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APLICAÇÕES BIOTECNOLÓGICAS DE LEVEDURAS Elisabete José Vicente ICB/USP - bevicent@usp.br Profa. Elisabete Vicente/ Dep. Microbiologia ICB/USP bevicent@usp.br APLICAÇÕES BIOTECNOLÓGICAS DE LEVEDURAS Instituto de Ciências Biomédicas USP 1. Saccharomyces cerevisiae - Ciclo de vida - Genética clássica - Como hospedeira em Biologia molecular 2. Leveduras não S. cerevisiae - Pichia pastoris e outras 3. Questões • 5 µm diâmetro •3-4 µm diâmetro; 7-15 µm comprimento Leveduras http://saturn.roswellpark.org/huberman/BIR572/YeastGeneticsLectureNotes.htm l Algumas leveduras importantes em Biotecnologia 1. Saccharomyces cerevisiae • Reino Fungi • Organismo unicelular • Incorporam alimento por absorção • Encontrados em solo, frutas, plantas etc • Podem realizar respiração ou fermentação Açúcar álcool etílico + CO2 bebidas Glicose + 2ADP + 2Pi 2 etanol + 2 dióxido de carbono + 2ATP + 2H2O C6H12O6 2 C2H5OH 2 CO2 Ciclo de vida CICLO DE VIDA de S. cerevisiae MAT a/ (2n)X MAT a (n) MAT (n) a a dissecção asco com 4 esporos (n) MITOSEMITOSE geminação MEIOSE e ESPORULAÇÃO Célula haplóide – brotamento Células haplóides em cruzamento – “shmoos” – zigotos Zigoto – brotamento - diplóides Diplóide brotando Diplóide esporulando – formação de asco (meiose) – esporulação – esporos haplóides Saccharomyces cerevisiae: diferentes tipos de células CARACTERÍSTICAS RELEVANTES - • Contêm membrana nuclear – eucarioto • Células n ou 2n estáveis (condições de laboratório) • Formação de colônias isoladas • Facilidade de cultivo em • Versatilidade comparável à bactéria E. coli • Crescimento rápido (~90 min /geração) • Genética bem conhecida (16 cromossomos) • Célula n= ~7 µm diâmetro • Célula 2n= ~12 µm diâmetro • 12,1 Mpb de DNA e apenas 5.800 ORFs laboratório fermentadores Saccharomyces cerevisiae Genoma de Saccharomyces cerevisiae • Tamanho: 12.052 Mpb • 16 cromossomos entre 200 e 2.200 kb • 6.183 ORFs > 100 pb • 5.800 codificam proteínas • Inúmeras ORF’s < 100 pb • Conteúdo de G+C: ORF’s 39,6% e regiões intergênicas 35,1% • Centrômeros pequenos (~120 bp) • Telômeros (TG1-3)n [Obs: telômero humano é (TTAGGG)n] • Origens de replicação (elementos ARS) 100-150 bp Cariótipo eletroforético de Saccharomyces cerevisiae: Pequenos “plugs” contendo células são posicionados em cada poço de corrida. Após tratamento com enzimas líticas, o DNA é liberado. O gel é submetido uma corrida eletroforética em um campo elétrico pulsado “Pulsed Field Gel Eletoforosis”. Para a visualização das bandas de DNA, o gel é submetido a coloração com brometo de etídio. Elementos extra-cromossomais de S. cerevisiae • Mitocôndria • Como a levedura cresce tanto em aerobiose como em anaerobiose, a mitocôndria não é essencial, • Mutantes mitocondriais petite (ρ+ e ρ-) crescem, mesmo que pouco, em glicose (que pode ser fermentada), mas não em glicerol (que só pode ser metabolizada por respiração aeróbica). • Plasmídeo Círculo 2 µm de 6.3 kb • 60-100 cópias/célula • células cir+ e cir0 Genética Clássica - Ensaios de complementação gênica • Usado para verificar se duas mutações que produzem o mesmo fenótipo estão no mesmo grupo de complementação ou não, ou seja, se são os mesmos genes. • Assim: • Duas mutações se complementam se estiverem em genes diferentes. Raramente há complementação no mesmo gene. • Mutantes que, quando combinados num diplóide apresentam o mesmo fenótipo mutante das linhagens mutantes haplóides, estão no mesmo grupo de complementação. • Mutante que, quando combinados num diplóide