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Ciências Humanas e suas Tecnologias ENEM - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 106 O ecossistema amazônico é impróprio para a prática da agropecuária, pois torna-se necessária a devastação de grandes trechos de matas, provo- cando prejuízos para o meio ambiente. Entretanto, a pecuária extensiva tem apresenta- do grande incremento nos últimos anos, sobretudo ao longo das rodovias Belém-Brasília e Brasília-Acre. Apresenta um baixo rendimento e baixa produti- vidade de carne. Nas tradicionais áreas de criação da região, não houve grandes agressões ao meio ambiente, como nos campos de Roraima (bovinos) e na Ilha de Mara- jó, onde é criado o gado bufalino (búfalos). Agropecuária no Centro-Oeste A região Centro-Oeste tem apresentado um grande crescimento na sua produção agropecuária. Vários fatores explicam esse desenvolvimento: me- lhoria dos meios de transportes (rodovias), proximida- de do maior mercado consumidor do país (Sudeste), crescimento populacional, adaptação da soja e ou- tras culturas ao solo do Cerrado, etc. As principais áreas agrícolas do Centro-Oeste são: - Vale do Paranaíba: no sul de Goiás, tradicional área do cultivo do arroz, onde se planta também soja, algodão, café, milho, etc. - Mato Grosso de Goiás: área localizada no su- deste de Goiás. - Sul do Mato Grosso do Sul A introdução de técnicas modernas de recupe- ração dos solos, condições de armazenagem, incen- tivos fiscais, etc. possibilitaram a expansão da fron- teira agrícola em direção ao norte do Centro-Oeste. No eixo de rodovias, grandes projetos agropecuários foram implantados. A soja foi o principal produto que permitiu a valorização do Cerrado. Além desse pro- duto, cultiva-se nessa região arroz, algodão, milho, café, etc. A construção da Estrada de Ferro Leste-Oeste, que ligará Cuiabá ao Triângulo Mineiro (Uberada e Uberlândia) e a São Paulo (Santa Fé do Sul), permitirá um escoamento mais rápido, produção de soja e ou- tros produtos a custos mais baixos. Desse empreendimento participam governo (BN- DES) e empresários (Grupo Itamarati de Olacir de Mo- raes). A pecuária extensiva de bovinos teve um gran- de crescimento na região nas últimas décadas. Mato Grosso do Sul é o Estado de maior rebanho de bovi- nos do país. Nos últimos anos, um grande número de frigorí- ficos estão se transferindo de São Paulo (tradicional área de engorda de gado criado no Centro-Oeste) para a região. O Pantanal mato-grossense é uma tradicional área de criação de gado do Centro-Oeste, favoreci- da pela presença de pastagens naturais, sal, ligação rodoferroviária com São Paulo e baixos preços das terras. Regiões Nordeste e Sul Agropecuária no Nordeste A região Nordeste do Brasil apresenta diferentes organizações do espaço agrário de uma área para outra, originando sub-regiões geográficas. No mapa anterior, temos: 1 = Zona da Mata 2 = Agreste 3 = Sertão ou polígono das Secas 4 = Nordeste ocidental Zona da Mata Na Zona da Mata, o espaço agrário foi organiza- do no período colonial, através do sistema de plan- tation, isto é, grandes plantações trabalhadas por escravos. O destaque sempre foi à cana-de-açúcar, cuja produção era exportada para a metrópole. Na atualidade, a monocultura canavieira apre- senta-se como uma agroindústria, destinada à pro- dução do açúcar e do álcool em modernas usinas. O latifúndio e a monocultura comercial são heranças históricas que persistem até os dias de hoje, e cons- tituem a principal causa dos problemas socioeconô- micos dessa área. Além da cana-de-açúcar, ocorre a produção do fumo em Alagoas e no Recôncavo baiano; e do Cacau, no sul da Bahia (Ilhéus, Itabuna, Jequié, Ca- macã, etc.). Agreste O Agreste, paisagem de transição entre a Zona da Mata úmida e o Sertão semiárido, apresenta um espaço agrário caracterizado pelo predomínio dos minifúndios (pequenas propriedades), favorecendo o desenvolvimento de uma policultura comercial. Além dos tradicionais produtos de subsistência (arroz, feijão, milho, mandioca, etc.), vários produtos agrí- colas comerciais são também cultivados no Agreste, como algodão, sisal e mamona. Trata-se, ainda, da mais importante bacia leiteira do Nordeste. Sertão O Sertão, maior sub-região do Nordeste, apre- senta uma geografia que dificulta a prática da