão será indicada para deslizar sobre as laterais da face. O sentido dos movimentos deve ser sempre contra a gravidade, ou seja, de cima para baixo. Nas regiões onde há linhas e rugas de expressão, movimentos suaves de fricção são bem-vindos, pois, eles aquecem o tecido e ativam a circulação sanguínea, aumentando a nutrição tecidual local. IMAGEM 1 – SENTIDO DAS MANOBRAS DE MASSAGEM FACIAL FONTE: <https://shutr.bz/36jOUSB>. Acesso em: 22 mar. 2022. A massagem facial é um procedimento que deve ser realizada em ambiente calmo e relaxante. O fisioterapeuta pode utilizar recursos como creme de massagem, óleos faciais e utensílios como rollers e ventosas, que ajudam a oxigenar os tecidos. Para a realização da massagem, o rosto precisa ser previamente higienizado com sabonete, esfoliante e tônico facial. Após a realização desses passos de higiene, seguese a hidratação com um produto que facilitará as manobras de massagem 2.4.1 Effleurage (deslizamento ou alisamento) O deslizamento é a técnica que permite ao terapeuta reconhecer as estruturas internas do corpo, e identificar qualquer alteração que possa estar acometendo o indivíduo, funcionando como um meio de palpação e avaliação. 95 O deslizamento superficial é utilizado para iniciar e finalizar a massagem relaxante, pois são os toques mais brandos, quando o terapeuta realizará um toque sutil, superficial, lento e delicado no paciente. O objetivo desse toque é promover um relaxamento (sedação) nas terminações nervosas da pele. Quanto ao deslizamento profundo, conforme Guirro e Guirro (2004, p. 72) “podemos utilizar o deslizamento para estimular o esvaziamento dos vasos sanguíneos e linfáticos a fim de promover uma melhora no fluxo venoso, aumentar o aporte de nutrientes para as células e estimular a drenagem dos líquidos excessivos”. Essa manobra é a principal da massagem e a mais executada em qualquer objetivo terapêutico, seja para relaxamento ou para aumento de circulação sanguínea. 2.4.2 Petrissage (amassamento) Consiste no movimento de compressão que trabalhará a musculatura do indivíduo. O principal objetivo desses movimentos é aumentar a nutrição celular muscular. O amassamento ajuda no relaxamento das musculaturas faciais em pessoas que trabalham com atividades que causam muito estresse, ou em atletas que fazem muita “careta” durante a realização da atividade física. Por ser um movimento no qual a mão do terapeuta trabalha com mais pressão, o amassamento é feito na região do trapézio para proporcionar relaxamento. É importante ter cautela sempre que executar esse movimento da face, para não causar incomodo ou machucar o paciente. 2.4.3 Fricção Esta técnica é bastante indicada para massagear o couro cabeludo. De acordo com Guirro e Guirro (2004), fricções são movimentos circulares ou transversais, com ritmo e velocidade uniformes e pressão suficiente para mobilizar o tecido superficiale profundo. Seu principal efeito fisiológico é estimular a circulação sanguínea local, para que, assim, possa ocorrer troca gasosa e retirada de metabólicos. O tamborilamento é a técnica que utiliza a ponta dos dedos para dar leves batidinhas na face. Todos esses movimentos podem ser usados durante a massagem e a sequência a ser desenvolvida depende da necessidade do paciente e da avaliação do fisioterapeuta. 96 2.4.4 Drenagem linfática A drenagem linfática também constitui um método de recurso mecânico, devido aos movimentos e pressão das mãos causarem um deslocamento dos fluidos intersticiais e da linfa para o sistema circulatório. É interessante associar a drenagem em tratamentos de acne inflamatória devido à ação drenante dos mediadores inflamatórios, que causam o inchaço e vermelhidão local. A drenagem deve ser feita sempre no sentido da circulação, deslocando a linfa até o grupo de linfonodos mais próximos, bombeando a região de linfonodos. A massagem é contraindicada para indivíduos que possuem doenças circulatórias, trombose, tromboflebites, doenças cardíacas, diabéticos descompensados, hipertensos descompensados, neoplasias, doenças infecciosas. Qualquer outro fator que o fisioterapeuta compreenda como fator de risco para o paciente, a massagem deve ser suspensa, visto que sua ação é exclusivamente no sistema circulatório e por isso pode agravar a situação clínica de um paciente que não esteja com a saúde íntegra. A frequência das sessões de massagem pode ser de duas a três vezes na semana, de acordo com a avaliação do profissional. Vale ressaltar que é preciso dar intervalos de pelo menos 24 horas entre uma sessão e outra. 3 CORPORAIS Devemos estar cientes de que a maioria das disfunções estéticas corporais possuem fatores etiológicos que estão relacionados a hábitos ruins, como alimentação inadequada e sedentarismo, portanto, o fisioterapeuta deve indicar novos hábitos ou associar abordagem terapêutica a outros profissionais, como nutricionista e educador físico que podem auxiliar na terapia de tratamento, para que os resultados alcançados sejam completos e satisfatórios. Os recursos terapêuticos físicos, químicos e mecânicos utilizados em estética corporal, servem para dar suporte e complemento às terapias de tratamento propostas pelo fisioterapeuta ao paciente. As utilizações desses recursos isolados não alcançam resultados significativos suficientes, sendo necessário a associação com recursos eletroterápicos. 97 3.1 ENDERMOLOGIA A endermologia é um recurso mecânico obtido por aparelho que exerce um vácuo sobre a pele através de uma ventosa gerando uma pressão negativa. Essa técnica realiza uma massagem nos tecidos e seus efeitos fisiológicos são semelhantes aos efeitos da massagem, podemos destacar: vasodilatação, aumento da nutrição e oxigenação tecidual, melhora da circulação de retorno (quando utilizada pressões abaixo de 100 mmHg), aumento da maleabilidade tecidual. Existem muitas ventosas disponíveis no mercado, as mais usadas são: • ventosas de vidro (facial e corporal); • ventosas com rolinhos (utilizadas para proporcionar pressão positiva e negativa durante o tratamento); • ventosas sem rolinhos (utilizadas no modo pulsado). O aparelho pode ser configurado no modo contínuo ou pulsado. A pressão exercida durante a terapia varia de acordo com os objetivos terapêuticos. Nos protocolos de estética corporal, a endermologia pode ser um recurso muito interessante, principalmente para tratamentos de gordura localizada e FEG, além de poder ser um recurso para tratamento de estrias. Também podemos utilizar na estética facial com o objetivo de tratar rugas e linhas de expressão, ativando a circulação local e para facilitar a permeação de princípios ativos. Pode ser usada no tratamento de sequelas e cicatrizes de queimadura para amenizar as aderências do tecido conjuntivo. A endermologia pode ser utilizada no modo contínuo para obtenção de efeitos terapêuticos semelhante ao da massagem, aumentando a circulação sanguínea, melhorando o retorno da circulação sanguínea e linfática, reduzindo edemas. Também promove uma reorganização dos adipócitos modelando o tecido e, desta forma, melhorando o aspecto do FEG. O sentido de aplicação corresponde ao objetivo terapêutico desejado. Movimentos longitudinais (sentido da circulação de retorno): apresentam efeitos predominantemente circulatórios. Movimentos transversais: apresenta efeito descontraturante. Movimentos circulares: realizam um amaciamento das zonas de fibrose e descongestionam o tecido profundo (BORGES, 2010, p. 139). Para a utilização no modo contínuo, a pressão usada é geralmente em torno de 100 mmHg a 300 mmHg, e o movimento pode ser um deslizamento superficial ou profundo. O modo pulsado é utilizado nas regiões ganglionares para abertura dos linfonodos. De acordo com Borges (2010, p. 139), “[…] a ação do vácuo realiza um bombeamento local, efeitos reflexo, estimulando assim os linfonodos da região aplicada. Utiliza-se normalmente uma pressão máxima entre 600 mmHg a 700 mmHg” 98 A endermologia pode ser realizada de duas a três vezes na semana, ou como o fisioterapeuta avaliar necessidade. A sessão corporal dura entre 20 a 40 minutos, e a terapia deve ser associada a outros recursos para proporcionar dinâmica ao protocolo. Nos tratamentos de estrias, a recomendação é que seja feita uma aplicação de dez a 15 dias. Endermologia é contraindicada para indivíduos que possuam fragilidade capilar, tumores cutâneos, tromboses e doenças circulatórias e doenças infecciosas. O fisioterapeuta deve investigar o histórico familiar e perguntar sobre usos de medicamentos, pois a maioria dos pacientes tendem a não responder com fidelidade ao questionário de anamnese. Por isso, o diálogo deve ser sempre estimulado pelo fisioterapeuta. 3.2 PEELING QUÍMICO CORPORAL O peeling químico também é um excelente recurso para tratamento de afecções cutâneas corporais. Devido a sua ação estimuladora de colágeno, o peeling pode ser um recurso para tratamento de estrias brancas e rubras. O fisioterapeuta deve estar atento à área a ser tratada e à escolha do ácido, visto que geralmente as estrias se localizam em áreas onde há menos glândulas sebáceas, fazendo com que o ácido permeie mais rapidamente. Outra disfunção estética que pode ser melhorada com o peeling químico é a acantose nigricans. Lembrando que a acantose é uma melanose causada por diversos fatores etiológicos, sendo os distúrbios endócrinos-metabólicos os mais influentes na sua aparição. Por isso, o tratamento deve ser acompanhado por diversos profissionais, inclusive médicos, pois o paciente pode apresentar resistência insulínica e diabetes. A frequência de repetições do peeling químico é de uma sessão entre 15 e 28 dias, para obter processo inflamatório e recuperação desejável do tecido tratado. O peeling químico está contraindicado para pacientes com fototipos altos, com facilidade de hiperpigmentação pós-inflamatória, diabetes descompensada, doenças infecciosas, gravidez, escoriações na pele. O protocolo de peeling químico pode ser associado ao microdermobrasão, a vacuoterapia, ao peeling de diamante, qualquer recurso utilizado deve ser levado em consideração dentro das especificidades do paciente. 99 3.3 MASSAGEM CORPORAL A massagem é um ótimo recurso terapêutico para ser adicionado aos protocolos corporais de gordura localizada e Fibroedema Geloide (FEG). Visto que seu maior efeito fisiológico é aumentar a circulação sanguínea, a massagem pode ser associada a tratamento de gordura localizada como facilitadora de permeação de produtos e remodelando a superfície corporal. A massagem é o recurso mecânico mais antigo usado pela humanidade desde as antigas civilizações, como egípcia, chinesa e indiana nas quais muitas vezes era utilizada como tratamento e prevenção de doenças. A massagem que conhecemos hoje em dia é denominada massagem clássica, pois engloba os movimentos de massagem praticados há muito tempo, sendo que esses movimentos promovem respostas fisiológicas distintas. O conjunto de manobrase sua repetição geram muitos efeitos terapêuticos no organismo. Os efeitos da massagem clássica no corpo são divididos em efeitos fisiológicos e efeitos terapêuticos. Os efeitos fisiológicos são obtidos pelas respostas bioquímicas do corpo, dentre eles podemos citar: • aumento da circulação sanguínea e linfática; • aumento da perspiração; • aumento da nutrição tecidual; • aumento da produção sebácea; • remoção de produtos catabólitos; • aumento da maleabilidade e extensibilidade tecidual; • aumento da mobilidade articular; • deslocamento, direcionamento e remoção das secreções pulmonares; • estímulo das funções viscerais; • estímulo das funções autonômicas; • auxílio na penetração de fármacos. Dentre os efeitos terapêuticos, podemos citar o relaxamento muscular local e geral, o alívio da dor, a diminuição da respiração e a diminuição dos batimentos cardíacos. Movimentos de deslizamento superficial e profundo são indicados para dar início à massagem. Através dos deslizamentos, o fisioterapeuta pode sentir se há algum tecido fibroso nos tecidos mais profundos como tecido subcutâneo e musculatura, e identificar qualquer alteração que possa estar acometendo o indivíduo, funcionando como um meio de palpação e avaliação. O deslizamento quando feito no sentido da circulação de retorno melhora o edema tecidual e proporciona um alívio dos membros inferiores acometidos pelo FEG. 100 Amassamento é o movimento mais utilizado na massagem corporal, visto que quando se trabalha gordura localizada, o incremento da circulação local é necessário para que ocorra as trocas metabólicas, aumento da circulação e permeação dos ativos. Movimentos de amassamento são vigorosos e intensos, mas a força deve ser controlada e o limiar de dor do paciente deve ser respeitado. Movimentos intensos e com muita força geram hematomas, e isso não deve ocorrer na prática clínica. Percussão, também chamada de tapotagem, é uma técnica que utiliza de golpes manuais precisos, vigorantes, repetidos e com leveza, que promovem bem-estar e relaxamento do local a ser tratado. Geralmente é feito com a borda ulnar das mãos, de forma alternada ou sincronizada. Geralmente o fisioterapeuta utiliza essa técnica quando promove uma massagem terapêutica ou relaxante. Fricção é uma técnica que deve ser aplicada de forma rítmica e com certa velocidade. Seu objetivo é liberar algumas aderências que podem ser formadas por estresse de movimentos repetidos ou emocionais. O movimento de fricção libera as traves fibróticas do tecido conjuntivo, e também ajuda na liberação miofascial. Podese realizar a fricção em regiões onde a gordura localizada se encontra compacta, para facilitar a permeação de ativos e aumentar a circulação local. Além da massagem, podemos mencionar a drenagem linfática manual, que é um recurso muito utilizado na abordagem terapêutica do FEG, pois, melhora o edema proporcionado pela dificuldade de retorno da circulação sanguínea e linfática. A associação de drenagem linfática com ultrassom terapêutico, tem se mostrado uma boa abordagem no tratamento de FEG dos membros inferiores. O tempo de execução da massagem depende da técnica usada e do objetivo terapêutico. Em média, o tempo de uma massagem relaxante varia de 50 a 90 minutos, enquanto uma massagem para fins estéticos varia entre 30 e 40 minutos. É importante salientar que para haver aumento da circulação sanguínea e melhor resposta terapêutica, a massagem deve ser realizada no corpo todo fazendo com que a circulação aumente de forma geral. O fisioterapeuta deve trabalhar dentro das condições do paciente como as disfunções a serem tratadas e o limiar de dor do paciente. A frequência das sessões de massagem pode ser de duas a três vezes na semana, de acordo com a avaliação do profissional. Vale ressaltar que é preciso dar intervalos de pelo menos 24h entre uma sessão e outra. 101 3.4 MICRODERMOABRASÃO CORPORAL A microdermoabrasão é um peeling físico que afina o estrato córneo, facilitando a permeação de produtos que possivelmente não permeariam muitas camadas adentro da epiderme. Na estética corporal sua indicação é no tratamento de estrias, agindo como um esfoliante superficial e podendo ser associado a peelings químicos e soluções contendo ativos estimuladores de colágeno e fator de crescimento. A frequência de tratamento e as contraindicações seguem as mesmas citadas na microdermoabrasão facial. 4 ANEXOS CUTÂNEOS Os recursos utilizados nos anexos cutâneos são os que agem sobre os pelos. Nesse caso encontramos recursos físicos, químicos e mecânicos, como agentes depilatórios e epilatórios. A epilação consiste numa técnica de remoção dos pelos e do bulbo capilar, ou seja, do pelo e de sua raiz. A remoção dos pelos e do bulbo é feita através de ceras epilatórias que são aquecidas a temperaturas de 38 a 40 °C, e aplicadas sobre a pele, onde serão puxadas pela terapeuta, constituindo, dessa forma, o método de epilação mecânica. Existem métodos de epilação com cera fria e essas são utilizadas principalmente na face ou em pacientes com sensibilidade ao calor. O depilador elétrico também promove uma epilação muito semelhante à da cera, pois promove a extração do pelo e do bulbo. Existe no mercado uma variedade de aparelhos e seu uso é bastante fácil. Além do aparelho depilatório, a epilação pode ser realizada com a pinça, que é um método muito antigo de extração dos pelos, principalmente da face. Esses métodos de epilação podem ser realizados a cada 20 dias, pois estão relacionados ao ciclo capilar e às fases de crescimento do pelo. O procedimento de epilação pode ser realizado em clínicas, principalmente a epilação com cera. A cera é descartável, bem como todos os materiais usados na sessão, como espátulas, lenços depilatórios, cera utilizada e afins. Para iniciar o procedimento, é necessário a higienização do local com água e sabão ou solução pré-depilatória. O aparelho depilatório é de uso pessoal, não cabendo ao fisioterapeuta usar em procedimentos, mas sim, indicar para o seu paciente. As pinças utilizadas para epilar, devem ser lavadas com água e sabão e esterilizadas em autoclave. 102 A depilação consiste num método em que os pelos são retirados parcialmente, como exemplo, na utilização da lâmina de barbear. Este método de depilação consiste numa depilação física, pois o pelo sofreu um corte rente à pele. É um mito dizer que a depilação com lâmina de barbear deixa o pelo “mais grosso”, visto que a lâmina não altera em nada a espessura do pelo. O que acontece é que, devido ao corte gerado, o pelo perde a sua ponta que são estruturas mais finas, e, dessa forma, o pelo cresce com o aspecto mais grosso, mas isso é apenas impressão. Outra forma de depilação é a utilização de cremes depilatórios. Esse método consiste numa depilação química, pois os ativos presentes na emulsão geralmente são Hidróxido de guanidina e tioglicolato de amônio que quebram as ligações iônicas e as pontes de hidrogênio causando, assim, a desintegração dos pelos. Por ser um agente químico, o creme depilatório está relacionado à grande irritabilidade e reações alérgicas 103 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A microdermoabrasão é um recurso que promove uma esfoliação por abrasão, isto é, um recurso que age fisicamente na pele. Sua indicação varia entre muitas disfunções estéticas faciais, bem como no tratamento de estrias. • A massagem é o recurso mais antigo que existe, e pode ser associada aos protocolos de estética como complemento dos recursos eletroterápicos. O recurso mecânico da massagem varia desde uma massagem clássica até a drenagem linfática. • A endermologia é um recurso manual que exerce pressão negativa sobre a pele, e pode ser aplicada tanto na estética facial quanto na estética corporal, com o objetivo de aumentar a circulação sanguínea. • O peeling químico está entre os recursos mais usados no tratamento de disfunções estéticas faciais, devido ao grande poder regenerador tecidual pela ação da degradação das células epiteliais. 104 1 A endermologia é um recursomuitas vezes utilizado em clínicas, devido ao seu efeito fisiológico, e sua ação proporcionar um resultado visível imediato na área aplicada, melhorando, assim, o aspecto do FEG e da lipodistrofia. Sobre os efeitos fisiológicos da endermologia, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Aumento da nutrição tecidual e oxigenação tecidual, aumento da atividade mitótica, angiogênese e agitação molecular dos fluidos intersticiais. b) ( ) Vasodilatação, aumento da nutrição e oxigenação tecidual, melhora da circulação de retorno e aumento da maleabilidade tecidual. c) ( ) Aumento da contração muscular, angiogênese e vasodilatação. d) ( ) Melhora da circulação de retorno, aumento da maleabilidade tecidual, agitação molecular dos fluidos intersticiais e aumento da atividade mitótica. 2 A microdermoabrasão é um recurso estético que auxilia o fisioterapeuta nos principais protocolos de disfunções estéticas faciais devido a sua ação esfoliativa, o que proporciona uma pele mais viçosa e de aspecto rejuvenescido ao paciente. Sobre a microdermoabrasão, analise as afirmativas a seguir: I- O enfoque do tratamento é estimular a proliferação de novas células através de uma abrasão controlada, e que causa um leve processo inflamatório local. O procedimento afina a camada córnea de imediato o que facilita a permeação de ativos na pele. II- A microdermoabrasão pode ser realizada todos os dias no tratamento de estrias, devido a sua ação inflamatória que estimula a produção de colágeno, melhorando o aspecto de estrias albas e avermelhadas, é importante que o fisioterapeuta faça o procedimento todos os dias para que o processo inflamatório esteja sempre em evidência. III- A microdermoabrasão pode ser utilizada nos tratamentos de cicatrizes de acne, clareamento de lentigos solares ou manchas senis, tratamento de estrias, suavização de rugas e linhas de expressão, e também para protocolos de revitalização facial. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas. b) ( ) Somente a afirmativa II está correta. c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas. d) ( ) Somente a afirmativa III está correta. AUTOATIVIDADE 105 3 Os peelings químicos são recursos utilizados na estética facial e corporal há algum tempo, e atualmente é um dos recursos mais acessíveis para se trabalhar, entretanto seu uso deve ser com cautela e respeitando sempre as especificidades dos pacientes. Dito isso, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) O peeling químico é um excelente recurso para tratamento do melasma, pois promove uma renovação celular, retirando as células que estavam hiperpigmentadas e aumentando a permeabilidade cutânea para aplicação de outros produtos clareadores. ( ) Uma esfoliação química tende a ser mais eficaz para produção de colágeno, sendo o fisioterapeuta o profissional mais indicado para aplicação de ácidos com concentrações acima de 80%. ( ) A maioria dos peelings agem no aumento da atividade mitótica celular, fazendo com que novas células sejam formadas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V - F - F. b) ( ) V - F - V. c) ( ) F - V - F. d) ( ) F - F - V. 4 A massagem é um recurso terapêutico, acessível e que promove muitos efeitos benéficos ao tratamento proposto, principalmente os de rejuvenescimento facial e gordura localizada. Além disso, proporciona relaxamento ao paciente e muita satisfação ao receber o procedimento, o que muitas vezes gera fidelidade entre terapeuta e paciente. Disserte sobre os efeitos fisiológicos e da massagem clássica como também da drenagem linfática. 