apresentam um fenótipo selvagem diferente, estão em grupos de complementação diferentes Cruzamento de leveduras • S. cerevisiae tem dois tipos de acasalamento (“mating types”): - MF - MF a outra forma de escrever: • S. cerevisiae tem dois tipos de acasalamento (“mating types”): - MF - MF a 1. Saccharomyces cerevisiae - Como hospedeira em Biologia molecular CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES PARA APLICAÇÃO EM BIOLOGIA MOLECULAR • Capaz de realizar modificações pós-traducionais (típicas de eucariotos) - Formação de ponte de dissulfeto - Glicosilação - Fosforilação - Processamento proteolítico • Organismo considerado “GRAS” (¨generally regarded as safe¨) - seguro pelo FDA americano CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES PARA APLICAÇÃO EM BIOLOGIA MOLECULAR (cont.) • Excreta proteína para o meio – quando se acrescenta à sequencia do gene que se deseja expressar uma “sequência sinal” • Proteína com estrutura tridimensional autêntica • Adaptado aos processos industriais: produção de cerveja, vinho, pão, etanol combustível FERRAMENTAS PARA BIOLOGIA MOLECULAR transformação genética fatores importantes: 1) Introdução de uma molécula de DNA exógeno; 2) Seleção do evento; 3) Manutenção da informação adicional no hospedeiro. 1) protoplasto (1978) 2) tratamento com sais de lítio (1983) 3) eletroporação (1990) Técnicas para introdução do DNA na célula Saccharomyces cerevisiae – A) Métodos de Transformação Genética Métodos de seleção: B) Marcadores de seleção dos transformantes 1. complementação → síntese de aminoácido ou nucleotídeo 2. resistência a antibiótico de 4ª geração (higromicina ou geneticina) Marcas de seleção Todos são plasmídeos bifuncionais ( se replicam e tem marcadores para a bactéria E. coli e para levedura: - Integrativos → baixa eficiência de transformação (103-104 transformantes/μg DNA), baixo nº de cópias, estável (0,1%/geração) - Epissômicos → 2 μ, alta eficiência, alto nº de cópias, instável (1%/geração) - Centroméricos → centrômero - YACs → alta estabilidade, capacidade de introduzir fragmentos grandes - outros... .... .... Saccharomyces cerevisiae – B) Vetores de transformação genética Diferentes tipos de vetores para transformação de S. cerevisiae: Todos estes vetores são bi- funcionais, ou seja, assim que são construídos in vitro, são empregados na transformação genética de E. coli. DNA plasmidial é extraído dos clones, analisado e o que for selecionado é empregado na transformação genética de S. cerevisiae. Vetores Integrativos → baixa eficiência de transformação (103-104 transformantes/μg DNA), baixo nº de cópias, estável (0,1%/geração) Vetores Integrativos → baixa eficiência de transformação (103-104 transformantes/μg DNA), baixo nº de cópias, estável (0,1%/geração) Diferentes tipos de vetores para transformação de S. cerevisiae: YI - (Yeast Integrative plasmids), YR (Yeast Replicative Plasmids), YC (Yest Centromeric Plasmids) São empregados para expressão gênica de proteínas heterólogas: Há de vários tipos: - Promotor Constitutivo – ex.: PGK (fosfoglicerato quinase) - Promotor Regulável – ex.: ADH2 (álcool desidrogenase 2) ADH1: A expressão do um gene clonado sob a regulação do promotor ADHI será máxima quando a célula de levedura recombinante for incubada na presença de alta concentração de glicose. (GLICOSE ETANOL - “Níveis de expressão elevados na presença de acúmulo de etanol” ). ADH2: A máxima expressão do gene clonado sob a regulação de ADH2 será máxima quando a célula de levedura recombinante for incubada na ausência de