agri- cultura. Os efeitos das prolongadas estiagens (seca) afetam constantemente os agricultores dessa área, provocando sua migração para outras áreas. Ciências Humanas e suas Tecnologias 107 ENEM - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS A base da economia é a pecuária extensiva, com a criação de vários tipos de gado em meio à caatinga. Bovinos, caprinos, asininos, suínos e ovinos são criados em todos os estados nordestinos. A Bahia possui o maior rebanho de caprinos e asi- ninos do país. Essa pecuária é, geralmente, de má qualidade e o rebanho de baixo nível zootécnico. Destina-se es- sencialmente à produção de carne e couro (gado de corte), que são de qualidade inferior. Meio-Norte No Meio-Norte (Maranhão e parte do Piauí), além do extrativismo vegetal do babaçu, destinado à pro- dução de óleos, pratica-se a agricultura comercial. O algodão é um tradicional produto dessa área. Nos vales fluviais (rios Mearim, Pindaré, Itapecuru, etc.), destaca-se a rizicultura (arroz) que faz do Mara- nhão um dos maiores produtores do Brasil. A pecuária extensiva é praticada em toda a área, sobretudo nas mais secas. Agropecuária do Sul Organização da Agropecuária do Sul A região Sul apresenta condições geográficas al- tamente favoráveis ao desenvolvimento da agrope- cuária: clima subtropical, solos de grande fertilidade natural, relevo de planuras favorecendo a mecaniza- ção, etc. Como pudemos observar nos gráficos ante- riores, destaca-se na produção de arroz, soja, fumo, trigo, batata, milho, uva, etc. Nas áreas de imigração europeia (região serrana do Rio Grande do Sul, vale do Itajaí em Santa Catari- na e vales fluviais), o espaço agrário é caracterizado pelo predomínio de pequenas propriedades, onde se pratica a policultura com trabalho familiar. Principais Culturas Cultivam-se milho, feijão, arroz, mandioca, bata- ta, frutas (uva, maçã, pera) e fumo. A monocultura comercial em grandes proprieda- des é no Rio Grande do Sul, com o cultivo de soja, trigo, arroz. No norte do Paraná, o café representou, durante décadas, a base da agricultura. Atualmente, além do café, essa área se destaca na produção de cana-de-açúcar, algodão, soja, la- ranja, milho, etc. Efetivo dos Rebanhos - 1986 A pecuária encontrou, no Sul, condições geográ- ficas altamente favoráveis. A presença de grandes pastagens naturais (pampas) e de um clima subtropi- cal favoreceram a criação de gado de raças euro- peias que apresenta maior produtividade de carne e couro (bovinos, suínos, etc.) e lã (ovinos). Na Campanha Gaúcha (área dos pampas), desenvolve-se uma pecuária extensiva de bovinos e ovinos. Embora o rebanho de bovinos não seja o mais numeroso do país (19%), é o de melhor qualidade, e tanto a carne como o couro têm grande aceitação no mercado. O rebanho de ovinos é o mais numeroso do país (60%). A pecuária intensiva é também bastante im- portante. Além de bovinos destinados à produção de leite (2ª produção do país por regiões), criam-se suínos, aves (frango, peru, etc.). No oeste de Santa Catarina, noroeste do Rio Grande do Sul e Paraná, existem importantes frigoríficos que industrializam a matéria-prima regional (Sadia, Concórdia, Chapecó, Perdigão, etc.). Os frigoríficos da Campanha Gaúcha, quase sempre multinacionais, transformam a carne bovina. Região Sudeste A região Sudeste apresenta uma grande integra- ção entre agropecuária e indústria. Vários produtos se destacam: cana-de-açúcar, laranja, café, milho, arroz, soja, banana. A pecuária é importante no Triângulo Mineiro e Oeste paulista (gado de corte.) Em várias áreas (sul de Minas, vale do Paraíba, etc.) pratica-se a pecuária intensiva (leite). A Produção Agropecuária do Sudeste A agropecuáriana região Sudeste destaca-se no conjunto da economia brasileira não somente pelo grande volume de produção, mas também pela ex- trema diversificação e alto nível de integração com as atividades urbanas (indústria e serviços). Destacam-se como principais produtos agrícolas do Sudeste: Cana-de-açúcar Cuja produção se concentra no nordeste do es- tado de São Paulo (região de Ribeirão Preto), Baixa- da Fluminense e região de Campos no Rio de Janei- ro, e Zona da Mata mineira. Essa produção de cana é responsável pela maior parte do açúcar e do ál- cool combustível produzidos no país. Apresenta elevado grau de mecanização, em- bora