Buscar

artigo atual

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FACULDADE DA AMAZÔNIA – FAAM
 CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
ARIOSTO LOPES DA SILVA
MARTA ELENA SIQUEIRA BRITO DIAS
A AUSÊNCIA DE CRITÉRIOS OBJETIVOS NA LEI DE ENTORPECENTES PARA DEFINIÇÃO DE USUÁRIOS E TRAFICANTES: a eleição de critérios extralegais para superação da lacuna normativa e seus efeitos.
ANANINDEUA - PA
2
2
2023
RESUMO
O debate sobre a Lei nº 11.343 de 2006 nos remete a uma leitura focada nos seus arts. 28 e 33 a fim de perquirir quais os critérios que o texto normativo estabeleceu para a diferenciação do usuário do traficante e os problemas advindos da falta de critérios objetivos, entre eles da quantidade máxima de substância entorpecente não permitida por lei que se poderia possuir e seus consequentes efeitos quando de uma eventual capitulação penal, seja pela autoridade policial, seja pelo magistrado sentenciante. O que nos leva a uma problemática, quais critérios extralegais acabam sendo adotados, tendo como hipóteses critérios socioeconômicos e a cor da pele. Assim o objetivo da presente monografia é analisar o perfil dos indivíduos que são caracterizados pelo sistema de justiça penal como usuários ou traficantes de drogas ilícitas, tendo como metodologia a pesquisa bibliográfica, documental e de coleta de dados em procedimentos criminais tramitados entre os anos de 2021 e 2022 no Juizado Especial Criminal de Marituba-PA. Os resultados da pesquisa indicam que na ausência de critérios objetivos a classificação penal em usuário e traficante transita em um considerável grau de discricionariedade da autoridade competente, que elege critérios extralegais para a subsunção do agente ao tipo penal, com forte influência de critérios socioeconômicos e cor da pele, e, ainda, que esta escolha vem gerando o encarceramento em massa de grande quantitativo de pessoas da raça negra, e de diminuta condição socioeconômica.
Palavras-chave: Lei de Entorpecentes; Usuário; Traficante; Ausência de Critérios; Discricionariedade;
ABSTRACT
The debate on Law No. 11,343 of 2006 leads us to a reading focused on its arts. 28 and 33 to ask what criteria the normative text found to differentiate the user from the drug dealer and the problems arising from the lack of objective criteria, including the maximum amount of narcotic substance not permitted by law that could be possessed and its consequent effects in the event of a possible criminal capitulation, whether by the police authority or by the sentencing magistrate. Which leads us to a problem, which extralegal criteria end up being adopted, using socioeconomic criteria and skin color as hypotheses. Therefore, the objective of this monograph is to analyze the profile of individuals who are characterized by the criminal justice system as users or traffickers of illicit drugs, using bibliographical, documentary and data collection research in criminal proceedings carried out between the years 2021 as a methodology. and 2022 at the Special Criminal Court of Marituba-PA. The research results indicate that in the absence of objective criteria, the criminal classification into user and trafficker involves a specific degree of discretion of the competent authority, which chooses extralegal criteria for the subsumption of the agent to the criminal type, with a strong influence of socioeconomic criteria and color of the skin, and also that this choice has generated the mass incarceration of a large number of people of the black race, and of low socioeconomic status.
Keywords: Narcotics Law; User; Drug dealer; Absence of Criteria; Discretiona
1 - INTRODUÇÃO 
Este estudo objetiva analisar a atual redação da Lei 11.343 de 2006 também conhecida como lei antidrogas; o que mudou neste texto normativo quando comparado à lei anterior, oriunda da ditadura militar; os critérios que podem diferenciar usuários de traficantes; uma visão da lei menos repressiva e um pouco mais humana, especialmente para usuários em que a lei não mais preverá punição e sim uma abordagem mais preventiva visando educar o usuário e reintegrá-lo socialmente, sem perder de vista que em relação ao traficante o rigor da lei é, ainda, maior.
	O usuário será investigado no texto a partir da problemática da falta de critérios objetivos da lei antidrogas e a razão de muitos deles serem qualificados como traficantes, sendo tratados pelo sistema de justiça penal como tais. Esta monografia, também, analisa a discussão sobre a descriminalização do porte e uso pessoal das drogas segundo a visão do STF e a do Congresso Nacional. Esta monografia, ainda, analisa processos tramitados no Juizado Especial Criminal de Marituba, para aferir o perfil dos indivíduos que responderam a procedimentos criminais na qualidade de usuários e/ou traficantes de drogas ilícitas.
É importante discutir as lacunas deixadas pela Lei 11.343 de 2006 em relação a definição de quem é usuário ou traficante, e como a falta de critérios objetivos acaba por tornar possível a discricionariedade para adoção de critérios extralegais que favorecem determinados indivíduos de acordo com a cor de sua pele e condição socioeconômica, os quais recebem uma pena de advertência e são tratados como usuários, enquanto outros indivíduos recebem tratamento mais rígido mesmo portando uma quantidade ínfima de drogas, sendo etiquetados como traficantes, especialmente devido a sua condição periférica e sua cor de pele. Este último “homem criminoso” é que acaba por ocupar as prisões no Brasil. Daí a necessidade premente de um aperfeiçoamento da lei e consequente diminuição da discricionariedade policial e judicial, com o estabelecimento de critérios objetivos que definam traficantes e usuários e que para isto se leve em conta, principalmente, a quantidade máxima de droga ilícita que caracterize seu portador ou detentor como usuário.