5 O peeling químico é uma proposta de tratamento muito eficaz no tratamento disfunções estéticas faciais e corporais, além de ser utilizado no home care em concentrações mais baixas, sua ação deve ser apenas na epiderme, sendo classificado como peeling superficial, e garantindo ao fisioterapeuta maior segurança durante a aplicação e resultados progressivos e satisfatórios. Nesse contexto, disserte sobre os efeitos fisiológicos do peeling químico e suas principais indicações. 106 107 TÓPICO 3 - RECURSOS TERAPÊUTICOS APLICADOS À FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 2 Os recursos terapêuticos utilizados na fisioterapia dermatofuncional para elaboração do protocolo de atendimento, devem ser utilizados de maneira multidisciplinar para obtenção de melhores resultados. Recursos terapêuticos quando utilizados de maneira isoladas, tendem a não responder de maneira satisfatória ao objetivo do tratamento. Vale salientar que os recursos disponíveis devem ser inseridos em plano de tratamento sempre para complementar um ao outro, mas o uso de muitos recursos combinados no mesmo plano de tratamento também acabam gerando pouco resultado. Por isso, o fisioterapeuta deve conhecer totalmente as indicações, contraindicações, efeitos fisiológicos, efeitos terapêuticos e parâmetros de cada recurso. Cabe ao fisioterapeuta manter a integridade do paciente e oferecer a proposta terapêutica que contém embasamento teórico, principalmente nos recursos eletroterápicos. 2 FACIAIS Os recursos eletroterápicos utilizados na fisioterapia dermatofuncional oferecem uma grande possibilidade de tratamentos de disfunções, e ajudam o fisioterapeuta a alcançar melhores resultados nos tratamentos. A eletroterapia tem um forte embasamento teórico e interesse em propor terapias eletroterápicas para tratamentos em estética facial. É amplamente comum em várias áreas da saúde. O fisioterapeuta, como profissional e pesquisador, deve conhecer todos os parâmetros, indicações e contraindicações além dos fatores etiológicos que acarretam o surgimento das disfunções cutâneas faciais. Vejamos, a seguir, os recursos mais embasados teoricamente. 108 2.1 RADIOFREQUÊNCIA A radiofrequência é um tratamento eletroterápico, cuja aplicação é feita por um aparelho que produz energia eletromagnética, gerando efeito térmico na pele e no tecido subcutâneo. Essa energia eletromagnética forma um campo energético que engloba tanto o paciente, quanto a terapeuta e os demais inseridos dentro do ambiente onde a técnica é aplicada, porém, o paciente produzirá o efeito térmico, pois a manopla que libera corrente elétrica é aplicada sobre sua pele. A corrente elétrica passa de um campo positivo (+) para um negativo (-), fechando, assim, o campo elétrico apenas no paciente. Não é correto dizer que a radiofrequência promova calor, comumente encontradas em artigos e publicidade. Quando em contato com um determinado tipo de tecido biológico, a corrente elétrica de elevada frequência promove o aumento de sua temperatura. Se, fisicamente, o calor e a temperatura são distintos, no meio celular as respostas também são diferentes. Por exemplo, podemos dizer que um calor gerado por um agente térmico qualquer como compressa quente, forno de Bier ou parafina, promove relaxamento tecidual enquanto que a radiofrequência incidente, ao contrário, reafirma esse tecido pela resposta de contração das fibras de colágeno. Quando se submete a pele à emissão da radiofrequência, essa responderá de modo contrário ao calor, ou seja, a pele responderá com retração promovendo efeito benéfico contra a flacidez. Assim, diferenciamos com facilidade calor e temperatura (AGNES, 2013, p. 273). A radiofrequência é um método relativamente moderno, e tem apresentado resultados bastante satisfatórios no tratamento de flacidez de pele. De acordo com Agnes (2013, p. 271), a radiofrequência pode ser definida como uma terapia que “[…] utiliza corrente elétrica de média intensidade, cuja potência liberada tem a finalidade de elevar a temperatura tecidual a níveis que possam favorecer respostas fisiológicas perfeitamente controláveis”. Na estética, faz-se uso da radiofrequência não ablativa, ou seja, sua ação atinge tecidos internos como a derme e o tecido subcutâneo causando uma inflamação, porém, sem lesionar a epiderme para tal efeito. A temperatura deve ser controlada através de um termômetro a laser durante toda a aplicação da manopla. Existe no mercado vários aparelhos quepossuem um sistema de resfriamento da pele acoplado na ponteira, dispensando assim o uso de termômetro a laser. Cabe ao profissional conhecer o aparelho, e os parâmetros a serem utilizados em cada protocolo. A profundidade de penetração das ondas eletromagnéticas e do efeito térmico dependem dos parâmetros utilizados, esses parâmetros variam de acordo com o objetivo terapêutico a ser alcançado. As frequências utilizadas na área estética variam de 0,5MHz a 3,0MHz. A indicação da radiofrequência é para protocolos de rejuvenescimento facial graças aos seus excelentes resultados demonstrando, dessa forma, que a radiofrequência é o tratamento não invasivo mais procurado nas clínicas de estética. 109 Os resultados da radiofrequência na flacidez de pele facial são divididos em imediatos e tardios. O efeito imediato se deve a retração das fibras de colágeno, fazendo com que a suavização de linhas e rugas seja instantânea a aplicação do aparelho. Sobre esse efeito: É normal e lógico que um paciente com importante flacidez de pele visualize uma considerada melhora estética ao final da aplicação e, reforçando com as admirações em casa ou no trabalho, seja estimulada às repetidas aplicações. Caberá ao profissional, estabelecer juntamente com seu cliente, uma correta programação terapêutica e não deixando a exclusividade dos resultados para a radiofrequência. Devemos respeitar a repetição das sessões sobre uma mesma área, relacionadas não somente aos dias de intervalo, mas também com a dosimetria ou manutenção da temperatura (AGNES, 2013, p. 284). O efeito tardio se trata dos efeitos relacionados a formação de novos colágenos. Esse efeito é visto especialmente em pacientes acima dos 50 anos, e é o efeito terapêutico mais esperado no protocolo de rejuvenescimento. Agnes (2013, p. 284) nos orienta em como conduzir um protocolo de rejuvenescimento aproveitando ao máximo esse efeito: Tão importante quanto ao efeito imediato são os efeitos tardios, basicamente referidos à estimulação de novas fibras de colágeno e para isso devemos respeitar tempos maiores de intervalo para uma nova sessão de radiofrequência. Não podemos ser taxativos em definir qual a periodicidade do tratamento, pois algumas variáveis podem interferir nesse processo. Nada impede que as repetições ocorram entre dez e quinze dias, inclusive aproveitando os intervalos para uso de micro corrente, LED e produtos cosmetológicos. A radiofrequência em temperaturas externas em torno de 40 a 42 °C, estimulam uma proteína chamada de HSP-47, fazendo com que os fibroblastos respondam a esse estímulo produzindo novas fibras de colágeno, a neocolagênese. O tratamento de radiofrequência facial deve ser feito entre 15 a 28 dias, para dar tempo ao processo inflamatório responder, formando novos colágenos. A sessão do procedimento dura em média 30 a 40 minutos na região facial e pescoço. Deve-se dividir a face em quadrantes quatro vezes maior que a manopla. Cada quadrante deve ser trabalhado em torno de três minutos na temperatura de 40 °C. A manopla utilizada nos tratamentos faciais são: a bipolar e a tripolar. O resultado final do tratamento de rejuvenescimento com a radiofrequência aparece por volta de 90 dias após a finalização do tratamento. 110 2.2 ALTA FREQUÊNCIA O alta frequência, como o próprio nome diz, é um aparelho de ondas eletromagnéticas utilizado nua frequência alta variando de 150 kHz a 200 kHz numa voltagem de 30.000 V, e que possui efeito bactericida, fungicida, cicatrizante e cauterizador. Esses efeitos são muito procurados quando tratamos pacientes com acne inflamatória, fazendo com que o alta frequência seja um aparelho indispensável para os protocolos de tratamento facial. O aparelho forma um campo eletromagnético no eletrodo e no tecido ao redor, gerando gás ozônio quando em contato com a pele, proporcionando os efeitos fisiológicos desejados. O uso do aparelho de alta frequência na superfície da pele provoca a formação de ozônio (O,) e este, por ser uma substância instável, se decompõe rapidamente em oxigênio molecular (O,) e em oxigênio atômico (O). A ação desinfetante do ozônio reside na grande agressividade do oxigênio atômico nascente, liberado durante a de composição do ozônio (O3 = O2 + O), pois este tem reconhecida eficácia contra agentes microbianos, agindo por lise da membrana dos agentes após oxidação (BORGES, 2010, p. 87). Além do contato com a pele, o eletrodo pode emitir faíscas quando posicionado rente à pele, e essas faíscas também promovem a formação de ozônio e seu efeito bactericida. Entretanto, vale salientar que para melhor resultado da desinfecção da pele a ser tratada, o eletrodo deve deslizar em contato direto com a pele sem nenhum meio de acoplamento, pois muitas vezes são utilizadas gazes para facilitar o deslizamento do eletrodo, mas numa pele acneica com pápulas e pústulas, a indicação é que não seja utilizado nenhum recurso que facilite o deslizamento para que assim o aparelho tenha sua eficácia aproveitada em 100%. Podemos utilizar o alta frequência nas propostas terapêuticas de acne, e nos procedimentos de limpeza de pele. Seu uso acontece sempre após a extração de comedões para evitar contaminação após a implosão de alguma postura recorrente. Encontramos no mercado diversos eletrodos de alta frequência. Todos são feitos de vidro e possuem diversos formato que são conhecidos como: cebola (grande ou pequeno), eletrodo de bico ou cauterizador, eletrodo saturador (que contém uma espiral dentro), eletrodo forquilha, eletrodo rolinho, eletrodo pente e eletrodo cachimbo. O alta frequência deve ser utilizada sobre a pele limpa e sem nenhum resquício de cosmético, pois se o cosmético possuir álcool na sua composição, poderá ocasionar queimaduras. As contraindicações do alta frequência são gravidez, portadores de marca-passo, alterações de sensibilidade e qualquer outro motivo que o fisioterapeuta avaliar como contraindicado. 111 3 CORPORAL A estética corporal conta com diversos recursos, que muitas vezes também são utilizados na estética facial, porem quando programados em outros parâmetros, possuem efeitos fisiológicos distintos. Isso otimiza recursos para o fisioterapeuta que pode oferecer diversos serviços com um aparelho só. Devemos lembrar que as principais causas que levam o paciente procurar recursos fisioterapêuticos dermatofuncionais estão relacionados com aumento de peso, sedentarismo e alimentação inadequada, por isso o acompanhamento nutricional é necessário. 3.1 RADIOFREQUÊNCIA A radiofrequência pode ser utilizada no tratamento de gordura localizada com o objetivo de promover lipólise através da ativação de catecolaminas, juntamente com a vibração molecular nos íons presentes da membrana plasmática dos adipócitos. Para melhor resultado da radiofrequência na redução de medidas, pode-se fazer uso vários recursos como ultrassom, corrente russa e ultracavitação. Como existem recursos muito específicos, poderemos escolher uma pequena seleção deles para que sejam usados conjuntamente até mesmo numa mesma sessão. Assim, sem o objetivo de estabelecer um protocolo, poderemos utilizar uma terapia combinada de ultrassom e corrente elétrica, ou a própria ultracavitação, anterior a radiofrequência. Sempre, ao usar um equipamento para reduzir gordura o paciente deverá executar algum tipo de atividade física, podendo iniciar esteira ergométrica ou plataforma vibratória de preferência antes da aplicação dos aparelhos (AGNES, 2013, p. 291). A radiofrequência eleva a temperatura tecidual, causando assim, vários efeitos fisiológicos nos tecidos. Dentre os efeitos fisiológicos, podemos destacar: • vasodilatação; • aumento da circulação sanguínea e linfática; • aumento do aporte de nutrientes, oxigênio e retorno de catabólitos; • neocolagênese; • reorganização das fibras colágenas; • lipólise. Com isso, a radiofrequência é um método de tratamento indicado para flacidez tissular, suavização de linhas e rugas de expressão, cicatrizes de acne, gordura localizada, FEG, fibroses e aderências, cicatrizes hipertróficas e atróficas,queloides e estrias, flacidez vaginal e anal 112 Dependendo do objetivo terapêutico, a radiofrequência pode ser aplicada com várias manoplas que garantem melhor resultado. Para o acoplamento das manoplas com a pele ser feito de forma segura, é necessário a utilização de um meio de contato entre a manopla e a pele, geralmente se faz uso de gel glicerinado ou óleo mineral ou vegetal. • Manopla monopolar: a ponteira monopolar produz efeito térmico profundo e é muito interessante para tratamento de gordura localizada, tendões, músculos e articulações. É utilizada juntamente com um eletrodo de retorno, uma placa metálica onde a energia é transferida de um eletrodo positivo para um negativo. A manopla monopolar é circular e compacta. • Bipolar, tripolar e octopolar: são ponteiras cuja profundidade térmica é mais superficial, causando agitação molecular apenas na área a ser tratada. • Criofrequência: é um tipo de radiofrequência cuja ponteira é resfriada na hora da aplicação em temperaturas a 0 °C, promovendo um resfriamento da epiderme e um aquecimento dos tecidos profundos. Para obter efeitos terapêuticos desejados, é necessário manter o controle da temperatura do corpo tanto internamente quanto externamente. Para Agnes (2013), a temperatura ambiente do local onde será realizado o procedimento deve ser em torno de 22 °C. dessa forma, a temperatura da pele estará em torno de 31 °C. Sabendo que a temperatura interna do corpo varia em até 5 °C para mais na profundidade de três a cinco milímetros, ou seja, derme e tecido subcutâneo, quando se tem por objetivo atingir essas camadas, devemos trabalhar com as temperaturas externas entre 40 e 41 °C, a qual elevará a temperatura interna em torno dos 45 °C. Quando se deseja obter temperaturas interna menores, em torno de 40 °C, devemos atingir temperaturas em torno de 35 a 38 °C. Tratamentos de radiofrequência com temperaturas em torno de 37 a 38 °C estimulam a proteína HSP-46, que desnatura parcialmente o colágeno, causando, assim, ação fibrinolítica. A área a ser tratada deve ser dividida em tamanhos de quadrantes que permitam o deslizamento da ponteira na vertical e horizontal, geralmente um quadrante quatro vezes maior que a ponteira é o suficiente. O tempo de aplicação pode variar de acordo com a proposta terapêutica, mas, a partir de três minutos por área, mantendo a temperatura desejada constante já é suficiente para obter efeitos terapêuticos. Nos tratamentos de queloides, cicatrizes hipertróficas, fibroses de pósoperatório e FEG, Agnes (2013) orienta que a manutenção homogênea da temperatura em torno de 36 °C por um longo período e o constante contato da manopla com a pele garantem resultados satisfatórios. As sessões podem ser realizadas até duas vezes por semana no primeiro mês, após esse período, recomenda-se sessões a cada dez dias. 113 O resultado da radiofrequência no tratamento de estrias também é extremamente interessante. Visto que conseguimos tratar até mesmo estrias albas e nacaradas. Como todo tratamento que estimula o processo inflamatório tecidual, o intervalo entre as sessões deve ser de no mínimo quinze dias. A forma de aplicação consiste: Atingir temperatura próxima de 40 °C mantendo durante um tempo até que seja observado forte eritema (cor rosada homogênea intensa) em toda a região tratada. Para que isso ocorra, evite usar potência muito elevada, senão ficará impossível de controlar essa homogeneidade da cor. As primeiras respostas começam a serem visualizadas com a retração tecidual e aproximação das bordas das estrias. Jamais associar com peeling químico (AGNES, 2013, p. 297). Para tratamentos de gordura localizada, temperaturas em torno de 43 °C com a manopla monopolar tendem a ser mais interessantes, devido à manopla atingir aquecimento tecidual profundo. É importante salientar que a técnica deve ser executada com cautela, e sempre controlar a temperatura com o cronometro infravermelho. A radiofrequência é uma terapia contraindicada em casos de portadores de marca-passo, epilepsia gravidez, doenças cardíacas, diabetes descompassivas, neoplasias, estados infecciosos locais ou sistêmicos, isquemia, trombose e hemofilia. Aprofunde seus conhecimentos sobre radiofrequência assistindo a uma entrevista do Dr. Jones Agnes, em que ele ressalta a importância da biofísica e dos conhecimentos dos parâmetros da radiofrequência para tornar a prática clínica mais confiante e segura. Disponível em: https://bit.ly/3trrxze. IMPORTANTE 3.2 ULTRASSOM O ultrassom é um recurso terapêutico que utiliza ondas sonoras para gerar efeitos fisiológicos nos tecidos, através da aplicação de transdutores que contém em seu interior cristais piezelétricos. O aparelho utiliza energia elétrica para produzir ondas sonoras, estas ondas se propagam onde há maior concentração molecular, ou seja, onde as moléculas estiverem mais próximas umas das outras. Na fisioterapia dermatofuncional, utiliza-se ultrassom nas frequências de 1 MHz a 3 MHz. É importante utilizar um gel de contato como substância de acoplamento, pois ele tem a impedância acústica próxima à da pele e isso evita a reflexão da onda ultrassonora. A intensidade é medida por W/cm², normalmente é utilizada ente 0,8 W/ cm² a 1,5 W/cm². 114 Segundo Borges (2010), o uso do ultrassom terapêutico pode ser de acordo com o tempo de aplicação que varia entre três e cinco minutos por quadrante, sendo os quadrantes divididos pelo tamanho dos transdutores do aparelho e o tempo máximo de aplicação de 15 minutos por área. As ondas ultrassônicas causam vasodilatação pela agitação molecular, o que melhora o incremento celular, facilitando a retirada de catabólitos e a oferta de nutrientes. De acordo com Borges (2010), a micromassagem é um efeito fisiológico é responsável por quase todo os efeitos da terapia ultrassônica. Esses efeitos são obtidos tanto no modo contínuo ou pulsado. A micromassagem do tecido se deve a oscilações provocadas pele feixe ultrassônicos que o atravessa. Além disso o ultrassom gera aumento da permeabilidade da membrana celular, este efeito é a base para a fonoforese. Borges (2010) salienta que o aumento da permeabilidade da membrana é capaz de proporcionar alteração no potencial de membrana e aceleração dos processos osmóticos (difusão de partículas através da membrana plasmática). A agitação molecular promovida pelo ultrassom é chamada de cavitação, e esse é um dos efeitos mais fundamentados do ultrassom. De acordo com Borges (2010), consiste em oscilação de moléculas e células situadas no caminho do feixe da onda ultrassonica, estimulando a formação de bolhas cheias de ar/gás, que pode gerar dois tipos de cavitação: estável e instável. A cavitação, embora seja um efeito incrível e que permite aumento da temperatura tecidual, aumento da permeabilidade da membrana plasmática para a permeação de fármacos, não produz lipólise, como é algumas vezes afirmado dentre os profissionais da área. A Cavitação estável ocorre quando as bolhas oscilam de um lado para o outro das ondas de pressão do ultrassom, aumentam e diminuem o volumem, mas permanecem intactas. Esse efeito é considerado normal e desejável. A Cavitação instável ocorre quando o volume das bolhas se altera rápida e violentamente, então a bolha colapsa (implode) causando mudanças de temperatura podendo resultar em dano tecidual. Os efeitos da terapia ultrassônica derivam somente da cavitação estável (BORGES, 2010, p. 46). Contudo, hoje no mercado, são disponibilizados aparelhos de ultrassom que geram cavitação instável chamados de “lipocavitação”. Essa tecnologia faz uso da High Intensity Focused Ultrasond (HIFU) que emite uma onda ultrassônica focalizada de alta intensidade. Esses equipamentos possuem um transdutor em formato côncavo, 115 diferente dos transdutores de ultrassom terapêutico que são plainos, dessa forma, quando acionado, as ondas são direcionadas a um único ponto, causando, assim, a destruição dos tecidos internos. Os aparelhos com essa tecnologia fazem uso de frequência em torno de 200 kHz e potência de 17 W/cm², no modo pulsado.A frequência mais baixa favorece a penetração das ondas sonoras a fim de que a convergência destas até o interior dos tecidos proporcione o efeito lesivo desejado de forma localizada, onde se busca o rompimento da membrana dos adipócitos, diminuindo assim a espessura da gordura subcutânea (BORGES, 2010, p. 46). Os efeitos térmicos do ultrassom geram vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo e aumento da temperatura tecidual. Além desses efeitos, o ultrassom, promove diminuição tecidual fibrótica por sua ação tixotróprica e também estimula a angiogênese. É importante salientar que o tecido adiposo não tem uma impedância acústica boa, portanto, seus efeitos sobre a gordura localizada são poucos e não há evidências de lipólise. A melhor forma de associar o ultrassom terapêutico ao tratamento de gordura localizada é fazendo uso de sua ação tixotrópica para permear ativos (técnica chamada fonoforese). Outro efeito bastante controverso é o efeito fibrinolítico do ultrassom. A melhor forma de usar o ultrassom para esse objetivo é fazendo uso de outas terapias complementares, já que as fibroses muitas vezes são persistentes e demoradas de se tratar. O ultrassom terapêutico é contraindicado nos casos de: gravidez, neoplasias, varizes e tromboflebites, implante metálico, diabetes, diretamente sobre marca passo, feridas abertas, osteoporose e sobre área cardíaca. O ultrassom é um recurso muito utilizado nos protocolos e seus resultados são sempre positivos mas cabe ao fisioterapeuta a análise durante a anamnese e a entrevista com o paciente para obter informações relevantes que possam contraindicar o uso do ultrassom. 