na colheita (corte da cana) utiliza-se numerosa mão-de-obra assalariada temporária, oriunda de ou- tras regiões (bóia fria). A Laranja e Outros Cítricos A produção de laranjas no Brasil sofreu um gran- de crescimento nas últimas décadas, devido à grande valorização do produto (suco) no mercado Ciências Humanas e suas Tecnologias ENEM - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 108 internacional. A quebra da safra nos EUA (geadas) foi a principal causa dessa valorização. Entretanto, na atualidade, com a normalização da produção americana, o preço da laranja tem despencado, o que está provocando uma redução na produção; o preço atual da caixa do produto não paga os custos de produção. O principal produtor de laranja do Brasil é o es- tado de São Paulo. O cultivo de cítricos é feito em várias áreas, principalmente nas regiões de Ribeirão Preto, (Araraquara, Bebedouro), Campinas (Limeira, Moji Mirim) e São José do Rio Preto. Café O café foi, durante décadas do século atual, o principal produto de exportação do país. Entretan- to, a participação desse produto na receita cam- bial que era de 68% em 1929, corresponde, nos dias atuais, a apenas 4%. A Pecuária Extensiva Tradicional - grandes espaços - pastagens naturais - ausência de seleção de raças - baixo número de cabeças por área de criação - carne e couro de qualidade inferior - baixo nível zootécnico do rebanho - baixa produtividade Áreas Principais - Sertão nordestino (bovinos, caprinos e asininos) - Campos de Roraima - Ilha de Marajó - búfalos - Sul da Amazônia - Centro-Oeste - Cerrado e Pantanal - Norte de MG e Oeste da BA Pecuária Extensiva Melhorada e Semiextensiva - maior número de cabeças por área de criação - pastagens artificiais com “tratos” complementa- res. - seleção de raças - carne e couro de grande valor econômico - alta produtividade - confinamento na época do abate (atividade intensiva) Áreas Principais - Triângulo Mineiro, Oeste Paulista, Mato Grosso do Sul - Gado de origem indiana. (Nelore, Zebu, Gir, Guzerá) - Campanha Gaúcha Ovinos - maior rebanho do Brasil. Bovinos - raças europeias Pecuária Intensiva Bovinos - gado leiteiro As principais áreas da criação intensiva locali- zam-se no Sudeste e no Sul do país. Aves A avicultura representa importante atividade da pecuária brasileira. Na criação para o corte, desta- cam-se a produção de frangos e perus de Santa Ca- tarina (oeste) RS e PR. O Estado de São Paulo respon- de pela maior produção de ovos. Suínos A maior produção de carne de porco (criação intensiva) ocorre no Sul do país e, juntamente com a avicultura, é praticada por pequenos proprietários do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ao longo de toda sua história, a Geografia bus- cou atingir o reconhecimento como Ciência adap- tando seus paradigmas e interpretações do mundo de forma a se enquadrar no conhecimento formal do meio científico, sem abandonar o foco estabele- cido sobre a sociedade. Assim, na geografia atual, se entende ser necessário considerar o trabalho huma- no sobre o espaço como uma atuação constante, transformadora e evolutiva adaptando-se e agindo sobre o ambiente. Desta forma, na atualidade são realizadas pes- quisas e discussões que visam o entendimento de termos como campo e cidade e suas implicações. Estas definições, não devem passar a ser entendidas meramente como setoriais mas sim como cenários de uma intensa e dinâmica transformação espacial . A dinâmica das relações campo-cidade se tra- duz por sua importância ao considerar o meio de vida destas duas categorias de análise e revelar pos- síveis interações a partir de relações socioeconômi- cas e culturais que as envolvem. Um bom exemplo a respeito destas relações na atualidade é pensar nesta dinâmica a partir da absorção no campo de cada vez mais tecnologias surgidas nas cidades, ou ainda compreender que a maior parte das transformações ocorridas no campo só foram possíveis graças aos capitais e às inovações vindas das cidades. Em contrapartida o campo for- nece para a cidade, produtos rurais alimentícios ou ainda matéria-prima a ser utilizada nas indústrias, sem contar que na grande maioria das pequenas cidades e médias brasileiras é ele o responsável pela geração de boa parte das divisas dos municípios, bem como sua principal fonte de manutenção econômica.