Os debates que estão sendo travados no Supremo Tribunal Federal no RE 635659, com repercussão geral (Tema 506), em que se discute a descriminalização do porte de drogas para consumo próprio, até o momento com cinco votos pela inconstitucionalidade da criminalização do porte de maconha para consumo próprio e um voto que considera válida a previsão do art. 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), tem se mostrado muito oportuno para se revisitar a questão da ausência de critérios objetivos para definição de traficante ou usuário. Em seu voto, por exemplo, o Ministro Alexandre de Moraes apresentou como parâmetro para definição de usuárias as pessoas flagradas com até 60g de maconha ou que tenham até seis plantas fêmeas.
A coleta de dados no Juizado Especial Criminal do município de Marituba no Pará por sua vez é útil para um melhor entendimento de como o usuário e o traficante são definidos pelo sistema de justiça local.
Este trabalho tem um caráter qualitativo numa leitura das lacunas deixadas pela atual lei antidrogas; quanto aos dados quantitativos foram usados dados locais do Juizado Especial Criminal da cidade de Marituba, para uma melhor compreensão do perfil dos usuários. Lançou-se mão de uso de gráficos para demonstração da situação por meio da análise documental e por fim o texto debaterá, por meio de pesquisa bibliográfica em livros e notícias de jornais virtuais, sobre a situação atual da Lei 11.343 de 2006 e quais possíveis mudanças que estão sendo discutidas.
	Este artigo contém três partes basilares: a primeira delas visa detalhar as minúcias do art.28 e art.33 e o debate acerca da lei antidrogas, suas lacunas e os problemas advindos desta omissão para a sua aplicação, haja vista que neste texto normativo está o gene da política nacional antidrogas, especialmente no que concerne as penas aplicadas àqueles que venham a ser condenados como usuário ou traficante de entorpecentes. 
	Posteriormente, na segunda parte, será analisada a posição dos ministros do STF em relação ao processo de descriminalização das drogas para uso pessoal de acordo com o artigo 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006); a situação da votação e, de forma breve, a posição dos ministros em relação ao tema, as possíveisdivergências e convergências sobre ele, e, ainda, como a matéria vem sendo vista pelo Congresso Nacional.
	Por fim, a terceira e última parte, a partir da análise do quantitativo de indivíduos que foram objeto de procedimentos perante o Juizado Especial Criminal de Marituba, nos anos de 2021 e 2022, na qualidade de usuários de substâncias entorpecentes, retoma a análise dos art.28 e art. 33 da Lei 11.343 de 2006, para finalmente apontar se, de fato, existem critérios extralegais, que gravitem em torno de situação socioeconômica e cor da pele, que contribuam para o “favorecimento” de um certo extrato social, quando da capitulação penal e consequente aplicação de pena mais branda, prevista no art. 28 da referida lei. 
 2. ANÁLISE NORMATIVA DA LEI ANTIDROGAS E AS NORMAS DEFINIDORAS ENTRE USUÁRIOS E TRAFICANTES. 
 	A Lei nº 11.343/2006 foi promulgada para combater o tráfico de drogas no Brasil, que é inegavelmente um problema global, com o país tendo um impacto relativamente grande, como uma das principais rotas do tráfico internacional. A lei procura resolver este problema e visa punir os traficantes de drogas com maior rigor, abrandando as penas quando diante de usuários de drogas ilícitas. Contudo, a distinção entre usuários e traficantes não está objetivamente definida em lei, abrindo assim um campo de discricionariedade primeiramente para a autoridade policial, quando da capitulação penal provisória e finalmente ao magistrado, quando da sentença penal condenatória. 
	Entretanto, ainda vigora no cenário do sistema de justiça penal brasileiro uma interpretação mais conservadora, que erige a questão do usuário para além da esfera privada, entendendo como um problema de saúde pública, que ofendida ou ameaçada requer a atuação do direito penal. Por este entendimento, por conseguinte, a mera circulação desses produtos (tóxicos), que podem causar dependência física e psicológica, é considerada perigosa a saúde pública. 
Na revogada Lei de Tóxicos, Lei 6.368 de 1976, visava-se combater o tráfico e a internação compulsória por dependência de entorpecentes, sancionando os usuários com penas de 6 meses de prisão a 2 anos; já para os traficantes a pena em abstrato era de prisão de 3 a 15 anos. Esta lei de “proibição” é um modelo da guerra antidrogas liderada pelos EUA e é a principal influência legal que afeta os países latino-americanos, influenciando até mesmo os países latino-americanos. 
Atualmente, os usuários de substâncias entorpecentes não devem ser presos em flagrante delito como na lei anterior, mas conduzidos para lavratura de um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e liberados mediante compromisso de comparecimento a um Juizado Especial Criminal. Entre as penas previstas no texto normativo em vigor, não se encontra a restritiva de liberdade, mas a de advertência, prestação de serviços à comunidade ou obrigação de cumprimento de medidas educativas. Desta forma a lei exclui claramente essas pessoas das prisões, infelizmente verdadeiras “faculdades do crime”, virando a chave para enfrentar o problema do usuário como sendo uma questão de saúde
Já no que tange aos traficantes de drogas ilícitas, estes podem ser condenados de 5 a 15 anos de prisão, deixando o texto legal ainda claro que as penas para importação, exportação, armazenamento de drogas e cultivo de materiais de tráfico são as mesmas das penas anteriores. As disposições da Lei Antidrogas estabelecem que as pessoas condenadas por tráfico se aplicam a pena restritiva de liberdade. 