3.3 CORRENTE RUSSA Desenvolvida por Yakov Kots, na antiga União Soviética, na década de 1970. O objetivo era aumentar a massa muscular de astronautas que passavam muito tempo em programas espaciais e perdiam grande quantidade de massa. É uma corrente de média frequência de 2.500 Hertz, modulada a uma frequência de 50 Hz a 150 Hz, com bursts de 10 milissegundos De acordo com Borges (2010, p. 169, grifo nosso), “[…] a corrente russa pode ser definida como uma corrente alternada de média frequência (entre 2.500 Hz e 5.000 Hz), que pode ser modulada por bursts (rajadas) e é utilizada com fins excitomotores”. Promove contração muscular, tratando flacidez muscular e também promovendo drenagem linfática. 116 A corrente russa é uma corrente excitomotora, que trabalha a contração da musculatura esquelética. Nossos músculos são formados por dois tipos de fibras: as fibras de contração rápida (brancas) e as fibras de contração lenta (vermelhas). As fibras musculares esqueléticas variam no seu conteúdo de mioglobina, a proteína vermelha que liga o oxigênio às fibras musculares. Aquelas com altas concentrações de mioglobina são chamadas fibras musculares vermelhas, enquanto aquelas que possuem uma concentração baixa de mioglobina são chamadas fibras musculares brancas. As fibras musculares vermelhas também contêm mais mitocôndrias e são supridas por mais capilares sanguíneos do que nó fibras musculares brancas (TORTORA; NIELSEN, 2013, p. 345). A corrente russa é um recurso eletroterápico que estimula a contração de ambas as fibras, dependendo dos parâmetros do aparelho e do objetivo terapêutico desejado. A corrente russa é uma corrente quadrática, isto é, a dinâmica de propagação da corrente (o pulso) e o seu tempo de repouso, a modulação se trata das variáveis que estão relacionadas ao tempo e intensidade. Guirro e Guirro (2004) explicam que essas variáveis estão divididas entre: T(off) – repouso; subida; e, T(on) – sustentação; descida. Os parâmetros da modulação são baseados no objetivo terapêutico e na condição muscular dos grupos a serem trabalhados. Vale salientar que pessoas que praticam atividade física possuem a musculatura mais resistente e, portanto, toleram com tranquilidade uma sustentação prolongada. O fisioterapeuta deve manter cautela sempre que incluir a corrente russa como recurso de tratamento, segundo Guirro e Guirro (2004), os pulsos quadráticos são de maior risco para lesão muscular devido a todas as unidades motoras se contraírem instantaneamente até o limite máximo imposto pela amplitude. Segundo as análises de Borges (2010), contrações que duram dez segundos e um tempo de repouso de 30 segundos são ideais para o fortalecimento muscular sem causar fadiga. Outras análises demonstram que o tempo de contração de nome segundos associados com tempo de repouso de 27 segundos são suficientes para hipertrofia. Para tratamento de puérperas, Borges (2010) verificou que o resultado de seis segundos de estimulação associado a seis segundos de repouso reduziu a diástase abdominal. As rampas de subida e descida proporcionam uma eletroestimulação gradativa causando, assim, mais conforto para o paciente. As rampas de subida e descida variam entre um e cinco segundos. 117 A intensidade da corrente russa é medida em burts, ou rajadas, relacionados à amplitude da corrente. Na corrente russa a intensidade é de 50 burts por segundo, com intervalos de dez microssegundos. Segundo Borges (2010), quanto maior a intensidade, mais terminações nervosas serão acionadas, o que leva ao desconforto do paciente. Porém, se não for trabalhada no limiar de sensibilidade, a corrente russa acaba gerando comodidade e o resultado não será o desejado. Borges (2010, p. 181) diz assim: “Orientase o trabalho de eletroestimulação com a máxima intensidade de corrente tolerada, pois há uma dependência da intensidade da contração eliciada eletricamente com o ganho de força muscular”. O aparelho conta com canais de saída da corrente em frequências moduladas. Cada canal é composto por um par de fios – um com polaridade negativa (-) e outro com polaridade positiva (+) – que possuem terminações para encaixes de eletrodos. Os eletrodos são colocados sobre os grupos musculares, na parte proximal e distal dos músculos ou sobre pontos excitomotores. Os burts são programados no aparelho de acordo com a finalidade de tratamento e com a tolerabilidade do paciente. A corrente russa foi projetada para produzir bursts de corrente alternada modulada por tempo. Os bursts foram criados para permitir que uma corrente pulsada passe por alguns milissegundos; e depois deixe de passar por alguns milissegundos, em um ciclo de repetição. Os bursts são chamados também de “envelopes” ou “rajadas”, e correspondem aos pulsos de uma corrente pulsada, por isso, tanto dez bursts como dez pulsos individuais são capazes de causar contrações isoladas; entretanto, a percepção dos bursts é diferente daquela de pulsos individuais (BORGES, 2010, p. 183, grifos nossos). O tempo em que a corrente russa passa pelo tecido é chamado de ciclo do trabalho, e ele está relacionado com a intensidade dos burts e seus intervalos. Geralmente é fornecido por porcentagens. A maioria dos aparelhos possuem um ciclo de trabalho em 50%, mas existem aparelhos com ciclos e 20%, 33%, 40, 50%. Para fins estéticos, geralmente opta-se pelo ciclo de 50%, enquanto para pacientes em fase de recuperação, recomenda-se o ciclo em torno de 20% A corrente russa está contraindicada nos casos de lesões nervosas, miopatias, lesões musculares, inflamações articulares, portadores de marca-passo, portadores de placas metálicas, diabéticos, hipertensos, cardíacos e outros. A frequência modulada para trabalhar fibras vermelhas (fortalecimento muscular), pode ser programada entre 20 e 30 Hz, em contrapartida, para se trabalhar as fibras brancas (hipertrofia) trabalhamos com parâmetros entre 50 e 150 Hz. A corrente russa está contraindicada nos casos de inflamações teciduais e articulares, lesão muscular, fraturas, miopatias. 118 4 ANEXOS CUTÂNEOS Os anexos cutâneos também recebem tratamentos eletroterápicos, principalmente os pelos e as unhas, visto que são estruturas que remetem a feminilidade e por isso, os cuidados e embelezamento dos anexos cutâneos estão sempre dentro das abordagens terapêuticas da fisioterapia dermatofuncional. Dentre os recursos eletroterápicos mais utilizados para tratar os anexoscutâneos, encontramos a Luz Intensa Pulsada e o laser para depilação definitiva e a alta frequência, que é muito empregada para tratar infecções ungueais e do couro cabeludo. 4.1 ALTA FREQUÊNCIA A alta frequência, como foi mencionada nos recursos eletroterápicos usados em tratamento facial, produz ozônio quando em contato com a superfície da pele. O ozônio possui grande propriedade bactericida e fungicida, além de promover a cicatrização dos tecidos lesionados devido a sua corrente de alta frequência cauterizar a pele. Dessa forma, a alta frequência é indicada para qualquer infecção ou lesão nas unhas e no couro cabeludo. Seu efeito fungicida é muito eficaz no tratamento de onicomicose e nos casos de unha encravada, após a retirada da lâmina, deve ser realizada a aplicação para evitar possíveis infecções e auxiliar o processo de cicatrização. O eletrodo utilizado nas unhas se chama cachimbo, devido ao seu formato feito para encaixar o dedo dentro do eletrodo. Nos cabelos, a alta frequência pode ser utilizada para tratamento de seborreia e dermatite seborreica, devido ao seu alto poder fungicida, além disso, também pode ser utilizada para tratar pediculose, que atinge principalmente as crianças. Para a aplicação no couro cabeludo fazemos uso do eletrodo pente. As contraindicações são as mesmas citadas anteriormente. 4.2 LUZ INTENSA PULSADA – PELOS A Luz Intensa Pulsada (LIP) emite luz em vários feixes, por isso é chamada de policromática, ou seja, o aparelho emite vários feixes de luz com tamanhos de ondas diferentes, e por isso a energia é dispensada pelo tecido, necessitando, assim, fazer uso de filtros que garantem que o máximo de energia penetre na profundidade de tecido desejável. Dessa forma o aparelho é interessante para tratar diversas disfunções estéticas, mas seu uso deve ser feito sempre com muita cautela. 119 Para realizar a fotodepilação é necessário fazer uma depilação com lâminas de barbear, pois, o pelo deve estar rente à pele para que os feixes de luz se direcionem ao folículo piloso e não dispersem sobre a pele. O procedimento precisa ser realizado com a aplicação de gel de contato que protege a pele de possíveis queimaduras, e ajuda a absorção dos feixes de luz. Pacientes com pele mais escura ou áreas de tratamentos pigmentadas, exigem cuidados especiais na hora da utilização da LIP. Nesses casos, o laser costuma ser mais indicado que o LIP, devido ao fato de conseguir focar somente no pelo, sem atingir a pele ao redor e, com isso, minimizando os riscos do surgimento de manchas. O aparelho possui diversos filtros que são encaixados na ponteira do equipamento fazendo com que as ondam alcancem menos propagação. Para o procedimento de fotodepilação, são usados filtros de 690 a 775 nm. Os disparos devem ser feitos primeiramente no sentido vertical em toda a área de tratamento, depois deve ser repetido no sentido horizontal. Os intervalos entre as sessões variam de seis a oito semanas. As contraindicações são: gravidez, melasma, herpes ativa e uso de Roacutam. 4.3 LASER – PELOS A epilação com laser é um recurso terapêutico muito procurado nas clínicas de estética, pois esse tipo de epilação promove uma destruição da matriz do pelo, o que permite uma epilação mais duradora e até mesmo definitiva. Os lasers utilizados no marcado brasileiro são feitos de rubi, alexandrita ou de diodo e são monocromáticos, ou seja, emitem a luz num único feixe de luz. O alvo da luz do laser é o cromófago algo – a melanina. A melanina que o laser atinge é a do pelo e não da epiderme. Conforme os diferentes comprimentos de onda haverá uma maior ou menor absorção pelo cromóforo alvo e determinada profundidade de penetração e atuação na pele. Quanto maior o comprimento de onda, maior a penetração. Para atingir pelos que são mais profundos, por exemplo, precisamos de comprimentos maiores que cheguem até a derme reticular (AGNES, 2013, p. 383). A temperatura ideal para que danifique o folículo piloso é de 60 °C, outro fator importante é o tempo de duração do pulso que deve ser suficiente para lesionar o alvo, mas não promover danos nos tecidos próximos, esse tempo depende do diâmetro do pelo. Fototipos mais claros podemos selecionar durações de pulsos mais curtas, como 30 ms. Essas durações de pulsos tornarão o tratamento mais agressivo, portanto, devemos utilizá-las somente em fototipos mais baixos; Já-em fototipos mais altos, onde existe uma maior concentração de melanina na epiderme, devemos utilizar durações de pulsos longas em 100 e 400 ms (AGNES, 2013, p. 385). 120 O consultório ou a sala de atendimento devem estar resfriados, alguns aparelhos deverão ser utilizados com gel de contato como meio de acoplamento. Devese dividir a área a ser trabalhada em quadrantes, e cada quadrante receberá um disparo pressionando a ponteira do aparelho contra a pele, para não ocorrer nenhuma lesão nos tecidos cutâneos. As sessões deverão ser feitas com intervalos de seis a oito semanas. Quanto às contraindicações da aplicação do laser, podemos citar: gravidez, herpes ativos, tratamento com Roacutam. 121 PARÂMETROS DE MODULAÇÃO NA ELETROESTIMULAÇÃO NEUROMUSCULAR UTILIZANDO CORRENTE RUSSA – PARTE 1 Fábio dos Santos Borges Fabiana Barroso de Souza José Tadeu Madeira de Oliveira Alexsander Roberto Evangelista Modulação Modulação é uma variação ordenada dos ajustes empregadas nos equipamentos, com o objetivo de obter a máxima eficácia quanto aos resultados pretendidos. As modulações mais comuns nos diversos aparelhos de eletroestimulação giram em torno dos ajustes de intensidade de corrente (amplitude), rampas de subida (rise) e descida (decay), duração (largura) de pulso, frequência portadora e modulada, ciclo (duty cicle), sustentação e repouso (tempo ON e tempo OFF), forma de onda etc. Nos equipamentos de corrente russa (principalmente os fabricados no Brasil) as modulações normalmente encontradas são os ajustes de intensidade, que se constitui na escolha da saída de corrente (quantidade de fluxo de elétrons) em miliamperes, para o eliciamento da contração muscular; as modulações de rampa de subida e de descida, que são aumentos ou diminuições cíclicos e sequenciais que podem ocorrer na largura do pulso, mas que são característicos da intensidade (amplitude); a frequência modulada, que é utilizada para diferenciar as unidades motoras que se objetiva priorizar na estimulação; a frequência portadora, que se caracteriza pela frequência da corrente introdutória do estímulo excitomotor; a sustentação e o repouso, caracterizados pelo tempo que a corrente é transmitida para os tecidos, assim como deixa de fazê-lo; e o modo de estimulação relacionado ao regime de saída de corrente nos canais, onde se pode optar, por exemplo, pela saída de corrente em todos os canais ao mesmo tempo, pela saída em apenas um grupo de canais alternadamente com outro grupo de canais etc. Corrente russa O termo, corrente russa, foi aplicado aos eletroestimuladores com uma saída de corrente de onda senoidal com uma frequência portadora de aproximadamente 2.500 a 5.000 Hz, modulada de forma a produzir 50 bursts por segundo (bps). Essa forma de estimulação foi promovida comercialmente como “estimulação russa”; LEITURA COMPLEMENTAR 122 Segundo Hooker, atualmente, existem duas formas de ondas básicas na corrente russa: uma onda senoidal e um ciclo de onda quadrada com um intervalo intrapulso fixo. Entretanto, encontramos também em grande parte dos aparelhos fabricados no Brasil outras formas de onda empregadas comumente em aparelhos de TENS e FES (Eletroestimulação Funcional), principalmente pulsos bifásicos assimétricos, com uma fase triangular e outra retangular. Isto nos parece uma estratégia mercadológica de construção de aparelhos, pois para a indústria é mais interessante comercialmente dispor aos seus clientes um aparelho de corrente russa que venha construído também com o TENS e o FES. Para isto aproveitam a construção de circuitos eletrônicos já consagrados em sua formatação para TENS/FES e adicionam o modo estimulação russa utilizando a mesma formade onda bifásica assimétrica. Delitto e Rose fizeram uma avaliação do conforto relativo entre três formas de onda diferentes (triangular, sinusoidal e quadrada), produzidas por aparelhos de corrente russa (2500 Hz, com 50 bursts por segundo) e descobriram que a percepção de um indivíduo para o desconforto muda enquanto a forma de onda de estimulação varia, e que as “preferências individuais” existiam para cada forma de corrente. Outras pesquisas mostraram resultados semelhantes quando compararam a corrente russa (onda senoidal de 2.500 Hz, com 50 bursts por segundo) com corrente “pulsada única”. Os pesquisadores concluíram que os indivíduos preferiram as formas de onda pulsada únicas. Existem no Brasil, por questões meramente comerciais, empresas e fisioterapeutas que fazem distinção acerca da terminologia “corrente russa” e “estimulação russa”, apregoando que a corrente original utilizada nos trabalhos de Kots, que utilizava 50 burst/s de frequência modulada, foi denominada de corrente russa, e que hoje com o advento de pesquisas acerca da eletroestimulação neuromuscular, o que suscitou o surgimento de aparelhos com parâmetros de frequência modulada variando de 1 até 100 Hz, a corrente passou a se chamar estimulação russa. Tempo de contração (ON Time ou Tempo ON) e de repouso (OFF Time ou Tempo OFF) Podemos modular o tempo em que a corrente passa para os tecidos, assim como o tempo em que ela cessa sua passagem. ON Time ou Tempo ON é o tempo em que um trem de pulsos ou uma série de bursts é fornecido em uma aplicação terapêutica, ou seja, quando há a contração muscular. OFF Time ou Tempo OFF é o tempo entre trens de pulsos ou uma série de bursts, ou seja, é quando cessa a contração muscular. Normalmente encontramos nos aparelhos fabricados no Brasil, parâmetros que giram em torno de 1 a 30 minutos (as vezes até 60 minutos). Este tipo de modulação está revestido de uma importância muito grande, pois se constitui num dos principais pontos dos diversos protocolos utilizados em prática clínica, assim como em pesquisas. 123 Entretanto, verificamos através da literatura e também pela utilização clínica, que a eleição do tempo de contração (T. ON) e de repouso (T. OFF) está associada a alguns fatores como, por exemplo, o condicionamento da musculatura que está sendo estimulada, o processo de agudização ou cronificação da doença, a qualidade tecnológica de construção do estimulador, e das experiências pessoais do fisioterapeuta. Portanto verificamos, apesar de existirem alguns relatos baseados em pesquisas, que esses parâmetros de modulação são extremamente pessoais em relação ao profissional que está atuando terapeuticamente. Em 1971 Kots e Xvilon utilizaram, com a corrente russa, um protocolo chamado de regime “10/50/10”, que correspondia a dez segundos de tempo “ON”, 50 segundos de tempo “OFF”, e um tempo total de dez minutos por sessão. Eles concluíram que um tempo “ON” máximo de dez segundos com um tempo “OFF” de 50 segundos eram desejáveis para que não ocorresse fadiga durante a eletroestimulação (caracterizada por uma diminuição do torque). Também por esse motivo, Brasileiro et al. mencionaram, baseando-se na literatura, um tempo ON de 60 seg. e um tempo OFF de dez segundos. como ideais. Snyder-Mackler et al. verificaram fortalecimento de quadríceps com dez segundos ligado e dois minutos em repouso. Borges e Valentin utilizaram seis segundos de contração eletro estimulada com 6 segundos de OFF time em músculo reto-abdominal de puérperas com 15 dias pós-parto. Evangelista et al. utilizaram nove segundos de ON time por nove segundos de OFF time em região abdominal de voluntárias sadias. Em ambos os estudos não houve sinais de fadiga. Verificamos através dos relatos, uma variedade de protocolos condicionando o tempo de contração e de repouso a diversos fatores. Rampa de subida (Rise) e descida (Decay) A rampa determina um aumento ou diminuição gradativa da duração de pulso, da amplitude de pulso, ou ambos, dentro de um determinado período de tempo, variando normalmente de um a cinco segundos, permitindo assim um aumento ou diminuição gradual da contração muscular. O aumento progressivo da carga do pulso é chamado de rampa de subida ou Rise, e a diminuição gradual da carga até o fim do tempo ON é chamada de rampa de descida ou Decay. No passado, as modulações de rampa eram referidas como tempo de transição e tempo de queda. Contudo, esses dois termos são usados hoje para descrever características de pulso único, não as variações nas características de uma série de pulsos. A rampa tem como função dar um aspecto mais fisiológico à contração eletro estimulada, pois diferentemente das correntes sem rampas, ditas correntes de pulso brusco, a contração inicia e termina de forma abrupta, proporcionando desconforto e receio ao paciente, pois em algumas vezes ele se assusta quando a corrente se inicia ou termina. 124 Segundo Robinson, em aplicações visando à estimulação neuromuscular, a inclusão de uma rampa de subida no bordo anterior de um trem de pulsos leva em conta o restabelecimento gradual das fibras do nervo motor e sucessivamente o aumento gradual na contração muscular, resultando no aumento suave da força contrátil do músculo. Este início gradual de estimulação produz contrações musculares que, copiam com mais rigor aquelas produzidas nas atividades funcionais durante a contração muscular voluntária e o início gradual tem um caráter mais confortável para o indivíduo submetido à estimulação. Os aparelhos que permitem o controle manual das rampas de subida e descida, na qual o fisioterapeuta pode eleger os tempos de cada uma delas independentemente do tempo ON, são considerados clinicamente superiores aos outros aparelhos, nas quais o tempo de rampa é parte integrante do tempo ON. Na prática clínica, muitas vezes quando se ajusta a rampa de subida, adota-se o mesmo valor para a rampa de descida (isso muitas vezes é imposto pelo design eletrônico do aparelho). Normalmente, utiliza-se três segundos de rampa de subida em início de tratamento visando dar conforto e segurança ao paciente que está se submetendo pela primeira vez a um tipo de sensação, para muitos, desagradável. Com a adaptação do paciente ao estímulo e a confiança na terapêutica os valores de rampa de subida normalmente passam para dois segundos. O uso de dois segundos de rampa de descida tem se estabelecido como usual na prática clínica na maioria dos protocolos. Intensidade (amplitude) Os controles de amplitude de corrente são rotulados de “intensidade” ou “voltagem” e num determinado aparelho os números expressos no controle de emissão de corrente, variando de 1 a 10, por exemplo, indicam o nível de saída de estimulação do mais baixo ao mais alto. A amplitude de corrente adotada nos diversos protocolos para a corrente russa está condicionada aos parâmetros de modulação encontrados nos vários tipos de aparelho e à forma de trabalhar de cada profissional. Quanto aos aparelhos, os analógicos possuem escalas numéricas que não informam a dosagem ótima (em miliamperagem) que está sendo empregada (estas informações, na maioria das vezes, não constam nem nos manuais técnicos dos aparelhos). Já os aparelhos com displays digitais, microcontrolados ou microprocessados, normalmente informam a quantidade de corrente que está sendo empregada no eliciamento da contração muscular. Apesar da possibilidade de encontrarmos um tipo ou outro, sabe-se que a corrente é calculada em Coulomb/ segundo, na qual Coulomb é a unidade de medida da carga elétrica e um segundo representa o intervalo de tempo no qual se calcula o fluxo da corrente. A média da quantidade de fluxo de corrente em um segundo é uma corrente média chamada de RMSA. Um excesso de corrente RMSA pode causar lesão, enquanto uma corrente RMSA insuficiente não eliciará a resposta fisiológica esperada. 