glicose. O gene ADH2 é reprimido por glicose. (ETANOL GLICOSE) Exemplos: Thomson et al 2005, Nature 630-5 Saccharomyces cerevisiae – C) Promotores de Expressão genética Promotores Saccharomyces cerevisiae – Promotores de Expressão genética APLICAÇÃO IMPORTANTE Vacina Hepatite B: 1ª vacina recombinante aprovada para uso humano Nature 298, 347 - 350 (22 July 1982) Synthesis and assembly of hepatitis B virus surface antigen particles in yeast Pablo Valenzuela*†, Angelica Medina*, William J. Rutter*, Gustav Ammerer & Benjamin D. Hall *Department of Biochemistry and Biophysics, University of California, San Francisco, California 94143, and †Chiron Corporation, 4560 Horton, Emeryville, California 94608, USA Department of Genetics, SK-50, University of Washington, Seattle, Washington98195, USA The surface antigen of hepatitis B virus (HBsAg) has been synthesized in the yeast Saccharomyces cerevisiae by using an expression vector that employs the 5'- flanking region of yeast alcohol dehydrogenase I as a promoter to transcribe surface antigen coding sequences. The protein synthesized in yeast is assembled into particles having properties similar to the 22-nm particles secreted by human cells. 4. Inovações: Alguns produtos derivados da Engenharia Genética bacteriana 1) 1982 – Expressão de Insulina humana em E. coli Foi o primeiro produto comercial obtido pela Tecnologia do DNA recombinante (TDR) e aprovado para uso em humanos em 1982 pelo Departamento FDA Americano (“USA Food and Drug Administration”). Bristow, A.F. Recombinant-DNA-derived insulin analogues as potentially useful therapeutic agents. Trends in Biotechnology 11: 301-305, 1993. Fg.: Representação esquemática de estratégias usadas para produzir insulina para fins terapêuticos. Hormônio Insulina Os diabéticos não possuem insulina, que regula a quantidade de glicose no sangue. Em 1978, a insulina era produzida a partir de pâncreas congelados de porcos e gado. Para isto, uma linha de vagões cheios chegavam a uma fábrica em Indiana/EUA. Para produzir 453 g (1 libra) de insulina, eram necessários 3.630 kg (8.000 libras) de glândulas de pâncreas de 23.500 animais. O fabricante, Eli Lilly precisava de 56 milhões de animais por ano para atender à crescente demanda dos EUA. Então, buscaram uma nova alternativa para a produção de insulina. A Genentech tinha o conhecimento necessário para fabricar insulina humana sintética - em laboratórios, a partir de bactérias, usando sua tecnologia de DNA recombinante recentemente comprovada. 1. 1982 – Expressão de Insulina humana em E. coli. Plasmídeo bifuncional (bactéria - levedura) integrativo que contem o Promotor e o Terminador de Transcrição PGK Saccharomyces cerevisiae – D) Promotores Expressão e Secreção de Proteínas 2. Leveduras não Saccharomyces cerevisiae - Pichia pastoris - Hansenula polymorpha - Schizosaccharomyces pombe - Candida - Kluyveromyces lactis - Yarrowia lipolytica - Issatchenkia - Torola, Torulopsis, Rhodotorula Apesar de S. cerevisiae ser uma ótima levedura hospedeira para a expressão de proteínas recombinantes, surgiram outras leveduras que oferecem diferentes vantagens adicionais. Por exemplo: - Pichia pastoris: pode ser cultivada em alta densidade celular e em fonte de carbono metanol; - S. pombe: tem genética mais adequada para estudos de comparação com a genética humana; - K. lactis: cresce em fonte de carbono de derivados de leite Cultivo de Pichia pastoris: Esta levedura é exclusivamente aeróbica. O seu cultivo em frascos incubados em ”shaker” são realizados em frascos