Uma questão comumente levantada é a escassez de critérios objetivos na legislação atual para distinguir os usuários de drogas dos traficantes. Na verdade, esta definição nem sempre é clara e a redação da lei antidrogas abre espaço para o uso de critérios subjetivos. A autoridade policial no primeiro momento, e o Juiz no derradeiro, define quais indivíduos se enquadram em uma das duas categorias. O artigo 28 preceitua. 
A lei deixa claro que, ao determinar se uma droga apreendida é para consumo pessoal, o juiz considerará a natureza e a quantidade da substância apreendida, o local e as condições em que ocorreu a conduta, as circunstâncias sociais e pessoais. Percebe-se, de pronto, que foi conferida ao juiz uma ampla discricionariedade sobre critérios a toda evidência subjetivos.
É importante destacar a classificação do que seriam as substâncias entorpecentes proibidas por lei, esta, não está na Lei de Drogas, nem no Código Penal ou mesmo na Lei dos Medicamentos (Lei 6.360/76). Essa função é de responsabilidade da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que é vinculada ao Ministério da Saúde e considera para fins legais a proibição do uso de drogas. A lista de entorpecentes, substâncias psicotrópicas e substâncias precursoras que consta no último anexo da Anvisa, Decreto nº 344 é atualizado regularmente e inclui cannabis, cocaína, heroína e outras mais como proibidas para o consumo ou mercancia.
Devemos finalmente interpretar o artigo 28 da Lei 11.343/2006, que nos revela que os critérios de classificação e definição de usuários de entorpecentes não são claros e que a interpretação atual do uso de entorpecentes é considerada de risco individual e dano coletivo, embora haja visões diferentes, pois neste caso o STF parece pretender mudar a visão de que o uso de substância entorpecente conhecida vulgarmente por maconha por si só geraria dano ou perigo de dano coletivo. 
 Como já mencionado, para melhor compreender os critérios subjetivos e normativos que orientam a definição entre usuários e traficantes, que dependem de muitas nuances no contexto brasileiro, leva-se em conta o bom senso do aplicador da lei, o que, em última análise, implica em discricionariedade. A atual legislação trouxe alterações significativas nos tipos de crimes que correspondem à posse de drogas para consumo pessoal. No art. 28 foram acrescentados ao tipo penal dois novos verbos, somando-se aos outros três originalmente previstos, no revogado art. Artigo 16 da Lei nº 6.368/1976. Com efeito, ocorreram grandes mudanças na punição e a pena de prisão foi abolida.
Nesse sentido, o art. 48, §2º, da atual lei de drogas, estipula, claramente, que não é cabível a prisão do usuário de substância entorpecente. Uma nova face do sistema de justiça, uma nova forma de atuação e uma preocupação que privilegia aquele que enfrenta verdadeira questão de saúde, não sendo a constrição de liberdade o remédio para o retorno a sua condição de homem são.
É certo que esta transformação legislativa nos remete a avaliar de forma mais completa como a lei será aplicada e, dado o crescente debate em torno deste assunto complexo, é imperativo revisitarmos a discussão sobre o estabelecimento de critérios objetivos para diferenciar usuários de traficantes, seja no Supremo Tribunal Federal ou no Congresso Nacional. O problema das drogas no Brasil está para muito além da discricionariedade dos operadores do direito.
É importante analisar os aspectos e efeitos da nova lei. Afinal, em linha com tendências mundiais, o Brasil aboliu o sistema prisional para dependentes e dependentes de drogas, dotando-as de um sistema de saúde e assistência social como uma nova forma estratégica de justiça nas relações com os dependentes químicos, permitindo-lhes que possam receber o mesmo tratamento. A justiça é a ponte para a liberdade. Uma pessoa que pode retornar à sociedade. 
Por outro lado, é defensável a tese de que, para atender mais àqueles que promovem o populismo sensacionalista que existe na mídia brasileira, a lei de drogas atual tenha recrudescido, significativamente, as suas penas em abstrato. Existe uma percepção, ao que indica majoritária, influenciada a toda evidência por grande parte dos canais de notícia, de que a solução para o problema do tráfico de drogas deve ser a imposição de penas mais severas. O artigo 33 da lei de drogas em vigor prevê uma pena emabstrato de prisão de 5 a 15 anos para o tráfico, que pode ser ainda aumentada se for comprovada a participação em organização criminosa. Por outro lado, para consternação e crítica de alguns, a lei prevê tratamento diferenciado aos “pequenos traficantes”: se ficar comprovado que o condenado é réu primário, tem bons antecedentes e que é não envolvido em atividades criminosas ou membro de organização criminosa, na prática a pena pode ser reduzida, com poucos beneficiários. 
As circunstâncias atualmente discutidas que são capazes de distinguir usuários de traficantes estão cercadas de critérios subjetivos, pois os tribunais não definiram limites ou quantidade mínimos para concluir se um indivíduo se enquadra como traficante ou usuário. Sobre a discussão sobre a diferença entre usuários e traficantes:
Uma análise minuciosa revela os critérios subjetivos que, em última análise, diferenciam os traficantes de drogas dos usuários de drogas, como sendo as condições socioeconômicas e a cor da pele, a depender delas alguns possuidores/portadores de pequenas quantidades de drogas acabam por ser presos e etiquetados como traficantes; ao passo que outros, em situação semelhante de flagrância acabam por receber o tratamento legal dispensado aos usuários de droga, com liberação imediata, logo após a lavratura do Termo Circunstanciado de Ocorrência. Na medida em que circunstâncias extralegais determinam o destino dos possíveis “traficantes”, esta abordagem seletiva acaba por aumentar a população carcerária do Brasil, acabando por encher as cadeias e prisões do país.