125 Na prática clínica deve se utilizar uma densidade de corrente RMSA mais baixa capaz de produzir a resposta fisiológica desejada. Uma corrente desnecessariamente alta aumenta o desconforto do pacientee diminui a eficiência do estimulador. No entanto, na corrente russa a corrente RMSA (cerca de 50-100 mA), é sempre igual a aproximadamente 70% da corrente de pico. E para se reduzir a saída desta corrente RMSA, o fabricante da corrente russa escolheu uma forma de onda senóide modulada em tempo, 50 bursts por segundo, criando um intervalo interbursts de 10 ms. Esses bursts reduzem um pouco a corrente RMSA e permitem que se aumente a amplitude e, portanto, a carga da fase, fazendo com que se consiga uma estimulação motora muito intensa. Embora haja relatos associando a intensidade da contração estimulada com a força ganha, na prática clínica, algumas vezes nos deparamos com queixas de dor, vindas do paciente, durante a eletroestimulação com doses de intensidade mais altas. Isto muitas vezes acontece em virtude do aumento excessivo da amplitude da corrente diante de pouca ou nenhuma contração muscular. Quanto a isso, deve-se observar, por exemplo, se há uma grossa camada de gordura subcutânea, muito comum nos tratamentos da fisioterapia dermatofuncional, onde as áreas mais trabalhadas são as regiões glútea e abdominal. Neste caso a gordura atuaria como “isolante” para corrente elétrica, dificultando sua chegada até os tecidos excitáveis. Orienta-se deslocar os eletrodos para as regiões mais excitáveis na pele (ponto motor ou emergência nervosa) ou modificar a técnica de aplicação (tamanho e/ ou tipo dos eletrodos, meio de acoplamento dos eletrodos, modulação dos parâmetros de eletroestimulação etc.). Segundo Robinson há três maneiras comuns de estimulação para serem coordenadas quando vários canais, por exemplo, são aplicados em uma única abordagem terapêutica. Primeiro, o aparelho pode ser ajustado para que todos os canais forneçam estimulação ininterrupta (sem OFF Time) para todo o período de tratamento. Este padrão de estimulação é geralmente chamado de modo de estimulação contínuo (bastante utilizado para protocolos visando analgesia). A segunda, maneira se dá pelo fato de muitos aparelhos poderem ligar e desligar a saída de corrente para todos os canais ao mesmo tempo. A corrente é emitida pelos canais, durante um período, de acordo com o ajuste do tempo ON, e consequentemente cessa, em todos os canais, por um período de acordo com o ajuste do tempo OFF. Esse modo de estimulação é chamado de modo sincrônico (sincronizado), simultâneo ou interrompido, e é empregado normalmente para estimulação de músculos ou grupamentos musculares isolados. A terceira maneira na qual a saída de corrente é regulada através dos canais é alternar a estimulação entre grupos de canais, ou seja, um grupo de canais permite a saída de corrente enquanto outro grupo de canais está desligado e vice-versa. Esse padrão de estimulação em dois canais é geralmente chamado de modo alternado ou 126 recíproco. Este modo permite o recrutamento de músculos agonistas e antagonistas de um membro, ou a estimulação, num mesmo momento, de músculos localizados em segmentos corpóreos distintos (Ex.: estimulação dos quadríceps, de ambos os membros, num mesmo momento). Alguns aparelhos fabricados no Brasil apresentam apenas o modo sincronizado. Isto limita a aplicação terapêutica da eletroestimulação neuromuscular, pois os grupamentos musculares serão estimulados todos ao mesmo tempo, podendo produzir contrações de agonistas e antagonistas ao mesmo tempo, ou tornando a contração muscular pouco fisiológica. Além disto, nos tratamentos de fisioterapia dermatofuncional, em que normalmente são estimulados vários músculos ao mesmo tempo, se houver a contração muscular associada à movimentação articular, pode parecer um ato esdrúxulo pelo fato de várias articulações estarem se movimentando ao mesmo tempo. Existe ainda um outro padrão de saída de corrente nos canais, comumente encontrado nos aparelhos destinado à terapêutica de fisioterapia dermatofuncional, tendo como principal indicação a drenagem de líquidos. Neste tipo de aparelho, no qual existem vários canais (seis, oito, dez e até mais), a corrente é emitida num canal, em seguida no canal vizinho (após cessar a saída de corrente no canal anterior), a seguir no próximo canal, e assim sucessivamente. Este tipo de estimulação é chamado de estimulação sequencial. Embora não tenhamos encontrado relatos científicos comparando a drenagem linfática provida manualmente com a obtida através da eletroestimulação sequencial, há um consenso dos profissionais que se valem da drenagem linfática para a mobilização de líquidos de que esta manobra provida por aparelhos de eletroestimulação é muito menos eficaz que a manobra feita manualmente. FONTE: BORGES, F. dos S. et al. Parâmetros de modulação na eletroestimulação neuromuscular utilizando corrente russa – parte 1. Revista Fisioterapia Ser, Rio de Janeiro, ano 2, n. 1, jan./ mar. 2007. Disponível em: https://bit.ly/3uhtbTu. Acesso em: 19 fev. 2022. 127 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A radiofrequência é um método relativamente moderno e tem apresentado resultados bastante satisfatórios no tratamento de flacidez da pele, fibroses de pós-operatório e redução de gordura localizada. • A agitação molecular promovida pelo ultrassom terapêutico é chamada de cavitação, e consiste em oscilação de moléculas e células situadas no caminho do feixe da onda ultrassônica, estimulando a formação de bolhas cheias de ar/gás, que podem gerar dois tipos de cavitação: estável e instável. • Na estética, faz-se uso da radiofrequência não ablativa, ou seja, sua ação atinge tecidos internos como a derme e o tecido subcutâneo causando uma inflamação, porém, sem lesionar a epiderme para tal efeito. • A corrente russa é uma corrente excitomotora que trabalha a contração da musculatura esquelética. A corrente russa é um recurso eletroterápico que estimula a contração de ambas as fibras, dependendo dos parâmetros do aparelho e do objetivo terapêutico desejado. 128 1 Dentre os recursos eletroterápicos, a radiofrequência proporciona um tratamento que produz energia eletromagnética, gerando efeito térmico na pele e no tecido subcutâneo. Esse método é comprovado como um dos melhores nas respostas terapêuticas, em que se engloba a maioria das disfunções estéticas. Sobre os efeitos da radiofrequência, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Vasodilatação, aumento da circulação sanguínea e aporte de nutrientes, oxigênio e retorno de catabólitos, neocolagênese, reorganização das fibras colágenas e lipólise. b) ( ) Aumento da pespiração, vasodilatação, aumento das atividades peristálticas, neocolagênese e aumento da circulação sanguínea e linfática. c) ( ) Vasodilatação, aumento da produção sebácea, angiogênese, lipólise e aumento da nutrição tecidual. d) ( ) Aumento da circulação sanguínea, vasoconstrição, aumento da pespiração, lipólise e reorganização das fibras colágenas. 2 Na aplicação da radiofrequência, o paciente produzirá o efeito térmico, pois a manopla que libera corrente elétrica é aplicada sobre sua pele. A corrente elétrica passa de um campo positivo (+) para um negativo (-), fechando, assim, o campo elétrico apenas no paciente. Com base nas definições do efeito térmico da radiofrequência, analise as afirmativas a seguir: I- Dizer que a radiofrequência promove calor é um termo equivocado que muitas vezes é propagado nos veículos de comunicação, nos eventos promovidos por fabricantes e em alguns artigos científicos. O que de fato ocorre, é que quando em contato com um determinado tipo de tecido biológico, a radiofrequência promove o aumento de sua temperatura tecidual. II- Quando se submete a pele à emissão da radiofrequência, ela responderá de modo contrário ao calor, ou seja, a pele responderá com retração promovendo efeito benéfico contra a flacidez. III- O calor e a temperatura são correspondentes, isto é, quando a temperatura aumenta o objeto incide mais calor, no meio celular as respostas é a mesma. Assim, entendemos perfeitamente que o calor da radiofrequência estimula a formação de novas fibras de colágeno. AUTOATIVIDADE 129 Assinalea alternativa CORRETA: a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas. b) ( ) Somente a afirmativa II está correta. c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas. d) ( ) Somente a afirmativa III está correta. 3 Devido ao potencial de elevação da temperatura tecidual, a radiofrequência deve ser monitorada constantemente quando em contato com a pele do paciente. Esse monitoramento ocorre por meio de um termômetro infravermelho que afere a temperatura externa da pele. De acordo com os princípios sobre temperatura, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Tratamentos de radiofrequência em torno de temperaturas de 45 °C HSP-46 que desnatura parcialmente o colágeno, causam, assim, a ação fibrinolítica. ( ) A proteína HSP-47 é responsável por estimular a atividade dos fibroblastos, sendo que a resposta a esse estímulo é o aumento da produção de novas fibras de colágeno, ou neocolagênese. A radiofrequência aplicada em temperaturas em torno de 40 a 42 °C estimulam essa proteína ( ) Nos tratamentos de queloides, cicatrizes hipertróficas, fibroses de pós-operatório e FEG, a manutenção homogênea da temperatura deve ser em torno de 38 °C. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V - F - F. b) ( ) V - F - V. c) ( ) F - V - F. d) ( ) F - F - V. 4 O ultrassom terapêutico é um recurso de valor acessível, e que promove resultados muitos satisfatórios nos protocolos de estética corporal, sendo seu modo de ação a propagação de ondas sonoras nos tecidos biológicos causando efeitos fisiológicos nos tecidos. Na fisioterapia dermatofuncional, seu principal efeito é a cavitação. Disserte sobre o conceito de cavitação e quais os tipos gerados pelo ultrassom. 5 A corrente russa é uma terapia recente, meados 1980, quando os astronautas soviéticos utilizaram uma forma de corrente de média frequência para estimular a musculatura que ficava hipotônica/hipotrófica por causa da ausência de força da gravidade. O seu objetivo sempre foi fortalecer a musculatura e proporcionar hipertrofia. Disserte sobre o conceito de modulação da corrente russa. 130 REFERÊNCIAS AGNES, J. Eletrotermofototerapia. Santa Maria: o Autor, 2013. BORGES, F. dos S. Dermatofuncional: modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. 2. ed. São Paulo: Editora Phorte, 2010. BORGES, F. dos S. et al. Parâmetros de modulação na eletroestimulação neuromuscular utilizando corrente russa – parte 1. Revista Fisioterapia Ser, Rio de Janeiro, ano 2, n. 1, jan./mar. 2007. Disponível em: https://bit.ly/3uhtbTu. Acesso em: 19 fev. 2022. GUIRRO, E. C. O.; GUIRRO, R. R. J.; Fisioterapia dermatofuncional: fundamentos, recursos, patologias. 3. ed. Barueri: Manole, 2004. KEDE, M. P. V.; OLEG, S.; Dermatologia Estética. São Paulo: Editora Atheneu, 2004. TORTORA. G. J.; NIELSEN, M. T. Principles of human anatomy. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. UGOLINE, B.; Fundamentos da cosmetologia. Curitiba: Universidade Positivo, 2017. E-book. 131 TÓPICOS ESPECIAIS EM FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer a importância e formas de atuação da fisioterapia dermatofuncional no pré, trans e pós-operatório de cirurgias plásticas, reconstrutivas e bariátricas; • conhecer os parâmetros de uso racional de substâncias e medicamentos pelo fisioterapeuta; • conhecer os procedimentos injetáveis que podem ser realizados pelo fisioterapeuta; • conhecer a importância e formas da atuação da fisioterapia dermatofuncional em pacientes queimados. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO PRÉ, TRANS E PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS PLÁSTICAS, RECONSTRUTIVAS, BARIÁTRICAS TÓPICO 2 – SUBSTÂNCIAS E/OU MEDICAMENTOS UTILIZADOS PELO FISIOTERAPEUTA TÓPICO 3 – PROCEDIMENTOS INJETÁVEIS REALIZADOS PELO FISIOTERAPEUTA TÓPICO 4 – FISIOTERAPIA EM PACIENTES QUEIMADOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 132 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 3! Acesse o QR Code abaixo: 133 TÓPICO 1 — ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO PRÉ, TRANS E PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS PLÁSTICAS, RECONSTRUTIVAS, BARIÁTRICAS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos a atuação da fisioterapia no pré, trans e pós-operatório de cirurgias plásticas, reconstrutivas e bariátricas. Atualmente, o cenário de buscas de padrões esteticamente prefeitos tem crescido cada vez mais. As frequentes queixas de caráter estético fazem com que os indivíduos busquem mais por cirurgias plásticas, como lipoaspiração, abdominoplastia, ritidoplastia, mamoplastia de aumento, entre outras. Além das cirurgias estéticas, existem também as provenientes de cenários patológicos, como do câncer de mama, este tipo de cirurgia, além da necessidade, muitas vezes focada no tratamento, também pode ser complementada com cirurgias reparadoras e até mesmo com a finalidade estética, de modo a propiciar à paciente a reconstrução da mama (prótese mamária) que lhe foi retirada. Dessa forma, a fisioterapia dermatofuncional vem ganhando mais e mais espaço, sendo pertinente destacar que, o fisioterapeuta é capaz de atuar nos cuidados pré e pós-operatório de qualquer intervenção cirúrgica, seja ela estética ou não. A Resolução Coffito nº 362/2009 reconheceu a especialidade da fisioterapia dermatofuncional e, a partir daí, esse profissional ganhou ainda mais espaço na área, principalmente pela utilização de suas técnicas e procedimentos de preparação para a intervenção cirúrgica e aceleração do processo de recuperação, com o objetivo de controlar e prevenir complicações que sejam comuns do procedimento cirúrgico. 2 O PAPEL DA FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL NOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS A fisioterapia dermatofuncional está em evidência no que diz respeito aos cuidados pré e pós-operatório de cirurgias. A eficácia de uma cirurgia plástica ou reparadora está atrelada não apenas aos cuidados do médico cirurgião, mas também aos do fisioterapeuta, que tem uma participação fundamental nesse processo (GUIRRO; GUIRRO, 2003). 134 A atenção prestada no pré e pós-operatório é fator crucial para o sucesso da recuperação cirúrgica, a fim de evitar ou minimizar potenciais complicações. Nesse contexto, o fisioterapeuta tem atuação de destaque. O fisioterapeuta busca se fundamentar em conhecimentos científicos fidedignos para atuar com sucesso no pré e pós-operatório e, consequentemente, prevenir e/ou tratar respostas sobrevindas das cirurgias, incluindo formação de fibroses cicatriciais, hematomas e edemas. Nesse sentido, examinaremos sua atuação em mamoplastia, mastectomia, lipoaspiração, abdominoplastia, ritidoplastia e cirurgia bariátrica. A mamoplastia é a intervenção cirúrgica mais comum em todo o mundo, geralmente subdividida em mamoplastia de aumento (como a colocação de silicones), redutora ou de correção. As três opções cirúrgicas visam proporcionar ao paciente equilíbrio em termos de volume e forma, sendo importante ressaltar que cada paciente deve ser avaliado individualmente. No procedimento da mamoplastia, o fisioterapeuta dermatofuncional atua de forma a prevenir o risco de encapsulamento das próteses mamárias colocadas, sendo esta a mais importante complicação das próteses. É nesse contexto que o fisioterapeuta tem sua ação mais assídua (GUIRRO; GUIRRO, 2003). FIGURA 1 – PRÓTESE DE SILICONE FONTE: <https://shutr.bz/3iukn6Y>. Acesso em: 28 fev. 2022. A mastectomia é uma intervenção cirúrgica, que busca tratar sequelas significativas do câncer de mama. Esse tipo de câncer é uma patologia complicada, geralmente de evolução lenta, mas em alguns casos sua evolução pode ser mais avançada. Trata-se de uma doença sistêmica, que invade vários órgãos. Uma forma de tratamento comumente utilizada é mastectomia. 135 FIGURA 2 – MASTECTOMIA FONTE: <https://shutr.bz/3tuM9XE>.Acesso em: 28 fev. 2022. A mastectomia visa a retirada das células malignas, promovendo um controle local do câncer. Porém, pode originar dificuldades físicas imediatas ou tardias, como diminuição de amplitude de movimento, principalmente do ombro e do cotovelo, linfedema, fraqueza muscular, dor, parestesia, alterações sensoriais e funcionais homolaterais à cirurgia, colocando em risco as atividades cotidianas da paciente. Portanto, é frente a essas limitações e sequelas que o fisioterapeuta dermatofuncional deve basear seu tratamento. Além da especialidade dermatofuncional, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito) reconhece, por meio da Resolução nº 397, de 3 de agosto de 2011, a especialidade de fisioterapia oncológica, que pode ser somada aos cuidados e tratamento de pacientes pós-mastectomia. IMPORTANTE Atuando junto a pacientes com reconstrução de mama após procedimentos cirúrgicos do tipo mastectomia, o fisioterapeuta dermatofuncional terá sua ação voltada a amenizar fibroses teciduais, dificuldades de cicatrização e restrições de movimento em membro superior ipsilateral (ALTOMARE, 2020). Por sua vez, a lipoaspiração, também chamada de lipossucção, é uma cirurgia que visa o remodelamento corporal a partir da remoção de excesso de tecido adiposo localizado em regiões específicas. A técnica cirúrgica envolve pequenas incisões, através das quais, cânulas são inseridas para aspirar a gordura por meio de pressão negativa. Na lipoaspiração, o fisioterapeuta atua intensamente com o objetivo de evitar e minimizar complicações do tipo seroma e fibrose, que são as mais esperadas nessa intervenção cirúrgica. 136 FIGURA 3 – LIPOASPIRAÇÃO FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/surgical-liposuction-tummytuck-1145609078>. Acesso em: 28 fev. 2022. Já a abdominoplastia, também conhecida como lipectomia abdominal, busca a correção funcional e estética dos músculos abdominais, que podem ter sido afetados por gestações múltiplas, efeito sanfona (engordar e emagrecer), extenso emagrecimento e excesso de gordura localizada em abdome. Frente à abdominoplastia, o fisioterapeuta dermatofuncional atua junto a uma equipe interdisciplinar. Após a cirurgia, além de cuidados fisioterapêuticos envolvendo uso de meias compressivas e realização contínua de drenagem linfática, o paciente pode vir a necessitar de medicações para complementar o tratamento, e nesse cenário surge a interdisciplinaridade com o médico e o farmacêutico (LEDUC; LEDUC, 2007). Como a abdominoplastia apresenta incisão cirúrgica, a cicatrização pode apresentar tamanhos variáveis, dependendo da localização e do excesso de tecido removido. O comportamento de cada cicatriz é imprevisível e depende de como cada organismo reage, podendo ocorrer alterações como queloides, cicatrizes hipertróficas, alargamento, depressão, retração e escurecimento (ALTOMARE, 2020). A ritidoplastia consiste na realização de um lifting facial a fim de atenuar os sinais do envelhecimento, como a flacidez tissular e a ptose do tecido cutâneo. Após a intervenção, o paciente apresentará edemas, hematoma, alteração sensorial e algum grau de dor. Sendo assim, o fisioterapeuta atuará buscando atenuar essas queixas, recorrendo, sobretudo, à drenagem linfática (LEDUC; LEDUC, 2007), e a recursos eletroterapêuticos (PEREIRA, 2019). 137 A cirurgia bariátrica é destinada a pessoas obesas. Nesta cirurgia, é feita a redução do estômago, o que força uma grande perda de peso em razão da pouca ingestão de alimento e da redução de absorção de vitaminas. No caso da cirurgia plástica de abdome após cirurgia bariátrica, em função da sobra de pele ocasionada pela perda significativa de peso, é possível que o cirurgião plástico precise fazer uma incisão extra, causando uma cicatriz em formato de âncora, bem maior do que a incisão realizada na abdominoplastia clássica ou na mini abdominoplastia, o que vai depender da quantidade de excesso de tecido. Os cuidados para os pacientes bariátricos precisam ser maiores, a fim de melhorar a qualidade da pele, que, além de um déficit nutricional, pode vir a apresentar desidratação, flacidez tissular e muscular, e estrias largas e profundas. Qualquer intervenção cirúrgica que tenha caráter estético, reparador ou funcional, desde o início deve haver acompanhamento de um psicólogo para auxiliar o paciente em suas decisões, para, então, ser encaminhado a um médico cirurgião. ATENÇÃO Dentre as complicações pós-operatórias, estão as cicatrizes mal posicionadas, como as hipertróficas ou com queloides (ALTOMARE, 2020). Além dessas complicações, também podem ocorrer hematoma, infecção, deiscência da sutura, irregularidades, depressões, aderências, fibroses, excessos cutâneos e seroma, variando de acordo com cada cirurgia e técnica aplicada. As cicatrizes hipertróficas se limitam à área do processo cicatricial inicial, e tendem a diminuir ao longo dos anos. Já os queloides são pequenos tumores duros e rosados, ou castanhos, que apresentam dor ou coceira, irregularmente dispersos ou em arranjo nodular. Tanto queloides quanto cicatrizes hipertróficas são distúrbios fibroproliferativos causados pela cicatrização anormal da pele lesada ou irritada, variando em termos de intensidade e duração inflamatória (ALTOMARE, 2020). Além das alterações cicatriciais citadas, ainda existe a cicatriz atrófica, quando há perda das estruturas (gordura e músculo) que proporcionam firmeza à pele, deixando o local afetado por essa cicatriz, com um aspecto de buraco (ALTOMARE, 2020). 