com aletas laterais visando aumentar a aeração. Pichia pastoris – cultivo em frascos com aletas ”baffled Flasks” Pichia pastoris – cultivo em alta densidade celular Pichia pastoris: pode ser cultivada em alta densidade celular e em fonte de carbono metanol. Necessita de grande aeração e por isto alcança a elevadas concentrações celulares quando e cultivada em biorreator. Esta é a melhor condição de cultivo quando se deseja expressar uma proteína recombinante expresso por um clone recombinante construído com esta levedura. Pichia pastoris - Vetores de transformação - Plasmídeo vetor pHIL-S1 - - Sítio de clonagem: Xho I, EcoR I, Sma I, BamH I - PS do gene PHO1 - Clonar o gene heterólogo em fase com codon de iniciação do PS - Marca de seleção HIS4 - Para inserção no locus AOX1 da cepas GS115 ou KM71 linearizar com Sac I (gera His+ Mut+ em GS115 ou His+ MutS em KM71) - Para inserção no locus HIS4 em GS115 ou KM71, linearizar com Sal I ou Stu I (gera His+ Mut+ em GS115 ou His+ MutS em KM71) - Para substituição do gene AOX1 em GS115, linearizar com Bgl II (gera His+ MutS) Sac I Clones de P. pastoris recombinantes – Secreção de proteínas recombinantes Alfa-amilase Glicoamilase Clones recombinantes de Pichia pastoris excretando: - -amilase, - glicoamilase Clones recombinantes de Pichia pastoris excretando proteínas recombinantes. Observa-se que os clones recombinantes expressam - amilase com diferentes intensidades. O mesmo ocorre com os transformantes que expressam glicoamilase. Obs: A revelação da expressão das proteínas recombinantes foi obtida semeando-se as colônias de clones transformantes em meio solido contendo amido e , após o cultivo, submissão a vapor de iodo. Instituto de Ciências Biomédicas USP 3. Questões (para estudo e para aguçar a sua curiosidade....) 1. Cite duas leveduras que são empregadas como hospedeiras em “Biologia Molecular”. 2. Existem células de diferentes tipos de ploidia de Saccharomyces cerevisiae? Quais são elas? 3. E possível se fazer a separação dos cromossomos de células de levedura? Como se consegue fazer isto e para que isto pode ser empregado? 4. Para se saber se um clone de S. cerevisiae é um mutante auxotrófico (por exemplo: deficiente na no passo 2 da biossíntese de leucina = leu2 ), preciso recorrer a técnicas de Biologia molecular ou posso conseguir esta informação com técnicas de “Genética Clássica”? Como se faz isto? 5. O que significa dizer que os vetores de transformação genética de leveduras são bi0funcionais? 6. A construção de recombinantes de levedura parece ser mais difícil do que a construção de recombinantes de E. coli. Então, quais são as justificativas para se buscar por expressar proteínas recombinantes em levedura? 7. Quais são as etapas que devem ser empregadas para a obtenção de um transformante da levedura Saccharomyces cerevisiae ? 8. Obter transformantes da levedura Pichia pastoris é ainda mais complexo que obter transformantes da levedura S. cerevisiae. Quais são as vantagens que os transformantes de P. pastoris podem oferecer em relação aos transformantes de S. cerevisiae? 9. Há procedimentos especiais para o cultivo de leveduras diferentes de S. cerevisiae? Exemplifique. 10. Por que há varias leveduras diferentes de S. cerevisiae empregadas como hospedeiras em Biologia molecular? Que vantagens elas oferecem? APLICAÇÕES BIOTECNOLÓGICAS DE LEVEDURAS ICB/USP Profa. Elisabete Vicente bevicent@usp.br Desejo a todos, Muita, Muita Felicidade e muito sucesso! bevicent@usp.br
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