 Como perspectiva para a política nacional de drogas nos próximos anos, podemos mencionar o necessário debate aqui destacado entre as diferentes abordagens ao uso de drogas ilícitas e as diferentes formas de distinguir os consumidores de drogas dos traficantes de drogas. Infelizmente, os debates que atualmente ocorrem na Assembleia Nacional, na sua esmagadora maioria, restringem-se à intensificação à repressão com penas mais duras, tanto para usuários de drogas quanto para traficantes, o que acaba por reproduzir mais do mesmo (da política do combate total às drogas) como uma forma tradicional de justiça punitiva. Por outro viés, o Supremo Tribunal Federal já discute o problema por uma abordagem mais restaurativa, visando descriminalizar, por exemplo, o uso da cannabis, bem como a possibilidade de estabelecer uma quantidade máxima de drogas ilícitas para diferenciar objetivamente traficantes de usuários. Por conseguinte, em que pese as abordagens divergentes dos Poderes Legislativo e Judiciário, o fato é que a matéria está na agenda de ambos e certamente, a curto ou médio prazo, haverá novas alterações no texto normativo ou na sua interpretação.
	Fazendo uma análise aprofundada dos critérios que diferenciam o traficante do usuário há uma crítica comum de como os critérios de diferenciação mudam de acordo com as condições socioeconômicas e raciais dos indivíduos e acabam por refletir no destino de pessoas flagradas com entorpecentes. Sabe-se que a pena para o tráfico é bastante rigorosa, entre 5 a 15 anos de reclusão. A lei o considera como inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. Existe, ainda, o problema que a lei atual não resolveu, pois a falta de clareza nos critérios objetivos de diferenciação do traficante e do usuário, como, por exemplo, a quantidade de substância apreendida, termina por permitir determinadas distorções, como uma quantidade de droga levar a pessoa à prisão ou não, a depender de seu perfil socioeconômico e racial que acabam definindo o destino do indivíduo flagrado portando drogas.
	Os critérios socioeconômicos e raciais são de fato subjetivos e acabam, na maioria das vezes, tarjando como traficantes, os moradores de bairros periféricos, enquanto são tratados como usuários com a mesma quantidade de drogas apreendidas, pessoas que moram em bairros mais privilegiados e ostentam melhor condição financeira. Ou seja, existem mais chances de serem tratados como usuários pessoas de classes mais abastadas, que usam entorpecentes, ao passo que os menos favorecidos socioeconomicamente, em situações semelhantes de apreensão acabam sendo enquadrados como traficantes, permanecendo por vezes anos em prisão provisória, ou mesmo recebendo sentença condenatória de mérito como incursos nas penas do art. 33 da Lei de Drogas. Semelhantemente, a questão da cor da pele também tem sido observada como demérito, especialmente para pessoas da raça negra (pretos e pardos).
	O fator econômico influencia pela cultura brasileira ter o olhar da pessoa periférica como se tivesse tendência a se envolver na criminalidade e esta visão é reforçada por programas policialescos, que são sucessos por todo Brasil e em Marituba não é muito diferente esta visão. Junte-se a isto o preconceito com o negro e sua imagem ligada de forma negativa e irracional à tendência de ser criminoso. Em consequência disto, a população carcerária brasileira não por coincidência, é formada em sua esmagadora maioria por pessoas com vulnerabilidades socioeconômicas e integrantes da raça negra.
	É importante reiterar que para definição de quem é usuário de drogas a qual é feito, inicialmente, pelo delegado responsável pela averiguação do caso da droga apreendida, usa-se muitas vezes de critérios subjetivos da autoridade, a partir do que lhe faculta o artigo 42 da Lei de Drogas. 	
 Em síntese, as circunstâncias do caso concreto, são observadas conforme as regras da experiência –id quod plerumque accidit – e são de suma importância para diferenciar os crimes de tráfico e de posse de droga para consumo pessoal, sem prejuízo, também, devem ser levadas em consideração as circunstâncias sociais e pessoais do agente, sendo razoável pressupor como indicativo de narcotraficância, em linha de princípio, o encontro de uma considerável quantidade de droga em poder de pessoa já condenada por tráfico de drogas. Mas esse critério, como os demais, não pode ser analisado isoladamente, sob risco de serem cometidos equívocos. 
Com efeito, há casos em que usuários abastados financeiramente podem comprar quantidades elevadas de drogas para evitar serem flagrados em visitas constantes aos pontos de venda. Ao passo que também é possível alguém frequentar as “bocas” com frequência, a fim de adquirir pequena quantidade para o uso, e pela constância acabar sendo rotulado de traficante. Já por outro viés, um traficante, para evitar a repressão policial, pode colocar pequenas quantidades de drogas com as mulas para estes venderem e transportarem a droga para o consumidor final, e desta forma, fragmentando o tráfico, dão aparência de se tratar apenas de uso. 