138 3 INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS PRÉ-OPERATÓRIAS O ato cirúrgico compõe uma lesão tecidual, e mesmo que controlada, podem ocorrer danos à funcionalidade dos tecidos envolvidos. Mesmo diante desse contexto, alguns cirurgiões consideram desnecessárias as condutas fisioterapêuticas. Entretanto, atuando no pré-operatório da cirurgia, o fisioterapeuta pode evitar danos posteriores. Nesse sentido, compete ao fisioterapeuta atuar com todos os recursos disponíveis para tratar ou minimizar as alterações funcionais. A atuação do fisioterapeuta no que tange o pré-operatório, tem por ênfase a ativação e melhoria funcional dos vasos sanguíneos e linfáticos do local a ser operado (GUIRRO; GUIRRO, 2003). No pré-operatório, o fisioterapeuta deve avaliar os fatores de risco que se relacionam com as disfunções estéticas funcionais, incluindo: contraturas musculares; deformidades articulares; insuficiência vascular; presença de fibroses significativas em caso de celulites; predisposição para formação de edemas; e padrões posturais alterados. Essa investigação facilita a recuperação pós-operatória, pois o fisioterapeuta já poderá abordá-las na fase pré-operatória, com intuito de prevenir agravamentos do quadro. Na condição clínica da mamoplastia e da abdominoplastia, o fisioterapeuta dermatofuncional atua no pré-operatório oferecendo técnicas de preparação da pele e sua hidratação, mediante o uso de cosméticos associados à técnica de drenagem linfática manual (LEDUC; LEDUC, 2007), intensificando a circulação sanguínea e linfática nos tecidos e beneficiando as trocas metabólicas. Além disso, pode aplicar técnicas de eletroestimulação da musculatura abdominal por meio de corrente russa, que proporciona contração muscular e seu fortalecimento, melhorando o tônus e diminuindo a flacidez (PEREIRA, 2019). Ademais, na fase pré-operatória de qualquer intervenção cirúrgica, o fisioterapeuta dermatofuncional deve coletar o histórico pregresso, atual e familiar do paciente, bem como questioná-lo quanto a patologias associadas, a fim de desenvolver um planejamento adequado. Assim, a intervenção fisioterápica no pré-operatório também visa identificar fatores de risco e alterações pré-existentes. Como exemplo, ao receberem o diagnóstico de câncer de mama e a orientação de passarem por uma cirurgia, muitas pacientes podem apresentar tensões musculares protetoras, principalmente no ombro e no pescoço, o que pode ser abordado previamente pelo fisioterapeuta. 139 Em geral, compete ao profissional ofertar, nopré-operatório, um atendimento humanizado, buscando orientar e explicar a todos os pacientes como será o protocolo de atendimento, sua duração, os recursos utilizados e os efeitos esperados, além de pontuar o que cabe ao paciente fazer de forma ativa, para ter melhorias em sua recuperação. IMPORTANTE Vejamos a seguir uma síntese das orientações que visam proporcionar ao paciente uma boa recuperação: • Respirar fundo e devagar, como exercício, umas quatro vezes ao dia. • Evitar ficar deitado por longos períodos, pois a não movimentação das pernas pode acarretar formação de trombos. • Ao se sentar, apoiar as pernas sobre um banquinho, mexendo os pés o máximo de tempo possível, a fim de favorecer o retorno venoso. • Retirar a cinta abdominal preferencialmente em decúbito – apenas pacientes acostumados devem retirá-la de pé. Antes de sentar-se, respirar fundo e devagar, esperar um tempo, depois se sentar, esperar mais um pouco para depois se levantar. • Os esforços físicos devem ser evitados para que as cicatrizes não se abram, e queloides não se formem. • Não se deve deitar de lado nos primeiros 15 dias após o procedimento. • Se cansar da posição supina, colocar um travesseiro entre as pernas e abaixo de cada ombro, revezando para ficar com o corpo meio inclinado. • Evitar o uso de tabaco, pois dificulta o processo de cicatrização e pode ocasionar a deiscência de sutura. Apesar de muitos pacientes ainda não procurarem um profissional para o tratamento pré-operatório, os cuidados nesse período são muito importantes, pois auxiliam na reabilitação da cirurgia plástica, principalmente da cirurgia bariátrica. É de extrema importância uma avaliação antes desse tipo de cirurgia, quando deve ser avaliada a condição da pele, a fraqueza muscular e a presença de flacidez ou irregularidades, como depressões na região em que será realizada a cirurgia. O tratamento dermatofuncional pré-operatório nestes casos, é extremamente necessário, pois ele ajuda a aumentar a hidratação e a elasticidade tecidual, além de melhorar o fluxo linfático. Um dos tratamentos mais utilizados no pré-operatório da cirurgia bariátrica é a drenagem linfática manual (DLM), pois, além de direcionar o fluxo linfático e eliminar os líquidos em excesso presentes no interstício, previne edemas mais complexos no pós-operatório (LEDUC; LEDUC, 2007). 140 FIGURA 4 – DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL FONTE: <https://shutr.bz/37PYY6r>. Acesso em: 28 fev. 2022. Pensando nisso, você, futuro profissional da dermatofuncional, deve oferecer protocolos baseados na avaliação do aspecto cutâneo do cliente que melhorem as condições desse tecido, utilizando técnicas como DLM, reforço muscular, microcorrentes, ionização e hidratação cosmética. Na avaliação pré-operatória, é importante que seja feito o registro das condições da pele na região a ser operada, para que o acompanhamento do pós-operatório seja adequado. 4 INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS PÓS-OPERATÓRIAS No pós-operatório, o principal objetivo da fisioterapia dermatofuncional é proporcionar ao paciente uma recuperação funcional a curto prazo sem a presença de complicações graves. Recursos eletroterapêuticos e manuais para favorecer a aceleração desse processo é de grande valia, pois beneficiaram o retorno prévio às atividades funcionais e sistêmicas. A intervenção e o acompanhamento fisioterapêutico geralmente se iniciam entre 72 horas e 30 dias após a cirurgia. O protocolo de atendimento fisioterapêutico pós-cirúrgico é versátil e está atrelado ao perfil individual de cada paciente e a fatores pré-condicionados pelos indivíduos, como estado de tensão cutâneo e muscular, gravidade do edema, recuperação cicatricial, quadro álgico e alterações sensoriais. Um dos fatores mais recorrentes e agravantes no pós-operatório de abdominoplastia ou lipoaspiração, é a formação das aderências cicatriciais, ou seja, a formação de fibroses. Além de afetar a estética da cirurgia, a fibrose pode comprometer a funcionalidade do paciente, restringindo seus movimentos. 141 A fibrose é marcada pelo aumento da contratura tecidual e pela elevação dos elementos da matriz extracelular, sobretudo do colágeno. Clinicamente, a fibrose se apresenta com irregularidades e assimetrias e consequente presença de dor, sensação de encurtamento e diminuição mobilidade. Além da fibrose, outras complicações podem surgir neste contexto, como deiscência da satura, cicatrizes hipertróficas, queloides, entre outras (ALTOMARE, 2020). Uma ferramenta de tratamento terapêutico é a determinação do quadro inflamatório e dos estágios cicatriciais. Vejamos, a seguir, informações quanto aos estágios de restauração tecidual: • fase inflamatória: inicia-se logo após o trauma, sendo uma reação esperada, marcada por extravasamento sanguíneo e agregação plaquetária. Dura em média 72 horas. É recomendado repouso, com deambulação frequente de pequenas distâncias, acompanhamento e orientações posturais, como a forma correta de deitar-se, levantar e dormir, além do uso da cinta modeladora e exercícios de respiração; • fase proliferativa: responsável pelo fechamento da lesão tecidual. É marcada por três subfases: reepitelização, fibroplasia e angiogênese. Tem início por volta do 3º e 4º dia pós-trauma, estendendo-se por duas a quatro semanas. O protocolo de atendimento é baseado nas mesmas atividades que na fase anterior, mas são acrescentadas outras atividades, como terapia manual para mobilização do tecido conjuntivo e técnicas de drenagem linfática manual; • fase de remodelamento: é marcada pela tentativa de regeneração tecidual, quando o tecido lesionado se enriquece com mais fibras colágenas, adquirindo característica de cicatriz. Tem início por volta do 11º dia e segue até o 40º dia de pós-operatório. São acrescidos, nesta fase, exercícios de respiração, exercícios de membros superiores e atividades físicas, como caminhadas leves (GUIRRO; GUIRRO, 2003). Vejamos, a seguir, algumas modalidades empregadas para o tratamento fisioterapêutico pós-cirúrgico, a começar pela DLM. Nos traumas advindos das cirurgias, alterações tendem a obstruir a mecânica linfática, e a DLM visa reduzir ou abolir edemas. A DLM é uma técnica que deve ser aplicada por profissionais que dominam muito bem a anatomia e a fisiologia do sistema linfático, sempre considerando o seu trajeto. Deve ser aplicada com pressões suaves e leves, a fim de comprimir apenas o tecido superficial. O ritmo de aplicação da manobra é lento e deve ser repetido de oito a dez vezes. A DLM atua na estimulação da circulação linfática, buscando eliminar toxinas, nutrir tecidos, melhorar a defesa do organismo, além de reduzir hematomas, edemas e tensões musculares. O uso da DLM é contraindicado em caso de trombose venosa profunda, pois pode se desprender na circulação e obstruir algum órgão. Além disso, caso o local da incisão apresente sinais de infecção a DLM também não deve ser usada, pois o efeito circulatório da drenagem tenderia dissipar a infecção. 142 Por sua vez, o tratamento com laser de baixa intensidade, tende a contribuir significativamente com o mecanismo de regeneração cicatricial, resultando em melhoria da circulação sanguínea e aceleração do reparo tecidual. A aplicação de laser acelera a divisão celular, o que resulta em maior síntese de colágeno por parte dos fibroblastos. Sendo assim, o laser de baixa potência possui eficácia no processo de regeneração celular, levando a uma cicatrização mais rápida e proporcionando, de acordo com as respostas particulares que induz nos tecidos, diminuição do edema e do processo inflamatório e aumento da fagocitose, das sínteses de colágeno e da epitelização. Em resumo, os lasers de baixa potência demonstram efeitos antiedematosos e analgésicos, estimulando a liberação de endorfinas, inibindo sinais nociceptores e controlando os mediadores da dor. Também apresentam efeitos anti-inflamatórios, diminuindo o edema tecidual e a hiperemia vascular, e efeitos de remodelação e reparo ósseo, estimulando a função neural após lesões, modulando as células do sistema imune para beneficiaro reparo tecidual. Outro método relevante é o ultrassom terapêutico (UST) de 3 MHz. As correntes desse aparelho estimulam as atividades celulares e alteram a permeabilidade da membrana, acrescentando à síntese proteica a excreção dos mastócitos, a absorção de cálcio, a fabricação dos fatores de crescimento pelos macrófagos e a mobilidade dos fibroblastos. Isso diminui as chances de formações fibróticas, estimula a reabsorção de hematomas, reduz edemas e a sensação de dor, e promove a ativação da circulação sanguínea e linfática. Além de acelerar a cicatrização tecidual, o UST contribui para melhorar a força tênsil, para que não ocorra a formação de cicatrizes queloides e hipertróficas. O UST ainda pode ser usado no modo fonoforese com a enzima hialuronidase, em que favorece a circulação sanguínea. Os parâmetros preconizados são: modo contínuo, 3 MHz, amplitude abaixo de 1,5 a 1,8 W/cm2 . Sobre a utilização do UST, algumas observações precisam ser pontuadas. Na fase inicial (aguda) de cicatrização, quando se tem uma incisão significativa, como no caso da abdominoplastia, esse aparelho não deve ser aplicado diretamente, e sim ao redor do local. Já em casos envolvendo lipoaspiração, em que a incisão para cânula é mínima, o UST pode ser aplicado normalmente ainda na fase inicial, caso necessário. Por sua vez, a crioterapia é um recurso térmico utilizado pelo fisioterapeuta para tratar algumas disfunções. A crioterapia promove um resfriamento tecidual imediato, reduzindo o trauma local. Por meio da hipotermia, a crioterapia causa uma vasoconstrição e contribui para diminuição do metabolismo celular. A técnica pode ser aplicada logo nos primeiros dias de pós-operatório, com o objetivo de reduzir o edema e a dor, já que a técnica causa uma diminuição na condução dos impulsos nervosos, bem como vasoconstrição. A crioterapia pode ser aplicada por aproximadamente 20 a 30 minutos. 143 Outra alternativa terapêutica extremamente relevante no pós-operatório é a cinesioterapia. Por meio da terapia manual com métodos como pompagem, mobilização tecidual e articular, a cinesioterapia atua diretamente na prevenção de aderências, melhorando a circulação sanguínea. A cinesioterapia se torna importante por oferecer aos pacientes a possibilidade de autoaplicação em casa. Pode ser empregada em pós-operatório de abdominoplastia, lipoaspiração, mastectomia, ritidoplastia, entre outras. Especificamente na fase inflamatória da ritidoplastia, a cinesioterapia pode envolver exercícios de mobilização da cintura escapular por meio da pompagem, com o objetivo de relaxar a grande tensão muscular do paciente logo após a intervenção médica. Na fase proliferativa e de remodelação, são incluídos exercícios de alongamento (ativo, ativo/assistido), fortalecimento e estimulação sensorial para região facial. A diferença de uma fase para outra é que na fase de remodelação a carga e a intensidade dos exercícios são aumentadas gradativamente. Outra importante alternativa terapêutica é a massoterapia no pós-operatório, que tem o objetivo de estimular mecanicamente os tecidos por meio de movimentos rítmicos de pressão e distensão tecidual. As manobras aplicadas contribuem para o aumento da circulação sanguínea. Por meio dessa técnica, costuma haver redução de dor nos tecidos afetados e melhora da integridade tecidual, favorecendo a liberação de aderências como as fibroses. Dentre as técnicas manuais, vale também destacar o amassamento, a fricção transversa profunda e o deslizamento. Essas técnicas objetivam mobilizar tecido conjuntivo, impedindo a formação de fibroses. Através da tensão mecânica da massagem, há deposição ordenada das fibras de colágeno, que, aqui, estão em fase de cicatrização, o que permite uma organização mais natural. Outros objetivos das técnicas manuais incluem reduzir ou abolir as aderências cicatriciais por ação mecânica nas traves fibróticas, gerando eficiente a circulação sanguínea e linfática local e sistêmica, tanto na fase aguda quanto na crônica, exercer efeito direto e mecânico sobre o retorno venoso, aumentando o fluxo venoso. A aplicabilidade dessas técnicas é recomendável somente a partir da fase de amadurecimento, pois, somente então, as chances de deslocamento tecidual são diminuídas, devendo haver também cuidados na pressão utilizada, pois, quando intensa, pode gerar hematomas tardios. Na cirurgia bariátrica, dentre as indicações das terapias, a mais indicada para a redução de edema é a DLM, que, combinada ao taping, pode somar os benefícios no pós-operatório. Já o mais indicado para tratamento de fibroses e aderências é o uso do ultrassom, desde que sejam observados os parâmetros corretos. 144 Dentre os cuidados e as contraindicações dos equipamentos, ao utilizar o ultrassom, é preciso estar atento aos parâmetros, especialmente quanto às fases de cicatrização, em razão dos seus efeitos térmicos e mecânicos, que podem causar efeitos adversos e complicações indesejadas aos tecidos. Além disso, o uso contínuo do ultrassom só é indicado na fase de remodelamento, quando é necessário o uso de calor para a remodelação. Ainda, esse equipamento não é indicado para ser usado diretamente em próteses metálicas, processos infecciosos, tromboflebites, varizes e em gestantes. Outro recurso também muito utilizado na fase de remodelamento é a vacuoterapia, já que auxilia na redução de fibroses e aderências. Entretanto, para não haver complicações, são muito importantes os cuidados na escolha da pressão e manopla certa, assim como a técnica ao utilizar esse recurso Ainda, após uma lesão no corpo e o rompimento de sua atividade elétrica normal, as microcorrentes podem produzir sinais elétricos semelhantes aos que acontecem naturalmente durante a recuperação de tecidos lesionados. Contudo, não é indicado em clientes desidratados, pois pode causar náuseas, tonturas ou dores de cabeça, além de um desconforto na pele. A corrente russa é muito utilizada para melhorar a qualidade muscular e o trofismo muscular em protocolos pré-operatórios; não é indicada em fraturas, inflamações articulares, miopatias e lesões nervosas. Já o laser de baixa potência é muito utilizado para restabelecer logo a cicatrização e para o tratamento de complicações pós-operatórias da cirurgia bariátrica. Ele é contraindicado no pós-operatório imediato, podendo ser aplicado somente de 48 a 72 horas após o procedimento, evitando a região da tireoide e do globo ocular. O uso de alta frequência, que tem indicação para cicatrização de feridas em um pósoperatório, em peles com cosméticos inflamáveis, como álcool ou éter, é contraindicado em razão do risco de queimaduras, causadas pelo faiscamento do aparelho. Já a radiofrequência, que é indicada tanto para o pré-operatório (em tratamentos de flacidez tissular e vascularização tecidual), quanto para o pósoperatório (para aquecimento e maleabilidade do tecido), é contraindicada nas fases inflamatória e proliferativa em razão do seu aquecimento. Ela só é indicada na fase de remodelamento, a fim de auxiliar no tratamento de fibroses, e, ainda assim, em temperaturas abaixo dos 37 °C. Esse equipamento também é contraindicado nas mesmas situações sinalizadas que o ultrassom, a diferença é que no caso de próteses metálicas não se deve utilizar a radiofrequência, independentemente da localização do metal. Sabe-se que até mesmo a drenagem linfática tem contraindicações no pós-operatório, não sendo indicados os movimentos de deslizamento para não afastar as bordas da cicatriz, o que pode vir a causar uma deiscência (LEDUC; LEDUC, 2007). 145 Os cuidados para os pacientes bariátricos precisam ser maiores, a fim de melhorar a qualidade da pele, que, além de um déficit nutricional, pode vir a apresentar desidratação, flacidez tissular e muscular e estrias largas e profundas. Já os riscos da abdominoplastia em pacientes bariátricos são maiores, como seromas, hematomas e até aumento das chances de embolia, por isso há a necessidade de cuidados maiores no pré e no pós-operatório. Pacientes bariátricos acima de 40 anos de idadeque perderam muito peso (acima de 50 kg) após a cirurgia, e que o peso do retalho retirado na abdominoplastia for superior a dois quilos, podem ter várias complicações. Ainda, outra informação a considerar, é que a perda de peso, mesmo que significativa, não consegue reverter totalmente o seu risco, aumentado para complicações. Sendo assim, os cuidados no pré e no pós-operatório de abdominoplastia pós-cirurgia bariátrica, tornam-se essenciais para diminuir tais riscos. 146 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A fisioterapia dermatofuncional no pré e pós-operatório de cirurgias plásticas, reconstrutivas e bariátricas possui um papel importante, principalmente no que se refere à prevenção de complicações sistêmicas e locais. • Existem algumas condições clínicas específicas dos pacientes submetidos a cirurgias plásticas, reconstrutivas e bariátricas, como a mamoplastia, mastectomia, dentre outras. • Os cuidados necessários no pré-operatório de pacientes submetidos a cirurgias plásticas, reconstrutivas e bariátricas, incluem avaliar os fatores de risco que se relacionam com as disfunções estéticas funcionais, de modo a proporcionar ao paciente uma recuperação funcional a curto prazo sem a presença de complicações graves. • Dentre as técnicas fisioterapêuticas utilizadas no pré e pós-operatório de cirurgias plásticas, reconstrutivas e bariátricas, destacam-se a eletroterapia, as técnicas manuais, a educação em saúde. 147 1 A lipoaspiração é uma técnica que, por meio da sucção, retira o excesso de gordura de uma determinada região do corpo do paciente. É realizada em pessoas que desejam melhoras estéticas, em geral. É bastante realizada na região abdominal, mas pode ser feita em diversas outras regiões corporais. A respeito da atuação fisioterapêutica em cirurgias de lipoaspiração, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) O taping, uma modalidade de bandagem elástica, é um recurso fisioterapêutico que pode ser utilizado para o tratamento das equimoses. ( ) A drenagem linfática manual pode ser utilizada na área da cirurgia após 48 horas da realização da cirurgia. ( ) A deambulação é contraindicada no primeiro dia de pós-operatório. ( ) Após as 48 horas do procedimento realizado, verifica-se os melhores resultados com a utilização da crioterapia. ( ) A radiofrequência pode ser um recurso a ser utilizado na fase pós-operatória de remodelamento do tecido quando há presença de fibrose. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V - F - F - V - F. b) ( ) V - V - F - F - V. c) ( ) V - F - V - V - F. d) ( ) F - V - V - F - V. 2 A fisioterapia dermatofuncional está em evidência, no que diz respeito aos cuidados pré e pós-operatório de cirurgias estéticas e reparadoras. Existem diversas e diferentes técnicas a serem utilizadas pelo fisioterapeuta nessa área, com objetivos relacionados à prevenção de complicações. Com base no papel do fisioterapeuta nas cirurgias na área dermatofuncional, analise as afirmativas a seguir: I- A eficácia de uma cirurgia plástica ou reparadora está atrelada aos cuidados do médico cirurgião e aos do fisioterapeuta. II- A atenção prestada no pré e pós-operatório é fator crucial para o sucesso da recuperação cirúrgica, a fim de evitar ou minimizar potenciais complicações. III- O fisioterapeuta busca prevenir e/ou tratar respostas sobrevindas das cirurgias estéticas. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas. b) ( ) Somente a afirmativa II está correta. c) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a afirmativa III está correta. AUTOATIVIDADE 148 3 As cirurgias plásticas envolvem a restauração, reconstrução ou alteração de regiões específicas do corpo humano. Elas podem ser reconstrutivas e cirurgia estéticas. Cada uma dessas cirurgias possui objetivos e cuidados específicos, principalmente relacionados à prevenção de complicações do paciente. De acordo com definições das cirurgias estéticas, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) A lipoaspiração é uma cirurgia que visa o remodelamento corporal a partir da remoção de excesso de tecido adiposo localizado em regiões específicas. ( ) A abdominoplastia busca a correção funcional e estética dos músculos abdominais, sendo uma cirurgia semelhante à lipoaspiração. ( ) Na abdominoplastia, o fisioterapeuta dermatofuncional atua junto a uma equipe interdisciplinar, diferentemente da lipoaspiração. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V - F - F. b) ( ) V - F - F. v) ( ) F - V - F. d) ( ) F - F - V. 4 A mamoplastia é uma intervenção cirúrgica que pode ser realizada tanto para aumento, como para reduzir ou corrigir as mamas. Essas três opções cirúrgicas visam proporcionar ao paciente equilíbrio em termos de volume e forma. Diante disso, disserte sobre o papel do fisioterapeuta na mamoplastia. 5 Um dos fatores mais recorrentes e agravantes no pós-operatório de algumas cirurgias, como a abdominoplastia ou lipoaspiração, por exemplo, é a formação das aderências cicatriciais, ou seja, a formação de fibroses. Nestes casos, uma ferramenta de tratamento terapêutico é a determinação do quadro inflamatório e dos estágios cicatriciais. Neste contexto, disserte quanto aos estágios de restauração tecidual, relatando o tempo de duração de cada fase e os procedimentos básicos que podem ser realizados pelo fisioterapeuta. 149 SUBSTÂNCIAS E/OU MEDICAMENTOS UTILIZADOS PELO FISIOTERAPEUTA 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 3 TÓPICO 2 - Acadêmico, neste tópico, abordaremos as substâncias e medicamentos que podem e geralmente são utilizados pelo fisioterapeuta dermatofuncional. Sabemos que, em sua formação técnico, científica e legal, o fisioterapeuta é o profissional que cuida da funcionalidade humana, inclusive na área da dermatofuncional. Na prática, o fisioterapeuta dermatofuncional previne disfunções e recupera funções corporais, tanto na área estética como de saúde em geral. Porém, é desconhecida a possibilidade desses profissionais utilizarem substâncias e medicamentos regulados pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito). Neste tópico, você irá estudar a respeito da iontoforose, carboxiterapia, alguns princípios ativos utilizados em dermatofuncional e em alguns cosméticos. 2 IONTOFORESE A iontoforese é um método que utiliza corrente contínua para administração da pele, com substâncias que serão utilizadas com objetivo terapêutico específico. Um exemplo é a corrente galvânica, que serve para permeação de substâncias terapêuticas. Ela possui esse fim devido a sua capacidade de influenciar na movimentação das substâncias, quando apresentam formatação iônica. Antes de abordamos mais especificamente esse método, é importante que você entenda algumas questões. A pele e a gordura são fracos condutores de corrente elétrica, oferecendo maior resistência ao fluxo de corrente. Intensidades de corrente mais altas são necessárias para se criar movimento de íons em áreas onde as camadas de pele e de gordura são espessas, aumentando a probabilidade de queimaduras, principalmente ao redor do eletrodo negativo. Contudo, a presença de glândulas sudoríparas diminui a impedância, facilitando, assim, o fluxo de corrente contínua, bem como de íons. Os ductos sudoríferos são os trajetos primários pelos quais os íons se movem através da pele. 150 À medida que a pele se torna mais saturada com um eletrólito, e o fluxo sanguíneo aumenta para a área durante o tratamento, a impedância total da pele irá diminuir sob os eletrodos. A iontoforese deve ser considerada como tratamento relativamente superficial, com a medicação penetrando não mais do que um centímetro e meio durante um período de 12 a 24 horas, mas apenas um a três milímetros durante a duração do tratamento médio (GUIRRO; GUIRRO, 2003). FIGURA 5 – IONTOFORESE FONTE: <https://shutr.bz/3ir78UF>. Acesso em: 1 mar. 2022. A densidade da corrente é diretamente proporcional ao número de íons absorvidos e vice-versa. Quanto mais longosos fluxos de corrente, maior será o número de íons transferidos para os tecidos. Desta forma, a transferência de íons pode ser aumentada quando aumentamos a intensidade e a duração do tratamento. Infelizmente, à medida que a duração do tratamento aumenta, a impedância da pele diminui, aumentando, desta forma, a probabilidade de queimaduras. Mesmo que a concentração de íons afete a transferência de íons, as concentrações maiores do que 1 a 2% não são mais efetivas do que as medicações em concentrações mais baixas. A quantidade de íons a serem transferidos para os tecidos na iontoforese, são determinados pela intensidade ou densidade da corrente no eletrodo que estiver ativo, assim como pela duração do fluxo de corrente e pela concentração de íons em solução. ATENÇÃO Uma vez que os íons passam através da pele, eles se recombinam com íons existentes e radicais livres que flutuam na corrente sanguínea, formando os novos compostos necessários para interações terapêuticas favoráveis. 151 2.1 TIPO DE CORRENTE NECESSÁRIA Como vimos anteriormente, na iontoforese, utilizamos a corrente galvânica, uma corrente contínua, constante, direta, unidirecional. Em outras palavras, é um tipo de corrente em que o fluxo de elétrons ocorre em apenas uma direção. A aplicação dessa corrente pode ser dividida em galvanização e a iontoforese. A galvanização é utilizada para obtermos os efeitos do ponto de vista fisiológico (polares e interpolares), gerando alterações locais e sistêmicas. Os efeitos polares ocorrem na superfície do corpo que fica sob os eletrodos. Em razão das propriedades dos tecidos biológicos, que apresentam elevadas concentrações de íons positivo e negativo, podemos, por uma diferença de potencial, realizar o movimento iônico dentro do tecido. Importantes resultados desse movimento ocorrem por causa desses efeitos. O movimento dos íons dentro dos tecidos resulta nos efeitos polares, com consequências físicas e químicas, classificadas em: efeitos osmóticos, efeitos eletroquímicos, modificações vasomotoras e alterações na excitabilidade. Veja, a seguir, os efeitos interpolares: • eletrosmose ou endosmose: envolve a transferência de líquido de um polo para outro, o que irá produzir modificações da água nos tecidos. No polo positivo ocorre a anaforese, e no polo negativo a cataforese; • eletroforese: ocorre por causa da migração de soluções coloidais, bactérias, células do sangue, por meio da corrente contínua devido à absorção ou à oposição de íons; • eletrotônus: relacionado à alteração na condutibilidade e excitabilidade que a corrente elétrica produz nos tecidos corporais; • vasodilatação da pele: ocorrerá liberação de energia com aumento da temperatura local, a qual está relacionada à resistência dos tecidos à passagem da corrente (o chamado efeito Joule); • aneletônus: efeito que ocorre no polo positivo, diminuindo a excitabilidade nervosa e gerando analgesia; • cateletônus: ocorre no polo negativo, aumentando a excitabilidade nervosa, e gerando estimulação para peles desvitalizadas. A corrente galvânica, ao passar sobre o tecido, transfere íons de um polo para o outro. Agem nos nervos vasomotores, tornando a hiperemia mais ativa, a qual atinge tecidos mais profundos por estimulação reflexa. Isso ocasiona um aumento da irrigação sanguínea e da nutrição dos tecidos mais profundos, além de maior oxigenação e aumento do metabolismo. O aumento do fluxo sanguíneo está associado à vasodilatação de arteríolas e capilares que conduzem uma maior quantidade de substâncias nutritivas para a área, como leucócitos, colaborando para o reparo. 152 A corrente contínua tem sido utilizada tradicionalmente para iontoforese. Esse tipo de corrente assegura o fluxo de íons unidirecional, o que não pode ser realizado com o emprego de corrente bidirecional ou alternada. A iontoforese que utiliza corrente alternada evita queimaduras eletroquímicas, e a administração do fármaco aumenta com a duração da aplicação. Nem as correntes contínuas de alta voltagem, nem as correntes interferenciais podem ser utilizadas para iontoforese, visto que a corrente é interrompida e a duração de corrente é muito curta para se produzir movimento de íon significativo. Deve-se acrescentar, contudo, que as correntes pulsadas moduladas têm sido empregadas com algum sucesso em estudos in vivo e in vitro em animais de laboratório, para a administração transdérmica de fármacos. 2.2 GERADORES DE IONTOFORESE Estão disponíveis no mercado vários geradores de corrente que produzem corrente contínua e são especificamente empregados para iontoforese. Deve ser enfatizado que qualquer gerador que tenha a capacidade de produzir corrente contínua, pode ser utilizado para iontoforese. Alguns geradores são movidos por baterias, outros, por corrente alternada. Muitos geradores produzem corrente em uma voltagem constante, que reduz gradualmente a impedância da pele, aumentando-se, consequentemente, a densidade de corrente e, portanto, o risco de queimaduras. O gerador deve administrar uma saída de voltagem constante para o paciente, ajustando-se a amperagem de saída para variações normais que ocorrem na impedância de tecido, reduzindo, dessa forma, a probabilidade de queimaduras. Por motivos de segurança, o gerador deve se desligar automaticamente se a impedância da pele diminuir para algum limite pré-ajustado. O gerador deve ter algum tipo de controle de intensidade de corrente, para que possa ser ajustado entre 1 e 5 mA. Ele também deve ter um timer ajustável, programandose sua atividade para até 25 minutos. A polaridade dos terminais deve ser claramente marcada, e uma chave inversora de polaridade é desejável. Os fios de chumbo que conectam os eletrodos aos terminais devem ser bem isolados e devem ser verificados regularmente com relação a um possível dano ou quebra. 153 2.3 INTENSIDADE DE CORRENTE As correntes de baixa amperagem parecem ser mais efetivas como força motriz do que as correntes com intensidades mais altas. Correntes de intensidade mais alta tendem a reduzir a penetração efetiva dentro dos tecidos. As amplitudes de corrente recomendadas ao uso para iontoforese variam entre 3 e 5 mA. Ao iniciar o tratamento, a intensidade de corrente deve sempre ser aumentada muito lentamente, até que o paciente relate sentir uma sensação de formigamento ou de alfinetada. Se dor ou sensação de queimação for evocada, a intensidade está muito alta e deve ser diminuída. Da mesma forma, quando o tratamento for concluído, a intensidade de corrente deve ser lentamente diminuída para zero antes dos eletrodos serem desconectados. Recomenda-se que a intensidade de corrente máxima seja determinada pelo tamanho do eletrodo ativo. A amplitude de corrente é geralmente ajustada de modo que a densidade de corrente esteja entre 0,1 e 0,5 mA/cm2 da superfície do eletrodo ativo. 2.4 DURAÇÃO DO TRATAMENTO As durações de tratamento recomendadas variam entre dez e 20 minutos, sendo a média de 15 minutos. Durante o tratamento de 15 minutos, o paciente deve estar confortável, sem sinais relatados ou visíveis de dor ou queimadura. O fisioterapeuta deve verificar a pele do paciente a cada três a cinco minutos durante o tratamento, procurando sinais de irritação na pele. Visto que a impedância da pele geralmente diminui durante o tratamento, pode ser necessário que se diminua a intensidade de corrente para se evitar dor ou queimadura. Deve-se acrescentar que o eletrodo medicado pode ser deixado no local por 12 a 24 horas para se intensificar o tratamento inicial. 2.5 DOSAGEM DE MEDICAÇÃO Uma dose de medicação de iontoforese administrada durante o tratamento é expressa em miliamperes-minutos (mA-min). Uma mA-min é uma função de corrente e de tempo. A dose total do fármaco administrada (mA-min) é igual a corrente tempo de tratamento. Por exemplo: dose de 40 mA-min corrente de 4,0 mA tempo de tratamento de dez minutos; dose de 30 mA-min corrente de 2,0 mA tempo de tratamento de 15 minutos. Uma dose de administração de fármaco iontoforético típica é 40 mA-min, mas pode variar de 0 a 80 mA-min dependendoda medicação. A seguir, veja alguns exemplos de íons recomendados para utilização na iontoforese, e suas dosagens: 154 • cálcio, de cloreto de cálcio: solução aquosa a 2%. Acredita-se que estabiliza o limiar de irritabilidade em qualquer direção, conforme imposto pelas necessidades fisiológicas dos tecidos. Efetivo com condições espasmódicas; • cobre: a partir de uma solução aquosa a 2% de cristais de sulfato de cobre. Pode ser utilizado como fungicida, adstringente, e nos casos de dermatofitose; • hialuronidase: a partir de cristais Wydase em solução aquosa conforme direcionado. Utilizado para edema localizado; • lidocaína: a partir de unguento de Xilocaína a 5%; anestésico/analgésico, especialmente para condições inflamatórias agudas; • lítio: a partir de cloreto ou carbonato de lítio, solução aquosa a 2%. Efetivo como um íon de troca com tofos gotosos; • magnésio: a partir de sulfato de magnésio (“Sais de Epsom”), solução aquosa a 2%. É um excelente relaxante muscular, bom vasodilatador e analgésico leve; • mecolil: derivado familiar de acetilcolina, unguento a 0,25%. É um poderoso vasodilatador, bom relaxante muscular e analgésico; • priscoline: a partir do hidrocloreto de benzazolina, solução aquosa a 2%. Considerado efetivo com úlceras indolentes; • zinco: a partir de unguento de óxido de zinco, 20%. Um elemento de traço necessário para cicatrização, especialmente eficaz com lesões abertas e ulcerações. 2.6 ELETRODOS A corrente elétrica contínua deve ser administrada ao paciente através de algum tipo de eletrodo. Muitos eletrodos diferentes estão disponíveis para o fisioterapeuta, variando-se desde aqueles “emprestados” de outros estimuladores elétricos até os eletrodos fabricados comercialmente, prontos para uso, descartáveis e feitos especificamente para iontoforese. Os eletrodos mais tradicionais são feitos de estanho, cobre, chumbo, alumínio ou platina, sustentados por borracha e completamente cobertos por uma esponja, toalha ou gaze que esteja em contato com a pele. O material absorvente é encharcado com a solução ionizada a fim de que seja conduzida para dentro dos tecidos. Se os íons estiverem contidos em uma pomada, ela deve ser esfregada na pele sobre a zona-alvo e coberta por algum material absorvente embebido em água ou solução salina antes de o eletrodo ser aplicado. IMPORTANTE 155 Os eletrodos comercialmente produzidos, são vendidos com a maioria dos sistemas de iontoforese. Esses eletrodos possuem uma câmara pequena, na qual a solução ionizada é armazenada, que é coberta por algum tipo de membrana semipermeável. O eletrodo se adere à pele. Esse tipo de eletrodo eliminou a confusão e o esforço que estavam associados à preparação do eletrodo para iontoforese no passado. Alguns eletrodos estão disponíveis já com as soluções ionizadas dentro. Outros eletrodos ainda precisam ter a medicação injetada dentro de sua cavidade. FIGURA 6 – IONTOFORESE COM ELETRODOS FONTE: <https://shutr.bz/3qng4Pi>. Acesso em: 1 mar. 2022. Independentemente do tipo de eletrodo utilizado, para se assegurar contato máximo dos eletrodos, a pele deve ser raspada e limpa antes da inserção dos eletrodos. Deve-se tomar cuidado para não se machucar a pele durante a limpeza, pois pele danificada tem uma resistência mais baixa à corrente, de modo que uma queimadura possa ocorrer mais facilmente. Além disso, deve-se ter cuidado ao se tratarem áreas que, por uma razão ou outra, possuam sensação reduzida. Uma vez que esse eletrodo tenha sido preparado, ele, então, torna-se o eletrodo ativo, e o fio de chumbo para o gerador é inserido de modo que a polaridade do fio seja a mesma do íon em solução. Um segundo eletrodo, o eletrodo dispersivo, é preparado com água, gel ou algum outro material condutor conforme recomendado pelo fabricante. Os dois eletrodos devem ser presos com segurança na pele, de modo que contato e pressão uniformes na pele sejam mantidos sob os dois eletrodos a fim de se minimizar o risco de queimaduras. Ao final do tratamento, o controle de intensidade deve retornar a zero e o gerador deve ser desligado antes de se retirarem os eletrodos do paciente (GUIRRO; GUIRRO, 2003). 156 Os eletrodos via fios de chumbo não devem ser conectados ao gerador, a menos que o gerador e o controle de amplitude ou de intensidade estejam desligados. ATENÇÃO O tamanho e o formato dos eletrodos podem causar uma variação na intensidade de corrente e afetar o tamanho da área tratada. Eletrodos menores possuem uma densidade de corrente maior e devem ser utilizados para se tratar uma lesão específica. Eletrodos maiores devem ser usados quando a área de tratamentoalvo não é bem definida. As recomendações para o espaçamento entre os eletrodos ativo e dispersivo parecem ser variáveis. Eles devem ser separados por, pelo menos, o diâmetro do eletrodo ativo. Uma fonte recomenda o espaçamento entre eles de, pelo menos, 45,7 cm de distância. À medida que o espaçamento entre os eletrodos aumenta, a densidade de corrente nos tecidos superficiais irá diminuir, minimizando, talvez, o potencial para queimaduras O tipo de eletrodo mais recente utiliza um sistema de administração de fármaco transdérmico eletrônico liberado por tempo estendido. Uma placa autoadesiva tem uma bateria embutida, reservada, que produz uma corrente elétrica de nível baixo para se transportarem íons para o tecido adjacente. A administração de fármaco é interrompida automaticamente quando a dosagem prescrita for administrada. A placa é de uso exclusivo e descartável. 3 CARBOXITERAPIA O gás carbônico foi descoberto pelo escocês Joseph Black, em meados de 1754, por meio da fisiologia circulatória e respiratória. Essa técnica, que utiliza o gás carbônico medicinal ligado a um cilindro, é aplicada através de um equipo com uma agulha de insulina no tecido subcutâneo. O equipamento regula a entrada de gás (ml/ min) e o volume (ml) em gás injetado. Esse gás também é utilizado para auxiliar em alguns exames complementares, devido a sua segurança para o uso terapêutico. 157 FIGURA 7 – CARBOXITERAPIA FONTE: <https://shutr.bz/3wrlk8E>. Acesso em: 1 mar. 2022. A agulha e o gás causam inflamação e vasodilatação local, que favorecem a restauração do tecido. A reconstrução do tecido lesado favorece a angiogênese (formação de novos vasos), e a fibrinogênese (fibroblastos) e promove a ruptura das células de gordura (lipólise oxidativa). Embora seja de fácil aplicabilidade, a carboxiterapia apresenta algumas contraindicações que devem ser respeitadas, como: infarto agudo do miocárdio, angina instável, insuficiência cardíaca, epilepsia, gravidez, distúrbios psiquiátricos, histórico de atopia, rinite alérgica, lúpus, infecção, acne inflamatória, biodermite, herpes simples e zoster e neoplasia local. 4 PRINCÍPIOS ATIVOS E COSMÉTICOS UTILIZADOS EM DERMATOFUNCIONAL Os princípios ativos para fibroedema geloide misturados nos produtos são as matérias-primas responsáveis pelo efeito gerado no tecido, que terá uma indicação específica. O foco é utilizar ativos lipolíticos, ativadores da microcirculação, crioterápicos e termogênicos. Os mais indicados são: cafeisilane (complexo cafeína-silício), cafeína, xantagosil, nicotinato de metila, sulfato de magnésio, Ginkgo biloba, extrato de arnica, cavalinha, triac; argisil, e castanha-da-índia. Também existem muitos ativos que podem ser utilizados para auxiliar no tratamento da gordura, porém, a eficácia da permeação depende de fatores relacionados com a pele, o próprio princípio e o veículo adequado. As substâncias que se destacam são hiperemiantes, lipolíticas e crioterápicas: cafeisilane ou cafeína, iodotrat, remoduline, xantagosil; argisil arginina combinada com silício orgânico, theophysilane C, e fosfatidilcolina. 