	Por fim, ao explicar de forma breve as várias formas de diferenciação do usuário e do traficante e os critérios subjetivos, no caso de Marituba podemos dizer em hipótese se assemelhar ao perfil brasileiro destes critérios. Entretanto os dados concretos levantados mostram-se pouco consistentes por não incluírem o perfil socioeconômico e racial dos flagranteados. Esta ausência, por sua vez, pode em tese, se dar por um ou vários motivos que seguem: a incompreensão das autoridades da necessidade daqueles dados, para se esboçar uma relação de causa e efeito que possa orientar políticas públicas preventivas de segurança pública; o temor de que esses dados repercutam negativamente na comunidade na percepção do trabalho policial (direito penal do inimigo, escolhe-se um extrato social que deve ser combatido); uso do senso comum, calcado nas interpretações sensacionalistas de programas de comunicação que traçam um perfil do “homem criminoso”.
3. UMA BREVE DISCUSSÃO NO OLHAR DO STF SOBRE A DESCRIMINALIZAÇÃO DAS DROGAS E COMO PROCEDE A ATUAL LEI. 
Em relação ao artigo 28 da Lei 11.343/2006, instaura-se um debate sobre a possível descriminalização do consumidor de substâncias entorpecentes, promovendo uma distinção clara entre este e o traficante. Além disso, quanto à perspectiva restaurativa da justiça, busca-se analisar como tal abordagempode contribuir para a prevenção desta problemática, a qual culmina na penalização e no agravamento da população prisional no território nacional. A discussão em torno desse tema já encontrou espaço no Supremo Tribunal Federal, no RE 635659, com repercussão geral (Tema 506), em que se discute a descriminalização do porte de drogas para consumo próprio, até o momento com cinco votos pela inconstitucionalidade da criminalização do porte de maconha para consumo próprio e um voto que considera válida a previsão do art. 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), tem se mostrado muito oportuno para se revisitar a questão da ausência de critérios objetivos para definição de traficante ou usuário. Em seu voto, por exemplo, o Ministro Alexandre de Moraes apresentou como parâmetro para definição de usuárias as pessoas flagradas com até 60g de maconha ou que tenham até seis plantas fêmeas. 
O dispositivo normativo legal, artigo 28, estabelece o consumo próprio de drogas como uma conduta ilícita, configurando-se como infração de menor gravidade, não prevendo, portanto, medidas de detenção ou reclusão. Este mesmo artigo elucida que a aquisição, posse ou transporte de substâncias entorpecentes, sem a devida autorização, sujeita o infrator a advertência sobre o uso de drogas, obrigatoriedade de participação em programas educativos e prestação de serviços à comunidade. A definição do consumo de drogas leva em conta diversos fatores, incluindo a quantidade da substância apreendida a natureza do entorpecente, o local onde ocorreu a apreensão, bem como as situações sociais e pessoais do usado, incluindo sua conduta e antecedentes criminais.
É imperativo compreender os impactos peculiares desta legislação na sociedade. Ressalta-se que o país figura entre os poucos que criminalizam e encarceram indivíduos apenas por portarem substâncias entorpecentes para consumo pessoal. Esta criminalização resulta em consequências colaterais, como a elevada quantidade de prisões provisórias e um número excessivo de processos relacionados ao tráfico de drogas, ainda que, muitas vezes, se refira ao consumo pessoal. Desta forma, acumularam-se numerosos processos judiciais e sentenças que, por vezes, divergem da realidade, comprometendo a eficiência e a equidade do sistema jurídico-penal. Nesse cenário, torna-se imperioso acelerar a tramitação processual e respaldar alterações legislativas que evitem penalizar e dissuadir provisoriamente os consumidores.
Reconhecendo as vicissitudes da legislação atual, é crucial evidenciar os problemas inerentes ao seu texto legal, notadamente na forma como as prisões preventivas são aplicadas de maneira equiparada entre consumidores de entorpecentes e traficantes. Tal prática tem fomentado um crescimento desenvolvido pela população carcerária, representando uma das principais causas de encarceramento no cenário brasileiro, atualmente, já foram apresentados 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do dia 20 de julho de 2023 possuímos cerca de mais de 830 mil pessoas no sistema carcerário entre estes 210.687 são presos provisórios.
Apesar dos progressos apresentados, persiste uma omissão na legislação no que diz respeito à definição precisa da quantidade de drogas que distinguiria um usuário de um traficante. Na prática, a reclusão carcerária tem sido uma resposta predominantemente em tais situações, com uma incidência notável nas periferias das grandes metrópoles na realidade mostrada pela reportagem do G1 nos últimos anos a quantidade de pessoas que estavam privadas de liberdade chegava a 820.689. Número em 2022 subiu para 832.295 de acordo com dados da 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança, do total de presos, 621.608 foram condenados, enquanto 210.687 estão presos provisoriamente, aguardando julgamento e 68,2% da população carcerária são negros.
Existem diversas nuances e omissão legislativa que podem ser evidenciadas no art. 28 da Lei 11.343/2006. O ponto que se destaca com maior frequência diz respeito à definição da quantidade de drogas que um indivíduo possui, a qual é determinada por um juiz a decisão e determinação da condição de usuário ou traficante são considerados vários fatores, como o contexto, a quantidade de substância ilícita apreendida, o contexto no qual a ação se desenrolou, as situações sociais e pessoais do indivíduo, além de seus antecedentes criminais. Essas variáveis ​​são cruciais para estabelecer se a situação resultará em prisão preventiva ou serão encaminhadas para alternativas como advertências, programas educativos ou trabalhos comunitários.
É importante ressaltar que as condições sociais do acusado exercem uma influência significativa nessa classificação. No entanto, é inegável que, nas investigações judiciais, a categoria de traficante tende a prevalecer, sendo mais comum a decisão favorável à prisão temporária exemplificado numa audiência de custódia em que em certos casos uma prisão temporária pode se converter em prisão preventiva se o juiz considerar o réu por tráfico de entorpecentes um perigo a sociedade tornando viável esta conversão, e essa realidade evidencia a necessidade de um olhar mais crítico e uma revisão criteriosa dos critérios utilizados, a fim de garantir uma aplicação mais justa e equitativa da lei.
Para resolver esse problema, algumas estratégias podem ser inovadoras, sendo duas delas particularmente proeminentes. A primeira consiste em estabelecer critérios claros e objetivos para distinguir o traficante do usuário, definindo limites mínimos e máximos para a quantidade de substância ilícita em posse do indivíduo. A segunda sugere uma abordagem judicial rigorosa, que embora possa parecer mais burocrática, exige evidências concretas para fundamentar qualquer decisão, assegurando a justa aplicação dos critérios estabelecidos no art. 93, IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da decisão.
Além disso, uma terceira solução se deseja no horizonte: encerrar definitivamente a controvérsia sobre a quantidade de droga que diferencia um usuário de um traficante. Esta discussão já ganhou espaço no Supremo Tribunal Federal (STF) em 2019, onde na época foram registrados três votos formulados à descriminalização do porte de maconha. Com isso, o usuário deixaria de ser criminalizado pelo porte da substância, passando a ser tratado como tal e não como traficante, como alguns juízes atualmente praticam, e relevante levar em consideração que na época que o Relator Gilmar Mendes seu voto inicial era a descriminalização de todas a drogas para consumo próprio, mas seu voto foi reajustado para restringir a declaração de inconstitucionalidade às apreensões de maconha.
Outra perspectiva que merece atenção ao analisarmos esta legislação se ancora na justiça restaurativa. Segundo seus princípios, a implementação de uma abordagem restaurativa é essencial, exigindo a atuação de uma equipe multiprofissional de mudanças estratégias preventivas. As diretrizes dessa abordagem incluem acolhimento, reposição, despenalização, restauração de relações e prevenção de futuros desvios, contribuindo assim para uma resposta mais humanizada e eficaz diante da questão das drogas na sociedade.
Voltando à discussão no Supremo Tribunal Federal (STF), está em andamento o julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 635659, com repercussão geral (Tema 506), que versa sobre a descriminalização do porte de drogas para consumo pessoal. No dia 2 de agosto, o Ministro Alexandre de Moraes propôs estabelecer uma classificação nacional exclusiva, especificamente para a maconha, a fim de distinguir usuários de traficantes. Ele reconhece as falhas da legislação atual neste aspecto, mas ressalta que a interpretação variada da lei pelos órgãos de persecução penal (Polícia, Ministério Público e Judiciário) gera distorções. Frequentemente, (o porte) de pequenas quantidades de entorpecentes é erroneamente classificadacomo tráfico, penas e inflando o número de prisões por esse crime. A discrepância se torna evidente quando indivíduos presos com a mesma quantidade de droga, mas em situações distintas, são julgados de maneiras diferentes, a depender de fatores como escolaridade, renda, idade ou local do ocorrido.
Diante desse excesso de discricionariedade na diferenciação entre usuários e traficantes, é imperativo respeitar o princípio da isonomia na aplicação da lei. O Ministro Alexandre de Moraes vai além, propondo não apenas uma aplicação uniforme da legislação, independentemente do contexto, mas também estabelecendo disposições quantitativas para a diferenciação: indivíduos flagrados com 25g a 60g de maconha e que possuíam até seis plantas fêmeas seriam considerados usuários. Esses números foram determinados com base em um estudo sobre as apreensões de drogas no Estado de São Paulo entre 2006 e 2017, realizado em parceria com a Associação Brasileira de Jurimetria e que abarcou mais de 1,2 milhão de ocorrências envolvendo entorpecentes.
Até a recente interrupção do julgamento pelo pedido de vistas do Ministro André Mendonça, a situação no que tange ao artigo 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006) estava dividida, com um voto a favor de manter a legislação como está e cinco votos sugeridos para a descriminalização do porte de drogas, em especial da maconha. Este último posicionamento sinaliza uma tendência para descriminalizar o uso pessoal, baseando-se na quantidade de entorpecente que o indivíduo porta, ainda a ser definido pelo judiciário, e reflete a percepção atual do tribunal sobre a menor nocividade da maconha.
Na sessão de quinta-feira (24), o Ministro Gilmar Mendes, relator do recurso, ajustou seu voto, inicialmente favorável à descriminalização do porte de todas as drogas para uso próprio, limitando agora sua posição à descriminalização do porte de maconha. Ele sugeriu os parâmetros sugeridos pelo Ministro Alexandre de Moraes, que propõe considerar usuários flagrados com 25g a 60g de maconha ou que possuíssem até seis plantas fêmeas.
A Presidente do STF na época do julgamento, a Ministra Rosa Weber, manifestou-se contra a criminalização, argumentando que tal prática é desproporcional e interfere severamente na autonomia privada do usuário. Ela destacou que a simples tipificação como crime do porte para consumo pessoal intensifica o estigma sobre o usuário, comprometendo os esforços de ressocialização, tratamento e reintegração social dos usuários e dependentes, e apontou a falta de esclarecimento dos critérios objetivos na legislação brasileira para diferenciar objetivamente usuários de traficantes.
O Ministro Cristiano Zanin, por sua vez, destacou as incongruências na aplicação judicial do artigo 28, que muitas vezes resultam no encarceramento em massa de indivíduos pobres, negros e com baixo nível de escolaridade. Ele ponderou, no entanto, que uma simples descriminalização contrária ao objetivo da lei poderia agravar problemas de saúde associados ao vício. Mesmo assim, ele propôs a adoção de 25 gramas ou seis plantas fêmeas como parâmetros adicionais para caracterizar o usuário.