158 Já para as estrias, a remoção de pele morta pelo peeling de diamante favorece a permeação dos ativos. A aplicação de cosméticos específicos potencializa a terapêutica, como vitamina C, silício orgânico, máscara de argila verde e ácidos graxos essenciais. Os peelings químicos também apresentam resultados satisfatórios, sendo queos mais indicados para essa disfunção cinética corporal são o glicólico, o tartárico e o mandélico. O setor de cosméticos está cada vez mais em ascensão, de modo que os avanços nas pesquisas são constantes, com a disponibilização de cosméticos mais aprimorados e com resultados mais satisfatórios. Planejar o atendimento e a terapia requer conhecimento e habilidade do profissional para propor um protocolo eficaz e coerente. A esfoliação física é um dos primeiros passos nos atendimentos corporais, sendo de suma importância, devido a sua ação de remoção das primeiras camadas de pele, facilitando a permeação de um produto. A esfoliação age por atrito sobre a camada córnea do indivíduo, podendo ser derivada de substância de sementes, cascas, folhas, frutos e microesferas de polietileno. Por meio dos ativos presentes dentro dos cosméticos, é possível uma ação específica no tecido. Para a flacidez de pele, são indicados os seguintes ativos: firmantes; densiskin, rafermine, DMAE, Liftiline, vegetensor®, easy lift, sesaflash. Os ativos de fatores de crescimento são importantes para o reparo tecidual e a renovação celular, pois, após uma lesão, eles interagem com os receptores da superfície celular para iniciar a cicatrização. A carência de fatores de crescimento pode acelerar o envelhecimento da pele, favorecendo uma flacidez tissular. Para compreender o mecanismo de ação dos ativos para a gordura e a lipodistrofia ginoide, faz-se necessário conhecer o processo de lipólise e lipogênese. Os ativos mais eficazes devem ativar os receptores beta-adrenérgicos e estimular a lipólise (diminuição dos adipócitos). Há ativos que bloqueiam o receptor alfa-2-adrenérgico e inibem a lipogênese (armazenamento de gordura no adipócito), como: cavalinha, amarashape®, extrato de arnica, fosfatodilcolina, xantagosil, cafeína, entre outros. Os cosméticos empregados na pele têm uma função importante, diretamente relacionada com os princípios ativos, possibilitando o direcionamento de um tratamento. A xerose cutânea, também conhecida como pele seca, pode ocorrer em qualquer pessoa durante o decorrer da vida, podendo ser restabelecida a hidratação da pele sem problemas. Contudo, alguns fatores, como participação genética, ambiental e comportamental (estilo de vida), estresse, idade, sexo e doenças, podem influenciar no mecanismo de desidratação. Dessa forma, a camada córnea fica comprometida, ocorrendo a perda de água através da pele. A pele se mantém hidratada graças ao auxílio dos lipídeos, que são produzidos pela glândula sebácea e distribuídos sobre a camada córnea, formando um manto. 159 Quando ocorre uma desidratação, as funções orgânicas da pele ficam comprometidas, favorecendo os distúrbios estéticos, como flacidez tissular, envelhecimento e estrias. Portanto, deve-se buscar cosméticos que auxiliem na hidratação, potencializando os resultados estéticos de um tratamento. Deve-se buscar por uma hidratação ativa, incluindo ativos que permeiem na camada córnea e retenham líquido em toda a sua extensão, como ureia (5%), lactato de amônio (5%) e glicerina (5%). O hidratante ideal deve combinar três formas de atuação em um produto: umectação, oclusão e hidratação ativa. Para reverter os efeitos negativos gerados por uma desidratação, sugere-se ativos hidratantes, como aquaxil®, alantoína, aloe vera e aquaporine®. Lembre-se de que, para um resultado mais eficaz, os produtos cosméticos devem ser associados a outras terapias. 160 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A iontoforese é um método que utiliza corrente contínua para administração da pele com substâncias que serão utilizadas com objetivo terapêutico específico. • A iontoforese oferece efeitos interpolares, como a eletrosmose, eletroforese, eletrotônus, vasodilatação da pele, aneletônus e cateletônus. • Pela iontoforese, pode ser aplicado cálcio, cobre, hialuronidase, lidocaína, lítio, magnésio, mecolil, priscoline e zinco. • A carboxiterapia utiliza o gás carbônico medicinal ligado a um cilindro e é aplicada através de um equipo com uma agulha de insulina no tecido subcutâneo. • As substâncias mais indicadas para tratamento de gordura localizada e fibroedema geloide incluem cafeisilane, cafeína, xantagosil, nicotinato de metila, sulfato de magnésio, Ginkgo biloba, extrato de arnica, cavalinha, triac, argisil e castanha-da-índia. 161 1 A iontoforese é uma técnica não invasiva, baseada na aplicação de corrente elétrica de baixa intensidade para facilitar a liberação de uma variedade de substâncias ativas e medicamentos, carregados ou não, por meio de membranas biológicas, rumo à corrente sanguínea. É utilizada a bastante tempo na área dermatofuncional. Quando à corrente utilizada para a introdução de medicação no corpo, conhecida como iontoforese, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Bifásica senoidal. b) ( ) Bifásica assimétrica balanceada. c) ( ) Bifáfica simétrica. d) ( ) Contínua. 2 O fisioterapeuta na dermatofuncional pode e deve utilizar diversas substâncias e alguns medicamentos para melhor tratamento estético. Por exemplo, os princípios ativos para fibroedema geloide misturados nos produtos são as matérias-primas responsáveis pelo efeito gerado no tecido, que terá uma indicação específica. Com base nos princípios ativos e cosméticos utilizados no tratamento do fibroedema geloide, analise as afirmativas a seguir: I- O foco é utilizar ativos lipolíticos, ativadores da microcirculação, crioterápicos e termogênicos. II- Dentre as substâncias ativas mais indicadas estão a cafeisilane, xantagosil e nicotinato de metila. III- A eficácia da permeação das substâncias utilizadas depende de fatores relacionados à pele, ao próprio princípio e ao veículo adequado. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas. b) ( ) Somente a afirmativa II está correta. c) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a afirmativa III está correta. AUTOATIVIDADE 162 3 A corrente elétrica contínua deve ser administrada ao paciente através de algum tipo de eletrodo. Muitos eletrodos diferentes estão disponíveis para o fisioterapeuta, como aqueles prontos para uso, os descartáveis e os feitos especificamente para iontoforese. Tendo como base o conteúdo estudado sobre os eletrodos utilizados na iontoforese, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Os eletrodos comercialmente produzidos possuem uma câmara pequena, na qual a solução ionizada é armazenada, que é coberta por algum tipo de membrana semipermeável. ( ) O eletrodo nem sempre deve estar aderido à pele do paciente. ( ) Alguns eletrodos estão disponíveis já com as soluções ionizadas dentro. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V - F - F. b) ( ) V - F - V. c) ( ) F - V - F. d) ( ) F - F - V. 4 Em razão das propriedades dos tecidos biológicos, por uma diferença de potencial, é possível realizar o movimento iônico dentro do tecido, gerando importantes resultados. Associados aos efeitos polares de transferência iônica ocorrem outros efeitos denominados interpolares. Diante disso, discorra sobre os efeitos eletrotônus, aneletônus e cateletônus. 5 A carboxiterapia é considerada uma técnica com a qual injeta-se gás carbônico no tecido subcutâneo do paciente. Para isso, utiliza-se um aparelho com uma agulha bastante fina. A carboxiterapia objetiva melhorar a circulação e oxigenação dos tecidos. Porém, nem todas as pessoas podem se beneficiar dessa técnica. Nesse contexto, disserte quanto as contraindicações da carboxiterapia. 163 TÓPICO 3 - PROCEDIMENTOS INJETÁVEIS REALIZADOS PELO FISIOTERAPEUTA 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 3 Acadêmico, neste tópico, abordaremos alguns procedimentos injetáveis utilizados pelo fisioterapeuta dermatofuncional. Já vimos um desses procedimentos no tópico anterior, a carboxiterapia. Aqui, iremos focar na ozonioterapia, no Plasma Rico em Plaquetas (PRP), na intradermoterapia/mesoterapia, no microagulhamento (STOEBER; MAIBACH; SIVAMANI, 2022), hidrolipoclasia ultrassônica não aspirativa, preenchedoressemipermanentes, fios de sustentação e bioestimulação, e na toxina botulínica. Essas e outras técnicas injetáveis pelo fisioterapeuta são legalmente embasadas pelo documento orientador para o uso racional de substâncias e/ou medicamentos e procedimentos injetáveis pelo fisioterapeuta, o Acórdão nº 20/2020, de 19 de novembro de 2020, do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito). 2 ACÓRDÃO Nº 20/2020, DE 19 DE NOVEMBRO DE 2020 Esse Acórdão nada mais é do que um documento orientador para o uso racional de substâncias e/ou medicamentos, e procedimentos injetáveis pelo fisioterapeuta. Ele foi criado pelo Coffito, considerando a necessidade do estabelecimento de um uso mais racional de medicamentos e também de procedimentos injetáveis pelo fisioterapeuta em sua prática clínica. Conforme o Art. 2º do Acórdão nº 020/2020, as seguintes técnicas e procedimentos são próprios da fisioterapia: Intradermoterapia/Mesoterapia; Microagulhamento; Hidrolipoclasia Ultrassônica não Aspirativa; Preenchedores Semipermanentes; Procedimento Injetável para Microvasos; Toxina Botulínica Fisioterapêutica; Terapia Neural; Ozonioterapia; Plasma Rico em Plaquetas e Terapia Fotodinâmica e Fotossensibilizadores Fisioterapêuticos (COFFITO, 2020, p. 4-5). Contudo, para a utilização dos recursos/técnicas citados anteriormente, “[…] recomenda-se que o fisioterapeuta seja especialista profissional na área da especialidade em que o recurso venha a ser utilizado” (COFFITO, 2020, p. 5). 164 Caro estudante, tenha acesso completo ao Acórdão nº 20, de 19 de novembro de 2020, do Coffito. É o documento que respalda e autoriza a utilização de procedimentos injetáveis pelo fisioterapeuta, principalmente na área dermatofuncional. Disponível em: https://bit.ly/36w8Ql4. DICA 3 OZONIOTERAPIA Dentre as técnicas injetáveis da fisioterapia dermatofuncional, destaque-se a ozonioterapia, uma técnica das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs), que utiliza a aplicação de um conjunto de oxigênio e ozônio (gases), por meio de várias vias de administração. A técnica tem como objetivos aumentar a resposta do sistema imunológico, melhorar a oxigenação dos tecidos e aliviar dores crônicas. Em suma, a ozonioterapia pode ser utilizada para tratar doenças inflamatórias, infecciosas e isquêmicas, pois, tem propriedades fungicidas, bactericidas e virustáticas. Os meios mais comuns para realização do tratamento com ozonioterapia é por meio de aplicações diretas na pele ou ainda por vias intravenosas ou intramusculares. Conforme a indicação e tipo de aplicação, a concentração dos gases pode variar entre 1 e 100 mg/L, ou seja, 0,05 e 5% O3. 4 PLASMA RICO EM PLAQUETAS (PRP) O Plasma Rico em Plaquetas (PRP) é um procedimento que utiliza uma porção do sangue que possui componentes plaquetários e a adição de qualquer produto, como anticoagulante ou coagulante. Essa técnica possui o objetivo de facilitar o processo de regeneração dos tecidos por meio da migração, proliferação e diferenciação celular, inflamação e angiogênese. O PRP pode, também, ser definido como um volume da fração do plasma de sangue autólogo com uma concentração de plaquetas maior do que o do valor inicial. As plaquetas possuem um grande número de fatores de crescimento e de citocinas com papel importante na regeneração e maturação dos tecidos moles, como a pele, por exemplo. 165 5 INTRADERMOTERAPIA/MESOTERAPIA A intradermoterapia ou mesoterapia compreende a aplicação de injeções intradérmicas de substâncias farmacológicas diluídas e diretamente administradas na região do paciente a ser tratada. O método clássico é com a aplicação com agulha e seringa, mas podem ser utilizados também injetores eletrônicos ou mecânicos de múltiplos pontos. Esses permitem quantificar o volume e a profundidade da aplicação. 6 MICROAGULHAMENTO O microagulhamento consiste na microperfuração da pele, geralmente facial, em diferentes profundidades. Utiliza-se um instrumento composto de cabo com cilindro revestido de microagulhas acoplado na extremidade. Ele possui diferentes comprimentos e tem o objetivo de produzir uma inflamação aguda, com consequente incremento da atividade fibroblástica. Outro objetivo deste procedimento é facilitar a absorção de substâncias ativas, portanto, durante e após a aplicação, podem ser utilizados alguns cosméticos (STOEBER; MAIBACH; SIVAMANI, 2022). FIGURA 8 – MICROAGULHAMENTO FONTE: <https://shutr.bz/3KWCrTu>. Acesso em: 1 mar. 2022. O tratamento é realizado pelo rolamento do instrumento em várias direções na pele do paciente. 2,0 mm é o comprimento máximo das agulhas do instrumento a ser utilizado pelo fisioterapeuta (STOEBER; MAIBACH; SIVAMANI, 2022). 166 7 HIDROLIPOCLASIA ULTRASSÔNICA NÃO ASPIRATIVA A hidrolipoclasia ultrassônica não aspirativa compreende a infiltração de uma solução salina (soro fisiológico, geralmente), com ou sem a presença de agentes lipolíticos, no tecido adiposo do paciente. Há ainda aplicação do ultrassom terapêutico, o que gera uma lipólise local do tecido. Essa técnica objetiva, principalmente, reduzir a gordura corporal localizada. A utilização dessa técnica em tratamentos estéticos é relativamente atual, sendo a sua aplicação geralmente associada ao tratamento da lipodistrofia finoide e da gordura localizada. A possibilidade para sua aplicação se relaciona aos seus efeitos mecânicos e térmicos. 8 PREENCHEDORES SEMIPERMANENTES Os preenchedores permanentes compreendem substâncias biocompatíveis e que são reabsorvidas pelo organismo humano, utilizadas para preenchimentos subcutâneos, dérmicos e supraperiostal, corrigindo perdas de volume. Ácido hialurônico, hidroxiapatita de cálcio e o ácido poli-L-láctico são as principais substâncias utilizadas. O fisioterapeuta não é liberado para usar o polimetilmetacrilato (PMMA). 9 FIOS DE SUSTENTAÇÃO E BIOESTIMULAÇÃO É um procedimento que objetiva o realinhamento das estruturas da matriz extracelular que sofreram ptose, por meio da diminuição das forças de tração do envelhecimento dos tecidos. O fisioterapeuta utilizará fios absorvíveis, estimulando a produção de colágeno na região em que foi implantada, ao mesmo tempo em que são lentamente reabsorvidos pelo organismo. É proibida a implantação de fios permanentes ou definitivos pelo fisioterapeuta. Os fios de ácido polilático e os fios de polidioxanona, são os principais materiais utilizados pelo fisioterapeuta. 167 10 TOXINA BOTULÍNICA Compreende um procedimento realizado através de uma injeção intramuscular após diluição da toxina do tipo A. Para tal, utiliza-se uma seringa e uma agulha aplicada nas regiões do paciente a serem tratadas. A dosagem irá variar de 10 a 20 U por paciente. É recomendado o volume de um a cinco mililitros por ponto. Vale reforçar que este procedimento poderá ser utilizado exclusivamente nas condições registradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 168 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • O Acórdão nº 20, de 19 de novembro de 2020, é o documento orientador para o uso racional de substâncias e/ou medicamentos e procedimentos injetáveis pelo fisioterapeuta, criado pelo Coffito. • Conforme o Art. 2º do Acórdão nº 20/2020, as técnicas de intradermoterapia/ mesoterapia, microagulhamento, hidrolipoclasia ultrassônica não aspirativa, preenchedores semipermanentes, procedimento injetável para microvasos, toxina botulínica fisioterapêutica, terapia neural, ozonioterapia, plasma rico em plaquetas e terapia fotodinâmica e fotossensibilizadores fisioterapêutico, são liberadas para uso dos fisioterapeutas. • A ozonioterapia é uma técnica das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde que utiliza a aplicação de um conjunto de oxigênio e ozônio (gases), por meio de várias vias de administração para melhorar a oxigenação dos tecidos e aliviar dores crônicas. • O PRP é um procedimento que utiliza uma porção do sangue que possui componentes plaquetários e a adição de qualquer produto, como anticoagulante ou coagulante, com o objetivo de facilitar o processo de regeneraçãodos tecidos por meio da migração, proliferação e diferenciação celular, inflamação e angiogênese. • A intradermoterapia, ou mesoterapia, compreende a aplicação de injeções intradérmicas de substâncias farmacológicas diluídas, e diretamente administradas na região do paciente a ser tratada. • O microagulhamento consiste na microperfuração da pele, geralmente facial, em diferentes profundidades, com o objetivo de produzir uma inflamação aguda, com consequente incremento da atividade fibroblástica. • A hidrolipoclasia ultrassônica não aspirativa, compreende a infiltração de uma solução salina, com ou sem a presença de agentes lipolíticos, no tecido adiposo do paciente, o que gera uma lipólise local do tecido. Essa técnica objetiva, principalmente, reduzir a gordura corporal localizada e lipodistrofia finoide. • Os preenchedores permanentes compreendem substâncias biocompatíveis e que são reabsorvidas pelo organismo humano, utilizadas para preenchimentos subcutâneos, dérmicos e supraperiostal, corrigindo perdas de volume. Utiliza-se geralmente ácido hialurônico, hidroxiapatita de cálcio e o ácido poli-L-láctico. 169 1 O microagulhamento é um tratamento estético, que utiliza diversas agulhas de aço cirúrgicas dispostas em um tipo de rolo que causam perfurações na pele. O procedimento aumenta a vasodilatação e estimula a formação de colágeno. É uma técnica bastante procurada atualmente. Sobre o recurso de microagulhamento (MA) utilizado pelo fisioterapeuta dermatofuncional em sua prática clínica, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O uso de anticoagulantes pelo paciente não é considerado uma contraindicação para realização do MA. b) ( ) Há a necessidade da utilização de anestesia tópica com cremes à base de lidocaína, ou outros anestésicos tópicos para realização do procedimento de MA. c) ( ) Em cada área tratada com MA, deve ser realizada apenas uma passada em cada direção – horizontal, vertical e diagonal. d) ( ) Os aparelhos de MA podem ser reutilizados, de acordo com as normas da Anvisa, quando forem autoclavados adequadamente. 2 Atualmente, há uma gama crescente e disponível de técnicas e procedimentos que podem ser utilizados na área da fisioterapia dermatofuncional. O foco dessas técnicas e procedimentos é a estética do paciente, mas, também, há aquelas que agem principalmente na saúde e qualidade de vida. Quanto ao procedimento que utiliza uma porção do sangue que possui componentes plaquetários e a adição de qualquer produto, como anticoagulante ou coagulante, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Toxina botulínica. b) ( ) PNP. c) ( ) Hidrolipoclasia ultrassônica não aspirativa. d) ( ) Microagulhamento. AUTOATIVIDADE 170 3 Com o passar do tempo e evolução das pesquisas na área dermatofuncional, diversas técnicas, procedimentos e métodos foram desenvolvidos. Um deles é o microagulhamento, bastante utilizado na área da estética facial, melhorando aspectos relacionados principalmente ao envelhecimento facial. A respeito do microagulhamento, analise as afirmativas a seguir: I- O microagulhamento consiste na microperfuração da pele, geralmente facial, em diferentes profundidades. II- Utiliza-se um instrumento composto de cabo com cilindro revestido de microagulhas acoplado na extremidade. III- Produz uma inflamação crônica, que dura semanas, com consequente incremento da atividade fibroblástica. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas. b) ( ) Somente a afirmativa II está correta. c) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a afirmativa III está correta. 4 Os fios de sustentação e bioestimulação compreende um excelente procedimento para o rejuvenescimento facial. Pode ser aplicado em diferentes áreas do rosto. Esse procedimento é liberado pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, o Coffito, para uso do fisioterapeuta. Descreva o objetivo do uso dos fios de sustentação e bioestimulação e seus efeitos. 5 Dentre as técnicas injetáveis da fisioterapia dermatofuncional, destaque-se a ozonioterapia. É uma técnica relativamente nova, atual e que necessita de treinamento especializado do profissional. É uma das técnicas injetáveis autorizadas pelo Coffito, para utilização do fisioterapeuta. Discorra a respeito dessa técnica. 171 TÓPICO 4 - FISIOTERAPIA EM PACIENTES QUEIMADOS 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 3 Acadêmico, neste tópico abordaremos o papel da fisioterapia dermatofuncional em pacientes queimados. Calor, fogo, substâncias químicas, eletricidade e radiação podem causar queimaduras nos tecidos corpóreos. A queimadura é uma transferência de energia que, muitas vezes, passa pela pele causando um dano celular, que pode comprometer algumas funções. Ainda, o aquecimento rápido da superfície do corpo leva à dilatação dos vasos sanguíneos e gera respostas inflamatórias. Milhares de pessoas sofrem com queimaduras, sendo que dez a cada 1.000 morrem por isso. Dessa maneira, o tratamento adequado requer entendimento não só do local lesionado, mas dos aspectos hematológicos, nutricionais, imunológicos e biofísicos. A prevalência de indivíduos queimados é alta, e estes precisam ser bem avaliados e tratados, devido à gama de consequências que podem ocorrer após uma lesão térmica. Cabe ao fisioterapeuta entender a fisiologia do processo de queimaduras, assim como de sua cicatrização. O fisioterapeuta deve saber avaliar a profundidade e a extensão da lesão, assim como sugerir um tratamento cinético-funcional, manual e eletrotermofototerapêutico para seus pacientes. É importante ter em mente que o número de profissionais da área da saúde especializados em queimaduras é reduzido frente à demanda de pacientes. 2 ASPECTOS GERAIS E FISIOLÓGICOS DA QUEIMADURA E DA CICATRIZAÇÃO A queimadura pode gerar alterações teciduais locais e sistêmicas. Assim, a seguir, serão abordadas as reações que os indivíduos podem sofrer ao terem uma lesão térmica e como será a resposta do organismo frente a isso. As lesões térmicas, como as queimaduras, são um dos principais problemas de saúde do trabalhador. Cerca de 100 mil pacientes são atendidos pelo serviço hospitalar por ano, e a taxa de mortalidade é de 2,5 a cada mil queimados, sendo o óbito causado de maneira direta ou indireta por esse tipo de lesão. Dependendo do grau da queimadura, ocorrerá lesão em tecidos profundos, como osso, músculo, vasos, nervos e tendões. Esses fatores vão gerar diferentes manifestações clínicas, como pequenas bolhas e aspecto marmorizado da pele, podendo ser preto, amarelo, branco e vermelho. 