Por outro lado, na direção oposta os deputados da Câmara, fizeram uma comissão externa em julho de 2023 já avaliou proposta de descriminalização das drogas apesar desta não seguir muito adiante. No entanto a Comissão de Segurança Pública analisa projeto de lei de 2009, que define pena de detenção de dois a quatro anos ao usuário de droga e propõe o contrário do STF que busca a descriminalização do usuário, esta lei propõe uma maior punição ao usuário e o criminaliza ao usar droga tendo uma visão mais positivista sobre o assunto.
4. UMA BREVE ANÁLISE DO PERÍODO DE 2021 A 2022 DOS PROCESSOS DE TRAMITAÇÃO NO JUIZADO CRIMINAL CÍVEL DE MARITUBA.
 O texto vem analisar os dados fornecidos pelo Juizado Criminal de Marituba que oferece detalhes dos dados fornecidos sobre os processos de procedimento de tramitação entre os períodos de 2021 e 2022 e como a partir dos dados quantitativos fornecidos podemos ter uma melhor compreensão da situação dos indivíduos que ingressam ao Juizado Criminal de Marituba. 
 O tráfico de drogas ao qual é um dos principais motivos de ingresso no Juizado Criminal de Marituba que neste caso são considerados pela doutrina egresso na modalidade tráfico de drogas, sendo a eles equiparados, inclusive quanto o maior prazo do cumprimento da pena para a progressão de regime prisional, nos termos da Lei nº 8.072/1990 e que seu objeto jurídico principal é a questão da saúde pública, enquanto seu objeto secundário é a vida, a integridade física e a tranquilidade das pessoas individuais considerada o objeto material do art. 33 da Lei 11.343/2006 que se refere as drogas, que são substâncias ou os produtos capazes de causar dependência física ou psíquica e como se trata uma norma penal em branco cabe ao Poder Executivo da União fazer atualizações periódicas sobre os produtos e substâncias considerados como drogas (art. 1º, parágrafo único) desta forma:
	Desta forma o crime de tráfico se qualifica e consiste em importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em deposito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer droga, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar dentro dos parâmetros do art. 33 da Lei 11.343/2006 a pena de reclusão como já reiterado e reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
	O foco desta pesquisa é especialmente no usuário e como eles são abordados pela polícia e pelo judiciário da cidade de Marituba, para uma possível análise da situação dos processos das pessoas abordadas nos períodos de 2021 a 2022, a aplicação da lei penal deve respeitar determinados princípios.
	No caso a quantidade de drogas encontrada com o autor do fato, normalmente se classifica como “pequena porção” e o consumo de entorpecentes tem de ser individual, ou seja, a droga deve ser para consumo próprio, sob pena de incidir, em outro tipo penal previsto no §3º da Lei 11.343/2006. 
As diretrizes do art. 2º da Lei no 9.099/95 é o alicerce que os operadores do direito devem observar sobre os Juizados Especiais é importante notar o alcance dos princípios da efetividade, oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade em face dos objetivos traçados pela Lei dos Juizados Especiais, são locais em que se busca uma justiça efetiva e rápida, representa instrumento de efetividade na solução das demandas no qual eles surgiram com o propósito de desafogar o Judiciário do enorme número de processos e dar acesso à Justiça para indivíduos que não tinham acesso a ela, esta lei objetiva que os processos em que são julgados os usuários de entorpecentes sejam julgados o mais rápido possível e de forma imparcial os procedimentos funcionam no Juizado Especial de acordo com os artigos 
 As informações em relação aos processos que tramitaram no Juizado Criminal de Marituba entre 2021 e 2022 nos mostram alguns dados quantitativos sobre a situação dos procedimentos de abordagem de usuários de entorpecentes nos mostraram que houve em 2021, no total de 02 inquéritos policiais, 11 termos circunstanciados com 01 deles remetidos por declínio de competência e 02 autos de prisão em flagrante que foram desclassificados para consumo de drogas e declínio de competência, totalizando 15 processos no total sendo 03 deles remetido por declínio de competência. Enquanto em 2022 houve no total de 02 inquéritos policiais, 09 termos circunstanciados com 02 deles remetidos por declínio de competência e nenhum auto de prisão em flagrante totalizando assim 11 processos com 02 remetidos por declínio de competência.
	Observando estes dados nota-se a estabilidade no número de inquéritos policiais que ficou em 02 casos, entre 2021 e 2022 houve a queda nos números de termos circunstanciadosque de 11 caiu para 09, respectivamente, mas nestes mesmos dados houve aumento de processos remetidos por declínio de competência de 01 para 02 nos respectivos anos citados, nos casos de prisão em flagrante houve 02 casos em 2021 e ambos foram desclassificados do consumo de drogas e convertidas para declínio de competência, enquanto em 2022 praticamente não houve prisões em flagrante fazendo assim que os processos dentro do Juizado Criminal de Marituba tenha caído de 15 para 11 processos nos respectivos anos de 2021 e 2022.