172 Entre os fatores que mais causam queimaduras, 50% dos casos de lesões são causados por líquidos superaquecidos, chama direta ou superfícies quentes, como ferro de passar roupa, tampa de panela, churrasqueira etc. Assim, quando ocorre uma queimadura, a integridade da pele, que é um fator de proteção do organismo humano, é completamente destruída, favorecendo o aparecimento de bactérias patogênicas. Estas podem se reproduzir facilmente, devido ao ambiente desequilibrado da microbiota cutânea, e essa infecção pode ser fatal – ela representa um quarto dos óbitos de pacientes queimados. Assim, deve-se acelerar o processo de cicatrização, seja por meio de recursos terapêuticos ou por enxerto (GUIRRO; GUIRRO, 2003). No momento agudo de uma lesão térmica, é observada a liberação de histamina pelos mastócitos, a qual vai aumentar a permeabilidade capilar e gerar o extravasamento do plasma sanguíneo no interstício do tecido. Consequentemente, se formará um edema e ocorrerá hipovolemia, sendo que esse processo de vasodilatação ocorre em minutos e pode atingir seu ápice em até oito horas. Por esse aumento ser intenso, as soluções cristaloides e coloides podem passar livremente pelo vaso, contribuindo ainda mais com o edema e agravando a retenção hídrica. Resumidamente, o edema, a perda de líquidos e o aumento da permeabilidade capilar vão gerar dois riscos para o paciente, descritos a seguir: • choque hipovolêmico: tipo frequente de choque que diminui o débito cardíaco devido à redução do volume sanguíneo,nesse caso, pela perda de líquidos não associada à hemorragia. Pode causar aumento da atividade simpática, hiperventilação, vasoconstrição venosa e hipoperfusão tecidual, a qual vai aumentar os níveis de lactato; • perda de eletrólitos: perda de minerais responsáveis pela transposição de água dentro do ambiente celular, além de atuarem nas sinapses nervosas. Esse desequilibro eletrolítico é decorrente da aldosterona que foi secretada em função da hipovolemia, promovendo a liberação de sódio e perda de potássio. Outra preocupação constante é a infecção nas feridas, visto que o paciente pode sofrer uma sepse – uma inflamação intensa em todo o organismo, quando os agentes infecciosos realizam a invasão dos vasos sanguíneos e percorrem todo o corpo. Este estado de sepse pode levar a um quadro de hipóxia tecidual e a um aumento dos fatores coagulativos, gerando tromboses e hemorragias ao longo do corpo. Os sintomas mais comuns são: • temperatura corporal acima de 38 °C ou abaixo de 35 °C; • taquicardia, que, quando associada à hipovolemia, pode causar bradicardia; • frequência respiratória elevada, acima de 20 incursões por minuto; • no hemograma, leucócitos acima de 12.000 cel/mm3 ou abaixo de 4.000 cel/mm3. 173 Além dessas alterações metabólicas, ainda ocorre a baixa filtração glomerular, a qual gera hipoalbuminemia, decorrente da hemodiluição, podendo estar associada a quadros de hipomagnesemia, hipofosfatemia e hipopotassemia. Esse quadro gera sinais e sintomas de náuseas, vômitos, letargia, fraqueza, alteração de personalidade, podendo chegar à paralisia e insuficiência respiratória. Em relação ao tecido superficial, será visível a aparição de escaras, potencialmente constritivas, gerando cicatrizes que limitam a expansão do tecido. Elas são uma ameaça à mobilidade articular, principalmente dos dedos e, quando envolvem a região torácica, podem comprometer a ventilação. O enfoque terapêutico do paciente é diretamente ligado ao conhecimento fisiológico e clínico que ele pode apresentar. 3 AVALIAÇÃO DO PACIENTE QUEIMADO As vítimas de queimaduras possuem um quadro clínico diferente um do outro, afinal, tudo dependerá da gravidade da lesão. Desta forma, avaliar o paciente é fundamental para o sucesso do tratamento fisioterapêutico. É necessário que o fisioterapeuta saiba como avaliar a profundidade da queimadura, além de sua extensão, entender o estado de hidratação do paciente e realizar uma avaliação cinesiológica dos movimentos/tecidos adjacentes. A seguir, será abordada a classificação das queimaduras quanto à profundidade. 3.1 CLASSIFICAÇÃO PELA PROFUNDIDADE DA QUEIMADURA A classificação pela profundidade da queimadura é dividida em três graus, descritos a seguir. • Lesão de primeiro grau: lesão que atinge a camada mais superficial da pele, a epiderme, podendo deixar um aspecto úmido, com hiperemia, edema e dor. Não há presença de sangue, e o quadro é resolvido em poucos dias, podendo haver escurecimento e descamação da pele. Essas lesões não necessitam de tratamento fisioterapêutico, visto que sua regeneração é rápida, podendo levar até sete dias. • Lesão de segundo grau: a profundidade dessa lesão chega até a derme, a qual vai apresentar bolhas (flictenas), as quais podem estar rompidas. Caso seja uma lesão de segundo grau superficial, o paciente pode manter alguns folículos pilosos, no entanto, quando ocorre o rompimento das bolhas, será visível uma pele avermelhada e úmida, podendo ter formação cicatricial em 14 até 21 dias. Nesse tipo de lesão, o fisioterapeuta não encontrará alterações funcionais no movimento articular e poderá tratar, principalmente, por meio de recursos eletrotermofototerapêuticos. Agora, se for uma lesão de segundo grau profunda, após o rompimento das bolhas, é normal 174 visualizarmos uma camada branca (pálida) da pele, menos dolorosa. Como o epitélio é frágil, nesses casos, pode ocorrer úlceras com facilidade, gerando cicatrizações hipertróficas e formação de contraturas cicatriciais, as quais podem impedir o movimento tecidual e articular. Para evitar tal comprometimento, pode ocorrer a excisão tangencial e a colocação de enxertos. Nesse caso, se houver uma cicatrização em dobras articulares, poderá limitar o movimento; assim, a atuação do fisioterapeuta é indispensável. • Lesão de terceiro grau: acomete os tecidos cutâneo, subcutâneo, muscular e até ósseo. Apresenta formação da pele marmorizada, com cor esbranquiçada, com redução da capacidade elástica, perda de sensibilidade e vasos trombosados. Nas áreas carbonizadas pelo estímulo térmico ou elétrico, pode-se dizer que é uma lesão de quarto grau. FIGURA 9 – QUEIMADURAS DE 1º, 2º E 3º GRAU FONTE: <https://shutr.bz/3ItUkrd>. Acesso em: 2 mar. 2022. Em toda lesão que se apresentar circular, ou no tórax, os médicos realizam a escarotomia, que é a retirada de todo o tecido morto. A avaliação da extensão e do comprometimento de regiões articulares é indispensável para esse grau de queimadura, devido à profundidade dela, a qual pode limitar severamente o movimento, se não houver a colocação de enxertos. 3.2 MENSURAÇÃO DA EXTENSÃO DA QUEIMADURA O cálculo de extensão corporal não deve embutir as áreas de primeiro grau. Caso isso aconteça, ocorrerá uma supervalorização da ferida. Usaremos a regra dos nove, um método rápido para mensurar a extensão da lesão, além de ser o procedimento mais utilizado em hospitais. Basta vermos a região que foi queimada e somarmos a porcentagem referente àquela área. Em seguida, utilizamos a classificação de acordo com a gravidade da lesão, proposta pela American Burn Association, descrita a seguir: 175 • Lesão mínima: ◦ < 15% da espessura parcial da superfície corporal (10% em crianças); ◦ < 2% da espessura plena da superfície corporal (não envolvendo olhos, orelhas, face ou períneo). • Lesão moderada: ◦ todas aquelas com 15% a 25% da superfície corporal (10% a 20% em crianças); ◦ 2% a 10% da espessura total da superfície corporal (não envolvendo olhos, orelhas, face ou períneo). • Lesão maior: ◦ todas aquelas com > 25% de espessura da superfície corporal (> 20% em crianças); ◦ todas as queimaduras de face, olhos, orelhas e pés; ◦ todas as queimaduras elétricas; ◦ todas as queimaduras por inalação; ◦ todas as queimaduras com fratura ou trauma tecidual importante; ◦ todas as queimaduras com grande risco, secundário à idade ou doença. Todas as informações básicas devem ser colhidas, como nome, idade, sexo, estado civil, trabalho etc. Deve-se identificar as patologias associadas e pregressas, o tipo de acidente, como ocorreu, o agente causador e se houve trauma associado e inalação de fumaça. Ainda, deve-se realizar a avaliação respiratória por ausculta pulmonar. O fisioterapeuta deve realizar a mensuração das feridas com uma fita métrica, e fazer um acompanhamento fotográfico para observar os futuros resultados do tratamento fisioterapêutico. ATENÇÃO 4 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM PACIENTES QUEIMADOS Após obter as informações necessárias durante a avaliação, o fisioterapeuta tem um dos papéis mais importantes no atendimento do paciente queimado, que é avaliar o tratamento mais indicado para cada caso. Existem algumas técnicas e procedimentos que podem ser utilizados nos pacientes que sofreram queimaduras, seja de 1º, 2º ou 3º grau. Dependerá do conhecimento e capacidade do fisioterapeuta em escolher a técnica mais indicada para cada caso. 176 4.1 COMPRESSÃO TECIDUAL O processo de cicatrização das queimaduras predispõe à formação de cicatrizes hipertróficas e contraturas, devido ao aumento de vascularização, pelo qual os fibroblastos e miofibroblastos podem passar, ocorrendo deposição de colágeno e material intersticial. Isso vai depender da duração da vascularidade – quanto maior a duração, maior a chance de formar uma cicatriz hipertrófica. As cicatrizes que perdem seu aspecto avermelhado dentro de dois a três meses têm baixa chance de terem complicações teciduais restritivas. Essas cicatrizes hipertróficas perdem seu aspecto avermelhado e se tornam macias e planas. Para isso acontecer corretamente,é necessário aplicar compressão a um nível que exceda a pressão capilar, isto é, 25 mmHg, diminuindo a intensidade da cicatrização. As cicatrizes retráteis podem aparecer já nas primeiras semanas, evoluindo durante seis a dez meses na ausência de tratamento. Elas vão gerar uma tensão constante e permanente, tendo espessura parcial e profunda. Um dos tratamentos para esse tipo de cicatrização é a compressão por malhas compressivas. Essas malhas devem ser confeccionadas sob medida. O material utilizado normalmente é 67% nylon e 33% látex, capaz de proporcionar uma compressão superior à do capilar sanguíneo. ATENÇÃO Para que ocorra sucesso no tratamento, a fisioterapia deve iniciar com o uso das malhas logo após a epitelização completa, sendo que o paciente pode usar 23 horas por dia, durante 12 a 36 meses. Caso isso seja realizado, ocorrerá a diminuição do prurido e da sensação de ferroadas no paciente; além disso, a elasticidade da pele será favorecida, e será promovido o benefício funcional e estético. Vale ressaltar que a pressão facilita a drenagem linfática e, por isquemia tissular, ocasiona remodelamento do colágeno, induzindo a formação de fibras paralelas. 4.2 AGENTES ELETROTERMOFOTOTERAPÊUTICOS A fotobiomodulação é um ótimo recurso para pacientes queimados. Por ser uma luz, o laser de baixa intensidade tem algumas características especiais, como monocromaticidade (apenas uma cor), unidirecionalidade (todos os fótons têm uma única direção), e coerência (todos os picos de onda acontecem ao mesmo tempo, mantendo a amplitude igual). 177 No caso de queimaduras superficiais, ao nível da epiderme, podemos utilizar equipamentos com comprimentos de onda próximos a 630 nm, conhecidos como laser vermelho, visto que sua penetração no tecido é baixa. Já para lesões de queimaduras profundas, é recomendado utilizar lasers com comprimentos de onda próximos a 904 nm, visto que sua penetração tecidual é alta, esse laser é conhecido como infravermelho. No momento em que a luz penetrar a célula, a enzima citocromo oxidase vai absorver os fótons e desencadear uma cascata metabólica. Que vai aumentar a produção de adenosina trifosfato nas mitocôndrias, além de auxiliar na formação de novos vasos por meio dos fatores de crescimento vasoendoteliais. Dessa maneira, para queimaduras de segundo grau, é recomendada a realização de laser de baixa intensidade, com intervalo de três dias. Com o laser vermelho de arseneto de gálio, com frequência de 10 kHz e potência de 100 mW, aplicando-se uma fluência de 4 J/ cm2 , vai ocorrer a ativação mitocondrial, a replicação do DNA local e o aumento da neurotransmissão. Isso gera uma cascata metabólica que vai resultar na reparação tecidual, na resolução inflamatória e na diminuição da dor. Já a luz intensa pulsada é utilizada variando o comprimento de onda entre 390 e 1.200 nm. A luz é emitida em forma de flash. Essa variação de comprimentos de onda vai penetrar profundamente na pele, ampliando a destruição de vasos profundos, enquanto aquece vasos de maior calibre de maneira lenta, ajudando na remodelação de colágeno. Para tais efeitos, é recomendado aplicar 13 J/cm2 , com 22 ms de duração do flash, com gel resfriado na região, fazendo um disparo para cada dois cm2 . Por sua vez, a terapia ultrassônica vai gerar vibrações mecânicas com uma frequência entre 0,7 e 3 Mhz. Para o tratamento de cicatrizes hipertróficas, preconizase o uso do modo contínuo, por aumentar a mobilidade da cicatriz endurecida (madura), aumentando a extensão das proteínas de colágeno, podendo-se observar uma suavização do tecido cicatricial. A potência sugerida pode variar entre 1 e 3 W/cm2 , durante cinco a oito minutos, sendo que os resultados são mais expressivos quando a cicatriz não completou um ano. A terapia com ultrassom vai acelerar a resposta inflamatória, promovendo a liberação de histamina e fatores de crescimento pela granulação de macrófagos, mastócitos e plaquetas, aumentando a síntese de colágeno pelos fibroblastos. Lembrando que não se deve aplicar o ultrassom em regiões com hipoestesia ou insuficiência vascular, no nível dos olhos, em grávidas, sobre a área cardíaca, em tumores malignos, testículos ou regiões trombóticas, em implantes metálicos ou em endopróteses. 178 NOTA A eletroterapia é um recurso eficiente no tratamento de cicatrizes hipertróficas. Por exemplo, podemos utilizar correntes alternadas para tratar aderências de tendões ao tecido cicatricial subjacente. Ainda, caso a corrente seja bipolar e pulsada, ela vai reduzir o edema e aumentar a amplitude de movimentos dos pacientes queimados (PEREIRA, 2019). A corrente galvânica é o melhor recurso eletroterapêutico para tratar cicatrizes hipertróficas, devido ao seu efeito polar. Assim, sugere-se colocar o polo negativo diretamente sobre a cicatriz, ocorrendo endosmose, aumento de circulação e formação de um composto de pH básico que auxilia no aumento da elasticidade tecidual. 4.3 VACUOTERAPIA A vacuoterapia trabalha restaurando a forma e a função do tecido, por meio do aumento circulatório e, consequentemente, da oxigenação no meio intersticial. Essa técnica vai utilizar equipamentos específicos de aspiração, que vão forçar a mobilidade tecidual profunda da pele. Essa forte sucção gerará um processo inflamatório agudo e estimulará os fibroblastos, quando aplicada a uma intensidade de 100 a 250 mmHg. Toda a técnica deve ser executada no sentido das fibras musculares e das linhas de tensão da pele, justamente para evitar a flacidez tecidual. 179 IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA NA REABILITAÇÃO DO PACIENTE QUEIMADO Cintia Monique Lima Santana Cibele Figueiredo de Brito Aida Carla Santana de Melo Costa OBJETIVO Analisar a importância da fisioterapia na reabilitação de pacientes com queimaduras, por meio da aplicação de um protocolo de avaliação antes e após a fisioterapia, com os pacientes do Hospital de Emergência de Sergipe (HUSE), na cidade de Aracaju, SE, de março a maio de 2012. MÉTODO Estudo de intervenção e de campo, com a natureza qualitativa e quantitativa, realizada na Unidade e Terapia de Queimados do HUSE. A amostra foi composta por 30 voluntários. Analisamos o aspecto dor de reparo cicatricial, agente causador, edema, grau e extensão da queimadura, a força muscular e a amplitude de movimento antes e depois de dez sessões de fisioterapia. RESULTADOS Foi encontrada prevalência de queimaduras entre 18 e 59,9 anos e, quanto à área queimada, obteve-se em maior medida na faixa etária de 1 a 5,9 anos e o tempo médio de internação foi de 24,84 dias. Houve predomínio de queimadura de 2º grau. Evidenciou-se que, antes da fisioterapia, a fase predominante foi a inflamatória e, após a prática de fisioterapia, foi a de remodelação. O edema regrediu em todos os pacientes após a terapia. Houve aumento significativo em todas as variáveis estudadas. CONCLUSÕES Os parâmetros clínicos comparados, antes e após a fisioterapia, apresentaram valor preditivo significativo para todas as variáveis, confirmando a importância deste serviço na reabilitação. FONTE: SANTANA, S. M. L.; BRITO, C. F. de; COSTA, A. C. S. de. Importância da fisioterapia na reabilitação do paciente queimado. Revista Brasileira de Queimaduras. Goiânia, v. 11, n. 4, 2012. Disponível em: https://bit.ly/3L35e90. Acesso em: 25 fev. 2022. LEITURA COMPLEMENTAR 180 RESUMO DO TÓPICO 4 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A queimadura pode gerar alterações teciduais locais e sistêmica, sendo um dos principais problemas de saúde do trabalhador, por exemplo. • Dependendo do grau da queimadura, ocorrerá lesão em tecidos profundos, como osso, músculo, vasos, nervos e tendões. Portanto, é necessário que o fisioterapeuta saiba como avaliar a profundidade da queimadura, além de sua extensão, entender o estado de hidratação do paciente e realizar uma avaliação cinesiológica dos movimentos/tecidos adjacentes. • As queimaduras podem ser classificadas em lesão de primeiro grau, lesão de segundo grau e lesão de terceiro grau. A primeira, acomete apenas a epiderme. A segunda, acometea epiderme e a derme. E a terceira, acomete todas as camadas da pele e também tecidos adjacentes. • Em pacientes queimados, o fisioterapeuta poderá atuar com compressão tecidual, agentes eletrotermofototerapêuticos e vacuoterapia. 181 1 As queimaduras são lesões graves que afligem milhares de pessoas em todo o mundo. Em sua maioria acometem a pele, maior órgão do corpo humano e responsável pelo seu revestimento, mas podem acometer, ainda, órgãos internos. Essas lesões podem ser causadas por diferentes tipos de agentes agressores e atingir profundidades e extensões variáveis. Tais características serão determinantes para a escolha do tratamento mais adequado. Com relação ao programa fisioterapêutico de um paciente com extensas queimaduras recentes, analise as afirmativas a seguir: I- Exercícios ativos devem ser realizados em todas as áreas queimadas, a fim de se manter ou recuperar a amplitude de movimento e minimizar ou impedir a formação de contraturas teciduais. II- A cinesioterapia na piscina é uma opção de escolha do fisioterapeuta para o tratamento do paciente. III- O exercício contribui no processo de cicatrização das lesões por promover tensão no tecido, desde que a mobilização seja realizada na amplitude articular máxima. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As afirmativas I e III estão corretas. b) ( ) Somente a afirmativa I está correta. c) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a afirmativa III está correta. 2 A fisioterapia para pacientes que sofreram queimaduras é relativamente nova. Por meio de algumas técnicas e procedimentos, pode-se melhorar a função das áreas queimadas. A fotobiomodulação, por exemplo, é um ótimo recurso para pacientes queimados. A respeito da fotobiomodulação nessa área, analise as afirmativas a seguir: I- Por ser uma luz, o laser de baixa intensidade tem algumas características especiais, como monocromaticidade, unidirecionalidade e coerência. II- Nas queimaduras superficiais, podemos utilizar o laser vermelho, equipamento com comprimentos de onda próximos a 630 nm com alta penetração no tecido. III- Nas lesões de queimaduras profundas, é recomendado utilizar lasers com comprimentos de onda próximos a 904 nm. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As afirmativas I e III estão corretas. b) ( ) Somente a afirmativa II está correta. c) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a afirmativa III está correta. AUTOATIVIDADE 182 3 O processo de cicatrização das queimaduras predispõe a formação de cicatrizes hipertróficas e contraturas, devido ao aumento de vascularização pelo qual os fibroblastos e miofibroblastos podem passar, ocorrendo deposição de colágeno e material intersticial. Isso vai depender da duração da vascularidade, quanto maior a duração, maior a chance de formar uma cicatriz hipertrófica. A partir do texto base e do conteúdo estudado, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) As cicatrizes que perdem seu aspecto avermelhado dentro de dois a três meses, têm baixa chance de terem complicações teciduais restritivas. ( ) As cicatrizes hipertróficas perdem seu aspecto avermelhado e se tornam macias e planas. ( ) As cicatrizes retráteis podem aparecer já nas primeiras semanas, evoluindo durante seis a dez meses na ausência de tratamento. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V - F - F. b) ( ) V - V - V. c) ( ) F - V - F. d) ( ) F - F - V. 4 Existem diversas técnicas para tratamento de pacientes queimados, como a compressão tecidual, os agentes eletrotermofototerapêuticos e a vacuoterapia. A vacuoterapia, compreende um tratamento estético que ajuda a melhorar a circulação sanguínea e linfática do paciente queimado. Nesse contexto, disserte sobre a vacuoterapia, sua aplicação e benefícios estéticos. 5 As queimaduras são ferimentos traumáticos causados, geralmente, por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos. Elas atuam nos tecidos que vestem nosso corpo, causando destruição parcial ou total da pele e das demais camadas anexas, podendo, ainda, atingir camadas mais profundas, como tecido celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos. Diante disso, descreva e diferencie as queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau. 183