As críticas que podem ser dadas aos dados fornecidos, podemos admitir informações bastante incompletas, apenas os dados sobre inquéritos policiais, termos circunstanciados e prisões em flagrante estão disponíveis além dos dados adicionais de dados de declínio de competência, os dados do período em análise que são de 2021 e 2022 foram comprometidos por algumas razões, a decorrência da pandemia da covid-19 pode ter acarretado dois problemas a redução no número de processos e operações de combate as drogas tendo em consequência uma relação direta com número baixo de processos. Outro dado importante foi a mudança da forma de processo físico (Sistema Libra) para o processo eletrônico (Sistema PJE) essa transição acabou por comprometer a quantidade dos dados e o prejuízo de uma análise qualitativa deles nos leva ao terceiro fator que é a falta de dados mais detalhados para casos individuais além da ausência de dados socioeconômicos e raciais nos processos pesquisados estes dados são tratados como irrelevantes para o sistema de justiça. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho procurou fazer uma análise sobre a questão da descriminalização das drogas e como na prática é interpretada a Lei nº 11.343 de 2006, especialmente os seus art.28 e art. 33, que explicitam o uso e tráfico de substância entorpecente, e os problemas existentes nos critérios que diferenciam o usuário do traficante, diante da ampla discricionariedade para interpretação de critérios subjetivos e ausência de critérios objetivos, o que acaba por permitir a eleição de critérios extralegais que deixam implícito um considerável número de decisões que avocam, indevidamente, critérios socioeconômicos e raciais.
Por outro lado, é importante ressaltar que, com a lei antidrogas atual, o Brasil deixou de ostentar uma política antidrogas exclusivamente repressiva e encarceradora, para tornar-se parcialmente atento aos usuários de substância entorpecentes como pessoas merecedoras de cuidados de saúde e não de encarceramento, passando, assim, entre as penas previstas na lei de regência, ter elencadas a advertência e mesmo medidas educativas e comunitárias, objetivando assim, um caráter ressocializador do indivíduo considerado usuário.
Por conseguinte, o recrudescimento da lei se dirigiu aos traficantes, ao ponto de além destes receberem penas de prisão em maiores patamares mínimo e máximos, o crime de tráfico atualmente, tem equiparação aos crimes hediondos.
	Foi confirmado ao longo da pesquisa a falta de diferenciação objetiva para diferenciar usuário do traficante de drogas, o que vem acarretando problemas para juízes, delegados, policiais para estabelecer critérios que façam a real diferença e permitam, assim, a justa e eficaz resposta a ação de cada um. Com efeito, a ausência de critérios objetivos permite a discricionariedade do aplicador da lei, na adoção de critérios extralegais, o que acaba por muitas vezes elegendo uma parcela de pessoas social e economicamente desfavorecidas, além de outras que ostentam cor da pele condizente com a raça negra (pretos e pardos), como estatisticamente os maiores destinatários da aplicação da lei de drogas em sua máxima potência. Estes vulneráveis acabam por ser encarcerados em massa, superlotando os presídios brasileiros.
REFERÊNCIAS
Almeida, Ítalo D’Artagnan. Metodologia do trabalho científico [recurso eletrônico] / Ítalo D’Artagnan Almeida. – Recife: Ed. UFPE, 2021. (Coleção Geografia).
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF decide que não é crime a importação de sementes de cannabis sativa 2023. Disponível em: Supre https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=512815&ori=1mo Tribunal Federal (stf.jus.br). Acesso em: 14 out. 2023.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF inicia julgamento sobre a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal. 2023. Disponível em: 3. Acesso em: 15 out. 2023.
DEPUTADOS debatem penalização para usuários de drogas. Câmara dos Deputados, Brasília, 2023. Disponível em: https://www.camara.leg.br/tv/978638-deputados-debatem-penalizacao-para-usuarios-de-drogas/. Acesso em: 11 dez. 2023.
Integração de competências no desempenho da atividade judiciária com usuários e dependentes de drogas/coordenação Arthur Guerra de Andrade; coordenação da Faculdade de Medicina: Camila Magalhães Silveira; coordenação Faculdade de Direito: Rogério Fernando Taffarello; coordenação pedagógica: Erica Rosanna Siu; supervisão técnica: Vitore André Zílio Maximiano. - 2.ed.- Brasília: Ministério da Justiça, Secretaria Nacional de Política Sobre as Drogas, 2015.
Masson, Cleber Lei de Drogas: aspectos penais e processuais / Cleber Masson, Vinícius Marçal. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019.
Práticas integrativas na aplicação da lei nº 11.343/2006: lei de drogas /coordenação geral: Arthur Guerra de Andrade; coordenação da Faculdade de Medicina: Camila Magalhães Silveira; coordenação Faculdade de Direito: Rogério Fernando Taffarello; conteúdo e texto: Cristiano Ávila Maronna, Heloisa de Souza Dantas; supervisão técnica: Vitore André Zílio Maximiano. -- Brasília: Ministério da Justiça, Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, 2014
POPULAÇÃO carcerária do Brasil é maior do que a população de 5 mil municípios; 1 em cada 4 presos não foi julgado. G1, São Paulo, 20 jul. 2023. Disponível em:https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2023/07/20/populacao-carceraria-do-brasil-e-maior-do-que-a-populacao-de-5-mil-municipios-1-em-cada-4-presos-nao-foi-julgado.ghtml. Acesso em: 8 dez. 2023.
SILVA, Airton Marques da. Metodologia da pesquisa / Airton Marques da Silv. – 2. ed. rev. – Fortaleza, CE: EDUECE, 2015.
Silva, César Dario Mariano da. Lei de drogas comentada / César Dario Mariano da Silva – 2. ed. – São Paulo: APMP – Associação Paulista do Ministério Público, 2016.

Continue navegando